vampirismo da rebeldia: a evocaÇÃo de james dean … henrique... · entendimento do funcionamento...
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VAMPIRISMO DA REBELDIA: A EVOCAÇÃO DE JAMES DEAN NA
IMAGEM FOTOGRÁFICA DO ASTRO DO FILME CREPÚSCULO
Fabio Henrique Ciquini (UEL) Miguel Luiz Contani (UEL)
INTRODUÇÃO:
A facilidade de comunicação por meio do signo visual é marcante: o
olhar identifica, e quase instantaneamente seu protagonista é acometido de uma
impressão oriunda de comparação, seguida de um julgamento do que observa. “Aquela
loira lembra Marylin Monroe, aquele ator parece Clark Gable”. Quando um filme versa
sobre um tema que já fora tratado anteriormente como, no caso, vampirismo, é natural
que sensações de uma experiência anterior sejam evocadas, venham à tona, explica-se;
ao assistir ao filme Crepúsculo, lançado em 2008 e que trata de temas vampirescos,
pode-se lembrar de uma referência no gênero, o Drácula. São evocações relativas a este,
surgem, espontaneamente comparações por similaridade. Um é parecido com outro em
alguns aspectos; ambos protagonistas são pálidos, por exemplo. O signo visual, uma
fotografia, do ator Robert Pattison alinhada à outra de James Dean traz, como nos
mostra Panichi e Contani 1, um conjunto de sensações e inferências similares ao astro do
filme Rebelde sem causa. Transmutam-se formas, porém preservam-se sensações, e
estas podem estar suavizadas2
Sobre a ciclicidade do signo, tem-se que este se atualiza sempre, sofre
processo de semiose, ou seja, tende sempre a ser outro signo, pois é sempre imperfeito e
se recicla em outro signo3. A rebeldia que emana da imagem de James Dean expressa o
espírito de uma época; gangues de motoqueiros, jovens saindo da casa dos pais e indo
morar sozinhos e rock&roll. Dean iconiciza uma época e a expressa visualmente em
suas atitudes e caracteres como um penteado diferente e uma jaqueta de couro, por
exemplo. Pattinson, nos dias de hoje expressa também rebeldia – mesmo que seu
personagem no filme seja um ‘vampiro vegetariano e do bem’. Considera-se, para efeito
de análise, que, muitas vezes, características dos personagens nos filmes estão também
na vida privada dos atores, o que vale a dizer que Norma Jean realmente incorporou a
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femme fatale Marylin Monroe o rebelde sem causa James Dean é, de fato, um jovem em
conflito.
Procura-se responder a questão central: De que forma o ator Robert
Pattinson evoca rebeldia similar a de James Dean? Um dos caminhos propostos é o
entendimento do funcionamento do signo, como ele se atualiza e de que forma
sensações são suavizadas. O signo visual da rebeldia está presente no astro da saga
Crepúsculo, ele contém caracteres semelhantes aos presentes na imagem de James
Dean, e mesmo com algumas suavizações, não expulsa as sensações emanadas de
rebeldia. O signo se transmuta preservando algumas propriedades.
BREVE HISTÓRICO DO FILME
A obra Crespúsculo, originalmente lançada em livro pela escritora norte
americana Stephenie Meyer, no ano de 2005, obteve sucesso imediato entre os jovens
daquele país, foi agraciada com prêmios literários e integrou listas dos livros mais
vendidos do ano em importantes jornais como o The New York Times e USA Today. A
obra foi adaptada para o cinema em 2008 pela diretora Catherine Hardwick e estreiou
nos cinemas no final do mesmo ano.
Os atores Robert Pattinson e Kristen Stewart vivem respectivamente os
protagonistas Edward Cullen (o vampiro da saga) e Isabella Swan (a garota que se
apaixona por ele). Ela, que inicialmente morava em uma cidade no estado do Arizona,
muda-se para a pequena Forks onde conhece na escola o misterioso Cullen, de poucos
amigos e inicialmente antipático com ela. Em meio a situações de perigo, ele a salva de
acidentes, quando por exemplo um caminhão está prestes a atropelá-la, o que faz com
que ela se intrigue com a velocidade e força de seu pálido herói. A aproximação e
encantamento mútuo dos jovens é proporcional ao estranhamento inicial que sentem.
Num dos diálogos do filme Isabella pergunta a Cullen que tipo de herói ele é, e este
responde que, na verdade, não é um herói, mas sim um vilão, o que parece suscitar tenra
e adolescente curiosidade sexual na mocinha.
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O vilão representado na obra filmica é suavizado. É vampiro, mas
segundo ele próprio não se alimenta de sangue humano, mas só de animais, o que o
categoriza entre os vampiros como vegetariano. Possui caracteres vampirescos como a
palidez, a frieza da pele e a aversão à luz do sol, mas é sensível e jovem, o oposto de
caracterizações de vampiros como o Drácula, de Bram Stoker, que é velho e impiedoso
com suas vítimas e o horrendo Nosferatu, clássico do expressionismo alemão e
posteriormente relembrado na obra de Herzog. Edward Cullen é um herói byroniano:
109 anos, mas com aparência eterna de 17, possui magnetismo e sedução ao mesmo
tempo em que tenta se manter isolado de todos.
SIGNO E O PROCESSO DE SEMIOSE
Criador da teoria geral dos signos, o filósofo americano Charles Sanders
Peirce oferece distintas definições de signo e, no que até o momento foi organizado e
publicado, o autor erigiu uma teoria no sentido de compreender como funcionam as
coisas, de que forma a mente age, os meandros e nuances da ação do signo, seus
componentes e derivados, e além disso criou uma sistemática para elucidar qualquer
fenômeno. Tão vasta e oceânica obra do pensamento ocidental já mereceu estudos
importantes em todo o mundo.
Representar algo para alguém (sem que esse alguém seja necessariamente
uma pessoa), estar no lugar de algo, criar mentalmente em um ente um signo
equivalente ou mais desenvolvido, o signo está para uma outra coisa, ele pode ser
análogo ao seu objeto, indicá-lo ou representá-lo simbolicamente. Pode-se dizer,
exemplificando, que uma maçã pode ser um signo de Nova York, ou remeter,
biblicamente ao pecado original. A funcionalidade do signo reside em representar seu
objeto, mesmo que apenas parte dele. O signo não é uma entidade autônoma, ele se
mantém numa relação triádica, com seu objeto e o interpretante. O objeto determina o
signo que aponta para um interpretante.
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Sendo o signo definido como “qualquer coisa que” ou “alguma coisa
que”, a palavra “coisa” não deve ser tomada como uma entidade necessariamente
existente, visto que conforme Ransdell apud Santaella4 enfatiza, entidades ficcionais,
imaginárias, sonhadas, míticas, meramente concebidas, e assim por diante, são tão
capazes de ser signos quanto o são entidades que identificamos como sendo, digamos,
de caráter físico ou histórico.
Sendo o signo uma representação, manifestação, revelação, há nele
características do objeto, que numa via de mão dupla também possui características do
signo. O signo age como procurador do objeto. O termo objeto aqui, não deve ser
compreendido como um ser existente e concreto pode ser de natureza imaginária, uma
abstração ou ideia. O signo continua a ação do objeto, é mediador, tem relação
imprescindível e é vicário do objeto na mente, ou seja, é seu delegado. O interpretante
segundo Santaella5, terceiro ente na relação, é aquilo que é determinado pelo signo, ou
pelo próprio objeto através da mediação do signo. Pode-se dizer, a fim de explicitar os
papéis na trama triádica, que o signo ou representamen é o primeiro correlato na tríade,
o objeto é o segundo, e o interpretante, o terceiro. Esse posicionamento teórico – tendo
em vista que a ação do signo é ininterrupta – não é fixo. O interpretante que é o terceiro
correlato pode ocupar, numa posterior cadeia sígnica, o papel de primeiro, sendo o
objeto de um signo que caminha para um outro interpretante.
Esse processo de mediação do objeto realizado pelo signo e sua chegada
a um interpretante, é denominado de semiose ou ação do signo. Ressalta-se que, o signo
representa seu objeto e gera um interpretante e, esse interpretante, pode ser o objeto de
uma outra ação sígnica, pois herda do signo o vínculo de representação6. Ou seja, a
semiose é intermitente, um processo ad infinitum, um signo sempre se desenvolve num
outro signo, o que mostra o caráter de incompletude e insuficiência com relação ao
objeto, pois, se possuísse todas as qualidades do seu objeto, o signo não seria ele
mesmo, mas o próprio objeto. O desenrolar dos interpretantes é causado, pois, pela
incompletude do signo, que sempre necessita de uma ampliação, desenvolvimento e
continuidade num outro signo.
Sobre esse status quo do signo Santaella7 (2000 p.31) afirma: “O longo
curso do tempo (the long run, diria Peirce) sempre demonstrará que aquilo que foi
tomado como completo não passava de apenas um dos aspectos parciais do objeto, visto
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que este, na sua inteireza ou totalidade, não pode ser capturado nas malhas dos signos.
Por mais que a cadeia sígnica cresça, o objeto é aquilo que nela sempre volta a insistir
porque reside na sua diversidade”.
O signo representa o objeto e cria algo na mente do intérprete. Esse algo,
como já mencionado é o interpretante, signo equivalente, que pode servir de objeto para
outro signo, é o terceiro correlato na tríade peirceana, sendo o primeiro o fundamento do
signo ou representamen e o segundo, o objeto. O interpretante é um signo que foi
desenvolvido por meio de outro signo. A única maneira de compreender o signo
(primeiro) é através do interpretante (terceiro) que também é outro signo. Objeto-signo-
interpretante, num processo de semiose, são todos de natureza sígnica, pois tudo aquilo
que pode ser representado, também apresenta natureza representativa, logo, justifica-se
classificar o interpretante como signo e compreender a infinitude e o devir da semiose.
Figura 1 – Quadro esquemático da semiose, ou ação do signo Elaborado pelo autor
Sendo o signo incompleto e falível, natural, pois, que ele se desenvolva
num outro signo como demonstra o processo de semiose. Afirmar, portanto, que o ator
Robert Pattinson retoma, evoca e emana a mesma sensação de rebeldia presente em
James Dean torna palpável essa afirmação. Ambos são signos de uma época, iconicizam
o frescor e a rebeldia intrínseca a essa faixa etária. Pattinson é a atualização do signo
Dean, retoma-o com caracteres e atitudes semelhantes que mantém sensações parelhas
àquelas observadas no ator de Rebelde sem causa. Por conta dessas similitudes, um dos
possíveis procedimentos para a verificação do propósito nessa pesquisa é o alinhamento
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das imagens lado a lado, metodologia adotada por Panichi e Contani8 para analisar
elementos extraídos dos arquivos do memorialista Pedro Nava utilizados na construção
de seus textos.
ALINHAMENTOS POR SIMILARIDADE E CONTIGUIDADE
Dois são os eixos de associação ou organização em linguagem: o eixo da
similaridade (ou paradigma) e o sintagma - eixo da combinação. As locadoras de filmes
costumam separar os DVD’s por gênero, na seção de filmes policiais há vários títulos
que estão agrupados por semelhança, assim ocorre com os filmes de aventura, western e
comédia, cada gênero é agrupado de acordo com a semelhança temática. Uma pessoa
que vai a locadora e escolhe, por exemplo, um filme (paradigma) de cada seção está
compondo um sintagma, que é o conjunto de filmes; está combinando. Em um menu de
restaurante; como lembra Pignatari9 (2004), os pratos estão agrupados por semelhança:
há as entradas, os pratos principais, sobremesas, sucos. Quando o cliente escolhe uma
certa entrada, um prato principal e uma sobremesa, ele está compondo um sintagma
gastronômico a partir de vários paradigmas. Para Barthes10 (1979), cada peça de roupa
pode ser chamada de paradigma: calça, blusa, jaqueta, vestido, chapéu são exemplos de
paradigmas, que compõe um sintagma, reunião das peças escolhidas, combinação de
uma camisa X com uma calça Y, e assim por diante. Quando esse sintagma está no
canal de veiculação da mensagem, que é o corpo do usuário, ele comunica, informa, é a
expressão de algo. Dessa forma, quando o ator Pattinson compõem um vestuário
despojado e postura semelhante a de James Dean na fotografia, há similitude
paradigmática, pois elementos como o penteado e uma camisa são semelhantes,
configurando iconicidade. Há também parecença sintagmática, pelo compósito visual
como um todo, transparecendo equivalência simbólica. Em termos peirceanos, tem-se
que a similaridade ocorre por analogia e são ícones, enquanto a contiguidade é
representada pelos símbolos.
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Uma possível exemplificação é descrita nas imagens alinhadas que se
seguem:
Figura 2: Charge Dilma Roussef Figura 3: Foto Dilma Roussef
Folha de São Paulo, junho 2008 Folha de São Paulo, junho 2008
Pelo mesmo princípio do símbolo em Peirce, a charge à esquerda recebe
simbolização proveniente da fotografia à esquerda. O eixo da similaridade, por outro
lado, está presente, e as duas imagens estabelecem uma relação icônica. As formas são
transmutadas (de uma fotografia para um desenho) e a carga de sentido e sensação é
transferida da fotografia para a charge, e isso é o que torna esta última particularmente
expressiva.
SUAVIZAÇÃO E PERMANÊNCIA DE SENSAÇÕES
Instaurar possível equivalência icônica e simbólica requer, como uma
possibilidade analítica já mencionada, alinhamento das imagens e verificação dos
paradigmas (ícones) e sintagmas (símbolos) presentes nelas. Outro ponto importante
nessa pesquisa é a aplicação dos chamados fatores de suavização
Uma fotografia pode apresentar elementos que suavizam o que nela está
presente, quando comparada com uma outra imagem, atingindo diretamente a questão
icônica (interpretante emocional). A imagem tende a apresentar características diversas
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quando comparada com uma figura referência, porém evocando sensações semelhantes
que se instalam e se perenizam. Na moda dos dias de hoje, é trivial encontrar peças com
referência aos hippies da década de 1960; há camisetas com estampas parecidas,
adornos corporais semelhantes e volta e meia penteados daquela época são imitados,
evocando sensações de liberdade e hedonização presentes outrora. As drogas, as roupas
sujas e a libertinagem de lá, no entanto, são suprimidas. Compra-se apenas o que se
quer dos hippies, suavizam-se padrões, conceitos e estéticas de um período. Paga-se um
preço X pela sensação de ser um hippie suavizado.
A apresentação de tipos rebeldes “lançados” por filmes e programas nos
dias de hoje traz à tona a frase do comunicador Abelardo Barbosa, o popular Chacrinha,
de que “nada se cria, tudo se copia”, tendo em vista a ampla reutilização de paradigmas
já conhecidos. Pattinson evoca a mesma sensação de rebeldia que Dean, porém numa
outra forma. As roupas do astro contemporâneo já não precisam ser aquelas de gangues
de motoqueiros que Dean utilizava, o cigarro, que ainda hoje é ícone de rebeldia, fora
abandonado em nome do politicamente correto e o cabelo do vampiro juvenil é
propositadamente desalinhado, provavelmente em um cabeleireiro caro. A lista de
elementos suavizados pode ser longa, mas a sensação que permanece é a do ícone, ou
seja, Pattinson é como Dean, só que atualizado. Mudam-se formas, preservam-se
sensações.
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VAMPIRISMO DA REBELDIA E ELEMENTOS DE SUAVIZAÇÃO
Para delimitar os elementos icônicos (similitude) entre os atores,e as
possibilidades simbólicas estabelecidas utiliza-se o método descrito por Panichi e
Contani, de alinhamento das imagens.
Figura 4: Fotografia James Dean Figura 5: Fotografia Robert Pattinson Disponível em: <http://blog.pop.com.br/> Disponível em:< http://crashpop.files. Acesso em janeiro de 2011 wordpress.com> Acesso em janeiro de 2011 11 Tabela 1: Similaridade entre as figuras 4 e 5
Ícon
e/S
imil
arid
ade Roupas informais
Postura não ereta Posicionamento braço/mãos Penteado capilar12 Sorriso discreto Aparência física atlética
Sím
bolo
/Con
tigu
idad
e Despreocupação com peças tradicionais, informalidade Enfrentamento de padrões do bom comportamento, rebeldia Informalidade, relaxo, displicência Desalinho, anticonvencionalismo, desobediência aos padrões sociais Sedução, ironia, desafio Sedução, sex appeal, força
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Os elementos de suavização, quando considerados, produzem o quadro a
seguir, esclarecendo que S maiúsculo refere-se aos fatores de suavização e (Sn) O
elemento n significa um número ilimitado. Aqui foram levantados cinco.
A reutilização de padrões e a ciclicidade de fenômenos encontram sua
morada no processo, já mencionado, de semiose, ou ação do signo. A rebeldia contida
na imagem do astro juvenil Pattinson é similar à presente na fotografia de James Dean.
Aspectos distintos, no entanto, estão presentes, sendo descritos como elementos de
suavização, responsáveis pela sofisticação e repaginação do signo de rebeldia. Como a
indústria apresentaria ainda hoje um James Dean que já morrera e quase sempre com
Fatores de Suavização (Sn) Figura 4 Figura 5S1. Impacto de recebimento das atuações de “rebeldia” dos atores nos filmes
Alto. James Dean chocou a sociedade da época, pois foi um dos pioneiros a incorporar a rebeldia
Baixo. Robert Pattinson é um vampiro vegetariano e romântico em Crepúsculo
S2. Background da fotografia Sujo. O ator provavelmente está sentado no capô do automóvel, fumando um cigarro e não olha para a câmera fotográfica, denotando ironia e contrariedade
Clean. Pattinson está sentado, não está fumando, olha direto para a câmera, evocando sedução de suas fãs e a iluminação na foto sugere uma luz mais difusa, tornando o sujeito na imagem plácido
S3. Fator de sofisticação das roupas
Ausente. Peças aparentando desgaste e rusticidade, tecidos pesados como couro e jeans
Presente. Peças mais leves como uma camiseta e a calça jeans rasgada nos joelhos, provavelmente já compradas dessa maneira
S4. Tipo de mediatização veiculada dos atores
Negativa. Dean ficou conhecido como rebelde sem causa, morreu de acidente automobilístico, por excesso de velocidade.
Positiva. Pattinson é vampiro na saga, mas não deixa de ser um byroniano sedutor, que faz de tudo para ficar com a mocinha. È também modelo e músico
S5. Ícones prevalecentes nas imagens dos atores
Negativo. Sempre com cigarro, carros envenenados e buscando se encontrar, James Dean ainda hoje é a personificação da rebeldia. Quando morreu, o médico legista encontrara marcas de cigarros apagados pelo corpo todo
Positivo. Romântico, educado, bonito, ídolo da juventude. Em uma de suas atuações recentes, no filme Remember me ele também é um rebelde tentando se encontrar, o que acontece quando se apaixona pela “mocinha” do enredo.
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um cigarro no canto da boca? As formas se transmutam, o signo se recicla, porém a
essência é mesma, é o que nos diz a imagem do ator Robert Pattinson, sempre com o
cabelo desgrenhado propositalmente e o olhar sedutor. Há elementos de suavização
presentes em sua constituição como os mencionados na tabela acima, que conferem
sofisticação ao signo de rebeldia. James Dean é ícone de décadas passadas, enquanto o
ator de Crepúsculo é ícone atual, que vende livros, chaveiros, pôsteres e camisetas da
saga, tendo como um dos pressupostos a sua rebeldia.
CONCLUSÃO
O “vampirismo” sígnico proposto quando da reutilização de paradigmas
anteriores, indica esse aproveitamento, essa transferência de iconicidade observada
entre imagens de períodos diferentes. A indústria do entretenimento e Pattinson (e aí já
com poética proposital) “vampirizou”, sugou e se alimentou da rebeldia de James Dean,
que outrora lhe conferiu fama e estrelato e a aplicou em um ator cujo conhecimento
massivo veio com o papel do vampiro Edward Cullen. Este é a atualização daquele,
sendo que Pattinson traz consigo também elementos que torna sua rebeldia mais branda
e menos chocante do que a de Dean. Os mencionados elementos de suavização podem
variar em quantidade, mas observa-se que estão presentes e conferem diferenciações
quando se pensa na caracterização do elemento semiótico ícone. A semiose percorre
uma ampla teia de fenômenos sociais como a moda e o comportamento, e esses
elementos de suavização podem servir como ornamentos que disfarçam e agregam
lapsos de originalidade. Pattinson é similar na iconicidade a James Dean, porém os
elementos de suavização lhe conferem um frescor, um quê de inovador.
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NOTAS
1 PANICHI, Edina Regina Pugas; CONTANI, Miguel Luiz. A visualidade produzida na palavra e os fatores que conferem relevância e destaque na construção do texto em Pedro Nava. Íkala, revista de lenguaje y cultura, Medelin: Vol. 12, N.º 18 p 145-161, 2007 2 CIQUINI, Fabio. Suave rebeldia: como a visualidade na moda contemporânea se apropria da estética do movimento punk Dissertação de mestrado acadêmico (Mestrado em Comunicação) Universidade Estadual de Londrina p.69 3 SANTAELLA, Lucia. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas1º edição, São Paulo: Cengage, 2000 4 Idem, ibidem 5 Idem, ibidem 6 Idem, ibidem 7 (SANTAELLA, 2000, p.31) 8 PANICHI, Edina Regina Pugas; CONTANI, Miguel Luiz. A visualidade produzida na palavra e os fatores que conferem relevância e destaque na construção do texto em Pedro Nava. Íkala, revista de lenguaje y cultura, Medelin: Vol. 12, N.º 18 p 145-161, 2007 9 PIGNATARI, Décio.O que é comunicação poética. 8º edição. Cotia, SP: Ateliê editorial, 2004 10 BARTHES, Roland. Sistema da moda. São Paulo: Nacional, 1979. 11 Tabela descritiva de elementos similares entre as figuras 4 e 5. as relações icônicas (parte superior) e possíveis simbologias evocadas (parte inferior)
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BIBLIOGRAFIA
BARTHES, Roland. Sistema da moda. São Paulo: Nacional, 1979. CIQUINI, Fabio. Suave rebeldia: como a visualidade na moda contemporânea se apropria da estética do movimento punk Dissertação de mestrado acadêmico (Mestrado em Comunicação) Universidade Estadual de Londrina PANICHI, Edina Regina Pugas; CONTANI, Miguel Luiz. A visualidade produzida na palavra e os fatores que conferem relevância e destaque na construção do texto em Pedro Nava. Íkala, revista de lenguaje y cultura, Medelin: Vol. 12, N.º 18 p 145-161, 2007 PIGNATARI, Décio.O que é comunicação poética. 8º edição. Cotia, SP: Ateliê editorial, 2004. SANTAELLA, Lucia. A teoria geral dos signos: como as linguagens significam as coisas1º edição, São Paulo: Cengage, 2000.
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