universidade - uel.br · este campo problemático na realidade da dança de salão constitui o...
Post on 20-Nov-2018
215 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Universidade Estadual de Londrina
CENTRO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE
CURSO DE BACHARELADO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
O CONTATO IMPROVISAÇÃO NA DANÇA DE SALÃO: DISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE
ATUAM COM O MÉTODO JAIME ARÔXA
Lais Moura Ferreira
LONDRINA PARANÁ
2012
LAIS MOURA FERREIRA
O CONTATO IMPROVISAÇÃO NA DANÇA DE
SALÃO: DISCURSO DOS PROFISSIONAIS QUE ATUAM COM O MÉTODO JAIME ARÔXA
Trabalho apresentado como requisito parcial para a Conclusão do Curso de Bacharelado em Educação Física do Centro de Educação Física e Esporte da Universidade Estadual de Londrina.
COMISSÃO EXAMINADORA
Londrina, 15 de novembro de 2012
DEDICATÓRIA
A Deus, por ser extremamente paciente e piedoso comigo atendendo a todos meus
pedidos. A minha família que de alguma forma sempre esteve presente me dando forças para
cumprir mais esta etapa.
FERREIRA, Lais Moura. O contato improvisação na dança de salão: discurso dos profissionais que atuam com o método Jaime Arôxa. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Bacharelado em Educação Física. Centro de Educação Física e Esporte. Universidade Estadual de Londrina, 2012.
RESUMO
O contato improvisação é uma das técnicas de exploração do movimento na dança,
contribui para a interação de duas ou mais pessoas. Percebeu-se a utilização desta
técnica na dança de salão. Por meio deste contexto problemático surgiu o seguinte
problema: Qual a concepção sobre a dança e o contato improvisação dos
profissionais que atuam com a dança de salão? Diante do exposto, o objetivo desse
estudo foi analisar as bases teóricas e práticas do contato improvisação e sua
aplicação nas aulas de dança de salão. Esta foi uma pesquisa de campo com
caráter exploratório. O universo da pesquisa foi constituído por profissionais que
atuam com o Método Jaime Arôxa na dança de salão. Para a delimitação desse
estudo foi selecionado quatro profissionais que participaram do Curso de
Professores do Método Jaime Arôxa, realizado no Rio de Janeiro no ano de 2012.
Os dados foram coletados através de entrevista semi-estruturada e a análise de
dados obedeceu aos critérios da análise de conteúdo, sendo utilizada a técnica da
análise temática. A discussão dos resultados teve como temas a priori: dança, dança
de salão, contato improvisação e aplicação do contato improvisação na dança de
salão. Por meio dos resultados obtidos pode-se inferir que a concepção de dança,
dança de salão e contato improvisação apresentada pelos profissionais, esteve
condizente com a teoria encontrada na revisão de literatura. Verificou-se que os
profissionais indicaram os mesmos princípios do contato improvisação que estão
presentes na literatura, porém eles não relacionam os conhecimentos práticos com
os teóricos. Por fim, a aplicação do contato improvisação na dança de salão revelou-
se como uma técnica que propicia o aprimoramento desse estilo de dança.
Palavras-chave: Dança; Contato Improvisação; Dança de Salão.
ABSTRACT
The contact improvisation is one of the movement exploitation techniques in dance, it
contributes to the interaction between two or more people. It was noticed the
application of this technique in ballroom dancing. By means of this problematic
context emerged the following problem: What is the conception of dance and contact
improvisation of professionals working with ballroom dancing? Given the above, the
objective of this study was to analyze the theoretical and practical bases of contact
improvisation and its application in ballroom dance lessons. This was a field research
with an exploratory aspect. The research sample consisted of a group of
professionals working with the Jaime Arôxa method in ballroom dancing. For the
delimitation of this study it was selected four professionals who participated in the
Teacher's Course of the Jaime Arôxa method, held in Rio de Janeiro in 2012. Data
were collected through semi-structured interviews and data analysis followed the
content analysis criteria, using the technique of thematic analysis. The results
discussion had as its main themes: dance, ballroom dance, contact improvisation
and the application of the contact improvisation in the ballroom dancing. Through the
obtained results it can be inferred that the conception of dance, ballroom dance and
contact improvisation presented by professionals, was consistent with the theory
found in the literature review. It was verified that professionals have indicated the
same principles of contact improvisation that are present in the literature, although
they did not relate the theoretical to the practical knowledge. Finally, the application
of contact improvisation in ballroom dancing turned out to be a technique that
promotes the improvement of this style of dance.
Keywords: Dance, Contact Improvisation, Ballroom dance.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 6
2 REVISÃO DE LITERATURA 8 2.1 DANÇA 8 2.2 DANÇA DE SALÃO 11 2.3 CONTACT IMPROVISATION - CONTATO IMPROVISAÇÃO 14
3 METODOLOGIA 18
3.1 UNIVERSO DA PESQUISA 18 3.2 PROCESSOS DE COLETA DE DADOS 18 3.3 ORGANIZAÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS COLETADOS 19
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 20
4.1 TEMA 01 - DANÇA 20 4.2 TEMA 02 - DANÇA DE SALÃO 21 4.3 TEMA 03 - CONTATO IMPROVISAÇÃO 23 4.4 TEMA 04 - CONTATO IMPROVISAÇÃO NA DANÇA DE SALÃO 29
5 CONCLUSÃO 34 6 REFERÊNCIAS 344
APÊNDICES 37 APÊNDICE A - ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA 38 APÊNDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO 40 APÊNDICE C OFÍCIO DE AUTORIZAÇÃO 42
6
1 INTRODUÇÃO
Por meio da minha vivência com a dança de salão desde 2009, tenho
percebido que a utilização do contato improvisação na dança de salão tem
propiciado o desenvolvimento da criatividade em seus praticantes, a unidade
corpórea na relação consigo mesmo e com o outro, bem como inovações às
explorações do movimento. Esta experiência de trabalho em confronto com os
conhecimentos adquiridos na formação inicial levaram as seguintes indagações:
Qual a concepção sobre a dança e o contato improvisação dos profissionais que
atuam com a dança de salão? Como os profissionais que atuam com a dança de
salão relacionam os conhecimentos teóricos e os saberes da experiência em suas
intervenções profissionais?
Este campo problemático na realidade da dança de salão constitui o ponto
de partida desta investigação que pretendeu analisar as bases teóricas e práticas do
contato improvisação e sua aplicação nas aulas de dança de salão.
Tais aspectos podem apresentar muitas contribuições na área da educação
física. Pois, segundo Sborquia e Gallardo (2006) a educação física aborda temáticas
sobre a cultura corporal. Sendo assim, podemos determinar que os esportes, os
jogos, as ginásticas e as danças são manifestações cabíveis a esse contexto.
A dança é uma manifestação presente na história de todos os povos. Foi e é
manifestada de diferentes formas, interpretações, contextos e estilos/tipos desde os
primórdios.
Perna (2001) afirma que dentre as diversas manifestações da dança
encontra-se a dança de salão surgida na Europa e caracterizada como dança
popular. É também chamada de dança social devido à prática com o objetivo de
diversão e socialização entre os casais.
Nos últimos anos a dança de salão tem ganhado espaço em diversos grupos
sociais, dentre os fatores desta mudança social está à mídia, que divulga por meio
de filmes, revistas, reportagens, jornais específicos e programas televisivos. Estes
programas têm trazido o espetáculo e a magia de se dançar a dois. Porém ainda não
se especifica quais os conhecimentos, técnicas e métodos que são ou devem ser
necessários para essas composições.
O contato improvisação ,
mas crescente. Tem ganhado alguns métodos de trabalho, dentre os quais se
7
destacam algumas produções teóricas de Steve Paxton, criador de uma técnica
intitulada Contact Improvisation no ano de 1972. Diante do contexto apresentado o
estudo pretendeu uma análise acadêmica profissional deste conhecimento que pode
ser aplicado para essa modalidade de dança, contribuindo assim para os
profissionais que atuam com este conhecimento. Para tal, o objetivo geral do estudo
foi analisar o discurso dos profissionais que atuam com a dança de salão sobre as
bases teóricas e práticas do contato improvisação e sua aplicação nas aulas.
A utilização da técnica contato improvisação na dança de salão é recente na
área e poucos trabalhos são tratados na literatura. Por esta razão a relevância do
presente trabalho se justifica por apresentar o confronto entre os saberes da
experiência dos profissionais da dança de salão com os conhecimentos técnicos
científicos do contato improvisação e da dança de salão para possibilitar reflexões
sobre a atuação profissional na dança de salão.
As contribuições deste trabalho apresentaram para a população de
profissionais que atuam com a Dança de Salão as características do Contato e
Improvisação que podem ser aplicadas ao ensino e treinamento dos diversos estilos
de dança de salão.
8
2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 DANÇA
Segundo Laban (1978) outras artes deixaram suas marcas sob a forma de
edifícios, pinturas ou manuscritos, mas a arte de dançar disseminou-se sem deixar
muitos vestígios adequados para oferecer um quadro de movimentos.
A dança, tal como todas as manifestações artísticas, é fruto da necessidade
de expressão do homem, de maneira que seu aparecimento se liga tanto às
necessidades mais concretas dos homens quanto àquelas mais subjetivas. Assim,
se a arquitetura nasce da necessidade da construção de moradias adequadas e
seguras, a dança, provavelmente, veio da necessidade de exprimir a alegria ou de
aplacar a fúria dos deuses (SANTOS, 2009).
Sborquia e Gallardo (2006) afirmam que a dança esteve presente mesmo
antes da pedra ser polida pelos seres humanos. Por isso, sabemos que independe
se
encontrava a espiritualidade encarnada.
arqueologia indica a existência da dança
entre povos pré- firmação nos faz
pensar que religião e dança, como elos do sagrado e do profano, eram integradas
neste período histórico. Por conseguinte, Garaundy (1980) relata que o homem
paleolítico ao desenhar nas paredes das cavernas de Lascaux ou de Altamira,
mostrava seu sentimento de poder sobre um animal através de traços firmes e
seguros. Já a dança do caçador da Gruta de Combarelles, representava a imitação
dos animais pelo homem, o qual acreditava que ao se igualar com a presa, esta já
estaria ganha.
Tais relatos mostram a conexão corpórea entre o espírito, a matéria e a
razão presentes nas expressões do homem primitivo. A dança igualava o ritmo da existência ao ritmo da natureza do universo. Aqui se pode falar de consonância. E acrescente-se que,
segregado, das culturas modernas (FONTANELLA, 1995 op. cit. Sborquia; Gallardo, 2006).
9
Segundo Sborquia e Gallardo (2006), foi na Grécia Antiga que a dança
atingiu seu apogeu, devido a integração com outras artes e o seu reconhecimento
por importantes filósofos como Platão e Aristóteles. Porém, com a decadência grega
a dança passou a fazer parte somente de rituais religiosos.
Os autores citados acima relatam que os romanos contratavam professores
gregos para ensinar coreografias a seus filhos e, deste modo, a dança romana foi
marcada por repetição de movimentos alheios, por pantomimas e danças imitadas
de outros povos. Essa forma de manifestação realizada pelos romanos levava a uma
fragmentação da dança, que ocorria pela divisão do homem corpo mente alma-,
nas culturas chamadas civilizadas.
Segundo Garaudy (1980) a partir do século IV, na condenação do
cristianismo de que esse mundo estava a apodrecer, ele englobou as artes que
refletiam essa decomposição. Nesse período, os padres condenavam a dança,
afirmando que todo mal vem da manifestação da carne.
Sborquia e Gallardo (2006, p. 16) ressalta cristianismo tolerava a
dança Segundo Portinari (1989), a
desobediência seria sanada com severos castigos. Ainda assim, muitos povos, como
os camponeses, continuaram suas manifestações de dança com o intuito de
amenizar a rotina da vida diária; eles dançavam em suas festas e, por isso,
guardavam forte vestígio de paganismo.
O Renascimento foi o período de retorno às artes, a dança ressurge atrelada
ao serviço da Igreja, tornando-se símbolo de poder e riqueza. É neste período que o
termo balé surge na Itália, significando bailar, dançar. A Renascença italiana
separou enfaticamente a estrutura da dança proveniente da Idade Média, com forte
valor cultural religioso, da esfera da arte. E assim foi a disseminação do balé por
toda a Europa (GARAUDY, 1980).
A partir dos séculos XVI e XVII, houve mudanças radicais na perspectiva de
mundo. O ser humano passou a ser considerado como uma máquina (CAPRA,
2002). Assim como outras artes, a dança, também, sob esta influência, se tornou
mecanizada, impossibilitando ao homem expressar sentimentos e pensamentos.
Porém, alguns povos, como os ocidentais, continuaram a dançar manifestando seus
sentimentos.
No século XVII, foram estabelecidas as cinco posições básicas dos pés, por
Pierre Beauchamps (1639-1705), estas, semelhantes às posições dos pés na
10
estruturação codificada e já estabelecida permitia aos bailarinos executar com
precisão os passos e as sequências de movimentos.
Com a Revolução Industrial, no século XIX, surge o conceito de negação a
Terra, influenciado fortemente por Bacon, filósofo da época, o qual substituiu a
concepção orgânica da Terra pela concepção de mundo como máquina (CAPRA,
2002). Este pensamento filosófico levou o academicismo do ballet clássico ao uso
das sapatilhas de ponta e saias de tecido de tule, ornamentos utilizados até os dias
de hoje nas representações de balé. O balé clássico não possibilitava expressar o
que se vivia, se tornará uma arte eclética e evasiva (SBORQUIA; GALLARDO,
2006).
Garaudy (1980) afirma que, em meados do século XX, novas formas de
linguagens se fizeram necessárias para expressar os sentimentos provenientes de
uma época pós a Primeira Guerra Mundial. Tem início um movimento, a partir da
dança moderna, que procurava uma nova relação com a vida real, buscando
valorizar a consciência dos movimentos. O autor afirma ainda que essa dança não
pretendia estabelecer uma recodificação aos métodos de dança, mas meios de
expressão das experiências de vida numa época historicamente já modificada.
Nesse momento a dança deixa de ser previamente estabelecida e codificada
e passa a ser motivo de existência. O corpo torna-se veiculo de expressão da
essência humana, criando diferentes formas de linguagem na dança.
Segundo Sborquia e Gallardo (2006, p. diversas formas,
definem a dança como: Dança é uma linguagem que difere das outras, mas não as transcede, pois cada ser humano possui uma maneira diferente de se manifestar e a dança é uma delas. Dançar é vivenciar e exprimir, com o máximo de intensidade, a relação do homem com a natureza, com a sociedade, com o futuro e com seus deuses (2006, p. 24, 25).
A dança como processo histórico e cultural, pode ser classificada quanto a
sua amplitude, espaço geográfico e cunho ético moral (SBORQUIA; GALLARDO,
2006).
Quanto a amplitude, Robinson (1978) descreve as diferentes aplicações da
11
Strazzacappa (2001) corrobora com essa ideia, acreditando que está atrelada a
imaginação e que suas funções são de expressão, espetáculo e recreação. Os
principais troncos podem ser definidos como: radicais, éticas, espetáculo,
expressividade e recreação.
As danças podem ser ainda classificadas quanto ao espaço geográfico.
Definidas como: locais, regionais, nacionais, estrangeiras e internacionais. E por fim
classificadas quanto ao cunho ético moral: representativas, expressivas e
recreativas, sensuais, sexuais, eróticas e pornográficas.
Essa classificação é dada como ferramenta de interpretação para qualquer
tipo de dança, desde as eruditas como o balé, até as populares ou sociais como a
dança de salão.
2.2 DANÇA DE SALÃO
Se pudéssemos falar todas as coisas, não precisaríamos dançá-las
(GARAUNDY, 1980).
A dança social, também chamada dança de salão, é praticada com objetivo
devido a necessidade de grandes salões ou salas de festas, para que sejam
realizados os passos e evoluções de maneira confortável. As danças de salão
podem e são ainda classificadas, segundo Sborquia e Gallardo (2006), como danças
recreativas, remetendo-se ao caráter lúdico, ou ainda, sexuais devido aos
movimentos corporais representados de forma indireta.
A dança de salão surgiu na Europa, na época do Renascimento. No Brasil, a
dança chegou com os portugueses por volta do século XVI. Foi influenciada pelos
espanhóis, nos séculos XVII e XVIII, que fizeram com que o fandango e danças
sapateadas se difundissem. Ainda que dançadas a dois, aconteciam sem enlaçar-
se. Segundo Perna (2001), já no século XIX, as danças sociais como a polca, a
mazurca, a quadrilha, a valsa e o xote chegaram ao Brasil. No ano de 1910, a
América lidera uma nova era da dança de salão, influenciada pelo jazz e ritmos afro-
americanos (SILVA, 2011).
Segundo Maluf (2002) a primeira escola de dança de salão do Brasil foi
criada pela suíça Louise Frida Reynald Poças Leitão, no mês de janeiro do ano de
12
1915, em São Paulo. Louise logo ficou conhecida como Madame Poças Leitão. Foi
ela quem trouxe o refinamento francês para o ensino da alta sociedade. A dança de
salão era considerada somente como uma dança de entretenimento e lazer na visão
de seus apreciadores. Isso devido ao fato de naquela época, por volta do século XX,
ainda não existirem pesquisas bem elaboradas e aprofundadas sobre o assunto
(SOUZA, 2011). A devoção fez da dança uma arte, e com duas divisões claras: o artista, que ganha para trabalhar, e o espectador que paga e usufrui daquilo a que assiste, situando a arte em uma base de execução destinada a recompensas materiais. (CAMINADA, 1999, p. 25).
Em pleno século XXI, é grande a diferença entre a dança erudita e popular.
A dança erudita desde o início foi destinada a classe dominante e europeia,
enquanto que a dança popular, como o próprio nome, é destinada à população e
têm grande divulgação pela mídia (SOUZA, 2011). Segundo Baena (2010), há ainda
uma diferenciação entre a dança de salão cotidiana, daquela praticada em bailes,
aulas e festas, e a dança de salão extra - cotidiana, considerada como cênica e
praticada para o espetáculo.
Para Souza (2011) a disseminação da dança de salão, ou dança popular,
desperta um novo olhar ao estilo dançado, apresentando variados gêneros e ampla
dimensão musical. Segundo Baena (2010) os gêneros da dança de salão têm ritmo
e nomenclatura específicos, como: bolero, tango, salsa, forró, zouk, samba de
gafieira, merengue, etc. Outra classificação apresentada por Souza (2004), classifica
como americanizados (rock dos anos 60, foxtrot, twist e swing), sertanejo (forró, forró
pé de serra, forró universitário, country, vanerão, baião, etc), samba, latinos (salsa,
mambo, rumba, bolero, zouk, tango, etc) e da Europa (polca, valsa, passo doblé). O
autor destaca que os gêneros: bolero, soltinho, samba de gafieira e o forró são os
mais comuns para o sul e sudeste brasileiro.
O bolero originou-se da Rumba Cubana, onde há uma valorização da região
pélvica. A grande diferença entre os dois é a velocidade de execução dos
movimentos. O bolero é cadenciado, é como um jogo de sedução, no qual o homem
é tático e a mulher é responsável pelo efeito gracioso da dança. Como dança
propriamente dita, têm 71 anos e seu criador foi Xavier Cugat (PAIVA, 2011).
13
Na literatura pesquisada não foi encontrado uma definição para o soltinho.
As músicas utilizadas são de origem do pop-rock, twist dos anos sessenta a oitenta
do século XX.
Gueiros (2011) relata que não se sabe ao certo como e quando o forró
surgiu mas é certo que nasceu no Nordeste. Assim como o Samba, esse ritmo é
uma mistura africana e europeia. O forró foi resignificado pelos meios de
comunicação de massa no ano de 1997, no sudeste brasileiro, mesclando ritmos
como baião, xote e xaxado (PERNA, 2011).
E por fim, o samba, que surgiu no Rio de Janeiro, por volta do século XX. No
ano de 1920, surge da junção do maxixe, do lundu e da cultura brasileira, o samba
de gafieira. Esse samba sofreu influência de Fred Astaire e Carmem Miranda. Entre
1980 e 1990, respectivamente, passa a ser um ritmo restrito as gafieiras do Rio de
Janeiro e sofre influência de passos de tango argentino (PERNA, 2011).
No cenário brasileiro alguns profissionais tem se destacado no cenário da
dança de salão. Dentre eles estão nomes como: Carlinhos de Jesus, Jimmy de
Oliveira, Carlos Bolacha, Marcelo Chocolate, Renata Peçanha, Alex de Carvalho, e
Jaime Arôxa. Tais profissionais tem desenvolvido métodos e técnicas de trabalho.
Dentre os diferentes métodos de trabalho, destaca-se o método Jaime Arôxa
pela utilização da técnica do contato improvisação. Este método é respaldado em
cinco pontos básicos: postura em cada ritmo, equilíbrio, musicalidade, direção de
arte e contato com o parceiro ou parceira (SALDANHA, 2007).
Segundo Fonseca; Vecchi e Gama (2012) no momento da dança a dois a
comunicação acontece por meio do corpo, do olhar e do toque. Os autores afirmam
o em companhia de outro, harmonizando movimentos em
sintonia, num mesmo ritmo, resulta em uma união do ser físico numa quase mágica
Como alcançar esta mágica sincronia entre os casais? Algumas
técnicas podem possibilitar essa integração. Neste estudo foi destacado a técnica do
contato improvisação. Assim, apresentamos a seguir o capítulo sobre a técnica de
movimento contato improvisação.
14
2.3 CONTACT IMPROVISATION CONTATO IMPROVISAÇÃO
não representa uma patente, então, cabe a
cada pessoa decidir como grafá- .
O Contact Improvisation, ou Contato Improvisação como é chamado no
Brasil, surgiu nos Estados Unidos da América no início dos anos 70. Segundo Leite
(2005) o pesquisador responsável pela criação da nova técnica foi Steve Paxton.
Steve, nasceu em 1939, em Tucson, no Arizona, era um ginasta olímpico, que
começara a dançar para melhorar seu desempenho esportivo. Em 1958, foi estudar
dança moderna com grandes mestres em Nova York, onde conheceu Merce
Cunningham e tornou-se seu aluno. Anos passaram e Paxton fazia história no
mundo da dança pós-moderna ao lado dos grandes nomes da época
(SPANGHERO, 2000).
Segundo Vinhas (2007), o ano de 1972 era um momento em que o
autoritarismo e as guerras eram extremamente questionados pelos jovens. Por isso,
segundo Leite (2005), Steve Paxton e outros 11 estudantes, da Oberlin College
(cidade de Oberlin) organizaram uma performance, a qual levava o nome de
Magnesium, recheada de quedas e falta de controle, equilíbrio e suaves oscilações.
Considerada a primeira performace da história do contato improvisação. O objetivo
era de que houvesse colisão entre os bailarinos, sobretudo sem se machucarem
(VINHAS, 2007). Rotineiramente eles testavam as possibilidades de dois corpos movendo-se juntos enquanto estavam em contato físico. Também praticavam release technique e treinavam aikido, experimentando os rolamentos, quedas e as habilidades dos parceiros nesta arte marcial. Buscavam desenvolver o conhecimento reflexo do corpo e uma estética baseada nos limites e necessidades físicas (LEITE, 2005, p. 92).
Segundo Costa (2010) a inquietação de Steve Paxton teve início de fato
quando se atentou ao modo em que os dançarinos ficavam presos a coreografias.
Ele queria descobrir como a improvisação poderia melhorar a interação entre os
corpos dançantes, as reações físicas entre eles e ainda proporcionar uma interação
entre diferentes grupos de pessoas (LEITE, 2005).
Em pleno inve
curso as aulas eram de uma dança-
15
bailarinos ficavam em pé e de olhos fechados, sentindo e assistindo cada mínima
parte de suas musculaturas, que os mantinha estabilizados e equilibrados. Nessa
época, a prática chegou a ser chamada de arte esportiva (VINHAS, 2007).
Giustina (2009) afirma que Paxton começou a investigar a qualidade do
tônus muscular, dos impulsos, das quedas, e dos rolamentos na dança. Segundo
Xavier (2011), ele baseava-se no tato, na relação das forças gravitacionais e na
contínua troca de pesos entre os corpos. Ele utilizava de um profundo conhecimento
em práticas corporais, como o aikido e tai chi, yoga, meditação, além do grande
histórico como bailarino e ginasta (VINHAS, 2007).
Freire (2001) ao observar o ensino da dança em escolas públicas da
Inglaterra apresenta algumas técnicas utilizadas na dança educação, dentre elas
destaca-se o Contact-Improvisation na relação do outro como reconhecimento de si.
A autora explica que o significado do movimento no Contact-Improvisation é
proposto a partir da análise de movimento de Cyntia J. Novack (1990) pautada nos
conceitos de Rudolf Laban e Irmgard Bartenieff. A primeira autora sintetiza e
organiza as qualidades do movimento valorizadas no Contact Improvisation da
seguinte forma: geração de movimento por meio de pontos mutáveis de
contatos entre os corpos; sensibilidade através de pele; rolar através do corpo, focalizando o segmento do corpo e movendo em diferentes direções simultaneamente; experimentar o movimento a partir do espaço interno; usar o espaço 360º; ir no impulso, enfatizando a fluência e o peso; inclusão tácita da audiência; informalidade consciente de apresentação, modelada sobre uma prática ou jam; o dançarino é apenas uma pessoa; deixa a dança acontecer; todos são igualmente importantes (p.50).
Segundo Giustina (2009), o contato improvisação permite à dança ser
manifestada como forma de comunicação, já que ocorre o contato entre duas ou
mais pessoas em um jogo de perguntas e respostas corporais. É esse diálogo
contínuo que faz os pensamentos se manifestarem em forma de dança. A
consciência do movimento como continuidade, oscilando entre o interior e exterior do
corpo, se junta às transformações da vida e produz diversos atos dançantes
(XAVIER, 2011).
-contato emerge sempre num modo específico:
processo. E neste caso, a experiência não é resultado final de um procedimento
criativo, mas é a própr
16
Para Torquato e Bezerril (2010) o contato improvisação visa ensinar os
corpos a reagir à desorientação e fazer com que os movimentos aconteçam apenas
através das sensações corporais. Segundo Farina (2009, p. 545)
de corpo pré- O autor afirma ainda que, obviamente, alguns
movimentos devem ser repertório de todo corpo dançante, porém não são estes a
mostrar a qualidade do que se dança. As práticas corporais no momento do contato
improvisação são como horizonte de coisas não vistas ou mesmo não visíveis
que chamamos de sentido, este por sua vez orienta as informações apreendidas nas
(GIUSTINA, 2009, p. 85).
Farina (2009) afirma que o contato entre dois corpos que se alteram no ritmo
entre eles e desempenham o movimento comum entre os dois é o que caracteriza
essa dança. Para Vinhas (2007), o contato improvisação é dança e meditação; é
treinamento mas também é criação, no qual a improvisação acontece da escuta e do
bom treinamento.
A caracterização do contato improvisação trouxe muitas contribuições para a
dança em geral. Primeiro pela disseminação das expressão vinda
livremente. Na prática, as Jams significavam o encontro para o exercício do
improviso. As Jams do contato improvisação acontecem no mundo todo e são
realizadas por muitas pessoas, independente de serem profissionais da dança, que
pesquisam e se encontram para criar e praticar (VINHAS, 2007).
Houve um tempo em que o contato improvisação foi reproduzido e ensinado
por grupos de pessoas que ministravam cursos sem ao menos conhecer
profundamente a técnica. Os pesquisadores, preocupados com as más
improvisação e ainda criou a publi
1).
A revista Contact Quarterly nasceu, justamente, para indicar aos
interessados, a trajetória da nova dança. Teve como idealizadora a artista,
colaboradora e parceira de Steve Paxton, Lisa Nelson, que convidou a bailarina
17
para 1).
Freire (2001) define Contact-Improvisation como um processo criativo que
ocorre quando duas ou mais pessoas se movimentam com apoio mútuo e jogam
com a mudança de equilíbrio coletivo. Esta técnica atenta para as interações do
corpo perceptivo com o organismo corpo-mente.
A autora destaca como ponto principal desse sistema, proposto por Steve
Paxton, simplesmente o prazer de movimentar e o prazer de usar o próprio corpo. É
o prazer de dançar com alguém de um modo não planejado e espontaneamente, em
que cada pessoa está livre para inventar, uma não estorvando a outra. Esta técnica
baseia-se na sensação do toque e no equilíbrio entre duas pessoas. Os parceiros
em dueto tocam muito um ao outro e, por meio do toque, a informação sobre o
movimento de cada um é transmitida. (FREIRE, 2001, p.50)
Matheson (1993) op. Cit. Freire (2001) apresenta seis aspectos do
treinamento: 1. Atitude; 2. Senso de tempo; 3. Orientação do espaço; 4. Orientação
do parceiro; 5. Expansão da visão periférica; 6. Desenvolvimento muscular.
Mediante o exposto apresentado pela literatura investigada infere-se que a
técnica do contato improvisação pode ser aplicada na dança de salão, ainda que,
esta relação não tenha sido encontrada na literatura, objetivamos analisar o discurso
dos profissionais da dança de salão e seus relatos sobre as experiências do contato
improvisação na dança de salão.
18
3 METODOLOGIA
A razão de pesquisarmos sobre a dança de salão decorre do fato de termos
percebido que este conhecimento dificilmente é tratado no âmbito acadêmico.
A dificuldade em estudar o fenômeno da dança de salão em toda sua
abrangência levou-nos a delimitar esta pesquisa aos professores que trabalham com
o método Jaime Arôxa por ser a realidade onde estamos inseridos.
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa de campo e apresenta
caráter exploratório. Tem por objetivo analisar as bases teóricas e práticas do
Contato e Improvisação e sua aplicação nas aulas de Dança de Salão.
3.1 UNIVERSOS DA PESQUISA
Foi constituído por profissionais da dança de salão que utilizam do Método
de ensino Jaime Arôxa e aplicam o contato improvisação nas aulas.
Para delimitação do universo da pesquisa, foram selecionados quatro
profissionais que participaram do curso de atualização de professores do Método
Jaime Arôxa.
3.2 PROCESSOS DE COLETA DE DADOS
Para validação do questionário foi realizada uma entrevista piloto. Os dados
foram coletados por meio da entrevista semi - estruturada. Após o aceite da Escola
de Dança Jaime Arôxa (Apêndice B) e do termo de consentimento (Apêndice C) foi
realizada a coleta de dados. A entrevista foi realizada com três professores do Rio
de Janeiro - RJ e um professor de Londrina - PR. Os dados foram coletados
pessoalmente, e gravados com uma câmera da marca Sony de 14 mega pixels para
transcrição e interpretação posterior dos dados.
19
3.3 ORGANIZAÇÃO E TRATAMENTO DOS DADOS COLETADOS
O tratamento dos dados obtidos seguiu os princípios da análise de conteúdo,
a qual consiste em uma técnica de pesquisa com suas características
metodológicas: objetividade, sistematização e inferência (BARDIN, 1977).
Utilizamos como técnica da análise de conteúdo, a análise temática, porque
partes utilizáveis, de acordo com o problema pesquisado, para permitir sua
Para isso, recorremos à análise de conteúdo que se constitui um:
procedimentos sistemáticos e objetivos, a descrição do conteúdo das mensagens que permitam a inferência de conhecimentos relativos às
p. 21).
Por meio desta técnica é possível extrair os significados inerentes às
entrevistas. A análise temática possibilitou as relações entre o tema e os núcleos de
sentido inerentes às entrevistas, em que a presença ou frequência de frases,
parágrafos ou idéias, significaram alguma coisa para o objetivo analítico visado.
A codificação possibilitou uma transformação que seguiu regras específicas
dos dados de um texto, procurando agrupá-los em unidades que permitiram uma
representação do conteúdo desse texto. O processo exige o comando do intérprete que assume a
rpretação (hermenêutica) dos fenômenos, recuperando os significados, o sentido ou os vários sentidos (polissemia) dentro de seus contextos de significação (horizontes de compreensão) (SÁMCHES GAMBOA, 2000, p. 94).
O tratamento dos dados coletados seguiu um processo de interpretação, o
processo hermenêutico é sua ênfase na necessidade de contextualizar o significado
da expressão humana e de não divorciá- ES GAMBOA,
2000, p. 28).
20
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO O estudo apresenta como resultados e discussão a análise do discurso dos
profissionais de dança de salão, dividida em 4 temas (dança, dança de salão,
contato improvisação e dança de salão relacionada ao contato improvisação). Por
meio da análise temática foram inferidas categorias que propiciaram a elucidação do
discurso. A seguir a análise completa:
4.1 TEMA 01 DANÇA Sobre a concepção de dança dois profissionais afirmam que é a manifestação
e expressão do corpo, em consonância aos estudos de Santos (2009) que a dança é
fruto da necessidade de expressão do homem. Essa expressão veio da necessidade
de exprimir a alegria ou de aplacar a fúria dos deuses (SANTOS, 2009) ou ainda
segundo Sborquia e Gallardo (2006) independe do motivo pelo qual os povos
dançavam, o faziam de forma a representar como se encontravam espiritualmente
ou corporalmente naquele momento, essas afirmações podem ser confirmadas
pelos profissionais quando dizem que a dança é expressão da alma através do
corpo e que é como uma libertação.
Quanto à experiência em dança um dos profissionais afirma: a eu tenho desde que nasci,
tocou
Este relato é condizente com Sborquia e Gallardo (2006) quando definem a
dança como uma das formas de linguagem.
Outras afirmações a respeito da experiência em dança foram de experiência
de trabalho e com danças culturamente construídas, principalmente a dança de
salão, como exemplificado a seguir:
saber dançar que te dá experiência em dança, dá experiência trabalhar com dança... já há trinta an
21
experiência em dança de salão..
Quando questionados a respeito dos tipos de dança, todos os profissionais
têm maior vivência e trabalham com a dança de salão, e responderam:
que a gente apresenta aqui para os alunos.. .
Como apresentado na literatura a dança de salão, pode ser classificada como
danças recreativas, remetendo-se ao caráter lúdico, ou ainda, sexuais devido aos
movimentos corporais representados de forma indireta (Sborquia e Gallardo, 2006)
confirmando a afirmação um dos profissionais entrevistados apresenta os estilos da
dança de salão como:
.
4.2 TEMA 02 - DANÇA DE SALÃO
Dança de salão
Essa informação pode ser confirmada na literatura na qual apresenta que a
festas e é praticada com o objetivo de socialização e diversão.
A dança de salão pode ter como finalidade o espetáculo, para Baena (2010),
há uma diferenciação entre a dança de salão cotidiana, daquela extra - cotidiana,
considerada como cênica e praticada para o espetáculo, tal afirmação confirma que sapateado não é uma dança de salão...bolero é dança de salão
quando essa dança vai pro palco aí já não é mais dança de salão e por isso eu posso misturar com balé e outras coisas porque eu não to
para o espetáculo "...você compõe essa dança de salão...você transforma colocando gêneros de outras co
Ainda questionados sobre a concepção de dança de salão os profissionais
categorizaram a relação com o outro, afirmando que a dança de salão:
22
relação de você comigo, eu com ela... a relação... a troca... é um
Dentre as funções que a dança de salão pode ter ou exercer está a de que e faz essa religação de um jeito diferente, em pé, possibilita um autoconhecimento e um conhecimento do outro... então quando você está sozinho é uma coisa... quando você está com outra pessoa é outra coisa diferente então você tem que reinventar o seu jeito, descobrir como criar essas formas harmônicas entre homens e mulheres, a dança de salão é importante porque ela traz pra sociedade... o afeto explícito, traz a mostra viva de um relacionamento harmônico e bonito entre um homem e uma mulher... o mundo p
todos os setores tanto no psicológico espiritual quanto físico como consciência corporal, como coordenação motora, expressão
A afirmação do profissional mostra um elo com a citação de Fontanella (1995)
op. cit. Sborquia; Gallardo, (2006) o autor afirma que a dança igualava o ritmo da
existência ao ritmo da natureza do universo, surgindo, a partir daí uma consonância.
Porque entre os povos míticos, o homem é sempr
das culturas modernas.
entre povos pré-históricos c afirmação nos faz
pensar que religião e dança, como elos do sagrado e do profano, eram integradas
desde aquele período.
A dança de salão, dada à opinião do profissional, pode ainda ser entendida
como: cultura... se eu for dançar um tango eu procuro ver como se comportam os argentinos, como eles andam como eles caminham como eles se expressam... Se eu vou dançar uma salsa eu vejo como o cubano ele... as manhas que eles usam, eu vou dançar um
Por isso essa dança é social e integra uma diversidade grande de ritmos e
pessoas. Para Souza (2011) a disseminação da dança de salão, ou dança popular,
desperta um novo olhar ao estilo dançado, apresentando variados gêneros e ampla
dimensão musical, essa afirmação confirma a diversidade dos estilos existentes e
23
possivelmente trabalhados pelo mundo atualmente, como por exemplo, os descritos
pelos entrevistados:
soltinho, forró, salsa tango zosoltinho rock cha cha cha merengue rumba paso doble aqui se
Os profissionais descrevem ainda outros ritmos que trabalham ou não e o
porquê: bachata do resto tem tudo... só não tem essas danças da moda... são danças muito passageiras que não vale a pena investir pra ensinar pros meus alunos coisa que eles não vão usar e que daqui a pouco vai
Sborquia e Gallardo (2006, p. 28) explica que dança da moda é aquela
produzida e veiculada pela mídia e, consequentemente, praticada pela comunidade.
Embora nem sempre analisada criticamente.
Tais afirmações nos fazem pensar que os profissionais estão zelando pelo
refinado estilo da dança de salão trazido para o Brasil por Madame Poças Leitão, em
1915 (MALUF, 2002).
4.3 TEMA 03 CONTATO IMPROVISAÇÃO Os profissionais, quando questionados sobre a concepção de contato
improvisação, responderam primeiramente a respeito do contato, afirmando que:
pessoa, o contato pode ser através da pele... dos olhos... de um gesto... o contato não necessariamente é um toque só, o contato é conexão entre uma pessoa e outra, e essa conexão se dá de várias
do)... que você pode aplicar no corpo de uma outra pessoa pelos sentidos da pele... eu posso manter o contato com uma pessoa e ela não responder... o contato é onde você está estimulando a pessoa a lhe
Sobre a improvisação, explicam que:
24
a improvisação é quando essa conexão consegue realizar movimentos que não são aleatórios mas eles existem no exato momento presente onde eles acontecem... por isso que ele é improviso... você não tem a menor noção do que vai acontecer no próximo movimento... ele se processa pela ideia natural do estímulo dos corpos de quem recebe e de quem dá então se eu estimulo você me responde de um jeito, e aquele seu jeito de responder provoca em mim um estímulo pra fazer outra coisa... esse ciclo de estímulos e respostas esse ciclo de ações e reações é que vai trazer a tona
e tá imbuída... na improvisação... algo que não está preparado anteriormente você simplesmente sente e
.. a improvisação veio pra aprimorar esse diálogo pra ter maior
Percebe-se que os saberes da experiência são condizentes com os
conhecimentos acadêmicos pois para Farina (2009) o contato entre dois corpos que
se alteram no ritmo entre eles e desempenham o movimento comum entre os dois é
o que caracteriza essa dança. Leite (2005) corrobora com as afirmações explicando
que sempre que os adeptos praticavam o contato improvisação, testavam as
possibilidades de dois corpos movendo-se juntos enquanto estavam em contato
físico. Eles buscavam o desenvolvimento do corpo reflexo e os limites e
necessidades físicas. Porém, para os profissionais
você não tem... o seu movimento não tem uma relação com a outra pessoa, então toda vez que o seu movimento interfere na outra pessoa e vice versa a gente chama de
improvisação é o que ela faz sobre aquele contato aí é... voluntário pela técnica que ela já tem, ou voluntário mesmo que sem a técnica pela vontade de fazer isso ou aquilo, ou pela pulsação que a música está propondo no momen
Um dos profissionais destaca que a improvisação se difere da coreografia
pois:
presente mas no futuro já sei tudo que vai acontecer, então ela acontece no presente mas ela não pertence ao presente ela pertence
25
Tal afirmação feita por um profissional remete-nos a inquietação de Steve
Paxton que teve início de fato quando se atentou ao modo em que os dançarinos
ficavam presos a coreografias (SOUZA, 2010) e que por isso, segundo Leite (2005),
ele quis descobrir como a improvisação poderia melhorar a interação entre os
corpos dançantes, as reações físicas entre eles e ainda proporcionar uma interação
entre diferentes grupos de pessoas.
bom sabe improvisar e o mais ou menos só sabe dançar coreografia,
Segundo Giustina (2009), o contato improvisação permite à dança ser
manifestada como forma de comunicação, já que ocorre entre o contato entre duas
ou mais pessoas em um jogo de perguntas e respostas corporais. É esse diálogo
contínuo que faz os pensamentos se manifestarem em forma de dança afirmação
que se confirma e explica na descrição a seguir:
respeitar o seu momento de falar e o meu momento de falar... eu tenho que respeitar o seu espaço e tenho o meu espaço só que são duas
Essa relação e comunicação entre os corpos, podem ser entendidas também
por esta descrição do profissional:
existe quem leva e quem é levado, pode ser a mulher ou pode ser o homem e eu posso conceder isso ou posso tomar esse poder então tem um jogo, um diálogo corporal e esse diálogo corporal então faz com que você... possa ir aumentando palavras no seu repertório... toda vez que eu te empurro você me empurra toda vez que eu te puxo você me puxa... se eu toco em você com vinte eu vou passar pra cinquenta e você tem que manter os vinte se não o movimento não acontece... a relação da dança com o mundo com o seu próprio corpo e com o corpo do outro não tem nada de frio, é emoção o
Xavier (2011) confirma explicando que, a consciência do movimento como
continuidade, oscila entre o interior e exterior do corpo, se junta às transformações
da vida, produzindo diversos atos dançantes.
Todos os profissionais fazem suas pesquisas através das mídias, grupos que
já trabalham com o contato improvisação e o método Jaime Arôxa de ensino.
26
contato é condução pura e unicamente... algumas regrinhas do contato dentro das coreografias, dentro dos movimentos a dois... como empurrar e puxar qual é o efeito que isso dá dentro dessa movimentação ou dessa movimentação... até onde eu posso levar o eixo dela pra poder girar até onde eu posso ir fora do meu eixo e ela
Eles afirmam ter conhecido bases do contato improvisação com uma
companhia de dança contemporânea, a .
eles ensinavam rolamento... como usar os pêndulos, como usar o
chão pra sair do chão, era completamente diferente do que foi
como a pessoa gira... rola no chão... cai no chão... se deita... os
toques que nós dávamos em outra pessoa qual o comportamento que ela deveria ter como seria adequado para aquela
Questionados sobre a técnica do contato improvisação um profissional
respondeu que o uso de nomes muito técnicos limita a improvisação propriamente
dita, isso devido ao fato de que a improvisação é justamente a falta de técnica, e que
ela está inerente ao que se conhece do próprio corpo. Este fato nos mostrou que os
profissionais buscam seus conhecimentos na pratica e desconhecem que estes
mesmos conhecimentos são explicados na literatura.
contato improviso... então o que eu te digo são dicas de como funciona essa linguagem não técnica... técnica tá ligada a uma razão e nem tudo precisa da razão pra existir...então você ensina técnicas de ensino mas são técnicas mais como meio fio pra você seguir do que como ordens e procedimentos que você tem que cumprir daquela forma rigorosamente... precisa ser uma técnica muito aberta pra que seja verdadeiramente um caminho a seguir e não um manual
melhor as reações do corpo ao estímulo de um outro corpo, então a hora que você estuda isso você não vai criar uma técnica exatamente, mas você vai... se habilitar do que você precisa pra ser um bom condutor... pra você improvisar bastante bem... eu acredito que algumas coisas não existe técnica capaz de ensinar, existirão técnicas pra habilitar o seu corpo pra fazer coisas incríveis, mas você vai precisar entender melhor como funciona o contato com o outro e
27
contato improviso... é que eu vou muito mais pelo lúdico e pelas relações dos animais do que propriamente pela técnica
Torquato e Bezerril (2010) afirmam e confirmam que o contato improvisação visa
ensinar os corpos a reagir à desorientação e fazer com que os movimentos
aconteçam apenas através das sensações corporais. Todavia, um profissional
afirma que:
O toque, o improviso, teatro... os planos médio, baixo e alto são técnicas utilizadas no contato improvisação.
O contato improvisação é uma técnica de trabalho com a dança, tem suas
bases na análise de movimento de Laban (1978), por isso acredita-se que a técnica
amplia as possibilidades de improvisação, porque a criatividade se baseia na
experiência e em seus conhecimentos.
Sobre a parte teórica, um dos profissionais afirma que:
penso logo faço... quando se fala de teoria pra dança é difícil eu te dizer o que é teoria do contato improvisação... então o meu caminho é a não teoria é a prática que vai... despertar sentimentos que eu
pra explicar a pratica e não pra criar uma prática. Na dança... obviamente, não vai generalizar... A faculdade odeia essa minha
Para Vasquez (1968) é a atividade teórica e a prática que juntas transformam
a natureza e a sociedade; prática, na medida em que a teoria, como guia da ação,
orienta a atividade humana; teórica, na medida em que esta ação é consciente.
Outros profissionais firmam que:
estar preparado para receber a sua resposta, é princípio teórico daí pra eu passar isso pra prática eu tenho que realmente... entender esse princípio teórico... como é que eu posso entender, como é que eu posso te pedir uma resposta se eu não tenho, na teoria é fácil... faça
28
Giustina (2009), ao afirmar que Paxton começou a investigar a qualidade
tônus muscular, dos impulsos, das quedas, e dos rolamentos na dança e Xavier
(2011) afirmando que ele baseava-se no tato, na relação das forças gravitacionais e
na contínua troca de pesos entre os corpos, confirmam as informações anteriores.
Segundo -requisito
repertório de todo corpo dançante, porém não são estes a mostrar a qualidade do
que se dança. Na pergunta sobre os principais movimentos do contato improvisação,
um entrevistado respondeu que não tem movimento principal, que não existe
movimentação específica, são apenas momentos. Entretanto, outros profissionais
especificam alguns movimentos: toque... rolar,
Pliê, ponto de equilíbrio, impulso... sem pliê você não faz uma
pegada, ponto de equilíbrio você não prepara pra tirar ninguém do
icos quando eu empurro pra
baixo você empurra pra cima, quando eu empurro pra cima você pra baixo, pra fora você pra dentro, então eu faço os contrários... nosso
Leite (2005, p. 99) apresentou os princípios do contato improvisação descritos
anteriormente. Essa descrição confirma a existência de movimentações específicas.
-contato emerge sempre num modo específico: processo. E
neste caso, a experiência não é resultado final de um procedimento criativo, mas é a
com esse contato improvisação você ativa coisas que nunca sentiu antes e isso então te liberta de alguma maneira, é muito libertador... o efeito pra vida de quem pratica é como uma libertação é quase
29
Quanto à mudança na percepção corporal dos praticantes, os profissionais
afirmam que há muita mudança,principalmente nas percepções do tato, até mesmo
em como se vê o mundo:
Muita mudança, você sente o vento na sua cara... a água no seu banho... as plantas quando roçam em você... a mordida do peixe no mar... o carinho da namorada, a gente acaricia melhor a nossa amante... quando a gente faz bem o contato improviso por conta dessa facilidade de sentir o corpo do outro, a pele do outro, muda tudo na nossa vida... quando você termina uma aula de contato você fictanto do outro pra você se relacionar que termina gerando uma forma
4.4 TEMA 04 APLICAÇÃO DO CONTATO IMPROVISAÇÃO NA DANÇA DE SALÃO
O profissional afirma que o contato improvisação é o aprimoramento da
condução. Para Vinhas (2007), o contato improvisação é dança e meditação; é
treinamento, mas também é criação, no qual a improvisação acontece da escuta e
do bom treinamento, para outro profissional:
a dança de salão vive do improviso então quando eu vou pra um baile eu danço com várias mulheres diferentes, cada mulher dança de um jeito eu posso sequenciar os passos da maneira que eu quiser... quando você vai pra um baile e sabe conduzir a mulher sabe estimular a mulher e quando ela sabe te responder, aí você cria coisas incríveis na dança de salão, então o contato improviso na dança de salão de verdade é a grande essência da dança de salão é
O contato improvisação amplia a capacidade de criatividade:
quem faz contato improviso tem mais criatividade pra dançar, não
fica dependendo de sequencias pré marcadas... que tiram completamente a emoção porque tiram a condução ficam rítmicas porque são contadas todas a partir de um ritmo... o improviso de verdade é quando você com cada dama realiza os movimentos de maneira diferente porque o movimento... é tão amplo... que você pode viver a vida inteira e nunca repetir o mesmo movimento da mesma maneira, então você tem que confiar nessa diversidade, gostar e chamar essa diversidade pro seu diálogo que aí faz de você
30
Deste modo aprimoram a condução. Giustina (2009, p. 85) afirma que as
coisas não vistas ou mesmo não visíveis que chamamos de sentido, este por sua
vez orienta as informações apreendidas nas trocas entre os corpos e a transforma
Com certeza... a pessoa fica mais criativa mais habilidosa... mais
sem a
que o meu parceiro ou minha parceira está dizendo, se eu entender um pouquinho desse contato não adianta só eu responder sem ter a textura no corpo... se ela não tá recebendo primeiro a mensagem do meu corpo que é exatamente a pele com pele, a musculatura, o nervo, o sangue, a. enfim a textura, se não tiver isso ela vai até me
O contato improvisação, segundo os profissionais, é recheado de benefícios
como: entendimento e sensibilidade do outro, quebra de ritmo e dinâmica de
movimento, torna a pessoa mais equilibrada, desejada, melhora a condução,
aumento da força entre outros listados a seguir:
desenvolvimento da libido... sensibilidade no tato... porque é o sentido que a gente menos usa... então o contato improviso te leva a sentir o tato como um sentido muito importante pra você, o que também te leva...a ter uma intuição mais apurada, porque como você desenvolve os seus sentidos... os sentidos não só capturam o presente eles capturam nuances do futuro, isso chama-se intuição... o grande ganho em contato improvisação é o desenvolvimento da pele... e aí de todos os prazeres que a pele pode trazer e todas as informações que a pele pode trazer... você fica mais suscetível...
Vinhas (2007) afirma e confirma as informações explicando que Paxton
quando ensinava o contato improvisação aos bailarinos, fazia com que eles ficassem
em pé e de olhos fechados, sentindo e assistindo cada mínima parte de suas
musculaturas, que os mantinha estabilizados e equilibrados.
Para os profissionais o contato improvisação deve ser inserido na
aprendizagem da dança de salão desde o primeiro dia de aula, todavia um
entrevistado discorda quando descreve a falta de conhecimento sobre aquilo que ele
31
deveria aplicar, que o correto seria passar o conhecimento e depois aplicar. Sobre
as aulas, alguns responderam que há uma sequência:
a principal que é básico... pra cada modalidade
um básico diferente.. uns primeiros passos que ligam ao básico, por exemplo, o bolero vem às viradinhas das mulheres das damas depois a virada dos homens, depois viradas com interrupções depois inversões de viradas, quando ele esta pronto com essa estrutura é que nós abrimos para os
Outros profissionais defendem que não há sequência para a aula, assim
como o próprio nome a aula é improvisação. Quando questionados a respeito dos
grupos que podem ou devem praticar o contato improvisação, afirmam que:
ança de salão você pode... qualquer idade, um pode
...com certeza é possível que pessoas de todas as idades façam
Pode ser usado em todos os grupos mas pra cada grupo vai ser um
Há também uma diferenciação para aplicação quando a mesma é voltada a
companhia de dança, ou seja, profissionais da dança afirmando que esse grupo já
tem o repertório, o domínio sobre o corpo, o corpo já trabalhado em outros ritmos e
estilos de dança e por isso a explicação é rápida e acontece de maneira eficiente. O
trabalho com esse grupo já avançado deve ser de
quebrar o repertório deles, eu tenho que não deixar eles usarem o
repertório que eles dominam, pra então eles improvisarem em cima .
Para os iniciantes afirmam que é necessário ter cautela e prepará-los dando
a eles repertório para que improvisem.
Algumas considerações fundamentais para se trabalhar o contato
improvisação foram descritas pelos profissionais das quais se pode destacar
32
algumas como: a utilização de músicas que não estejam no dia-dia daquele grupo,
para que eles não utilizem de possíveis sequências, a desconstrução dos repertórios
para o improviso em coisas novas, e a principal delas, segundo um dos
profissionais, é
,,, se você está estimulando uma outra pessoa através do contato sem palavras e recebendo esse estímulo... o principal no meu ponto de vista é se teu corpo tem o entendimento de que o toque de outra pessoa lhe estimula a fazer isso ou aquilo, fazer isso ou aquilo..
33
5 CONCLUSÃO
Ao longo deste estudo foi averiguado que o diálogo entre os corpos é a
grande essência do contato improvisação. A concepção de corpo nesta teoria
encontra-se subjacente, sendo caracterizado como um conjunto de órgãos
sensoriais que despertam diferentes emoções conforme o movimento. O movimento
através do contato improvisação foi analisado dentro da dança de salão, e conclui-se
que os profissionais necessitam de conhecimentos teóricos básicos, para melhor
compreender na prática as reações do corpo ao estimulo de outro corpo. A
intervenção profissional poderá ser ampla, englobando diversos grupos de corpos
dançantes.
As reflexões realizadas por meio desta pesquisa buscou relacionar o
conhecimento acadêmico e os saberes da experiência dos profissionais que atuam
com a dança de salão. Por conseguinte, inferiu-se que a aplicação do contato
improvisação na dança de salão potencializa o desempenho dos praticantes e
melhora a percepção corporal, bem como, aumenta a criatividade e a libido, fazendo
com que dancem melhor. Independentemente do grupo ao qual se aplica, haverão
benefícios, desde que haja aplicação correta.
Por fim, os conhecimentos teóricos sobre a dança de salão e a técnica do
contato improvisação possibilitaram elucidar estratégias de intervenções inovadoras
para dança de salão apresentando relevância para os futuros profissionais da área
da dança. Por outro lado, é necessários outros trabalhos sobre o Contato
Improvisação na Dança de Salão.
34
6 REFERÊNCIAS
BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977. BAENA, S. S. Dança de Salão: uma estética transcrita para a cena. Ensaio geral, Belém, v1, n.1, ed. especial, 2010. CAMINADA, E. História da Dança e Evolução Cultural. Rio de Janeiro: Sprinter, 1999. CAPRA, F. O ponto de mutação. 25. Ed. São Paulo: Cultrix, 2002. COSTA, B. Liberdade de Expressão. Jornal do Brasil. Revista Domingo. ano 34, n. 1759, 17 jan. 2010. FARINA, C; ALBERNAZ, R. Favorecer-se outro. Corpo e filosofia em Contato Improvisação. Revista Educação, Santa Maria, v. 34, n. 3, p. 543-558, set./dez. 2009. FARO, A. J. Pequena História da dança. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1986. FONSECA, C. C; VECCHI, R. L; GAMA, E. F. A influência da dança de salão na percepção corporal. Revista Motriz, Rio Claro, v.18 n.1, p.200-207, jan./mar. 2012. FREIRE, I. M. Dança-Educação: O corpo e o movimento no espaço do conhecimento. In: Caderno Cedes, ano XXI, nº53, abril/2001 p. 31-55. GARAUNDY, R. Dançar a vida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. GIUSTINA, F. M. D. Dançar jogando para jogar dançando. Dissertação (Mestrado em Processos Composicionais para a Cena) - Programa de Pós-Graduacão do Instituto de Artes, Universidade de Brasília. Brasília-DF. 2009. 170f. HUIZINGA, J. Homo Ludens - 1932. Tradução de J. P. Monteiro. São Paulo,SP. Editora Perspectiva, 2005. LABAN, R.V. O Domínio do Movimento. São Paulo: Summus Editorial, 1978. LEITE, F. H. C. Contato improvisação (contact improvisation) um diálogo em dança. Movimento. Porto Alegre, v. 11, n. 2, p. 89-110, maio/agosto, 2005. MALUF, A. M. Motivos e sentidos da dança da terceira idade na cidade de presidente prudente SP. 2002. Dissertação (Mestrado em Psicologia) - Faculdade de Ciências e Letras do Campus de Assis, Universidade Estadual Paulista, Assis, 2002. PAIVA, A. O bolero: das imprecisões históricas às lendas. In: PERNA, Marco Antônio (org.). 200 anos de dança de salão no Brasil. Rio de Janeiro-RJ. v. 1. jul. 2011.
35
PERNA, M. A. Samba de Gafieira - a História da Dança de Salão Brasileira. Rio de Janeiro-RJ. 2001. ______. As raízes das danças brasileiras. In: PERNA, Marco Antônio. 200 anos de dança de salão no Brasil. Rio de Janeiro-RJ. v. 1, jul. 2011. PIZARRO, D. Fazendo contato: a dança contato-improvisação na preparação de atores. 2011. 164f. Dissertacão (Mestrado em Arte) - Programa de Pós Graduação em Arte do Instituto de Artes. Universidade de Brasília. Brasília DF. 2011. ROBINSON, J. Le langage chorégraphique. Paris: Vigot, 1978. SALDANHA, M. As três vidas de Jaime Arôxa. Rio de Janeiro-RJ. 2007. SÁNCHEZ GAMBOA, S. A pesquisa na construção da universidade: o compromisso com a aldeia num mundo globalizado. In: LOMBARDI José Claudinei. (Org.) Pesquisa em Educação, História, Filosofia e Temas Transversais, Campinas Autores Associados: HISTEDBR, 2a edição, 2000, pp. 77-93.
SANTOS, S. G. Penso, logo danço: método para ensino de dança de salão. Universidade de São Paulo: Faculdade de educação. São Paulo: São Paulo, 2009. SBORQUIA, S. P. A Dança no Contexto da Educação Física. 2006. SILVA, J. B. Atlas do esporte na baixada fluminense. In: PERNA, Marco Antônio (org.). 200 anos de dança de salão no Brasil. Rio de Janeiro-RJ. v. 1. Jul. 2011. SOUZA, J. H. A Dança de Salão e a Contribuição do Corpo na Pedagogia de Valores. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) - Faculdade de Americana. Americana - S. P. 2004. ______. A arte da dança de salão e seus aspectos terapêuticos: um estudo de caso no instituto de educação para a vida Blanca Nieve, Monte Mor/SP. 2011. Dissertação (Mestrado em Educação) Área de Concentração DELART - Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas, Departamento de Educação, Conhecimento, Linguagem e Arte CAMPINAS. 2011 SPANGHERO, M. Dançando na velocidade do medo. A notícia: Anexo. Joinville-SC. 2000. STRAZZACAPPA, M. A educação e a fábrica de corpos: a Dança na escola. In: Caderno Cedes: dança educação, ano XXI, n. 53, abr. 2001. TORQUATO, C. N; BIZERRIL, J. Contato improvisação. Um estudo etnográfico. Revista Salud & Sociedad., v. 1, n. 1, Enero abr. 2010. VAZQUEZ, A. S. Filosofia da práxis. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1968. p. 117.
36
VINHAS, C. A arte do contato improvisação. Dança em Revista. Ano 1, n. 2, Jan. 2007. WISSMANN, A. E. L. Uma breve dissertação sobre a história da dança através das épocas. Disponível em: <http://www.balletgutierres.com.br/a-companhia. php#!prettyphoto[historia]/0/>. Acesso em: 22 abr. 2012. XAVIER, J. J. O que é a dança contemporânea?. . Departamento de Artes CCE da FURB ISSN 2236-6644 Blumenau, v. 16, n. 01, p. 35-48, 2011.
37
APÊNDICES
38
APÊNDICE A ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA
TEMA 01: DANÇA
a) O que é dança para você?
b) Você tem experiência em dança? Qual?
c) Quais os tipos de dança em sua escola?
TEMA 02: DANÇA DE SALÃO
a) O que é dança de salão para você?
b) A dança de salão é importante? Por quê?
c) Quais são os estilos de dança de salão trabalhados em sua escola?
TEMA 03: CONTATO IMPROVISAÇÃO
a) O que é contato improvisação?
b) Como conheceu e começou a utilizar essa técnica?
c) Quais são as suas fontes de pesquisa para ministrar aulas de contato
improvisação?
d) Quais são os princípios teóricos do contato improvisação?
e) Quais as técnicas do contato improvisação?
f) Quais são os principais movimentos utilizados em uma aula de contato
improvisação?
g) Existe alguma mudança na percepção corporal de quem pratica? Quais?
TEMA 04: APLICAÇÃO DO CONTATO IMPROVISAÇÃO NA DANÇA DE SALÃO
a) Para que serve o contato improvisação na dança de salão?
b) Você acredita que o contato improvisação pode potencializar o desempenho na
dança de salão?
c) De que maneira?
d) Quais são os benefícios para os praticantes?
39
e) A partir de que momento pode-se inserir o contato improvisação na aprendizagem
da dança de salão?
f) Como são ministradas as aulas? Tem uma sequência? Qual?
g) O contato improvisação pode ser aplicado em quais grupos?
h) Há diferença entre trabalhar contato improvisação com alunos iniciantes e
profissionais? Qual a diferença?
i) Quais são as principais considerações para trabalhar o contato improvisação nos
diferentes ritmos de dança de salão?
40
APÊNDICE B TERMO DE CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Titulo da pesquisa:
Prezado(a) Senhor(a):
Gostaríamos de convidá-lo (a) a participar da pesquisa O contato improvisação na dança de salão: discurso dos profissionais que atuam com o método Jaime Arôxa , realizada no curso de professores no Rio de Janeiro. O objetivo da
pesquisa é descrever qual a concepção dos profissionais que atuam com a dança de
salão sobre as bases teóricas e práticas do contato improvisação. A sua participação
é muito importante e ela se daria da seguinte forma: entrevista semi - estruturada, na
qual a pesquisadora fará as perguntas sobre dança, dança de salão e contato
improvisação; e gravará as respostas com uma câmera digital. Gostaríamos de
esclarecer que sua participação é totalmente voluntária, podendo você: recusar-se a
participar, ou mesmo desistir a qualquer momento sem que isto acarrete qualquer
ônus ou prejuízo à sua pessoa. Informamos ainda que as informações serão
utilizadas somente para os fins desta pesquisa e serão tratadas com o mais absoluto
sigilo e confidencialidade, de modo a preservar a sua identidade.
Considerando que a literatura pouco tem tratado sobre a presente temática e que
este conhecimento geralmente é disseminado apenas em cursos, este trabalho
poderá contribuir apresentando o quadro de conhecimento dos saberes práticos dos
profissionais que já atuam com esta técnica na dança de salão. Informamos que o(a) senhor(a) não pagará nem será remunerado por sua participação.
Garantimos, no entanto, que todas as despesas decorrentes da pesquisa serão ressarcidas,
quando devidas e decorrentes especificamente de sua participação na pesquisa.
Caso você tenha dúvidas ou necessite de maiores esclarecimentos pode nos contactar
(Lais Moura Ferreira, Rua Paraíba - 450 - Londrina/PR, (43) 9989-1980,
41
sr.danca@hotmail.com) ou procurar o Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo Seres
Humanos da Universidade Estadual de Londrina, na Avenida Robert Kock, nº 60, ou no
telefone 33712490. Este termo deverá ser preenchido em duas vias de igual teor, sendo
uma delas, devidamente preenchida e assinada entregue a você.
Londrina, 16 de julho de 2012.
Lais Moura Ferreira
RG:: 9 473 922 - 5
________________________________________________ tendo sido devidamente
esclarecido sobre os procedimentos da pesquisa, concordo em participar
voluntariamente da pesquisa descrita acima.
Assinatura (ou impressão dactiloscópica):____________________________
Data:___________________
42
APÊNDICE B OFÍCIO DE AUTORIZAÇÃO
Declaração de Concordância dos Serviços Envolvidos e/ou de Instituição
Co-Participante
Rio de Janeiro, 16 de julho de 2012
Ilma. Sra. Profa. Dra. Alexandrina Aparecida Maciel Cardelli
Coordenadora do CEP/UEL
Senhora Coordenadora
Declaramos que nós da Escola de Dança Jaime Arôxa, estamos de acordo com a condução do projeto de pesquisa "O contato improvisação na dança de salão: discurso dos profissionais que atuam com método Jaime Arôxa sob a responsabilidade de Jaime Arôxa, nas nossas dependências, tão logo o projeto seja aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa Envolvendo seres Humanos da Universidade Estadual de Londrina, até o seu final em dezembro de 2012.
Estamos cientes que as unidades de análise da pesquisa serão as gravações das entrevistas semi - estruturadas com os professores participantes do curso de professores do método Jaime Arôxa, bem como de que o presente trabalho deve seguir a resolução 196/96 do CNS e complementares.
Atenciosamente,
___________________________
Jaime Arôxa
Escola de Dança Jaime Arôxa
Proprietário/Professor/Coreógrafo
top related