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UNIVERSIDADE SÃO JUDAS TADEU
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU
EM EDUCAÇÃO FÍSICA
MARIANA DE FREITAS CORRÊA
Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no
esporte para atletas brasileiros adultos (RME-A)
São Paulo
2019
MARIANA DE FREITAS CORRÊA
Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no esporte
para atletas brasileiros adultos (RME-A)
São Paulo
2019
Dissertação apresentada ao programa de
Mestrado em Educação Física da
Universidade São Judas Tadeu como
requisito para obtenção do título de
Mestre em Educação Física.
Área de concentração: Escola, esporte,
atividade física e saúde
Orientadora: Profª. Drª. Maria Regina
Ferreira Brandão
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca da
Universidade São Judas Tadeu
Bibliotecária: Cláudia Silva Salviano Moreira - CRB 8/9237
Corrêa, Mariana de Freitas.
C824p Propriedades psicométricas da escala de robustez mental no
esporte para atletas brasileiros adultos / Mariana de Freitas
Corrêa. - São Paulo, 2019.
f.: il.; 30 cm.
Orientadora: Maria Regina Ferreira Brandão.
Dissertação (mestrado) – Universidade São Judas Tadeu, São
Paulo, 2019.
1. Esportes - aspectos psicológicos. 2. Avaliação psicológica. 3.
Instrumentos. 4. Comportamento humano. I. Brandão, Maria Regina
Ferreira. II. Universidade São Judas Tadeu, Programa de Pós-Graduação
Stricto Sensu em Educação Física. III. Título
CDD 22 – 796
Nome: Corrêa, Mariana de Freitas
Título: Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas
brasileiros adultos (RME-A)
Banca Examinadora:
_______________________________________________________
Profª. Drª. Maria Regina Ferreira Brandão (Orientadora)
Universidade São Judas Tadeu
_______________________________________________________
Prof. Dr. Marcelo Callegari Zanetti
Universidade São Judas Tadeu
___________________________________________________________
Profª. Drª. Larissa Rafaela Galatti
Universidade Estadual de Campinas
Dissertação apresentada a Universidade
São Judas Tadeu para obtenção do título
de Mestre em Educação Física
DEDICATÓRIA
Aos meus pais Beatriz e
Carlos, que dignamente me
apresentaram à importância da
família e o caminho da
honestidade e persistência.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que fizeram parte deste momento da minha vida e que,
direta ou indiretamente, contribuíram para a realização deste trabalho, especialmente:
À minha orientadora Professora Maria Regina Ferreira Brandão que, apesar de todas as
dificuldades, sempre me encorajou, confiou em mim e foi mais que orientadora, foi
também amiga e aconselhadora.
À banca de qualificação, Professor Marcelo e Professora Marilda por suas orientações
tão preciosas.
À Professora Miranda e a todos os professores e demais profissionais da Universidade
São Judas Tadeu que sempre me orientaram com toda a atenção.
Aos meus pais, Beatriz e Carlos, que me ensinaram princípios de amor, disciplina e
caráter.
À minha família, avó, tias (os), primas (os), que entenderam a minha ausência, mas
mantiveram presentes me apoiando.
Aos meus avós, Eva e Cid (in memorian), que me ensinaram a batalhar pelos meus
sonhos.
As minhas amigas Déh, Erika, Nati, Michele, Marina que “esqueceram de mim” por
muitas e muitas vezes para que eu pudesse me dedicar totalmente à dissertação.
À minha colega de trabalho Cibel que quando eu tinha apenas 18 anos me apresentou a
Psicologia do Esporte e me abriu as portas para que eu aprendesse essa profissão.
À minha amiga e colega de trabalho Adriana que sempre foi uma grande incentivadora,
amiga, conselheira e parceira de trabalho.
À minha amiga e parceira de pesquisa Márcia, que além de me ajudar no estudo sempre
esteve ao meu lado me dando força nos momentos difíceis da vida.
À minha amiga e parceira de pesquisa Daniela que sempre me ajudou com tanto carinho
mesmo tarde da noite.
Aos amigos Helton, Patrícia, Flávia, que conheci no decorrer do mestrado, e que me
ajudaram com suas experiências e conselhos.
A Airini, Giovanna, Marco, Tadeu e, demais amigos do Centro Olímpico de
Treinamento e Pesquisa São Paulo, que acompanharam de perto minha caminhada,
sempre dando suporte e apoio.
Ao Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa que me permite crescer pessoal e
profissionalmente, dando oportunidades para que eu possa ter acesso ao melhor da
Psicologia do Esporte.
Aos treinadores do Centro Olímpico de Treinamento e Pesquisa que sempre confiaram
no meu trabalho e me dão oportunidade de pesquisar e intervir dentro de suas equipes.
Aos atletas que com tanto carinho se dispuseram a abrir um pouquinho de suas vidas
pessoais, sem os quais esta pesquisa não teria sido possível e nem teria razão de ser.
À Confederação Brasileira de Rugby, especialmente ao João Nogueira e atletas por
confiar no trabalho e ter colaborado com tudo que foi preciso.
À todos os atletas e psicólogos que participaram deste estudo, respondendo com tanta
atenção e carinho as escalas.
RESUMO
Corrêa, M. F. (2019). Propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no
esporte para atletas brasileiros adultos (RME-A). Dissertação de Mestrado,
Educação Física, Universidade São Judas Tadeu, São Paulo.
Entender como os atletas desenvolvem e melhoram suas capacidades psíquicas é um
grande desafio para a Psicologia do Esporte. Porque alguns atletas lidam melhor com
situações de adversidade e fracassos enquanto outros sucumbem ou porque alguns
parecem não se abalar com situações inesperadas são alguns questionamentos instigantes
dessa área. A compreensão e a explicação dos componentes psicológicos geradores
destas diferenças tem se revelado um componente fundamental a contribuir com o
diagnóstico e o desenvolvimento de intervenções adequadas em nível de treinamento,
visando a competitividade e os melhores rendimentos no esporte. O construto
psicológico “Mental Toughness”, traduzido para o português como “Robustez Metal”
(RM), tem sido utilizado para explicar essas diferenças e o alto desempenho de alguns
atletas. No entanto, no Brasil ainda há uma escassez de estudos referente ao construto
bem como uma escala validada para mensurar a Robustez Mental em atletas brasileiros.
Assim sendo, para minimizar essa deficiência, a presente dissertação, teve por objetivo
elaborar e verificar as propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental no
esporte para atletas brasileiros adultos (RME-A). Para tanto, foi utilizada uma amostra
não probabilística, intencional, composta por 413 atletas profissionais, sendo (feminino
n=207 e masculino n=205, de 15 modalidades esportivas, com idades entre 18 e 38 anos
(21,6±4,26), com pelo menos um ano de experiência na modalidade e que participavam
de competições oficiais regularmente. A escala foi elaborada de acordo com o modelo
teórico dos 4C’s (control, commitment, challenge and confidence), que traduzidos para o
português ficaram (controle, compromisso, desafio e confiança). Por meio do recurso da
Análise Fatorial Confirmatória foi possível verificar índices de ajustamento aceitáveis ao
modelo teórico examinado (χ2 = 103,79, p <0,000; RMSEA = 0,07, GFI = 0,98, AGFI =
0,97, NFI = 0,91, NNFI = 0,95, CFI = 0,96, χ2 / df = 1,73). Os resultados apontam
também para boa consistência interna (cargas fatorias (0,50), valor de t (>1,96) e
confiabilidade composta (>0,60). A análise de convergência entre a Escala RME-A e a
Escala de Resiliência aponta para correlações positivas e significativas (p<0,05). Em
conformidade, os resultados encontrados suportam a evidência de validade da Escala
RME-A com propriedades psicométricas aceitáveis, podendo, portanto, constituir-se
como uma ferramenta útil para avaliar a Robustez Mental de atletas brasileiros adultos.
Palavras-Chave: Esportes – aspectos psicológicos. Avaliação psicológica. Instrumentos.
Comportamento humano.
ABSTRACT
Corrêa, M. F. (2019). Psychometric properties of the Mental Toughness Scale in sport
for adult brazilian athletes (RME-A). Dissertação de Mestrado, Educação Física,
Universidade São Judas Tadeu, São Paulo.
Understanding how athletes develop and improve their psychic abilities is a major
challenge for Sport Psychology. Because some athletes deal better with situations of
adversity and failures while others succumb or because some seem not to be shaken by
unexpected situations are some instigating questions in this area. Understanding and
explaining the psychological components that generate these differences has proved to
be a fundamental component contributing to the diagnosis and development of
appropriate training interventions aiming at competitiveness and better performance in
sport. The psychological construct "Mental Toughness" has been used to explain these
differences and the high performance of some athletes. However, in Brazil there is still a
shortage of studies regarding the construct as well as a validated scale for measuring
Mental Toughness in Brazilian athletes. Therefore, in order to minimize this deficiency,
this dissertation aimed to elaborate and verify the psychometric properties of the Mental
Toughness Scale in sport for Brazilian adult athletes (RME-A). A non-probabilistic,
intentional sample of 413 professional athletes was used (female n = 207 and male n =
205, from 15 sports modalities, aged between 18 and 38 years (21.6 ± 4.26 ), with at
least one year of experience in the modality and who participated in official
competitions regularly.The scale was elaborated according to the theoretical model of
the 4C's (control, commitment, challenge and confidence). Through the Factorial
Confirmatory Analysis, it was possible to verify adjustment indices acceptable to the
theoretical model examined (χ2 = 103,79, p <0.000; RMSEA = 0,07, GFI = 0,98, AGFI
= 0,97, NFI = 0,91, NNFI = 0,95, CFI = 0,96, χ 2 / df = 1,73). The results also point to
good internal consistency (factor loads ≥0,50), t-value (> 1.96) and composite reliability
(> 0,60). The convergence analysis between the RME-A Scale and the Resilience Scale
points to positive and significant correlations (p <0,05). Accordingly, the results found
support the validity evidence of the RME-A Scale with acceptable psychometric
properties, and can therefore be a useful tool to evaluate the Mental Toughness of
Brazilian adult athletes.
Key words: Sports - psychological aspects. Psychometric Validation. Instruments.
Human behavior.
SUMÁRIO
CAPÍTULO I – INTRODUÇÃO...............................................................................14
1.1 Definição do problema .................................................................................14
1.2 Objetivos .......................................................................................................17
1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................17
1.2.2 Objetivos específicos .................................................................................17
1.3 Justificativa ...................................................................................................18
CAPÍTULO II – ANÁLISE DE PRODUÇÃO SOBRE A ROBUSTEZ MENTAL
...................................................................................................................................20
2.1 Robustez Mental ...........................................................................................23
2.2 Robustez Mental e sua relação com a resiliência, o perfeccionismo e o
otimismo....................................................................................................................29
2.3 Avaliação da Robustez Mental no esporte ...................................................31
CAPÍTULO III – MÉTODO ....................................................................................35
3.1 Paradigma norteador da pesquisa .................................................................35
3.1.1 Definição dos objetivos do inventário .......................................................36
3.1.2 Especificação do contexto .........................................................................37
3.1.3 Escolha do modelo matemático .................................................................39
3.1.4 Definição do domínio ................................................................................42
3.1.4.1 Desenvolvimento do Modelo de 4 C’s ...................................................43
3.1.5 Construção dos itens ..................................................................................47
3.1.6 Revisão do inventário inicial por especialistas ..........................................50
3.1.7 Seleção dos participantes ...........................................................................52
3.1.8 Avaliação da validade e consistência interna das dimensões ....................55
CAPÍTULO IV - RESULTADOS ............................................................................56
4.1 Análise fatorial confirmatória .......................................................................56
4.2 Consistência interna, validade convergente e discriminante ........................62
4.3 Análise da convergência entre a Escala RME-A com a Escala de
Resiliência......................................................................................................65
CAPÍTULO V - DISCUSSÃO .................................................................................67
CAPÍTULO VI – CONCLUSÃO .............................................................................71
Referências ...............................................................................................................73
Apêndice 1 – Escala de Robustez Mental no Esporte - versão 1 com 40 itens
...................................................................................................................................80
Apêndice 2 – Versão final da RME-A ......................................................................81
Anexo 1 – Escala de Resiliência ...............................................................................82
Anexo 2 – Ficha de Dados Demográficos ................................................................83
Anexo 3 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa ..........................................84
Anexo 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ..........................86
Lista de Figuras
Figura 1. Protocolo de buscas em bases de dados para análise de produção da
literatura...................................................................................................................................20
Figura 2. Artigos selecionados para análise de produção sobre Robustez Mental.................................21
Figura 3. Pirâmide da Robustez Mental..................................................................................................27
Figura 4. Itens da dimensão psicológica “Controle”...............................................................................48
Figura 5. Itens da dimensão psicológica “Compromisso”......................................................................48
Figura 6. Itens da dimensão psicológica “Desafio”................................................................................49
Figura 7. Itens da dimensão psicológica “Confiança”.............................................................. ..............49
Figura 8. Alteração a partir das mudanças sugeridas pela dinâmica de grupo em relação aos itens da
escala........................................................................................................... .............................................51
Figura 9. Descrição do número de participantes por modalidade..........................................................53
Figura 10. Modelo 1 da análise fatorial confirmatória com 40 itens......................................................57
Figura 11. Modelo 2 da análise fatorial confirmatória com 33 itens......................................................59
Figura 12. Análise fatorial confirmatória da Escala de Robustez Mental do Modelo de 13
itens................................................................................................. .........................................................61
Figura 13. Itens finais da dimensão psicológica “Controle”...................................................................64
Figura 14. Itens finais da dimensão psicológica “Compromisso”..........................................................64
Figura 15. Itens finais da dimensão psicológica “Desafio”....................................................................65
Figura 16. Itens finais da dimensão psicológica “Confiança”................................................................65
Lista de Tabelas
Tabela 1 - Média (M) e Desvio Padrão (DP) da idade mínima e máxima dos participantes do estudo (em
anos)..........................................................................................................................................52
Tabela 2 - Média (M) e Desvio Padrão (DP) do tempo de experiência mínimo e máximo dos
participantes do estudo..............................................................................................................53
Tabela 3 - Média (M), Desvio Padrão (DP), Mínimo e Máximo dos dias de treino e horas de treino por
semana dos participantes do estudo..........................................................................................54
Tabela 4 - Frequência (N) e porcentagem do nível de escolaridade dos participantes...............................54
Tabela 5 - Itens da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros adultos e carga fatorial
de cada item..............................................................................................................................62
Tabela 6 - Média (M), Desvio Padrão (DP) e valor de t para cada item da versão final da Escala de
Robustez Mental.......................................................................................................................63
Tabela 7 - Comparação entre a variância media extraída e a correlação ao quadrado de cada fator.........64
Tabela 8 - Coeficientes de correlação de Spearman para correlações selecionadas...................................66
Lista de Abreviaturas e Siglas
AERA American Educational Research Association
AFC Análise fatorial confirmatória
AFMTI Australian Football Mental Toughness Inventory
AGFI Adjusted Goodness of Fit Index
APA American Psychological Association
BRS Breve Escala de Resiliência
CFI Comparative Fit Index
CFP Conselho Federal de Psicologia
CMTI The Cricket Mental Toughness Inventory
GFI Goodness of Fit Index
ITC Comissão internacional de testes
MeBTough Mental Emotional, and Bodily Toughness Inventory
MT48 Mental Toughness 48
MTI Mental Toughness Inventory
MTQ-48 Mental Toughness Questionnaire 48
MTS Mental Toughness Scale
NFI Normed Fit Index
NNFI Nonnormed Fit Index
NMCE National Concil on Measurement in Education
PPI Psychological Performance Inventory
PPI-A Alternative Psychological Performance Inventory
RM Robustez Mental
RME-A Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros adultos
RMSEA Root Mean Square Error of Approximation
SMTQ Sport Mental Toughness Inventory
SPSS Statistical Package for the Social Science
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
VME Variância Média extraída
15
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 Definição do Problema
A partir da minha vivência como atleta de Kung-Fu, tive oportunidade de
experimentar diferentes emoções e sentimentos durante as competições, tais como
ansiedade, medo, euforia, falta de confiança e dificuldade de concentração. Ao reparar
nas demais competidoras, indagava-me se todas estavam sentindo o mesmo pois, à
primeira vista, pareciam saber controlar tais emoções.
Já na graduação em Psicologia, atuei como estagiária em um centro esportivo em
São Paulo, atendendo atletas de categorias de base. Durante esses atendimentos, muitos
relatavam sentir-se de forma muito semelhante a como eu me sentia durante as
competições, entretanto, a forma como alguns lidavam com esses sentimentos divergia.
Após me formar, fui contratada por esse mesmo centro esportivo, no qual já
estou há 15 anos e, ao longo da minha carreira, também tive a oportunidade de trabalhar
com as seleções brasileiras de basquete, judô e rugby, sendo que com o rugby pude
desenvolver um trabalho para os jogos olímpicos Rio 2016.
Atuando com atletas adultos de alto rendimento, os meus questionamentos
cresceram ainda mais, uma vez que, embora todos esses atletas já estivessem
competindo em alto nível, era nítido que alguns deles se comportavam de maneira
diferente diante de situações de pressão e adversidades, pareciam ter controle sobre as
situações.
Minhas experiências como psicóloga do esporte, trabalhando com atletas de
diferentes idades e modalidades, e a minha própria experiência como atleta me levaram
a diversas indagações: o que diferencia um atleta de sucesso daquele que, apesar de
muito dedicado e esforçado, não consegue tal feito? Por que alguns lidam melhor com
situações de estresse ou situações desafiadoras? Como conseguem manter o entusiasmo
e a motivação mesmo diante dos fracassos? Será que há um construto psicológico que
possa explicar como esses fenômenos funcionam?
Procurando explicações para algumas das minhas indagações, entendi que o
melhor caminho seria iniciar meu estudo com uma busca na literatura da Psicologia do
Esporte sobre como ocorre o processo do controle emocional de um atleta de sucesso.
Encontrei diversos estudos sobre o construto “Mental Toughness” (um tema ainda pouco
estudado no Brasil) que podem trazer subsídios significativos às respostas dos meus
questionamentos.
Os estudos desse construto se iniciaram na década de 1970, na Universidade de
Chicago. Kobasa, Maddi e Khan (1982) começaram a estudar o construto Personalidade
Resistente – ou “Hardiness” –, concluindo que determinadas situações associadas a altos
níveis de estresse podem ser prejudiciais às pessoas mas, ao mesmo tempo, podem ser
positivas, dependendo da maneira como essa pessoa lida com os eventos estressantes.
Para que isso aconteça, é preciso que ela tenha determinadas atitudes, crenças e
tendências que atuam como medida de forte resistência aos acontecimentos
desfavoráveis (Maddi, 2002).
A partir dos estudos de Maddi, nos Estados Unidos começam a ser feitas
diferentes pesquisas no esporte com o objetivo de identificar o construto Personalidade
Resistente em atletas. No entanto, o termo adotado por esses pesquisadores foi “Mental
Toughness”, uma vez que a terminologia Personalidade Resistente é originária da
Psicologia da Saúde (Kobasa, 1979). Nesta dissertação, adotaremos a nomenclatura
Robustez Mental (RM), terminologia proposta por Fonseca (2012) e já utilizada em
Portugal, uma vez que, ao traduzir “Mental Toughness” para a língua portuguesa do
Brasil, a versão encontrada nos dicionários on-line (Michaelis, Babylon e Google) seria
“Tenacidade” ou “Dureza Mental”, o que não remete ao construto em sua total
magnitude pois, de acordo com Gucciardi e Gordon (2009), o termo “Mental
Toughness” refere-se não apenas a uma resistência mental, mas também a algo que
auxilia na manutenção do foco e da motivação, sendo mais complexo e robusto.
De acordo com Clough, Earle e Sewell (2002), Robustez Mental (RM) representa
a força mental, a capacidade de resistir e vencer obstáculos e desafios que o meio coloca
no trajeto de vida de um indivíduo face às diferentes tarefas existenciais. São pessoas
que apresentam estratégias de enfrentamento mais elevadas e capacidade de superar e
ultrapassar fracassos, de resistir ou de se recusar a desistir diante de situações
estressantes, com insensibilidade ou resiliência e posse de capacidades mentais
diferenciadas. Em outras palavras, a RM representa um conjunto de habilidades
psicológicas positivas – como autoconfiança, determinação e recursos de enfrentamento
– que ajudam a minimizar os efeitos prejudiciais do estresse, permitindo aos indivíduos
apresentarem performances positivas e consistentes, independentemente dos fatores
situacionais.
Apesar do construto ter aparecido na literatura pela primeira vez há anos, Jones,
em 2002, já apontava que o construto Robustez Mental ainda não tinha definição clara e
exata quanto aos fatores que englobavam esse construto tão complexo (Jones, 2002). Tal
indefinição permanece até os dias de hoje, pois a Robustez Mental ainda é um dos
termos menos compreendidos, usados e aplicados na Psicologia do Esporte. Entretanto,
como mostrado em muitos estudos (Clough, Earle & Sewell, 2002; Connaughton,
Hanton, Jones & Wadey, 2008; Gucciardi & Gordon, 2013), a RM está relacionada a
aspectos essenciais do desempenho e conquistas dos atletas e, portanto, merece uma
pesquisa mais aprofundada no Brasil.
No início da década de 2000, houve uma tentativa dos pesquisadores para criar
formas de mensurar o construto elaborando escalas que fossem confiáveis e
psicometricamente válidas para avaliar a RM (Weinberg, Freysinger, Meliano &
Brookhouse, 2016; Jones, 2002). Ao longo dos últimos 14 anos, oito escalas foram
elaboradas, porém não apresentaram força psicométrica. Algumas foram validadas com
amostras pequenas ou apenas em uma modalidade, como futebol, e nenhuma dessas
escalas foram validadas para a população de atletas brasileiros (Gucciardi & Gordon,
2013).
Gucciardi e Gordon (2013), em uma revisão detalhada de cada instrumento,
seguindo critérios quanto ao conceito, teoria e análises psicométricas, mostraram que
todas as oito escalas apresentam falhas em algum item, seja por falta de confiabilidade,
estrutura ou por não medir o construto em si.
Assim, considerando-se que a Robustez Mental tem sido apontada como um
componente importante para o desempenho dos atletas, a carência de estudos sobre o
construto no Brasil, a escassez de instrumentos específicos e válidos que a avalie em
atletas brasileiros, auxiliando na melhor elaboração de programas de treinamento de
habilidades psicológicas, o presente estudo teve por objetivo elaborar e validar uma
escala de Robustez Mental no Esporte para atletas brasileiros adultos.
1. 2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Elaborar e verificar as propriedades psicométricas da Escala de Robustez Mental
para o esporte brasileiro adulto.
1.2.2 Objetivos Específicos
Elaborar a escala de robustez mental à luz do modelo teórico dos 4 C’s (controle,
compromisso, confiança e desafio);
Avaliar a validade do construto por meio da análise fatorial confirmatória;
Analisar a convergência entre a Escala de Robustez Mental para atletas
brasileiros adultos e a Escala de Resiliência; e
Verificar a adequabilidade da escala RME-A com a teoria dos 4 C’s.
1.3 Justificativa
O primeiro momento no qual o psicólogo conhece os atletas com os quais vai
trabalhar é durante a avaliação psicológica, que se torna um meio importante para a
elaboração dos programas de intervenção. Os dados coletados na avaliação psicológica
servem de base para a definição de temáticas de trabalho em grupo e também do
trabalho que será desenvolvido com o atleta (Noronha & Reppold, 2010).
No entanto, para produzir medidas válidas e confiáveis, os testes psicológicos
precisam refletir a especificidade do contexto, aumentando a validade ecológica desse
instrumento. Essa visão ecológica dos inventários permite analisar os indivíduos no seu
mundo real e dar a atenção adequada à importância da relação entre o ambiente e as
competências psicológicas dos indivíduos (Brandão, Serpa, Rosado & Weinberg, 2014).
Compreender o processo de Robustez Mental tem importante valor aplicado, uma
vez que, com esse conhecimento em mãos, os treinadores, psicólogos e demais
profissionais da área esportiva estarão cada vez melhor preparados para ensinar aos
atletas não apenas o que é a Robustez Mental, mas também como desenvolvê-la pois, de
acordo com Gucciardi e Gordon (2013), a falta de um entendimento válido sobre a
Robustez Mental enfraquece qualquer desenvolvimento e intervenção que vise melhorar
o rendimento esportivo em atletas.
Ao longo dos anos, foram desenvolvidas por pesquisadores oito escalas para medir
a Robustez Mental. Após uma avaliação sobre cada uma dessas escalas, Gucciardi e
Gordon (2013) relataram a inadequação dos inventários elaborados, em termos
conceituais, empíricos e práticos, uma vez que nenhuma medida satisfazia os critérios
para se obter um instrumento forte, de maneira satisfatória. No Brasil, foi feita a
tradução e adaptação transcultural da Escala “Sport Mental Toughness Questionnaire”
(SMTQ) por Molchansky (2014), porém, nesse estudo, não foi realizada a validação
desse instrumento, o que impossibilita sua utilização. Portanto, fez-se necessário criar
um instrumento forte estruturalmente e adaptado à população de atletas brasileiros para
que o construto Robustez Mental fosse passível de ser medido e desenvolvido com
nossos atletas em programas de treinamento das habilidades psicológicas.
Sendo assim, a pesquisa em questão justifica-se por dois aspectos: primeiro, pela
necessidade de haver instrumentos traduzidos e adaptados para a língua portuguesa do
Brasil, que avaliem fatores psicológicos que auxiliem na compreensão de como esses
fatores são percebidos pelos atletas e como interferem no rendimento esportivo; e,
segundo, pela ampliação das pesquisas, no Brasil e para atletas brasileiros, do conceito
de Robustez Mental e de um instrumento válido para mensurá-la, o que já vem
acontecendo mundialmente por psicólogos do esporte.
Dessa forma, pelos motivos citados acima, este estudo permitirá, por meio do
desenvolvimento de uma escala, avaliar a Robustez Mental dos atletas brasileiros,
auxiliando os psicólogos na construção de programas de treinamento das habilidades
psicológicas e treinadores esportivos a entenderem como e quais fatores psicológicos
podem influenciar positivamente ou negativamente no desempenho do atleta.
CAPÍTULO II
ANÁLISE DE PRODUÇÃO SOBRE ROBUSTEZ MENTAL
Para melhor entender a Robustez Mental em toda sua complexidade, a presente
revisão narrativa foi dividida em três seções principais. A primeira trata da
fundamentação do conceito de Robustez Mental, visando uma maior compreensão do
construto e de sua relação com o esporte de alto rendimento; a segunda seção aborda a
relação entre a Robustez Mental e os outros construtos psicológicos; e, finalmente, a
terceira seção considera as premissas gerais da avaliação da Robustez Mental.
Para a realização da revisão narrativa da literatura sobre o construto Robustez
Mental, foi feita uma pesquisa nos bancos de dados, conforme discriminados na Figura 1
a seguir.
Protocolo de buscas em bases de dados
Base de Dados
Scielo
Pubmed
Sportdiscus
Palavras-Chave
Mental Toughness/Robustez Mental
Hardiness/Personalidade Resistente
Sport/Atletas
Idioma
Português
Inglês
Espanhol
Figura 1. Protocolo de buscas em bases de dados para análise de
produção da literatura.
Os critérios de inclusão adotados foram: artigos na integra, dos últimos 10 anos e
com as palavras (“Mental Toughness” e/ou “Hardiness” e/ou Robustez Mental) no
título.
Total de artigos selecionados = 90
Após a leitura do resumo dos artigos, foram adotados os seguintes critérios de
exclusão: exclusão dos artigos repetidos e exclusão de estudos relacionados às áreas de
saúde e organizacional.
Total de artigos após critérios de exclusão = 19
Os 19 artigos selecionados são apresentados na Figura 2, separados por título,
autores, periódico e ano de publicação, por ordem cronológica crescente de publicação.
Artigos selecionados
Título Autores Periódico Ano
An Examination of Mental
Toughness over the Course of a
Competitive Season.
Maddi J. Drees
Mick G. Mack Journal of Sport Behavior 2010
Mental Toughness in soccer: a
behavioral analysis.
Gregory M. Diment Journal of Sport Behavior 2012
Mental Toughness in sport: a
review and prospect.
Yu Kai Chang
Lin Chi
Chih Shiung Huang
Journal of Sport and Exercise
Psychology 2012
Measuring Mental Toughness in
sport: A psychometric examination
of the psychological performance
inventory.
Daniel Gucciardi Journal of Personality
Assessment 2012
A study of Mental Toughness of
high and low level cricket players
of Madhya Pradesh.
Yadav Angad
Mehtaa Deepak
Verma Bharat
Bhagirathi Sameer
Journal of Sports Sciences
and Fitness 2013
Comparative study of Mental
Toughness among male and female
tennis players.
Kumar Lakshman
Ahmed Shahin
Journal of Sciences and
Fitness 2013
Personality hardiness at different Sion Thomas Perceptual and Motor Skills: 2013
Artigos selecionados
Título Autores Periódico Ano
levels of competitive motorcycling.
Colin Reeves
James Agombar
Exercise and Sports
What is this called Mental
Toughness? An investigation of
elite sport performers.
Graham Jones
Sheldon Hanton
Declan Connaughton
Journal of Applied Sport
Psychology 2013
Mental Toughness in sport:
motivational antecedents and
associations with performance and
psychological health.
John Mahoney
Daniel Gucciardi
Nikos Ntoumanis
Cliff Mallet
Journal of Sport and Exercise
Psychology 2014
The relationship between Mental
Toughness and results of the
Egyptian fencing team at the 9 all
Africa Games.
Hussien Hagag
Mahrousa Ali
Science, Movement and
Health 2014
When the going gets tough: Mental
Toughness and its relationship with
behavior perseverance.
Daniel Gucciardi
Peter Peeling
Kagan J. Ducker
Brian Dawson
Journal of Science and
Medicine in Sport 2014
Psychological predictors of Mental
Toughness in elite tennis: an
exploratory study.
Richard Cowden
Dana Fuller
Mark Anshel
Perceptual and Motor Skills:
Exercise and Sports 2014
The concepts of Mental Toughness:
tests of dimensionality,
nomological network, and traitness.
Daniel Gucciardi
Sheldon Hanton
Sandy Gordon
Clifort Mallett
Philip Temby
Journal of Personality 2014
Self-concept organization and
Mental Toughness in sport.
Christopher Ditzfeld
Jim Golby
Jennifer Meggs
Journal of Sports Sciences 2014
Building Mental Toughness:
perceptions of sport psychologists.
Robert Weinberg
Valeria Freysinger
Kathleen Mellano
Elizabeth Brookhouse
The Sport Psychologist 2016
Artigos selecionados
Título Autores Periódico Ano
Mental Toughness and power test
performances in high-level
kickboxers by competitive success.
Maamer Slimani
Bianca Miarka
Walid Briki
Foued Cheour
Asian Sports Medicine 2016
Mental Toughness moderates social
loafing in cycle time trial
performance.
Ken Hetlelid
Derek Peters
Rune Hoigaard
Research Quarterly for
Exercise and Sport 2016
Mental Toughness inventory among
Australian, Chinese, and Malaysian
Athletes.
Daniel Gucciardi
Chun Qing Zhang
Gangyan Si
Andreas Stenling
Journal of Sport and Exercise
Psychology 2016
Controlling coaching and athlete
thriving in elite adolescent.
Daniel Gucciardi
Andreas Stamatis
Nikos Ntoumanis
Journal of Science and
Medicine in Sport 2017
Figura 2. Artigos selecionados para análise de produção sobre Robustez Mental.
2.1 Robustez Mental
Historicamente, de acordo com Kobasa, Maddi e Khan (1982), os primeiros
estudos sobre determinadas habilidades psicológicas, denominadas pela autora como
personalidade resistente, começaram em 1970 quando o mundo contemporâneo impôs
uma nova relação do homem com o trabalho, do qual as exigências por produtividade
ultrapassaram a linha do saudável, gerando patologias como o estresse, ansiedade e
esgotamento emocional (burnout) nos trabalhadores.
Em 1979, Kobasa, em um estudo longitudinal realizado ao longo de oito anos
com executivos (subdivididos em dois grupos) que mudaram de emprego, observou que,
diante desse novo cenário laboral, considerado estressante, os sujeitos apresentaram
maneiras diversas ao lidar com a nova condição. Um grupo apresentou níveis de estresse
significativo, necessitando de assistência médica, enquanto o outro grupo de executivos
não demostrou níveis significativos de estresse, e mostraram comportamentos cuja
característica principal era agir de forma resistente diante de eventos estressantes. Este
segundo conjunto de habilidades psicológicas, Kobasa (1979) definiu como “Hardiness”
(personalidade resistente), com três dimensões que se relacionavam entre si:
compromisso, controle e desafio.
Segundo Kobasa (1979), compromisso é a tendência do indivíduo de se envolver
com tudo que faz, identificando-se com o significado dos próprios trabalhos. Esse
compromisso pessoal proporciona ao sujeito propósitos que podem facilitar a
amenização de qualquer estímulo estressante, em qualquer área da vida.
A respeito da segunda dimensão, o controle, Kobasa (1979) a define como sendo
a tendência de pensar e atuar com convicção nas próprias influências pessoais durante os
acontecimentos. Isso significa que pessoas com essa qualidade procuram as explicações
do porquê dos acontecimentos, não se restringindo somente às ações dos demais, mas
também assumindo as suas responsabilidades. Essa capacidade auxilia o indivíduo a
perceber, em momentos estressantes, consequências previsíveis de suas ações, o que o
permite manipular os estímulos a seu favor. Já a dimensão desafio, de acordo com a
autora, refere-se à crença de que a mudança, frente à estabilidade, é uma característica
cotidiana da vida, sendo entendida como uma oportunidade, um incentivo para o
crescimento pessoal. Os indivíduos que possuem essa característica tendem a evitar os
estímulos estressantes, sendo estes vistos não como ameaça à sua segurança. Esse
âmbito de enxergar a mudança como fonte de experiências novas e interessantes
possibilita que os esforços do indivíduo convirjam para encontrar formas de enfrentar e
de lidar com as situações novas, mesmo quando carregadas de estímulos estressantes. O
desafio proporciona maior flexibilidade cognitiva, além de tolerância às contradições
que geram conflitos.
Clough, Earle e Sewell (2002), em busca de subsídios que ajudassem a
compreender a personalidade resistente no esporte, realizaram uma série de estudos
qualitativos com atletas e treinadores sobre o que consideravam ser Robustez Mental e
suas características. Notaram que os sujeitos se referiam a uma quarta dimensão além
das três citadas anteriormente, a confiança. Assim, propuseram o modelo denominado
Robustez Mental composto de 4 C’s: em inglês: control, commitment, challenge e
confidence. Na tradução para o português, as quatro dimensões são: controle,
compromisso, desafio e confiança. Segundo Gucciardi e Gordon (2013), o acréscimo da
dimensão confiança recebeu suporte das pesquisas qualitativas, facilitando a
transposição do modelo baseado na área da saúde para contextos esportivos.
É interessante observar que, já em meados da década de 1950, pesquisadores da
área esportiva tentaram explicar esse construto de diversas maneiras, por exemplo, como
traço de personalidade (Werner & Gottheil, 1966), como mecanismo de defesa contra
adversidades (Alderman, 1974; Favret & Benzel, 1997), como componente essencial
para os atletas suportarem muitas horas de treinamento, associado ao alto nível de
desempenho (Bull, Albinson & Shambrook, 1996; Goldberg, 1998), e como fator que
poderia distinguir desempenhos bem sucedidos de mal sucedidos (Loehr, 1986).
Loehr (1986, 1995) foi um dos pioneiros na área esportiva a estudar o construto
Mental Toughness baseando-se em seu trabalho observacional e também nas
experiências como psicólogo do esporte aplicado, principalmente com tenistas de elite,
dentre os quais André Agassi. Seus trabalhos culminaram no desenvolvimento de uma
medida de Robustez Mental que, apesar de muito utilizada na época, não possuía
validade fatorial (Golby, Sheard & Van-Wersch, 2007; Gucciardi & Jones, 2012;
Middleton et al., 2004). Os estudos de Loehr (1982, 1986, 1995), embora limitados,
desencadearam a maioria das tentativas iniciais de compreensão e interesse pelas
pesquisas sobre Robustez Mental.
No entanto, até 2002 os fundamentos conceituais em relação à Robustez Mental
eram questionáveis, pois a literatura era baseada na opinião e experiência prática dos
psicólogos e não em evidências científicas, o que levou a uma interpretação muitas
vezes errônea e criou certa confusão sobre a definição da RM (Connaughton & Hanton,
2009).
Partindo do exposto acima, entende-se ser conveniente destacar algumas
definições acerca da Robustez Mental, seguindo uma ordem cronológica de estudos.
Para Loehr (1986), Robustez Mental é a habilidade de sustentar consistentemente
um estado ideal de desempenho durante treinos e competições diante de todas as suas
adversidades, sendo avaliada pela consistência do desempenho. Loehr afirma também
que tais habilidades são aprendidas e não inatas, sendo necessário, portanto, um treino
psicológico para o seu desenvolvimento.
Outra referência sobre o construto Robustez Mental encontramos em Jones
(2002), que contribuiu de forma significativa para sua compreensão. Imprimindo uma
abordagem científica quanto à metodologia utilizada no estudo com atletas de elite de
várias modalidades esportivas, definiu a Robustez Mental e seus atributos como uma
qualidade, natural ou desenvolvida, que permite ao atleta lidar melhor do que os seus
adversários com várias exigências (competição, treino e estilo de vida) e,
especificamente, ser mais consistente que os oponentes, mantendo alto grau de
determinação, foco, confiança e controle sob pressão (Jones, 2002).
Maddi (2002), corroborando Jones (2002), sugere que Robustez Mental é
possuir características de personalidade, naturais ou desenvolvidas, que permitem ao
atleta lidar melhor com as muitas exigências de sua atividade: ser mais consistente, mais
determinado, focado, confiante e ter maior controle sobre o que está acontecendo. São
pessoas que controlam suas próprias ações e se abalam pouco com as contrariedades.
Para Mallar e Capitão (2004), Robustez Mental é a capacidade de ser criativo e
ativo diante de situações difíceis. Para os autores, cada sujeito reage de uma forma
diferente a uma mesma situação, ou seja, cada indivíduo possui uma fonte de resistência
que facilita ou não assumir comportamentos positivos diante de adversidades.
Para Golby e Sheard (2004), o atleta com esse tipo de característica –
concentrado, determinado, confiante – tende a interpretar as situações exigentes, assim
como as competições, como algo desejável, que são controladas e desafiadoras. Tem
alto senso de confiança em si mesmo e fé inabaláveis.
Bull, Shambrook, James e Brooks (2005), para definir e entender a Robustez
Mental, realizaram um estudo qualitativo com jogadores de críquete e descreveram um
modelo teórico de RM representado por uma pirâmide de três dimensões (Figura 3), cuja
base seria o ambiente, determinado pela influência dos pais e por experiências da
infância que foram relevantes para o desenvolvimento do caráter, atitudes e pensamentos
do sujeito. Em seguida, o caráter, que compreende a independência, autorreflexão e
confiança resiliente. Acima deste, está a dimensão de atitudes, a conduta e maneira de
agir a determinada situação. As atitudes, em associação com o caráter, criam uma
mentalidade vencedora. No topo da pirâmide, encontramos o pensamento robusto, que o
autor relata ser a Robustez Mental, fruto do desenvolvimento das três dimensões citadas
anteriormente.
Figura 3. Pirâmide da Robustez Mental (adaptado de Bull et al., 2005, p. 211).
Crust (2007) aponta ser a RM, no seu aspecto multidimensional, um construto
associado à autoconfiança inabalável, à capacidade de recuperação depois do fracasso
(resiliência), à persistência ou à recusa em desistir, ao enfrentamento frente as
adversidade, à pressão e à capacidade de manter a concentração face a potenciais
distrações.
De acordo com Nicholls, Polman, Levy e Backhouse (2008), o termo Robustez
Mental se refere aos atletas disciplinados e que respondem muito bem a situações de
pressão porque possuem capacidade de aumentar a energia positiva frente as
adversidades.
Gucciardi (2010) definiu RM como um conjunto (“set”) de valores e crenças,
pensamentos, sentimentos, emoções e comportamentos que influenciam a maneira como
um indivíduo responde a e avalia situações de pressão, desafios e adversidades, para
conseguir alcançar seus objetivos. Caracteriza-se pela capacidade de neutralizar as
situações estressantes, lidar com a pressão de maneira positiva e relaxada. Em outras
palavras, Robustez Mental é uma habilidade pessoal que possibilita aos atletas
apresentar regularmente suas melhores habilidades, independentemente das
circunstâncias que encontram, quer pelo lado positivo (por exemplo, uma vitória), quer
pelo negativo (por exemplo, uma lesão), ou mesmo de outra forma (por exemplo,
oportunidades para aprender novas habilidades).
O que todas essas definições mostram é que, apesar de diferentes, para todas elas
Robustez Mental é um construto multidimensional, relacionado ao desempenho e aos
resultados de sucesso nos atletas. No entanto, não há consenso quanto às dimensões que
compõem a Robustez Mental. Vale destacar que, talvez por isso, o construto Robustez
Mental tem sido marcado pela falta de entendimento quanto a sua avaliação e
desenvolvimento (Gucciardi & Gordon, 2013).
A abordagem adotada nesta dissertação será a proposta por Clough, Earle e
Sewel, (2002). Eles relatam que atletas mentalmente robustos veem experiências
negativas (ansiedade e estresse) não apenas como desafios que podem superar, mas
também como acontecimentos naturais, essenciais para seu crescimento e
desenvolvimento. Acreditam que conseguem controlar as experiências negativas da
vida, envolvem-se profundamente no que estão fazendo, mantendo-se comprometidos
no alcance de suas metas, e possuem confiança em suas habilidades para lidar com as
experiências negativas da vida.
O modelo proposto por Clough et al. (2002) se refere à RM com base na inter-
relação de quatro dimensões (controle, compromisso, desafio e confiança). Esse modelo
foi escolhido como base teórica da presente dissertação e para a elaboração do
instrumento de medida da Robustez Mental para o esporte.
Segundo a conceituação do modelo de 4 C’s, Golby e Sheard (2004) afirmam
que a dimensão compromisso se refere aos atletas que estão engajados e são persistentes
na busca de uma determinada meta. O controle é caracterizado pela capacidade de
manter os pensamentos, as emoções e os comportamentos sob controle em quaisquer
circunstâncias. O desafio está relacionado aos atletas que buscam superar seus próprios
limites. E a confiança se refere aos atletas que apresentam crença e fé inabaláveis em
suas próprias capacidades, acreditando que são capazes de realizar com sucesso uma
determinada tarefa.
Embora nos estudos testando o modelo de 4 C’s Clough et al. (2002) tenham
obtido níveis de confiabilidade interna consideráveis (α = 0,90), os autores não
apresentam as análises fatoriais que suportam a validação do instrumento, tornando-o,
assim, a sua aplicação não confiável (Gucciardi & Gordon, 2013).
2.2 Robustez Mental e sua relação com a resiliência, o perfeccionismo e
o otimismo
Por ter uma concepção multidimensional, a Robustez Mental se relaciona
diretamente com outros construtos psicológicos importantes para o desempenho
esportivo e, devido à sua significância e relação, daremos neste estudo destaque aos
seguintes construtos: resiliência, otimismo e perfeccionismo.
A resiliência é considerada, por muitos pesquisadores da RM (Gucciardi &
Gordon, 2013; Clough et al., 2002; Bull et al., 2005; Cowden, Meyer-Weitz & Asante,
2016; Rosado, Fonseca & Serpa, 2013), um componente-chave desse construto. É
definida, segundo Anaut (2005), como um processo complexo resultante de interações
entre o indivíduo e o meio que o envolve. É a capacidade de sair vencedor de uma
situação traumática com uma força renovada (Gucciardi & Gordon, 2009). Em suma, a
resiliência pode ser entendida como o processo que possibilita transformar uma situação
traumática e dolorosa numa possibilidade de aprendizagem e de crescimento, ou seja, ela
facilita o enfrentamento da adversidade percebida, possibilitando ao sujeito sair dela
fortalecido (Grotberg, 2001).
O construto resiliência foi relacionado à RM devido a sua associação com as
emoções positivas e o enfrentamento. De acordo com Tugade, Fredrickson e Barrett
(2005), pessoas resilientes utilizam as emoções positivas como um facilitador na
recuperação de experiências negativas. Na mesma direção, Clough et al. (2002)
investigaram a capacidade de atletas se recuperarem ou mostrarem resiliência após
receberem feedbacks negativos e concluíram que aqueles com maior score de RM
lidavam melhor com esses feedbacks.
Bull et al. (2005) se referem à resiliência como um componente essencial da RM.
No entanto, em estudos qualitativos com jogadores de críquete, concluíram que a
resiliência por si só não caracteriza um sujeito como mentalmente robusto; para tanto, é
necessário que o sujeito apresente também a confiança e a perseverança.
Cowden et al. (2016) investigaram a correlação entre Robustez Mental e
resiliência em 351 jogadores de tênis de diversos níveis competitivos, concluindo que
ambos construtos possuem forte correlação (r = 0,59).
Rosado et al. (2013) e Nicholls et al. (2008) apontam que é esperado que os
atletas apresentem uma gama de habilidades psicológicas e, entre essas habilidades,
emerge o otimismo, construto que tem sido relacionado por pesquisadores (Madrigal,
Gill & Willse, 2017; Golby & Wood, 2016) com a RM.
De acordo com Berengüí Gil et al. (2015), o atleta otimista é capaz de lidar de
maneira mais positiva com os possíveis resultados de desempenho negativos ou abaixo
do esperado. Dessa forma, no cenário esportivo, esse pode ser um fator diferencial,
contribuindo para a eficácia durante a competição. O otimismo pode ser entendido como
uma construção de personalidade que atua como um fator importante diante do
desempenho esportivo e influencia o modo como o atleta avalia e enfrenta situações de
pressão e adversas no esporte.
No estudo com diferentes categorias de atletas de futebol, García-Naveira e Díaz
Morales (2010) analisaram as relações entre o otimismo e o desempenho em função da
idade e o otimismo e a RM. Os autores afirmaram, com base nesse estudo, que o
otimismo está positivamente relacionado ao desempenho esportivo e a altas pontuações
de RM. Os resultados também apontam para um aumento do otimismo em função da
idade dos atletas.
Nicholls, Polman, Levy e Backhouse (2009) exploraram a relação entre Robustez
Mental e otimismo em uma investigação com 677 atletas, com idades entre 15 e 58 anos,
indicando fortes correlações entre os dois construtos. Nessa mesma perspectiva,
Gucciardi e Gordon (2009), ao investigar 330 jogadores de futebol com idades entre 15
e 18 anos, correlacionaram o construto otimismo com a RM, obtendo nesse estudo fortes
e positivas correlações entre todas as idades e entre os sexos feminino e masculino.
Assim como resiliência e otimismo, o construto perfeccionismo também tem
sido apontado como uma característica de personalidade importante para o desempenho
esportivo. De acordo com Correia, Rosado e Serpa (2017), o perfeccionismo é definido
como o desejo de atingir altos padrões de rendimento, em combinação com avaliações
críticas relacionadas ao desempenho do que está sendo executado. Em outras palavras, o
perfeccionista tem tendência a autocrítica excessiva sobre o que faz, sendo esta
característica definida como um traço de personalidade relacionado a elevados padrões
de realização e desempenho para si próprio e para seus companheiros (Frost, Marten,
Lahart & Rosenblate, 1990; Flett & Hewitt, 2002). Nessa perspectiva, o perfeccionismo
é entendido de duas formas: como um traço psicológico adaptativo, benéfico e
importante para o sucesso esportivo (Gould, Dieffenbach & Moffett, 2002); e como um
traço mal-adaptativo que desestabiliza e prejudica o desempenho de atletas (Flett &
Hewitt, 2005). A orientação perfeccionista adaptativa representa altos padrões de
realização pessoal (Frost et al., 1990), enquanto o perfeccionismo mal-adaptativo se
caracteriza por muitas dúvidas sobre as ações, preocupações com erros e uma grande
disparidade entre o desempenho real e os elevados padrões previamente estabelecidos
(Stoeber & Otto, 2006).
Hodge, Lonsdale e Jackson (2009) mostraram existir fortes relações positivas
entre RM, otimismo, perfeccionismo e resiliência. Corroborando os autores, Suárez-
Cadenas et al. (2016) encontraram também forte correlação entre RM e o
perfeccionismo, apontando que níveis elevados de perfeccionismo predizem níveis
elevados de RM e, sobre a relação entre preocupações perfeccionistas e RM, mostram
que níveis elevados de preocupação perfeccionista são correlacionados
significativamente com níveis mais baixos de RM.
2.3 Avaliação da Robustez Mental no Esporte
Ao longo dos anos, pesquisas foram realizadas com o intuito de avaliar e
identificar a RM em atletas. De acordo com Gucciardi e Gordon (2013), foram
desenvolvidos oito instrumentos de avaliação da RM. Por ordem cronológica, os
instrumentos serão apresentados a seguir.
a) Psychological Performance Inventory (PPI)
Desenvolvido por Loehr (1986), esse instrumento propõe avaliar sete fatores:
autoconfiança, controle de atenção, energia negativa, motivação, controle de atitude,
energia positiva e controle visual e de imagens. A concepção de Robustez Mental de
Loehr foi baseada em sua experiência como psicólogo esportivo aplicado, trabalhando
com alguns dos atletas e treinadores considerados os mais talentosos do mundo. Apesar
de representar uma conceitualização atraente da Robustez Mental, de certa forma
consistente com pesquisas qualitativas recentes, os exames psicométricos do PPI
falharam em sustentar sua validade fatorial (Gucciardi & Gordon, 2013).
Golby et al. (2007) propuseram uma alternativa para o PPI utilizando outra forma
de análise, a qual reduz as variáveis que não fazem sobreposição com outras variáveis,
revelando apoio à existência de um fator de Robustez Mental no qual 14 itens foram
incluídos em quatro componentes: determinação, autoconfiança, cognição positiva e
visualização. Denominaram essa versão revisada de Alternative Psychological
Performance Inventory (PPI-A). Embora existam evidências para apoiar sua validade
fatorial e consistência interna, esse instrumento não se mostrou capaz de avaliar
diferentes culturas pois, quando aplicado em amostras de diferentes regiões, não mediu o
construto da mesma maneira (Gucciardi & Gordon, 2013).
b) Mental Toughness Questionnaire 48 (MTQ48)
Proposto por Clough et al. (2002), esse instrumento correlaciona os quatro
subcomponentes do construto de RM (controle, compromisso, confiança e desafio). O
questionário foi apontado como possuindo um alto nível de confiabilidade (α = 0,90)
porém, devido às poucas informações quanto a análise psicométrica, seu uso foi
questionado. Para tanto, em 2002 os mesmos autores desenvolveram uma versão menor,
com apenas 18 itens, a qual denominaram MT48.
Os dois instrumentos apresentaram uma correlação alta (r = 0,87) (Clough et al.,
2002). O MT48 apresenta apenas um score geral, enquanto o original MTQ48 traz um
perfil de resultados por subescalas (Gucciardi & Gordon, 2013).
c) Mental Toughness Inventory (MTI)
Desenvolvido por Middleton et al. (2004), esse instrumento é composto por 67
itens e propõe medir 12 componentes da RM em uma escala geral. Na análise
confirmatória, os 12 fatores apresentaram correlação variando entre r = 0,45 e r = 0,87.
No entanto, há poucas informações acerca do instrumento e a amostra utilizada para
validação foi de atletas com idades entre 12 e 19 anos (Gucciardi & Gordon, 2013).
d) Mental Toughness Scale (MTS)
Desenvolvido por Lane et al. (2007), o instrumento é composto por 27 itens
distribuídos numa Escala Likert de 7 pontos. As limitações dessa escala são a reduzida
amostra, apenas 75 atletas, e a não apresentação, pelos autores, dos detalhes
psicométricos do instrumento (Gucciardi & Gordon, 2013).
e) Mental Emotional and Bodily Toughness Inventory (MeBTough)
Desenvolvido por Mark & Ragan (2008), foi baseado na definição da RM
proposta por Loehr (1986). É composto por 43 itens distribuídos numa Escala Likert de
7 pontos que avalia sete dimensões, assim como o instrumento elaborado por Loehr
(1986). O instrumento também foi aplicado em uma amostra pequena (n = 261), sendo
necessário passar por análise exploratória e confirmatória (Gucciardi & Gordon, 2013).
f) Sport Mental Toughness Questionnaire (SMTQ)
Desenvolvido por Sheard, Golby e Van-Wersch (2009), o instrumento avalia três
dimensões da RM (controle, compromisso e confiança). O SMTQ também apresentou
um alto índice de confiabilidade (α = 0,72), porém há uma preocupação quanto às
questões que realmente avaliavam as referidas dimensões. A dimensão controle, por
exemplo, parte do princípio de que o atleta gerencia seus estados internos para atingir o
desempenho ideal; os itens que carregam esse fator, no entanto, não parecem medir esse
tipo de controle e são conceitualmente semelhantes às descrições de ansiedade (“eu me
preocupo em me sair mal” e “fico ansioso por eventos que eu não esperava ou não
posso controlar”). Além disso, segundo Gucciardi e Gordon (2013), em seu formato
atual, o SMTQ parece limitado em sua capacidade de capturar a amplitude e distinguir
entre as principais dimensões da Robustez Mental.
g) Australian Football Mental Toughness Inventory (AFMTI)
Desenvolvido por Gucciardi, Gordon e Dimmock (2008), a escala é composta
por 24 itens que medem quatro componentes da RM (lidar com desafios, conhecimento
acerca do esporte, atitude assertiva e o desejo de sucesso). O AFMTI parece limitado em
termos de sua validade fatorial e utilidade prática. O mais preocupante, segundo
Gucciardi e Gordon (2013), é que os modelos de mensuração do inventário original e
sua forma revisada não recebem suporte estatístico além das amostras usadas para
calibrar a estrutura fatorial e o modelo de medição ter sido aplicado apenas em uma
amostra de adolescentes australianos jogadores de futebol. No entanto alguns estudos
psicométricos foram desenvolvidos, porém, a validação não foi obtida, uma vez que a
escala não avalia o construto em toda sua complexidade (Gucciardi & Gordon, 2013).
h) The Cricket Mental Toughness Inventory (CMTI)
Também desenvolvido por Gucciardi e Gordon (2008), o instrumento possui 15
itens que medem cinco fatores relativos à RM (inteligência emocional, controle de
atenção, resiliência, confiança em si mesmo e desejo de vencer). Assim como o AFMTI,
está escala carece de análise confirmatória para sua validação e também é restrita a
apenas uma modalidade (Gucciardi & Gordon, 2013).
Mesmo com toda atenção que foi dada para o desenvolvimento de uma escala
que conseguisse detectar e medir a Robustez Mental, após terem realizado essa revisão,
Gucciardi e Gordon (2013) afirmam que nenhuma das escalas apontadas apresenta
confiabilidade, uma vez que não passam nos critérios estatísticos aceitos na sociedade
acadêmica ou não foram aplicadas em uma amostra heterogênea, permitindo sua
aplicação em diferentes populações.
CAPÍTULO III
MÉTODO
3.1 Paradigma norteador da pesquisa
Na psicometria esportiva, o uso de testes, escalas e questionários psicológicos
auxilia nas avaliações de traços, atitudes, habilidades, estilo cognitivo e afetivo de
atletas e não-atletas, com objetivo de especificar, prognosticar, selecionar e atuar
terapeuticamente (Singer, 1988).
Segundo Reppold, Gurgel e Hutz (2014), o desenvolvimento de novos
instrumentos de avaliação psicológica é um dos temas de grande interesse da Psicologia.
Para Pasquali (2007), os princípios que norteiam esse desenvolvimento se processam
através de três eixos: procedimentos teóricos, procedimentos empíricos (experimentais)
e procedimentos analíticos (estatísticos), sendo que a operacionalidade desses
procedimentos se baseia nos ditames da American Educational Research Association
(AERA), da American Psychological Association (APA), do National Council on
Measurement in Education (NMCE, 1999) e do Conselho Federal de Psicologia (CFP,
2003) (Primi, 2010).
De acordo com a ITC (2000), a elaboração de um instrumento psicométrico
envolve três etapas. Na Etapa I, os procedimentos teóricos e a elaboração dos itens e
evidências de validade devem ser baseadas na especificação das categorias
comportamentais que representam o objeto psicológico a ser medido e a
operacionalização dos construtos em itens. A elaboração de um instrumento psicológico
se especifica nas dimensões do teste, em termos constitutivos e operacionais, e na
elaboração dos itens. Com relação às evidências de validade baseadas no conteúdo,
objetiva-se determinar se os itens elaborados são teoricamente adequados e se algum dos
fatores do atributo coberto pelo teste é muito ou pouco representado no instrumento pelo
viés do pesquisador. E a análise teórica e semântica dos itens é realizada por juízes
(Cronbach, 1996; Pasquali, 1999).
Na Etapa II, que envolve as evidências de validade baseadas na estrutura interna,
dois procedimentos estão inclusos: os experimentais, que englobam o planejamento da
pesquisa e a coleta dos dados; e os procedimentos analíticos estatísticos e a análise dos
resultados (Pasquali, 1999). Nesse contexto, a AERA, a APA e o NMCE (1999)
preconizam que a validade do instrumento psicométrico é a consideração mais
fundamental da construção e análise dos testes, pois revela o quanto a evidência e o
suporte teórico do teste estão incluídos/integrados na proposta apresentada. A
fidedignidade se refere à consistência dos dados de avaliação frente aos mesmos
procedimentos de testagem em outros indivíduos ou grupos, quando as condições de
padronização são mantidas.
Finalmente, na Etapa III buscam-se as evidências de validade baseadas nas
relações com variáveis externas convergentes. A validade é atestada quando as
correlações estabelecidas entre os escores da “escala-teste” e os indicadores externos
(por exemplo, escores de instrumentos convergentes ou divergentes) assumem
magnitude e direção coerentes com as expectativas formuladas com base na literatura
(Cronbach, 1996; Primi, 2010).
De acordo com Prieto (1999), a construção do teste psicométrico consiste na
execução de um plano que deverá compreender oito etapas relacionadas, ou seja, na
lógica de que as opções adotadas em algumas etapas determinam os passos que deverão
ser seguidos adiante. As oito etapas propostas por Prieto são: 1) definição dos objetivos
do teste; 2) especificação do contexto; 3) escolha do modelo matemático; 4) definição
do domínio; 5) construção dos itens; 6) revisão do teste por especialistas; 7) seleção dos
participantes; e 8) avaliação da validade e consistência interna das dimensões. Cada
etapa será relatada a seguir.
3.1.1 Definição dos objetivos do inventário
Prieto (1999) aponta que, nessa etapa de definição dos objetivos de um teste,
deve-se descrever três aspectos: a) a finalidade do teste; b) sua utilidade preditiva ou
diagnóstica; e c) a caracterização de qual atributo psicológico se pretende medir.
Na Psicologia do Esporte, a avaliação psicológica tem por objetivo quantificar
características pessoais e os estados emocionais em situações de treinamento e
competição, os níveis de processos psíquicos e as relações interpessoais na otimização
do desempenho de atletas e/ou equipes (Weinberg & Gould, 2018). É com essa
finalidade que foi elaborado a presente escala “Escala de Robustez Mental para atletas
brasileiros adultos” (RME - A) (a “Escala de Robustez Mental no Esporte - 40 itens” é
apresentada no Apêndice 1).
A atual proposta de avalição da Robustez Mental objetiva proporcionar um maior
conhecimento sobre como as variáveis psicológicas agem sobre os atletas, por meio do
modelo composto pelas quatro dimensões psicológicas (4C’s), trazendo subsídios para a
compreensão de como esses essas variáveis são percebidas pelos atletas e treinadores e
sua relação com o desempenho, refletindo com maior clareza as condições psicológicas
desses atletas.
3.1.2 Especificação do contexto
Um aspecto chave na planificação prévia do teste, de acordo com Prieto (1999), é
a caracterização da população de sujeitos que serão avaliados.
A Psicologia do Esporte tem como uma das suas diretrizes analisar
cientificamente a interferência dos fatores psicológicos nos atletas, na qual relata,
explica e faz um prognóstico do comportamento de atletas com a finalidade de aplicar e
desenvolver programas para a melhoria do seu rendimento e bem-estar psicológico e
emocional (Weinberg & Gould, 2018 Samulski, 2002).
Para estar inserido no contexto da competição de alto nível, o atleta precisa ser
eficiente e regular, sempre se destacando em relação ao seus pares dentro da modalidade
esportiva praticada. Isso pressupõe superar os mais elevados níveis de exigências
(físicas, técnicas, táticas, psicológicas etc.) que permitem a realização do desempenho
esportivo (De Rose Jr., 2002). Para chegar a essa categoria de atleta, os requisitos são
muito maiores e há a necessidade de se ultrapassar limites de forma mais rigorosa que os
de um atleta mediano. Tudo isso requer um trabalho árduo, planejado e organizado
rigorosamente, em um processo de treinamento especializado, visando o
aperfeiçoamento físico, técnico, tático e psicológico para alcançar os resultados e,
principalmente, mantê-los (Giesenow, 2011).
Os atletas que participam de competições de alto nível são frequentemente
submetidos aos mais diversos tipos de pressão, tendo que superar limites e manter a
regularidade do seu desempenho, sendo que as respostas dos atletas para os eventos
competitivos parecem depender da avaliação da demanda e da qualidade de recursos que
o indivíduo dispõe para lidar com cada situação. Contudo, os componentes mentais e
emocionais frequentemente transcendem os aspectos físicos e técnicos do desempenho,
visto que o sucesso ou o fracasso de um atleta resulta dos fatores acima citados.
O esporte de alto rendimento é caracterizado pela busca de marcas, índices e a
superação de limites. Nessa busca pelo máximo desempenho, os atletas precisam lidar
com diferentes emoções negativas, tais como ansiedade, medo, frustrações, pressões,
dores etc. Nesse contexto, existem situações cruciais, em que os atletas precisam tomar,
em pouco tempo, decisões que, muitas vezes, podem definir o resultado final de todo um
trabalho ou uma temporada. Em tais situações, precisam ter habilidades importantes –
como autoconfiança, coragem, concentração e análise rápida da situação – para a tomada
de decisão (Brandão, Serpa, Rosado & Weinberg, 2014). A esse respeito, Brandão
(2000) afirma: “É preciso que o atleta tenha capacidade de dominar as suas emoções,
possa lidar com uma diversidade de vivencias emocionais e com o dinamismo dos
estados emocionais durante as competições, ou seja, a passagem rápida de um
sentimento a outro” (p. 239).
Giesenow (2011) afirma que o atleta que pretende atingir seu máximo
desempenho precisa cuidar de cada aspecto de sua preparação: técnico (treinar infinitas
horas realizando inúmeras repetições do mesmo movimento, muitas vezes tendo que
lidar com a exaustão física e emocional), tático (planejar estratégias, estudar os
adversários, entender o jogo e o que precisa efetuar), físico (desenvolver o que a
modalidade praticada necessita, seja força, velocidade, explosão e, nesse treinamento,
lidar novamente com o cansaço, a repetição do movimento e também com dores e/ou
lesões que possam ocorrer) e com o aspecto psicológico (controle emocional para lidar
com todas as tarefas relacionadas acima, além de desenvolver suas habilidades, como
confiança, motivação, concentração, lidar com as pressões e cobranças por resultados).
O esporte de alto rendimento por si só pode ser considerado um sinônimo de
situações de avaliação comparativa. Essas situações, muitas vezes, acabam gerando nos
atletas estados afetivos e somáticos complexos e inerentes às particularidades de cada
competição. Além de toda a demanda do treinamento e da competição, o atleta também
precisa lidar com fatores externos, como torcida, mídia e dirigentes esportivos, que
também estão analisando e avaliando seu desempenho esportivo, somados à demanda da
vida pessoal, como família e estudo, e, como encontramos em algumas modalidades
esportivas (como no caso do Rugby, Luta Olímpica e Futebol feminino), uma segunda
profissão (Fabini, 2009).
3.1.3 Escolha do modelo matemático
Para a caracterização da amostra, foi realizada uma análise estatística descritiva,
com cálculo da média e do desvio padrão para as variáveis idade, modalidade, sexo,
tempo de experiência, escolaridade e dias de treino por semana. Para essas análises foi
utilizado o software - Statistical Package for Social Sciences® - IBM, SPSS versão 20.0.
Para determinar a validade e a confiabilidade da escala, foi utilizado o método
multivariado de análise fatorial confirmatória (AFC), que é um conjunto de técnicas
estatísticas avançadas, que trata as variáveis em conjunto, criando as possibilidades de
interpretações. A AFC permite determinar se a escala consegue inferir ou medir o que se
propõe (Silva & Simon, 2005) e possibilita avaliar o modelo de medidas e as relações
causais entre os construtos, sendo assim mais consistente e robusto do que o outro
método de análise multivariado, a análise exploratória (Marcoulides & Hershberger,
2005; Brown, 2006). Essa análise foi realizada através do software LISREL® (SPSS
Inc,, Chicago, IL), pelo método de mínimos quadrados não ponderados.
As premissas do modelo fatorial confirmatório, ou seja, a normalidade
multivariada dos itens e a ausência de outliers, foram avaliadas pelos coeficientes de
assimetria e curtose e pela distância de Mahalanobis, respectivamente (Arbuckle, 2009).
Para avaliar a qualidade do ajuste global dos testes, foram considerados os
valores indicativos de:
1) Goodness-of-Fit Index (GFI): medida que compara os resíduos das matrizes
de dados observada e estimada, produzindo um indicador que varia de zero
(ajuste pobre) a um (ajuste perfeito). Foi considerado ajuste satisfatório valor
≥ 0,90 (Byrne, 2010).
2) Adjusted Goodness-of-Fit Index (AGFI): sendo este índice uma extensão do
índice GFI, ajustado pela razão dos graus de liberdade para um modelo nulo.
O nível de aceite recomendado é valor ≥ 0,90 (Byrne, 2010).
3) Root Meam Square Error of Approximation (RMSEA): medida que corrige a
tendência do qui-quadrado em rejeitar um modelo especificado com base em
uma amostra relativamente grande. Foi considerado indicativo de bom ajuste
valor < 0,08 (Byrne, 2010).
4) Normed Fit Index (NFI): índice que compara o modelo proposto com o
modelo nulo. Foi considerado satisfatório valor ≥ 0,90 (Hair Jr., Anderson,
Tatham & Black, 2009).
5) Non-Normed Fit Index (NNFI): índice que compara o modelo proposto e
nulo que contempla a ponderação pelos graus de liberdade. Resulta em
valores no intervalo de zero a um, sendo considerado satisfatório valor ≥
0,90 (Hair Jr. et al., 2009).
6) Comparative Fit Index (CFI): medida incremental que também compara o
modelo nulo e estimado, sendo uma medida para estratégias de
desenvolvimento de modelo ou em situações de amostra pequena, sendo
recomendável valor = 0,90 (Hair Jr. et al., 2009).
A consistência interna foi estimada por meio da confiabilidade composta e
valores acima de 0,60 foram considerados indicativos de boa consistência interna
(Bagozzi & Yi, 1988).
A adequação do modelo foi avaliada por meio dos seguintes índices de bondade
do ajustamento: rácio do valor do qui-quadrado pelos graus de liberdade (χ2/df),
sugeridos por Jöreskog e Sörbom (1989). De acordo com Tabachnick e Fidell (2007),
valores abaixo de 2,0 sugerem modelos aceitáveis.
A validade convergente foi avaliada por meio da variância média extraída
(VME). Valores maiores que 0,50 foram considerados indicativos de boa validade
convergente (Fornell & Larcker, 1981; Hair et al., 2009). A validade discriminante será
aceita quando a VME da variável latente foi maior que a correlação múltipla ao
quadrado entre esta variável e qualquer outra (Fornell & Larcker, 1981).
A correlação entre a Escala de Robustez Mental e a Escala de Resiliência (já
validada para atletas brasileiros) foi analisada pelos coeficientes de correlação de
Pearson. As correlações entre os testes serão interpretadas de acordo com os critérios
estabelecidos por Bryman e Cramer (1990).
A Escala de Resiliência para atletas brasileiros foi escolhida devido à aparente
sobreposição entre a Robustez Mental e a resiliência (Cowden et al., 2016). Loehr
(1995) foi um dos primeiros a considerar a resiliência como um aspecto chave da
Robustez Mental e investigações qualitativas recentes reafirmaram a resiliência como
um subcomponente da Robustez Mental no esporte (Gucciardi & Gordon, 2009; Coulter,
Mallett & Gucciardi, 2010).
Gerber et al. (2013a) examinaram a relação entre a Robustez Mental e a
resiliência entre adolescentes agrupados de acordo com as categorias de resultados
resilientes (bem ajustados, desajustados e resilientes). Os alunos incluídos nos grupos
dos bem ajustados e desajustados não diferiram nos níveis de RM, mas o grupo
denominado resiliente exibiu resultados de RM maior. No entanto, de acordo com
Cowden et al. (2016), nenhum dos estudos mediu diretamente a relação entre Robustez
Mental e a resiliência usando um instrumento validado, o que impede uma determinação
clara da relação entre elas. Com base nessa afirmação, surge a hipótese: a Robustez
Mental estaria positivamente relacionada à resiliência?
Com a incerteza que existe sobre como a RM e a resiliência estão relacionadas,
investigações sobre os dois construtos podem contribuir para delinear as semelhanças e
diferenças entre as duas construções (Gucciardi & Gordon, 2009; Fletcher & Sarkar,
2012).
A escala de resiliência utilizada para a análise convergente será descrita a seguir.
Escala de Resiliência para Atletas Brasileiros
Na Psicologia, a resiliência pode ser avaliada sob duas perspectivas: a
perspectiva do “traço”, que se relaciona com as características pessoais; ou a
perspectiva de “processo”, numa adaptação positiva dentro de um contexto adverso. A
pressão e busca por resultados positivos, a possibilidade de lesões, as dificuldades para
equilibrar esporte e compromissos de vida, a falta de feedback do treinador, pouco ou
nenhum apoio social em competição e treinamentos são alguns estressores específicos
dos ambientes esportivos. A capacidade de superação pode ser considerada um pré-
requisito para a excelência em ambientes esportivos, levando à maior realização
esportiva, com bem-estar psicológico, otimismo, propósito de vida, apoio social e
estratégias de enfrentamento (coping ativo, humor, planejamento e resignificação
positiva) (Correia et al., 2017).
Segundo Neves, Zanetti, Brandão e Ferreira (2018), em ambientes esportivos,
escalas de avaliação menores parecem ser vantajosas, tanto para avaliação como, com
relação à disposição dos atletas para responder aos testes. Apesar do fato de escalas
mais curtas abordarem de forma mais estreita a perspectiva do construto em avaliação,
também podem minimizar o tempo de resposta, o cansaço do participante e a perda de
informação causada por respostas ausentes. Entre as atuais medidas psicométricas de
resiliência, a Resiliência Breve Escala (BRS) (ver Anexo 1) tem um potencial uso
confiável nos esportes, pois é uma escala unidimensional curta, com seis itens, criada
para avaliar a capacidade de recuperação frente à adversidade. Existem três itens
positivos e três negativos, que são projetados para reduzir a desejabilidade social e o
viés de resposta (Smith et al., 2008). A escala BRS foi validada para uso no Brasil por
Neves, Barbosa, Silva, Brandão e Zanetti (2018).
3.1.4 Definição do domínio
Segundo Prieto (1999), nessa etapa é importante clarificar o atributo que se
pretende avaliar, identificando a sua estrutura, quais facetas são necessárias avaliar e
qual a importância relativa de cada uma.
É importante buscar na literatura específica como se deu o desenvolvimento do
modelo dos 4C’s de Robustez Mental que está sendo utilizado neste estudo. Segundo
Clough e Strycharczk (2012), o modelo surgiu da necessidade de reunir o que já havia
sido desenvolvido por outros pesquisadores e acrescentar o que eles haviam identificado
em suas próprias pesquisas, desenvolvendo, então, uma nova base teórica, seguida da
análise dos itens e da sua confiabilidade, da análise de fatores, dos testes de validade
convergente e divergente, da validação em relação a critérios externos e da aplicação em
pesquisa e na prática, ou seja, imprimindo pesquisas qualitativas em sua abordagem.
Para tanto, Clough e Strycharczk (2012) procuraram assegurar que o novo
modelo de Robustez Mental fosse desenvolvido de “baixo para cima”, ou seja, a partir
do zero, ampliando sua estrutura de pesquisas por meio de um estudo exploratório que
incidiu sobre uma extensa gama de experiências situacionais pessoais, com relevância
para a Robustez Mental, permitindo também considerar a forma como os indivíduos
utilizavam os termos relativos aos diferentes aspectos desse construto.
Este estudo foi realizado com diferentes pessoas do meio esportivo (treinadores,
dirigentes e atletas), nas modalidades de rugby, golfe, futebol e squash, que foram
entrevistados com o objetivo de identificar noções de Robustez Mental e as
circunstâncias e eventos que exigissem essa Robustez Mental. Embora as entrevistas
tenham levantado muitas questões, também atingiram seu objetivo geral, fornecendo
uma base fundamentada para o desenvolvimento do construto da Robustez Mental.
Clough e Strycharczk (2012) destacam que o aspecto mais marcante das entrevistas
realizadas durante seus estudos foi a importância que todos os entrevistados atribuíram a
um alto nível de Robustez Mental, afirmando que era um ingrediente vital no perfil de
um atleta de sucesso. Contudo, todos os entrevistados tinham dificuldade quando
solicitados a responder sobre o que achavam que era essa Robustez Mental.
Com o conhecimento adquirido nessas pesquisas, Clough e Strycharczk (2012)
chegaram à definição de Robustez Mental como sendo a qualidade que determina, em
grande parte, como as pessoas lidam eficazmente com os desafios, os fatores
estressantes da vida e a pressão, independentemente das circunstâncias prevalecentes,
tendendo, consequentemente, a se sair melhor na escola, no trabalho, nos esportes
competitivos etc. No entanto, deve-se notar claramente que o oposto da Robustez Mental
é a sensibilidade mental, e não a fraqueza mental. Segundo os autores, a pessoa
mentalmente robusta lidará com o estresse, a pressão e o desafio, não deixando que isso
chegue até ela, e uma pessoa mentalmente sensível sentirá o impacto do estresse, da
pressão e do desafio, que chegarão a ela, que terá, consequentemente, uma resposta
desconfortável, de certa forma.
3.1.4.1 Desenvolvimento do modelo de 4C’s
Para desenvolver o modelo de quatro dimensões, Clough e Strycharczk (2012)
utilizaram duas fontes de dados de suas pesquisas qualitativas, a primeira referente à
definição e associação da Robustez Mental com demais construtos e, a segunda, a
pesquisa com pessoas do esporte. De modo geral, os dados dessas pesquisas apontaram
para esse modelo de quatro dimensões. Diante desse modelo, Clough e Strycharczk
(2012) perceberam que o modelo de Robustez Mental era próximo do modelo de
Resistência Mental proposto por Kobasa (1979), que incorporava a maioria das
dimensões mencionadas pela literatura, podendo ser resumidas sob os campos amplos do
controle, compromisso e desafio.
Clough e Strycharczk (2012) afirmam que as entrevistas forneceram
contribuições a todas essas dimensões e também a uma quarta, a confiança, que foi
mencionada por 50% dos entrevistados, sendo um aspecto chave da Robustez Mental.
Esses subsídios pesquisados por Clough e Strycharczk (2012), ou seja, essas duas fontes
de dados, permitiram o desenvolvimento de um modelo de quatro fatores de Robustez
Mental, os 4C’s, que serão conceituados a seguir.
1) Dimensão controle
Nas situações onde os atletas possuem capacidade para manter os pensamentos,
as emoções e os comportamentos sob controle em quaisquer circunstâncias. Pessoas que
acreditam que podem exercer considerável influência sobre o ambiente de trabalho, que
podem fazer a diferença e mudar as coisas. Dentro da dimensão controle, Clough e
Strycharczk (2012) identificam duas subescalas: Controle emocional – que mede o
quanto controlamos nossas ansiedades e emoções e o quanto revelamos nossos estados
emocionais para os outros; e Controle de vida – que é uma medida de autoestima, sobre
até que ponto acreditamos que controlamos o que nos acontece.
Clough e Strycharczk (2012) apontam que indivíduos que acreditam que
controlam seu destino irão atribuir sucesso e fracasso aos fatores internos. Em outras
palavras, terão sucesso porque têm talento e trabalham duro; e falham porque não têm as
habilidades ou simplesmente não tentaram o suficiente. Uma das principais premissas da
Robustez Mental é justamente esta, sucesso e fracasso estão relacionados ao
desempenho do indivíduo. Nossa sociedade cobra o sucesso individual intensamente,
mas a culpa pelo fracasso geralmente está focada em tudo, menos em nós mesmos. Os
indivíduos mentalmente robustos estão dispostos a aceitar as consequências de suas
ações, sendo boas ou más (Clough & Strycharczk, 2012).
2) Dimensão compromisso
Segundo Clough e Strycharczk (2012), compromisso refere-se aos atletas que
são engajados e persistentes na busca de uma determinada meta. Esse componente
indica como e por que estabelecemos metas e também como respondemos a elas. Reflete
a a intensidade de nossas promessas, particularmente aquelas que são tangíveis e
mensuráveis, e até que ponto nos comprometemos a mantê-las. Essas promessas podem
ser as que fazemos aos outros ou a nós mesmos. Para algumas pessoas, a própria noção
de meta é motivadora pois, em nossa mente, podemos ver que a meta ou o objetivo
ajudam a definir o sucesso. Desde que seja razoavelmente possível, nós iremos fazer o
que for preciso para acertar o alvo e, mesmo que surjam obstáculos, isso não diminuirá o
entusiasmo. Em outras palavras, essa dimensão mede a extensão em que um indivíduo
provavelmente persiste com uma meta ou tarefa de trabalho. Indivíduos diferem no grau
em que permanecem focados em seus objetivos, ou seja, alguns podem ser facilmente
distraídos, ficar entediados ou desviar sua atenção para objetivos concorrentes, enquanto
outros podem ser mais propensos a persistir.
A definição da dimensão compromisso equivale amplamente à determinação, à
persistência, à perseverança, à obstinação e ao propósito. Muitas vezes, para algumas
pessoas, tudo o que é necessário para fazê-las agir é a meta ou o objetivo, sendo
suficientemente motivador descobrir como essa meta pode ser alcançada. No entanto,
para outras, metas e objetivos são intimidantes e induzem ao medo e à ansiedade, uma
vez que, para esses indivíduos, metas e objetivos tornam-se pressões que, se não
atingidos, levá-los-ão ao fracasso.
3) Dimensão desafio
Atletas que buscam superar seus próprios limites acreditam que desafios são
oportunidades importantes que os ajudam a crescer. Esse componente da Robustez
Mental se refere a como nós, como indivíduos, respondemos ao desafio. Um desafio
representa qualquer atividade ou evento que vemos como fora do comum.
Provavelmente, o tipo mais importante de desafio que todos enfrentam é a necessidade
de lidar com a mudança (em alguns casos, variedade e flexibilidade). O desafio é a
chave para lidar com a mudança: para alguns, um grande desafio ou um grande período
de mudança será considerado excitante ou até mesmo bem-vindo e, nesse caso, é visto
por esses indivíduos como algo positivo (Clough & Strycharczk, 2012).
Os indivíduos diferem em sua abordagem do desafio: enquanto alguns
consideram desafios e problemas como oportunidades, outros podem ser mais propensos
a considerar situações desafiadoras como uma ameaça. Essa dimensão mede até que
ponto um indivíduo pode encarar um desafio como uma oportunidade e, portanto,
aqueles que tem uma pontuação mais alta nessa escala podem ter uma tendência ativa de
buscar tais situações para o autodesenvolvimento, enquanto os com pontuações baixas
podem evitar situações desafiadoras por medo do fracasso ou aversão ao esforço.
O termo desafio não significa que a situação em si tenha que apresentar um
grande desafio. Pode ser algo que muitas pessoas reconheceriam como insignificante
mas, no entanto, para o indivíduo, representa algo significativo. Ou seja, a situação em si
não precisa ser excessivamente ameaçadora ou estimulante, é o indivíduo que a vê como
tal. É a percepção de desafio e mudança do indivíduo que determina como ele ou ela se
comporta (Clough & Strycharczk, 2012).
4) Dimensão confiança
Os atletas com confiança acreditam em suas próprias capacidades, confiam que
serão capazes de realizar com sucesso uma determinada tarefa. Esse componente mede a
extensão de nossa autoconfiança para executarmos até a sua conclusão uma tarefa difícil
que pode ser afetada por contratempos. Aqueles sujeitos com altos níveis de confiança
geralmente aceitarão que os retrocessos são parte integrante da vida cotidiana.
Entretanto, aqueles com baixos níveis de confiança geralmente verão o mesmo desafio
de uma maneira diferente, sendo provável que se sintam derrotados e acreditem que, o
que aconteceu é tão significativo que os impedirá de atingir o objetivo ou a tarefa; são
mais propensos a desistir e sentir que já deram o melhor de si e não farão mais nada.
Indivíduos com alta confiança em si mesmos têm maiores possibilidades para concluir
com sucesso tarefas que podem ser consideradas muito difíceis por indivíduos com
habilidades semelhantes, mas com menor autoconfiança (Clough & Strycharczk, 2012).
Pesquisas levaram Clough & Strycharczk (2012) a identificar duas subescalas
dentro da dimensão confiança. Confiança nas habilidades: são indivíduos que acreditam
ser uma pessoa realmente valiosa, sendo menos dependentes de avaliações externas e
mais otimistas em relação à vida em geral. Confiam que possuem as ferramentas
intelectuais necessárias – como conhecimento, habilidades, educação e experiência –
para tentar e concluir uma tarefa ou ação específica, mesmo que essa tarefa seja difícil
de alguma forma e tenha potencial de reveses ou falhas ao longo do caminho para a
conclusão. Confiança interpessoal: são indivíduos que tendem a ser mais assertivos,
menos propensos à intimidação em ambientes sociais, mais propensos a se promoverem
nos grupos e, também, mais capazes de lidar com pessoas difíceis ou desajeitadas. É a
autoconfiança para lidar com os desafios que podem interferir na conclusão bem-
sucedida da tarefa, incluindo lidar com críticas e comentários adversos quando surgem
problemas, bem como ter autoconfiança para representar seus pontos de vista e sua
posição de forma convincente, muitas vezes em face de opiniões alternativas expressas
por outras pessoas. Mede até que ponto estamos preparados para nos afirmar e nos
preparar para lidar com desafios ou sucessos e fracassos.
3.1.5 Construção dos itens
De acordo com a literatura sobre Robustez Mental no esporte e na orientação de
que existem quatro dimensões psicológicas (4C’s) que a sustentam, a primeira versão da
escala de Robustez Mental para o esporte foi elaborada com 100 itens, sendo 25 itens
para cada dimensão. Para elaboração desses itens, foram utilizados como base os itens
apresentados nos seguintes instrumentos: Psychological Performance Inventory - PPI
(Loehr, 1986), o Sport Mental Questionnaire - SMTQ (Sheard et al., 2009), Australian
Football Mental Toughness Inventory - AFMTI (Gucciardi, Gordon & Dimmock, 2008)
e The Cricket Mental Toughness Inventory - CMTI (Gucciardi & Gordon, 2008).
Após a elaboração dos 100 itens, essa primeira versão foi apresentada para um
grupo de juízes composto por dois doutores, um mestre, dois psicólogos especialistas em
esporte e dois professores de educação física, todos pesquisadores do tema. Em uma
reunião com duração de 4 horas, foi realizado por esse grupo uma avaliação da escala,
da qual a pesquisadora, a cada item lido, pediu que o grupo o analisasse quanto à sua
clareza, a linguagem, a construção e se, de fato, fazia parte da dimensão à qual o item foi
determinado. Dessa primeira reunião de análise dos itens, o grupo de especialistas
retirou 40 itens, restando 15 itens para cada dimensão.
Em um segundo momento, foi realizada mais uma reunião com esse mesmo
grupo de juízes para que fossem conferidos novamente os itens que ficaram e avaliar, de
uma forma mais rigorosa, se havia necessidade de retirar mais algum item que pudesse
ter passado na primeira reunião pelo excesso de itens que foram analisados. Nessa
segunda reunião, os especialistas eliminaram mais 20 itens, restando 10 itens para cada
dimensão, 40 no total.
Esse mesmo grupo de juízes chegou ao consenso de que 10 itens para cada
dimensão seria o ideal, uma vez que alguns desses itens provavelmente seriam
eliminados nas análises estatísticas, o que tornaria a escala mais curta, facilitando sua
aplicação. Sendo assim, a versão final da escala contou com 40 itens subdivididos em 10
para cada uma das dimensões conforme apresentados nas Figuras 4 a 7, a seguir.
Dimensão Controle
Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente durante as competições.
Eu consigo controlar minhas emoções durante as competições, mesmo em momentos difíceis.
Eu consigo me manter animado, independentemente do tipo de treino.
Eu acredito em mim mesmo como atleta, principalmente nos momentos difíceis.
Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar para treinar o melhor
possível.
Eu consigo me manter focado independentemente do tipo de treino.
Faço tudo que posso para ter um bom desempenho.
Quando eu vejo que estou errando fico mais focado.
Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e rapidamente recuperar minha
atenção.
Eu imagino situações que podem ocorrer numa competição e como posso resolvê-las.
Figura 4. Itens da dimensão psicológica “Controle”.
Dimensão Compromisso
Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus objetivos traçados.
Estou disposto a fazer certos sacrifícios se isto for necessário para meu esporte.
O meu desempenho depende do meu esforço pessoal.
Eu consigo dar o máximo do meu talento e habilidade como atleta.
Independentemente dos resultados que eu obtive nas competições, eu me dedico 100% ao
esporte.
Eu sou meu próprio “motor”. Isto significa que eu não preciso ser “empurrado” para competir ou
treinar forte.
Eu me esforço 100% durante uma competição, em quaisquer circunstâncias.
Eu treino com muita intensidade, dou 100% sempre porque quero melhorar.
Dimensão Compromisso
Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor.
As metas que eu tracei para mim enquanto atleta fazem com que eu treine muito.
Figura 5. Itens da dimensão psicológica “Compromisso”.
Dimensão Desafio
Eu fico inspirado e competitivo em situações difíceis.
Gosto de grandes desafios porque eles me forçam a melhorar.
Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar grandes desafios.
Quando eu atinjo meus objetivos, eu traço novas metas.
Eu posso transformar situações ruins em oportunidades de vencer.
Competir me traz realmente uma sensação de satisfação.
Prefiro treinos desafiadores, mesmo que tenha que me esforçar mais para isso.
As adversidades no esporte são desafios a serem superados.
Eu sei que possuo habilidades que podem me ajudar a lidar com os desafios do esporte.
Vivenciar situações negativas no esporte me desafiam cada vez mais.
Figura 6. Itens da dimensão psicológica “Desafio”.
Dimensão Confiança
Consigo me manter confiante mesmo quando cometo erros bobos.
Eu me sinto confiante no meu esporte.
Mantenho confiança, independentemente do modo como as coisas estejam ocorrendo durante
a competição.
Sinto-me confiante que vou competir bem.
Penso sempre de maneira positiva e confiante.
Eu confio nas minhas capacidades como atleta.
Eu sou um atleta que tem autoconfiança.
Cometo menos erros quando estou confiante porque me concentro melhor.
Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico.
Dimensão Confiança
Tenho confiança de que consigo me sair bem com as situações difíceis de meu esporte.
Figura 7. Itens da dimensão psicológica “Confiança”.
3.1.6 Revisão do inventário inicial por especialistas
Para Prieto (1999), a revisão dos itens de um teste deve ser feita através de
consultas a especialistas da área para que julguem não somente os itens, mas as
instruções, a adequação do vocabulário empregado e a pertinência do instrumento com
respeito ao domínio previamente definido.
Para tanto, os 40 itens foram apresentados para um grupo de oito “juízes” que
estudam o tema, sendo dois deles doutores, um mestre e cinco especialistas em
Psicologia do Esporte. Eles sugeriram mudanças no enunciado da escala (acrescentando
“não há respostas certas ou erradas”), o que poderia deixar o atleta mais confortável para
responder, e que fosse feita uma dinâmica de grupo com atletas para verificar se de fato
compreendiam os itens apresentados quanto à clareza da informação e o que se pretendia
medir em cada item.
A dinâmica de grupo foi constituída por 14 atletas de alto rendimento,
escolhidos aleatoriamente, maiores de 18 anos, das modalidades: luta olímpica (um
feminino e um masculino), judô (um feminino e um masculino), handebol (dois
femininos), voleibol (dois masculinos), basquete (um masculino e dois femininos) e
atletismo (dois masculinos e um feminino). O encontro se realizou em local adequado e
confortável. Em um primeiro momento, os atletas foram informados sobre os motivos da
formação do grupo e aceitaram colaborar com a revisão da escala. Todos receberam uma
folha impressa com a Escala de Robustez Mental no Esporte Adulto e foi solicitado que,
após lerem os itens, indicassem aqueles sobre os quais tivessem dúvidas na escrita e/ou
na compreensão, se os itens estavam expressos com clareza, se estavam adequados ao
ambiente esportivo, e se haveria alguma sugestão de mudança. No segundo momento,
em uma mesa redonda, cada item foi lido pela pesquisadora e os atletas apontaram as
observações que foram feitas sobre cada um. A dinâmica de grupo com os atletas teve
duração de duas horas e todas as sugestões foram registradas com um gravador (Sony)
para posterior aproveitamento no andamento do estudo.
De acordo com as sugestões, foram feitas oito mudanças, apresentadas na Figura
8:
Mudanças sugeridas na dinâmica de grupo
Questões primárias Mudanças sugeridas
Bons resultados esportivos dependem do meu
esforço pessoal.
O meu desempenho depende do meu esforço
pessoal.
Gosto de metas desafiadoras porque me
fazem ter que melhorar cada vez mais.
Gosto de grandes desafios porque eles me
forçam a melhorar.
Eu consigo me manter entusiasmado
independentemente do tipo de treino.
Eu consigo me manter animado
independentemente do tipo de treino.
Meus erros na competição me fazem ter ainda
mais foco.
Quando eu vejo que estou errando, fico mais
focado.
Eu posso fazer das crises, grandes
oportunidades.
Eu posso transformar situações ruins em
oportunidades de vencer.
Eu posso claramente identificar quando não
estou concentrado e rapidamente recuperar
minha atenção.
Eu posso claramente perceber quando não
estou concentrado e rapidamente recuperar
minha atenção.
Eu visualizo mentalmente as situações as
situações que podem ocorrer em uma
competição e como posso corrigir.
Eu imagino situações que podem ocorrer
numa competição e como posso resolvê-las.
Quando eu treino de forma comprometida,
aumentam as minhas chances de me
desempenhar bem.
Quando me esforço nos treinos, geralmente
jogo melhor.
Figura 8. Alteração a partir das mudanças sugeridas pela dinâmica de grupo em relação aos itens
da escala.
Posteriormente à dinâmica de grupo com os atletas e as modificações de acordo
com as suas sugestões, os itens foram dispostos na escala obedecendo uma ordem
escolhida por meio de sorteio, gerando, assim a Versão 1 da escala, com 40 itens sendo
10 para cada dimensão (apresentada no Apêndice 1, “Escala de Robustez Mental no
Esporte - Versão 1 com 40 itens”).
O grupo de “juízes especialistas” também sugeriram que a escala de pontuação
fosse de 7 pontos, corroborando com outros instrumentos encontrados na literatura que
utilizam esse mesmo tipo de escala Likert. Portanto, cada item seria avaliado em uma
escala de 7 pontos: (1) Discordo Totalmente; 2) Discordo Moderadamente; 3) Discordo
Ligeiramente; 4) Não Concordo e nem Discordo; 5) Concordo Ligeiramente; 6)
Concordo Moderadamente; e 7) Concordo Totalmente.
As instruções foram organizadas de forma a que os atletas compreendessem os
objetivos da escala usando o enunciado abaixo:
Abaixo estão afirmações que refletem as crenças que os atletas têm quando praticam
esportes. Leia cada uma delas e, em seguida, selecione um número de 1 a 7 que indique
o quanto você concorda ou discorda das afirmações. Não há respostas certas ou
erradas. Fique atento se você respondeu a todas as questões.
3.1.7 Seleção dos participantes
Um aspecto chave na planificação prévia do teste deve ser, de acordo com Prieto
(1999), a caracterização da população dos sujeitos que foram avaliados.
Participaram do estudo 413 atletas de alto rendimento, de ambos os sexos
(mulheres n = 207 e homens n = 205), com idades entre 18 e 38 anos (21,6 ± 4,26),
sendo 90% solteiros, 9,3% casados e 0,7% outros (separados/divorciados/viúvos), de
diversos clubes das regiões sul, sudeste, centro oeste, nordeste do Brasil, conforme
apresentado na Tabela 1, e de 15 modalidades esportivas, de acordo com a Figura 9, a
seguir.
Tabela1 – Média (M) e Desvio Padrão (DP) da idade mínima e máxima dos
participantes do estudo (em anos)
M e DP Mínimo Máximo
Idade (anos)
Feminino 21,69 ± 4,48 18 38
Masculino 21,53 ± 4,03 18 37
Geral 21,61 ± 4,26 18 38
Número dos Participantes por Modalidade
Modalidade N Modalidade N
Atletismo 81 Hockey 1
Basquete 22 Judô 16
BMX 9 Karatê 3
Boxe 11 Natação 1
Futebol 70 Rugby 106
Futsal 21 Tênis 17
Ginástica Artística 1 Voleibol 30
Handebol 23
TOTAL 413
Figura 9. Descrição do número de participantes por modalidade.
Os atletas participantes tinham entre 1 e 26 anos (7,53 ± 4,69) de experiência no
esporte praticado, conforme apresentado na Tabela 2, sendo praticados entre 1 e 7 dias
na semana (4,55 ± 1,28), por 1 a 7 horas por dia (3,70 ± 1,50), como pode ser observado
na Tabela 3, e com nível de escolaridade de acordo a Tabela 4, a seguir.
Tabela 2 – Média (M) e Desvio Padrão (DP) do tempo de experiência mínimo
e máximo dos participantes do estudo
M e DP Mínimo Máximo
Tempo de
Experiência
Feminino 7,19 ± 3,492 1 26
Masculino 7,87 ± 4,54 1 23
Geral 7,53 ± 4,69 1 26
Tabela 3 – Média (M), Desvio Padrão (DP), Mínimo e
Máximo dos dias de treino e horas de treino por
semana dos participantes do estudo
M e DP Mínimo Máximo
Dias de
treino 4,55 ± 1,28 1 7
Horas de
treino 3,70 ± 1,50 1 7
Tabela 4 – Frequência (N) e porcentagem do nível de
escolaridade dos participantes
Nível de Escolaridade N %
Ensino Médio 239 58,0%
Superior 166 40,3%
Pós-graduação 7 1,7%
Os dados apresentados neste estudo – Escala RME-A, Escala de Resiliência e
Ficha de Dados Demográficos (apresentada no Anexo 2) – foram coletados entre Janeiro
e Julho de 2018, individualmente, fora do horário dos treinamentos, em período de pré-
temporada (período de preparação anterior à competição) e no período competitivo.
O presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Universidade São Judas Tadeu, sob parecer número 2.121.020 (parecer apresentado no
Anexo 3). Os atletas foram contatados e convidados a participar da pesquisa e aqueles
que aceitaram participar do estudo assinaram um Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido (TCLE) (modelo apresentado no Anexo 4).
A aplicação dos instrumentos ocorreu no próprio local de treinamento dos
atletas, em ambiente adequado e confortável, com datas e horários previamente
agendados e realizadas de forma individual e coletiva (no caso das modalidades
coletivas), sempre com a orientação da pesquisadora.
No dia da aplicação, a pesquisadora se apresentou e fez uma explanação sobre os
objetivos da pesquisa e os procedimentos que seriam adotados, orientou os participantes
quanto ao TCLE e a importância de responderem aos instrumentos da maneira mais
honesta e sincera possível, mas deixando claro que, caso o participante não se sentisse a
vontade, poderia interromper sua participação na pesquisa a qualquer momento e
retornar se tivesse interesse, sem nenhum prejuízo.
3.1.8 Avaliação da validade e consistência interna das dimensões
Segundo Prieto (1999), em nenhum campo científico existe um instrumento de
medida perfeitamente válido. Assim, deve-se fazer uso de um procedimento empírico
para quantificar a consistência interna das fontes. A razão fundamental para se avaliar a
consistência interna é verificar se os itens individuais do teste estão medindo o mesmo
construto e, por conseguinte, se são altamente correlacionados. O procedimento
utilizado neste estudo para a determinação da sua consistência interna foi a
confiabilidade composta (considerando valores acima de 0,60 sendo considerados
indicativos de boa consistência interna), descrita no item 3.1.3, escolha do modelo
matemático.
CAPÍTULO IV
RESULTADOS
O objetivo do presente estudo foi elaborar e verificar as propriedades
psicométricas da escala de Robustez Mental para o esporte brasileiro adulto. Para tanto,
primeiramente serão apresentados os resultados da análise fatorial confirmatória e, a
seguir, será apresentada a análise convergente com a Escala de Resiliência.
4.1 Análise fatorial confirmatória
A primeira análise da escala RME-A contendo os 40 itens originais (Modelo 1)
foi submetida a estimação pelo método de mínimos quadrados não ponderados. Esse
modelo apresentou medidas de ajustamento que se distanciaram dos níveis de aceitação
considerados satisfatórios (χ2 = 1721,31; p < 0,000; RMSEA = 0,05; GFI = 0,98; AGFI
= 0,98; NFI = 0,60; NNFI = 0,70; CFI = 0,72; χ2 / df = 2,35), conforme apresentado na
Figura 10, a seguir.
Modelo 1 (inicial) com 40 itens
V10.85
V20.79
V30.79
V40.88
V50.77
V60.74
V70.87
V80.79
V90.80
V100.80
V110.76
V120.92
V130.60
V140.78
V150.82
V160.75
V170.85
V180.78
V190.78
V200.76
V210.80
V220.86
V230.66
V240.61
V250.76
V260.90
V270.69
V280.75
V290.89
V300.74
V310.66
V320.80
V330.76
V340.83
V350.76
V360.78
V370.82
V380.80
V390.64
V400.81
DESAFIO 1.00
CONTROLE 1.00
COMPROMI 1.00
CONFIANC 1.00
Chi - Squar e=1727. 31, df =734, P- val ue=0. 00000, RMSEA=0. 057
0.39
0.46
0.46
0.34
0.48
0.51
0.36
0.46
0.45
0.44
0.49
0.29
0.63
0.47
0.43
0.50
0.39
0.47
0.47
0.49
0.45
0.38
0.58
0.62
0.49
0.32
0.56
0.50
0.33
0.51
0.58
0.44
0.49
0.42
0.49
0.47
0.42
0.45
0.60
0.43
0.72
1.01
0.660.83
0.91
0.69
Figura 10. Modelo 1 da análise fatorial confirmatória com 40 itens.
Para adaptar esse modelo inicial com o intuito de obter melhores índices de
ajuste, os itens que apresentaram menor carga fatorial (< 0,40) foram removidos do
modelo. Dessa forma, foram retirados os itens 1 (λ = 0,39); 4 (λ = 0,34); 7 (λ = 0,36); 12
(λ = 0,29), 22 (λ = 0,38); 26 (λ = 0,32); e 29 (λ = 0,33), gerando o Modelo 2, com
índices de ajuste χ2 = 1116,48; p < 0,000; RMSEA = 0,05; GFI = 0,99; AGFI = 0,99;
NFI = 0,66; NNFI = 0,75; CFI = 0,77; e χ2 / df = 2,28, restando 33 itens, conforme
apresentado na Figura 11 a seguir.
Modelo 2 com 33 itens
V20.82
V30.79
V50.78
V60.74
V80.79
V90.80
V100.81
V110.76
V130.64
V140.80
V150.82
V160.76
V170.85
V180.78
V190.81
V200.76
V210.81
V230.67
V240.61
V250.77
V270.69
V280.76
V300.75
V310.65
V320.79
V330.73
V340.83
V350.74
V360.79
V370.82
V380.80
V390.64
V400.82
DESAFIO 1.00
CONTROLE 1.00
COMPROMI 1.00
CONFIANC 1.00
Chi - Squar e=1116. 48, df =489, P- val ue=0. 00000, RMSEA=0. 056
0.42
0.46
0.47
0.51
0.45
0.44
0.44
0.49
0.60
0.44
0.42
0.49
0.39
0.47
0.44
0.49
0.43
0.57
0.63
0.48
0.56
0.49
0.50
0.59
0.46
0.52
0.42
0.51
0.46
0.42
0.45
0.60
0.43
0.72
1.03
0.700.79
0.91
0.69
Figura 11. Modelo 2 da análise fatorial confirmatória com 33 itens.
Como foram encontrados itens com resíduo alto, optou-se por retirar todos os
itens a seguir: 5 (λ = 0,44); 6 (λ = 0,48); 9 (λ = 0,46); 13 (λ = 0,46); 15 (λ = 0,43); 16 (λ
= 0,50); 18 (λ = 0,44); 20 (λ = 0,49); 21 (λ = 0,45); 23 (λ = 0,48); 25 (λ = 0,47); 27 (λ =
0,46); 30 (λ = 0,50); 31 (λ = 0,47); 33 (λ = 0,49); 34 (λ = 0,48); 35 (λ = 0,47); 36 (λ =
0,47); 37 (λ = 0,44); e 40 (λ = 0,43), restando um total de 13 itens, o que gerou o
Modelo 3 (Figura 12).
Modelo 3 com 13 itens
V20.59
V30.75
V80.73
V100.55
V110.53
V140.60
V170.72
V190.64
V240.54
V280.75
V320.74
V380.68
V390.53
d 1.00
ct 1.00
cf 1.00
cp 1.00
Chi - Squar e=103. 79, df =60, P- val ue=0. 00039, RMSEA=0. 071
0.64
0.50
0.52
0.67
0.68
0.64
0.53
0.60
0.68
0.50
0.51
0.56
0.68
0.25
0.55
0.650.81
0.68
0.68
Figura 12. Análise fatorial confirmatória da Escala de Robustez Mental do Modelo de 13 itens.
Os índices do Modelo 3 considerados satisfatórios foram: χ2 = 103,79; p < 0,000;
RMSEA = 0,07; GFI = 0,98; AGFI = 0,97; NFI = 0,91; NNFI = 0,95; CFI = 0,96; χ2 / df
= 1,73. Portanto, esse modelo passou a ser a versão final da Escala de Robustez Mental
(RME-A) (ver Apêndice 2, “Versão final da Escala RME-A”).
4.2 Consistência interna, validade convergente e discriminante
Quanto à consistência interna, as cargas fatoriais apresentaram valores dentro do
recomendado ( 0,50), mostrando boa validade convergente, conforme a Tabela 5 a
seguir.
Tabela 5 – Itens da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros
adultos e carga fatorial de cada item
Itens RME - A Carga Fatorial
2. Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente
durante as competições. 0,64
3. Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus
objetivos traçados. 0,50
8. Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for necessário para meu
esporte. 0,52
10. Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar. 0,67
11. Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos
desafios. 0,68
14. Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar
para treinar o melhor possível. 0,64
17. Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas metas. 0,53
19. Eu consigo me manter focado, independentemente do tipo de treino. 0,60
24. Eu confio nas minhas capacidades como atleta. 0,68
28. Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e
rapidamente recuperar minha atenção. 0,50
32. Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor. 0,51
38. Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico. 0,56
39. Tenho confiança de que consigo me sair bem com as situações difíceis
do meu esporte. 0,68
Os valores de t referentes ao modelo final de 13 itens apresentaram resultados
satisfatórios (> 1,96) e estão descritos na Tabela 6, a seguir.
Tabela 6 – Média (M), Desvio Padrão (DP) e valor de t para cada item da versão
final da Escala de Robustez Mental
Itens RME-A M DP Mínimo Máximo t
2 5,50 1,51 1 7 98,53
3 6,34 1,24 1 7 148,06
8 6,12 1,25 1 7 86,25
10 5,86 1,50 1 7 81,97
11 6,00 1,34 1 7 87,13
14 5,44 1,52 1 7 97,01
17 5,88 1,36 1 7 212,94
19 5,58 1,41 1 7 96,83
24 6,03 1,32 1 7 85,94
28 5,36 1,54 1 7 158,66
32 6,08 1,23 1 7 251,27
38 5,46 1,67 1 7 102,29
39 5,62 1,52 1 7 95,17
A variância média extraída (VME), também utilizada como indicador de
validade convergente, apresentou valores parcialmente aceitáveis para as variáveis
desafio (0,40), controle (0,39) e confiança (0,41). A comparação entre a VME e a
correlação quadrática de cada dimensão é apresentada na Tabela 7.
Tabela 7 – Comparação entre a variância media extraída e a correlação ao
quadrado de cada fator
Desafio Controle Confiança Compromisso
Desafio 0,40*
Controle 0,06** 0,39*
Confiança 0,30** 0,42** 0,41*
Compromisso 0,65** 0,46** 0,46** 0,26*
*Variância média extraída; ** Correlação ao quadrado.
Em relação a confiabilidade composta os resultados apontam para índices
satisfatórios em todas as dimensões: desafio (0,66), controle (0,66), confiança (0,68) e
compromisso (0,58).
Os itens validados para cada dimensão são apresentados a seguir nas figuras 13 a
16.
Itens finais da dimensão Controle
Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente durante as
competições.
Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar para
treinar o melhor possível.
Eu consigo me manter focado, independentemente do tipo de treino.
Figura 13. Itens finais da dimensão psicológica “Controle”.
Itens finais da dimensão Compromisso
Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus objetivos
traçados.
Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for necessário para meu esporte.
Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e rapidamente
recuperar minha atenção.
Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor.
Figura 14. Itens finais da dimensão psicológica “Compromisso”.
Itens finais da dimensão Desafio
Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar.
Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos desafios.
Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas metas.
Figura 15. Itens finais da dimensão psicológica “Desafio”.
Itens finais da dimensão Confiança
Eu confio nas minhas capacidades como atleta.
Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico.
Tenho confiança que consigo me sair bem com as situações difíceis do meu
esporte.
Figura 16. Itens finais da dimensão psicológica “Confiança”.
4.3 Análise de convergência entre a Escala RME-A com a Escala de
Resiliência
Ao analisar a correlação entre as dimensões 4 C’s (controle, compromisso,
desafio e confiança) e a pontuação total da Escala RME-A e da Escala de Resiliência,
pode-se observar que existe uma correlação significativa (p<0,05), porém essa
correlação é fraca, conforme apresentado na Tabela 8.
Tabela 8 – Coeficientes de correlação de Spearman para
correlações selecionadas
Correlações r p
Controle X Total Resiliência 0,23 0,000
Compromisso X Total Resiliência 0,26 0,000
Desafio X Total Resiliência 0,21 0,000
Confiança X Total Resiliência 0,20 0,000
Total RME-A X Total Resiliência 0,32 0,000
Nível de significância < 0,01
CAPÍTULO V
DISCUSSÃO
O objetivo do presente estudo foi elaborar e verificar as propriedades
psicométricas da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas brasileiros adultos e
analisar a convergência entre essa escala e a Escala de Resiliência. Entender o construto
e suas dimensões se torna essencial na medida em que ele tem sido relacionado por
pesquisadores com o desempenho esportivo (Gucciardi & Gordon, 2013; Clough &
Strycharczk, 2012; Cowden, 2016; Rosado et al., 2013).
Nos dados analisados, constatou-se que uma solução de 13 itens apresenta
valores de ajustamento global considerados ajustados, apesar dos índices de validade
convergente e discriminante de algumas das dimensões da escala não estarem de acordo
com o recomendado, pois os valores mais próximos são referentes às dimensões
controle, desafio e confiança. Já a dimensão compromisso carece de validade
convergente suficiente. Quanto à validade discriminante, verificou-se um valor frágil
para a dimensão compromisso, uma vez que a VME não é superior ao quadrado das
correlações múltiplas entre as demais dimensões, o que seria de esperar para garantir
essa discriminação.
Apesar da fragilidade na capacidade de avaliação da dimensão compromisso, os
resultados evidenciam um ajustamento global do modelo para medir as dimensões
controle, desafio e confiança de Robustez Mental no esporte. A falta de ajustamento
aconselha, no entanto, novos estudos, que permitam aumentar quer a validade
convergente (para a dimensão compromisso), quer a validade discriminante (para as
dimensões confiança, controle e compromisso).
No que se refere às cargas fatoriais (≥ 0,50) e aos valores de t (≥ 1,96), os
resultados apontam boa validade convergente, uma vez que todos os itens obtiveram
resultados acima dos recomendados pela literatura.
Na ausência de um instrumento “padrão-ouro”, é possível testar a validade
convergente por meio da correlação das pontuações do instrumento focal com os escores
de outro instrumento que avalie um construto similar. Altas correlações entre uma nova
escala e uma escala que mede fatores similares são forte evidência de que o novo
instrumento também mede o mesmo construto que o outro instrumento. De acordo com
a correlação da escala de RME-A e a Escala de Resiliência, os resultados apontam para
correlações significativas, no entanto, baixas (dimensão controle r = 0,23; compromisso
r = 0,26; desafio r = 0,21; confiança r = 0,20) e total RME-A r = 0,32, pois r = 0,40
foram consideradas correlações baixas; r = 0,59, correlações médias; e r ≥ 0,60,
correlações altas (Brosius, 2009).
De uma maneira geral, os resultados apontam que a Escala RME-A está
positivamente relacionada com a Escala de Resiliência, sendo essa associação uma
prova de validade da Escala RME-A, corroborando com os estudos de Gucciardi e
Jones, (2012) e Geber et al. (2013b) que apontam correlação entre a Robustez Mental e a
Resiliência.
Já em relação aos índices globais de ajuste (RMSEA, GFI, AFGI, NFI, NNFI e
CFI) testados para o modelo de quatro dimensões, todos atingiram os níveis
recomendados (Hair Jr. et al., 2009; Byrne, 2010), o que confirma o modelo e indica
uma boa dimensionalidade da escala.
Sendo assim, os resultados encontrados na análise fatorial confirmatória mostram
a adequabilidade da escala com o modelo dos 4C’s (controle, compromisso, desafio e
confiança) proposto por Clough et al. (2002) para o construto Robustez Mental.
Durante as análises de AFC para a obtenção de níveis de ajuste global
considerados aceitáveis, foram excluídos 27 itens do modelo inicial. A retirada de tantos
itens é um processo comum durante a validação de escalas. Gucciardi e Gordon (2009),
por exemplo, no desenvolvimento de uma escala de Robustez Mental para jogadores de
críquete, obtiveram resultados aceitáveis de AFC; no entanto, para obter esses índices
aceitáveis, 35 itens foram excluídos da escala inicial, que consistia em 50 itens gerados
por meio de pesquisas qualitativas e elaborados por especialistas. A escala final
elaborada por Gucciardi e Gordon (2008) ficou com 15 itens.
Com relação aos itens “Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos,
principalmente durante as competições”; “Mesmo quando estou desanimado e
entediado, eu consigo me energizar para treinar o melhor possível” e, “Eu consigo me
manter focado, independente do tipo de treino”, pode-se notar que os três itens
correspondem com a literatura, que aponta que, controle significa ter senso de
autoestima e descreve até que ponto uma pessoa se sente no controle de sua vida e das
circunstâncias. Além disso, é importante descrever até que ponto elas podem controlar
suas emoções. Uma pessoa mentalmente robusta, com alto controle, geralmente apenas
“seguirá em frente”, independentemente de como se sente, e trabalhará em situações
emocionalmente difíceis, sem parecer distraída ou desmotivada (Gucciardi & Gordon,
2013). Conforme Crust e Swann (2011), controle é a sua autoestima, o propósito de sua
vida e seu senso de controle sobre suas emoções, sentindo que está no controle de sua
vida e que pode fazer a diferença e mudar as coisas. Se você está no controle, você tem
uma boa noção de quem você é e do que você defende e está “confortável em sua
própria pele”. Você é mais capaz de controlar suas emoções, o que significa que é capaz
de manter suas ansiedades sob controle e é menos provável que seja distraído pelas
emoções dos outros ou que revele seu estado emocional a outras pessoas. Por outro lado,
se você estiver do outro lado da escala, com pouco controle, sentirá que os eventos
acontecem com você e estão fora de seu controle ou influência pessoal (Crust & Swann,
2011).
Os itens validados para a dimensão compromisso “Eu sei que meu esforço
aumentará as chances de alcançar os meus objetivos traçados”; “Estou disposto a fazer
certos sacrifícios, se isto for necessário para meu esporte”; “Eu posso claramente
perceber quando não estou concentrado e rapidamente recuperar minha atenção” e
“Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor” se referem à orientação do
indivíduo em busca do objetivo e à aderência. Descreve a medida em que alguém está
preparado para definir metas que, uma vez estabelecidas, irá trabalhar duro para alcançá-
las (Clough & Strycharczk, 2012). São indivíduos capazes de estabelecer rotinas e
hábitos que os permitem ser bem sucedidos. Por outro lado, baixas pontuações na
dimensão compromisso significa pouco comprometimento, sujeitos com dificuldade em
definir metas e priorizá-las. Também podem achar difícil se concentrar, adotar rotinas ou
hábitos para atingir seus objetivos (Gerber et al., 2013a).
Segundo Cowden (2016), desafio é a medida em que o indivíduo vai enfrentar
seus limites, lidar com as mudanças e aceitar riscos. Diz respeito também sobre como o
sujeito percebe seus resultados, tanto os bons quanto os ruins. Para o autor, pessoas com
uma pontuação alta nessa dimensão veem os desafios, a mudança e a adversidade como
oportunidades em vez de ameaças, e aproveitarão a oportunidade de aprender e crescer
com a nova situação. Por outro lado, pessoas com baixa pontuação para desafio tendem
a ver a mudança como uma ameaça e, assim, evitar situações novas e desafiadoras por
medo de falhar ou não desejar despender o que acha que será um esforço desperdiçado.
Os itens “Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar”; “Eu gosto de
competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos desafios” e “Quando atinjo meus
objetivos, eu traço novas metas”, validados para esta dimensão estão relacionados com a
definição acima citada.
Já em relação à dimensão confiança, os itens “Eu confio nas minhas capacidades
como atleta”; “Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico” e
“Tenho confiança que consigo me sair bem com as situações difíceis do meu esporte”,
estão de acordo com a definição de Clough e Strycharczk (2012), que apontam que um
indivíduo mentalmente robusto deve possuir uma autoconfiança inabalável, uma certa
“arrogância” (que o permita acreditar que pode alcançar tudo o que se quer), confiança
de que pode ultrapassar qualquer obstáculo. Corroborando com os autores Weinberg et
al. (2016), sugerem que a confiança descreve aquele indivíduo que acredita em suas
próprias habilidades e na confiança interpessoal que possuem para influenciar os outros
e lidar com conflitos e desafios. Quando confrontados com um desafio, pessoas
mentalmente robusta, com alta pontuação na dimensão confiança, possuirão a
autoconfiança para lidar com a situação e uma força interior para defender sua posição
quando necessário. Sua confiança permite que elas representem sua visão com ousadia e
se sintam à vontade para lidar com objeções.
CAPÍTULO VI
CONCLUSÃO
Nas últimas duas décadas, os pesquisadores se tornaram cada vez mais
interessados em como fatores psicológicos como personalidade, dinâmica de grupo e
cognições individuais afetam o desempenho esportivo. O termo Robustez Mental tem
estado na literatura da Psicologia do Esporte há quase 30 anos, mas a pesquisa e o
desenvolvimento de instrumentos de análise se destacaram apenas nos últimos dez anos
(Gucciardi & Gordon, 2013).
O pesquisadores Bull et al. 2005; Clough et al. 2002; Cowden et al. 2016; Golby
et al. 2007; Gucciardi & Gordon, 2013; Gucciardi & Jones, 2012; Middleton et al. 2004;
Rosado et al. 2013 têm investigado o construto Robustez Mental a partir de diferentes
perspectivas, iniciando pela questão fundamental: o que é Robustez Mental? (Jones,
2002). Esforços mais recentes buscaram explorar o construto em um nível mais
profundo, através de exames conceituais, de desenvolvimento e psicométricos. Sendo
assim, o objetivo deste estudo foi elaborar e verificar as propriedades psicométricas da
Escala de Robustez Mental para o esporte em atletas brasileiros adultos por meio da
validação confirmatória, convergente e discriminante, bem como verificar a correlação
da Escala RME-A com a Escala de Resiliência.
Com relação a adequabilidade da escala, de uma maneira geral, os resultados do
presente estudo evidenciam uma estrutura para a Escala de Robustez Mental no esporte
para atletas brasileiros adultos de acordo com o modelo teórico dos 4C’s, proposto por
Clough et al. (2002), uma vez que os resultados encontrados na análise fatorial
confirmatória apontam para uma boa qualidade de ajuste da estrutura do modelo.
Com relação aos dados analisados no presente estudo, chegou-se a um modelo
final com 13 itens que apresentaram valores de ajustamento global e consistência interna
considerados aceitáveis. No entanto, aspectos da validade convergente e discriminante
entre algumas das dimensões da escala (confiança, desafio e comprometimento)
apresentaram resultados considerados frágeis, porém tais resultados são esperados, uma
vez que o construto RM é multidimensional e as dimensões se inter-relacionam (Clough
et al., 2002).
Os resultados também apontam boa validade convergente entre a Escala RME-A
e a Escala de Resiliência na medida em que foram encontradas correlações positivas
entre as escalas, corroborando com estudos anteriores (Rosado et al., 2013; Gucciardi &
Gordon, 2013; Nicholls et al., 2008).
No entanto, de acordo com Gucciardi & Gordon (2013), o processo de validação
ecológica (validação externa) de um instrumento psicométrico pode durar anos e, às
vezes, décadas, e não pode ser finalizado em somente um estudo. Ou seja, embora as
análises preliminares de confiabilidade e validade envolvidas neste estudo tenham
mostrado boa validade, a validação de construto é considerada um processo contínuo
(Marsh, 2007). Por isso é importante que as escalas sejam continuamente avaliadas
quanto à sua integridade psicométrica. Sendo assim, torna-se necessário o
acompanhamento longitudinal do desempenho psicométrico desta escala na população
de atletas brasileiros.
Com relação às recomendações gerais, sugere-se que futuras investigações
continuem a examinar a validade da Escala RME-A, assim como uma replicação do
estudo com outras amostras e com uma amostra maior deverão ser realizadas para
confirmar a estabilidade da estrutura fatorial encontrada.
Concluindo, pode-se afirmar que, de posse dessa escala, novas pesquisas poderão
ser desenvolvidas em estudos longitudinais, associando a RM com o desempenho
esportivo e valências físicas e, estudos da relação da RM entre diferentes modalidades,
idades, sexo e com o tempo de experiência dos atletas.
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APÊNDICE 1 – Escala de Robustez Mental no Esporte – Versão 1 com 40 itens
ESCALA DE ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE - ADULTO
Abaixo estão afirmações que refletem as crenças que os atletas têm quando participam de esportes. Leia cada
uma delas e, em seguida, selecione um número de 1 a 7 que indique o quanto você concorda ou discorda das
afirmações. Não há respostas certas ou erradas. Fique atento se você respondeu a todas as questões.
1) Discordo Totalmente 2) Discordo Moderadamente 3) Discordo Ligeiramente 4) Não concordo e nem
discordo 5) Concordo Ligeiramente 6) Concordo Moderadamente 7) Concordo Totalmente
1 Eu fico inspirado e competitivo em situações difíceis.
2 Eu consigo trocar pensamentos negativos por positivos, principalmente durante as competições.
3 Eu sei que meu esforço aumentará as chances de alcançar os meus objetivos traçados.
4 Eu consigo controlar minhas emoções durante as competições, mesmo em momentos difíceis.
5 Consigo me manter confiante, mesmo quando cometo erros bobos.
6 Eu me sinto confiante no meu esporte.
7 Mantenho a confiança, independentemente do modo como as coisas estejam ocorrendo durante a
competição.
8 Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for necessário para meu esporte.
9 O meu desempenho, depende do meu esforço pessoal.
10 Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a melhorar.
11 Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que enfrentar muitos desafios.
12 Eu consigo me manter animado, independentemente do tipo de treino.
13 Eu acredito em mim mesmo como atleta, principalmente nos momentos difíceis.
14 Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu consigo me energizar para treinar o melhor
possível.
15 Eu consigo dar o máximo do meu talento e habilidade como atleta.
16 Sinto-me confiante de que vou competir bem.
17 Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas metas.
18 Penso sempre de maneira positiva e confiante.
19 Eu consigo me manter focado, independentemente do tipo de treino.
20 Faço tudo que posso para ter um bom desempenho.
21 Quando eu vejo que estou errando, fico mais focado.
22 Eu posso transformar situações ruins em oportunidades de vencer.
23 Competir, me traz realmente uma sensação de satisfação.
24 Eu confio nas minhas capacidades como atleta.
25 Independentemente dos resultados que eu obtive nas competições, eu me dedico 100% ao esporte.
26 Eu sou meu próprio "motor". Isto significa que eu não preciso ser "empurrado" para competir ou
treinar forte.
27 Eu me esforço 100% durante uma competição, em quaisquer circunstâncias.
28 Eu posso claramente perceber quando não estou concentrado e rapidamente recuperar minha
atenção.
29 Eu treino com muita intensidade, dou 100% sempre, porque quero melhorar.
30 Eu sou um atleta que tem autoconfiança.
31 Eu imagino situações que podem ocorrer numa competição e como posso resolvê-las.
32 Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo melhor.
33 Cometo menos erros quando estou confiante, porque me concentro melhor.
34 Prefiro treinos desafiadores, mesmo que tenha que me esforçar mais para isso.
35 As adversidades no esporte são desafios a serem superados.
36 Eu sei que possuo habilidades que podem me ajudar a lidar com os desafios do esporte.
37 As metas que eu tracei para mim enquanto atleta, fazem com que eu treine muito.
38 Quanto mais pressão existe na competição, mais confiante eu fico.
39 Tenho confiança de que consigo me sair bem, com as situações difíceis do meu esporte.
40 Vivenciar situações negativas no esporte, me desafiam cada vez mais.
APÊNDICE 2 – Versão final da Escala de Robustez Mental no esporte para atletas
brasileiros adultos (RME-A)
NOME: MODALIDADE:
IDADE: DATA:
ESCALA DE ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE - ADULTO
Abaixo, estão afirmações que refletem as crenças que os atletas têm quando participam de esportes.
Leia cada uma delas e, em seguida, selecione um número de 1 a 7 que indique o quanto você
concorda ou discorda das afirmações. Não há respostas certas ou erradas. Fique atento se você
respondeu a todas as questões.
Dis
cord
o T
ota
lmen
te
Dis
cord
o M
od
era
dam
ente
Dis
cord
o L
igei
ram
ente
Não c
on
cord
o e
nem
dis
cord
o
Con
cord
o L
igei
ram
ente
Con
cord
o M
od
era
da
men
te
Con
cord
o T
ota
lmen
te
1 Eu consigo me manter focado, independentemente
do tipo de treino.
2 Eu gosto de competir, mesmo quando tenho que
enfrentar muitos desafios
3 Gosto de grandes desafios, porque eles me forçam a
melhorar.
4 Mesmo quando estou desanimado e entediado, eu
consigo me energizar para treinar o melhor
possível.
5 Eu confio nas minhas capacidades como atleta.
6 Eu posso claramente perceber quando não estou
concentrado e rapidamente recuperar minha
atenção.
7 Quanto mais pressão existe na competição, mais
confiante eu fico.
8 Quando atinjo meus objetivos, eu traço novas
metas.
9 Estou disposto a fazer certos sacrifícios, se isto for
necessário para meu esporte.
10 Eu consigo trocar pensamentos negativos por
positivos, principalmente durante as competições.
11 Quando me esforço nos treinos, geralmente jogo
melhor.
12 Tenho confiança de que consigo me sair bem, com
as situações difíceis do meu esporte.
13 Eu sei que meu esforço aumentará as chances de
alcançar os meus objetivos traçados.
ANEXO 1 – Escala de Resiliência
Escala de Resiliência
Por favor, indique, conforme a escala abaixo, o quanto está de acordo com as afirmações:
Dis
cord
o t
ota
lmen
te
Dis
cord
o
Não
sei
Conco
rdo
Conco
rdo t
ota
lmen
te
1. Eu costumo dar a volta por cima rapidamente depois de
situações difíceis. 1 2 3 4 5
2. Eu tenho dificuldade de passar por situações estressantes. 1 2 3 4 5
3. Eu me recupero rápido de uma situação estressante. 1 2 3 4 5
4. É difícil para eu reagir quando alguma coisa ruim
acontece. 1 2 3 4 5
5. Geralmente, eu passo pelas dificuldades sem grandes
problemas. 1 2 3 4 5
6. Eu costumo demorar bastante tempo para me recuperar
dos contratempos da minha vida. 1 2 3 4 5
ANEXO 2 – Ficha de Dados Demográficos
FICHA DE DADOS DEMOGRÁFICOS
Modalidade: ___________________________ Categoria:_____________________________ Prova:
______________________
Nº dias de treinamento na semana: _______
Nº horas diárias de treino: __________
Tempo de prática nesse esporte: ___________________________________________
Deseja receber os resultados referentes à sua participação no estudo?
SIM □
NÃO□
EMAIL:______________________________________________________________
Data atual: ___ / ___ / ___
Nome: ________________________________________________________________ Idade: _____
Sexo:__________________
Estado civil: Solteiro(a) □ Casado(a) □ Divorciado(a) □ Viúvo(a) □
Nível de escolaridade: Ensino fundamental□ Ensino médio□ Ensino superior□
Pós-Graduação□
ANEXO 3 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa
ANEXO 4 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TÍTULO DA PESQUISA: PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA ESCALA DE
ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE PARA ATLETAS BRASILEIROS
ADULTOS (RME-A)
Eu, _________________________________________________________________,
data de nascimento: _____/_____/_________, documento de identidade
tipo:__________________________ n° ______________________________,
endereço:_______________________________________________________________
telefone:__________________________ e-mail:________________________________
abaixo assinado, dou meu consentimento livre e esclarecido para participar como
voluntário da pesquisa PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS DA ESCALA DE
ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE PARA ATLETAS BRASILEIROS
ADULTOS (RME-A), sob responsabilidade da pesquisadora Mariana de Freitas
Corrêa, sob orientação da Profa. Dra. Maria Regina Ferreira Brandão, da Instituição de
Ensino Universidade São Judas Tadeu, Grupo de Estudos em Psicologia do Esporte –
CNPq.
Assinando este Termo de Consentimento, estou ciente de que:
1. Essas informações estão sendo fornecidas para minha participação voluntária neste estudo, que
visa pesquisar o desenvolvimento do construto Robustez Mental em atletas.
2. Irei responder a escala com a finalidade de se obter dados sobre diversos aspectos psicológicos
durante os momentos de treinamento e competição. O preenchimento destes instrumentos terá
duração de 20 (vinte) minutos em média.
3. A pesquisadora se compromete a utilizar os dados obtidos pelos testes somente para pesquisa.
4. O procedimento para este estudo apresenta risco mínimo de constrangimento pelo teor das
perguntas mas, caso eu não me sinta à vontade, poderei interromper a qualquer momento minha
participação na pesquisa e retornar se tiver interesse. Estou ciente também que, em casos de
maiores incômodos com minha participação no estudo, posso procurar atendimento psicológico
gratuito na clínica de psicologia da Universidade São Judas Tadeu.
5. As informações obtidas serão tratadas de forma confidencial e não haverá a identificação de
nenhum dos participantes.
6. Tenho direito de ser mantido atualizado sobre os resultados parciais das pesquisas, quando em
estudos abertos, ou de resultados que sejam do conhecimento da pesquisadora.
7. Os resultados gerais obtidos por meio da pesquisa serão utilizados apenas para alcançar os
objetivos do estudo exposto acima, incluída sua ampla publicação na literatura científica
especializada.
8. Não há despesas pessoais para mim em qualquer fase do estudo. Também não há compensação
financeira relacionada à minha participação. Toda e qualquer despesa será de responsabilidade
da pesquisadora.
9. Em qualquer etapa do estudo, terei acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para
esclarecimento de eventuais dúvidas, sendo eles: Mariana de Freitas Corrêa e Profa. Dra. Maria
Regina Ferreira Brandão, no endereço: Rua Taquari, 546 - Mooca - São Paulo/SP (Universidade
São Judas Tadeu).
10. Poderei contatar o comitê de ética em pesquisa da Universidade São Judas Tadeu para apresentar
recursos ou reclamações em relação à pesquisa através do telefone (11) 2799-1946.
Ficaram claros para mim quais são os propósitos do estudo, os procedimentos a serem
realizados, seus desconfortos e riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos
permanentes.
Acredito ter sido suficientemente informado a respeito das informações que li ou que
foram lidas para mim, descrevendo o estudo: PROPRIEDADES PSICOMÉTRICAS
DA ESCALA DE ROBUSTEZ MENTAL NO ESPORTE PARA ATLETAS
BRASILEIROS ADULTOS (RME-A).
Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar o meu
consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem penalidades ou
prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter adquirido, ou no meu
atendimento neste serviço.
Este termo de consentimento é feito em duas vias, sendo que uma permanecerá em meu
poder e a outra com a pesquisadora. Ambas as vias têm todas as páginas rubricadas pelos
pesquisadores e por mim.
__________________________________
Assinatura do voluntário Data ____/ ____/ ________
(Somente para o responsável do projeto)
Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste
participante para a participação neste estudo.
_________________________________________
Assinatura do responsável pelo estudo Data ____/ ____/ _____
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