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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE HUMANIDADES
CURSO DE PSICOLOGIA
OBSERVAÇÃO DE COMPORTAMENTOS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA PRÁTICA DO HIPISMO:
UMA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
CÍNTIA FIGUEIRÊDO DE NORÕES BRITO
FORTALEZA, JULHO, 2006
OBSERVAÇÃO DE COMPORTAMENTOS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA PRÁTICA DO HIPISMO:
UMA PERSPECTIVA DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO
CÍNTIA FIGUEIRÊDO DE NORÕES BRITO Orientador: JOÃO ILO COELHO BARBOSA Monografia apresentada ao Curso de Psicologia como requisito para a aprovação na disciplina Monografia em Psicologia
FORTALEZA – CE
2006
Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Psicologia,
como parte dos requisitos necessários à aprovação na disciplina Monografia em
Psicologia e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida
Universidade.
A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita
de acordo com as normas de ética científica.
Média
___________________________________________ ________
Cíntia Figueiredo de Norões Brito
Nota
___________________________________________ ________
João Ilo Coelho Barbosa
Prof. Orientador
Nota
___________________________________________ ________
Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu
Membro da Banca Examinadora
Nota
___________________________________________ ________
Ângela Araripe Pinheiro
Membro da Banca Examinadora
Monografia aprovada no dia 7 de Agosto de 2006.
Á Escola de Equitação Christus, que possibilitou, incentivou e acreditou.
"Na arte eqüestre, nunca se acaba de aprender."
(C. Hanins)
AGRADECIMENTOS
Na vida, sonhamos com algumas conquistas. Traçamos objetivos para
conseguir alcançá-las. Pensamos em estratégias e nos melhores caminhos para
chegar onde queremos. No momento considerado ideal, agimos no intuito de obter
o sucesso. Se tudo der certo, conseguimos a vitória. Ao longo desse percurso,
encontramos quem nos conforte, quem nos incentive, quem diga que estamos
errados, quem afirme que iremos conseguir. São a essas pessoas que dedico este
trabalho. Pessoas que acreditaram e que fizeram com que o “medo do novo” se
transformasse num obstáculo superável. Um obstáculo que exigiu cautela,
organização, planejamento e execução. Mas que, quando superado, proporcionou
um sentimento de satisfação e gratificação.
Ao meu orientador, João Ilo, pela confiança, paciência, aprendizagem e
exemplo.
Ao Mário Zanotelli pelo incentivo, dedicação, força, coragem e
reconhecimento.
Ao Hatila Farias pelas contribuições, incentivos, idéias, amizade e carinho.
À Daniely Tatmatsu pela aprendizagem, apoio e suporte.
À Mariana Pinheiro pelos equipamentos, apoio e carinho.
Aos meus irmãos pela compreensão, contribuição e amor.
Ao meu pai e minha mãe pelo amor, dedicação, revisão e participação.
À Escola de Equitação Christus pela oportunidade, acolhimento e
reconhecimento.
À Universidade Federal do Ceará pela aprendizagem, oportunidade e
enriquecimento.
Agradeço, principalmente por acreditarem. Foi esse sentimento que, muitas
vezes, me deu força para continuar sonhando e realizando. Obrigada.
APRESENTAÇÃO
A presente pesquisa constitui um estudo realizado como parte dos
requisitos para aprovação na disciplina de Monografia do curso de Psicologia da
Universidade Federal do Ceará.
A monografia consiste num trabalho que faz parte de uma seqüência de
estudos nos quais a pesquisadora esteve envolvida. Dentre eles, destaca-se uma
pesquisa e um estágio envolvendo o tema da prática do hipismo.
O tema dos estudos surgiu em decorrência de uma observação realizada
na instituição onde foi feita a coleta de dados. É bastante comum ouvir nos relatos
de professores e pais de alunos, que seus filhos estão mais autoconfiantes,
aumentaram os vínculos sociais, estão mais obedientes, mais decididos, com uma
melhor auto-estima e mais equilibrados. Além disso, praticantes jovens e adultos
confirmam a idéia acima e descrevem mudanças em seus próprios
comportamentos que corroboram com as afirmações citadas.
Primeiramente, a pesquisadora realizou, juntamente com um grupo de
alunos, uma pesquisa sobre a influência do hipismo nos comportamentos de
habilidades sociais de seus praticantes.
A pesquisadora estagiou na escola de equitação na qual foi realizada a
presente pesquisa. Durante o desenvolvimento do programa, foram realizados
exercícios de equitação, além de atividades individualmente programadas para
favorecer a lateralidade, equilíbrio, estimulação visual, atenção, concentração,
socialização, tolerância à frustração, autocontrole, habilidade em lidar com
situações aversivas e com as emoções, capacidade de se expor a situações
novas, capacidade de demonstrar afeto e expressar sentimentos positivos,
capacidade de seguir regras e desenvolvimento de comportamentos de resolução
de problemas.
Durante a realização desta pesquisa foram encontradas inúmeras
dificuldades, como por exemplo, dificuldades relativas à bibliografia especializada.
É extremamente reduzida a quantidade de trabalhos científicos que envolvem a
problemática da equitação e as ciências psicológicas.
A classe comportamental “resolução de problemas” será estudada dentro
do contexto do hipismo a luz da análise do comportamento. Acredita-se que a
análise funcional, como unidade de trabalho, permite uma visão bastante
abrangente e contextualizada do comportamento do indivíduo. Esta é uma
abordagem que possibilita o estudo das mudanças comportamentais ocorridas na
prática do hipismo segundo um rigor científico, o que permite explicar mais
consistentemente os detalhes da constituição e do controle do comportamento.
A presente pesquisa torna-se relevante diante da escassez de estudos
científicos que abordam a prática esportiva, especialmente o hipismo, sobre o
enfoque da análise do comportamento e em particular na perspectiva do conceito
de resolução de problemas. Dessa forma, tal pesquisa visa contribuir para a
produção de conhecimento na área em estudo, assim como para o
aperfeiçoamento de estratégias de ensino da prática do esporte.
Ressalta-se também a importância do desenvolvimento de comportamento
de resolução de problemas na sociedade capitalista atual. Acredita-se que essa
classe comportamental está sendo exigida, cada vez mais, dos indivíduos-
membros da sociedade. Esses comportamentos supervalorizados culturalmente
são cobrados em diversos âmbitos da vida dos sujeitos, como nos campos sociais
e naqueles relativos ao trabalho.
PREFÁCIO
Falar sobre o trabalho de final de curso da acadêmica Cíntia Figueiredo, é,
de alguma forma, participar do nascimento de uma teoria sobre a influência que a
prática do hipismo traz ao indivíduo.
Nosso esporte carece de informações teóricas sobre seus benefícios, e
esta monografia vem dar suporte ao que se observa no dia à dia dos picadeiros.
Hoje, já se sabe do aumento de comportamentos de resolução de
problemas, como também da influência nas habilidades sociais que o hipismo
proporciona ao indivíduo. O primeiro conceito que se deve reter deste trabalho é o
de que ele é o veículo, o suporte de uma informação, o ponta pé inicial para a
realização de outros estudos na área.
As páginas que se seguem não surgiram de um pensar desvinculado da
realidade, mas, ao contrário, constituem a síntese da reflexão ou do registro de
atividades esportivas que a autora desejou partilhar com outras pessoas que
militam na área do esporte, mais precisamente com aqueles que têm a difícil
tarefa de ensinar a jovens cavaleiros a arte da equitação.
Da experiência da autora como amazona há mais de cinco anos, e também
como aluna do Curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará, são
extraídos valorosos ensinamentos que irão contribuir para o aprimoramento de
técnicas na prática do hipismo.
Em síntese: é uma obra útil e pioneira por sua percepção inovadora e por
seu mérito interdisciplinar, que promoveu o casamento entre a psicologia e o
hipismo, saindo do exclusivismo acadêmico e inserindo-se na realidade das pistas
de competição.
A Universidade Federal do Ceará, ao publicar esta monografia, oferece uma
importante contribuição para a difusão da cultura e para a inovação das práticas
esportivas.
Hatila Farias.
Cavaleiro e Instrutor de Equitação.
RESUMO
A presente pesquisa teve como principal objetivo, investigar respostas de resolução de problemas em situação de hipismo a partir do referencial da análise do comportamento. Para a análise do comportamento, respostas de resolução de problemas envolvem manipulações de variáveis que aumentam a probabilidade da emissão de uma resposta-solução. Foram definidas e estudadas, a partir da literatura especializada e de observações, as seguintes respostas de resolução de problemas na situação de hipismo, denominadas pela literatura especializada como “ajudas”: usar o chicote, usar a perna, mandar beijo e usar a rédea. A ocorrência desses comportamentos foi registrada e avaliada com um intervalo de dois meses, sendo a primeira coleta de dados realizada em menos de um mês de do início da prática esportiva. Fizeram parte da amostra, quatro crianças de ambos os sexos, que estavam em uma turma para iniciantes na prática de hipismo. Para a análise dos dados coletados, as respostas de resolução de problemas no contexto em estudo foram quantificadas, organizadas em gráficos e discutidas sob o enfoque dos conceitos da Análise do Comportamento. Como resultado, verificou-se que as contingências relacionadas ao hipismo, as quais os sujeitos pesquisados estiveram submetidos, proporcionaram condições para o aumento da freqüência e a manutenção dos comportamentos de resolução de problemas nas situações investigadas.
Palavras-chave: comportamento de resolução de problema, hipismo, análise do comportamento.
Fortaleza, 27 de março de 2007
À Associação Brasileira de Ensino de Psicologia Prêmio Silvia Lane
Senhor(a) coordenador(a),
Conforme solicitação do regulamento do Prêmio Silvia Lane, indico a esta coordenação o trabalho de conclusão de curso da aluna Cíntia Figueiredo de Norões Brito, do qual fui orientador durante os períodos letivos de 2006.1 e 2006.2.
O trabalho realizado pode ser considerado relevante, uma vez que contribuiu para uma abordagem comportamental de aspectos presentes na equitação, abordando um tema ainda pouco explorado no meio acadêmico.
Atenciosamente,
João Ilo Coelho Barbosa Prof. Dr. Departamento de Psicologia da UFC
SUMÁRIO
DEDICATÓRIA.......................................................................................................... i EPÍGRAFE............................................................................................................... ii AGRADECIMENTOS.............................................................................................. iii APRESENTAÇÃO................................................................................................... iv PREFÁCIO.............................................................................................................. vi RESUMO................................................................................................................ vii SUMÁRIO.............................................................................................................. viii LISTA DE FIGURAS............................................................................................... ix 1 - A PRÁTICA DO HIPISMO.................................................................................10 2 - COMPORTAMENTOS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS............................17 3 - RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA PRÁTICA DO HIPISMO..........................29 4- OBJETIVOS........................................................................................................35 4.1 - Objetivo Geral......................................................................................35 4.2 - Objetivos Específicos...........................................................................35 5 - METODOLOGIA................................................................................................36 5.1 - Sujeitos................................................................................................36 5.2 - Ambiente..............................................................................................36 5.3 – Instrumentos........................................................................................36 5.4 - Procedimentos e Análise dos Dados...................................................36 6 - ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO...........................................................38 7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................55 APENDICES...........................................................................................................57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................................59 ANEXOS.................................................................................................................62
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Proporções de respostas de resolução de problemas em relação ao
total de contingências problema na situação 1.......................................................39
FIGURA 2 - Proporções de respostas de resolução de problemas em relação ao
total de contingências problema na situação 2. .....................................................41
FIGURA 3 - Proporções de respostas de resolução de problemas em relação ao
total de contingências problema em diferentes situações de hipismo....................43
FIGURA 4 - Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar o chicote”
em relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes
situações de hipismo. ............................................................................................45
FIGURA 5 – Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar a perna” em
relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes situações
de hipismo...............................................................................................................46
FIGURA 6 - Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar o beijo” em
relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes situações
de hipismo...............................................................................................................48
FIGURA 7 - Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar a rédea’ em
relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes situações
de hipismo...............................................................................................................50
FIGURA 8 – Proporções de respostas específicas de resolução de problemas em
relação ao total de comportamentos de resolução de problemas em diferentes
situações de hipismo...............................................................................................51
1 - A PRÁTICA DO HIPISMO
O hipismo consiste numa modalidade eqüestre que envolve saltos sobre
obstáculos. Durante uma competição, cavalo e cavaleiro devem terminar um
percurso que compreende obstáculos de madeira situados em um picadeiro
(MICLKEM, 2003). O objetivo é saltar na seqüência projetada e sem cometer
faltas, que são acumuladas ao longo da apresentação. É considerada falta,
quando qualquer parte da vara do obstáculo toca o chão, quando o cavalo refuga,
quando o cavaleiro cai ou quando ocorre erro na seqüência saltos do percurso
(FEDERAÇÃO EQÜESTRE INTERNACIONAL, 2006).
O esporte teve início na Inglaterra a partir de uma atividade eqüestre
conhecida como caça às raposas. Durante esse momento de interação social, os
conjuntos formados por cavaleiros e cavalos perseguiam animais em campos
naturais e saltavam os obstáculos (pedras, riachos, troncos de árvores, cercas e
outros) encontrados no caminho.
A partir da segunda metade do século XIX, os ingleses criaram uma
modalidade esportiva semelhante à prática realizada durante as famosas “caça à
raposa”. Assim, foram construídos picadeiros com obstáculos que reproduziam
aqueles encontrados no ambiente natural. Atualmente, o hipismo continua sendo
praticado dessa forma, tendo sido modificadas, apenas, algumas regras
relacionadas ao esporte.
Com as transformações ocorridas na história, o esporte também foi
sofrendo mudanças. Técnicas foram desenvolvidas, regras foram aperfeiçoadas,
categorias foram criadas e os obstáculos foram se adaptando às características
dos praticantes. O caráter esportivo foi, aos poucos, se moldando às
necessidades que surgiam e tomando a forma do hipismo que conhecemos hoje.
Em 1900, em Paris, o hipismo passou a fazer parte das Olimpíadas. Porém,
inicialmente, somente militares de alta patente poderiam participar das
competições. A partir das Olimpíadas de Helsinque, em 1952, as mulheres, civis e
militares de baixa patente passaram a ter permissão para participar das provas.
Hoje, o hipismo é o único esporte nas Olimpíadas em que homens e mulheres
disputam entre si.
Em relação às regras, estas sofrem variações de acordo com a modalidade.
De um modo geral, a prova de salto avalia a qualidade da equitação do cavaleiro,
assim como o cavalo, no que se refere à potência, a habilidade e a obediência do
mesmo.
No Brasil, o hipismo se desenvolveu a partir da fundação da primeira escola
de equitação no país, a Escola de Equitação São Cristóvão, fundada em 1865.
Somente em 1941, quando foi organizada a Confederação Brasileira de Hipismo,
os civis passaram a participar de competições.
Atualmente, o hipismo é um esporte de grande prestígio no mundo inteiro e
vem conquistando o seu espaço através do esforço dos profissionais envolvidos
direta e indiretamente com a equitação, assim como o empenho e dedicação dos
praticantes.
O hipismo possibilita o contato com características específicas da prática
deste esporte, como as regras que perpassam a prática da equitação, a disciplina
necessária, os sentimentos envolvidos nas atividades, além da estimulante
relação com um animal sedutor, imponente e dócil como o cavalo.
Resgatando um pouco da história das atividades eqüestres, depara-se com
grande quantidade de documentos que destacam diferentes áreas nas quais o
cavalo foi utilizado, como: trabalho, transporte, mitologia, crenças, guerras,
fabricação de soros e vacinas, lazer e esporte.
Estes documentos históricos ressaltam, além dos seus benefícios físicos,
os benefícios relacionados aos aspectos chamados psicológicos,
comportamentais, psíquicos ou mentais que são proporcionados aos praticantes
de equitação.
Desde as antigas eras, 4 séculos antes de Cristo, andar a cavalo já era prescrito como benéfico à saúde física e mental, por Hipócrates, o patrono da medicina. Desde então os princípios de equitação básica têm servido cada vez mais, para promoção da saúde e da educação. O cavalo (..) é utilizado no mundo inteiro, como um excelente mediador terapêutico, aplicado em terapia, em inúmeras Universidades brasileiras e
internacionais (SEVERO, Disponível em: <http://www.josetorquato.med.br/pgbrasil.htm>. Acesso em: 20 de maio 2004)1.
Galeno (130-199 d.C.), consolidador e divulgador dos conhecimentos da medicina ocidental, como médico particular do Imperador Marco Aurélio, recomendou a pratica da equitação como forma de fazer com que ele imperasse com mais rapidez, visto que era um pouco lento nas suas decisões. (LERMONTOV, 2004, p.42).
As atividades eqüestres são frequentemente citadas como propiciadoras de
benefícios para os praticantes. Assim, Freire (1999) afirma: “Montar a cavalo,
desde o início da história da humanidade teve um sentido educativo, pedagógico,
terapêutico e recreativo, favorecendo o cavaleiro física e psicologicamente” (p.25).
No jornal Diário do Nordeste do dia 18 de Junho de 2006, Benevides (2006)
ressalta os benefícios que a prática esportiva com os animais proporciona para a
criança. A publicação discute acerca de um trabalho que envolve exercícios de
equitação, pedagogia e fisioterapia realizado na Escola de Equitação Christus. O
texto afirma que “(...) as aulas de hipismo contribuem para a educação,
desenvolvimento psicomotor, mental e social dos praticantes” (p.16). O trabalho é
realizado com crianças a partir de dois anos de idade e, destaca-se que, através
do controle que a criança adquire das rédeas, ao longo da prática de equitação,
“(...) o aluno já toma iniciativa e decisões sobre o animal” (p.16).
A experiência de uma aluna que participa do projeto acima descrito retrata a
influência do esporte sobre os comportamentos do praticante. G.B.C., uma criança
do sexo feminino com quase três anos de idade, iniciou as atividades de equitação
por recomendação da psicóloga da escola, que afirmou que seria benéfico para G.
a prática de uma atividade com animais. A reportagem ressalta: “No pouco tempo
de aula, G. já teve seu comportamento modificado, segundo a mãe. ‘Ela implica
menos com minha filha mais nova, relaciona-se melhor na escola e até comigo e
com o pai’, comenta”. (Idem, 2006, p.16).
1 SEVERO, J.T. Disponível em: <http://www.josetorquato.med.br/pgbrasil.htm>. Acesso em: 20 de maio 2004.
São também relacionados aos cavalos, elementos não físicos, muitas vezes
referentes à força de deuses, espíritos ou outras entidades religiosas. Haskin
(1974) faz uma relação entre a atividade eqüestre e os benefícios para o espírito.
“Nos dias de Esculápio deus grego da medicina, pacientes que não estava
‘curados’ eram levados para montar a cavalo para animar seus espíritos” 2 (p.
473).
Porém, para a análise do comportamento, teoria embasadora desta
pesquisa, o objeto de estudo é o comportamento dos sujeitos, levando-se em
consideração as variáveis que influenciam neste. Estudos como o de Gavarini,
apontam o cavalo como uma variável que influencia na modificação de
comportamentos. O cavalo, além de sua função cinesioteráptica, produz importante participação no aspecto psíquico, uma vez que o indivíduo usa o animal para desenvolver e modificar atitudes e comportamentos (GAVARINI apud FREIRE, 1999, p.32).
Roberts, Bradberry e Williams (2004), professores da Universidade de
Brenau, em Gainesville, nos Estados Unidos, publicaram um artigo sobre uma
experiência num centro de equitação chamado Happy Horse Farm (HHF).
Observaram que as visitas que as crianças fizeram à fazenda, onde foram
ensinadas habilidades da equitação e cuidados com o cavalo, funcionaram como
um veículo para o aumento da auto-estima e para a aprendizagem do auto-
controle.
Os autores questionam ainda por que os cavalos, em particular, são
utilizados em trabalhos relacionados à saúde mental. Sobre o assunto, afirmam
que estes estabelecem relações singulares com os humanos. Ressaltam que tais
animais, por serem presas, não fazendo parte da categoria de predadores,
precisam ser extremamente sensíveis ao ambiente para que seja garantida a sua
sobrevivência. O artigo estende a habilidade discutida para a relação com seres
humanos ao mencionar que os cavalos possuem a capacidade de ‘ler’ os
sentimentos e intenções das pessoas, mesmo que estas tentem escondê-las. 2 In the days of Aesculapius, the Greek god of medicine, patients who were not “healed” were given a horseback ride to cheer their spirits.
Assim, segundo o autor, os eqüinos possuem a capacidade de responder ao
‘estado interior’ daqueles com os quais estabelecem uma relação. (Ibidem).
McCormick (apud ROBERTS; BRADBERRY; WILLIAMS 2004), ressalta
que “Cavalos são maravilhosos em discernir o humor das pessoas (...). Cavalos
parecem saber o que as pessoas realmente precisam” 3 (p. 33).
Dentro de uma visão da análise do comportamento, a sensibilidade que o
cavalo possui pode ser descrita como uma grande capacidade de discriminação
ambiental. Assim, baseando-se na teoria da evolução de Darwin, na qual também
se baseia a análise do comportamento, tal capacidade de discriminação
apresenta-se como uma característica selecionada ao longo da evolução da
espécie. A aptidão em discussão, originada por uma mutação genética, foi
selecionada e transmitida hereditariamente através dos genes por apresentar
vantagens para a espécie, como, por exemplo, a discriminação de ameaças à
sobrevivência e a conseqüente fuga ou ataque aos estímulos ameaçadores
discriminados.
A sensibilidade dos cavalos, ou a grande capacidade de discriminação,
parece estar relacionada com os benefícios comportamentais que a equitação
proporciona para os praticantes. “Por que os cavalos são tão sensitivos aos
aspectos interiores dos equitadores, as crianças reconhecem seus sentimentos e
aprendem a lidar com eles” 4 (Ibidem, p.33). McCormick (Ibidem) acrescenta:
“Quando nós vemos nosso próprio comportamento refletido de volta para nós,
adquirimos consciência (...), cavalos nos dão um biofeedback vivo por que eles
demonstram externamente nossos processos interiores” 5 (p.33). O autor compara
a experiência ao lado dos cavalos com um grande espelho que promove a
consciência, refletindo os comportamentos de indivíduos que mantém contato com
os mesmos (MCCORMICK, 1997 apud VIDRINE, 2002).
As modificações comportamentais decorrentes de atividades que se
utilizam do cavalo são citadas freqüentemente:
3 Horses are wonderful at discerning people’s moods (...) Horses seem to know what people really need. 4 Because horses are so sensitive to the internal thoughts of their riders, the children must own their feelings and learn to deal with them. 5 When we see our own behavior reflected back to us, we gain consciousness (...) in essence, horses give us living biofeedback because they show externally our inner processes.
Os McCormicks propuseram que ‘a Experiência Eqüestre, tanto através da equitação como simplesmente assistindo ao movimento, arrasta-nos para o terreno dos sentimentos (...) nós nos tornamos mais receptivos às novas idéias e comportamentos’ “6 (Ibidem, p.591).
Em 1991, os estudos de Tedeschi tratam da utilização do cavalo em
serviços de psicoterapia individual e de grupo para crianças e adolescentes que
necessitam de mudanças em relação aos comportamentos e no que se refere à
motivação (Ibidem).
Há um grande número de centros de tratamento psicoterapêutico que se
utilizam do cavalo nos Estados Unidos. Nessas instituições, ocorre a prática da
Equine-facilitated Psychotherapy (EFP), que se refere à inclusão do cavalo em
sessões de psicoterapia. Destaca-se o Horse Time, um centro localizado perto de
Atlanta, na Geórgia, que foi fundado e mantido por dois profissionais da área da
psicologia e da psiquiatria, onde se realizam sessões individuais, de grupo e
familiares.
Porém, assim como em outras áreas relativas às atividades eqüestres,
ainda é bastante restrita a quantidade de estudos científicos acerca do tema. A
situação abaixo constatada por Vidrine (Ibidem) é comum a inúmeros campos que
envolvem a equitação.
Estudos quantitativos sobre equine-facilitated psychoterapy na língua inglesa é praticamente inexistente. A maior parte de publicações no assunto são estudos de casos, documentos anedóticos, construções pobres e sem controle, em línguas não-inglesas, ou traduções desorganizadas (Ibidem, p.591)7.
Diante da realidade acima discutida, na pesquisa bibliográfica não foram
identificados estudos que envolvessem os temas da prática do hipismo e dos
comportamentos de resolução de problemas. Porém, pesquisas escassas que 6 The McCormicks propose that ‘the Equine Experience, either through riding or simply watching the movement, sweeps us into a realm of feeling (...) we become far more receptive to new ideas and behaviors’. 7 Quantitative studies on equine-facilitated psychotherapy in the English language are almost nonexistent. Most publications on the subject are case studies, anecdotal data, uncontrolled or poorly constructed, in a non-English language, or awkwardly translated.
trabalham as atividades eqüestres e mudanças comportamentais podem ser
citadas.
Em 1994, Cawley, Cawley e Retter estudaram a relação entre cavaleiros
de equitação terapêutica e o conceito de si em 29 adolescentes com necessidades
educacionais especiais, utilizando-se de uma linha de pesquisa pré and posttest
design. Como resultado, constatou-se um crescimento estatisticamente relevante
no que se refere ao comportamento grupal – behavior cluster da Piers Harris
Children’s Self-Concept Scale -, indicando que os participantes perceberam uma
melhora no seu comportamento (Ibidem).
Krawetz e DePrekel (1993) realizaram uma pesquisa com 46 crianças do
sexo feminino que possuíam problemas emocionais e comportamentais e
cursavam os níveis escolares 5th e 6th do sistema escolar americano. Através do
estudo dos efeitos da equitação terapêutica em crianças, observou-se que houve
um aumento estaticamente significativo no que se refere à aprovação social, às
amizades próximas e à valorização global de si mesmo, tendo como referência
The Harter’s Self-Perception Profile (Ibidem).
Um terceiro estudo, realizado por Emory em 1992, analisou em 20
adolescentes do sexo masculino e com dificuldades no relacionamento social, o
efeito da equitação terapêutica nos sujeitos da pesquisa. Como resultado,
concluiu, também com relevantes dados estatísticos, uma melhora no conceito de
si, obtida com êxito através da investigação que se utilizou dos seguintes
instrumentos: Achenbach Child Behavior Checklist and Teacher Report Form and
The Piers-Harris Self-Concept Scale (Ibidem).
Observa-se que, no que se refere a registros que remetem a datas
anteriores ao nascimento de Cristo até os dias atuais, a literatura tem apresentado
a equitação como uma atividade relacionada ao bem estar físico e psicológico.
Assim, o tema tem sido estudado por diferentes campos do conhecimento, apesar
de consistir numa área, ainda, pouco explorada cientificamente.
2 - COMPORTAMENTOS DE RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Dentre os comportamentos que a literatura indica estarem relacionados à
equitação, destacam-se aqueles que fazem referência à autoconfiança. Não
raramente, encontram-se estudos que sugerem que tal atividade propicia
contingências que promovem o desenvolvimento de comportamentos ligados à
categoria denominada autoconfiança.
De acordo com Pegado (2000), os benefícios relacionados à autoconfiança
apresentam-se como uma das principais conseqüências da prática de exercícios
que se utilizam do cavalo, no que se refere às mudanças comportamentais dos
praticantes. Para a autora, “(...) o ato de cavalgar estimula e desafia, levando a um
aumento de autoconfiança, de autocontrole e a auto-estima” (p.9).
Na análise do comportamento, autoconfiança, autocontrole e auto-estima
são compreendidos como uma categoria comportamental. Destas categorias,
fazem parte inúmeros comportamentos. Por exemplo: Pode-se dizer que alguém
que tem autoconfiança é uma pessoa que se percebe como portador de um
repertório adequado para desenvolver uma determinada atividade com sucesso
(estímulo reforçador como conseqüência), uma pessoa que frequentemente se
avalia de forma positiva, ou uma pessoa que, diante de uma situação aversiva,
continua a emitir comportamentos de enfrentamento e superação. Dessa forma,
observa-se que se comete um erro quando se trabalha com categorias como se
fossem termos definidos per si.
O filósofo Gilberto Ryle (1900-1976) trabalhou com este tema, considerando
tais erros como erros de categoria, ressaltando que nestes, ocorre um erro lógico.
Suponha que nosso jogo agora seja nomear comportamentos inteligentes. Os jogadores sugerem fazer conta, jogar xadrez, projetar uma casa, fazer uma coreografia, e assim por diante. Então alguém sugere inteligência. Isso pareceria errado de acordo com a perspectiva de Ryle (...). Inteligência é o rótulo à qual pertencem comportamentos de fazer conta, jogar xadrez, projetar uma casa e fazer uma coreografia. Esses comportamentos são todos exemplos de inteligência. O erro é tratar o rótulo como se fosse um caso da categoria (BAUM, 1999, p. 54-5).
Skinner (1974; 1953) utiliza-se do termo “mentalismo” para criticar
conhecimentos que se propõem a ter um caráter científico e que fazem uso de
explicações que, na verdade, não consistem nas verdadeiras causas de um
determinado evento estudado. Afirma que, nestes casos, há o emprego de
explicações que remetem a eventos internos, os quais são considerados, pela
análise do comportamento, como conseqüências e não como causas do
comportamento.
O hábito de buscar dentro do organismo uma explicação do comportamento tende a obscurecer as variáveis que estão ao alcance de uma análise científica. Estas variáveis estão fora do organismo, em seu ambiente imediato e em sua história ambiental (Idem, 1953, p. 41-2).
(...) os eventos que se localizam no interior de um sistema tendem a ser difíceis de observar. Por esta razão é fácil conferir-lhes propriedades sem justificação. Pior ainda, é possível inventar-se causa desta espécie sem medo de contradição (Ibidem, p. 38).
De acordo com a idéia acima, a análise do comportamento propõe-se a
estudar o comportamento e as variáveis que influenciam neste. Para isto, evita a
utilização de idéias mentalistas, como no caso de termos como autoconfiança.
Além da grande quantidade de comportamentos que compreendem uma
palavra que representa uma categoria, os termos autoconfiança e auto-estima
possuem um caráter impreciso. Pretende-se ressaltar que a comunidade verbal
descreve esses termos de formas diferentes, ou seja, o significado de
autoconfiança para a pesquisadora do tema, não, necessariamente é o mesmo
significado para o leitor x, y ou z. Tais classes comportamentais são discriminadas
de formas diferentes, variando de acordo com as experiências culturais e histórias
de vida dos indivíduos.
Diante da problemática acima descrita, optou-se por trabalhar com um
comportamento específico. Buscou-se, então, uma definição comportamental para
o termo autoconfiança, visto que, a partir de uma observação participante,
concluiu-se que os praticantes de hipismo discriminam tal categoria
comportamental como uma variável que se modifica em função da prática do
hipismo. Guilhardi (2002) enumera alguns comportamentos que fazem parte da
classe comportamental autoconfiança:
A criança que emitiu comportamentos e foi reforçada aprende a tomar iniciativas, a resolver problemas, a persistir diante de tentativas fracassadas até alcançar o sucesso, torna-se independente dos outros (...) e desenvolve sentimentos de segurança, satisfação, coragem etc (p.16).
Sobre o indivíduo que não possui autoconfiança, acrescenta:
A criança que foi impedida de emitir comportamentos fica privada de reforços positivos, apresenta déficits de comportamentos motores e verbais, não aprende a tomar iniciativas, nem a solucionar problemas, desiste, facilmente, diante do insucesso, torna-se dependente dos outros e desenvolve sentimentos de medo, ansiedade, insegurança, fobias etc. (Ibidem, p.16).
Diante da definição de autoconfiança de Guilhardi e de observações de
situações de aulas de equitação, optou-se por investigar comportamentos de
resolução de problemas, relacionando-os com a situação de aula de hipismo, visto
que consistem em comportamentos de fácil observação e quantificação.
A temática da resolução de problemas possui uma longa história de
dedicação de estudos, porém, apenas recentemente, o assunto tem sido tratado
dentro da área clínica e dos transtornos comportamentais.
Ao longo dessa trajetória, o tema foi abordado a partir de modelos
descritivos e prescritivos ou normativos de solução de problemas (NEZU, 1996).
Somente a partir das décadas de 50 e 60, passou-se a aplicar o treino de
resolução de problemas como uma intervenção clínica nas diversas patologias.
Considera-se importante a definição de termos como problema e solução. O
primeiro é definido como uma circunstância na qual falta uma resposta capaz de
produzir alguma condição que será reforçadora (SKINNER, 1974). Nezu (1996)
ressalta: “Um problema é um tipo particular de relação pessoa-ambiente que
reflete um desequilíbrio ou uma discrepância percebidos entre as demandas e a
disponibilidade de uma resposta adaptativa” (p.473), enfatizando, assim, a relação
sujeito-ambiente que caracteriza a situação problemática.
Uma solução é definida como “qualquer resposta de afrontamento
destinada a mudar a natureza da situação problemática, as próprias reações
emocionais negativas ou ambas” (NEZU, 1987 apud NEZU, 1996, p.473).
Para a análise do comportamento, o comportamento de resolução de
problemas consiste numa resposta operante como outra qualquer, no sentido de
ser modelada e mantida por conseqüências reforçadoras. Um indivíduo que pensa
a solução de um problema com alta freqüência, teve seu comportamento
modelado e mantido por uma longa história de reforço anterior, assim como
qualquer outro comportamento operante (SKINNER, 1969; BAUM, 1999;
FIGUEIREDO; BORLOTI, 2005).
Skinner (1969) ressalta que “Resolver um problema é um evento
comportamental. Os vários tipos de atividades que promovem o aparecer de uma
solução são formas de comportamento” (p. 279).
Pode-se dizer que os indivíduos que foram modelados a resolver problemas
e a emitir tais comportamentos com alta freqüência, tornam-se pessoas
solucionadoras de problemas, visto que aprenderam a modificar o ambiente,
visando, como conseqüência, uma solução.
Compreendido como um comportamento operante, “a resolução de
problemas pode ser afetada pelos eventos antecedentes e pelas conseqüências”
(CATANIA, 1999, p. 367).
O behaviorismo radical compreende a resolução de problemas como um
processo no qual o indivíduo, além de não possuir no seu repertório
comportamental a resposta capaz de produzir um determinado reforço, manipula
as variáveis ambientais no sentido de encontrar tal resposta, a solução.
Skinner (1974), sobre o comportamento de resolução de problemas, afirma
que “uma pessoa tem um problema quando lhe falta uma resposta capaz de
produzir alguma condição que será reforçadora. Ela solucionará o problema
quando emitir tal resposta” (p. 98).
A solução de problemas é definida por Skinner (1953) como “(...) qualquer
comportamento que, através da manipulação de variáveis, torne mais provável o
aparecimento de uma solução” (p. 239). Segundo Nico (2001), “(...) na solução de
problemas, o indivíduo não é capaz de identificar qual a resposta que produz um
determinado reforçador; portanto, identifica o reforço, mas não a resposta” (p. 69).
A resolução de problemas é compreendida como um comportamento no
qual o indivíduo discrimina a situação problema, o reforço e, após a manipulação
de variáveis ambientais, emite uma resposta-solução. O termo “(...) implica,
portando, na produção de variação de respostas para que seja aumentada a
probabilidade de uma delas ser reforçada pela conseqüência; ou seja, pela
solução do problema” (FIGUEIREDO; BORLOTI, 2005, p. 212).
Como foi dito anteriormente, os comportamentos de resolução de
problemas são modelados e mantidos pelas conseqüências reforçadoras como
qualquer outro comportamento operante. A aquisição dos mesmos pode ocorrer
de duas formas; através das contingências ambientais ou através do
comportamento verbal, ou seja, por meio das regras e instruções.
Os comportamentos são adquiridos de forma manifesta, ou seja,
observável, porém, pode vir a ocorrer um processo de emissão de
comportamentos de resolução de problemas ao nível encoberto, por exemplo:
pensar.
Na situação de hipismo, pode-se citar um exemplo da idéia descrita acima:
supõe-se que o aluno galopa contra o obstáculo e, durante o exercício, realiza
movimentos de balançar o corpo. O professor diz para o aluno ficar quieto e não
balançar o corpo. Após algumas tentativas sem sucesso, o praticante passa a
pensar na regra emitida pelo professor enquanto galopa em direção ao salto.
Assim, ao realizar o exercício, repete, encobertamente, as instruções aprendidas:
“fica quieto, fica quieto, fica quieto”. O processo de resolução de problemas
descrito inicia-se com um problema (balançar o corpo), seguido de um
comportamento de resolução no qual ocorre manipulação das variáveis ambientais
(pensar) que visa uma solução reforçadora (ficar parado durante o exercício).
Sobre a ocorrência de comportamentos de resolução de problemas ao nível
encoberto, Skinner (1904) afirma: “Os repertórios de resolução de problemas,
tanto verbais como não-verbais, podem retroceder para o nível encoberto, onde a
análise se torna difícil, mas são ensinados no nível descoberto” (p.126). Em 1974,
o autor acrescenta:
Quer a solução de problemas surja simplesmente de contingências, ou de instruções fornecidas por outrem, é adquirida de forma manifesta (com a possível exceção de uma estratégia aprendida em nível encoberto a partir de conseqüências privadas) e pode sempre ser transportada para o nível manifesto (SKINNER, 1974, p.99).
Porém, no presente estudo, serão observados comportamentos de
resolução de problemas que ocorrem abertamente, ou seja, comportamentos que
podem ser observados por sujeitos diferentes daqueles que se comportam. O
procedimento permite um maior rigor científico e a viabilidade de pesquisar o tema
segundo a análise do comportamento.
Nezu (1996) define as soluções eficazes. Para o autor, estas seriam
respostas de afrontamento que, além de conseguirem atingir um determinado
objetivo, aumentariam as apresentações de conseqüências positivas
(reforçadoras) e diminuiriam as apresentações de conseqüências negativas
(aversivas). Estas conseqüências que estão relacionadas com a resposta solução
envolvem elementos como as implicações a curto e a longo prazo, as implicações
para o indivíduo, assim como para a sociedade.
A adequação ou eficácia de qualquer solução potencial varia de pessoa para pessoa e de lugar para lugar, já que a eficácia percebida de uma determinada resposta de solução de problemas depende também dos próprios valores e objetivos das outras pessoas significativas (Ibidem, p. 473).
Um estudo aprofundado acerca dos comportamentos de resolução de
problemas permite que estes sejam subdivididos em etapas. Como foi definido
anteriormente, o processo ocorre a partir da apresentação de um problema,
seguindo-se de uma manipulação de variáveis que resulta numa solução. Segue-
se um esquema do procedimento acima descrito:
PROBLEMA MANIPULAR VARIÁVEIS SOLUÇÃO
Na situação de hipismo, pode-se citar um exemplo. Supõe-se que o
problema consiste numa situação em que o cavalo está galopando muito devagar
contra o obstáculo. Torna-se necessário acelerar o ritmo da andadura do animal
para que este salte o obstáculo com sucesso. O aluno manipula as variáveis, o
que pode ocorrer de forma pública ou privada, depois, emite uma resposta que
solucionará o problema, como usar o chicote na garupa do animal. Tal
comportamento resulta no aumento da velocidade do galope (reforço). É possível
estender essa cadeia a outros reforços como um salto avaliado com sucesso, o
elogio do professor, a aprovação dos amigos e familiares ou uma medalha.
Essa manipulação de variáveis é definida por Skinner (1969) como
comportamentos precorrentes, visto que ocorrem anteriormente à resposta de
solução. Em 1974, o autor ressalta que o comportamento de resolver problemas
consiste, não apenas em emitir uma resposta que seja uma solução, mas em dar
os passos necessários para tornar tal resposta mais provável, o que acontece a
partir da mudança do ambiente. Em 1904, explicita que;
Há muitas maneiras de mudar uma situação de modo que seja possível responder a ela mais eficazmente. Podemos sempre clarificar os estímulos, mudá-los, convertê-los em outras modalidades, isolá-los, tornar a programá-los para facilitar a comparação, agrupá-los e reagrupá-los, ‘organizá-los’, ou acrescentar outros estímulos (Idem, p.125)
Observa-se que há uma grande variedade de comportamentos
precorrentes. Segundo Baum (1999), podem ocorrer de forma privada ou pública
(refere-se ao acesso dos observadores), vocal ou não vocal (refere-se à emissão
de sons).
Embora os referidos comportamentos façam parte do processo de
resolução de problemas, não serão trabalhados durante a análise dos dados
devido a grande diversidade, particularidade, dificuldade de acesso, de
observação e de quantificação destes.
Assim, os comportamentos precorrentes são compreendidos pela análise
do comportamento como manipulações de variáveis, anteriores à solução, que
resultam numa maior probabilidade de emissão de uma resposta que terá como
conseqüência eventos reforçadores. Esses comportamentos “têm em comum a
propriedade de gerar estímulos discriminativos que alteram a probabilidade de
ações subseqüentes” (Ibidem, p,171).
Uma das funções do comportamento precorrente, consiste na possibilidade
de sistematizar o processo de resolução de problemas. Há uma diferenciação
entre uma variação de respostas sistemáticas e uma variação de respostas
aleatórias, assim como uma preferência cultural da primeira em detrimento da
segunda. Apesar de uma variação aleatória ser bastante útil em alguns casos, a
sistematicidade presente na resolução de problemas permite que as tentativas
envolvidas na solução sigam padrões que tenham sido utilizados e reforçados
anteriormente (Ibidem).
Um exemplo de comportamento precorrente é descrito a seguir: A pergunta ‘Quem é que está atrás de você?’ coloca um problema que, se o nome da pessoas for conhecido, é simplesmente resolvido ao se virar e olhar para trás. Virar-se e olhar são respostas precorrentes que geram um estímulo discriminativo requerido para a emissão de um nome particular (SKINNER, 1969, p.277).
Porém, quando o sujeito encontra a solução de um problema, não significa
que houve uma resolução do problema. Alguns autores diferenciam a solução de
problemas de por em prática a solução. Skinner (1953) ressalta que o
aparecimento de uma solução não necessariamente, resulta na resolução deste.
Essa perspectiva de compreensão do tema permite uma distinção entre os
conceitos de solução de problemas e de pôr em prática a solução.
O primeiro termo refere-se ao processo de encontrar uma resposta eficaz
no sentido de eliminar a situação problema, tendo, portanto uma conseqüência
reforçadora.
Porém, quando o sujeito encontra uma solução para o problema, não
implica, necessariamente, que ocorra a emissão de tal resposta. Assim, o termo
por em prática supõe a efetivação da solução.
Nezu (1996) une as idéias acima citas num único termo:
O termo ‘afrontamento de solução de problemas’ refere-se à combinação da solução de problemas com a execução do afrontamento, a respeito de um determinado problema. A prática de uma solução depende, não só da capacidade para a solução dos problemas, mas de outros fatores, incluindo as deficiências nas habilidades de execução, as inibições emocionais e os déficit em motivação (ou reforçamento) (p. 473).
Uma importante propriedade do processo de resolução de problemas é que
ele pode ser construído ou traduzido de forma verbal. Um exemplo deste
procedimento consiste nas regras, leis, ditos populares e provérbios. Todos estes
elementos possuem em comum a característica de especificarem contingências,
ou seja, descrevem situações particulares nas quais uma resposta pode ser
reforçada ou punida. Assim, servem como estímulos discriminativos para um
determinado comportamento.
Uma vantagem desse processo que pode ser citada consiste na capacidade
de transmissão do conhecimento. Através de regras que se encontram
disseminadas numa determinada cultura, auxiliam os membros que dela fazem
parte a resolverem seus problemas sem a necessidade do contato direto com as
contingências. Assim, pode-se falar que há uma economia de tempo e de custo de
resposta. Há uma preparação dos indivíduos para a resolução de problemas de
forma eficaz. “Os estímulos que um homem constrói ao resolver problemas podem
ser úteis a outras pessoas precisamente por que as variáveis manipuladas no
autocontrole são as que controlam o comportamento dos homens em geral”
(SKINNER, 1969, p. 275).
As idéias acima discutidas consistem no processo pelo qual ocorre a
resolução de problemas. Assim, um indivíduo pode chegar à emissão de uma
solução através de diferentes formas, como a modelagem ou as regras. Ambas as
formas de se adquirir um determinado comportamento podem fazer parte do
processo de resolução de problemas.
A resposta que satisfaz um conjunto completo de contingências, e assim resolve o problema, pode chegar aos resultados de modelagem direta através das contingências (possivelmente com
o auxílio de programação deliberada ou acidental), ou pode ser evocada por estímulos relacionados à contingência, construídos quer pelo próprio solucionador de problemas, quer por outros (Ibidem, p. 280).
A partir de estudos sobre o processo de resolução de problemas,
desenvolveu-se a terapia de solução de problemas, que é utilizada como uma
intervenção clínica. A primeira idéia que surgiu sobre o tema foi em 1971, quando
o artigo “Solução de problemas e modificação de comportamento”, que descrevia
um modelo prescritivo, foi publicado por D’Zurilla e Goldfried.
A elaboração do artigo foi considerada um marco inicial para o
desenvolvimento da terapia de solução de problemas, que tem sido aplicada,
como intervenção de tratamento, em uma ampla variedade de transtornos clínicos
e problemas subclínicos, incluindo a depressão, o stress, a ansiedade, a
agorafobia, a obesidade, os problemas conjugais, o alcoolismo, o dano cerebral, o
retardo mental, o fumar, a indecisão em escolher uma profissão e o fracasso
acadêmico. Destaca-se também a utilização do método em pacientes psiquiátricos
internos e em uma grande diversidade de transtornos infantis e da adolescência
(NEZU, 1996).
Uma observação da função dos comportamentos de resolução de
problemas na sociedade brasileira atual culmina numa reflexão acerca dos valores
e padrões comportamentais vivenciados pelos indivíduos membros. Discute-se
também o papel destas respostas para a cultura. Além disso, segundo Skinner
(1969), “Diz-se freqüentemente que a resolução de problemas produz
conhecimento” (p. 286).
Resolução de problemas é compreendida, pela análise do comportamento,
como um processo que envolve as seguintes etapas:
• PROBLEMA
• COMPORTAMENTOS PRECORRENTES
• SOLUÇÃO
• REFORÇADORES
Segue a descrição de cada um dos elementos do esquema:
PROBLEMA: Situação na qual o indivíduo discrimina o reforço, mas não é capaz
de emitir uma determinada resposta que tenha uma conseqüência reforçadora.
PRECORRENTES: Comportamentos públicos ou privados que consistem em
manipulações de variáveis ambientais. Tais comportamentos aumentam a
probabilidade de emissão de uma resposta específica, a solução.
SOLUÇÃO: Resposta resultante da manipulação de variáveis ambientais que,
quando emitida, modifica o ambiente de forma reforçadora, eliminando o
problema.
REFORÇADORES: São, neste caso, conseqüências de uma solução que
aumentam a probabilidade desta mesma resposta ser emitida novamente.
3 - RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS NA PRÁTICA DO HIPISMO
Considerando-se os comportamentos de resolução de problemas como
pertencentes a uma categoria mais ampla, denominada autoconfiança
(GUILHARDI, 2002), é possível estabelecer relações entre ambas as classes
comportamentais e o desempenho esportivo. “O desempenho melhora à medida
que o nível de confiança aumenta” (WEINBERG; GOULD, 2001, p. 313).
Weinberg e Gould (2001) afirmam que há uma relação entre a
autoconfiança em atletas e o desempenho destes. Para isso, definem
autoconfiança como o momento em que o atleta deseja realizar um determinado
comportamento e acredita que poderá realizá-lo com sucesso. Os autores relatam
alguns estudos (JONES; HARDY, 1990 apud WEINBERG; GOULD, 2001;
MAHONEY; AVENER, 1977 apud WEINBERG; GOULD, 2001) que comprovam
que atletas que desenvolvem a autoconfiança possuem um bom desempenho
durante a prática de um determinado esporte.
Jones e Hardy (1990) observaram, através de 63 entrevistas com os
melhores atletas de diversos esportes, que quase 90% dos sujeitos afirmou ter um
nível muito alto de autoconfiança. Os pesquisadores afirmam que os atletas de
elite possuem fortes crenças em si mesmos e em suas capacidades, ressaltando a
autoconfiança como um fator diferencial dos atletas bem sucedidos (Ibidem).
Mahoney e Avener (1977), ao realizarem entrevistas com a equipe norte-
americana de ginástica olímpica masculina de 1976, tiveram como objetivo avaliar
o nível de confiança dos atletas. Observou-se que os esportistas que expressaram
insegurança tiveram um pior desempenho do que aqueles que demonstraram uma
maior segurança. Dentre os finalistas, aqueles que tiveram as mais altas
expectativas de sucesso tiveram os melhores desempenhos (Ibidem).
Outros estudos (JONES; HATON; SWAIN, 1994 apud WEINBERG;
GOULD, 2001; MAHONEY; GABRIEL; PERKINS, 1987 apud WEINBERG;
GOULD, 2001) também identificaram autoconfiança como um fator diferencial no
que se refere à distinção entre atletas bem-sucedidos e aqueles que não se
enquadram em tal categoria. Para esses pesquisadores, a autoconfiança consiste
numa variável decisiva ao fazer referência ao desempenho do atleta.
Ressalta-se ainda o caráter momentâneo e instável da autoconfiança.
Ocorre um desenvolvimento da autoconfiança e manutenção da mesma
(WEINBERG; GOULD, 2001). Fala-se de alguém autoconfiante, quando o sujeito
emite comportamentos pertencentes à categoria autoconfiança. Caso contrário,
não poderá ser assim denominado.
Outra característica da categoria autoconfiança refere-se ao seu aspecto
dinâmico. Há uma influência mútua entre esta categoria e o desempenho do
atleta. Assim, ao mesmo tempo em que atletas que freqüentemente pensam
positivamente acerca de si possuem um bom desempenho esportivo, aqueles
esportistas que são reforçados na prática de um determinado esporte passam a
pensar que são capazes de ser reforçados após a emissão de um determinado
comportamento, ou seja, desenvolvem autoconfiança (Ibidem).
A relação acima descrita também é observada na prática do hipismo. Os
comportamentos de resolução de problemas, quando passam a ser emitidos,
resultam numa melhora do desempenho esportivo (MICLKEM, 2003).
Algumas dificuldades que podem ser encontrados no hipismo são aquelas
relacionadas ao ritmo do cavalo, à abordagem ao obstáculo, à obediência do
animal, à direção adequada e etc. Tais situações são resolvidas através de
determinados comportamentos pertencentes às chamadas ajudas, sendo elas; o
uso das pernas, das mãos, do peso do corpo do cavaleiro, do chicote, do afago,
da voz e da exploração das condições exteriores (EQUITAÇÃO OBJETIVO –
ANDADURAS E AJUDAS, 1984).
Cavaleiros comunicam-se com os cavalos utilizando sinais baseados no uso independente de suas vozes, pernas, mãos, pesos, e posições na sela. Esses sinais são conhecidos como ajudas. Quando o cavaleiro desenvolve o sentir – e está depois em harmonia com o cavalo – as ajudas serão utilizadas nos momentos certos (MICKLEM, 2003, p.118).
Os problemas encontrados são resolvidos através das ajudas, que
permitem ao cavaleiro “agir com as pernas para andar mais depressa, aumentar a
tensão das rédeas para diminuir a andadura e deslocar a mão para a direita ou
para a esquerda, conforme a direção que quer tomar” (MANUAL BÁSICO.
ENSINO DA EQUITAÇÃO, p.31).
A utilização das ajudas funciona como sinais que permitem uma
comunicação entre o cavaleiro e o cavalo.
A forma que você segura as rédeas e usa as suas pernas constituem as bases de como você se comunica com o seu cavalo através de sinais, ou ajudas. Aprender as ajudas básicas para pedir o seu cavalo para seguir, para, e mudar a direção (MICKLEM, 2003, p.24).
As ajudas são ensinadas aos jovens cavaleiros com o objetivo de fazer com
que sejam capazes de modificar o ambiente de forma favorável quando forem
encontradas dificuldades durante a prática esportiva. Assim, os praticantes
passam a emitir tais comportamentos para eliminar a situação problema e ter um
bom desempenho esportivo. “O período de aplicação [das ajudas] tem por fim
colocar progressivamente o aluno diante das dificuldades de governo que terá de
enfrentar (...) no salto” (MANUAL BÁSICO. ENSINO DA EQUITAÇÃO, p.31).
Pode-se, assim, considerar os comportamentos de ajuda na equitação
como comportamentos de resolução de problemas no contexto da prática do
hipismo.
Levando-se em consideração a possibilidade de observação e o nível de
equitação da amostra do estudo, serão observadas, nesta pesquisa, as seguintes
respostas: usar as pernas, usar as mãos, usar o chicote, e usar a voz.
As pernas, em todas as atividades eqüestres, são utilizadas com a função
de dar impulsão. “A produção e a conservação da impulsão constituem o papel
essencial das pernas” (EQUITAÇÃO OBJETIVO – ANDADURAS E AJUDAS,
1984, p.13).
A utilização das pernas é feita a partir de uma maior pressão destas sob o
cavalo, o que resulta numa maior impulsão ou no aumento da velocidade. É
importante que esta resposta determine, com a maior precisão possível, o grau de
impulsão que o cavaleiro deseja e que é necessário para a execução de um
determinado exercício (Ibidem).
O funcionamento das pernas como um mecanismo de impulsão, se deve ao
fato dos membros inferiores dos cavaleiros, quando posicionados corretamente,
encontrarem-se numa área sensível das laterais do cavalo. Assim, fala-se do uso
das pernas quando o praticante pressiona a perna sobre tal região, resultando
numa maior impulsão.
Caso o uso das pernas não seja realizado de forma correta, podem
acontecer conseqüências não desejadas pelo cavaleiro. Tanto uma pressão
insuficiente de pernas, como um excesso de ação impulsiva e de velocidade, pode
resultar em desobediências e em dificuldade de controle.
A ação impulsiva das pernas deve exercer-se sempre sob a forma de contatos breves com o corpo do cavalo. Qualquer prolongamento deste contato, qualquer apoio das pernas, com ou sem aumento de sua pressão, é desfavorável à produção ou ao aumento da impulsão (Ibidem, p.14).
As mãos são utilizadas para regular a velocidade e dar direção ao
movimento do conjunto cavalo-cavaleiro. Para que ocorra o efeito desejado, as
rédeas precisam estar ajustadas, resultando, assim, num contato das mãos do
cavaleiro com a boca do cavalo através dos arreios.
Sobre o funcionamento das rédeas, há uma influencia destas sobre a
direção e a velocidade, visto que estão atreladas a um freio que fica na boca do
cavalo, permitindo, assim, um contato com a boca do animal e um controle sobre o
mesmo.
A mão regula o rendimento em velocidade, a forma e a direção do gasto da energia impulsiva fornecida pelo cavalo. É por meio das posições que ele toma, sob influência das ações das mãos, que o cavalo é levado a conformar-se às indicações desta (Ibidem, p.18).
Há uma separação entre as rédeas direita e a esquerda. Cada uma delas
terá efeito sobre a respectiva direção. Assim, esses instrumentos são utilizados
para sinalizar ao cavalo a direção na qual o cavaleiro quer seguir.
Já a redução de velocidade, é feita a partir do movimento de puxar as duas
rédeas simultaneamente e com força semelhante, sendo também útil quando se
tem a intenção de parar o cavalo.
“A voz do homem tem muita influência sobre o cavalo (...) O ouvido do
cavalo é extremamente fino” (Ibidem, p.29). Assim, a voz, de forma geral, é
utilizada em atividades eqüestres e classificada como um dos elementos das
ajudas. É utilizada como um mecanismo que permite ao cavaleiro agir sobre a
condição do cavalo, fazendo com que o mesmo fique excitado ou calmo.
A voz consiste numa categoria bastante ampla e que pode ser utilizada, na
equitação, de diversas formas. Porém, neste trabalho, limitar-se-á ao estudo de
um comportamento específico que faz parte da classe de respostas de voz, “usar
o beijo”.
Quando o cavaleiro “usa o beijo”, ou seja, emite sons semelhante ao beijo,
o estímulo tem a função de impulsionar o cavalo ou aumentar a velocidade da
andadura do animal.
O uso da voz, como um mecanismo que gera impulsão, é bastante útil aos
praticantes visto que atinge o cavalo sem a necessidade de qualquer espécie de
toques. Assim, a impulsão é garantida, e são eliminadas reações do animal que
surgem, também, como conseqüência de qualquer forma de toque.
Além das pernas e do beijo, o chicote também é utilizado como mecanismo
de impulsão. O uso do chicote deve limitar-se ao seu efeito impulsivo.
Juntamente com a espora, o chicote é classificado pelos profissionais do
ramo da equitação como uma ajuda artificial, diferenciando-se das naturais (voz,
mão, perna, afago e posição do corpo) por utilizar-se de instrumentos além do
corpo do cavaleiro.
O instrumento é utilizado com um movimento rápido do pulso sobre a
espádua do cavalo ou com uma ação enérgica executada com o braço alongado
sobre a porção posterior do animal. Varia-se a intensidade do movimento e a área
afetada de acordo com o objetivo do cavaleiro, como impulsionar, aumentar a
velocidade, corrigir um erro e outros. “Permite, também, por meio de sua aplicação
em determinadas partes do corpo, aumentar a atividade de certos grupos de
músculos e, em conseqüência, modificar o jogo de conjunto do aparelho
locomotor” (Ibidem, p.12).
O hipismo, consistindo num esporte eqüestre que envolve saltos, exige um
direcionamento preciso, velocidade e impulsão para que sejam atingidos os
objetivos da prática esportiva. As ajudas possuem um papel fundamental nesse
processo.
Hipismo é não só uma ciência como também uma arte. As leis da ciência em compreender os centros de gravidade e ângulos de subida, e na capacidade de calcular distâncias (...). A arte está no estilo e talento que você possui para o desafio, assim como em desenvolver uma parceria com o seu cavalo que irá possibilitar você atingir o ápice do esporte (MICKLEM, 2003, p.186).
4 - OBJETIVOS
4.1 - Objetivo Geral:
- Identificar, quantificar e categorizar respostas de quatro crianças em duas aulas
de hipismo, a partir do referencial da análise do comportamento e, em particular,
dos conceitos relativos ao controle de estímulos e resolução de problemas.
4.2 - Objetivos específicos: - Fazer levantamento de respostas motoras e verbais emitidas por quatro crianças
em diferentes situações de hipismo (dois meses de intervalo).
- Quantificar e categorizar essas respostas a partir das seguintes categorias de
comportamentos de ajuda: usar o chicote, usar as pernas, usar as rédeas, e
mandar beijo.
- Descrever e analisar a situação de aula de acordo os princípios da análise do
comportamento, procurando relacionar condições específicas daquele contexto
ambiental com a presença de respostas específicas observadas no repertório dos
praticantes.
5 - METODOLOGIA
5.1 - Sujeitos:
A amostra da pesquisa foi composta por quatro crianças, selecionadas
aleatoriamente em meio aos alunos de uma mesma turma, sendo três delas do
sexo feminino e uma do sexo masculino. A faixa etária dessas crianças era de 9 a
12 anos, e todas tinham menos de 6 meses de prática de hipismo.
5.2 - Ambiente: O estudo foi realizado em uma escola particular de equitação, na cidade de
Fortaleza, que atende a mais de uma centena de adultos e crianças, a partir dos
dois anos de idade.
5.3 - Instrumentos: Durante a realização da pesquisa, utilizou-se os seguintes materiais:
- Uma filmadora e fitas de vídeos com o objetivo de registrar as aulas.
- Uma pista de hipismo onde ocorreu a prática do esporte.
-Componentes de equitação para as aulas (cavalo, sela, professores, capacete).
- Um computador para o registro dos dados e das análises.
- Um aparelho de TV e de DVD para a observação dos dados coletados.
5.4 – Procedimentos e análise dos dados:
Após a aprovação do projeto de pesquisa pelo comitê de ética, a
pesquisadora fez um contato, na própria instituição onde a pesquisa foi realizada,
com as crianças que possivelmente participariam da pesquisa e com os
responsáveis por estas. Neste contato, foram esclarecidos a procedência, os
objetivos e os procedimentos da pesquisa. As crianças e os responsáveis leram e
assinaram o termo de consentimento aprovado pelo comitê de ética em pesquisa,
contendo a permissão da utilização dos dados coletados para a elaboração e
divulgação da pesquisa.
Para a determinação dos comportamentos que seriam analisados, foi
realizada uma observação de uma aula de hipismo, onde também foram testados
os instrumentos e a metodologia utilizada. Esta etapa consistiu no registro de uma
aula de equitação, na qual foram selecionados os comportamentos de resolução
de problemas para a realização do estudo. Optou-se por registrar apenas cinco
saltos de cada atleta, viabilizando a observação dos comportamentos dos
praticantes em circunstâncias semelhantes.
No início de Maio, registrou-se, durante uma aula de hipismo, cinco saltos
de cada um dos quatro praticantes que fizeram parte da amostra. Este primeiro
momento da coleta de dados foi denominado “Situação 1”.
Após dois meses decorridos da primeira coleta de dados, a pesquisadora
registrou novamente outra aula de hipismo das mesmas crianças que fizeram
parte da amostra inicial. Outros cinco saltos de cada sujeito da pesquisa foram
filmados. Este segundo momento da coleta de dados foi denominado “Situação 2”.
Os dados obtidos foram, então, quantificados e analisados em termos de
freqüência relativa, além de comparados em relação às duas situações de
observação (situação 1 e situação 2). Esses resultados foram apresentados sob a
forma de gráficos e discutidos sob o enfoque dos conceitos da análise do
comportamento.
6 - ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos trazem informações sobre a emissão de
comportamentos de resolução de problemas em diferentes situações de hipismo.
A partir de uma prévia observação, foram identificadas como respostas de
resolução de problemas nas situações de hipismo, os comportamentos do
cavaleiro relacionados ao uso do chicote, da perna, do beijo e das rédeas,
denominados de “ajudas”.
Na figura 1, os dados indicam as proporções de situações resolvidas por
cada sujeito da amostra, em relação ao total de problemas apresentados durante
a primeira situação de coleta de dados, ou seja, no início da prática do hipismo
(Situação1). Para se chegar a essa proporção, o número de respostas
consideradas como respostas de resolução de problema foi comparado ao número
de contingências problema, enfrentadas por cada sujeito na situação de
observação apontada.
O sujeito A resolveu 45,5% das contingências problema apresentadas na
situação 1. Para o sujeito B, este número foi de 44,4%.
Verificou-se que o sujeito C, quando comparado com o restante da amostra,
emitiu a maior proporção de respostas de resolução de problemas (63,6%) na
situação 1.
Em relação ao sujeito D, este emitiu respostas de resolução de problemas
em 50% dos problemas apresentados na situação 1. O número de situações
resolvidas foi igual ao de não resolvidas, porém, a proporção encontrada não
difere de forma relevante daquelas referentes aos indivíduos A e B.
45,5 44,4
63,6
50
0
10
20
30
40
50
60
70
A B C DSujeitos
Proporções derespostas deresolução deproblemas nasituação 1
FIGURA 1 - Proporções de respostas de resolução de problemas em relação ao total de contingências problema na situação 1.
Na figura 1, relativa à situação 1, verifica-se que, a proporção encontrada
de respostas de resolução de problemas do sujeito C é em torno de 10% maior do
que aquelas encontradas para o restante da amostra.
Verifica-se, que as proporções de respostas de resolução de problemas dos
sujeitos A, B e D são semelhantes, distinguindo um pouco das taxas encontradas
no sujeito C.
Sobre estes dados, ressalta-se que os indivíduos A, B e D iniciaram a
prática do hipismo na mesma semana, o que justifica as similaridades
encontradas. Porém, o praticante C, tendo iniciado as aulas duas semanas depois
do restante da amostra, realizou os exercícios da primeira coleta de dados numa
andadura chamada trote, enquanto os praticantes A, B e D utilizaram-se do
galope. No trote, por ser uma andadura de menor velocidade, o atleta possui um
maior controle do cavalo e, por isso, torna-se capaz de resolver uma maior
quantidade de problemas. Este fato apresenta-se como uma proposta para
justificar as elevadas proporções de problemas resolvidos pelo sujeito C na
situação 1.
Em relação à figura 2, pode-se observar que, na situação 2, o sujeito C
obteve uma menor proporção de problemas resolvidos quando comparada com as
proporções referentes ao restante da amostra. Ressalta-se que, na segunda
coleta de dados, o praticante C realizou os exercícios ao galope. Como teve uma
menor quantidade de aulas ao galope do que os outros atletas, estava com menos
experiência na andadura de maior velocidade. Assim, obtendo um menor controle
sobre o animal, foi capaz de resolver uma menor porcentagem de problemas que
lhes foram apresentados em relação aos demais cavaleiros.
Na figura 2, foram organizadas em proporções as situações resolvidas por
cada sujeito da amostra em relação ao total de problemas apresentados durante a
segunda coleta de dados, realizada dois meses após o início da prática (situação
2).
Observa-se que, na situação 2, o sujeito A emitiu respostas de resolução de
problemas em 93,7% dos problemas apresentados. Para o sujeito B, esta
proporção foi de 92,9%.
O sujeito C resolveu a menor proporção (85,7%) de resposta de resolução
de problemas diante das contingências problemas apresentadas na situação 2,
quando comparada com as taxas encontradas nos outros sujeitos da amostra.
Em relação ao sujeito D, este emitiu respostas de resolução de problemas
em 94,4% das contingências problema da segunda coleta de dados.
93,792,9
85,7
94,4
80
82
84
86
88
90
92
94
96
A B C DSujeitos
Proporções derespostas deresolução deproblemas nasituação 2
FIGURA 2 - Proporções de respostas de resolução de problemas em relação ao total de contingências problema na situação 2.
A baixa proporção de situações resolvidas pelo praticante C na situação 2,
provavelmente, deve-se ao pouco tempo de prática de exercícios ao galope,
discutida anteriormente.
Na situação 2, apresentada na figura 2, observa-se que as proporções de
situações resolvidas, de forma geral, obtiveram um aumento relevante quando
comparadas com as proporções encontradas na situação 1.
Na figura 3, são confrontados os dados apresentados na figura 1 com os
dados apresentados na figura 2. Compara-se a proporção de respostas de
resolução de problemas emitida por cada sujeito, em diferentes situações da
prática do hipismo (o início da prática do esporte, denominada situação 1, e após
dois meses de prática, denominada situação 2). Para se chegar a essa proporção,
o número de respostas consideradas como respostas de resolução de problema
foi comparado ao número de situações-problema enfrentadas por cada sujeito. A
proporção encontrada foi então comparada à proporção relativa à segunda
condição de observação.
Verifica-se que o sujeito A emitiu, na situação 1, respostas de resolução de
problemas em 45,5% das contingências problema apresentadas, e, na situação 2,
a proporção dessas respostas aumentou para 93,7%.
O sujeito B, resolveu 44,4% dos problemas presentes na situação 1,
aumentando esta taxa para 92,9% na situação 2.
Em relação ao sujeito C, este obteve a maior proporção de emissão de
respostas de resolução de problemas na situação 1 (63,3%), quando comparado
com os outros sujeitos da pesquisa. Porém, observou-se que, na situação 2, o
mesmo sujeito emitiu a menor taxa da mesma resposta (85,7%), também
comparando-se com o restante da amostra.
O sujeito D emitiu respostas de resolução de problemas em 50% das
contingências problema apresentadas na situação 1, enquanto, na situação 2, este
número aumentou para 94,4%.
45,5 44,4
63,6
50
93,7 92,9
85,7
94,4
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
A B C DSujeitos
Proporções deRespostas deResolução deProbelmas naSituação 1
Proporções deRespostas deResolução deProbelmas naSituação 2
FIGURA 3 - Proporções de respostas de resolução de problemas em relação ao total de contingências problema em diferentes situações de hipismo.
Como observado na figura 3, o aumento na proporção de respostas de
resolução de problemas da situação 1 para a situação 2, para todos os sujeitos,
evidencia que as situações de aprendizagem na prática do hipismo estão
consistentemente relacionadas ao aumento e à manutenção de respostas de
resolução de problemas no contexto em análise.
Verifica-se que os sujeitos da amostra foram submetidos a contingências
relacionadas com a prática do hipismo, que propiciaram condições para o
aumento da freqüência da emissão da resposta de resolução de problemas.
As considerações de Skinner a respeito da contingência que mantém um
comportamento solução poderiam explicar o aumento na freqüência da resposta
observada na figura 3.
Um problema é definido por Skinner (1974) como uma situação, na qual
uma resposta capaz de produzir alguma condição reforçadora não pode ser
emitida. Tal circunstância, por ser incapaz de produzir reforço até que um
comportamento-solução seja emitido, pode ser caracterizada como aversiva.
Observou-se, na amostra pesquisada, um aumento da freqüência de
respostas de resolução de problemas que possuem como conseqüência uma
eliminação dos problemas encontrados. Esta supressão de uma relação aversiva
caracteriza uma situação de reforçamento negativo.
As contingências negativamente reforçadoras permitem uma extrapolação
através da idéia de que, se a resposta de resolução de problemas foi emitida e
reforçada, a tendência, segundo a análise do comportamento, é que a resposta de
tal classe comportamental aumente de freqüência e se mantenha no repertório
dos sujeitos que fizeram parte da amostra da pesquisa.
As figuras seguintes apresentam informações acerca das respostas de
resolução de problemas relativas à situação de hipismo denominadas ajudas.
Na figura 4, foram apresentadas as proporções das respostas de ajuda de
“usar o chicote” emitidas por cada sujeito da amostra em relação ao total de
comportamentos de resolução de problemas, em diferentes situações de hipismo.
Os sujeitos A e B não emitiram respostas da ajuda de “usar o chicote” nos
problemas encontrados na situação 1. Já na situação 2, os mesmo sujeitos
emitiram tal resposta, respectivamente, em 20% e 30,8% das circunstâncias
problemáticas apresentadas.
O sujeito C emitiu a resposta de “usar o chicote” numa proporção de 14,2%
diante dos problemas apresentados na situação 1. Já na situação 2, esta taxa caiu
para 8,3%.
O sujeito D, assim como o sujeito C, emitiu uma maior porcentagem de
resposta de usar o chicote diante de situações problemáticas na situação 1 (40%)
do que na situação 2 (29,4%).
0 0
14,2
40
20
30,8
8,3
29,4
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
A B C DSujeitos
Proporções derespostas de usaro chicote nasituação 1Proporções derespostas de usaro chicote nasituação 2
FIGURA 4 - Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar o chicote” em relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes situações de hipismo.
Na figura 4, verifica-se que a resposta de ajuda de “usar o chicote” foi
inexistente para o sujeito A e B na situação 1. Na situação 2, possivelmente,
aprenderam a utilizar-se da ajuda em discussão, incluindo-a em seus repertórios
comportamentais, como evidenciam os dados.
Já os praticantes C e D possuíam, na situação 1, a resposta de ajuda de
“usar o chicote” em seus repertórios. Na situação 2, observa-se que a freqüência
desta resposta diminuiu. Porém, a partir da análise da figura 5, verifica-se que os
mesmos sujeitos aumentaram a proporção de utilização da ajuda da “perna”.
Assim, é possível supor que os atletas C e D substituíram a ajuda do chicote por
outra ajuda igualmente eficaz.
Na figura 5, foram apresentadas as proporções das respostas de ajuda de
“usar a perna” emitidas por cada sujeito da amostra em relação ao total de
comportamentos de resolução de problemas, em diferentes situações de hipismo.
O sujeito A emitiu respostas de “usar a perna” em 20% dos problemas
apresentadas na situação 1. Já na situação 2, esse número aumentou para
33,3%.
O sujeito B e o sujeito C não emitiram respostas de ajuda de “usar a perna”
nos problemas encontrados na situação 1. Na situação 2, os mesmo sujeitos
emitiram a resposta de usar a perna, respectivamente, em 30,8% e 25% das
contingências problema apresentadas.
O sujeito D emitiu respostas de “usar a perna” em 20% das contingências
problema encontradas na situação 1, enquanto, na situação 2, essa proporção
aumentou para 29,4%.
20
0 0
20
33,3
30,8
25
29,4
0
5
10
15
20
25
30
35
A B C DSujeitos
Proporções derespostas deusar a perna nasituação 1
Proporções derespostas deusar a perna nasituação 2
FIGURA 5 – Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar a perna” em relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes situações de hipismo.
Na figura 5, observa-se que todos os sujeitos que fizeram parte da amostra
tiveram um aumento nas taxas da utilização de tal ajuda, quando investigadas as
situações 1 e 2. Porém, verifica-se que os praticantes B e C não tinham, na
situação 1, tal resposta em seus repertórios comportamentais, enquanto os
sujeitos A e D emitiram tal resposta numa freqüência relativamente elevada. Na
situação 2, verifica-se que há uma semelhança entre as taxas encontradas em
todos os sujeitos da amostra. Esta observação será melhor explorada a partir dos
dados da figura 8.
Na figura 6, foram apresentadas as proporções das respostas da ajuda de
“usar o beijo” emitidas por cada sujeito da amostra em relação ao total de
comportamentos de resolução de problemas, em diferentes situações de hipismo.
Observa-se que o sujeito A emitiu a resposta de “usar o beijo” em 60% dos
problemas apresentados na situação 1. Este número diminuiu para 26,7% na
situação 2. Para o sujeito B, estas taxas foram de 50% e 23% respectivamente.
Verifica-se que, analisando a situação 1 e 2, a proporção da resposta de
“usar o beijo” do sujeito C diminuiu de 42,9% para 33,3%. Em relação ao
praticante D, também se observa uma diminuição destas taxas, de 20% para
17,7%.
60
50
42,9
20
26,723
33,3
17,7
0
10
20
30
40
50
60
70
A B C DSujeitos
Proporções derespostas deusar o beijo nasituação 1
Proporções derespostas deusar o beijo nasituação 2
FIGURA 6 - Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar o beijo” em relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes situações de hipismo.
Para a análise da figura 6, vale ressaltar que os problemas de impulsão são
resolvidos através das ajudas do chicote, da perna e do beijo, enquanto os de
direção, através das rédeas (EQUITAÇÃO OBJETIVO – ANDADURAS E
AJUDAS, 1984).
Na figura 6, observa-se que, na situação 1, os sujeitos A, B e C resolveram
a maior parte dos problemas de impulsão apresentados através da resposta de
ajuda “usar o beijo”. Estas observações serão melhor discutidas a partir dos dados
apresentados na figura 8.
Em relação ao sujeito D, este emitiu uma maior proporção de respostas de
ajuda de “usar o chicote” diante de contingências problema que surgiram na
primeira coleta de dados. A maior ocorrência do uso do chicote pode ter ocorrido
devido a características diferentes dos cavalos utilizados por cada cavaleiro. Cada
cavalo possui características individuais e necessidades individuais, assim,
respondem diferentemente aos estímulos do ambiente.
A figura 7 faz referência às proporções de respostas da ajuda de “usar a
rédea” em relação ao total de respostas de resolução de problemas emitidas em
diferentes situações de hipismo.
Os sujeitos A e D emitiram a resposta de usar a rédea em 20% das
respostas de resolução de problemas da situação 1. Na situação 2, esta proporção
continuou semelhante em relação ao praticante A, enquanto o praticante D
aumentou em 3,5% o percentual de tal resposta.
Na situação 1, o sujeito B resolveu 50% das contingências problema
através da resposta de ajuda “da rédea”, e o sujeito C utilizou-se de tal ajuda em
42,9% dessas circunstâncias. Na situação 2, estas proporções diminuíram para
15,4% e 33,3%, respectivamente.
20
50
42,9
2020
15,4
33,3
23,5
0
10
20
30
40
50
60
A B C DSujeitos
Proporções derespostas deusar a rédea nasituação 1Proporções derespostas deusar a rédea nasituação 2
FIGURA 7 - Proporções de emissões de respostas de ajuda de “usar a rédea” em relação ao total de respostas de resolução de problemas em diferentes situações de hipismo.
As rédeas são utilizadas como um mecanismo para diminuir o ritmo e para
dar direção ao movimento (Ibidem).
Na figura 7, observa-se que, na situação 1, os sujeitos B e C apresentaram
elevadas proporções de respostas da ajuda de “usar a rédea” em relação às
respostas de resolução de problemas emitidas. Estes dados, possivelmente,
devem-se a inexperiência dos cavaleiros na situação 1 e às características
individuais dos cavalos que estavam montando. Os praticantes B e C, na primeira
situação, montaram cavalos velozes. Assim, possivelmente, devido à insegurança
presente no início da prática do hipismo, estes atletas buscaram diminuir a
velocidade através do uso da rédea com o objetivo de ter um maior controle sobre
o animal.
Na figura 8, foram apresentadas as proporções das respostas de ajuda de
“usar o chicote, a perna o beijo e as rédeas” em relação ao total de respostas de
resolução de problemas emitidas em diferentes situações de hipismo.
Na situação 1, as porcentagens das respostas de “usar o chicote, a perna o
beijo e a rédea” em relação ao total de respostas de resolução de problemas,
foram respectivamente 14,3%, 9,5%, 42,95% e 33,3%. Na situação 2, houve uma
maior variabilidade no uso das respostas de ajuda.
14,3
22,8
9,5
29,8
42,9
24,6
33,3
22,8
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
Situação 1 Situação 2Respostas
ChicotePernaBeijoRédea
FIGURA 8 – Proporções de respostas específicas de resolução de problemas em relação ao total de comportamentos de resolução de problemas em diferentes situações de hipismo.
Na figura 8, observa-se que, na situação 1, a amostra pesquisada emitiu
uma maior proporção de ajuda de respostas de “usar beijo e rédea” diante dos
problemas apresentados.
Para facilitar a análise, serão discutidas, inicialmente, as ajudas de
velocidade e direção (rédea) e, em seguida, aquelas relacionadas à impulsão
(beijo, perna e chicote).
Observa-se, na figura 8, que a proporção da ajuda que faz “uso da rédea”
diminuiu quando comparadas as situações 1 e 2. Como já foi discutido,
possivelmente, esta diminuição tenha ocorrido devido a tentativa dos cavaleiros
iniciantes de diminuir a velocidade do cavalo e ter mais controle sobre o mesmo.
Já na situação 2, com um maior tempo de prática da equitação, provavelmente, os
cavaleiros sentem-se mais seguros e hábeis para realizar os exercícios numa
velocidade maior, não sendo necessária a emissão da resposta de ajuda de “usar
a rédea” para diminuir a atividade numa freqüência elevada.
Em relação às ajudas de impulsão observa-se que, na situação 1, a maior
proporção de ajuda utilizada é o “uso do beijo”, enquanto o “uso da perna e do
chicote”, verifica-se uma baixa taxa de respostas em relação ao total de resposta
de resolução de problemas emitidas pela amostra.
Na situação 2, observa-se a tendência de equilíbrio entre as proporções das
diferentes ajudas em relação ao total de respostas de resolução de problemas
emitidas pelos praticantes pesquisados. Assim, verificou-se que com a prática do
hipismo, os atletas tenderam a igualar as freqüências da utilização das ajudas.
A partir dessa observação dos dados, pode-se estabelecer uma relação
entre as freqüências dos comportamentos e a habilidade do cavaleiro.
Segundo o Manual Equitação Objetivo – Andaduras e Ajudas (1984), as
ajudas que são realizadas através do toque (perna e chicote) produzem, além do
efeito de impulsão desejado, efeitos colaterais menos úteis. Afirma ainda que o
uso da ajuda que se utiliza do beijo, por não fazer contato com o cavalo, produz
apenas o efeito de impulsão.
Os efeitos colaterais menos úteis citados pelo manual podem ser
identificados como uma reação natural do cavalo (dar coice, corcovear e outros)
aos estímulos aversivos, visto que os toques empregados pelas ajudas citadas
são realizados em áreas sensíveis do animal (MICKLEN, 2003).
Acrescenta-se ainda, que tais reações do cavalo às ajudas que se utilizam
do toque são, em geral, consideradas estímulos pré-aversivos pelos cavaleiros por
indicar como conseqüências uma possível queda ou desorganização da realização
do exercício. Assim, os cavaleiros iniciantes não se sentem seguros para emitir as
respostas relacionadas às ajudas citadas (perna e chicote).
Os dados encontrados na pesquisa (vide figura 8) estão de acordo com a
relação acima discutida. Na situação 1, houve uma baixa proporção de respostas
relacionadas às ajudas que fazem uso do toque em relação ao total de respostas
de resolução de problemas emitidas, enquanto na situação 2, depois de 2 meses
de prática e uma maior habilidade e segurança dos cavaleiros, esses números
aumentaram de forma relevante.
Em contraposição, a ajuda de impulsão que não se utiliza do toque (uso do
beijo) teve sua proporção reduzida quando comparadas as situações 1 e 2.
Segundo o Manual Equitação Objetivo – Andaduras e Ajudas (1984) a utilização
da voz como mecanismo de impulsão produz o efeito desejado sem a
apresentação de reações adversas. O cavaleiro é reforçado quando consegue
impulsionar o cavalo e não é punido com a apresentação de estímulos aversivos
provocados pelo toque em áreas sensíveis do cavalo. Assim, observou-se que
cavaleiros iniciantes utilizam-se com alta freqüência da ajuda mencionada (uso do
beijo), visto que não produzem efeitos considerados aversivos.
Guilhardi (2002) considera os comportamentos de resolução de problema
como pertencentes à categoria comportamental autoconfiança. Segundo Weinberg
e Gould (2001), há uma relação entre a autoconfiança em atletas e o desempenho
destes. Os autores afirmam que atletas que desenvolvem um bom nível de
autoconfiança possuem um bom desempenho esportivo. Assim, torna-se coerente
afirmar que os comportamentos de resolução de problemas estabelecem uma
relação diretamente proporcional com o desempenho do esporte. “O desempenho
melhora à medida que o nível de confiança aumenta” (WEINBERG; GOULD,
2001, p. 313).
A discussão acima foi observada também na situação de hipismo
investigada na presente pesquisa. Observou-se que os alunos, na situação 1 (vide
figura 8), emitiram as ajudas de forma desnivelada, demonstrando uma menor
habilidade na utilização de uma ou outra destas respostas. Na situação 2, onde
houve uma maior proporção de respostas de resolução de problemas e
conseqüentemente de situações resolvidas, os praticantes, de forma geral,
emitiram as ajudas em proporções semelhantes, comprovando uma maior
habilidade na utilização das mesmas.
Os resultados encontrados a partir da realização da presente pesquisa
também estão de acordo com os estudos de Pegado (2000), quando afirma que
“(...) o ato de cavalgar estimula e desafia, levando a um aumento de
autoconfiança, de autocontrole e a auto-estima” (p.9). Tal afirmação torna-se
possível à medida que foi verificado um aumento dos comportamentos de
resolução de problemas nas situações estudadas, e estes foram compreendidos
como uma classe comportamental pertencente à categoria autoconfiança
(GUILHARDI, 2002).
Observou-se um aumento na taxa de respostas do comportamento de
resolução de problemas em atletas de hipismo em dois meses de prática (vide
figuras 1, 2 e 3). Desta forma, os dados apresentados na pesquisa estão de
acordo com outros estudos (FREIRE, 1999; GAVARINI apud FREIRE, 1999;
PEGADO, 2000; CAWLEY; CAWLEY;RETTER, 1994, apud VIDRINE, 2002;
EMORY, 1992 apud VIDRINE, 2002; KRAWETZ;DEPREKEL, 1993 apud
VIDRINE, 2002; TEDESCHI, 1991 apud VIDRINE, 2002; MCCORMICK, 1997
apud ROBERTS, 2004) que apontam para a equitação como uma variável que
propicia contingências favoráveis à modificação comportamental.
7 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
A presente pesquisa teve como principal objetivo investigar respostas de
resolução de problemas em situação de hipismo a partir do referencial da análise
do comportamento.
Os resultados encontrados permitiram à pesquisadora concluir que as
contingências relacionadas ao hipismo as quais os sujeitos pesquisados estiveram
submetidos proporcionaram condições para o aumento da freqüência e a
manutenção dos comportamentos de resolução de problemas nas situações
investigadas. Entretanto, não foi possível observar a emissão de comportamentos
precorrentes, característicos de comportamentos de resolução de problemas
(SKINNER, 1969; BAUM 1999), uma vez que tais comportamentos podem ocorrer
tanto de forma pública quanto de forma privada (BAUM, 1999).
Acredita-se que parte das dificuldades encontradas para a realização da
presente pesquisa deva-se ao seu caráter pioneiro, no que se refere à
investigação da prática do hipismo a luz da teoria comportamental.
Ressalta-se ainda a importância da elaboração de novos estudos na área
da equitação, por se tratar de uma área na qual o analista do comportamento
poderá contribuir para a atividade do ensino da equitação tendo em vista o
desenvolvimento de habilidades específicas. Os resultados obtidos nesta pesquisa
trazem contribuições para o aprimoramento de técnicas de ensino do hipismo.
Destaca-se a importância da elaboração de estudos na área da equitação,
visto que se observou que o hipismo, em particular, consiste num conhecimento
essencialmente empírico, sendo escassos os trabalhos de caráter científicos
realizados nesta área.
Espera-se que outros estudos, fundamentados nos princípios da análise do
comportamento, tragam contribuições para a área da equitação, como a
investigação da possível generalização dos comportamentos de resolução de
problemas observados na situação de hipismo para outros ambientes.
APÊNDICE
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO COMO DISPOSTO NA RESOLUÇÃO 196/96 DO CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE E NA RESOLUÇÃO CFP No 016/2000
Projeto: Observação de comportamentos de resolução de problemas na prática do hipismo:
Uma perspectiva da Análise do Comportamento.
Caros pais ou responsáveis,
Sou professor mestre efetivo do curso de Graduação em Psicologia da Universidade Federal do
Ceará.
Estou orientando o desenvolvimento de um estudo sobre comportamentos de
resolução de problemas na prática do hipismo com o objetivo de identificar, quantificar e
categorizar respostas de crianças na prática do hipismo, a partir do referencial da análise do
comportamento e, em particular, dos conceitos relativos ao controle de estímulos e resolução
de problemas.
Gostaria de pedir a vossa autorização para a participação do(a) vosso(a) filho(a) no
desenvolvimento desta pesquisa, possibilitando o acesso aos dados necessários, relativos aos
comportamentos de resolução de problemas na prática do hipismo
Quanto à metodologia a ser utilizada, esta envolverá a filmagem em fita de vídeo (pelo próprio
pesquisador) das aulas de hipismo e posterior observação e anotação das aulas pelo pesquisador. Nas
anotações, serão omitidos dados (por exemplo, nome, escola onde estuda etc.) e imagens de
identificação da criança. O procedimento de análise de dados consistirá na categorização e quantificação
dos comportamentos de resolução de problemas na situação da prática do hipismo. Após o processo
acima descrito, as filmagens serão apagadas com o objetivo de garantir o sigilo.
Caso a filmagem das aulas gere algum tipo de desconforto para você, ela poderá ser
interrompida a qualquer momento.
Quanto aos benefícios desta pesquisa, espera-se que gere informações sobre a aquisição e
manutenção de comportamentos de resolução de problemas na prática do hipismo, ressaltando, assim, as
contribuições do esporte em estudo para os praticantes. Pretende-se contribuir para a produção de
conhecimento nas áreas de resolução de problemas relacionadas à prática do esporte, em especial o
hipismo, visto a escassez de trabalhos científicos vinculados ao tema. Em relação à contribuição prática,
visa-se à investigação de uma nova área de aplicação do conceito de resolução de problemas. Do mesmo
modo, ela poderá gerar conhecimentos que contribuirão para o desenvolvimento de pesquisas futuras
sobre as temáticas envolvidas.
Você terá inteira liberdade de recusar ou retirar o consentimento a qualquer momento sem
nenhuma forma de penalização. Também será garantido o sigilo absoluto sobre sua identidade, pois
apenas o orientador e a estudante que está realizando a monografia terão acesso às gravações. Os
resultados finais da pesquisa serão tornados públicos, podendo ser divulgados em apresentações em
congressos e/ou em trabalhos escritos e publicados, porém sempre com o cuidado de preservar o sigilo
acerca da identidade dos participantes.
Desde já agradeço sua colaboração e coloco-me à sua disposição para maiores informações.
_________________________
João Ilo Coelho Barbosa
Universidade Federal do Ceará. Tel: (85) 40097723
End: Avenida da Universidade, 2762, Benfica.
Fortaleza – Ceará.
E-mail: ilo@cemp.com.br
Declaro que li as informações acima sobre a pesquisa, que me sinto perfeitamente esclarecido
sobre o conteúdo da mesma, assim como seus riscos e benefícios. Declaro ainda que, por minha livre
vontade, aceito a participação do meu filho(a) na pesquisa cooperando com a coleta de material para
exame.
Fortaleza, ___ / ___ / _____.
___________________________ ______________________________
Assinatura do sujeito da pesquisa Assinatura dos pais ou responsável.
Em caso de dúvidas, ligue 40098338 – (Comitê de Ética em Pesquisa - Universidade Federal do Ceará)
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BENEVIDES, R. Zooterapia beneficia educação infantil. Diário do Nordeste, Fortaleza, p.16, 18 jun. 2006.
_____________. Prática beneficia o desenvolvimento do autocontrole. Diário do Nordeste, Fortaleza, p.16, 18 jun. 2006.
CATANIA, A. C. Cognição e Resolução de Problemas. In: ___________. Aprendizagem: Comportamento, Linguagem e cognição. Tradução de Deisy das Graças de Souza. et al. 4.ed. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. p.354–368.
EQUTAÇÃO OBJETIVO – ANDADURAS E AJUDAS. v.3. (Documento extraído do estágio complementar ministrado na academia militar das agulhas negras. Seção de Equitação).
FEDERAÇÃO EQUESTRE INTERNACIONAL. Regulamento de Salto da Federação Eqüestre Internacional, 2006.
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ANEXOS
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