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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
Programa de Pós-Graduação em Veterinária
Dissertação
Prevalência de anticorpos para Toxoplasma gondii (Nicolle e Manceaux, 1909) em ovinos da região sul do Estado do Rio Grande do Sul
Felipe Geraldes Pappen
Pelotas, 2008
1
Felipe Geraldes Pappen
Prevalência de anticorpos para Toxoplasma gondii (Nicolle e Manceaux, 1909) em ovinos da região sul do Estado do Rio Grande do Sul
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Ciências (Área do conhecimento: Veterinária Preventiva).
Orientador(a): Profa Dra Nara Amélia da Rosa Farias
Co-orientador: Dr. Jerônimo Lopes Ruas
Pelotas, 2008
2
Banca Examinadora:
Dra. Nara Amélia da Rosa Farias (Orientadora)
Dra. Izabella Cabral Hassum
Dra. Neusa Saltiel Stobbe
Dr. Paulo Bretanha Ribeiro
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AGRADECIMENTOS
A Deus, pela natureza, sinônimo de vida, e motivo maior da escolha da minha profissão.
À minha família, esteio de tudo...
Aos meus avós paternos, Francisco (in memorian) e Olívia (in memorian), e ao meu avô materno, Joaquim (in memorian), por terem sido em vida exemplos de dignidade, luta e trabalho.
À minha avó materna, Celeste, pelo carinho e pelos exemplos de honestidade, integridade e fé.
Aos meus pais, Ary Fernando e Maria Lúcia, pela educação e o amor. Agradeço o apoio, a preocupação, os conselhos, os exemplos, a torcida e a vibração pelos filhos. Cada uma das nossas conquistas é deles também. Sonho em ser, um dia, o mesmo que foram e são para mim com os meus filhos.
Aos meus irmãos, Fernanda, Gustavo e Laura, pelo amor e a amizade. Por mais que a distância nos separe, sempre estaremos juntos.
Na Universidade Federal de Pelotas (UFPEL),
À Dra. Nara Amélia Farias, minha orientadora, e muito além disso, amiga para a eternidade, pela orientação nesse trabalho e em todas as outras atividades do dia-a-dia. Aprender fica mais fácil com sua dedicação e inspiração nas aulas, nas escritas, nas críticas e correções. Espero que nosso convívio perdure por muito tempo!
Ao meu co-orientador, Dr. Jerônimo Lopes Ruas, pela ajuda neste trabalho e pela relação de confiança que construímos ao longo do tempo que nos conhecemos. Já há algum tempo compartilhamos valores e gostos entre um mate e outro. “Gracias” pelos ensinamentos e pela amizade sincera.
Ao colega Nilton Cunha, companheiro de todas as horas, literalmente. Exemplo de tranqüilidade, mesmo nos momentos mais difíceis. Obrigado pela grande amizade e por toda ajuda que sempre recebi. Temos muito ainda o que trabalhar juntos (e comemorar) na busca dos nossos objetivos!
Ao colega Tiago Gallina Corrêa, pela amizade, ajuda e exemplos de dedicação e postura nas atividades de trabalho. Manter sempre os objetivos claros e executá-los com precisão, sem nunca deixar de ajudar os outros é uma lição a ser seguida. Obrigado por nos mostrar isso no dia-a-dia.
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Ao colega Eduardo Rickes, pela amizade, que embora recente, dá provas de que é realmente sincera. Obrigado pela disposição e ajuda na execução desse trabalho.
Ao colega Herman Eduardo Grau, pela amizade, e por ter sido o maior incentivador do meu ingresso no Curso de Pós-Graduação.
À colega Michele Pepe, por ter sempre palavras amigas, de perseverança, tendo sido a pessoa que mais me incentivou no final deste trabalho.
À Profa. Tânia Regina, pela amizade e apoio durante o transcorrer do Curso de Mestrado.
A todos os outros colegas e amigos(as) que já passaram ou ainda se fazem presentes no Laboratório de Parasitologia tornando-o um ambiente agradável de convívio e de trabalho. Obrigado pela ajuda!
Aos professores dos cursos de Pós-Gradução em Veterinária e em Parasitologia, por terem me acolhido mesmo antes do meu ingresso no Curso de Mestrado e pelos ensinamentos transmitidos durante a execução das disciplinas.
Na Universidade de São Paulo (USP),
À Profa. Dra. Solange Maria Gennari, que cedeu as instalações e o material do seu Laboratório (VPS), para a realização dos testes sorológicos do presente trabalho. Obrigado pela oportunidade e pela maneira que me recebeu, sempre disposta a colaborar. Espero poder retribuir tudo isso.
À Dra. Hilda Pena, pela amizade e por ter tratado meu trabalho como prioridade no período que estive na USP.
Ao amigo Renato Caravieri por estar sempre envolvido indiretamente no trabalho, providenciando tudo imediatamente sempre que precisei.
Ao Prof. Ricardo Dias pelos cálculos estatísticos.
A todos(as) amigos(as) do VPS pela ajuda e por tornarem a convivência diária o mais agradável possível. Em especial, a Alessandra Mara Ragozo, por ter sido paciente durante os ensinamentos da técnica de RIFI na primeira vez que estivemos na USP e ao amigo Herbert Souza pela ajuda direta e companheirismo.
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Nos trabalhos a campo,
A todos os proprietários dos estabelecimentos rurais que visitei, durante as coletas de material, pela receptividade e pela boa vontade de colaborar com este trabalho.
Aos amigos que trabalharam como guias nos 21 municípios, pela disposição e ajuda imprescindível naquela fase: Sr. Adelmar Duarte e família, Andréia Lucas e Vinícius Pereira, Carolina Fagundes e Martha Magnani, Cláudio Almeida, Daniel Barros e Isabel Schuch, Daniel Fonseca, Diego Pinto, Eduardo Rickes, Eugênio Roberto Costa, Gaspar Pedroso e Ana Maria Pedroso, Gil Faria e Potira Faria, Guilherme Scaglioni e família, Gustavo Gastal, Leandro Rosa, Marcelo Souza, Marco Antônio Borges e família, Márcio Fonseca, Mateus Gonçalves, Nilton Cunha, Plínio Oliveira, Ricardo Pereira, Rodrigo Dummer, Tânia Bettin dos Santos e Tiago Gallina Corrêa.
Por fim, a todos os amigos e familiares, que me apóiam e tornam meu dia-a-dia mais agradável, mais repleto de bons sentimentos, mais feliz.
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“Eu trago a mais dura prova dos quais descendo e sucedo,
Passar adiante o segredo de ser o que sou e sei,
Deixar gravado o que herdei nos que de mim hão de vir,
Na certeza do sentir, de que nunca morrerei!”
(Guilherme Collares)
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Resumo
PAPPEN, Felipe Geraldes. Prevalência de anticorpos para Toxoplasma gondii (Nicolle e Manceaux, 1909) em ovinos da região sul do Estado do Rio Grande do Sul. 2008. 59f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
As amostras de soro sanguíneo de 1840 ovinos do sul do Rio Grande do Sul, foram
testadas para determinar a prevalência de anticorpos da classe IgG para
Toxoplasma gondii através do uso da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI),
com ponto de corte de 1:64. Os animais experimentais foram divididos em quatro
grupos de acordo com a idade: um ano, dois anos, três anos e quatro anos ou mais.
A soroprevalência para T. gondii foi 20,2% (450/1840) (15,2% < IC < 26,2%) nos
ovinos, com variação de títulos de 1:64 até 1:4096. A prevalência das propriedades
foco (com pelo menos um animal positivo) foi 87,4% (83/95) (78,9% < IC < 92,8%).
Foi observada associação entre soroprevalência para T. gondii e idade dos ovinos,
já que a prevalência no grupo de um ano de idade foi 9,7% (95/687)
(6,2%<IC95%<15,0%) e no grupo dos animais com quatro anos ou mais foi 35,3%
(255/681) (27,5%<IC95%<43,8%). Não foi observada associação significativa entre
soroprevalência e sexo, assim como com nenhum dos fatores de risco avaliados na
análise multivariada (regressão logística). Entretanto, na análise univariada, duas
variáveis se mostraram com maior intensidade de associação com a soroprevalência
que as outras: presença de gatos domésticos (p=0,17) e o não recolhimento de
carcaças nas propriedades (p=0,20). Os resultados indicam que a infecção por T.
gondii está amplamente distribuída entre os rebanhos ovinos da região sul do Rio
Grande do Sul, podendo causar perdas reprodutivas nesses animais e representar
riscos à saúde humana.
Palavras-chave: Toxoplasma gondii. Ovinos. RIFI. Rio Grande do Sul.
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Abstract
PAPPEN, Felipe Geraldes. Prevalence of antibodies against Toxoplasma gondii (Nicolle e Manceaux, 1909) in sheep from the south of Rio Grande do Sul State, Brazil. 2008. 59f. Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em
Medicina Veterinária. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
Serum samples from 1840 sheep from Rio Grande do Sul south (area region), Brazil,
were tested to verify the prevalence of IgG antibodies against Toxoplasma gondii by
Immunofluorescent Antibody Test (IFAT), using sera dilution 1:64 as cut-off value.
Four age groups were studied: one year old, two years old, three years old and > four
years old sheep. The prevalence rate for T. gondii infection was 20,2% (450/1840)
(15,2% < IC < 26,2%) in sheep, with titers ranging from 1:64 to 1:4096. The
prevalence rate of sheep farms, that had at least one positive sheep, was 87,4%
(83/95) (78,9% < IC < 92,8%). There was association between antibodies
seroprevalence to T. gondii and sheep age, once the one year old group’s
prevalence was 9,7% (95/687) (6,2%<IC95%<15,0%) and > four years old group’s
was 35,3% (255/681) (27,5%<IC95%<43,8%). Multivariate logistic regression did not
reveal any significant seroprevalence association between sex and other risk factors.
The univariate analysis showed presence of housed cats (p=0,17) and not carcasses
remotion (p=0,20) as variables with some epidemiological importance. Toxoplasma
gondii infection occurs in almost every sheep farms and thus, can be responsable for
ovine reproductive losses and human health problems in this region.
Keywords: Toxoplasma gondii. Sheep. IFAT. Rio Grande do Sul.
9
Lista de figuras
Figura 1 Organograma ilustrando a importância epidemiológica de algumas das principais espécies na transmissão de T. gondii (hospedeiros intermediários) ......................................................
16
Figura 2 Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, com destaque para a zona sul e a localização dos municípios envolvidos no estudo..
28
Figura 3 Rebanho ovino da região sul do Rio Grande do Sul, constituído por animais de ambos os sexos e idades variadas ....................
31
Figura 4 Reação de Imunofluorescência indireta para T. gondii com soros diluídos a 1:64. (A) Soro positivo apresentando taquizoítos com fluorescência periférica total; (B) Soro negativo, não apresentando taquizoítos fluorescentes; (C) Soro negativo apresentando taquizoítos com fluorescência apical ou periférica parcial. Aumento de 1000x .........................
33
Figura 5 Freqüência de propriedades e ovinos positivos (RIFI > 1:64 para T. gondii na região sul do RS) ............................................
37
Figura 6 Percentual de ovinos soropositivos, segundo sua titulação de anticorpos para T. gondii (RIFI) no sul do RS ............................
37
Figura 7 Percentual de ovinos soropositivos (RIFI > 1:64) em função da faixa etária ..................................................................................
38
10
Lista de tabelas
Tabela 1 Levantamentos sorológicos para T. gondii em ovinos, realizados em diferentes países ......................................................................
25
Tabela 2 Levantamentos sorológicos para T. gondii em ovinos, realizados no Brasil ..........................................................................................
26
Tabela 3 Relação dos municípios da região sul do RS, com o respectivo número de ovinos, propriedades com ovinocultura e propriedades visitadas ..........................................................................................
30
Tabela 4 Características da amostra de propriedades com criação de ovinos estudadas na região sul do RS ...........................................
36
Tabela 5 Descrição, segundo idade e sexo, do grupo amostral dos ovinos coletados nas 95 propriedades da zona sul do RS ........................
36
Tabela 6 Variáveis expostas à análise univariada em função do número de propriedades positivas em cada categoria, ordenadas pelo valor de p. ................................................................................................
38
11
Sumário
1 Introdução .............................................................................................. 13
2 Revisão bibliográfica ............................................................................. 15
2.1 Taxonomia ........................................................................................... 15
2.2 Hospedeiros ........................................................................................ 16
2.3 Transmissão ........................................................................................ 17
2.3.1 Transmissão fecal-oral .................................................................... 18
2.3.2 Transmissão por carnivorismo ...................................................... 18
2.3.3 Transmissão congênita ................................................................... 19
2.4 Infecção humana ................................................................................. 19
2.5 Importância do ovino na cadeia biológica de T. gondii .................. 20
2.6 Toxoplasmose ovina .......................................................................... 22
2.6.1 Imunologia na toxoplasmose ovina ............................................... 23
2.6.2 Soroprevalência de ovinos para T. gondii ..................................... 24
2.6.3 Fatores de risco para toxoplasmose ovina ................................... 24
2.6.4 Técnicas de diagnóstico ……………………………..……………….. 27
3 Material e métodos ................................................................................ 28
3.1 Local de execução .............................................................................. 28
3.2 Tamanho amostral .............................................................................. 29
3.3 Dados epidemiológicos ...................................................................... 29
3.4 Animais experimentais ....................................................................... 29
3.5 Coleta e processamento das amostras de sangue ......................... 31
3.6 Análise sorológica .............................................................................. 31
3.6.1 Preparo das lâminas com antígeno ............................................... 31
3.6.2 Reação de Imunofluorescência Indireta para T. gondii ............... 32
3.7 Análise estatística ............................................................................... 33
3.7.1 Cálculo das prevalências ................................................................ 33
3.7.2 Análise de fatores de risco ............................................................. 34
4 Resultados .............................................................................................. 35
4.1 Características epidemiológicas da região estudada ..................... 35
4.2 Prevalências ........................................................................................ 35
4.3 Análise de fatores de risco para ovinos ........................................... 35
12
5 Discussão ............................................................................................... 40
6 Conclusões ............................................................................................. 45
7 Referências ............................................................................................. 46
Anexo A ..................................................................................................... 56
Anexo B ..................................................................................................... 58
Anexo C ..................................................................................................... 59
13
1 Introdução
O Brasil possui um rebanho ovino estimado em mais de 16 milhões de
animais, dos quais quase 4 milhões, estão localizados no Rio Grande do Sul (IBGE,
2008). Este Estado apresenta características peculiares na sua ovinocultura que o
diferenciam do restante do país. Dentre as mais importantes, podem ser citadas a
opção pela criação de raças lanadas, devido ao clima, e o modo de criação
extensivo, herança da pecuária tradicionalmente presente nas grandes propriedades
rurais, ainda que ocorra hoje a substituição destas por propriedades de médio e
pequeno porte.
A região Sul do Rio Grande do Sul, tradicional na ovinocultura, possui
aproximadamente 660.000 ovinos. O tipo de exploração dos seus rebanhos é
predominantemente extensivo, não havendo um controle reprodutivo individual rígido
nas propriedades de criação. Por esse motivo, não se conhece ao certo as taxas de
perdas gestacionais e de cordeiros nas propriedades. Além disso, por mais que se
faça uma estimativa das mesmas, pouco se sabe sobre suas causas e do
envolvimento de Toxoplasma gondii nesses problemas.
Os ovinos e os caprinos são os animais domésticos mais suscetíveis à
toxoplasmose (BLEWETT, 1985). A infecção animal, além das perdas reprodutivas e
conseqüentemente econômicas, acarreta um sério problema de saúde pública, uma
vez que o consumo de leite e carnes cruas ou mal cozidas, constitui uma das mais
importantes formas de transmissão da toxoplasmose para o ser humano
(JITTAPALAPONG et al., 2005).
A infecção por T. gondii ocorre em todo o mundo e estima-se que um terço
da humanidade esteja infectada pelo protozoário (SAWADOGO et al., 2005).
Embora a grande maioria da população não apresente sinais clínicos ao se infectar,
ocorre nestes indivíduos a formação de cistos teciduais com o agente em forma
14
latente, que tendem a persistir por toda a vida do hospedeiro, podendo ser
reativados frente a quadros de imunossupressão.
Além disso, quando mulheres são primoinfectadas durante a gestação, os
riscos de infecção congênita são altos, e levam a quadros neurológicos e oculares
variados, como retardo mental e cegueira. Em pacientes com debilidade do sistema
imune, como transplantados e HIV positivos sintomáticos, a toxoplasmose pode ser
fatal, após o curso de sinais clínicos severos causados pela multiplicação
desenfreada do parasito, principalmente na cadeia ganglionar e no sistema nervoso
central (DUBEY; BEATTIE, 1988).
O conhecimento da soroprevalência de T. gondii em ovinos de uma região
exploradora da espécie, como o Sul do Rio Grande do Sul, além de ser um indício
da possível influência do protozoário no desempenho reprodutivo do rebanho,
também tem importância para a saúde humana, já que o consumo de carne ovina é
elevado nessa área.
O presente trabalho visa conhecer dados epidemiológicos de T. gondii na
ovinocultura da Região Sul do Rio Grande do Sul, através dos seguintes objetivos
específicos:
- Verificar a prevalência de anticorpos para T. gondii em ovinos de
propriedades do Sul do RS;
- Avaliar a associação da presença de anticorpos para T. gondii com o sexo
e faixa etária dos ovinos estudados;
- Identificar possíveis fatores de risco que possam interferir nas infecções
por T. gondii.
15
2 Revisão bibliográfica
2.1 Taxonomia Segundo Kawazoe (2002), a posição taxonômica de T. gondii é a seguinte:
Reino: Protista
Sub-reino: Protozoa
Filo: Apicomplexa
Classe: Sporozoae
Sub-classe: Coccidea
Ordem: Eucoccidiida
Sub-ordem: Eimeriina
Família: Sarcocystidae
Sub-família: Toxoplasmatinae
Gênero: Toxoplasma
Espécie: T. gondii
Embora exista variabilidade entre as propriedades biológicas de diferentes
cepas, que influenciam sua patogenicidade (CRISTINA et al., 1991), as amostras até
hoje estudadas são antigênica e morfologicamente semelhantes, o que leva ao
reconhecimento de apenas uma espécie do gênero Toxoplasma: T. gondii
(TENTER; JOHSON, 1997).
Dubey e Beattie (1988), em revisão sobre T. gondii, classificaram as
amostras isoladas até então, em altamente virulentas, de virulência intermediária e
não virulentas. Essas diferenças foram principalmente atribuídas a fatores como
capacidade de penetração celular, taxa de crescimento celular e conversões de
taquizoítos em bradizoítos e vice-versa (DARDÉ, 2004).
16
2.2 Hospedeiros T. gondii é um parasito intracelular obrigatório que causa infecção
assintomática em uma larga gama de hospedeiros, como mamíferos (inclusive
homem), aves e répteis, em todo o mundo (REMINGTON; KRAHENBUHL, 1982). A toxoplasmose, doença causada por este protozoário, é uma zoonose, e
tanto em homens como em animais, é geralmente assintomática em indivíduos
imunocompetentes e sintomática em imunodeprimidos e fetos, quando causa lesões
severas (JEFFREY et al., 2001).
Tenter, Heckeroth e Weiss (2000) descreveram que os animais domésticos
que mais comumente podem estar envolvidos no ciclo de T. gondii como
hospedeiros intermediários, nos quais só haverá a reprodução assexuada do
parasito (formação de cistos), são os suínos, ovinos e caprinos, seguidos em menor
freqüência dos cães, coelhos, aves silvestres, eqüinos, aves domésticas e, por fim,
em muito menor grau, bovinos e bubalinos (Figura 1).
Figura 1 – Organograma ilustrando a importância epidemiológica de algumas das principais
espécies na transmissão de T. gondii (hospedeiros intermediários).
Fonte: Adaptado de Tenter, Heckeroth e Weiss (2000).
17
Os animais da família Felidae (gato doméstico e felídeos silvestres) são os
hospedeiros definitivos do parasito, embora possam também se comportar como
hospedeiros intermediários no ciclo (DUBEY; BEATTIE, 1988). Como hospedeiros
definitivos, são capazes de eliminar em suas fezes milhares de oocistos de T. gondii,
que podem se manter viáveis no ambiente por vários meses, ou até mesmo durante
anos (BUXTON, 1998). Os oocistos são o resultado da fase sexuada do parasito,
que só ocorre no intestino delgado dos felídeos, como confirmado por Dubey, Miller
e Frenkel (1970). Uma das características destes oocistos é que são eliminados na
forma não esporulada nas fezes, não sendo infectantes nesse momento, e assim
permanecem, por pelo menos dois dias no ambiente, até que esporulam e se tornam
realmente infectantes (DUBEY; MILLER; FRENKEL, 1970).
Todos os gatos domésticos são suscetíveis à infecção por T. gondii, embora
animais mais jovens, com até um ano de idade, eliminem um maior número de
oocistos nas fezes após terem ingerido cistos teciduais contendo o agente. Gatos
adultos, primoinfectados, também eliminam oocistos, porém, em menor quantidade e
por um período mais curto (LINDSAY; BLAGBURN; DUBEY, 1997).
A maioria dos gatos se infecta ainda quando filhote, no momento que ingere
caças trazidas pela mãe, ou ao começarem a caçar sozinhos (DUBEY; BEATTIE,
1988). Filhotes infectados congenitamente também podem eliminar oocistos após o
nascimento (DUBEY, 2004).
Embora a maioria dos gatos que já tiveram contato com T. gondii desenvolva
imunidade e não volte a eliminar oocistos, Dubey e Frenkel (1974) comprovaram que
gatos soropositivos, frente a quadros de imunossupressão, podem retomar a
eliminação de oocistos. Posteriormente, Dubey (1995) reinfectou gatos
soropositivos, seis anos após terem soroconvertido, e 55% destes reeliminaram
oocistos nas fezes, porém em quantidades bem inferiores às da primoinfecção.
A confirmação de que os felídeos são hospedeiros definitivos de T. gondii é
feita por Tenter, Heckeroth e Weiss (2000) que relatam uma evidência
epidemiológica: em ilhotas e atóis que nunca foram habitados por gatos, inexistem
virtualmente as infecções por esse agente.
2.3 Transmissão
As principais vias de transmissão que podem ocorrer na toxoplasmose são a
fecal-oral, o carnivorismo e a congênita (DUBEY; TOWLE, 1986). Outras, menos
18
freqüentes, podem ocorrer por ocasião de transplante de órgãos e transfusões
sanguíneas (DUBEY, 1994).
2.3.1 Transmissão fecal-oral
A via fecal-oral ocorre pela ingestão dos oocistos esporulados do agente
juntamente com água ou alimentos. A parede do oocisto, no sistema digestivo do
hospedeiro intermediário, é rompida por degradação enzimática, sendo liberados os
esporozoítos na luz intestinal. Essa forma do parasito invade qualquer tipo de célula
(preferencialmente as intestinais, por proximidade) e dá origem à forma de
multiplicação rápida do T. gondii, o taquizoíto (TENTER; HECKEROTH; WEISS,
2000).
Os taquizoítos penetram em qualquer célula do hospedeiro intermediário,
ativamente ou através de ação fagocitária da mesma, e se multiplicam rapidamente
por divisões binárias sucessivas (endodiogenia), até romperem a célula parasitada
por ação mecânica. Essa é a fase aguda da infecção. Neste momento parasitarão
novas células, dos mais diversos tecidos, até que passem à forma de multiplicação
lenta, o bradizoíto (DUBEY; MORALES; LEHMANN, 2004).
Os bradizoítos são formados sob estímulo do sistema imune do hospedeiro
(MONTOYA; LIESENFELD, 2004) e ficam localizados no interior de cistos tissulares
que tendem a aumentar de tamanho com o passar do tempo (DUBEY; LINDSAY;
SPEER, 1998). Os cistos caracterizam a fase crônica da infecção toxoplásmica
(BLACK; BOOTHROYD, 2000).
2.3.2 Transmissão por carnivorismo
O carnivorismo como forma de infecção de T. gondii, se traduz na ingestão
de tecidos contendo cistos com bradizoítos no seu interior, ou tecidos ou fluídos
corpóreos de hospedeiros em fase aguda da infecção toxoplásmica, onde há
abundância de taquizoítos.
No primeiro caso, ocorrerá no sistema digestivo do hospedeiro a digestão
proteolítica da parede dos cistos, liberando os bradizoítos do seu interior. Nos
hospedeiros intermediários, após o rompimento do cisto, os bradizoítos penetrarão
nas células mais próximas, principalmente do intestino, se diferenciarão em
taquizoítos e se multiplicarão rapidamente, disseminando-se por outros tecidos, até
que diminuam sua atividade, por ação do sistema imune, e passem novamente à
19
forma de bradizoítos, no interior de novos cistos, neste novo hospedeiro (DUBEY;
FRENKEL, 1976).
Quando a ingestão do cisto ocorrer por um hospedeiro definitivo (felídeo), a
maioria dos bradizoítos, ao penetrar nas células intestinais, dará origem a merontes,
que originarão os merozoítos, e posteriormente os gametas, masculinos e femininos.
Depois disso ocorrerá a fertilização e formação das paredes dos oocistos ao redor
do zigoto. Uma vez que o mesmo esteja pronto, maduro, será liberado na luz
intestinal através do rompimento de células do epitélio intestinal. Importante salientar
que o mesmo só adquirirá poder infectante ao esporular, o que ocorre depois de dois
dias no ambiente (DUBEY; MORALES; LEHMANN, 2004).
2.3.3 Transmissão congênita A via de transmissão congênita, também chamada vertical, se caracteriza
pela passagem de taquizoítos para o feto através da placenta (TENTER;
HECKEROTH; WEISS, 2000). A importância dessa via está relacionada com
primoinfecção durante a gestação ou a quadros de imunodepressão da fêmea
gestante, quando taquizoítos circulantes no organismo materno, poderão chegar à
placenta e ao feto.
A incidência de transmissão em todas as espécies varia de 10% a 15%
quando a infecção materna se dá no primeiro terço da gestação, a 30% ou 60%
quando ocorre no segundo ou terceiro terço, respectivamente. O risco de aborto é
inversamente proporcional às chances de o feto nascer infectado, logo, quanto
menor for o período gestacional, maior será a probabilidade de a fêmea abortar
(WONG; REMINGTON, 1994).
2.4 Infecção humana
A grande maioria das infecções causadas por T. gondii é assintomática, já
que ocorre em indivíduos com capacidade de controlar o agente. Nesse caso, assim
como nos animais, o hospedeiro desenvolve imunidade contra o protozoário
obrigando-o a ficar sob baixa atividade de divisão, no interior de um cisto tecidual,
que pode perdurar por toda vida do indivíduo (JEFFREY et al., 2001).
Já em indivíduos imunodeprimidos, como pacientes HIV positivos
sintomáticos ou transplantados (imunossupressão química), o organismo, sem
capacidade de defesa, permite que o agente se multiplique rapidamente, causando
20
quadros clínicos de encefalite que freqüentemente levam o paciente à morte (HILL;
DUBEY, 2002).
A infecção adquirida em humanos pode ser localizada ou generalizada,
sendo a linfoadenite a forma mais freqüentemente observada. A linfoadenopatia
pode estar associada à febre, fadiga, dor muscular, mal estar, dor de garganta e dor
de cabeça (DUBEY; MORALES; LEHMANN, 2004).
McAllister (2005) associou à infecção sinais clínicos como linfoadenopatia,
febre, fraqueza, debilidade, oftalmite, infecções sistêmicas e, inclusive, esquizofrenia
e outros transtornos psíquicos, mesmo em pacientes sem comprometimento
imunológico.
Em gestantes, a severidade das lesões depende principalmente do período
da gestação durante o qual a mãe se infecta, podendo causar aborto, ou lesões à
criança, que vão desde a diminuição da acuidade visual até a manifestação de um
conjunto de sinais conhecidos como tétrade de Sabin: retinocoroidite, hidrocefalia,
calcificações cerebrais e retardo mental (DUBEY; MORALES; LEHMAN, 2004).
No Brasil, a prevalência da infecção por T. gondii em humanos é alta,
chegando, em algumas áreas, a 80% (SOUZA et al., 1987). Na cidade de Erechim,
no Rio Grande do Sul, foi encontrada a maior prevalência do mundo da forma ocular
da toxoplasmose, atingindo 17% da população (GLASNER et al., 1992). Um trabalho
subseqüente, na mesma cidade, concluiu que trabalhar em jardins e ingerir carne de
cordeiro são dois fatores de risco para adquirir a forma ocular da infecção.
Recentemente em Pelotas, no Rio Grande do Sul, Cademartori (2007) verificou
prevalência de 54,8% entre gestantes atendidas pelo Sistema Público de Saúde, e
que a ingestão de carnes cruas ou mal cozidas e o contato com o solo, são os
principais fatores de risco correlacionados à soropositividade. A ingestão de
verduras e legumes mal lavados, apesar de não ter sido demonstrado como fator de
risco nesse trabalho, também é uma importante forma de infecção, já que pode
conter oocistos esporulados de T. gondii.
2.5 Importância do ovino na cadeia biológica de T. gondii
Dentre os animais domésticos, os caprinos e os ovinos são conhecidamente
os mais suscetíveis à forma clínica causada pelo T. gondii (BLEWETT, 1985).
A transmissão de T. gondii para os ovinos é principalmente atribuída à
eliminação de oocistos nas fezes dos gatos sobre a pastagem e a água
21
(ENGELAND et al., 1996). A transmissão vertical (via congênita) também é
importante nos ovinos (ESTEBAN-REDONDO; INNES, 1997), havendo inclusive,
estudos recentes que relatam a existência de uma linhagem, da raça Charollais,
mais suscetível à infecção por T. gondii (MORLEY et al., 2005). Duncanson et al.
(2001) observaram uma alta taxa (61%) de transmissão congênita em um rebanho
ovino através da detecção de DNA do parasito em tecidos fetais. Hill e Dubey (2002)
relatam ainda, que há a possibilidade de infecção através da ingestão de restos
placentários de ovelhas infectadas, mas esta via é considerada pouco importante
pelos próprios autores.
Cistos de T. gondii têm sido encontrados freqüentemente em tecidos de
suínos, ovinos e caprinos, sendo raramente encontrados em bovinos e bubalinos, o
que tem sido atribuído a características imunológicas intrínsecas de cada espécie
(TENTER; HECKEROTH; WEISS, 2000). Estes cistos são uma importante forma de
infecção para humanos, ao serem ingeridos em carnes cruas ou mal cozidas. Nos
ovinos, assim como na maioria dos animais de produção, os cistos localizam-se com
maior freqüência nas musculaturas cardíaca e esquelética do que no sistema
nervoso, o que vem a favorecer a possibilidade de transmissão para o ser humano
(DUBEY, 1998). Contudo, cistos viáveis, obtidos a partir de infecções experimentais,
já foram encontrados também no cérebro de ovinos adultos (ESTEBAN-REDONDO
et al., 1999). Além disso, Esteban-Redondo e Innes (1997) indicam o cérebro para o
isolamento de T. gondii, por ser o órgão mais infectado em cordeiros nascidos de
ovelhas infectadas e em fetos abortados.
Foi relatado um surto de toxoplasmose aguda em humanos no Paraná, após
a ingestão de carne crua de ovinos (quibe), tendo sido confirmado esse diagnóstico
pelo histórico clínico e pela presença de anticorpos específicos das classes IgG e
IgM, através da reação de Imunofluorescência indireta. O período de incubação (da
ingestão da carne aos primeiros sinais clínicos) variou de 6 a 13 dias. De forma
complementar, foi confirmada também a soropositividade de 23,1% dos ovinos na
propriedade de origem da carne consumida (BONAMETTI et al., 1997).
Outra fonte de infecção já confirmada, a partir de caprinos e, que
provavelmente também sirva para ovinos, é a ingestão de leite in natura dessas
espécies pelo homem. O parasito, na forma de taquizoítos, pode permanecer
infectante por sete dias, a 4oC (WALSH et al., 1999).
22
2.6 Toxoplasmose ovina A toxoplasmose ovina foi primeiramente descrita por Hartley, Jebson e
McFarlane (1954). Desde então, T. gondii é reconhecido como agente causador de
abortos endêmicos e epidêmicos (BEVERLEY; WATSON, 1959). A doença é uma
das principais causas de perdas reprodutivas em ovinos de criações de países como
Uruguai (FREYRE et al., 1997), Austrália (OSBORNE, 1959), Nova Zelândia
(HARTLEY; MARSHALL, 1957), Reino Unido (BLEWETT; TREES, 1987), Noruega
(WALDELAND; OVERAS, 1968), Suécia (UGGLA et al., 1983) Espanha (MORENO
et al., 1991), e Estados Unidos (DUBEY et al., 1990).
A infecção por T. gondii em ovelhas prenhes pode causar reabsorção fetal,
abortos, natimortos e mortalidade neonatal, enquanto que em outras categorias de
ovinos, é geralmente assintomática (BUXTON, 1989).
Vaughan et al. (1996) descrevem que esses problemas reprodutivos
ocorrem quando há primo-infecção durante a gestação, e a gravidade varia de
acordo com o estádio da mesma. Relatam que as infecções até o septuagésimo dia
de gestação geralmente resultam em reabsorção fetal ou aborto. A partir dessa fase
gestacional, o feto já possui capacidade de resistir à infecção, e o prognóstico é
variável. Segundo o autor, quanto mais tarde se der a infecção, maior será a
capacidade de o feto nascer viável e sobreviver, podendo estar infectado ou não.
McColgan, Buxton e Blewett (1988) afirmam que para uma ovelha gestante
adquirir infecção que cause aborto, é necessário a ingestão de, pelo menos, 200
oocistos esporulados. Após a ingestão, o oocisto eclode no intestino do hospedeiro
liberando esporozoítos, e após quatro dias, é possível encontrar taquizoítos
multiplicando-se nos linfonodos mesentéricos (DUBEY, 1984). Nesse mesmo
período, a ovelha desenvolve um quadro febril que se estende até o décimo dia pós-
infecção, quando ainda pode ser evidenciado o parasito circulante no sangue
(WASTLING; NICOLL; BUXTON, 1993).
Em infecções experimentais de ovelhas gestantes, ocorre aborto,
reabsorção fetal e nascimento de cordeiros fracos e prematuros, além de pirexia e
aumento da freqüência respiratória (OWEN; CLARKSON; TREES, 1998). Já nas
infecções naturais, as ovelhas geralmente não apresentam nenhum sinal clínico
sistêmico, exceto os decorrentes de eventuais retenções placentárias pós-aborto
(DUBEY; KIRKBRIDE, 1984).
23
T. gondii produz necrose dos cotilédones fetais na placenta dos ovinos,
apresentando-se as áreas intercotiledonárias normais. A infecção pelo T. gondii não
resulta em placentite generalizada (DUBEY, 1990).
Placentite focal necrotizante, pneumonia focal, nefrite intersticial focal e
encefalite não supurativa focal foram descritas em cordeiros que morreram dois dias
após o nascimento (RHYAN E DUBEY, 1984). Camundongos inoculados com
tecidos destes cordeiros desenvolveram anticorpos contra T. gondii. Cistos teciduais
foram encontrados ocasionalmente em ovinos naturalmente infectados (DUBEY e
KIRKBRIDE, 1984).
Dubey, Sundberg e Matiuck (1981), nos EUA, constataram em uma
propriedade, ocorrência de 100% de ovinos positivos no teste de hemaglutinação
indireta (HI), com ponto de corte 1:64, enquanto que uma ovelha que abortara há
cinco meses ainda apresentava titulação alta (1:2048).
Mais tarde, Dubey e Kirkbride (1984), através das técnicas de Sabin-
Feldman, aglutinação direta (HA) e aglutinação em látex (LAT), encontraram o
parasito em fluidos torácicos de 16 fetos encontraram 15 animais positivos.
Rhyan e Dubey (1984), também nos EUA, detectaram 11 animais positivos
dos 12 amostrados, sendo que os que tinham histórico de aborto apresentaram
titulações quatro vezes maiores.
Dubey et al. (1990), nos Estados Unidos encontraram 83,3% de fetos
abortados positivos para sorologia de T. gondii, utilizando a o teste de aglutinação
modificada (MAT), com ponto de corte 1:20.
2.6.1 Imunologia na toxoplasmose ovina Durante a fase aguda da toxoplasmose ovina, ocorre ampla produção da
citocina interferon gama (IFNγ) por células de defesa do hospedeiro, como as
células “natural killer” (resposta inata) e as timo dependentes (resposta específica),
sendo essa citocina essencial no controle de infecções parasitárias por potencializar
os efeitos dos interferons alfa (IFNα) e beta (IFNβ), o fator de necrose tumoral alfa
(TNFα) e a resposta dos macrófagos (fagocitose), entre outras ações (INNES et al.,
1995).
O IFNγ, aos poucos, deixa de ser detectável e a infecção fica sob controle
do sistema imune (BUXTON et al., 1994). Embora comecem a aparecer anticorpos
nessa fase, a imunidade é principalmente mediada por células (INNES; WASTILING,
24
1995). Portanto, ovinos soropositivos para T. gondii, desde que imunocompetentes,
são imunes ao parasito, embora a infecção persista pela presença de bradizoítos em
cistos tissulares (cérebro e musculatura) do hospedeiro (BUXTON et al., 2007).
Durante a gestação, a resposta imune das ovelhas é modulada para tolerar
a presença do feto e como resultado, há supressão imunológica na ativação de
células de defesa. Portanto, há mínima expressão maternal de várias citocinas,
como interleucinas (IL-2), fator de necrose tumoral alfa (TNFα) e interferon gama
(IFNγ) (ENTRICAN; WHEELHOUSE, 2006). Embora permitam que a gestação seja
levada a termo, esses mecanismos representam certo grau de vulnerabilidade da
ovelha gestante, fazendo com que feto e placenta sejam suscetíveis a diversos
agentes. Assim, quando há taquizoítos de T. gondii circulantes durante este período,
estes podem se estabelecer nas carúnculas placentárias e em seguida invadir
células fetais (BUXTON; FINLAYSON, 1986).
A imunidade adquirida após a infecção por T. gondii persiste por toda a vida
do animal e raramente as ovelhas abortarão duas vezes por esse mesmo agente
(ESTEBAN-REDONDO; INNES, 1997).
2.6.2 Soroprevalência de ovinos para T. gondii Os principais levantamentos sorológicos realizados em outros países e no
Brasil, assim como as respectivas técnicas sorológicas e pontos de corte utilizados,
encontram-se nas Tabelas 1 e 2. Foram detectadas nos ovinos de todo o mundo
variações nas soroprevalências de 3,6% (DUBEY; FOREYT, 2000), nos EUA e
Canadá, a 84,5% (KLUN et al., 2006), na Sérvia. Nos levantamentos sorológicos
realizados no Brasil, as prevalências variaram de 13,6% (ESCOPELLI, 2004), no Rio
Grande do Sul, a 54,6% (OGAWA et al., 2003), no Paraná. As diferenças devem
estar relacionadas às características de cada região, e a outros fatores como técnica
de diagnóstico e ponto de corte utilizados, grupo de animais examinado e leituras da
técnicas.
2.6.3 Fatores de risco para toxoplasmose ovina
Alguns fatores de risco podem estar associados à soropositividade para T.
gondii em ovinos, embora sejam variáveis, de acordo com a região estudada.
25
Tabela 1 - Levantamentos sorológicos para Toxoplasma gondii em ovinos, realizados em
diferentes países.
Autor (s) País Prevalência Técnica (pto de corte)
Chhabra e Mahajan, 1982 Índia 19,6% HI1 (1:8)
Dubey et al., 1986 EUA 68,6% MAT2 (1:16)
O’Donoghue, Riley e Clalke, 1987 Austrália 7,4% e 9,2% HI (1:64) e ELISA3
Dubey e Kirkbride, 1989 EUA 40,3% MAT (1:16)
Bakele e Kasali, 1989 Etiópia 22,9% HI (1:16)
Malik, Deensen e Cruz, 1990 EUA 58,56% ELISA e RIFI4 (1:32)
Vázquez, Cruz e Salgado, 1990 México 30% RIFI (1:16)
Lundén, Nasholm e Uggla, 1994 Suíça 10%-45% ELISA
Hashemi-Fesharki, 1996 Irã 24,5% MAT (1:64)
Mainar et al., 1996 Espanha 11,8% MAT (1:64)
Skjerve et al., 1998 Noruega 16,2% ELISA
Gorman et al., 1999 Chile 16,3% HI (1:16) e RIFI (1:16)
Dubey e Foreyt, 2000 EUA/Canadá 3,6% MAT (1:25)
Van der Puije, 2000 Ghana 33,2% ELISA
Klun et al., 2006 Sérvia 84,5% MAT (1:25)
Dumètre et al., 2006 França 37,7% DAT5 (1:20)
Sharif et al., 2007 Irã 35% RIFI (1:8)
Vesco et. al, 2007 Itália 49,9% ELISA 1Hemaglutinação indireta; 2Teste de aglutinação modificada; 3Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay; 4Reação de imunofluorescência indireta; 5Teste de aglutinação direta.
Skjerve et al. (1998) relataram que a presença de gatos jovens nos
estábulos dos ovinos, o pastoreio próximo às instalações da propriedade, o uso de
veneno para ratos nos estábulos e a criação em propriedades situadas a mais de
100m de altitude foram fatores de risco na Noruega. Estes autores consideraram
que a presença de gatos jovens e a criação de um grupo de ovinos sempre próximos
à sede da propriedade, foram fatores relacionados a maiores chances de ingestão
26
Tabela 2 - Levantamentos sorológicos para Toxoplasma gondii em ovinos, realizados no Brasil.
Autor(s) Estado Prevalência Técnica (pto de corte)
Amaral, Santos e Rebouças, 1978 RS 23% HI1 (1:64)
Zonta et al., 1987 RS 18,6% HI (1:64)
Oliveira-Sequeira et al., 1993 SP 17,5% e 22,5% RIFI2 (1:16) e HI (1:16)
Freire et al., 1995 PR 47,83% RIFI (1:64)
Bonametti et al., 1997 PR 23,1% RIFI (1:64)
Gondim et al., 1999 BA 18,8% LAT3 (1:64)
Garcia et al., 1999 PR 51,8% RIFI (1:64)
Silva, Cutolo e Langoni, 2002 SP 23% RIFI (1:64)
Ogawa et al., 2003 PR 54,6% RIFI (1:64)
Silva et al., 2003 PE 35,3% RIFI (1:64)
Meireles, 2003 SP 31% RIFI (1:64)
Figliuolo et al., 2004 SP 34,7% RIFI (1:64)
Escopelli, 2004 RS 13,6% e 15,2% HI e RIFI (1:64)
Cavalcante et al., 2004 RO 46,8% RIFI (1:64)
Ueno, 2005 DF 38,2% RIFI (1:64)
Silva e De La Rue, 2006 RS 44,8% RIFI (1:64)
Romanelli et al., 2007 PR 51,4% RIFI (1:64)
Clementino, Souza e Neto, 2007 RN 29,41% ELISA4
1Hemaglutinação indireta; 2 Reação de imunofluorescência indireta; 3Teste de aglutinação em látex; 4Enzyme Linked Immuno Sorbent Assay
do oocisto no ambiente. Sobre a utilização de veneno para ratos, relataram que seu
uso está ligado a ingestão pelos ovinos de cistos teciduais dos ratos mortos em meio
à ração. Quanto à altitude, os autores discutem no trabalho que embora a maior
chance de resistência do oocisto seja teoricamente em áreas de menor altitude (a
princípio mais úmidas), nas áreas de maior altitude da Noruega o inverno é mais
brando que nas áreas de menor altitude, devido à proximidade da costa marítima.
Na Sérvia, Klun et al. (2006) constataram que ovinos criados em
propriedades do governo estão mais expostos à infecção por T. gondii do que os
criados em propriedades particulares, devido ao mau gerenciamento, que favorece a
disseminação do protozoário.
27
Romanelli et al. (2007), no Estado do Paraná, encontraram associação
significativa entre soropositividade para T. gondii e os seguintes fatores: idade dos
ovinos (animais adultos mais infectados); raça (prevalências mais altas nas raças
Corriedale e Hampshire); acesso de gatos ao depósito de ração; tamanho da
propriedade (mais de 40ha); agricultura como principal atividade do estabelecimento
rural; tipo de criação semi-extensiva; acesso a água de açudes; manisfetação de
problemas reprodutivos no primeiro terço da gestação das ovelhas; e sinais
neurológicos em cordeiros.
Na Itália, os fatores de risco associados à soropositividade para T. gondii em
ovinos foram a presença de gatos na propriedade, o uso de água da superfície, onde
outros animais também têm acesso, a criação em propriedades maiores, e a maior
idade dos animais (VESCO et al., 2007).
2.6.4 Técnicas de diagnóstico Para o diagnóstico sorológico vários testes foram desenvolvidos nas últimas
décadas, a maioria visando a detecção de anticorpos anti-T. gondii (VIDOTTO et al.,
1986), devido à dificuldade do diagnóstico direto.
Koski (1990) compararam várias técnicas de diagnóstico em 100 soros
suínos e encontraram alta taxa de concordância entre os testes de RIFI e ELISA,
evidenciando alta sensibilidade de ambos os testes.
Minho et al. (2004) avaliaram os testes de RIFI e MAT para a detecção de
anticorpos anti-T. gondii em suínos infectados experimentalmente. Foram
determinados os valores de sensibilidade (95,7%) e especificidade (97,8%) das duas
técnicas, em ambas as provas, havendo ótima concordância de resultados entre
elas, o que valida estas provas para a detecção da infecção toxoplásmica em
suínos. RIFI e MAT apesar de possuírem metodologias com características e leituras
diferentes apresentaram a mesma acurácia nas amostras analisadas.
As técnicas de RIFI e MAT detectam anticorpos que aparecem ainda na
infecção aguda, graças a componentes de membrana de taquizoítos. Ao contrário, o
teste de ELISA é capaz de detectar anticorpos num período mais prolongado de
infecção. Os testes de ELISA e RIFI são capazes de distinguir o tempo de infecção
através das imunoglobulinas IgG e IgM, enquanto a técnica de MAT não é capaz
disso (KOSKI, 1990).
28
3 Material e métodos
3.1 Local de execução
O material do presente estudo foi obtido em propriedades com criação de
ovinos, situadas na Região Sul do Estado do Rio Grande do Sul, em 21 municípios
localizados entre os paralelos 31oS e 34oS, representados na Figura 2.
Figura 2 – Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, com destaque para a zona sul e a localização
dos municípios envolvidos no estudo (1. São José do Norte; 2. Rio Grande; 3. Santa Vitória do Palmar; 4. Chuí; 5. Jaguarão; 6. Arroio Grande; 7. Pedro Osório; 8. Capão do Leão; 9. Pelotas; 10. Arroio do Padre; 11. Turuçu; 12. São Lourenço do Sul; 13. Cristal; 14. Camaquã; 15. Herval; 16. Piratini; 17. Cerrito; 18. Morro Redondo; 19. Canguçu; 20. Pinheiro Machado; 21. Pedras Altas). Fonte: IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 2006.
29
O processamento do sangue total e a conservação das amostras de soro
foram realizados no Laboratório de Parasitologia do Departamento de Microbiologia
e Parasitologia do Instituto de Biologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
Os testes sorológicos foram realizados no Laboratório de Parasitologia do
Departamento de Veterinária Preventiva e Saúde Animal da Universidade de São
Paulo (USP), em São Paulo, SP.
3.2 Tamanho amostral
O cálculo do tamanho amostral foi realizado através do Programa EpiInfo
(versão 6.04). Um levantamento do número de propriedades que possuem ovinos na
região sul do Estado foi realizado na Inspetoria Veterinária (Regional Pelotas)
apurando-se 6018 estabelecimentos rurais. Frente a não existência de dados de
prevalência de anticorpos para T. gondii na região, utilizou-se a prevalência
estimada de 50% para a base de cálculo. Além disso, foi adotado nível de confiança
de 95% e erro associado de 10%. A amostra encontrada foi de 95 propriedades,
sendo essas divididas proporcionalmente ao número de propriedades dos 21
municípios (Tabela 3).
Foram coletados de 12 a 22 animais de cada rebanho visitado, perfazendo
um total de 1840 amostras. Esse número de amostras é bem superior ao que
deveria ser coletado caso a opção para o cálculo do tamanho amostral fosse
baseado apenas no número de ovinos da área estudada (n=384), e não no número
de propriedades.
3.3 Dados epidemiológicos Além dos dados individuais dos animais (sexo e idade), foram coletadas
informações da propriedade com possível relevância epidemiológica, como por
exemplo, finalidade da ovinocultura, presença de gatos domésticos, errantes e
felídeos silvestres, tamanho da propriedade e suplementação alimentar dos ovinos,
através de um questionário epidemiológico, com a finalidade de avaliar-se os fatores
de risco da população ovina da região (Anexo A).
3.4 Animais experimentais Os animais experimentais foram coletados aleatoriamente, sendo o grupo
amostral composto de ovinos, de ambos os sexos e várias idades (Figura 3).
30
Tabela 3 - Relação dos municípios da região sul do RS, com o respectivo número de ovinos, propriedades com ovinocultura e propriedades visitadas.
Municípios População ovina Propriedades Prop. coletadas
Chuí 2.088 32 1
Santa Vitória 52.385 395 6
Rio Grande 24.065 296 4
Pelotas/Arroio do Padre 3.754 58 1 / 1
Capão do Leão 8.497 94 2
Arroio Grande 30.960 340 5
Jaguarão 60.655 284 4
Herval 110.391 786 12
Pedro Osório/Cerrito 20.931 92 1 / 1
Morro Redondo 1.127 48 1
Canguçu 40.060 745 11
Piratini 99.964 1.391 21
Pinheiro Machado 122.400 759 11
Pedras Altas 60.529 345 5
São Lourenço 8.236 85 2
Turuçu 279 12 1
Camaquã/Cristal 5.100 38 1 / 1
São José do Norte 6.640 218 3
TOTAL 658.061 6.018 95
Fonte: Inspetoria Veterinária Regional Pelotas, 2005.
Animais com menos de um ano não participaram do estudo. Com isso ficaram
descartadas possíveis interferências de anticorpos colostrais, que segundo
Waldeland (1977), permanecem até os três meses de idade. Como não é possível
estimar com segurança a idade de cordeiros até a primeira mudança de dentes, e as
coletas de sangue se estenderam por várias épocas do ano, havendo com isso
variação de alguns meses entre algumas delas, se preferiu estabelecer um padrão
de só se coletar animais a partir de um ano, quando já é possível a estimativa da
idade pela dentição.
31
Figura 3 – Rebanho ovino da região sul do Rio Grande do Sul, constituído por animais de ambos os sexos e idades variadas.
3.5 Coleta e processamento das amostras de sangue As amostras de sangue total, sem anticoagulante, foram coletadas em
frascos do tipo Vacutainer, por punção da veia jugular. Após a coleta, as amostras
ficaram em repouso à temperatura ambiente por no máximo oito horas e, em
seguida, foram levadas à geladeira (4oC) até que o coágulo se retraísse totalmente.
Os soros foram então separados dos coágulos, mediante centrifugação (2000G), e
acondicionados em frascos tipo Eppendorff, em alíquotas duplas, permanecendo
armazenadas - 20°C até a realização dos testes sorológicos. 3.6 Análise sorológica 3.6.1 Preparo das lâminas com antígeno
Os taquizoítos da cepa RH de T. gondii, que foram utilizados no preparo do
antígeno foram mantidos através de passagens contínuas em camundongos, no
Laboratório de Doenças Parasitárias do Departamento de Medicina Veterinária
Preventiva e Saúde Animal da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
USP. Para tanto, uma suspensão de taquizoítos foi inoculada via intraperitoneal em
32
camundongos sadios, os quais foram observados diariamente. Após quatro dias em
média apresentarem sinais clínicos da toxoplasmose (pêlos eriçados, perda de peso,
apatia) foram eutanasiados para realização de uma lavagem peritoneal com solução
salina estéril para recuperação de novos taquizoítos.
A solução obtida foi acrescida de formol a 2%, para inativação dos
taquizoítos. Posteriormente sofreu sucessivas lavagens com PBS para retirada do
formol e só então foi utilizada para o preparo das lâminas a serem utilizadas na RIFI.
Os taquizoítos foram contados em câmara de Neubauer, sendo a concentração final
ajustada para 1 x 107 taquizoítos/ml.
Cada poço da lâmina recebeu 20µl da suspensão antigênica, que após
alguns segundos, foram retirados com auxílio de pipeta, ficando o fundo de todos os
poços da lâmina umedecidos. A secagem foi realizada colocando-se as lâminas em
fluxo laminar e, após completa, adicionou-se álcool metílico para fixação do antígeno
nas lâminas. O material foi mantido no fluxo até que ocorresse a secagem definitiva,
sendo então as lâminas acondicionadas em caixas de polipropileno e mantidas a -
18oC.
3.6.2 Reação de Imunofluorescência Indireta para T. gondii Foi utilizada a técnica da Reação de Imunofluorescência Indireta (RIFI) para
detecção de anticorpos para T. gondii (CAMARGO, 1974), com ponto de corte de
1:64 (GARCIA et al. 1999). As amostras de soro foram diluídas em PBS-RIFI (Anexo
B) e colocadas nas lâminas impregnadas com taquizoítos do agente. A seguir, as
lâminas foram incubadas em estufa a 37oC por 30 minutos e passaram por três
lavagens sucessivas de 10 minutos cada, com a mesma solução tampão, em cubas
de vidro. A secagem pós-lavagem foi realizada à temperatura ambiente após a qual,
foi acrescido o conjugado anti-IgG de ovino (Sigma Chemical) diluído na proporção
de 1:800 em solução de Azul de Evan (Anexo C). Novamente as lâminas foram
incubadas pelo mesmo tempo em estufa e lavadas, porém, sendo protegidas da
luminosidade. Após nova secagem com as lâminas protegidas da luz, foi realizada a
leitura. Para isso, foram acrescidas três a quatro gotas de glicerina tamponada (PH
8,0) e colocada uma lamínula sobre a lâmina. A leitura foi realizada em microscópio
de fluorescência (Olympus – modelo BX-FLA), com aumento de 400x. O critério
utilizado durante a leitura foi o de considerar positivas as amostras que
apresentaram a maioria dos taquizoítos com fluorescência periférica total.
33
A ausência de fluorescência ou fluorescência parcial (seja no contorno ou
apical), foram consideradas negativas (Figura 4). Conforme a norma do Laboratório
de Doenças Parasitárias (USP), as titulações das amostras de ovino positivas foram
submetidas à diluição seriada na base (1:64; 1:256; 1:1024; e assim sucessivamente
até a última titulação positiva). Os controles positivo e negativo, o diluente de soros
(mesmo tampão de lavagem) e o conjugado para a execução da técnica de RIFI,
seguiram as exigências dos protocolos deste mesmo laboratório, e foram fornecidos
pelo mesmo.
Figura 4 – Reação de Imunofluorescência indireta para T. gondii com soros diluídos a 1:64. (A) Soro positivo apresentando taquizoítos com fluorescência periférica total; (B) Soro negativo, não apresentando taquizoítos fluorescentes; (C) Soro negativo apresentando taquizoítos com fluorescência apical ou periférica parcial. Aumento de 1000x. Fonte: Ueno, 2005.
3.7 Análise estatística 3.7.1 Cálculo das prevalências
Como não foi feita uma ponderação a priori do número de animais a serem
amostrados nas propriedades, e pelo tamanho variado dos rebanhos, foi definido um
peso estatístico para cada animal amostrado, para o cálculo da prevalência de
animais positivos, segundo a fórmula:
..
. proprnaamostradosovinosproprnaovinos
xamostradasproprnasovinos
estudodeáreanaovinospeso =
O cálculo da prevalência de propriedades com, ao menos, um animal
positivo, foi feito usando-se a fórmula:
100 .
.. xamostradaspropr
positivosanimaiscomproprpropaprevalênci =
34
Os cálculos foram realizados no programa EpiInfo 6.04, no pacote CSample.
3.7.2 Análise de fatores de risco As propriedades com ao menos um animal positivo foram consideradas
focos, ao passo que as demais foram consideradas livres.
Para a análise dos fatores de risco para soropositividade para T. gondii foi
calculada primeiramente a freqüência de animais soropositivos dentro de cada
variável. A seguir realizou-se a análise univariada, através do teste qui-quadrado,
sendo que as variáveis que apresentaram p ≤ 0,20 foram oferecidas à análise
múltipla. Na análise múltipla, utilizou-se o teste de regressão binária logística, sendo
que o nível de significância considerado para esta fase foi de 5%. Para estas
análises, utilizou-se o programa SPSS 9.0.
35
4 Resultados
4.1 Características epidemiológicas da região estudada Os dados apurados no questionário epidemiológico aplicado no momento
das coletas estão expostos nas Tabelas 4 e 5.
4.2 Prevalências
Dentre as 95 propriedades estudadas, 83 são focos, ou seja, são as
propriedades que apresentam pelo menos um ovino positivo, resultando em 87,4%
(78,9% < IC < 92,8%) de prevalência de propriedades com infecção por T. gondii na
região (Figura 5).
O total de soros testados foi de 1840, dos quais, 450 foram positivos. Após o
ajuste a posteriori, no qual foi definido um peso estatístico para cada uma das
amostras, a prevalência calculada foi de 20,2% (15,2% < IC < 26,2%) (Figura 5).
A distribuição dos soros segundo as titulações está representada na Figura
6. A titulação máxima verificada foi de 1:4096 (8%), sendo que 70,8% dos ovinos
positivos apresentaram titulações de anticorpos para T. gondii entre 1:256 e 1:1024.
4.3 Análise de fatores de risco para ovinos
Na análise voltada para a população de ovinos, a freqüência de fêmeas
soropositivas encontrada foi de 19,9% (15,0%<IC95%<26,0%) e a dos machos de
21,7% (12,2%<IC95%<35,5%). Com base nos intervalos de confiança calculados,
pode-se afirmar que não houve diferença significativa da positividade entre os sexos.
36
Tabela 4 – Características da amostra de propriedades com criação de ovinos estudadas na região sul do RS.
Variável Categorias Propriedades (n) Propriedades (%)
Finalidade de criação Corte
Lã
64
31
67,4
32,6
Tipo de criação Extensivo
Semi-intensivo
Intensivo
64
29
2
67,4
30,5
2,1
Suplementação alimentar Sim
Não
28
67
29,5
70,5
Contato com gato Sim
Não
67
28
70,5
29,5
Contato com felídeo silvestre Sim
Não
89
6
93,7
6,3
Contato com gato errante Sim
Não
22
73
23,1
76,9
Destino de carcaças Adequado1
Inadequado2
14
81
14,7
85,3
Destino de vísceras Adequado
Inadequado
31
64
32,6
67,4
Aborto na espécie ovina Sim
Não
59
36
62,1
37,9
Aborto em outra espécie Sim
Não
53
42
55,8
44,2 1Práticas como enterrar, queimar ou utilizar a cocção antes do aproveitamento para outros animais; 2Abandono no ambiente.
Tabela 5 – Descrição, segundo idade e sexo, do grupo amostral dos ovinos coletados nas 95
propriedades da zona sul do RS.
Categoria Machos Fêmeas Total
1 ano 151 (8,2%) 536 (29,1%) 687 (37,3%)
2 anos 36 (2%) 226 (12,2%) 262 (14,2%)
3 anos 18 (1%) 191 (10,4%) 209 (11,4%)
≥ 4 anos 30 (1,6%) 652 (35,5%) 682 (37,1%)
Total 235 (12,8%) 1605 (87,2%) 1840 (100%)
37
Animais Propriedades
87,4%
12,6%
Positivas
Negativas
20,2%
79,8%
Positivos
Negativos
Figura 5 – Freqüência de propriedades e ovinos positivos (RIFI > 1:64 para T. gondii na região sul do Rio Grande do Sul).
Figura 6 – Percentual de ovinos soropositivos, segundo sua
titulação de anticorpos para T. gondii (RIFI) no sul do RS.
A análise da soropositividade em função da idade mostra que a freqüência
dos animais positivos com um ano de idade foi de 9,7% (6,2%<IC95%<15,0%), a
dos de dois anos, 13,7% (6,0%<IC95%<28,5%), a dos de três, 18,7%
(12,1%<IC95%<27,8%) e a dos animais com quatro anos ou mais, foi de 35,3%
(27,5%<IC95%<43,8%). Essas freqüências revelam um aumento da
soropositividade proporcional à idade, estatisticamente significativo (p < 0,05), ou
seja, a soroprevalência da faixa etária de quatro anos ou mais é significativamente
superior a dos ovinos com um ano de idade (Figura 7).
38
Os resultados da análise univariada voltada para as propriedades,
encontram-se na Tabela 6.
Figura 7 – Pescentual de ovinos soropositivos (RIFI > 1:64) em função
da faixa etária.
Tabela 6 – Variáveis expostas à análise univariada em função do número de propriedades
positivas em cada categoria, ordenadas pelo valor de p. Variáveis Prop positivas/Total Valor de p
Categ I Categ II
Finalidade de criação (I.corte/II.lã) 56/64 27/31 1,00
Contato com felídeo silvestre (I.não/ II.sim) 6/6 77/89 1,00
Aborto em outra espécie (I.não/ II.sim) 37/42 46/53 0,85
Contato com gato errante (I.não/ II.sim) 63/73 20/22 0,73
Aborto na espécie ovina (I.não/ II.sim) 33/36 50/59 0,53
Destino de vísceras (I.adequado/ II.inadequado) 26/31 57/64 0,52
Suplementação alimentar (I.sim/ II.não) 26/28 57/67 0,50
Tamanho da propriedade (tratada como variável contínua) VC VC 0,48
Tipo de criação (I.extensivo/ II.semi-intensivo+intensivo) 54/64 29/31 0,33
*Destino de carcaças (I.adequado/ II.inadequado) 14/14 69/81 0,20
*Contato com gato (I.não/ II.sim) 22/28 61/67 0,17
* variáveis oferecidas à análise de regressão logística (p ≤ 0,20)
Foi constatado que o contato dos ovinos com gatos e o destino inadequado
de carcaças na propriedade, tem alguma associação (p < 0,20) com a
soropositividade dos ovinos para T. gondii. No entanto, não foi possível a obtenção
39
de um modelo de regressão logística significativo, ao submeter essas variáveis à
análise multivariada.
A classificação das propriedades em relação à variável contato com gatos
levou em consideração a presença ou ausência de gatos domésticos na sede da
propriedade. A presença de gatos errantes e de felídeos silvestres, foi enquadrada
em outras duas variáveis. Essa separação foi realizada por considerar, que embora
todos sejam hospedeiros definitivos de T. gondii, possuem hábitos e habitats
diferentes dentro de uma mesma propriedade rural.
A outra variável incluída no modelo de regressão logística, destino de
carcaças, classificou como destino adequado enterrar ou queimar as carcaças de
todos os animais domésticos da propriedade, enquanto que o destino inadequado
inclui o abandono de carcaças no ambiente, mesmo que recolhidas a um local
específico.
40
5 Discussão
A técnica sorológica utilizada foi a Reação de Imunofluorescência Indireta,
por se tratar de um teste bastante empregado na detecção de anticorpos para T.
gondii, uma vez que possui alta sensibilidade (KOSKI, 1990) e apresenta um baixo
número de reações cruzadas com outros protozoários como Neospora caninum e
Sarcocystis sp, já que utiliza como antígeno os taquizoítos inteiros fixados à lâmina,
e a sua fluorescência parcial é considerada negativa (DUBEY et al., 1996).
A comparação entre prevalências deve ser realizada com cautela, levando-
se em consideração a técnica de diagnóstico empregada e o ponto de corte adotado
na mesma. Além disso, existem diferenças quanto às amostragens utilizadas, com
ou sem representatividade da população (prevalência x ocorrência). Ainda há uma
série de outros fatores, como por exemplo, categoria zootécnica coletada, e
equipamento e reagentes, que podem interferir nas avaliações comparativas (UENO,
2005).
A soroprevalência para T. gondii encontrada em ovinos da zona sul do RS
foi de 20,2%. Resultados semelhantes já haviam sido descritos em outras regiões do
Estado por Amaral, Santos e Rebouças (1978), Zonta et al. (1987) e Escopelli
(2004), que encontraram 23%, 18,2% e 15,2%, respectivamente. Além disso,
prevalências similares já foram descritas em outros Estados brasileiros, como 18,8%
na Bahia (GONDIM et al., 1999), 23,1% no Paraná (BONAMETTI et al., 1997) e
17,5% (OLIVEIRA-SEQUEIRA et al., 1993) e 23% (SILVA; CUTOLO; LANGONI,
2002) em São Paulo. Dentro dessa faixa de soroprevalência para ovinos também já
foram relatados, em vários outros lugares do mundo, valores como 19,6% na Índia
(CHHABRA e MAHAJAN, 1982), 22,9% na Etiópia (BAKELE e KASALI, 1989),
24,5% no Irã (HASHEMI-FESHARKI, 1996), 16,2% na Noruega (SKJERVE et al.,
1998) e 16,3% no Chile (GORMAN et al., 1999). No Brasil, os valores extremos de
41
soropositividade para T. gondii em ovinos descritos até hoje foram 15,2%
(ESCOPELLI, 2004) na região da grande Porto Alegre, no RS, e 54,6% (OGAWA et
al., 2003) no Paraná.
A exemplo dos dados de Figliuolo et al. (2004) e Ueno (2005), que em
levantamentos semelhantes no Estado de São Paulo, encontraram 100% de
propriedades positivas, o percentual de propriedades foco deste estudo (com pelo
menos um animal positivo) foi 87,4%. Essa alta prevalência de propriedades
positivas evidencia que T. gondii está amplamente distribuído nos rebanhos ovinos
da região sul do RS, independentemente do percentual de ovinos soropositivos em
cada uma delas, o que significa grandes chances de infecção humana e de
disseminação do agente entre outras espécies de animais. Além disso, também é
indicativo que problemas reprodutivos devidos a esse agente podem estar ocorrendo
e precisam ser investigados.
Como a toxoplasmose é uma zoonose, o conhecimento da epidemiologia e
fatores de risco é fundamental para a implantação de medidas que previnam a
infecção. Embora não tenham sido pesquisados cistos teciduais nos ovinos
avaliados no presente estudo, os títulos de anticorpos indicam que os animais
apresentavam a fase crônica da doença, muito provavelmente com cistos em sua
musculatura. No Brasil, já foi relatado um surto de toxoplasmose humana, adquirida
através do consumo de carne ovina crua (BONAMETTI et al., 1997). Na propriedade
de origem da carne causadora do referido surto, a soroprevalência nos ovinos foi
similar (23,1%) à encontrada nessa investigação (20,2%). Esse fato torna mais
evidente o risco que a ingestão de carne ovina crua ou mal cozida representa na
região, e a necessidade de esclarecimento da população para que sejam tomadas
medidas de prevenção, como a cocção adequada das carnes e o tratamento por
congelamento a -20oC por no mínimo dois dias nos abatedouros.
A caracterização do grupo amostral dos ovinos coletados indica que a
grande maioria dos animais participantes do estudo foram fêmeas, em número seis
vezes maior que o de machos coletados. Esse dado reflete o predomínio de fêmeas
nos rebanhos ovinos das propriedades da região sul do RS, justificado pela
substituição dos tradicionais rebanhos de produção de lã, onde havia retenção de
machos adultos, grandes produtores de lã, pelos rebanhos de produção de carne,
onde ocorre cada vez mais cedo a comercialização dos cordeiros. Neste estudo,
assim como na maioria dos trabalhos com ovinos no Brasil e no mundo (SAMAD;
42
RAHMAN; HALDER, 1993; GORMAN et al. 1999; ESCOPELLI, 2004) não houve
associação entre a soropositividade para T. gondii e o sexo dos animais, ao
contrário da maior soropositividade encontrada em ovinos machos de Pernambuco e
São Paulo (SILVA et al., 2003; UENO, 2005; RAGOZO, 2007) e das fêmeas ovinas
de Gana (VAN DER PUIJE et al., 2000). Pela divergência de resultados e,
principalmente por não haver uma explicação biológica coerente, suspeita-se que
essa variável apresente resultados derivados do acaso (UENO, 2005).
Quanto à idade dos ovinos observou-se que a amostra foi composta
principalmente de animais de um ano de idade (37,3%) e de animais com quatro
anos ou mais (37,1%). O grande número de fêmeas nos dois extremos da variável
idade indica que os rebanhos são, na sua maioria, especializados na atividade de
cria e, que a ovinocultura na região está em pleno crescimento, uma vez que se tem
uma grande produção de cordeiras para reposição (fêmeas jovens) e que se
mantêm as fêmeas mais velhas por um maior tempo no rebanho. Além disso, a
categoria de quatro anos ou mais se estende até a idade de descarte da ovelha, pois
ainda nesse momento apresenta oito dentes (o desgaste dentário não foi
categorizado). A idade dos ovinos nesse experimento mostrou ser um fator de risco
correlacionado com a soropositividade para T. gondii, já que houve diferença
significativa (p < 0,05) entre a soroprevalência para os ovinos de um ano (9,7%) e
aqueles com quatro ou mais anos de idade (35,3%). O aumento na soropositividade
com o avançar da idade neste estudo, concorda com os dados obtidos por vários
outros autores (DUBEY e KIRKBRIDE, 1989; ESCOPELLI, 2004; GARCIA et al.,
1999; GORMAN et al., 1999; LUNDÉN; NASHOLM; UGGLA, 1994; CHHABRA e
MAHAJAN, 1982; MALIK; DEENSEN; CRUZ, 1990; OLIVEIRA-SEQUEIRA et al.,
1993; VAN DER PUIJE, 2000; FIGLIUOLO et al., 2004; ROMANELLI et al. 2007) e
indica que a principal forma de transmissão de T. gondii nessa espécie é a
horizontal, ou seja, adquirida do ambiente, após o nascimento, através da ingestão
de formas infectantes.
As titulações encontradas na zona sul do RS variaram de 1:64 até 1:4096,
ao contrário do que foi observado por Ueno (2005), em ovinos com titulações de até
1:65536. Alguns autores (DUBEY e KIRKBRIDE, 1989; FREIRE et al. 1995)
consideram que títulos acima de 1:1024 podem indicar infecções recentes. No
presente estudo, 40,6% dos ovinos positivos tiveram titulação igual ou superior a
essa, o que é mais um indício da contaminação ambiental.
43
Embora nenhum fator de risco tenha apresentado significância estatística na
análise multivariada, a análise univariada do presente estudo mostrou que as
variáveis com maior importância epidemiológica foram o contato dos ovinos com
gatos domésticos (p=0,17) e o destino inadequado de carcaças na propriedade
(p=0,20). A variável contato com gatos se traduz na presença de gatos domésticos
na propriedade. Gatos errantes e felídeos silvestres não foram categorizados dentro
dessa variável, por terem hábitos e características de habitat diferentes dos
domiciliados, não sendo tão estreita sua relação com os ovinos. A importância
epidemiológica da presença ou ausência do hospedeiro definitivo é grande, já que a
transmissão de T. gondii para os ovinos é principalmente atribuída à eliminação de
oocistos nas fezes dos gatos sobre a pastagem e a água (ENGELAND et al., 1996;
HILL; DUBEY, 2002). Skjerve et al. (1998) relataram que a presença de gatos jovens
nos estábulos dos ovinos e o pastoreio próximo às instalações da propriedade,
foram fatores de risco para o aumento da soropositividade de T. gondii. Esses dados
confirmam o encontrado no presente estudo, reforçando a importância da
contaminação ambiental pelo hospedeiro definitivo na epidemiologia da parasitose
em ovinos. Romanelli et al. (2007) no Estado do Paraná, viram que o acesso dos
gatos ao depósito de ração dos ovinos nas propriedades, representa significativo
fator de risco. Todos esses fatores de risco citados estão centrados na eliminação
de oocistos que contaminam o alimento e a água dos ovinos, reafirmando a
importância desse tipo de infecção.
No entanto alguns autores (DUNCANSON et al., 2001) consideram que em
fazendas de criação intensiva, onde o risco de outras vias de infecção é reduzido, a
transmissão congênita pode ser a responsável pela manutenção do agente na
população de ovinos, sem a necessidade de novas infecções por oocistos
excretados por gatos. Essa transmissão pode atingir vários índices, mas
normalmente a maioria dos nascimentos é de animais clinicamente saudáveis.
Outro fator que provavelmente esteja relacionado com esse tipo de
transmissão é a fonte de água. Em mais de um trabalho (ROMANELLI et al., 2007;
VESCO et al., 2007) ficou comprovada a correlação com fontes de água de
superfície (onde outros animais têm acesso) e a soropositividade para T. gondii. No
presente estudo, tal fator de risco não pôde ser avaliado uma vez que foi observado
que 100% das propriedades utilizam água para os ovinos de fontes com essas
características (sangas, açudes, barragens, cochos abertos).
44
O destino de carcaças, que também apareceu como uma variável de
importância epidemiológica na análise univariada, nunca foi descrita como fator de
risco em nenhum trabalho, porém Tenter, Heckeroth e Weiss (2000) salientam que
diferenças nas prevalências podem ser atribuídas às falhas de manejo ou práticas
de higiene que facilitem a disseminação do agente em um determinado local. A
classificação dessa variável foi realizada considerando como destino adequado de
carcaças, enterrá-las ou queimá-las. A classificação de destino inadequado foi para
o abandono de carcaças no ambiente, mesmo que recolhidas a um local específico.
45
6 Conclusões
- A infecção por Toxoplasma gondii está amplamente distribuída entre os
rebanhos ovinos da região sul do Rio Grande do Sul, com animais soropositivos em
87,4% das propriedades;
- A ingestão de carne ovina crua ou mal cozida originada da região estudada
representa risco de infecção humana por Toxoplasma gondii uma vez que 20,2%
dos animais são soropositivos;
- O risco de aborto ovino por Toxoplasma gondii é alto na região do estudo,
uma vez que 79,8% dos animais encontram-se desprotegidos sorologicamente,
podendo sofrer primoinfecção durante uma gestação;
- A soropositividade para Toxoplasma gondii aumenta com a faixa etária dos
animais da região estudada;
- Os resultados sugerem que o sexo dos ovinos da zona sul do RS não
influencia a soropositividade nesses animais;
- A presença de gatos e o destino inadequado de carcaças de animais
domésticos na propriedade tem maior importância epidemiológica na região
estudada, embora nenhum dos fatores de risco avaliados tenham apresentado
correlação estatisticamente significativa com a soropositividade dos ovinos para
Toxoplasma gondii.
46
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56
Anexo A
Questionário Epidemiológico
Dados gerais:
Nome da Propriedade: ___________________________________
Nome do Proprietário: ___________________________________
Fone contato: ___________________________________
Município: ___________________________________
Localidade: ___________________________________
Dados da propriedade
Área total (ha): ___________________________________
Área ovinocultura (ha): ___________________________________
Exploração predominante: ( ) ov ( ) bov ( ) eq ( ) outra _________
Outras Explorações: ( ) soja ( ) arroz ( ) outra ___________
Dados dos ovinos
Total de ovinos: ___________________________________
Raça predominante: ___________________________________
Finalidade principal: ( ) Lã ( ) Corte
Tipo de criação: ( ) Extensiva – sempre soltas
( ) Semi-extensiva – prende à noite ou concentra
( ) Intensiva – sempre presos
Suplementação: ( ) Nada ( ) só sal mineral ( ) ração comercial ( )
Freqüência da suplementação: ( ) Nunca
( ) Eventualmente – inverno, engorda esporádica
( ) Permanentemente
Armazenagem do suplemento: Onde? ______________________________
Outros animais (gato, cães, �ássaros) tem acesso?
Fonte de água dos ovinos: Qual a principal? _________________________________
Como considera a natalidade? ( ) Excelente ( ) Boa ( ) Regular ( ) Ruim
Contato dos ovinos com outros animais:
( ) Bov ( ) Equ ( ) Sui ( ) Cap ( ) Aves domésticas
( ) Cão dom. ( ) quantos
( ) Felino dom. ( ) quantos
57
( ) Felino silvestre ( ) Felino errante
Destino de carcaças na prop: ______________________________________
Destino das vísceras (abate): ______________________________________
Ocorre aborto em ovinos? ______________________________________
Aborto em outra espécie? ______________________________________
Cordeiros fracos? ______________________________________
58
Anexo B
PBS – RIFI Toxoplasma gondii
1) PBS Solução Mãe (10x):
- NaCl --------------------------------- 80g
- KCl ------------------------------------ 2g
- Na2HPO4 ------------------------- 14,9g
- KH2PO4 ---------------------------- 2,4g
- Água destilada ---- q.s.p. 1000ml
2) PBS Solução Uso:
- uma parte de Solução Mãe (PBS - RIFI)
- nove partes de água destilada
59
Anexo C
AZUL DE EVAN (EVAN’S BLUE)
1) Fórmula: C34 H24 N6 Na4 O14 S4; 2) Peso molecular: 960,81g/mol, 3) Preparo: 0,01% em água destilada; 4) Azul de Evan Solução Uso: 1:10 em PBS – RIFI Solução Uso.
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