universidade estadual de campinas instituto de...
Post on 08-Nov-2018
225 Views
Preview:
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
INSTITUTO DE BIOLOGIA
AMANDA TEIXEIRA MESQUITA
ESTUDOS CROMOSSÔMICOS EM 16 ESPÉCIES
PERTENCENTES À FAMÍLIA SOLANACEAE JUSS.
CHROMOSOMAL STUDIES IN 16 SPECIES BELONGING TO
THE FAMILY SOLANACEAE JUSS.
CAMPINAS
2016
AMANDA TEIXEIRA MESQUITA
ESTUDOS CROMOSSÔMICOS EM 16 ESPÉCIES
PERTENCENTES À FAMÍLIA SOLANACEAE JUSS.
CHROMOSOMAL STUDIES IN 16 SPECIES BELONGING TO
THE FAMILY SOLANACEAE JUSS.
Dissertação apresentada ao Instituto de
Biologia da Universidade Estadual de
Campinas como parte dos requisitos exigidos
para a obtenção do Título de Mestra em
Biologia Vegetal.
ORIENTADORA: ELIANA REGINA FORNI MARTINS
COORIENTADORA: MARÍA VICTORIA ROMERO DA CRUZ
CAMPINAS
2016
ESTE ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À
VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA
PELA ALUNA AMANDA TEIXEIRA MESQUITA E
ORIENTADA PELO PROFA. DRA. ELIANA
REGINA FORNI MARTINS.
Campinas, 17 de fevereiro de 2016
COMISSÃO EXAMINADORA
Profa. Dra. Eliana Regina Forni Martins
Profa. Dra. Giovana Augusta Torres
Prof. Dr. André Olmos Simões
Prof. Dr. João Semir
Prof. Dr. Ricardo Augusto Lombello
Os membros da Comissão Examinadora acima assinaram a Ata de Defesa,
que se encontra no processo de vida acadêmica do aluno.
Aos meus pais, Edilson e Isabel,
sinônimos de coragem e determinação,
dedico.
AGRADECIMENTOS
O ingresso na pós-graduação foi para mim, mais uma etapa para a realização do sonho de uma
criança curiosa, que queria ser cientista, pesquisadora e com igual entusiasmo, uma docente.
Desde o primeiro dia como mestranda aqui na Instituição, tive o prazer de conviver com
pesquisadores incríveis já consolidados e também com aqueles que, assim como eu estão no
processo de formação como acadêmicos. Tudo isso, foi uma motivação, fazendo com que esse
percurso fosse muito prazeroso.
Por isso, tenho muito a agradecer à Unicamp pela oportunidade, ao Programa de pós-graduação
em Biologia Vegetal e ao Laboratório de Biossistemática e Polinização, por fornecer todos os
subsídios necessários à minha formação.
Agradeço também ao Cnpq pela concessão da bolsa de estudos que possibilitou a condução
dessa pesquisa.
Agradeço imensamente à minha orientadora, Profa. Dra. Eliana Regina Forni Martins, por ter
confiado no meu trabalho desde o início e apoiado minhas aspirações. Agradeço pelos
ensinamentos compartilhados, pelas longas conversas sobre o fantástico mundo dos
cromossomos, a atenção dada em todos os momentos e pela paciência acima de tudo. Sua
postura e dedicação com a pesquisa e docência, são um grande exemplo que quero levar para o
resto da vida!
Agradeço também à minha coorientadora Dra. Maria Victoria Romero da Cruz, por me
apresentar às Solanaceae e instigar a minha paixão por elas! Agradeço por direcionar meu
trabalho desde o primeiro dia de mestrado e ensinar pacientemente todas as técnicas utilizadas
no desenvolvimento dessa pesquisa. Além de tudo agradeço pela amizade, conselhos e grande
exemplo de dedicação profissional!
Agradeço aos professores pela troca de experiência e por compartilhar seus conhecimentos que
só os longos anos de pesquisa, campo e docência podem proporcionar. Não posso me esquecer
também de todos os funcionários do departamento que, com desempenho de suas funções na
Instituição contribuíram para a realização desse trabalho, em especial agradeço à secretária do
programa Maria Roseli.
Ao Marcelo Monge e ao Prof. Dr. João Vascocellos Neto agradeço pela ajuda no envio de frutos
e sementes.
Agradeço aos membros da minha banca de qualificação e pré banca, Profa. Dra. Eliane
Kaltchuk dos Santos, Prof. Dr. João Semir, Dra. Luana Olinda Tacuatiá, Prof. Dra. Lisete
Chamma Davide e Profa. Dra. Giovana Augusta Torres, pelas valiosas contribuições para a
finalização desse trabalho.
Agradeço também, à toda equipe do Laboratório de Citogenética da Universidade Federal de
Lavras, pela ajuda concedida em vários momentos no decorrer no desenvolvimento da minha
pesquisa.
Agradeço aos meus queridos amigos de laboratório de Biossistemática: João, Luana, Vic,
Raquel, Rafael e Thaíssa. Cada um com suas qualidades e particularidaes, foram amigos,
conselheiros e companheiros! Acima de tudo, se tornaram parte da minha família em Campinas,
e fizeram os meus dias mais felizes dentro e fora do laboratório.
Aos colegas de pós-graduação, agradeço pela ótima convivência, troca de experiências e longas
conversas que de fato despertaramem mim, a paixão pela botânica!
Agradeço também, às minhas amigas da Casamarela por serem mais uma parte da minha família
em Campinas, ajudando assim a conviver melhor com a saudade de casa.
Aos meus pais, Edilson e Isabel, maiores exemplos de vida que eu poderia ter, agradeço pelo
otimismo que me faz tentar perceber a melhor parte de todas as situações, mesmo as mais
adversas. Por acreditarem e me fazer acreditar na capacidade de realizar todos os meus sonhos!
Agradeço o apoio, a confiança e, acima de tudo pelo nosso lar sempre receptivo nas minhas
voltas pra casa!
Aos meus irmãos, Lucas e Marco Tulio, agradeço à amizade que nos une, o companheirismo e
os momentos tão divertidos que partilhamaos ao longo desses anos!
Ao Murilo, grande incentivador dos meus sonhos, por ser grande parte do que falta em mim,
principalmente calma e paciência. Agradeço pelos nossos momentos e pela cumplicidade, por
viver comigo mesmo que à distância, essa etapa tão importante para a minha formação, se
interessando pelo meu trabalho e apoiando as minhas idéias. Te amo!
Aos meus familiares, agradeço pelo carinho, torcida e orações.
Ao Claudio, Elenice e família, agradeço pela receptividade e hospitalidade, pelos momentos
tão incríveis que fizeram com eu me sentisse parte da família de vocês!
Por fim, agradeço às muitas outras pessoas que partilharam comigo vários momentos durante
essa etapa, que de alguma forma contribuíram para a realização desse sonho, cujos nomes não
cabem aqui, mas estarão para sempre em minha memória e no meu coração!
RESUMO
A família Solanaceae Juss. é uma das mais representativas entre as angiospermas, reunindo
cerca de 2.500 espécies e 100 gêneros. Possui ampla distribuição geográfica, com maior
diversidade em regiões neotropicais. O uso da citogenética clássica e molecular vem sendo
amplamente documentado em alguns grupos da família, mas ainda existem muitas espécies e
gêneros ainda não caracterizadas citogeneticamente. O presente trabalho apresenta estudos
cromossômicos em 16 espécies de Solanaceae dos gêneros Acnistus Schott, Brunfelsia L.,
Cestrum L., Physalis L. e Solanum L., objetivando fornecer subsídios taxonômicos e
evolutivos. Foram elaborados cariótipos, incluindo bandamento CMA/DAPI e hibridização in
situ (DNAr 18S e 5S), e calculadas a assimetria cariotípica e a proporção de heterocromatina
em relação ao comprimento total do lote haploide (CTLH). Acnistus arborescens Schltdl., P.
pubescens L. e todos os representantes de Solanum apresentaram número cromossômico 2n=24,
ao passo que Brunfelsia uniflora D. Dom, 2n=22 e Cestrum laevigatum Schltdl.e C. mariuitense
Kunth, 2n=16. Foi observada constância de número cromossômico em cada gênero e
predominância de cromossomos metacêntricos. Exceções à simetria cariotípica ocorreram em
P. pubescens, S. acerifolium Humb. & Bonpl. ex Dunal, S. concinnum Schott ex Sendtn., S.
inodorum Vell. e S. palinacanthum Dunal. O bandamento cromossômico evidenciou padrões
distintos de distribuição de heterocromatina entre as espécies estudadas, CMA+/DAPI-,
CMA+/DAPI0, CMA+/DAPI+, CMA-/DAPI+, CMA0/DAPI+, nas posições terminais,
intercalares e associadas à NOR. A proporção da heterocromatina no complemento
cromossômico não está relacionada ao aumento do CTLH. Foi observada diferenciação na
distribuição das sequências de DNAr entre os cinco gêneros. As espécies de Solanum e Acnistus
possuem um par cromossômico que porta um sítio de DNAr 18S na região terminal do braço
curto, coincidente com regiões CMA+, diferentemente de Physalis e Cestrum que apresentam
dois locos. Em B. uniflora o sítio ocorre na região pericentromérica e Solanum inodorum
diferenciou-se por apresentar dispersão de DNAr 18S (18 locus). O sítio de DNAr 5S mostrou-
se presente em regiões intersticiais do braço curto em A. arborescens, B. uniflora e na maioria
dos representantes de Solanum, exceto em S. diploconos (Mart.) Bohs, (região
pericentromérica). Solanum acerifolium e S. flaccidum apresentam um segundo locus ocupando
a posição terminal e pericentromérica do braço curto, respectivamente. Em P. pubescens o sítio
de DNAr 5S ocorre na posição terminal do braço curto de um par cromossômico, em C.
laevigatum na região pericentromérica do braço longo e Cestrum intermedium possui dois sítios
na região pericentromérica do braço longo. Os resultados obtidos mostram que apesar da
uniformidade em alguns caracteres cariotípicos presente na família, as diferenças na
distribuição de heterocromatina e DNAr podem ser úteis na separação dos cinco gêneros e na
melhor compreensão das tendências evolutivas em Solanaceae. No gênero Solanum,
considerado megadiverso, as características cariotípicas distintas encontradas em S. diploconos,
o tamanho cromossômico e o padrão de bandas heterocromáticas, podem reforçar a
consideração dessa espécie (e outras relacionadas) como um gênero à parte (Cyphomandra).
As diferenças encontradas também nas outras espécies podem auxiliar no entendimento da
diversidade morfológica e ecológica presente em Solanum.
Palavras chave: Acnistus, Brunfelsia, Cestrum, Physalis, Solanum, números cromossômicos,
bandamento CMA/DAPI, FISH (DNAr).
ABSTRACT
The family Solanaceae Juss. is one of the most representative among the angiosperms,
comprising around 2,500 species and 100 genus. It has a broad geographic distribution, with
greatest diversity in neotropical regions. The use of classical and molecular cytogenetics has
been widely documented in some family groups, but there are many species and genus not
characterized cytogenetically yet. This work presents chromosomal studies in 16 Solanaceae
species belonging to the genus Acnistus Schott, L. Brunfelsia L., Cestrum L., Physalis L. and
Solanum L., and aims to provide taxonomic and evolutionary subsidies. Fluorescence banding
(CMA/DAPI) and ribosomal DNA mapping (rDNA 5S and 18S) data were used for karyotype
description. The karyotype asymmetry and the proportion of heterochromatin of the total length
of the haploid lot (CTLH) were calculated. Acnistus arborescens Schltdl., P. pubescens L. and
all Solanum species studies here showed chromosome number 2n= 24, while Brunfelsia uniflora
D. Dom presented 2n= 22 and Cestrum laevigatum Schltdl. e C. mariuitense Kunth 2n= 16.
The chromosome number was regular in each genus with predominance of metacentric
chromosomes. Exceptions in karyotype symmetry were observed in P. pubescens, S.
acerifolium Humb. & Bonpl. ex Dunal, S. concinnum Schott ex Sendtn., S. inodorum Vell. and
S. palinacanthum Dunal. Flurescence banding showed distinct patterns of heterochromatin
distribution among some species (CMA+/ DAPI-, CMA+/ DAPI0, CMA+/ DAPI+, CMA-/ DAPI
+, CMA0/ DAPI+) at positions (terminal, interstial position, and NOR associated). The amount
of heterochromatin present in chromosome complement is not related to CTLH increased.
Differentiation in the distribution of rDNA sequences was observed between the five genus.
The species of Solanum and Acnistus have a chromosome pair that carries one 18S rDNA site
in the terminal position of the short arm, coincident with CMA+ regions, while Physalis and
Cestrum presented two loci. Brunfelsia uniflora, presented one site at the pericentromeric
region while Solanum inodorum presented dispersion of 18S rDNA (18 loci). The 5S rDNA
site was observed in interstitial region of the short arm of A. arborescens, B. uniflora and in
most of the species of Solanum, except in S. diploconos (Mart.) Bohs (pericentromeric region).
Solanum acerifolium and S. flaccidum have a second site in terminal and pericentromeric
position of the short arm, respectively. In P. pubescens the 5S rDNA site occurs in the terminal
position of the short arm of a chromosome pair, in C. laevigatum in the pericentromeric region
of the long arm and Cestrum intermedium has two sites in the pericentromeric region of the
long arm. Although the uniformity in some karyotypic characters present in the family, the
results show that, the differences in the distribution of repetitive DNA and rDNA may be useful
in the genusidentification and better understanding of the evolutionary trends in Solanaceae. In
the genus Solanum, considered megadiverse, the karyotypic features found in S. diploconos
(chromosomal size and heterochromatin band pattern) can strengthen the consideration of this
species (and other related) as an apart genus (Cyphomandra). Differences also found in other
species may help to understand the morphological and ecological diversity present in Solanum.
Keywords: Acnistus, Brunfelsia, Cestrum, Physalis, Solanum, chromosome numbers, CMA /
DAPI banding, FISH (rDNA).
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
INTRODUÇÃO GERAL
Figura 1. Cladograma da Ordem Solanales (Angiosperm Phylogeny Website, versão 12,
novembro de 2015) ..................................................................................................................16
Figura 2. Relações filogenéticas entre os maiores clados em Solanaceae. Modificado de
Särkinen et al. (2013) ...............................................................................................................18
Figura 3: Acnistus arborescens. A: detalhe das flores; B: aspecto geral do ramo fértil, C: vista
geral dos ramos ........................................................................................................................26
Figura 4. Brunfelsia uniflora. A, B: detalhe das flores; C: detalhe dos frutos, D: vista geral do
hábito ........................................................................................................................................27
Figura 5: C. mariquitense (A e B), C. laevigatum (C e D). A: detalhe das flores; B, C: Detalhe
dos frutos; D: vista geral do hábito ..........................................................................................28
Figura 6: Physalis pubescens. A, B: detalhe das flores; C: vista geral do hábito; D: detalhe do
fruto ..........................................................................................................................................29
Figura 7: Solanum pseudocapsicum (A e B), S. palinacanthum (C e D). A, B, C: detalhe da
flor; D: detalhe do fruto ...........................................................................................................30
ESTUDOS CROMOSSÔMICOS EM 16 ESPÉCIES DE SOLANACEAE: NÚMERO,
TAMANHO E MORFOLOGIA DOS CROMOSSOMOS, BANDAMENTO CMA/DAPI
E FISH
Figura 1. Representação gráfica da análise de variância do comprimento total do lote haploide
(CTLH) das espécies de Solanaceae estudadas. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C-Cestrum, P-
Physalis e S-Solanum ................................................................................................................47
Figura 2. Representação gráfica da variância da quantidade de heterocromatina evidenciada por
bandamento CMA/DAPI das espécies de Solanaceae estudadas. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C-
Cestrum, P-Physalis e S-Solanum .............................................................................................53
Figura 3: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Acnistus arborescens. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm.}, par
heteromórfico ...........................................................................................................................57
Figura 4: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Brunfelsia uniflora. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm
...................................................................................................................................................58
Figura 5: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Cestrum laevigatum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm.}, par
heteromórfico ...........................................................................................................................59
Figura 6: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Cestrum mariquitensse. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm.}, par
heteromórfico ...........................................................................................................................60
Figura 7: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Physalis pubescens. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm .............61
Figura 8: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum acerifolium. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm .............62
Figura 9: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum adspersum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm .............63
Figura 10: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum concinnum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm .............64
Figura 11: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum diploconos. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm .............65
Figura 12: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum flaccidum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm
...................................................................................................................................................66
Figura 13: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum inodorum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm.}, par
heteromórfico ...........................................................................................................................67
Figura 14: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum palinacanthum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de
DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm
...................................................................................................................................................68
Figura 15: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum pseudocapsicum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas
de DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm .........69
Figura 16: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum sanctae-catharinae. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com
sondas de DNAr 5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm
...................................................................................................................................................70
Figura 17: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum scuticum. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de DNAr
5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm ........................71
Figura 18: Bandamento cromossômico CMA/DAPI e hibridização in situ fluorescente em
Solanum variabile. A, bandamento CMA; B, bandamento DAPI; C, FISH com sondas de DNAr
5S (em vermelho) e 18S (em verde). Barra: 10 µm. D, Ideograma. Barra: 5µm ........................72
Figura 19. Relações filogenéticas em Solanum. Modificado de Särkinen et al. (2013) ..........77
LISTA DE TABELAS
INTRODUÇÃO GERAL
Tabela 1. Maiores gêneros em número de espécies da família Solanaceae ................................17
ESTUDOS CROMOSSÔMICOS EM 16 ESPÉCIES DE SOLANACEAE: NÚMERO,
TAMANHO E MORFOLOGIA DOS CROMOSSOMOS, BANDAMENTO CMA/DAPI
E FISH
Tabela 1. Lista de espécies de Solanaceae coletadas, voucher e local de coleta .........................41
Tabela 2. Pré-tratamentos utilizados para representantes de cada gênero de Solanaceae estudado
...................................................................................................................................................45
Tabela 3: Teste de Tukey Alfa para o comprimento total do lote haploide (CTLH) de espécies
de Solanaceae. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C- Cestrum, P-Physalis e S-
Solanum.....................................................................................................................................48
Tabela 4. Características cariotípicas de espécies da família Solanaceae...................................49
Tabela 5. Teste de Tukey Alfa para quantidade de heterocromatina evidenciada por bandamento
CMA/DAPI de espécies de Solanaceae. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C- Cestrum, P-Physalis e S-
Solanum ....................................................................................................................................52
Tabela 6. Localização dos diferentes tipos de heterocromatina evidenciada por bandamento
CMA/DAPI em Solanaceae. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C-Cestrum, P-Physalis e S-Solanum
...................................................................................................................................................51
Tabela 7. Porcentagem de heterocromatina (evidenciada por bandamento CMA/DAPI) na
composição do cariótipo e sítios de DNAr em espécies de Solanaceae .....................................56
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO GERAL ...................................................................................................... 17
1.1 A Família Solanaceae ..................................................................................................... 17
1.2 A utilização da citogenética na taxonomia de plantas .................................................... 21
1.3 Estudos citogenéticos em Solanaceae ............................................................................. 24
1.4 Materiais estudados ......................................................................................................... 26
1.4.1 Acnistus Schott ......................................................................................................... 26
1.4.2 Brunfelsia L. ............................................................................................................. 27
1.4.3 Cestrum L. ................................................................................................................ 28
1.4.4 Physalis L. ................................................................................................................ 29
1.4.5 Solanum L. ............................................................................................................... 30
2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 32
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 39
2 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 40
2.1 Material vegetal e preparo de lâminas ............................................................................ 40
2.2 Análise morfométrica do cariótipo ................................................................................. 42
2.3 Bandamento CMA/DAPI ................................................................................................ 43
2.4 Hibridização in situ fluorescente (FISH) ........................................................................ 44
3 RESULTADOS ..................................................................................................................... 44
3.1 Pré tratamentos ............................................................................................................... 44
3.2 Análise e morfométrica do cariótipo............................................................................... 45
3.3 Bandamento CMA/DAPI ................................................................................................ 50
3.4 Hibridização in situ fluorescente (FISH) ........................................................................ 55
4 DISCUSSÃO ......................................................................................................................... 73
4.1 Número cromossômico ................................................................................................... 73
4.2 Características cariotípicas.............................................................................................. 74
4.3 Bandamento cromossômico ............................................................................................ 80
4.4 Número e localização de DNAr ...................................................................................... 83
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 86
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................. 88
ANEXOS .................................................................................................................................. 95
17
1 INTRODUÇÃO GERAL
1.1 A Família Solanaceae
A família Solanaceae A. L. Jussieu (1789) é considerada uma das maiores famílias
botânicas entre as plantas vasculares, reunindo cerca de 2500 espécies agrupadas em
aproximadamente 100 gêneros (Olmstead & Bohs, 2007). De acordo com APG II (2003),
Solanaceae está inserida na ordem Solanales Dumort. (1829), juntamente com as famílias
Convolvulaceae Juss. (1789), Hydroleaceae Bercht. & J. Presl (1820), Montiniaceae Nakai
(1943) e Sphenocleaceae (Lindl.) Baskerville (1839) (Figura 1), sendo Colvolvulaceae
considerado grupo irmão de Solanaceae (Soltis et al., 2000). O que difere as Solanaceae das
outras famílias da ordem são caracteres como: óvulos e semente numerosos, dois carpelos
obliquamente orientados, ausência de látex, cotilédones não plicados, estilete simples e estigma
único, pouco ou nada lobado (Cronquist, 1988)
Entre os gêneros agrupados em Solanaceae, cinco deles reúnem cerca de 50% de todos
dos representantes da família (Tabela 1) e, Solanum L. é o mais diverso com 1500 espécies
reconhecidas até o momento (Knapp, 2002 a).
Figura 1. Cladograma da Ordem Solanales (Angiosperm Phylogeny Website, versão 12, novembro de
2015).
18
Tabela 1. Maiores gêneros em número de espécies da família Solanaceae
Gênero Número de espécies
Solanum L. 1000-1500
Lycianthes Bitter ca.200
Cestrum L. ca.175
Nicotiana L. 75-80
Physalis L. ca.75
Brunfelsia L. 45
Nierembegia Ruiz & Pavón 36
De acordo com as classificações tradicionais de Solanaceae, baseadas em caracteres
morfológicos, Cestroideae e Solanoideae, são consideradas as duas únicas subfamílias dentro
do grupo (Hunziker, 2001; Olmstead & Palmer, 1992). Dentre as principais características em
Solanoideae, destaca-se o embrião curvo contido em sementes discoides e frutos tipo baga
(D’Arcy, 1979; Hunziker, 1979). A subfamília Cestroideae é caracterizada pelo embrião reto
ou levemente curvado, contido em sementes angulares a subglobosas e fruto tipo cápsula
(D’Arcy, 1979; Hunziker, 1979). No entanto, com a utilização de caracteres moleculares em
estudos evolutivos e filogenéticos, outras classificações vêm sendo propostas, de maneira a se
obter um melhor entendimento sobre a organização e evolução desse grupo (Olmstead &
Palmer, 1992; Hunziker, 2001).
Olmstead et al (2008), através do estudo das regiões de DNA cloroplastidial ndhF e
trnLF, em 190 espécies e 89 gêneros, propôs uma nova organização para Solanaceae em quatro
subfamílias, Cestroideae, Goetzeoideae, Nicotianoideae e Solanoideae, 14 tribos, e três
subtribos. Esse estudo, no entanto, possui uma amostragem baixa, uma vez que abrange apenas
cerca 7,3% das espécies pertencentes à família. Särkinen et al. (2013), mediante dados
moleculares e fósseis, conseguiram reunir informações sobre aproximadamente 40% das
espécies de Solanaceae, e assim estabelecer uma visão geral do conhecimento sistemático para
o grupo. O trabalho, o mais completo até o momento, suporta as quatro subfamílias
reconhecidas por Olmstead et al. (2008) (Figura 2A) e outros clados previamente estabelecidos,
principalmente aqueles pertencentes ao gênero Solanum (Figura 2B).
19
Figura 2. Relações filogenéticas entre os maiores clados em Solanaceae. Retirado de Särkinen
et al. (2013)
20
Em relação à distribuição, a família é considerada cosmopolita, ocorrendo em todos os
continentes, em regiões tropicais e temperadas, mas a maior diversidade está presente em
regiões neotropicais. O principal centro de diversidade taxonômica e provável centro de origem
da família são as América Central e do Sul, onde já foram documentados cerca de 50 gêneros
e mais de 400 espécies endêmicas (D’Arcy, 1991; Olmstead, 2013). As evidências da
diversificação de grupos próximos à família (por exemplo Convolvulaceae), bem como o
grande número de espécies presentes na América do Sul, sugere que as Solanaceae se
diversificaram após o isolamento da América do Sul, no fim do período Cretáceo (Olmstead et
al., 2013). Com a ocorrência de representantes da família também no Velho Mundo, acredita-
se que cerca de 10 clados foram envolvidos em 8-9 eventos de dispersão (Tu et al., 2010;
Olmstead, 2013). Os primeiros clados divergentes possuem hoje uma distribuição temperada
e/ou andina, refletindo as preferências originais dos mesmos (Olmstead et al., 2013).
Na América do Sul, onde há a maior diversidade de Solanaceae, é possível encontrar
representantes da família em todos os ecossistemas. A maioria dos grandes clados, por exemplo,
Solaneae, Capsiceae, Physalinae / Iochrominae, Petunieae e Nicotiana L., têm representação
significativa em ambientes secos e úmidos, além de atingirem grandes amplitudes latitudinais,
chegando a habitar locais de clima temperado (Olmstead, 2013). Essa grande amplitude
ecológica pode estar relacionada a eventos de dispersão e também à grande variabilidade
morfológica encontrada entre os seus representantes, favorecendo a ocupação dos mais diversos
nichos.
As Solanaceae possuem hábito arbóreo, herbáceo ou arbustivo e, em sua maioria,
encontram-se como ervas anuais, bianuais ou perenes, subarbustos, pequenas árvores ou
trepadeiras e, raramente, como grandes árvores de dossel (Duckeodendron) (Knapp, 2010). A
morfologia floral na família também é muito diversa. Alguns grandes grupos exibem flores
completamente simétricas ou actinomorfas (Solanum) e outros, flores assimétricas ou
zigomórficas. Entre os indivíduos que se inserem nesse último grupo existem ainda duas
divisões: zigomorfia funcional (Physalis), que envolve principalmente a ordem de maturação e
deiscência das anteras e zigomorfia morfológica, que se relaciona à forma dos órgãos florais,
podendo ocorrer em um ou em todos os tratos florais (Nicotiana) (Knapp, 2002a). Diante da
grande variabilidade foral exibida pela família, muitas síndromes de polinização são relatadas
(abelhas, moscas, mariposas, outros insetos). A família também é muito diversificada nos tipos
21
de frutos, podendo-se encontrar cápsulas, drupas, bagas e vários tipos de frutos deiscentes não-
capsulares (Knapp, 2002b).
A família Solanaceae agrupa espécies cultivadas de grande importância na alimentação,
como batata (S. tuberosum L.), um dos alimentos mais utilizado em todo o mundo como fonte
de carboidrato, berinjela (S. melongena L.), tomate (S. lycopersicum L.), pimentão (Capsicum
annum L.) e pimentas em geral (Capsicum spp.), entre outras (Hawkes, 1999). Algumas
espécies pertencentes à família também são amplamente utilizadas para fins ornamentais, como
o manacá-de-cheiro (Brunfelsia uniflora D. Don), algumas espécies de petúnia, como Petunia
hybrida E.Vilm. e as damas-da-noite (Cestrum spp.) (Souza & Lorenzi, 2001). Alguns
representantes da família (“tabaco”, “batata”, “tomate”) são utilizados como organismos
modelo para diversos estudos em biologia celular, desenvolvimento e genética (Doganlar et al.,
2002; Gebhardt et al., 2003; Lim et al., 2006). Na atualidade, está disponível o sequenciamento
do genoma completo da batata, tomate e pimentão (Fernandez-Pozo et al., 2015) de grande
importância para a área do melhoramento vegetal. Uma característica marcante na família é a
produção de grande quantidade e variedade de metabólitos secundários, que conferem proteção
contra herbívoros (alcaloides, esteroides, flavonoides, terpenos, etc). Muitos desses metabólitos
secundários têm sido utilizados na indústria farmacêutica para fins medicinais como a atropina
(Atropa belladonna) e psicotrópicos como a nicotina (Nicotiana tabacum), além de grande
utilidade na culinária como a capsaicina (Capsicum) (Heiser, 1969). Nicotiana tabacum é uma
das plantas mais utilizadas no mundo para extração de drogas (Chase et al., 2003). As
Solanaceae também são conhecidas pelo seu papel como colonizadores em áreas perturbadas,
frequentemente encontradas em pastagens, clareiras, estradas e margens florestais e assim,
consideradas espécies pioneiras (Bohs, 1995; Tabarelli et al., 1999). Com isso, as solanáceas
possuem uma função fundamental na estruturação de comunidades vegetais.
1.2 A utilização da citogenética na taxonomia de plantas
Os primeiros estudos cromossômicos foram relatados no fim do século XIX, na
descrição dos processos relacionados à mitose e, o envolvimento de “uma figura cromática
nuclear” (cromossomos). Posteriormente, foram publicadas descrições de cromossomos
mitóticos em plantas e animais por Strasburguer, em 1875 e Flemming, em 1879-1882 e esses
trabalhos constituem a base dos modernos estudos cromossômicos, principalmente dos
processos de divisão celular (Sumner, 2003). Outros trabalhos importantes são os de Balbiane
(1881), que descreveu pela primeira vez os cromossomos politênicos e de Flemming (1883),
que encontrou os cromossomos plumosos, estudando anfíbios (Guerra, 1988). Diante de todas
22
as descobertas na área da citologia nesse período e, baseada nas Leis Mendelianas da herança,
foi proposta a “Teoria da herança cromossômica”, que possibilitou a união de duas áreas,
genética e citologia em uma nova vertente de estudos, a “Citogenética” (Guerra, 1988; Sumner,
2003). Sendo assim, a Citogenética atual agrega todo estudo relativo aos cromossomos, isolados
ou em conjunto, e tudo o que se relaciona à sua morfologia, organização, função, replicação
além de sua variação e evolução (Guerra, 1988).
Estudos citogenéticos podem ser empregados em muitas áreas do conhecimento e, a
utilização de informações cromossômicas em estudos taxonômicos de grupos vegetais vem
sendo relatada desde o início do século XX (Guerra, 1990), uma vez que alterações numéricas
e estruturais nos cromossomos são fatores muito importantes nos processos de evolução e
especiação (Leitch & Leitch, 2008; Levin, 2002; Soltis et al., 2009)
O número cromossômico é o caráter cariotípico mais utilizado na citotaxonomia vegetal,
pois além da sua fácil obtenção, geralmente é uma característica conservada dentro de
determinados grupos, e pode auxiliar no estabelecimento das relações filogenéticas entre
espécies ou grupos próximos (Guerra, 2008).
Segundo Stebbins (1971), o cariótipo de determinada espécie geralmente é sujeito a
pouca variação, ainda que duas espécies podem ser diferenciadas de acordo com rearranjos
cromossômicos (estruturais ou numéricos) relacionados à distância filética entre elas. Com isso,
além da determinação do número cromossômico, o tamanho de cada cromossomo, bem como
o comprimento total da cromatina, a relação entre braços (que fornece um índice para a
classificação morfológica dos mesmos), a presença de constrição secundária, os padrões
diferenciais de coloração longitudinal, são de grande utilidade em estudos taxonômicos e
evolutivos (Stace, 2000). Mas muitas vezes, a descrição do cariótipo deve ser associada a outras
informações, como conteúdo de DNA, além de uma filogenia bem sustentada, para que sejam
possíveis inferências evolutivas em grandes ou pequenos grupos (Guerra, 2012; Weiss-
Schneeweiss & Schneeweiss 2003).
Outras características cariomorfológicas frequentemente utilizadas na citotaxonomia
relacionam-se ao padrão de distribuição de heterocromatina, bem como de determinadas
sequências de DNA repetitivo, como os sítios de DNAr 45S, 5S e DNA satélite (Guerra 2000,
2002; Roa & Guerra, 2012; Heslop-Harrison &Schwarzacher 2011). Para a diferenciação
dessas regiões cromossômicas, é necessária a utilização de técnicas de coloração diferencial,
denominadas bandamento cromossômico e de hibridização de DNA in situ fluorescente (FISH),
23
que fornecem a distinção longitudinal de algumas regiões, permitindo identificar
individualmente os cromossomos (Schwarzacher & Heslop-Harrison, 2000; Sumner, 2003;
Vosa, 1985).
O conceito de heterocromatina talvez seja o mais controverso dentro do estudo dos
cromossomos. Caracteriza-se por sequências de DNA altamente repetitivas, com composição e
tamanho variado, desde regiões altamente ricas em A-T até altamente ricas em G-C e desde
dois até centenas ou milhares de pares de bases (Beridze 1986, Sumner 1990). Embora já tenha
sido considerada sem atividade transcricional, situação oposta tem sido descrita em alguns
grupos de plantas. (Nagaki et al., 2004; Wang et al., 2006; Carchilan et al. 2007) e mamíferos
(Saksouk et al., 2015). A heterocromatina também tem sido associada a replicação tardia, porém
nem toda região cromossômica com replicação tardia é heterocromatina. (Sumner 2003).
Na era molecular, o conceito de heterocromatina esta evoluindo em função aos avanços
no conhecimento do genoma. Porém, para o estudo da heterocromatina em plantas, duas
principais técnicas (bandeamento C e bandeamento CMA/DAPI) têm sido empregadas
historicamente e tem mostrando sua utilidade até hoje nos estudos evolutivos (Acosta et al.
2015). O bandamento C identifica a ocorrência e distribuição de heterocromatina através do
uso de soluções que eliminam proteínas e também regiões eucromáticas, evidenciando as
porções altamente heterocromáticas (Holmquist, 1979). Já o bandamento fluorescente CMA
DAPI, utiliza a especificidade dos fluorocromos cromomicina A3 (CMA) e 4’,6-diamidino-2-
fenilindol (DAPI) por regiões do DNA ricas em sequências CG e AT, respectivamente,
possibilitando identificar a composição de bases da heterocromatina (Guerra, 2000; Sumner,
2003). O fato de se detectar a ocorrência e a posição física de diferentes famílias de DNA
altamente repetitivo (heterocromatina) permite maior compreensão de como os genomas estão
organizados e as relações entre espécies, gêneros e famílias. Também permite entender os
mecanismos de ajustes que ocorrem nos cariótipos de diferentes organismos durante o processo
evolutivo (Soares-Scott et al., 2005).
Com o advento da biologia molecular, tem sido possível muitos avanços importantes na
citogenética de plantas, como a identificação do número e posição de sítios de DNAr 45S e 5S,
DNA satélite e elementos transponíveis (Heslop-Harrison, 2000; Heslop-Harrison, 2011; Roa
& Guerra, 2012). Tais análises são feitas através da técnica de hibridização in situ fluorescente,
que consiste na utilização de segmentos de DNA ou RNA marcados (que funcionam como
sondas) para localizar as sequências do DNA cromossômico complementares a ela
(denominado DNA-alvo). Para visualizar as regiões hibridizadas com a sonda é necessário
24
associar um corante à sonda e outro ao restante dos cromossomos (Soares-Scott et al., 2005). A
identificação dessas regiões tem sido muitas vezes usada como uma ferramenta adicional para
estimar similaridades cariotípicas entre as espécies ou compreender a evolução cromossômica
nesses grupos (Heslop-Harrison, 2000; Guerra et al., 2012)
1.3 Estudos citogenéticos em Solanaceae
As descrições citogenéticas sobre Solanaceae mostram predominância do número
básico de cromossomos de x=7 a x=13, embora outros números básicos derivados como x=17,
x=19 e x=23 já tenham sido reportados (Bolkhovskikh et al., 1969; Hunziker et al., 2001;
Moscone, 1992). Entretanto, x=12 é o mais frequente, encontrado em mais de 50% das espécies
de Solanaceae já estudadas citogeneticamente, e também considerado o número básico
ancestral para a família (Grant, 1982; Raven, 1975).
Em alguns gêneros de Solanaceae (Solanum, Lycium L. Capsicum e Cestrum) é possível
encontrar certa uniformidade cariotípica, principalmente em relação ao número, tamanho e
morfologia dos cromossomos. O número cromossômico constante (2n=24), cariótipo simétrico
composto por cromossomos pequenos (< 4μm), predominantemente metacêntricos e
submetacêntricos, têm sido reportados para os gêneros Solanum (Acosta et al., 2005, 2012;
Bernardello et al., 1994; Bernardello & Anderson, 1990; Chiarini et al., 2014; Chiarini &
Bernadello, 2006; Moyetta et al., 2013; Rego et al., 2009), Lycium (Stiefkens et al., 2010, 2012),
Lycianthes (Acosta et al., 2005; Rego et al., 2009) e Vassobia (Rego et al., 2009). Já em
Capsicum, apesar de um grande número de espécies apresentarem 2n=24 cromossomos e
cariótipo simétrico, é possível encontrar também espécies com 2n=26 cromossomos e cariótipo
mais assimétrico (Moscone et al., 2007). O gênero Cestrum também possui certa uniformidade
cariotípica, com 2n=16, cromossomos grandes (6 μm a 12 μm) e cariótipo simétrico (Fernandes
et al., 2009; Fregonezzi et al., 2006).
Apesar da uniformidade no número cromossômico (a nível genérico), a poliploidia tem
sido importante na evolução de algumas espécies de Solanaceae, principalmente nos gêneros
Atropa L., Hyoscyamus L., Lycium, Nicotiana, Physalis, Salpiglossis Ruiz & Pav., Solanum e
Withania Pauq. (Badr et al., 1997; Moscone et al., 1992). Entre tais gêneros é possível encontrar
espécies tetraploides, como Lycium (Stiefkens & Bernadello, 2005; Stiefkens et al., 2010,
Venter & Spies, 2008), Physalis (Badr et al., 1997; Gupta & Roy, 1981; Zhao & Turner, 1993),
Solanum (Melo et al., 2011) e Nicotiana (Badr et al., 1997; Leitch et al., 2008), com 2n=4x=48
e Hyoscyamus com 2n=4x=68 (Badr et al., 1997; Srivastava & Lavania 1987) e Withania com
25
2n=4x=44 (Badr et al., 1997). Espécies hexaploides também já foram reportadas para os
gêneros Lycium (Stiefkens et al., 2010, Venter & Spies, 2008), Physalis (Badr et al., 1997,
Gupta & Roy, 1981), Solanum (Melo et al., 2011) e Nicotiana (Badr et al., 1997), com
2n=6x=72. Solanum e Lycium são os gêneros que apresentam o maior nível de ploidia
encontrado até o momento para a família, com 2n=8x=96 cromossomos (Edmonds et al., 1972;
Chen et al., 2013).
Diante dessa estabilidade em alguns caracteres cariotípicos em nível genérico, dados de
bandamento cromossômico e localização de sequências por FISH, associados a análises
cariotípicas convencionais têm sido muito úteis na identificação de pares cromossômicos e
tendências evolutivas para alguns grupos da família, como nos gêneros Capsicum (Moscone et
al., 2007; Romero-da Cruz et al., 2015), Nicotiana (Lim et al., 2004b), Cestrum (Fernandes et
al., 2009, Fregonezi et al., 2006, Urdampilleta et al., 2015) e Solanum (Chiarini et al., 2014).
Alguns grupos em Solanaceae têm sido bastante estudados, apresentando grande
variação na ocorrência e distribuição de DNA repetitivo. Pode-se citar, por exemplo, o gênero
Capsicum, que apresenta diferenças na distribuição de heterocromatina bem como de sítios de
DNAr 45S (Moscone et al., 1993, 1996a). Nicotiana kawakamii Y. contém regiões
heterocromáticas ricas em AT, caso pouco reportado para a família (Nakamura et al., 2001),
enquanto a tribo Cestrae (subfamília Cestroideae) evidencia diferentes tipos de DNA repetitivo
na composição do cariótipo (Fregonezi et al., 2006; Fernandes et al., 2009; Urdampilleta et al.,
2015). No gênero Solanum, também têm sido mostrada uma variação na composição e
localização da heterocromatina (Chiarini et al., 2014), bem como alterações no número e
posição de DNAr 45S e 5S (Rego et al., 2009; Chiarini et al. 2014).
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo ampliar o conhecimento
cromossômico em Solanaceae afim de se mapear as tendências taxonômicas e evolutivas para
a família. Foram obtidos dados cariotípicos, incluindo número cromossômico, bandamento
CMA/DAPI e hibridização in situ para 16 espécies pertencentes a cinco gêneros, Acnistus,
Brunfelsia, Cestrum, Physalis e Solanum. Para Acnistus, Brunfelsia e Physalis, foram estudas
uma espécie de cada gênero (A. arborescens, B. uniflora e P. pubescens). Em Cestrum, foram
amostradas duas espécies, C. Laevigatum e C. mariquitense. Já em Solanum, foram obtidos
dados sobre espécies pertencentes à quatro clados (sensu Bohs, 2005; Weese & Bohs, 2007):
Lepstotemonum seção Acanthophora (S. palinacanthum e S. acerifolium) e seção Torva (S.
adspersum, S. scuticum e S. variabile), clado Geminata (S. pseudocapsicum), Cyphomandra (S.
26
diploconos) e Dulcamaroid (S. flaccidum e S. inodorum). As espécies S. concinnum e S.
sanctae-catharinae ainda não possuem uma posição bem definida na filogenia.
1.4 Materiais estudados
Nesse trabalho foram estudados cinco gêneros pertencentes à família Solanaceae. A
seguir, uma breve caracterização de cada um deles.
1.4.1 Acnistus Schott
Gênero monotípico, descrito por Hunziker (1992), está inserido na subfamília
Solanoideae Kostel, tribo Physaleae Miers, subtribo Ichrominae (Miers) Hunz. Apresenta
distribuição no México, América Central, Antilhas e América do Sul, incluindo o Brasil. A
única espécie é A. arborescens, conhecida popularmente por marianeira ou fruto-do-sabiá
(Carvalho et al., 2001). A espécie apresenta-se como uma pequena árvore, medindo de 2 a 4
metros, sendo até mesmo considerada um arbusto. Possui folhas simples e grandes (30cm) e
flores branco-esverdeadas pendentes do tronco, em cachos (Figura 3). Os frutos são pequenos
(1cm) com sementes numerosas e polpa adocicada, sendo assim extremamente atrativos à
fauna. Por ser uma planta pioneira e rústica, tem utilização em projetos de revegetação. O
número cromossômico relatado para a espécie é 2n=24 (Fedorov, 1974).
27
Figura 3: Acnistus arborescens. A: detalhe das flores; B: aspecto geral do ramo fértil, C: vista
geral dos ramos. Fotos: E. S. Cândido
1.4.2 Brunfelsia L.
O gênero Brunfelsia reúne cerca de 45 espécies e está inserido na subfamília
Solanaoideae e tribo Petuniae Horan. que também agrupa os gêneros Petunia L. Bouchetia
Dunal, Calibrachoa La Llave & Lex, Fabiana Ruiz & Pav., Hunzikeria D’Arcy, Leptoglossis
Benth., Nierembergia Ruiz & Pav. e Plowmania Hunz. & Subilis (Olmstead et al. 2008).
Brunfelsia possui dois centros de diversidade, a América do Sul, onde aproximadamente metade
das espécies são nativas e a América Central, mais especificamente as ilhas Antilhas, onde
ocorrem 23 espécies endêmicas (Filipowicz & Renner, 2010). Em geral suas espécies possuem
hábito arbustivo lenhoso e algumas apresentam-se como pequenas árvores. A inflorescência
geralmente é terminal e ou axilar com flores zigomórficas. Extremamente perfumadas à noite,
as flores de Brunfelsia são um grande atrativo para a polinização por mariposas noturnas
(Plowman, 1998). As espécies de Brunfelsia caracterizam-se pela produção de compostos
alucinógenos ou tóxicos muito utilizados por grupos indígenas. Além disso, são ornamentais já
que suas flores apresentam uma coloração muito atrativa, que muda ao longo do seu ciclo de
vida (Figura 4), devido à degradação de antocianinas (Filipowicz & Renner, 2010). Apenas 9
espécies do gênero já foram estudadas citogeneticamente, Brunfelsia americana L., Brunfelsia
28
australis Benth., Brunfelsia dwyeri D'Arcy, Brunfelsia grandiflora D. Don, Brunfelsia lactea
Krug & Urb., Brunfelsia latifolia hort. ex Steud., Brunfelsia nitida Benth., Brunfelsia pauciflora
Benth. e Brunfelsia undulata Sw. e, as contagens disponíveis mostram que n=11 e 2n=22 é o
número cromossômico predominante (Darlington & Wylie, 1955).
Figura 4. Brunfelsia uniflora. A, B: detalhe das flores; C: detalhe dos frutos, D: vista geral do
hábito. Fotos: Fotos: E.S.Cândido, J.R.Stehmann e R.M. Machado
1.4.3 Cestrum L.
O gênero Cestrum pertence à subfamília Cestroideae Burnett, tribo Cestreae G. Don,
juntamente com Sessea Ruiz & Pav. e Vestia Willd e agrupa cerca de 175 espécies (D’Arcy,
1986). Geralmente, os representantes do gênero são arbustos ou pequenas árvores com
distribuição neotropical (Hunzinker, 1979) (Figura 5). As flores actinomorfas com corola
tubular, presença de cinco estames inclusos e soldados ao tubo da corola, poucas sementes
compridas e embrião reto são características morfológicas diagnósticas para o gênero
(Cronquist, 1988). Alguns representantes de Cestrum são utilizados como ornamentais e
também para fins medicinais, embora algumas sejam tóxicas (Peixoto et al., 2000). As espécies
29
de Cestrum possuem número cromossômico constante de 2n=16, e a única alteração numérica
encontrada no cariótipo está relacionada à ocorrência de um ou dois cromossomos B, nas
espécies Cestrum intermedium Sendtn. e C. strigilatum Ruiz & Pav (Fregonezi et al., 2004;
Fernandes et al., 2009; Urdampilleta et al., 2015).
Figura 5: C. mariquitense (A e B), C. laevigatum (C e D). A: detalhe das flores; B,C: Detalhe
dos frutos; D: vista geral do hábito. Fotos: E. S. Cândido e R.M. Machado
1.4.4 Physalis L.
O gênero Physalis pertence à subfamília Solanoideae, tribo Physaleae, subtribo Physalinae
(Miers) Huz e reúne entre 60 e 70 espécies, com centro de diversidade no México e América
do Norte (Olmstead et al., 2008). Physalis é dividido em quatro subgêneros e 12 seções
taxonômicas (Martinez, 1999). O gênero é pouco diverso morfologicamente, com hábito
predominantemente herbáceo, flores solitárias, axilares e amarelas, polinizadas por abelhas
(Sullivan, 1984). O formato do cálice, inflado, é uma característica importante para a
identificação de representantes desse grupo, já que é extremamente raro em outras Solanaceae
(Whitson & Manos, 2005) (Figura 6). O gênero reúne muitas espécies de importância
econômica, utilizadas na alimentação, ornamentação e também na medicina popular, como
30
antitérmico e diurético (Nurit & Agra, 2005; Whitson & Manos, 2005). Os estudos
citogenéticos disponíveis na literatura mostram que 49 espécies já foram estudadas
citogeneticamente com uma predominância do número cromossômico n=12 e 2n=24. No
entanto, já foram encontrados alguns números cromossômicos distintos como n=10 em Physalis
virginiana var. sonorae (Torr.) Waterf. (Gupta & Roy, 1979), n=11 em Physalis lobata Torr.
(Averet & Powell, 1972), n=24 em Physalis angulata L., Physalis divaricata D. Don, Physalis
minima L. e Physalis peruviana L. (Averet & Powell, 1972, Rao & Prasad, 1984; Stober &
Parks, 1985) e 2n=48 em Physalis angulata L., Physalis divaricata D. Don, Physalis hederifolia
A. Gray, Physalis longifolia Nutt., Physalis minima L., Physalis peruviana L. e Physalis
pubescens L. (Badr et al., 1997, Ganapathi et al., 1991).
Figura 6: Physalis pubescens. A, B: detalhe das flores; C: vista geral do hábito; D: detalhe do
fruto. Fotos: E. S. Cândido
1.4.5 Solanum L.
O gênero Solanum está inserido na subfamília Solanoideae, tribo Solaneae Dumort.e é
considerado um dos maiores em número de representantes entre as angiospermas, agrupando
cerca de 1500 espécies, divididas em 12 (D’ arcy, 1991; Bohs, 2005; Särkinen et al., 2013).
Solanum é extremamente diverso em termos morfológicos e ecológicos e ocorre nos continentes
31
tropicais e temperados, embora a maior diversidade esteja presente nas Américas Central e do
Sul, com cerca de 500 espécies endêmicas (D’arcy, 1999; Wesse & Bohs, 2007). A maioria das
espécies possui hábito herbáceo ou arbustivo, com poucos representantes arbóreos (Figura 7).
De grande importância econômica, o gênero agrupa espécies amplamente utilizadas na
alimentação como o tomate (S. lycopersicum) e a batata (S. tuberosum), além de outras espécies
com uso medicinal, devido à produção de metabólitos secundários (Bohs, 2005). Alguns grupos
em Solanum vêm sendo amplamente estudados cariologicamente e o número cromossômico
n=12, 2n=24 é o mais encontrado entre seus representantes, presente em 79% das espécies
estudadas até o momento (Acosta et al. 2005; Chiarini & Bernardello 2006; Melo et al. 2011;
Rego et al. 2009).
Figura 7: Solanum pseudocapsicum (A e B), S. palinacanthum (C e D). A, B, C: detalhe da
flor; D: detalhe do fruto. Fotos: R. M. Machado
32
2 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acosta MC, Bernadello G, Guerra M. Karyotype analysis in several South American species
of Solanum and Lycianthes rantonnei (Solanaceae). Taxon 2005; 54: 713-723.
Acosta MC, Guerra M, Moscone EA. Karyological relationships among some South
American species of Solanum (Solanaceae) based on fluorochrome banding and nuclear
DNA amount. Plant Syst Evol 2012; 298: 1547-56.
Badr A, Khalifa SF, Aboel-Atta AI, Abou-El-Enain MM. Chromosomal Criteria ans
Taxonomic Relationships in the Solanaceae. Cytologia 1997; 62: 103-113.
Beridze T. G. Satellite DNA. Springer, Berlin, Heidelberg, New York, and Tokyo 1986.
Bernardello LM, Anderson GJ. Karyotypic studies in Solanum section Basarthrum
(Solanaceae). Amer J Bot 1990; 77: 420-431.
Bernardello LM, Heiser CB, Piazzano M. Karyotypic studies in Solanum section Lasiocarpa
(Solanaceae). Am J Bot 1994; 81:95-103.
Bohs L. Transfer of Cyphomandra (Solanaceae) and Its Species to Solanum. Taxon 1995;
44:583-587.
Bohs L. Major clades in Solanum basd on ndhf sequence data. Monogr Syst Bot. 2005;104:
27.
Bolkhovskikh Z, Grif V, Matvejeva T, Zakharyeva O. Chromosome Numbers of Flowering
Plants. V. L. Komarov Botanical Institute, Acad. Sci.U.S.S.R; 1969.
Carchilan M, Delgado M, Ribeiro T, Costa-Nunes P, Caperta A, Morais-Cecílio L, et al.
Transcriptionally Active Heterochromatin in Rye B Chromosomes. The Plant Cell 2007;
19: 1738–1749.
Carvalho Ld´AF, Costa H, Duarte AC. Diversidade taxonômica e distribuição geográfica das
solanáceas que ocorrem no Sudeste Brasileiro (Acnistus, Athenaea, Aureliana, Brunfelsia
e Cyphomandra). Rodriguesia 2001; 52: 31-45.
Chase MW. Molecular Systematics, GISH and the Origin of Hybrid Taxa in Nicotiana
(Solanaceae) Ann Bot 2003; 92: 107-127.
Chen J, Liu X, Zhu L, Wang Y. Nuclear genome size estimation and karyotype analysis of
Lycium species (Solanaceae). Scientia Horticulturae 2013, 151: 46-50.
Chester M, Leitch AR, Soltis PS, Soltis DE. Review of the application of modern cytogenetic
methods (FISH/GISH) to the study of reticulation (Polyploidy/ Hybridisation). Genes
(Basel) 2010; 1:166-92.
33
Chiarini FE, Bernadello, G. Karyotype Studies in South American Species of Solanum
subgen. Leptostemonum (Solanaceae). Plant Biol. 2006; 8: 486-493.
Chiarini FE, Santiñaque FF, Urdampilleta JD, Las Penas ML. Genome size and karyotype
diversity in Solanum sect. Acanthophora (Solanaceae). Plant Syst Evol 2014; 300: 113-
125.
Cronquist A. The Evolution and Classification of Flowering Plants second edition. New York:
New York Botanical Garden Pr Dept; 1988.
D’Arcy WG. The classification of the Solanaceae. In: Hawkes JG, Lester RN, Skelding AD
(eds.). The Biology and Taxonomy of the Solanaceae. London: Academic Press; 1979.
Pp. 3-48.
D’Arcy WG. Solanaceae: Biology and Systematics. Columbia University Press;1986.
Darlington CD, Wylie AP. Chromosome atlas of flowering plants. London: Allen & Unwi;
1955. Pp. 325-326.
Doganlar S, Frary A, Daunay MC, Lester RN, Tanksley SD.A comparative genetic linkage
map of eggplant (Solanum melongena) and its implications for genome evolution in the
Solanaceae. Genetics 2002; 161:1697-711.
Edmonds JM. A synopsis of the taxonomy of Solanum Sect. Solanum (Maurellai) in South
America. Kew Bulletin 1972; 27: 95-114.
Fedorov A A. Chromosome Numbers of Flowering Plants. Academy of Natural Sciences of
the USSR 1974; Leningrad, USSR.
Filipowicz N, Renner SS. Brunfelsia (Solanaceae): A genus evenly divided between South
America and radiations on Cuba and other Antillean islands. Mol Phylogenet Evol 2012;
64:1-11.
Fernandes T, Rego LNAA, Nardy M, Yuyama PM, Vanzela ALL. Karyotype differentiation
of four Cestrum species (Solanaceae) revealed by fluorescent chromosome banding and
FISH. Genet Mol Biol 2009; 32: 320-7.
Fernandez-Pozo N, Menda N, Edwards JD, Saha S, Tecle IY, Strickler SR, Bombarely A,
Fisher-York T, Pujar A, Foerster H, Yan A, Mueller LA.The Sol Genomics Network
(SGN)—from genotype to phenotype to breeding. (2015) Nucleic Acids Res. Volume 43
(Database issue): D1036-41. PubMed.
Fregonezi JN, Fernandes T, Torezan JMD, Vieira AOS, Vanzela ALL. Karyotype
differentiation of four Cestrum species (Solanaceae) based on the physical mapping of
repetitive DNA. Genet Mol Biol 2006; 29: 97-104.
Ganapathi A, Sudhakaran S, Kulothungan S. The diploid taxon in Indian natural populations
of Physalis L. and its taxonomic significance. Cytologia 1991; 56: 283-288.
Gebhardt C, Walkemeier B, Henselewski H, Barakat A, Delseny M, Stuber K. Comparative
mapping between potato (Solanum tuberosum) and Arabidopsis thaliana reveals
34
structurally conserved domains and ancient duplications in the potato genome. Pl J 2003;
34:529-41.
Guerra M. Introdução à citogenética geral. Rio de Janeiro: Guanabara;1989.
Guerra MS. A situação da citotaxonomia de Angiospermas nos trópicos e, em particular, no
Brasil. Acta bot. bras 1990; 4: 85-96.
Guerra M. Patterns of heterochromatin distribution in plant chromosomes. Genet Mol Biol
2000; 23: 1029-41.
Guerra M. Chromosome numbers in plant cytotaxonomy: Concepts and implications.
Cytogenet Genome Res. 2008; 120: 339-350.
Guerra M. Cytotaxonomy: The end of childhood. Plant Biosystematics 2012; 146: 703-710.
Gupta SK, Roy SK. A modified technique for the classification of somatic chromosomes.
Curr. Sci. 1991; 50: 423-424.
Grant V. Periodicities in the chromosome numbers of the Angiosperms. Botanical Gazette
1982; 14: 379-389.
Hawkes JG. 1999. The economic importance of the family Solanaceae. In: Nee M, Symon
DE, Lester RN, Jessop JP. Solanaceae IV. London: Royal Botanic Gardens, Kew; 1999.
Pp 1-8.
Heiser CB. Nightshades, the paradoxical plants. San Francisco: Freeman and Company; 1969.
Henderson RJ. Solanum and its close relatives in Florida. Ann Missouri Bot Gard 1973; 61:
819-867.
Heslop-Harrison JS. Comparative genome organization in plants: from sequence and markers
to chromatin and chromosomes. Plant Cell 2000; 12: 617-36.
Heslop-Harrison JSP, Schwarzacher T. Organisation of the plant genome in chromosomes.
Plant J 2011; 66: 18-33.
Holmquist, G. The Mechanism of C-Banding: Depurination and β Elimination. Chromosoma
(Berl.) 1979; 72: 203-224.
Hunziker AT. South American Solanaceae: a synoptic survey In: Hawkes JG, Lester RN,
Skelding AD. The Biology and Taxonomy of the Solanaceae. London: Academic Press;
1979. Pp. 49-86.
Hunziker AT. Genera Solanacearum: The genera of Solanaceae Illustrated, Arranged
According to a New System. Gantner, Ruggell: Liechtenstein; 2001.
Leitch IJ, Hanson L, Lim KY, Kovarik A, Chase MW, Clarkson JJ. The Ups and Downs of
Genome Size Evolution in Polyploid Species of Nicotiana (Solanaceae). Annals of
Botany 2008; 101: 805-814.
Leitch AR, Leitch IJ. Genomic plasticity and the diversity of polyploid plants. Science 2008;
320: 481-483.
35
Levin DA. The role of chromosomal change in plant evolution. Oxford: Oxford University
Press; 2002.
Lim KY, Skalicka K, Koukalova B, Volkov R a., Matyasek R, Hemleben V, et al. Dynamic
Changes in the Distribution of a Satellite Homologous to Intergenic 26-18S rDNA Spacer
in the Evolution of Nicotiana. Genetics 2004b; 166: 1935-46.
Lim KY, Souckova-Skalicka K, Sarasan V, Clarkson JJ, Chase MW, Kovarik A, Leitch AR.
A genetic appraisal of a new synthetic Nicotiana tabacum (Solanaceae) and the Kostoff
synthetic tobacco. Am J Bot 2006; 93:875-83.
Knapp S. On “various contrivances”: pollination, phylogeny and flower form in the
Solanaceae. Philos Trans R Soc B Biol Sci 2010; 365 (1539): 449-60.
Knapp S. Floral diversity and evolution in the Solanaceae. In: Cronk QCB, Bateman RM,
Hawkins JA. Developmental genetics and plant evolution. London: Taylor and Francis
2002a. Pp. 267-297.
Knapp, S. Tobacco to tomatoes: a phylogenetic perspective on fruit diversity in the
Solanaceae. J. Exp. Bot 2002b; 53: 2001-2022.
Martínez M. Infrageneric taxonomy of Physalis. In Nee M, Symon DE, Lester RN, Jessop JP
Solanaceae IV: advances in biology and utilization. Kew: Royal Botanic Gardens; 1999.
Pp. 275-283.
Melo CAF, Martins MIG, Oliveira MBM, Benko-Iseppon AM, Carvalho R. Karyotype
analysis for diploid and polyploid species of the Solanum L. Plant Syst Evol 2011; 293:
227-35.
Moscone EA. Estudios de cromossomas meióticos en Solanaceae de Argentina. Darwiniana
1992; 31: 261-297.
Moscone EA, Lambrou M, Hunziker AT, Ehrendorfer F. Giemsa C-Banded Karyotypes in
Capsicum (Solanaceae). Plant Syst Evol 1993;186: 213-29.
Moscone EA, Lambrou M, Ehrendorfer, F. Fluorescent chromosome banding in the cultivated
species of Capsicum (Solanaceae). Plant System Evolution 1996a; 20: 37-63.
Moscone EA, Scaldaferro MA, Grabiele M, Cecchini NM, Sánchez García Y, Jarret R, et al.
The Evolution of Chili Peppers (Capsicum - Solanaceae): a Cytogenetic Perspective.
Acta Hortic 2007; 745: 137–69.
Moyetta NR, Stiefkens LB, Bernadello G. Karyotypes of South American species of the
Morelloid and Dulcamaroid clades (Solanum, Solanaceae). Caryologia 2013; 66: 333-
345.
Nagaki K, Cheng Z, Ouyang S, Talbert PB, Kim M, Jones KM et al. Sequencing og a rice
centromere uncovers active genes. Nat Genet 2004; 36: 138-145.
Olmstead RG, Palmer JD. A chloroplast DNA phylogeny of the Solanaceae: subfamilial
relationships and character evolution. Ann. Missouri Bot. Gard 1992; 79: 346-360.
Olmstead RG, Bohs L. A summary of molecular systematic research In Solanaceae: 1982-
2006. In: Spooner DM, Bohs L, Giovannoni J, Olmstead RG & Shibata D. Solanaceae
VI: Genomics Meets Biodiversity Proceedings of the Sixth International Solanaceae
36
Conference. Acta Horticulture 745. International Society for Horticultural Science:
Leuven; 2007. p. 255-268.
Olmstead RG, Bohs L, Migid HA, Santiago-Valentin E, Garcia VF, Collier SM. A molecular
phylogeny of the Solanaceae. Molecular Phylogenetics 2008; 57:1159-1181.
Olmstead RG. Phylogeny and biogeography in Solanaceae, Verbenaceae and Bignoniaceae: A
comparison of continental and intercontinental diversification patterns. Bot J Linn Soc
2013; 171:80-102.
Peixoto PV, Brust LAC, Brito M.F, França TN, Cunha BRM, Andrade G.B. Cestrun
laevigatum poisoning in goats in southeastern Brazil. Vet. Hum. Toxicol 2000; 42: 13-14.
Pinto-Maglio CAF, Pierozzi NL, Castro SCP, Soares-Scott, MD. IOPB chromosome data 11.
Newslett Int Organ Pl Biosyst 1997;26: 23-24.
Plowman T, Knapp S, Press JR. A revision of the South American species of Brunfelsia
(Solanaceae). Fieldiana 1998; 39: 1-134.
Poczai P, Taller J, Szabo I. Analysis of phylogenetic relationship in the genus Solanum
(Solanaceae) as revealed by RAPD markers. Pl Syst Evol 2008; 275: 59-67.
Rao, K. G. R. & Y. L. Prasad. 1984. Pachytene chromosomes of Physalis lanceifolia Nees.
Cytologia 49: 567–572.
Raven PH. The bases of angiosperm phylogeny: cytology. Ann. Mo. Bot. Gard 1975; 62: 724-
764.
Rego LN, Da Silva CRM, Torezan JMD, Gaeta ML, Vanzela ALL. Cytotaxonomical study in
Brazilian species of Solanum, Lycianthes and Vassobia (Solanaceae). Plant Syst Evol
2009; 279: 93-102.
Roa F, Guerra M. Distribution of 45S rDNA sites in chromosomes of plants: structural and
evolutionary implications. BMC Evolutionary Biology; 2012; 12: 225.
Romero-da Cruz MV, Urdampilleta JD, Forni Martins ER, Moscone EA. Cytogenetic
markers for the characterization of Capsicum annuum L. cultivars. Plant Biosyst - An Int
J Deal with all Asp Plant Biol 2015; 3504: 1-19.
Saksouk N, Simboeck E, Déjardim J. Constitutive heterochromatin formation and
transcription in mammals. Epigenetics & Chromatin 2015; 8:3.
Sarkinen T, Bohs L, Olmstead, RG, Knapp S. A phylogenetic framework for evolutionary
study of the nightshades (Solanaceae): a dated 1000-tip tree 2013. BMC Evolutionary
Biology 2013; 13: 1-15.
Schwarzacher TP, Heslop-Harrison P. Pratical in situ hybridization. Oxford: Bios; 2000.
Soares-Scott MD, Meletti LM, Bernacci LC, Passos IRS. Citogenética clássica e molecular
em passifloras. In: Faleiro FG, Junqueira NTV, Braga MF. Maracujá: germoplasma e
melhoramento genético. Planaltina: Embrapa Cerrados; 2005. Pp. 213-240.
Soltis DE, Smith SA, Cellinese N, Wurdack KJ, Tank DC, Brockington SF, et al. Angiosperm
phylogeny: 17-genes, 640 taxa. American Journal of Botany 2011; 98: 704-730.
37
Soltis DE, Albert VA, Leebens-Mack J, Bell CD, Paterson AH, Zheng C, et al. Polyploidy
and angiosperm diversification. Am J Bot 2009; 96: 336-48.
Souza CV, Lorenzi H. 2008. Botânica Sistemática: guia ilustrado para identificação das
famílias de Fanerógamas nativas e exóticas no Brasil, baseado em APG II. Nova Odessa
SP: Instituto Plantarum; 2008.
Srivastava S, Lavania UC. Karyomorphology and DNA amount in relation to chiasma
formation in Hyoscyamus L. Nucleus (Calcutta) 1987; 30: 94-98.
Stace CA. Cytology and Cytogenetics as a Fundamental Taxonomic Resource for the 20th
and 21st Centuries. Taxon. 2000; 49: 451-77.
Stebbins GL. Chromosomal evolution in higher plants. London: Contemporary biology; 1971.
Stiefkens L, Bernardello G. Karyotypic studies in Lycium section Mesocope (Solanaceae)
from South America. Caryologia 2002; 55: 199-206.
Stiefkens L, Bernardello G. Karyotype studies in Lycium sections Schistocalyx and
Sclerocarpelum (Solanaceae). Edinburgh Journal of Botany 2005; 62: 53-67.
Stiefkens L, Las Penas ML, Bernadello G, Levin RA, Miller JS. Karyotypes and fluorescent
chromosome banding patterns in southern African Lycium (Solanaceae). Caryologia
2010; 63: 50-61.
Stober SS, Parks JC. Chromosomal studies of Physalis virginiana var. subglabrata and
Physalis heterophylla. Bartonia 1985; 51: 65-68.
Sumner AT. Chromosome banding. London: Unwin. Human; 1990.
Sumner, A.T. Chromosomes: Organization and function. Blackwell Publishing. Oxford; 2003.
Sullivan J R. Pollination biology of Physalis viscosa var. cinerascens (Solanaceae). American
Journal of Botany 1984; 71: 815-820.
Tabarelli M, Mantovani W, Peres CA. Effects of Habitat Fragmentation on Plant Guild
Structure in the Montane Atlantic Forest of Southeasten Brazil. Biological Conservation
1999; 91: 119-127.
Tu T, Volis S, Dillon MO, Sun H, Wen J: Dispersals of Hyoscyameae and Mandragoreae
(Solanaceae) from the New World to Eurasia in the early Miocene and their
biogeographic diversification within Eurasia. Mol Phylogenet Evol 2010; 57: 1226-1237.
Urdampilleta JD, Chiarini F, Stiefkens L, Bernardello G. Chromosomal differentiation of
Tribe Cestreae (Solanaceae) by analyses of 18-5.8-26S and 5S rDNA distribution. Plant
Syst Evol 2015; 301: 1325-1334.
Venter AM, Spies JJ 2008 In: Marhold K. (ed.), IAPT/IOPB chromosome data 1.Taxon 55:
444, E2.
Vosa CG. Plant chromosome banding and cytotaxonomy. Tópicos de citogenética e evolução
de plantas. In: Aguiar-Perecin MLR, Martins OS, Bandel G. Ribeirão Preto: Sociedade
Brasileira de Genética; 1985. p. 17-25.
38
Wang Y, Tang X, Cheng Z, Mueller L, Giovannoni J, Tanksley SD. Euchromatin and
Pericentromeric Heterochromatin: Comparative Composition in the Tomato Genome.
Genetics 2006; 172: 2529–2540.
Weiss-Schneeweiss H, Stuessy TF, Silajak-Yakovlev S, Baeza CM, Parker J. Karyotype
evolution in South American species of Hypochaeris (Asteraceae, Lactuceae). Plant
Systematics and Evolution 2003; 241: 171-184.
Whitson M, Manos PS. Untangling Physalis (Solanaceae) from the Physaloids: A Two-Gene
Phylogeny of the Physalinae. Syst Bot 2005; 30: 216-30.
Weese TL, Bohs L. A three-gene phylogeny of the genus Solanum (Solanaceae). Syst Bot
2007, 32: 445-463.
Zhao Z, Turner BL. Documented chromosome numbers 1993:3 miscellaneus U.S.A. na d
Mexican species mostly Asteraceae. Sida 1993;15: 649-653.
39
1 INTRODUÇÃO
A família Solanaceae, inserida no clado das Asterídeas (Euasterídias I), ordem
Solanales, agrupa aproximadamente 2500 espécies e 100 gêneros com distribuição
cosmopolita. Embora os representantes do grupo ocorram em todas as regiões, tropicais e
temperadas, a maior diversidade encontra-se na região neotropical (D’Arcy, 1991; Hunziker,
2001). O Brasil apresenta grande riqueza de espécies de Solanaceae, com cerca de 470 espécies,
sendo 221endêmicas e 33 gêneros, sendo quatro endêmicos (Stehmann et al., 2015).
Os membros da família exibem grande diversidade morfológica e ecológica,
características que favoreceram a ocupação dos mais diversos habitats, tanto regiões desérticas
como florestas tropicais úmidas e até mesmo áreas de vegetação secundária (D’Arcy, 1991;
Knapp, 2002a).
Entre os membros da família, incluem-se importantes culturas alimentícias, como o
tomate (Solanum lycopersicum L.) e a batata (S. tuberosum L.), além de plantas utilizadas como
drogas, como Nicotiana tabacum L., da qual se extrai a nicotina, além de muitas ornamentais,
como espécies dos gêneros Brunfelsia L. e Petunia Juss. Além disso, os genomas do tomate e
tabaco estão entre os mais bem estudados entre as angiospermas, comparáveis aos de gramíneas
de importância econômica e Arabidopsis Heynh., que é um organismo modelo para diversos
estudos biológicos (Knapp, 2004).
Desde o início da década de 90, muitos estudos moleculares vêm sido conduzidos em
Solanaceae a fim de obter uma filogenia consistente para o grupo (Olmstead et al., 1999; Weese
& Bohs, 2007). Segundo taxonomistas tradicionais, baseando-se em caracteres morfológicos, a
família é dividida em apenas duas subfamílias, Cestroideae e Solanoideae (D’Arcy, 1991,
Olmstead & Palmer, 1992). Com o uso de caracteres moleculares (DNA plastidial e nuclear)
outras organizações vêm sendo propostas, de maneira a se obter uma filogenia que explique
melhor as relações entre os grupos pertencentes à família. Com isso, a circunscrição de quatro
subfamílias Solanoideae, Cestroideae, Goetzeoideae e Nicotianoideae tem sido bem suportada
por estudos moleculares (Olmstead et al., 2008; Särkinen et al., 2013). Outros grandes grupos
monofiléticos como as tribos Petunieae, Physaleae, Capsiceae e Solaneae, e o clado Atropina
também possuem uma posição bem definida na filogenia e as relações infragenéricas de alguns
grupos do gênero Solanum já são bem resolvidas (Särkinen et al., 2013). Alguns clados, no
entanto, ainda não possuem uma posição definida na árvore filogenética para Solanaceae, por
isso mais estudos são necessários a fim de entender melhor essas relações.
40
Alguns grupos em Solanaceae têm sido amplamente estudados do ponto de vista
citogenético, enquanto em outros há pouca ou nenhuma informação sobre seus cromossomos.
Dentro da maioria dos gêneros estudados, nota-se uniformidade em relação ao número
cromossômico. Lycium L. e Solanum L., apresentam um número cromossômico predominante
de 2n=24, embora existam relatos de polipliodia, em cerca de 20% das espécies já estudadas.
(Bernadello et al., 1990, 1994; Chiarini et al., 2006, 2014; Melo et al., 2011; Rego et al., 2009;
Rice et al., 2014; Stiefkens et al., 2010). Em Capscicum L., são reportados 2n=24 e 2n=26
cromossomos (Aguilera et al., 2014; Moscone et al., 1992, 1993, 1995, 2007). Para a tribo
Cestreae, composta pelos gêneros Cestrum L., Sessea Ruiz et Pav e Vestia Willd., o único
número cromossômico reportado até o momento é de 2n=16 (Fernandes et al., 2009; Fregonezi
et al., 2006; Las Penas et al., 2006; Urdampilleta et al., 2015). A maior variação é encontrada
no gênero Nicotiana no qual já foram relatados n=9, n=10, n=12, n=20 e n=24 cromossomos e
50% das espécies já estudadas citogeneticamente são poliploides (Rice et al., 2014)
No entanto, maiores variações no cariótipo das espécies de Solanaceae estão presentes
quando se trata do estudo de DNA repetitivo (heterocromatina e DNAr). Em geral, a quantidade
e a distribuição de heterocromatina apresenta é bem distinta entre e dentro dos diferentes
gêneros. Caso semelhante ocorre com os sítios de DNAr, que variam em número e posição nos
cromossomos de espécies relacionadas sistematicamente (Acosta et al., 2012; Chiarini et al.,
2014; Rego et al., 2009; Moscone et al., 2007; Fregonezi et al., 2006; Urdampilleta et al., 2015).
O estudo dessas regiões do DNA pode auxiliar no entendimento da organização do genoma das
espécies e assim, tentar compreender um pouco mais os aspectos evolutivos da família.
Diante do exposto, o presente estudo teve como objetivo ampliar o conhecimento
cromossômico na família Solanaceae para mapear tendências taxonômicas e evolutivas,
analisando espécies da região sudeste do Brasil.
2 MATERIAL E MÉTODOS
2.1 Material vegetal e preparo de lâminas
Para os estudos cromossômicos, foram coletados frutos com sementes de 16 espécies
(Tabela 1), de cinco dos 21 gêneros de Solanaceae que ocorrem no estado de São Paulo
(Stehmann et al., 2015; Biral & Lombardi, 2012; Lombardi et al., 2012). Foram confeccionadas
exsicatas a partir do material botânico, coletado que foram depositadas no Herbário UEC. A
identificação das espécies foi realizada através de bibliografias especializadas, análise
comparativa com exsicatas e consultas a especialistas.
41
Tabela 1. Lista de espécies de Solanaceae coletadas, classificação infragenérica (clados
informais sensu Bohs 2005) para os representantes de Solanum, voucher e local de coleta
Espécies Voucher Localização
Acnistus arborescens
Schltdl.
Monge 2787/
Mesquita 23
Aratinga-RS/
Ubatuba-SP
Brunfelsia uniflora D. Don Mesquita 15 Campinas-SP
Cestrum laevigatum Schltdl. Mesquita 12 Campinas-SP
Cestrum mariquitense Kunth Mesquita 14 Campinas-SP
Physalis pubescens L. Vasconcellos Neto 00-068 Jundiaí-SP
Solanum
Clado Cyphomandra
S. diploconos (Mart.) Bohs Mesquita 23 Jundiaí-SP
Clado Dulcamaroid
S. flaccidum Vell. Mesquita 7 Campinas-SP
S. inodorum Vell. Vasconcellos Neto 20401 Jundiaí-SP
Clado Geminata
S. pseudocapsicum L. Mesquita 24 Jundiaí-SP
Clado Leptostemonum
Seção Acanthophora
S. acerifolium Sendt. Mesquita 2 Campinas-SP
S. palinacanthum Dunal Mesquita 20 Ubatuba-SP
Seção Torva
Solanum adspersum Witasek Monge 2748 c 240 Arraial do Cabo-RJ
S. scuticum M. Nee Vasconcellos Neto 8503 Jundiaí-SP
S. variabile Mart Monge 2324 Itacaré-SP
Posição incerta
S. concinnum Schott ex
Sendtn.
Mesquita 8 Campinas-SP
S. sanctae catharinae Dunal Vasconcellos Neto 20873 Jundiaí-SP
As sementes foram germinadas em caixas de germinação (Gerbox®) com papel filtro
umedecido, em temperatura ambiente (TA) e, em alguns casos, foi utilizado 1 ml de ácido
42
giberélico (GA3) 0,01% para a quebra de dormência (Ellis et al., 1985 apud Acosta et al., 2005).
Os seguintes pré-tratamentos, utilizados para inibir o fuso mitótico, foram testados em
representantes de cada gênero, a fim de se obter um bom padrão de condensação cromossômica:
solução saturada de paradiclorobenzeno por 2-5 horas (h) em TA, 8-hidroxiquinoleína (8-HQ)
a 0,002M por 6 h a 14ºC, 8-HQ a 0.002M + cicloexamida 25mg/L (1:1) por 8h a 4ºC e
colchicina 0,1% por 6h em TA.
Em seguida, as raízes foram fixadas em solução Farmer 3:1 (etanol: ácido acético, v: v)
por no mínimo12 h em TA, sob agitação, e armazenadas a -20ºC até o preparo das lâminas.
Os meristemas das raízes pré-tratadas e fixadas foram utilizados para a confecção das
lâminas após digestão enzimática (1% macerozima, 2% celulase e 20% pectinase) por 10-15
minutos a 37°C. Após a digestão, foi feita a dissecação das células meristemáticas sobre uma
lâmina, em ácido acético 45%, seguida do esmagamento com uma lamínula de vidro de
18x18mm. A lâmina foi congelada em nitrogênio líquido por pelo menos 15 minutos para a
remoção da lamínula. As lâminas foram envelhecidas por no mínimo três dias em TA, para
serem utilizadas no bandamento CMA/DAPI e FISH. As lâminas não utilizadas após nesse
período foram armazenadas a -21ºC.
Pelo menos dois indivíduos de cada uma das 16 espécies foram analisados pela técnica
de bandamento cromossômico e, pelo menos uma lâmina de cada espécie, contendo no mínimo
10 metáfases foi selecionada para a utilização na FISH. Dessa maneira, 10-30 células por
espécie foram fotografadas em microscópio Olympus® BX51, com câmera DP72 acoplada e
as imagens foram capturadas utilizando programa Olympus® DP2 BSW (Olympus
Corporation). O programa Adobe Photoshop® CS6 PT-BR (Adobe Systems, Inc.) foi utilizado
para auxiliar no balanceamento uniforme de cores, brilho e contraste.
2.2 Análise morfométrica do cariótipo
As medidas cromossômicas foram realizadas através do software Micro Measure© (3.3)
em cinco células de cada indivíduo com padrão semelhante de condensação. Para cada
metáfase, foi obtida a medida absoluta do braço curto (S) e longo (L), o comprimento absoluto
e relativo de cada cromossomo e o tamanho das regiões heterocromáticas presentes em cada
cromossomo.
Para cada cromossomo a posição do centrômero foi calculada pelo índice r (relação entre
braços) = L/S e a classificação foi feita de acordo com Levan et al. (1964): m-metacêntrico (r
43
=1,0-1,69), sm-submetacêntrico (r = 1,70-2,99), st-subtelocêntrico (r = 3,0-6,99) e t-
telocêntrico (r = 7,0 -∞).
O comprimento total do lote haploide (CTLH), calculado através da soma do tamanho
médio dos pares cromossômicos de cada espécie, bem como o tamanho médio da
heterocromatina (% de heterocromatina em relação ao CTLH), foram calculados para a
montagem dos ideogramas. Na representação dos ideogramas, os cromossomos foram
agrupados primeiramente de acordo com a morfologia cromossômica (m, sm e st) e, dentro de
cada grupo, de acordo com o tamanho decrescente.
A fim de se comparar o CTLH e a quantidade de heterocromatina entre as espécies
estudadas, foi realizada uma análise de variância simples (ANOVA) com nível de significância
de p < 0,05. A fim de se verificar a normalidade da distribuição das amostras foi realizado o
teste de Shapiro Wilk e, para a comparação das médias, foi realizado o teste de Tukey Infestat©
(versão 2015, grupo Infostat). Posteriormente, foram plotados gráficos de barras com a
variância encontrada em cada espécie, para uma melhor visualização dos resultados obtidos.
Para medir a simetria cariotípica, foram utilizados os índices A1= 1-[Ʃbi/Bi)/n]
(bi=média do braço curto de cada par cromossômico, B= média do braço longo de cada par
cromossômico, n= número de pares cromossômicos) e A2= s/x (desvio padrão, x= média do
comprimento do complemento cromossômico) (Zarco, 1986). O índice A1 mede a assimetria
intracromossomal isto é, indica diferenças no tamanho dos braços cromossômicos. Já o índice
A2 mede a assimetria intercromossomal e indica a variação existente no tamanho do
complemento cromossômico.
2.3 Bandamento CMA/DAPI
Lâminas envelhecidas foram coradas com CMA (cromomicina A3) por 90 minutos e
contracoradas com DAPI (4’- 6- diamidino- 2- fenilindol) por 30 minutos, segundo Schweizer
(1976), com algumas adaptações. As lâminas foram montadas com meio glicerol/McIlvaine
(1:1) e armazenadas a 37ºC no escuro por pelo menos cinco dias. Após observação e registro
dos dados, as melhores lâminas foram descoradas para posterior aplicação da técnica de FISH.
Para a retirada da coloração CMA/DAPI, primeiramente as lâminas foram colocadas em
uma cuba contendo água destilada sob agitação até a remoção lamínulas. Em seguida, foi
utilizada solução Farmer a 4 ºC overnight para posterior desidratação em álcool 100% por 3
minutos.
44
Uma banda foi designada positiva (CMA+ ou DAPI+) quando a região apresentou
coloração mais brilhante em relação ao restante do cromossomo, com o respectivo corante
(fluorocromo), CMA e DAPI. A banda foi considerada neutra (CMA0 ou DAPI0) quando o
cromossomo não apresentou coloração diferenciada por um dos corantes, apesar de se mostrar
positiva com o outro. E, foi considerada banda negativa (CMA- ou DAPI-) aquela região
cromossômica que não apresenta qualquer coloração com um dos corantes, apesar de aparecer
corada positivamente com o fluorocromo contrário.
2.4 Hibridização in situ fluorescente (FISH)
As sequências dos genes ribossomais 5S e 18S foram obtidas por PCR a partir de DNA
genômico de Capsicum chinense. Para o DNAr 5S, foram utilizados os primers 5S DNAr-3 e
5S DNAr-4, com as respectivas sequências, 5’- GTG CTT GGG CGA GAG TAG TA- 3’ e 5’-
GGT GCG TTA GTG CTG GTA TG-3’ (Kitamura et al., 2001). Já para o DNAr 18S os primers
usados foram NS1 e NS4, com sequência 5’-GTA GTC ATA TGC TTG TCT C-3’ e5’-CTT
CCG TCA ATT CCT TTA AG-3’, respectivamente (White et al., 1990).
As sondas de DNAr 5S e 18S foram marcadas por nick translation (Roche
Biochemicals®, UK) utilizando digoxigenina-11-dUTP (Roche Biochemicals®, UK) e biotina-
14-dATP (Roche Biochemicals®, UK), respectivamente. A hibridização in situ foi realizada
segundo Schwarzacher & Heslop-Harrison (2000), com modificações. As lâminas foram
tratadas com RNase por 1 hora a 37°C, fixadas em paraformaldeído 4% por 10 minutos a TA e
desidratadas em série alcoólica 70% e 100% por 10 minutos cada. A mistura de hibridização
foi composta por formamida 100%, dextran 10%, SDS 10%, 2X SSC, sondas DNAr 5S e 18S
(ambas 3,33ng/μl). As lavagens de estringência (72%) foram realizadas em 0,1XSSC a 42°C,
2XSSC à temperatura ambiente (TA), 2XSSC a 42ºC, 4XSSC TA e 4XSSC a 42ºC. As sondas
foram detectadas por anticorpos ligados ao fluorocromo, sendo o DNAr 5S detectado por anti-
digoxigenina-Rodamina (Roche Biochemicals®, UK) e o DNAr18S pela Avidina-FITC (Roche
Biochemicals®, UK). As lâminas foram montadas em DAPI/Vectashield (1:1) (Vector®).
3 RESULTADOS
3.1 Pré tratamentos
Os melhores pré tratamentos foram escolhidos para cada gênero e padronizados, como
mostrado na Tabela 2.
45
Tabela 2. Pré-tratamentos utilizados para representantes de cada gênero de Solanaceae
estudado
Gênero Pré-tratamento
Acnistus e
Physalis
8-hidroxiquinoleína (8-HQ) 0.002M + cicloexamida
25mg/L (1:1) ,8h, 4ºC
Brunfelsia 8-hidroxiquinoleína (8-HQ) 0.002M, 6 h, 14ºC
Cestrum Colchicina 0,1% 6h, TA
Solanum solução saturada de paradiclorobenzeno 2h, TA
Solanum (S. diploconos) solução saturada de paradiclorobenzeno 5h, TA
3.2 Análise e morfométrica do cariótipo
Foram encontrados números cromossômicos somáticos 2n=24 (Acnistus, Physalis e
Solanum), 2n=22 (Brunfelsia) e 2n=16 (Cestrum) (Tabela 3, Figuras 3 a 18). A espécie que
apresentou menor valor de CTLH foi Solanum sanctae-catharinae com 24,33 µm e variação de
1,68-2,35 µm do menor para o maior par cromossômico. Já os maiores valores de CTLH foram
encontrados em S. diploconos, com 72,29 µm (4,63-7,49 µm), C. mariquitense, 75,51 µm (7,35-
11,39 µm) e C. laevigatum, 77,41 µm (7,92-10,88 µm).
As espécies diferiram estatisticamente quanto ao CTLH (Figura 1; Tabela 4). A espécie
que apresentou menor valor foi S. sanctae-catharinae (22,15 µm), estatiscamente distinto das
médias apresentadas por A. arborescens, P. pubescens e espécies de Solanum (exceto S.
diploconos) que formam um grupo com valores intermediários de CTLH. Brunfelsia uniflora,
por sua vez, apresenta média de CTLH diferente das espécies citadas anteriormente (50,26 µm),
mas não se encaixa no grupo dos indivíduos com maiores médias. Cestrum laevigatum, C.
mariquitense e S. diploconos se diferenciam em um grupo por apresentar maior CTLH que
todas as outras espécies estudadas, e suas médias são estatisticamente semelhantes (75,51 µm;
77,41 µm e 72,29 µm, respectivamente) (Tabela 4) (Figura 1).
Além disso, foi encontrada grande diversidade na fórmula cariotípica, mas a maioria das
espécies analisadas mostra uma predominância de cromossomos metacêntricos (Tabela 3).
Acnistus arborescens foi a única espécie em que o cariótipo é composto unicamente por
cromossomos metacêntricos, enquanto P. pubescens, S. inodorum e S. palinacanthum
apresentaram predominância de cromossomos submetacêntricos, ao passo que S. concinnum
possui um cariótipo composto por 6m+6sm.
46
A assimetria cariotípica foi calculada pelos índices A1 e A2, e apresentaram valores para
cada espécie, entre os intervalos 0,17 a 0,39 e 0,04 a 0,23 respectivamente. Ambos os índices
fornecem valores de 0 a 1, indicando que quanto mais próximo de 0, maior a simetria cariotípica
inter e intracromossomal. Espécies com baixos valores de A2 (próximo à 0) apresentam pouca
variação entre o tamanho dos pares cromossômicos e com valores A1 próximo a 0,
caracterizam-se por pequenas diferenças em relação ao tamanho dos braços de cada par
cromossômico. Assim, as espécies aqui estudadas, possuem cariótipos relativamente simétricos
sendo que, S. palinacanthum (A1+A2=0,49), S. acerifolium e S. inodorum (0,54) são os mais
assimétricos enquanto A. arborescens é a espécie que apresenta o cariótipo mais simétrico
(0,27), além de C. laevigatum (0,32), C. mariquitense e S. adspersum (0,34).
47
Figura 1. Representação gráfica da análise de variância do comprimento total do lote haploide (CTLH) das espécies de Solanaceae estudadas. A-
Acnistus, B-Brunfelsia, C-Cestrum, P-Physalis e S-Solanum
48
Tabela 3. Teste de Tukey Alfa para o comprimento total do lote haploide (CTLH) de espécies de Solanaceae. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C- Cestrum,
P-Physalis e S-Solanum
Espécie Médias n E.E.
S. sanctae-catharinae 22,15 5 1,26 A
S. adspersum 25,17 5 1,26 A B
S. flaccidum 26,04 5 1,26 A B
S. pseudocapsicum 27,99 5 1,26 A B C
S. scuticum 28,03 5 1,26 A B C
S. concinnum 30,71 5 1,26 B C D
P. pubescens 31,29 5 1,26 B C D
S. variabile 32,78 5 1,26 C D
S. acerifolium 35,71 5 1,26 D E
S. palinacanthum 36,90 5 1,26 D E
S. inodorum 39,75 5 1,26 E F
A. arborescens 45,55 5 1,26 F G
B. uniflora 50,26 5 1,26 G
S. diploconos 72,29 5 1,26 H
C. mariquitense 75,51 5 1,26 H
C. laevigatum 77,41 5 1,26 H Médias com uma letra comum não são significativamente diferentes (p< 0,05)
49
Tabela 4: Características cariotípicas de espécies da família Solanaceae
2n=número somático de cromossomos; m=metacêntrico, sm=submetacêntrico, st=subtelocêntrico; NOR= região organizadora do nucléolo; CTLH=comprimento total do lote
haploide; A1=índice de assimetria intracromossomal; A2= índice de assimetria intercromossomal; DP: desvio padrão
Espécie 2n Fórmula
cariotípica
CTLH
(µm)
(DP)
Sítios de
DNAr
18S
Variação do
tamanho
cromossômico
A1 A2
Acnistus arborescens 24 12m 45,55(0,36) 1 (par 8) 3,17-4,38 0,17 0,10
Brunfelsia uniflora 22 7m+4sm 50,26(0,45) 1(2) 3,89-5,37 0,32 0,10
Cestrum laevigatum 16 6m+2sm 77,41(0,92) 2(2,6) 7,92-10,88
0,23 0,10
C. mariquitense 16 7m+1sm 75,51(1,15) 2(7,8) 7,35-11,39
0,21 0,12
Physalis pubescens 24 3m+8sm+1st 30,76(0,30) 2 (8,12) 2,14-3,15 0,27 0,10
Solanum acerifolium 24 10m+2sm 35,71(0.70) 1(3) 1,71-3,87
0,26 0,23
S. adspersum 24 9m+3sm 25,17(0,2) 1(3) 1,77-2,44 0,25 0,09
S. concinnum 24 6m+6sm 30,7 (0,2) 1(2) 2,26-2,86 0,39 0,08
S. flaccidum 24 9m+2sm+1st 26,33(0,22) 1(12) 1,89-2,59 0,27 0,10
S. inodorum 24 5m+7sm 39,75(0,31) 18(tods
os pares)
2,83-3,86 0,39 0,09
S. palinacanthum 24 5m+7sm 36,9(0,39) 1(6) 2,51-3,86 0,41 0,13
S. pseudocapsicum 24 9m+3sm 27,85(0,3) 1(11) 1,76- 2,72 0,28 0,13
S. sanctae-catharinae 24 10m+2sm 24,33(0,2) 1(6) 1,68-2,35 0,26 0,09
S. diploconos 24 8m+4sm 72,29(0,87) 1(12) 4,63-7,49 0,32 0,14
S. scuticum 24 9m+3sm 29,82(0,28) 1(11) 1,95-2,79 0,31 0,04
S. variabile 24 9m+3sm 32,77(0,31) 1(3) 2,15-3,26 0,24 0,11
50
3.3 Bandamento CMA/DAPI
O bandamento cromossômico CMA/DAPI possibilitou identificar diferentes padrões de
composição e distribuição de heterocromatina entre os representantes de Solanaceae estudados
(Figuras 3 a 18). Além disso, também pode-se notar que a porcentagem de heterocromatina
(totalizada pela soma de bandas grandes e puntiformes) (Figuras 3 a 18) na composição do
cariótipo (CTLH) foi variável (Tabela 7), sendo possível separar os grupos com valores
menores, intermediários e maiores, fato comprovado pela análise de variância. As espécies que
apresentaram a menor quantidade de heterocromatina na composição do cariótipo foram B.
uniflora (1,51%), S. diploconos (1,85%), S. mariquitense (2,21%), S. palinacanthum (2,57%) e
S. concinnum (5,93%). Já S. acerifolium (51,92%), S. inodorum (38,96%), P. pubescens
(34,27%) e S. sanctae-catharinae (20,34%) apresentarm as maiores quantidades. As outras
espécies analisadas possuem valores intermediários de heterocromatina na composição do
cariótipo (Tabelas 4 e 5) (Figura 2).
Em todas as espécies foi possível visualizar pelo menos um par cromossômico com forte
sinal CMA+, correspondendo à NOR (região organizadora do nucléolo). Em A. arborescens
(Figura 3) e em todos os indivíduos do gênero Solanum (Figuras 8 a 18) foi encontrado um par
cromossômico portando a NOR, enquanto em C. laevigatum (Figura 5), C. mariquitense
(Figura 6) e P. pubescens (Figura 7) foi possível identificar dois pares cromossômicos portando
tal região. Diferentemente de todos os indivíduos analisados, a NOR em B. uniflora, está
presente na região pericentromérica de um par cromossômico (Figura 4), ao passo que em todos
os outros, localiza-se na região terminal. Os pares cromossômicos que portam a NOR
apresentaram morfologia variável, sendo possível observá-la em cromossomos metacêntricos
(nove espécies), submetacêntricos (cinco espécies) e subtelocêntricos (duas espécies) (Figuras
3 a 18). A composição da heterocromatina na NOR é variável, sendo na maioria das espécies
DAPI-, exceto em, S. adspersum (Figura 9) e S. concinnum (Figura 10) (DAPI0) e P. pubescens
(Figura 7) (DAPI+) (Tabela 7). As bandas CMA+ indicam a alta repetitividade de sequências
GC associadas à NOR.
Acnistus arborescens, P. pubescens e S. sanctae-catharinae foram as únicas espécies
em que foi possível encontrar bandas DAPI+ sempre terminais (Tabela 7) (Figuras 3, 7 e 16,
respectivamente). Entretanto, somente A. arborescens apresentou bandas CMA+/DAPI+ sem
51
associação à NOR, ao passo que em P. pubescens, o único par de CMA+/DAPI+encontra-se
associado à NOR (Tabela 8) (Figuras 3 e 7, respectivamente).
Em outras espécies foi possível ver claramente em um par cromossômico uma banda
CMA+ intersticial. Em B. uniflora, C. laevigatum, C. mariquitense, S. concinnum e S. sanctae-
catharinae essa banda é CMA+/DAPI0 (Figuras 4, 5, 6, 10 e 16 respectivamente), enquanto em
A. arborescens, S. acerifolium, S. diploconos, S. inodorum, S, scuticum e S. variabile é
CMA+/DAPI- (Tabela 8) (Figuras 3, 8, 11, 13, 17 e 18 respectivamente).
Além disso, pequenos blocos heterocromáticos terminais foram visualizados em
algumas espécies. Em S. adspersum, S. concinnum, S. flaccidum, S. scuticum e S. variabile
foram encontradas regiões CMA+/DAPI0 em todos os pares cromossômicos (Figuras 9, 10, 12,
17 e 18 respectivamente) e, em S. pseudocapsicum, além de pequenas bandas CMA+/DAPI0,
também foram visualizadas bandas CMA+/DAPI- (Figura 15) (Tabela 7). Por outra parte, em S.
sanctae-catharinae foram observadas bandas CMA+/DAPI0, CMA+/DAPI+ e CMA0/ DAPI+
(Figura 16).
As únicas espécies que apresentaram grandes blocos de heterocromatina terminais e
intersticiais CMA+/DAPI- foram S. acerifolium e S. inodorum (Tabela 7) (Figuras 8 e 13
respectivamente). Nessas duas espécies também foram visualizadas pequenas regiões terminais
CMA+/DAPI- além de regiões com heterocromatina dispersa, padrão bem distinto de todos os
outros indivíduos estudados. Após a FISH, também foi possível visualizar bandas DAPI + em
S. diploconos, S. flaccidum e S. palinacanthum (Figuras 11, 12 e 14, respectivamente) .
Finalmente, foram observadas bandas terminais do tipo CMA-/DAPI+ nos
representantes de Physalis (Figura 7) e Acnistus. No gênero Acnistus também foram reveladas
bandas do tipo CMA+/DAPI+, CMA+/DAPI- e CMA0/ DAPI+ (Figura 3) (Tabela 7).
52
Tabela 5. Teste de Tukey Alfa para quantidade de heterocromatina evidenciada por bandamento CMA/DAPI de espécies de Solanaceae. A-
Acnistus, B-Brunfelsia, C- Cestrum, P-Physalis e S-Solanum
médias com uma letra comum não são significativamente diferentes (p< 0,05)
Especie Medias n E.E.
B. uniflora 1,51 5 0,75 A
S. diploconos 1,85 5 0,75 A
C. laevigatum 2,17 5 0,75 A
C. mariquitense 2,21 5 0,75 A B
S. palinacanthum 2,57 5 0,75 A B
S. concinnum 5,93 5 0,75 B
S. adspersum 10,60 5 0,75 C
A. arborescens 11,49 5 0,75 C
S. scuticum 12,44 5 0,75 C
S. variabile 12,92 5 0,75 C
S. flaccidum 13,04 5 0,75 C
S. sanctae-catharinae 20,34 5 0,75 D
P. pubescens 34,27 5 0,75 E
S. inodorum 38,96 5 0,75 F
S. acerifolium 51,92 5 0,75 G
53
Figura 2. Representação gráfica da variância da quantidade de heterocromatina evidenciada por bandamento CMA/DAPI das espécies de
Solanaceae estudadas. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C-Cestrum, P-Physalis e S-Solanum
54
Tabela 6. Localização dos diferentes tipos de heterocromatina evidenciada por bandamento CMA/DAPI em Solanaceae. A-Acnistus, B-Brunfelsia, C-Cestrum, P-
Physalis e S-Solanum
Espécies
Heterocromatina
NOR Intercalar Terminal
CMA+/DAPI- CMA+/DAPI0 CMA+/DAPI+ CMA+/DAPI- CMA+/DAPI0 CMA+/DAPI- CMA+/DAPI0 CMA+/DAPI+ CMA-/DAPI+ CMA0/DAPI+
A. arborescens x x x x x x
B. uniflora x x - - - - -
C. laevigatum x x - - - - -
C. mariquitense x x - - - - -
P. pubescens x - - - - x
S. acerifolium x x x
S. adspersum x - - x
S. concinnum x x x
S. flaccidum x - - - x
S. inodorum x x x
S.palinacanthum x - - - - - - -
S.
pseudocapsicum
x - - x x
S.sanctae-
catharinae
X x x x x
S. diploconos X x - - - - -
S. scuticum X x x
S. variabile X x x
55
3.4 Hibridização in situ fluorescente (FISH)
A maioria dos indivíduos avaliados possuem um par cromossômico portando o sítio de
DNAr 18S terminal co-localizado com uma região CMA+ (Figuras 3 a 18). Somente em B.
uniflora, o sítio se encontra nas proximidades do centrômero (Figura 4). Cestrum laevigatum,
C. mariquitense e P. pubescens apresentaram mais um par cromossômico portando o locus de
DNAr 18S (Figuras 5, 6 e 7, respectivamente) e S. inodorum apresentou 18 sítios para o gene
(Figura 13).
Resultado semelhante foi obtido para o sítio de DNAr 5S, já que também foi encontrado
um par cromossômico com o locus na maioria das espécies. Acnistus arborescens, C.
mariquitense, S. acerifolium e S. flaccidum foram as espécies que apresentaram dois sítios de
DNAr 5S (Figuras 3, 6, 8, 12, respectivamente). O loco de DNAr apresentou grande variação
de distribuição, ocorrendo tanto no braço curto quanto no braço longo dos pares cromossômicos
e em regiões terminais, subterminais ou pericentromérico (Figuras 3 a 18, Tabela 7).
Em C. laevigatum, C. mariquitense e S. inodorum foi encontrado heteromorfismo no
par cromossômico portador da NOR (Figuras 5, 6 e 13, respectivamente). Três indivíduos de
cada espécie foram analisados e, para os representantes de Cestrum, dois deles apresentaram
heteromorfismo, enquanto para S. inodorum, todos os indivíduos apresentaram um par
cromossômico heteromórfico em relação à NOR. Acnistus arborescens também apresentou
heteromorfismo cromossômico entre as duas populações estudadas, mas, para essa espécie tal
situação ocorreu em relação a um dos sítios de DNAr 5s (o maior deles). Na população coletada
em Aratinga/RS o maior sítio de DNAr 5s está localizado na posição intersticial no braço longo
do par cromossômico 6. Já na população coletada em Ubatuba/SP o locus está co-localizado no
par cromossômico 8, que porta o sítio de DNAr 18s (Figura 3).
56
Tabela 7. Porcentagem de heterocromatina (evidenciada por bandamento CMA/DAPI) na
composição do cariótipo e sítios de DNAr em espécies de Solanaceae
NOR-assoc=heterocromatina associáda à região NOR, Interc.=intercalar, T=terminal, St=subterminal,
Peric.=pericentromérica, (BL)= braço longo, (BC)=braço curto
Espécies Heterocromatina
(%)
Sítios DNAr
Total NOR-
assoc
Interc. 5s 18s
T Subt Per
Acnistus arborescens 11,49 0,59 10,91 2(BL)/1(BC) 1
Brunfelsia uniflora 1,51 1,11 0,40 1(BC) 1
Cestrum mariquitense 2,21 1,60 0,45 2(BL) 2
Cestrum laevigatum 2,17 2,12 0,61 1(BL) 2
Physalis pubescens 34,27 1,37 32,93 1(BC) 2
Solanum acerifolium 51,92 2,77 49,12 1(BC) 1(BC) 1
S. adspersum 10,60 0,40 10,05 1(BC) 1
S. concinnum 5,93 1,79 4,14 1(BC) 1
S. flaccidum 13,04 1,97 9,57 1(BC) 1(BC) 1
S. inodorum 38,96 0,88 35,04 1(BL) 18
S. palinacanthum 2,57 2,66 - 1(BC) 1
S. sanctae-catharinae 20,34 2,34 18,04 1(BL) 1
S. scuticum 12,44 1,04 10,70 1(BC) 1
S. pseudocapsicum 19,82 1,26 18,56 1(BC) 1
S. diploconos 1,85 1,24 0,62 1(BC) 1
S. variabile 12,92 1,50 12,45 1(BC) 1
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
4 DISCUSSÃO
Os dados de número cromossômico, bandamento CMA/DAPI e FISH são inéditos para
B. uniflora, S. adspersum, S. concinnum, S. inodorum, S. flaccidum, S. inodorum e S. sanctae-
catharinae. Para todas as outras espécies aqui estudadas, os números cromossômicos aqui
obtidos, corroboram os já disponíveis na literatura. A. arborescens e P. pubescens, já existem
trabalhos anteriores com contagem cromossômica, porém com nenhuma informação referente
a bandamento ou FISH para DNAr (Ganapathi et al., 1991; Heiser 1956, 1963a; Venkateswarlu
et al., 1979; Pedrosa, 1999). A espécie S. diploconos já foi estudada anteriormente através de
análise convencional do cariótipo e bandamento C, mas nenhum trabalho com bandamento
fluorescente e FISH havia sido realizado para essa espécie até o momento (Pringle e Murray,
1993). Para S. pseudocapsicum, os dados de DNAr (5S e 18S) aqui obtidos são inéditos, mas já
haviam informações sobre número cromossômico e bandamento CMA/DAPI disponíveis na
literatura que corroboram as obtidas nesse trabalho (Acosta et al., 2005; 2012). Os resultados
obtidos nesse estudo em S. variabile e S. scuticum confirmam dados obtidos por Rego et al.
(2009). Em C. laevigatum foram encontradas diferenças na morfologia de um par
cromossômico e no bandamento CMA/DAPI em relação aos trabalhos realizados por Fernandes
et al. (2009), mas a distribuição de DNAr apresentou padrão semelhante. Cestrum mariquitense
(sin. C. sendtherianum) apresentou diferenças no número de sítios de DNAr 5S e bandamento
CMA/DAPI comparando-se ao trabalho feito por Fregonezi et al. (2006). Em Solanum
palinacanthum e S. acerifolium, embora o número e posição de sítios de DNAr sejam
coincidentes com estudos prévios (Rego et al., 2009; Chiarini et al., 2014), a distribuição de
heterocromatina apresentou padrões distintos no presente trabalho, indicando uma variabilidade
entre populações dessas espécies, possivelmente relacionada à ocorrência de rearranjos em
sequências de DNA repetitivo (Flavel et al., 1986; Fregonezi et al., 2006, Heslop-Harrison,
2000).
4.1 Número cromossômico
Os números cromossômicos encontrados nesse trabalho em Acnistus, Physalis e
Solanum (subfamília Solanoideae), 2n=24, corroboram informações disponíveis na literatura
para os gêneros estudados. O número cromossômico x=12, considerado por Raven (1975)
ancestral para a família, foi reconhecido como uma sinapomorfia unindo a subfamília
Solanoideae, a tribo Anthocercideae G. Don e o gênero Nicotiana em um clado reconhecido
informalmente como “x=12” (Olmstead & Palmer, 1992; Olmstead et al., 2008). Embora o
74
gênero Nicotiana apresente variação em relação ao número cromossômico (n=12, 11, 9, 8, 7 e
6), n=12 é o mais frequentemente observado, encontrado na maioria dos subgêneros do grupo
(Chase et al., 2003; Hunziker, 2001; Moscone, 1992; Stehmann et al., 1997) e também em
aproximadamente 50% das Solanaceae estudadas citogeneticamente até o momento (Huzinker
2001). Alguns exemplos em que esse número cromossômico é frequente (2n=24) são as tribos
Solaneae, composta pelos gêneros Solanum e Jaltomata Schlecht., a tribo Capsiceae (gêneros
Capsicum e Lycianthes) e a tribo Lycieae com três gêneros, Grabowskia Schltdl., Lycium L. e
Phrodus Miers.
Outros grupos em Solanaceae apresentam números diferentes de x=12, como a
subfamília Cestroideae e a tribo Petuniaeae Horan. Os dados obtidos no presente trabalho para
B. uniflora e para os dois representantes de Cestrum confirmam os números cromossômicos já
relatados para esses grupos.
Brunfelsia uniflora, inserida na tribo Petunieae, apresenta 2n=22 cromossomos. De
acordo com contagens cromossômicas já realizadas para a tribo Petunieae, uma série disploide
de x=7 a x=11 é relatada para os diferentes gêneros que a compõem. Em Petunia é possível
observar o número básico x=7, enquanto em Hunzikeria D'Arcy, Bouchetia DC. ex Dunal e
Nierembergia Ruiz & Pav.é relatado x=8, embora Nierembergia também apresente x=9. Os
representantes de Calibrachoa Cerv. estudados citogeneticamente até o momento, apresentam
x=9, diferentemente de Leptoglossis Benth.(x=10) e Brunfelsia (x=11) (Chase et al., 2003;
Hunziker, 2001; Moscone, 1992; Stehmann et al., 1997)
Por fim, C. mariquitense e C. laevigatum, apresentaram número cromossômico 2n=16,
único número reportado até o momento para a tribo Cestreae (Fernandes et al., 2009; Fregonezi
et al., 2006, 2009; Las Peñas et al., 2006; Urdampilleta et al., 2015). Em C. intermedium e C.
strigilatum já foi reportada a ocorrência de cromossomos B em algumas populações do sul do
Brasil, resultando em diferenças no número cromossômico (Fregonezi et al., 2004).
4.2 Características cariotípicas
A família Solanaceae caracteriza-se por uma certa estabilidade cariotípica em relação
ao tamanho e morfologia de seus cromossomos, além de baixa ocorrência de poliploides e
rearranjos cromossômicos (Wu & Tanksley, 2010).
Em relação ao tamanho da cromatina, os resultados aqui obtidos para Solanum mostram
que, exceto S. diploconos que é estatisticamente distinto de todos os outros membros de
Solanum, o gênero apresenta cariótipos pequenos. O CTLH em Solanum variou de 24,33 μm
em S. sancthae-catharinae a 39,75 μm em S. inodorum, sendo aproximadamente um terço ou
75
metade do encontrado em S. diploconos (72,29 μm). O tamanho cromossômico relativamente
pequeno em Solanum tem sido amplamente documentado em estudos citogenéticos para o
gênero. Acosta et al. (2005), estudando quatro subgêneros de Solanum, encontrou CTLH
variando de 16,30 a 38,75 μm, com o menor par cromossômico medindo 1.36 μm em S. palustre
e o maior par medindo 3.23 μm em S. sisymbriifolium. Bernadello & Anderson (1990)
encontraram os menores valores de tamanho cromossômico reportados para o gênero estudando
a seção Basarthrum (Bitter) Bitter (subgênero Leptostemonum), variando de 12,14 a 18,84 μm.
Outros trabalhos realizados em diferentes subgêneros e seções de Solanum também têm
corroborado essa tendência (Chiarini et al., 2006; Melo et al., 2011; Moyetta et al., 2013; Rego
et al., 2009).
Além do gênero Solanum, outros clados em Solanaceae também exibem cromossomos
relativamente pequenos, como a espécie aqui estudada Physalis pubescens, que apresentou
cromossomos medindo de 2,14μm a 3,15μm. Rego et al. (2009) encontraram cromossomos
medindo em média 2μm em Lycianthes e Vassobia, gêneros filogeneticamente próximos a
Solanum. Em Lycium, foi reportado tamanho cromossômico variando de 1,67 μm a 2,07 μm
(Stiefkens & Bernadello, 2002). Outros grupos em Solanaceae apresentam cromossomos com
tamanhos intermediários, como o gênero Capsicum (Guerra, 2001; Moscone, 1996) e as
espécies aqui estudadas, A. arborescens e B. uniflora. Apesar do tamanho intermediário do
complemento cromossômico, a uniformidade cariotípica relatada para a família é mantida
nesses grupos.
Diferentemente dos cromossomos pequenos reportados para alguns grupos em
Solanaceae, a tribo Cestreae (subfamília Cestroideae) é caracterizada por apresentar os maiores
tamanhos cromossômicos da família. As duas espécies do gênero Cestrum estudadas nesse
trabalho apresentaram os maiores valores de CTLH (77,41 μm em C. laevigatum e 75,51 μm
em C. mariquitensis), chegando a ser até três vezes maior que algumas espécies de Solanum,
como S. sanctae-catharinae (24,33 μm) e S. adspersum (25,17 μm). Muitos outros trabalhos
têm corroborado essa tendência para a tribo. Fregonezi et al. (2006), estudando o gênero
Cestrum, encontraram CTLH variando de 63.3 μm, (C. strigilatum Ruiz & Pav, com o menor
cromossomo do cariótipo medindo 7,2 μm e o maior 8,6 μm) a 77,3 μm (C. intermedium Sendtn,
com cromossomos variando de 7,3 a 11,8 μm). As espécies Sessea corymbiflora Goudot ex
Rich. Taylor & R. Phillips e Vestia foetida Hoffmanns., pertencentes aos outros gêneros da
tribo, apresentam CTLH de 84,20 μm e 57,70 μm, respectivamente e, a média do tamanho
cromossômico para essas espécies é de 10,52μm em Sessea e 7,21μm em Vestia (Las Penas et
al., 2006). Sykorova et al. (2003) propôe que esse incremento do tamanho cromossômico na
76
tribo pode ser devido à substituição da sequência telomérica “tipo Arabidopsis” por sequências
teloméricas curtas (ITSs) que se dispersam por todo o genoma levando à sua ampliação.
Diferenças no tamanho cromossômico podem ser úteis na delimitação de alguns grupos
em Solanum. O gênero Solanum é extremamente diverso em termos morfológicos e ecológicos,
sendo considerado um dos mais ricos entre as angiospermas, agrupando cerca de 1500 espécies,
com cerca de 500 endemismos nas Américas Central e do Sul (D’Arcy, 1999; Wesse & Bohs,
2007). De acordo com a classificação formal (sensu D’Arcy 1972, 1991), Solanum é dividido
em sete subgêneros: Archaesolanum, Bassovia, Leptostemonum, Lyciosolanum, Minon,
Potatoe, e Solanum. Porém, estudos filogenéticos atuais apontam outas subdivisões para o
gênero. Segundo Bohs (2005) e Weese & Bohs (2007), Solanum agrupa 12 clados principais e,
Sarkinem (2013) apontam uma subdivisão em um menor número de clados (Särkinen et al.,
2013) (Figura 19).
No presente trabalho foram amostradas espécies de quatro clados dos 12 propostos por
Bohs (2005) e Weese & Bohs (2007): Lepstotemonum seção Acanthophora (S. palinacanthum
e S. acerifolium) e seção Torva (S. adspersum, S. scuticum e S. variabile), Geminata (S.
pseudocapsicum), Cyphomandra (S. diploconos) e Dulcamaroid (S. flaccidum e S. inodorum).
As espécies S. concinnum e S. sanctae-catharinae ainda não possuem uma posição bem
definida na filogenia.
O clado Cyphomandra (sensu Bohs 2005; Weese & Bohs 2007) (Figura 19),
anteriormente considerado um gênero distinto (Cyphomandra), foi incluído em Solanum após
análises filogenéticas baseadas nos genes plastidiais ndhF e rbcL (Bohs 1995, 2004, 2005; Bohs
& Olmstead 1997, 1999; Olmstead et al., 1999; Olmstead & Palmer 1997). Entretanto é de
grande importância a consideração de algumas características morfológicas, como anteras com
conectivos espessos e glandulares, para a manutenção desse grupo como um gênero
independente (Bohs 1989, 1994; Hunkinker 2001; Child & Lester 2001). Adicionalmente, o
maior tamanho cromossômico das espécies pertencentes ao antigo gênero Cyphomandra como
observado nesse trabalho na espécie S. diploconos, tem sido observado em muitos trabalhos,
como o de Miguel et al. (2012), Moscone et al. (1992), Pringle & Muray (1993), Rego et al.
(2009) (Tabela 3). Dessa maneira, existem fortes indícios para a separação do clado
Cyphomandra do gênero Solanum, como proposto por Child & Lester (2001), Moscone (1992)
e Hunziker (2001).
77
Figura 19. Relações filogenéticas em Solanum. Modificado de Särkinen et al. (2013)
Além do número cromossômico, outros caracteres cariotípicos amplamente
conservados em Solanaceae são a morfologia cromossômica e a simetria cariotípica. Quatro
dos cinco gêneros aqui estudados possuem cariótipo com predominância de cromossomos
metacêntricos e cariótipo simétrico. Acnistus arborescens foi a única espécie que apresenta
cromossomos exclusivamente metacêntricos, tendo assim o cariótipo mais simétrico. Entre os
representantes de Solanum e Cestum, bem como em B. uniflora, essa tendência também foi
observada. Em Solanum foram encontradas três espécies com o cariótipo mais assimétrico, S.
inodorum e S. palinacanthum com a predominância de cromossomos submetacêntricos e S.
acerifolium com predominância de cromossomos metacêntricos.
78
Exemplos ilustrativos dessa tendência á simetria cariotípica na família são os trabalhos
realizados nos gêneros Solanum (Acosta et al., 2005; Chiarini et al., 1996), Capsicum (Guerra
et al., 2001; Moscone et al., 1990, 1993; Pozzoboon et al. 2006) Lycium (Stiefkens &
Bernadello, 2012), Cestrum (Fernandes et al., 2009; Fregonezi et al., 2006; Las Peñas et al.,
2006), Brunfelsia (Boaventura et al., 1993), Lycianthes e Vassobia (Rego et al., 2009) os quais
mostram que a maioria das espécies desses gêneros já estudadas possuem cariótopos simétricos
segundo índices A1 e A2 (Zarco, 1986) com predominância de cromossomos metacêntricos.
A predominância de cromossomos submetacêntricos e subtelocêntricos no cariótipo de
algumas espécies é uma exceção que ocorre em alguns grupos da família, como visto no
presente trabalho na espécie P. pubecens. Algumas espécies do gênero Nicotiana (Burns, 1982;
Villa, 1984) e em alguns clados em Solanum (Acosta et al., 2005; Bernardello & Anderson,
1990; Chiarini et al., 2014), ocorre situação semelhante.
Entre as angiospermas em geral, o incremento da assimetria cariotípica está associada a
táxons mais derivados (Stebbins, 1971). Em alguns clados da família Solanaceae essa tendência
pode ser observada, como na tribo Cestreae (Las Peñas et al., 2006), Solanum seção
Acanthophora (Chiarini et al., 2014) e Nicotiana subgêneros Tabacum e Petunoides
(Goodspeed, 1954). Entretanto, geralmente a assimetria cariotípica não está associada à posição
basal ou derivada dos táxons na filogenia. O gênero Solanum aqui estudado, pertencente à
subfamília Solanoideae, considerada um grupo basal na filogenia (Martins & Barkman, 2005)
agrupa algumas espécies com o cariótipo assimétrico. Por outro lado, os representantes de
Cestrum, mais derivado segundo Martins & Barkman (2005), reúne espécies com o cariótipo
simétrico.
No gênero Solanum seção Basarthum (subg. Leptostemonum), composto por 22
espécies, a assimetria cariotípica associa-se a um incremento no tamanho do genoma, visto que
em sete espécies em o que CTLH apresenta valores superiores a 15μm, o cariótipo é mais
assimétrico, com a presença de cromossomos subtelocêntricos e telocêntricos (Bernadello &
Anderson, 1990). Já na seção Lisocarpa do mesmo subgênero, o cariótipo de seus
representantes é predominantemente simétrico, não sendo possível detectar nesse grupo uma
associação entre assimetria cariotípica e tamanho do genoma como na seção Basarthrum
(Bernadello & Anderson, 1990), já que aquelas espécies com cariótipo mais assimétrico
possuem os menores valores de CTLH (Bernadello et al., 1994). Nos dois grupos estudados não
foram identificadas inversões ou translocações em análises meióticas, assim a assimetria não
pode ser explicada por esses fatores.
79
No presente estudo foram analisadas cinco espécies de outras seções (sect. Acantophora
e Torva) do clado Leptostemonum e, na seção Acantophora, pode-se observar um aumento de
CTLH e assimetria cariotípica diferentemente das espécies da outra seção do mesmo clado. Na
seção Torva, o CTLH foi 25,17 µm em S. adspersum, 29,82 µm em S. scuticum e 32,77 µm em
S. variabile, porém todas as espécies apresentaram a mesma fórmula cariotípica (9m + 3sm), e
a soma dos índices A1+A2 atingindo o máximo em S. scuticum (0,36), evidenciando assim
cariótipos simétricos. Na sect. Acantophora, as espécies apresentaram maior CTLH, sendo
35,71 µm em S. acerifolium e 36,89 µm em S. palinacanthum. Essa última espécie apresentou
também maior número de cromossomos submetacêntricos (5m + 7sm) e o maior valor nos
índices entre as espécies aqui estudadas, A1+A2= 0, 54. Na seção Acanthophora, subg.
Leptostemonum, a assimetria cariotípica já havia sido relatada para o grupo (Chiarini et al.,
2014)
Em outros casos, a assimetria ocorre aleatoriamente em determinado grupo, como nos
clados de Solanum, Morelloid e Dulcamaroid (Moyetta et al., 2013) (Figura 20). As duas
espécies aqui estudadas pertencentes ao clado Dulcamaroid corroboram esses dados, já que S.
flaccidum apresenta cariótipo mais simétrico (9m + 2sm + 1st e A1+A2= 0,37) do que S.
inodorum (5m + 7sm e A1+A2 =0,49), portanto com cariótipo mais assimétrico.
A tribo Lyaceae que também é caracterizada por um cariótipo simétrico, com
predominância de cromossomos metacêntricos e submetacêntricos, possui um gênero
monotípico, Phrodus, considerado basal na filogenia da tribo com o cariótipo mais assimétrico,
se opondo da mesma maneira à tendência postulada por Stebbins (1971). Caso semelhante
ocorre no gênero Capsicum (Sehr et al. submetido) e outros exemplos em muitos grupos de
plantas mostram que um incremento da assimetria não está associado a caracteres mais
derivados (e.g. Moretti 1990; Cota & Wallace 1995).
As espécies analisadas nesse trabalho apresentam certa uniformidade cariotípica
relatada para alguns gêneros de Solanaceae, relacionada ao número e morfologia
cromossômicos, bem como simetria do cariótipo. Entre as 16 espécies analisadas, apenas quatro
apresentaram um cariótipo mais assimétrico e P. pubescens e S. flaccidum foram as únicas que
apresentaram um par cromossômico subtelocêntrico. Em relação à assimetria cariotípica, não
foi encontrada uma tendência nos gêneros analisados, e nem mesmo entre os representantes de
Solanum. Na subfamília Solanoideae, considerada ancestral na família, a assimetria apareceu
no gênero Solanum.
Essa estabilidade no cariótipo conferida a alguns gêneros em Solanaceae, inclusive nos
estudados nesse trabalho, é uma evidência de ortoseleção cariotípica, que preserva
80
complementos cromossômicos semelhantes, independentemente do tamanho dos cromossomos
(Acosta et al., 2005; Moscone et al., 2003). Segundo Wu et al. (2010), inversões têm ocorrido
na história evolutiva da família em uma taxa bem maior que translocações, preservando assim
a morfologia cromossômica. Assim, o acúmulo de pequenos rearranjos cromossômicos
derivados de mudanças estruturais crípticas pode alterar a morfologia cromossômica em
algumas espécies ou grupos (Stebbins, 1971).
Entre as angiospermas, a ortoseleção cariotípica é encontrada em algumas espécies,
gêneros e famílias (Brandham et al., 1998). Existem situações em que os cariótipos de espécies
de determinado gênero são quase indistinguíveis. O gênero Billevalia Lapeyr. (família
Asparagaceae) é um exemplo em que todas as espécies apresentam cariótipos idênticos, com
x=4 e um par de cromossomos metacêntrico e três acrocêntricos (Ozhatay & Johnson, 1996).
A nível familiar, em Agavaceae Dumort.e Aloaceae Batch. também ocorre ortoseleção
cariotípica.
4.3 Bandamento cromossômico
O estudo das regiões heterocromáticas presentes no genoma da família Solanaceae tem
mostrado que existe uma grande diversidade em relação à composição e dispersão dessas
sequências no cariótipo dos gêneros estudados (Acosta et al., 212; Chiarini et al., 2014;
Fregonezi et al., 2006; Moscone et al., 1993). Variações no padrão de distribuição de
heterocoromatina (HC) são amplamente documentados, mas grandes mudanças em espécies
relacionadas de determinado grupo de plantas é um fato raro (Guerra, 2000).
Os cinco gêneros aqui estudados também apresentaram essa diversidade na composição
e distribuição da heterocromatina ao longo dos cromossomos. Foi possível encontrar diferentes
distribuições de DNA repetitivo (CMA+/DAPI-, CMA+/DAPI0, CMA+/DAPI+, CMA-/DAPI+,
CMA0/DAPI+) nas posições terminais, intercalares e associadas à NOR. Nesse trabalho foram
estudadas as regiões heterocromáticas com alta repetitividade de sequências AT e CG. No
entanto, podem existir outras regiões de heterocromatina distribuídas ao longo dos
cromossomos não evidenciadas pela técnica de bandamento utilizada, que poderiam ser
visualizadas através do bandamento C, por exemplo. Isso ocorre devido às variações que podem
ocorrer na heterocromatina constitutiva em relação ao tamanho e sequências que a compõem
(Sumner 2003).
A presença de heterocromatina rica em sequências GC, marcada por bandas
CMA+/DAPI-, associadas à NOR, tem sido observada em muitas espécies de Solanum,
81
Capsicum e Lycium (Brasileiro-Vidal et al., 2009; Chiarini et al., 2014; Melo et al., 2011;
Miguel et al., 2012; Moscone et al., 2007; Rego et al., 2009, Romero-da Cruz et al., 2015;
Stiefkens & Bernadello et al., 2010), bem como em espécies de outros grupos de plantas
(Guerra, 2000). As espécies aqui estudadas também apresentaram esse padrão, exceto S.
adspersum e S. concinnum, em que a HC associada à NOR é CMA+/DAPI0. O heteromorfismo
presente na NOR das espécies de Cestrum aqui estudadas, já foi observado em outras espécies
de Solanaceae (Brasileiro-Vidal et al., 2009; Moscone et al., 1995; Brasileiro-Vidal et al.,
2009). Esse fato pode ser atribuído a rearranjos que ocorrem na heterocromatina associada ao
satélite ou à NOR, promovendo eventual heteromorfismo nessas regiões (Sato, 1981).
Outros padrões de bandas heterocromáticas foram bem distintos entre os cinco gêneros
estudados, como a composição da heterocromatina na região terminal dos cromossomos.
Acnistus arborescens foi a espécie em que foi encontrada a maior diversidade na composição
das sequências repetitivas (CMA+/DAPI-, CMA+/DAPI+, CMA-/DAPI+, CMA0/DAPI+), ao
passo que em P. pubescens a heterocromatina presente nas regiões terminais é rica em
sequências AT (CMA-/DAPI+). Os dois representantes de Cestrum e B. uniflora não
apresentaram bandas terminais além das bandas visualizadas na região da NOR e, entre todos
os indivíduos de Solanum estudados, houve grande variação na composição das sequências
terminais. A localização terminal de bandas heterocromáticas tem sido reportada em algumas
espécies pertencentes ao gênero Solanum como, S. platense (Chiarini et al., 2014) S.
nitidibaccatum e S. luteum (Melo et al., 2011), S. eleagnifloium, S. pseodocapscium, S.
sisymbriifolium e S. chenopodioides (Acosta et al. 2012) e em muitas espécies do gênero
Capsicum (Moscone et al., 2007; Romero-da Cruz et al., 2015).
Na posição intercalar também foram encontradas regiões heterocromáticas marcadas
por bandas CMA+/DAPI- em algumas espécies, exceto em B. uniflora e S. sanctae-catharinae,
em que as bandas intercalares são CMA+/DAPI0. As bandas heterocromáticas intersticiais
possuem distribuição equilocal em diferentes grupos de espécies. Em A. arborescens, B.
uniflora, S. acerifolium, S. inodorum e S. sanctae-catharinae as bandas intersticiais localizam-
se no braço longo dos pares cromossômicos. Já em C. laevigatum e C. mariquitense essa
heterocromatina está presente nas proximidades do centrômero, também no braço longo. Por
outro lado, em S. diploconos, S. scuticum e S. variabile as bandas aparecem no braço curto de
um par cromossômico, embora em S. diploconos esteja mais proximamente ao centrômero.
A ocorrência de bandas CMA+ intersticiais tem sido observada no gênero Solanum.
Chirini et al. (2014) observaram bandas CMA+/DAPI- em quatro espécies do gênero Solanum
82
subg Lepstotemonum. Em S. mammosum L., S. platense Dieckmann e S. palinacanthum, essas
bandas possuem distribuição equilocal, em regiões intersticias e subterminais do braço longo
dos cromossomos, enquanto em S. aculeatissimum Jacq., ocorrem no braço curto. Em Solanum
subgênero Cyphomandra, também ocorre essa distribuição intersticial equilocal da
heterocromatina, como mostrado por Miguel et al. (2012), corroborando os dados aqui obtidos
para S. diploconos que pertence ao mesmo subgênero. Em Capsicum, bandas CMA+/DAPI e
CMA+/DAPI0 intersticiais também têm sido observadas em algumas cultivares de espécies
pertencentes ao gênero Capsicum (Moscone et al., 2007; Romero-da Cruz et al., 2015).
Outros padrões de distribuição de heterocromatina têm sido observados através do
bandamento C na família Solanaceae e, em alguns casos, esse bandamento é associado a
corantes fluorescentes (bandamento C-CMA e C-DAPI). Em trabalhos realizados com o gênero
Capsicum, por exemplo, tem sido mostrado a ocorrência de bandas C em na região centromérica
de todos os pares cromossômicos (Moscone et al., 1993). Em Cestrum ocorre grande
variabilidade na distribuição de bandas C-CMA+ e C-DAPI+, em regiões intersticiais, terminais
e pericentroméricas (Fernandes et al., 2009; Fregonezi et al., 2006). A localização de bandas
C-DAPI+ pericentroméricas também podem ser observadas em Lycianthes australe (C.V.
Morton) Hunz. & Barboza (Rego et al., 2009) e em algumas espécies de Solanum, bem como
em Vassobia breviflora (Sendtn.) Hunz. ocorrem bandas C-CMA+ na região terminal de todos
os pares cromossômicos (Rego et al., 2009). No gênero Nicotiana também é possível visualizar
grandes blocos C-DAPI+ no braço longo dos maiores pares cromossômicos de algumas espécies
(Nakamura et al., 2001).
Em geral, existe uma correlação positiva reportada para muitas famílias de plantas entre
o tamanho do cariótipo e o número e tamanho de bandas heterocromáticas uma vez que as
sequências codificantes do DNA são altamente conservadas ao longo da evolução (Chiarini et
al., 2014; Greilhuber, 1984; Pringle & Murray, 1993; Moscone et al., 1996; Benko-Iseppon &
Morawetz, 2000). Entretanto, nas espécies de Solanaceae aqui estudadas essa correlação não é
sustentada. As espécies com maior CTLH, C. laevigatum, C. mariquitense e S. diploconos,
apresentam os menores valores de heterocromatina na composição do genoma 2,73%, 2,05% e
1,87%, respectivamente. As espécies com maiores valores de heterocromatina, S. acerifolium
(51,95%), S. inodorum (35,92%) e P. pubescens (34,30%) apresentaram valores intermediários
de CTLH e S. sanctae-catharinae (20,34%) apresenta o menor valor de CTLH entre as espécies
estudadas. Essa correlação negativa já foi relatada e outros grupos de plantas, como por
exemplo, o gênero Pyrrhocactus A. Berger (Cactaceae) (Las Peñas et al., 2008). No entanto,
83
essas espécies com maior quantidade de heterocromatina citadas anteriormente, possuem um
cariótipo assimétrico e, essa correlação entre assimetria e número de bandas heterocromáticas
já foi reportada no gênero Solanum (Chiarini et al., 2014) e também em Pyrrhocactus
(Cactaceae) (Las Peñas et al., 2008).
Para essas espécies com alto valores de CTLH, o incremento do genoma pode estar
associado à inserção de elementos transponíveis nas regiões intergênicas de eucromatina. Sabe-
se que os retrotansposons das classes Gypsy e Copia são as sequências repetitivas mais
abundantes no genoma da maioria das plantas (Flavell et al., 1992a, 1992b). Esses
retroelementos também já foram sequenciados no genoma do tomate (S. lycopersicumL.)
(Morgante, 2006) e, em alguns cereais, onde esses elementos têm contribuído para o incremento
do tamanho do genoma (Morgante, 2006).
Diante da grande diversidade em relação ao número de bandas, composição, posição,
par cromossômico e proporção de heterocromatina em relação ao CTLH, entre os diferentes
gêneros estudados, bem como entre as espécies do gênero Solanum, é possível inferir que
diferentes modos de amplificação e dispersão dessas sequências podem estar ocorrendo no
genoma das Solanaceae a nível específico, gerando tal diversidade (Schweizer & Loidl 1987).
4.4 Número e localização de DNAr
Os sítios de DNAr 18S correspondentes à NOR em todos os indivíduos foram
fortemente marcados por bandas CMA+, a maioria DAPI-, exceto em P. pubescens (DAPI+) e
S. adpersum e S. concinnum (DAPI0). Nem todas as regiões CMA+, apresentam-se associadas
ao DNAr, mostrando que essas sequências CG podem ser independentes de genes de DNAr (Jo
et al., 2009). Em muitos grupos de plantas essa localização comum tem sido observada (Guerra
et al., 2000), bem como na família Solanaceae, como no gênero Solanum (Acosta et al., 2012;
Brasileiro-Vidalet al., 2009; Chiarini et al., 2014; Melo et al. 2011; Miguel et al. 2012) e
Cestrum (Fernandes et al., 2009; Fregonezi et al., 2006).
A localização dos sítios de DNAr 18-5.8-26S segue um padrão comum de distribuição
na grande maioria das espécies de plantas, preferencialmente em regiões terminais do braço
curto dos cromossomos (Roa & Guerra, 2012). A maioria das espécies aqui estudadas
apresentaram esse padrão de localização, exceto B. uniflora, em que o sítio de DNAr localiza-
se na região pericentromérica, e S. inodorum, que apresenta alguns sítios em posição intersticial
no braço longo. Em diferentes gêneros de Solanaceae já estudados, esses segmentos são
encontrados em diferentes números, mas na maioria das vezes em regiões terminais como
84
Cestrum (Fernandes et al., 2009; Fregonezi et al., 2006; Urdampilleta et al., 2014), Capsicum
(Moscone et al., 1995), Nicotiana (Lim et al., 2000) e Solanum (Chiarini et al., 2014).
A maioria das espécies aqui estudadas apresentaram um sítio de DNAr 18S, exceto C.
laevigatum, C. mariquitense e P. pubescens, que apresentaram dois sítios, e S. inodorum que
apresentou 18 sítios. Variações no número de sítios de DNAr 18S já foram reportadas em outros
estudos realizados para a família. No gênero Cestrum, já foi encontrada uma variação de quatro
a oito sítios (Fregonezi et al., 2006). Em Capsicum já foi reportada uma variabilidade de um a
oito pares cromossômicos com o locus (Aguilera et al., 2014; Kown e Kim, 2009, Romero-da
Cruz et al., 2015).
Em todas as espécies estudadas foi encontrado um par cromossômico portando o sítio
de DNAr 5S, exceto em A. arborescens, C. mariquitense, S. acerifolium e S. flaccidum, em que
foram encontrados dois pares cromossômicos com o locus para o gene. Essas variações também
já foram encontradas em estudos prévios realizados na família (Fregonezi et al., 2006; Rego et
al., 2009; Urdampilleta et al., 2014).
Em geral, os sinais de DNAr 5S são encontrados no braço curto de cromossomos
pequenos em Solanum (Rego et al., 2009; Chiarini et al., 2014). Entretanto, algumas vezes os
sinais estão presentes no braço longo (Rego et al., 2009) ou em cromossomos maiores (Dong
et al., 2000). Em outros gêneros, como Nicotiana (Lim et al., 2000) e Cestrum (Fregonezi et
al., 2006), o DNAr 5S está localizado em regiões pericentroméricas. Nas espécies aqui
estudadas também foi encontrada variabilidade em relação à posição dessas sequências.
Além disso, sítios de DNAr 5S intercalares estão co-localizados com regiões ricas em
sequências GC em A. arborescens, B. uniflora, C. laevigatum, C. mariquitense, S. concinnum,
S. sanctae-catharinae, S. diploconos, S. scuticum e S. variabile. A localização desses sítios em
regiões eucromáticas, como mostrada nas outras espécies, já foi reportada para outros
representantes de Solanaceae (Brasileiro-Vidal et al., 2009), evidenciando que algumas regiões
cromossômicas, contendo pequenas porções de DNA repetitivo podem estar distribuídas no
cariótipo e não serem diferenciadas por técnicas de bandamento.
Em geral, o número de sítios de DNAr 18-5.8-26S é mais polimórfico que os sítios de
DNAr 5S (Garcia et al., 2012). Mas na família Solanaceae tanto os sítios de DNAr 18S quanto
5S têm se mostrado altamente variáveis em relação ao número e posição. Esse tipo de variação
tem sido frequentemente encontrada entre espécies filogeneticamente relacionadas (Cai et al.,
2006; Melo & Guerra, 2003; Nani et al., 2015; Shishido et al., 2000) e até mesmo entre
85
cultivares ou acessos pertencente à uma mesma espécie (Bustamente et al., 2014; Rocha et al.,
2015; Pedrosa-Harand et al., 2006, Raskina et al., 2004b). Essa variabilidade documentada tem
levantado a hipótese de que os sítios de DNAr podem ser elementos móveis que compõem o
genoma e, diferentes mecanismos têm sido propostos para explicar tal mobilidade (Schubert &
Wobus 1985; Dubcovsky & Dvorak 1995).
Em Lotus japonicus (Regel) K. Larsen foi demonstrado que rearranjos estruturais, como
translocações podem ser responsáveis por mudanças em relação à localização dos sítios de
DNAr (Hayashi et al., 2001). A organização terminal ou subterminal desses segmentos pode
levar à ocorrência de rearranjos sem efeitos deletérios para a célula (Hanson et al., 1996;
Pedrosa-Harand et al., 2006). Por outro lado, mecanismos de dispersão, amplificação e deleção
do locus DNAr parecem ser os responsáveis por mudanças na posição de tais regiões na
radiação de espécies de Triticaceae (Dubcovsky and Dvorak, 1995). Outro possível evento
responsável pela dispersão de locus de DNAr seria a associação a elementos transponíveis. Já
foi mostrado em Cestrum (Fregonezi et al., 2007) e em Arabidopsis (Franz et al., 2000) que
elementos transponíveis se associam a NOR e podem estar envolvidos na mobilidade de tais
regiões. Estudos em Aegilops L. também sugerem que a mobilidade de tais regiões do DNA
pode ser mediada por elemento transponíveis (Raskina et al., 2004 a, b). A recombinação
ectópica, ocasionada por um crossing over desigual de determinados segmentos cromossômicos
também pode resultar na dispersão desses sítios de rDNA e, alguns estudos têm mostrado que
esse mecanismo está associado a variabilidade de locus terminais de DNAr (Pedrosa-Harand et
al., 2006; Raskina et al., 2004 a). Esses dados sugerem que os sítios de DNAr 5S e 18S não
apresentam uma localização e número de sítios conservados em Solanaceae e essa característica
parece ser comum em outros grupos de plantas, como por exemplo Sapindaceae Juss.
(Urdampilleta et al., 2006).
Tais mecanismos citados anteriormente, podem explicar também o heteromorfismo em
relação à posição e tamanho de regiões de DNAr presente em A. arborescens, C. laevigatum,
C. mariquitense e S. inodorum. Adicionalmente, estudos realizados em Asparagales mostram
que a perda da sequência telomérica tipo Arabidopsis pode favorecer a ocorrência de
recombinação ectópica nessa região (Pich et al., 1996; Adams et al., 2000). A presença de
sequências teloméricas diferentes de Arabidopsis em espécies do gênero Cestrum (Sycorova et
al., 2003) pode ser um mecanismo reponsável pela ocorrência do hetermorfismo encontrado no
tamanho dos sítios de DNAr 18s terminais em em C. laevigatum e C. mariquitense.
86
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As espécies de Solanaceae aqui estudadas apresentaram certa uniformidade em alguns
caracteres cariotípicos, mas grande diversidade em outros, principalmente nos padrões de
distribuição de heterocromatina (analisado pelo bandamento CMA/DAPI) e de DNAr 5S e 18S.
O número cromossômico parece ser um caráter conservado dentro de cada gênero aqui
estudado. Para os gêneros que tiveram mais de uma espécie estudada, Solanum (2n=24) e
Cestrum não ocorreram variações quanto ao número cromossômico; os representantes de
Acnistus (2n=24), Brunfelsia (2n=22) e Physalis (2n=24) também apresentam a estabilidade,
relatada para os grupos, segundo a literatura.
Outro parâmetro cariotípico que se mostrou pouco variável foi a simetria cariotípica,
com predominância de cromosssomos metacêntricos no complemento, fato também bem
suportado pela literatura disponível para a família. Embora alguns representantes de Solanum
não apresentem essa característica, é possível associar essas diferenças a alterações pontuais a
nível específico que ocorrem no cariótipo, como inversões pericentroméricas, que podem
alterar a morfologia dos cromossomos. Diante disso, pode-se inferir que existe uma evidência
de ortoseleção cariotípica ocorrendo na família Solanaceae.
Os valores obtidos de CTLH mostraram diferenças significativas entre algumas espécies
estudadas e assim foi possível identificar um grupo de espécies que possui cromossomos
maiores formado pelos dois representantes de Cestrum e S. diploconos (subg Cyphomandra).
Dessa forma, conclui-se que S. diploconos possui CTLH estatisticamente diferentes dos outros
representantes do gênero, fornecendo mais uma evidência à manutenção de Cyphomandra
como um gênero distinto de Solanum.
As medidas da heterocromatina também mostraram diferenças significativas entre
algumas espécies, mas não mostrou uma correlação positiva com o aumento do CTLH. Com
isso, é possível inferir que o incremento do tamanho cromossômico em algumas espécies pode
estar relacionado à inserção de elementos transponíveis na eucromatina.
O padrão de distribuição da heterocromatina e DNAr foi bem distinto entre os cinco
gêneros estudados e essas diferenças podem ser úteis na separação dos gêneros e no
entendimento da evolução cariotípica da família. No entanto, entre os representantes de
Solanum, embora tenha ocorrido uma uniformidade no número e localização dos sítios de DNAr
5S e 18S (exceto em S. acerifolium e S. flaccidum), a distribuição da heterocromatina foi bem
87
variável. Com isso, devido à grande diversidade no número de espécies do gênero, essa
diferenciação da heterocromatina pode auxiliar no entendimento das diferenças morfológicas
ou ecológicas que ocorrem em espécies relacionadas.
88
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Acosta MC, Bernadello G, Guerra M. Karyotype analysis in several South American species
of Solanum and Lycianthes rantonnei (Solanaceae). Taxon 2005; 54: 713-723.
Acosta MC, Guerra M, Moscone EA. Karyological relationships among some South
American species of Solanum (Solanaceae) based on fluorochrome banding and nuclear
DNA amount. Plant Syst Evol 2012; 298: 1547-56.
Adams SP, Leitch IJ, Bennett MD, Chase MW, Leitch AR. Ribosomal DNA evolution and
phylogeny in Aloe (Asphodelaceae). Am J Bot 2000; 87:1578-1583.
Aguilera PM, Debat HJ, García YS, Marti DA, Grabiele M. 2015. Capsicum rhomboideum.
In: Marhold, K. (ed.), IAPT/IOPB chromosome data 1. Taxon 55: 444, E2.
Barros e Silva AE, Guerra M. The meaning of DAPI bands observed after C-banding and
FISH procedures. Biotech Histochem 2010; 85: 115-125.
Benko-Iseppon AM, Morawetz W. Cytological comparison of Calyceraceae and Dipsacaceae
with special reference to their taxonomic relationships. Cytologia 2000; 65:123-128.
Bernardello LM, Anderson GJ. Karyotypic studies in Solanum section Basarthrum
(Solanaceae). Amer J Bot 1990; 77: 420-431.
Bernardello LM, Heiser CB, Piazzano M. Karyotypic studies in Solanum section Lasiocarpa
(Solanaceae). Am J Bot 1994; 81: 95-103.
Biral L, Lombardi JA. Flora vascular da Mata da Pavuna, Botucatu, SP, Brasil. Rodriguésia
2012; 63: 441-450.
Boaventura YMS, Piedade LH. Floral biology and cytological analysis of Brunfelsia nítida
Benth. (Solanaceae). Ver. Brasil. Gent 1993; 16: 785-792.
Bohs L. Solanum allophyllum (Miers) Standl. and the generic delimitation of Cyphomandra
and Solanum (Solanaceae). Ann Missour Bot Gard 1989; 76:1129-1140.
Bohs, L. Cyphomandra (Solanaceae). Fl. Neotrop. Monogr. 63. New York: The New York
Botanical Garden; 1994.
Bohs L. Transfer of Cyphomandra (Solanaceae) and Its Species to Solanum. Taxon 1995;
44:583-587.
Bohs L. Major clades in Solanum basd on ndhf sesquence data. Monogr Syst Bot. 2005;104-
27.
Bohs L, Olmstead RG. Phylogenetic relationships in Solanum (Solanaceae) based on ndhF
sequences. Syst Bot 1997; 22: 5-17.
Bohs L, Olmstead RG. Solanum phylogeny inferred from chloroplast DNA sequence data. In:
Nee M, Symon DE, Lester RN, Jessop JP (ed). Solanaceae IV. London: Royal Botanic
Gardens, Kew; 1999, pp. 97-110.
Brandham PE, Doherty MJ. Genome size variation in the Aloaceae, an angiosperm family
displaying karyotypic orthoselection. Ann Bot 1998; 82: 67-73.
89
Brasileiro-Vidal AC, Melo-Oliveira MB, Carvalheira GMG, Guerra M. Different chromatin
fractions of tomato (Solanum lycopersicum L.) and related species. Micron 2009; 40:851–
859.
Burns JA. The chromosomes of Nicotiana africana Merxm.: a recently discovered species.
Hered J 1982; 73: 115-118.
Bustamante FO, Techio VH, Rocha LC, Torres GA, Davide LC, Mittelmann A (2014)
Distribution of rDNA in diploid and poliploid Lolium multiflorum Lam. reveals fragile
sites in 45S rDNA region. Crop Sci 2014; 54:1- 9.
Cai Q, Zhang D, Lin Liu Z, Ru Wang X. Chromosomal Localization of 5S and 18S rDNA in
Five Species of Subgenus Strobus and their Implications for Genome Evolution of Pinus.
Annals of Botany 2006; 97:715-722.
Chase MW. Molecular Systematics, GISH and the Origin of Hybrid Taxa in Nicotiana
(Solanaceae) Ann Bot 2003; 92:107-127.
Chiarini F, Bernardello G. Karyotype studies in South American species of Solanum subgen.
Leptostemonum (Solanaceae). Plant Biol 2006; 8: 486-493.
Chiarini FE, Santiñaque FF, Urdampilleta JD, Las Penas ML. Genome size and karyotype
diversity in Solanum sect. Acanthophora (Solanaceae). Plant Syst Evol 2014; 300: 113-
125.
Child A, Lester RN. Synopsis of the genus Solanum L. and its infrageneric taxa. In: van der
Berg RG, Barendse GWN, van der Weerden GM, Mariani C. (eds) Solanaceae V:
advances in taxonomy and utilization. Nijmegen University Press: Nijmegen; 2001. pp
39–52.
Cota JH, Wallace RS. Karyotypic studies in the genus Echinocereus (Cactaceae) and their
taxonomic significance. Caryologia 1995; 48: 105-122.
D’Arcy WG 1991. The Solanaceae since 1976, with a review of its biogeography. In: Hawkes
JG, Lester RN, Nee M, Estrada, N. (eds.) Solanaceae III: taxonomy, chemistry, evolution.
London: Kew Royal Botanical Gardens; 1991. p 75-137.
Dubcovsky J, Dvorak J. Ribosomal RNA multigene loci: nomads of the Triticeae genomes.
Genetics 1995; 140:1367-1377.
Ellis RH, Hong TD, Roberts EH. Handbook of Seed Technology for Genebanks. 2.
Compendium of Specific Germination, Information and Test Recommendations.
Handbool for Genebanks 3. Rome: IBPGR; 1985 apoud Acosta MC, Bernadello G,
Guerra M, Moscone EA. Karyotype analysis in several South American species of
Solanum and Lycianthes rantonnei (Solanaceae). Taxon 2005; 53: 713-723.
Fernandes TA, Rego LDNA, Nardy M, Yuyama PM, Vanzela ALL. Karyotype differentiation
of four Cestrum species (Solanaceae) revealed by fluorescent chromosome banding and
FISH. Genet Mol Biol 2009; 32: 320-7.
Flavell, R. Sequence amplification, deletion and rearrangement: major sources of variation
during species divergence. In: Dover GA, Flavell RB (eds). Genome Evolution. London:
Academic Press; 1982. Pp. 301-323.
Flavell RB. Repetitive DNA and chromosome evolution in plants. Phil Trans R Soc Lond
1986; 312: 227-242.
90
Flavell AJ, Dunbar E, Anderson R, Pearce SR, Hartley R, Kumar. ATy1- copia group
retrotransposons are ubiquitous and heterogeneous in higher plants. Nucleic Acids Res
1992a; 20: 3639-3644.
Flavell AJ, Smith DB, Kumar A. Extreme heterogeneity of Ty- copia group retrotransposons
in plants. Mol Gen Genet 1992b; 231: 233-242.
Franz PF, Armstrong S, de Jong H, Parnell LD, Drunen CV, Dean C, Zabel P, Bisseling T,
Jones G. Integrated cytogenetic map of chromosome arm 4S of A. thaliana: Structural
organization of heterochromatic knob and centromere region. Cell 2000; 100:367-376.
Fregonezi JN, Fernandes T, Torezan JMD, Vieira AOS, Vanzela ALL. Karyotype
differentiation of four Cestrum species (Solanaceae) based on the physical mapping of
repetitive DNA. Genet Mol Biol 2006; 29: 97-104.
Fregonezi JN, Vilas-Boas LA, Fungaro MHP, Gaeta ML, Vanzela ALL. Distribution of a
Ty3/gypsy-like retroelement on the A and B-chromosomes of Cestrum strigilatum Ruiz
& Pav. and Cestrum intermedium Sendtn. (Solanaceae). Genet Mol Biol 2007; 30: 599-
604.
Ganapathi A, Sudhakaran S, Kulothungan S. The diploid taxon in Indian natural populations
of Physalis L. and its taxonomic significance. Cytologia 1991; 56: 283-288.
Goodspeed TH. The genus Nicotiana. Massachusetts: Waltham; 1954.
Greilhuber J, Loidl J. On regularities of C banding patterns, and their possible causes. Third
Kew Chromosome Conference. London: George Allen & Unwin; 1983, p.344.
Garcia S, Garnatje T, Kovarik A. Plant rDNA database: ribosomal DNA loci information goes
online. Chromosoma 2012; 121: 389-394.
Guerra M. Patterns of heterochromatin distribution in plant chromosomes. Genet Mol Biol
2000; 23: 1029-41.
Guerra NA. Estudios cromossómicos de cuatro selecciones de Capsicum chinense Jacq.
Revista Científica UDO Agrícola 2001; 1: 34-41.
Hanson RE, Islam-Faridi MN, Percival EA, Crane CF, Ji Y, McKnight TD et al. Distribution
of 5S and 18S–28S rDNA loci in a tetraploid cotton (Gossypium hirsutum L.) and its
putative diploid ancestors. Chromosoma 1996; 105: 55-61.
Hayasaki M, Morikawa T, Legget JM. Intraspecific variation of 18S-5.8S-26S rDNA sites
revealed by FISH and RFLP in wild oat, Avena agadiriana. Genes Genet Syst 2001;76: 9-
14.
Heiser CB. Biosystematics of Helianthus debilis. Madroño 1956; 13: 145-167.
Heiser CB. Numeración cromosomica de plantas ecuatorianas. Ciencia y Nat. (Quito) 1963a;
6: 2-6.
Heslop-Harrison JS. Comparative genome organization in plants: from sequence and markers
to chromatin and chromosomes. Plant Cell 2000; 12: 617-36.
Holmquist, G. The Mechanism of C-Banding: Depurination and β Elimination. Chromosoma
(Berl.) 1979; 72: 203-224.
91
Hunziker AT. Genera Solanacearum: The genera of Solanaceae Illustrated, Arranged
According to a New System. Liechtenstein: Gantner, Ruggell: Liechtenstein; 2001.
Jo SH, Park HM, Kim SM, Kim HH, Hur CG, Choi D. Unraveling the sequence dynamics of
the formation of genus-specific satellite DNAs in the family Solanaceae. Heredity 2011;
106: 876-885.
Knapp S. Floral diversity and evolution in the Solanaceae. In: Cronk QCB, Bateman RM,
Hawkins JA. Developmental genetics and plant evolution. London: Taylor and Francis;
2002a.
Knapp S, Bohs L, Nee M, Spooner DM. Solanaceae - A model for linking genomics with
biodiversity. Comp Funct Genomics 2004; 5: 285-91.
Kitamura S, Inoue M, Shikazono N, Tanaka A. Relationships among Nicotiana species
revealed by the 5S rDNA spacer sequence and fluorescence in situ hybridization.
Theoretical and Applied Genetics 2001; 103: 678-686.
Kwon JK, Kim, BD. Somatic and meiotic chromosomes in Capsicum species of chili pepper.
Molecules and Cells 2009; 27: 205-209.
Lan T, Albert V. Dynamic distribution patterns of ribosomal DNA and chromosomal
evolution in Paphiopedilum, a lady’s slipper orchid. BMC Plant Biol 2011; 11:126.
Las Peñas M, Chiarini F, Bernardello G, Benítez de Rojas C. Karyotypes of some species of
Cestrum, Sessea, and Vestia (tribe Cestreae, Solanaceae). Caryologia 2006; 59: 131-137.
Las Peñas ML, Bernardello G, Kiesling R. Karyotypes and fluorescent chromosome banding
in Pyrrhocactus (Cactaceae). Plant Syst Evol 2008; 272: 211-22.
Levan A, Fredga L, Sandberg A. Nomenclature for centromeric position on chromosomes.
Hereditas 1964; 52: 201-220.
Lim KY, Skalicka K, Koukalova B, Volkov RA, Matyasek R, Hemleben V, et al. Dynamic
Changes in the Distribution of a Satellite Homologous to Intergenic 26-18S rDNA Spacer
in the Evolution of Nicotiana. Genetics 2004b; 166:1935-46.
Lombardi AJ, Carvalho CS, Biral L, Saka MN, Hieda SM. Vascular flora of Serra do Japi
Biological Reserve, Jundiaí, southeastern Brazil. Rodriguésia 2012; 63: 333-340.
Martins TR, Barkman TJ. Reconstruction of Solanaceae Phylogeny Using the Nuclear Gene
SAMT. Syst Bot 2005; 30: 435-47.
Melo CAF, Martins MIG, Oliveira MBM, Benko-Iseppon AM, Carvalho R. Karyotype
analysis for diploid and polyploid species of the Solanum L. Plant Syst Evol 2011; 293:
227-35.
Miguel V, Acosta M, Moscone E. Karyotype analysis in two species of Solanum (Solanaceae)
Sect. Cyphomandropsis based on chromosome banding. New Zeal J 2012; 50: 217-25.
Moretti A. Karyotypic data on North and Central American Zamiaceae (Cycadales) and their
phylogenetic implications. Amer J Bot 1990; 77:1016-1029.
Morgante M. Plant genome organization and diversity: the year of the junk! Current Opinion
in Biotechnology 2006; 17:168-173.
92
Moscone EA. Estudios de cromossomas meióticos en Solanaceae de Argentina. Darwiniana
1992; 31: 261-297.
Moscone EA, Lambrou M, Hunziker AT, Ehrendorfer F. Giemsa C-Banded Karyotypes in
Capsicum (Solanaceae). Plant Syst Evol 1993;186: 213-29.
Moscone EA, Loidl J, Ehrendorfer F, Hunziker AT. Analysis of Active Nucleolus Organizing
Regions in Capsicum (Solanaceae) By Silver Staining. Am J Bot 1995; 82: 276-87.
Moscone EA, Lambrou M, Ehrendorfer, F. Fluorescent chromosome banding in the cultivated
species of Capsicum (Solanaceae). Plant System Evolution 1996a; 20: 37-63.
Moscone EA. Analysis of Nuclear DNA Content in Capsicum (Solanaceae) by Flow
Cytometry and Feulgen Densitometry. Ann Bot 2003; 92: 21-29.
Moscone EA, Scaldaferro MA, Grabiele M, Cecchini NM, Sánchez García Y, Jarret R, et al.
The Evolution of Chili Peppers (Capsicum - Solanaceae): a Cytogenetic Perspective.
Acta Hortic 2007; 745: 137-69.
Moyetta NR, Stiefkens LB, Bernadello G. Karyotypes of South American species of the
Morelloid and Dulcamaroid clades (Solanum, Solanaceae). Caryologia 2013; 66: 333-
345.
Nani TF, Cenzi G, Pereira DL, Davide LC, Techio VH. Ribosomal DNA in diploid and
polyploid Setaria (Poaceae) species: number and distribution. Comp Cytogen 2014; 4:
645-660.
Nakamura R, Kitamura S, Inoue M, Ohmido N, Fukui K. Karyotype analysis of Nicotiana
kawakamii Y. Ohashi using DAPI banding and rDNA FISH. TAG Theor Appl Genet
2001; 102: 810–8144.
Olmstead RG, Palmer JD. A chloroplast DNA phylogeny of the Solanaceae: subfamilial
relationships and character evolution. Ann. Missouri Bot. Gard 1992; 79: 346-360.
Olmstead RG, Palmer JD. Solanum: implications for phylogeny, classification, and
biogeography from cp- DNA restriction site variation. Syst. Bot 1997; 22: 19-29.
Olmstead RG, Sweere JA, Spangler RE, Bohs L, Palmer JD. Phylogeny and provisional
classification of the Solanaceae based on chloroplast DNA. In: Nee M, Symon D, Lester
RN, Jessop J. (eds.), Solanaceae IV: Advances in Biology and Utilization.Royal Botanic
Gardens, Kew: London;1999.
Olmstead RG, Bohs L, Migid HA, Santiago-Valentin E, Garcia VF, Collier SM. A molecular
phylogeny of the Solanaceae. Molecular Phylogenetics 2008; 57:1159-1181.
Ozhatay N, Johnson MAT. Some karyological remarks on Turkish Allium sect. Allium,
Bellevalia, Muscari and Ornithogalum subg. Ornithogalum. Bocconea 1996; 5: 239-249.
Pedrosa A. Citogenética de angiospermas coletadas em Pernambuco. V. Acta Bot. Brasil
1999; 13: 49-60.
Pedrosa-Harand A, De Almeida CCS, Mosiolek M, Blair MW, Schweizer D, Guerra M.
Extensive ribosomal DNA amplification during Andea common bean (Phaseolus vulgaris
L.) evolution. Theor Appl Genet 2006; 112: 924-933.
Pich U, Fuchs J, Schubert I. How do Alliaceae stabilize their chromosome ends in the absence
of TTTAGGG sequences? Chromosome Res 1996; 4: 207-213.
93
Pozzobon MT, Wittmann MT. A meiotic study of the wild and semi-domesticated Brazilian
species of genus Capsicum L. (Solanaceae). Cytologia 2006; 71: 275-287.
Pringle GJ, Murray BG. Karyotypes and C-banding patterns in species of Cyphomandra Mart.
ex Sendtner (Solanaceae). Bot J Linn Soc 1993; 111:331-42.
Raskina O, Barber JC, Nevo E, Belyayev A. Repetitive DNA and chromosomal
rearrangements: speciation-related events in plant genomes. Cytogenet Genome Res
2008; 120: 351-357.
Raven PH. The bases of angiosperm phylogeny: cytology. Ann. Mo. Bot. Gard 1975; 62: 724-
764.
Rego LN, Da Silva CRM, Torezan JMD, Gaeta ML, Vanzela ALL. Cytotaxonomical study in
Brazilian species of Solanum, Lycianthes and Vassobia (Solanaceae). Plant Syst Evol
2009; 279: 93-102.
Rice A, Glick L, Abadi S, Einhorn M, Kopelman N, Salman-Minkov A, et al. The
Chromosome Counts Database (CCDB) – a community resource of plant chromosome
numbers. New Phytologist 2014.
Roa F, Guerra M. Distribution of 45S rDNA sites in chromosomes of plants: structural and
evolutionary implications. BMC Evolutionary Biology; 2012; 12: 225.
Rocha LC, Bustamente FO, Silveira RAD, Torres GA, Mittelmann A, Techio VH. Functional
repetitive sequences and fragile sites in chromosomes of Lolium perenne L. Protoplasma
2015; 252: 451-460.
Romero-da Cruz MV, Urdampilleta JD, Forni Martins ER, Moscone EA. Cytogenetic
markers for the characterization of Capsicum annuum L. cultivars. Plant Biosyst - An Int
J Deal with all Asp Plant Biol 2015; 3504:1-19.
Sarkinen T, Bohs L, Olmstead, RG, Knapp S. A phylogenetic framework for evolutionary
study of the nightshades (Solanaceae): a dated 1000-tip tree 2013. BMC Evolutionary
Biology 2013; 13:1-15.
Sato S. Cytological studies on the satellited chromosomes of Allium cepa. Caryologia 1981;
34: 431-440.
Schubert I, Wobus U. In situ hybridization confirms jumping nucleolus organizing regions in
Allium. Chromosoma 1985; 92:143-148.
Schwarzacher TP, Heslop-Harrison, P. Pratical in situ hybridization. Oxford: Bios; 2000.
Schweizer D, Loidl J. A model for heterochromatin dispersion and the evolution of C-band
patterns. In: Stahl A, Luciani JM, Vagner-Capodano AM. (eds). Chromosomes Today.
Allen & Unwin 1987; 9: 61-74.
Sehr et al. (submetido) Phylogenetic relationships and dysploidy in Capsicum (Solanaceae).
evidence from plastid sequences and the nuclear gene waxy.
Stebbins GL. Chromosomal evolution in higher plants. London: Contemporary biology; 1971.
Stehman JR, Semir J. A New Species and New Combination in Calibrachoa (Solanaceae).
Novon 1997; 7: 417-419.
94
Stehmann JR, Mentz LA, Agra MF, Vignoli-Silva M, Giacomin L, Rodrigues IMC.
Solanaceae. In: Lista de Espécies da Flora do Brasil. Jardim Botânico do Rio de Janeiro.
Disponível em: <http://reflora.jbrj.gov.br/jabot/floradobrasil/FB32822>. Acesso em: 02
Nov. 2015.
Stiefkens L, Bernardello G. Karyotypic studies in Lycium section Mesocope (Solanaceae)
from South America. Caryologia 2002; 55: 199-206.
Stiefkens L, Las Penas ML, Bernadello G, Levin RA, Miller JS. Karyotypes and fluorescent
chromosome banding patterns in southern African Lycium (Solanaceae). Caryologia
2010; 63: 50-61.
Sykorova E, Lim KY, Chase MW, Knapp S, Leitch IJ, Leitch AR, et al. The absence of
Arabidopsis-type telomeres in Cestrum and closely related genera Vestia and Sessea
(Solanaceae): First evidence from eudicots. Plant J 2003; 34: 283-291.
Urdampilleta JD, Chiarini F, Stiefkens L, Bernardello G. Chromosomal differentiation of
Tribe Cestreae (Solanaceae) by analyses of 18-5.8-26S and 5S rDNA distribution. Plant
Syst Evol 2014; 301: 1325-1334.
Weese TL, Bohs L: A three-gene phylogeny of the genus Solanum (Solanaceae). Syst Bot
2007; 32:445-463.
White TJ, Bruns T, Lee S, Taylor JW. Amplification and direct sequencing of fungal
ribosomal RNA genes for phylogenetics. In: Innis MA, Gelfand DH, Sninsky JJ, White
TJ (eds). PCR Protocols: A Guide to Methods and Applications. New York: Academic
Press;1990. Pp. 315-322.
Wu F, Tanksley SD. Chromosomal evolution in the plant family Solanaceae. BMC Genomics
2010; 11: 182.
Zarco CR. A new method for estimating karyotype asymmetry. Taxon 1986; 35: 526-530.
95
ANEXOS
96
top related