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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS
Faculdade de Educação Física
RENATO BUSCARIOLLI DE OLIVEIRA
VISÃO SISTÊMICA DA PREPARAÇÃO FÍSICA DE FUTEBOLISTAS
DE BASE E PROFISSIONAIS
CAMPINAS
2017
RENATO BUSCARIOLLI DE OLIVEIRA
VISÃO SISTÊMICA DA PREPARAÇÃO FÍSICA DE FUTEBOLISTAS
DE BASE E PROFISSIONAIS
Tese apresentada à Faculdade de Educação
Física da Universidade Estadual de Campinas
como parte dos requisitos exigidos para
obtenção de título de Doutor em Educação
Física na Área de concentração Biodinâmica
do Movimento e Esporte.
Orientadora: Profa. Dra. Denise Vaz de Macedo
ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À
VERSÃO DA TESE APRESENTADA PELO
ALUNO RENATO BUSCARIOLLI DE
OLIVEIRA SOB ORIENTAÇÃO DA PROFA.
DRA. DENISE VAZ DE MACEDO.
CAMPINAS
2017
COMISSÃO EXAMINADORA
Profa. Dra. Denise Vaz de Macedo
Presidente
Prof. Dr. Alcides José Scaglia
Membro Titular
Prof. Dr. Eduardo Mendonça Pimenta
Membro Titular
Prof. Dr. Luiz Roberto Rigolin da Silva
Membro Titular
Prof. Dr. Sergio Augusto Cunha
Membro Titular
A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no
processo de vida acadêmica do aluno
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho a você leitor, que destinou seu tempo e atenção para estar aqui,
agora. Obrigado por achar que vale a pena. Fiz o meu máximo para que não se arrependa.
AGRADECIMENTOS
Diferente do que fiz na tese de mestrado, quando agradeci todos que contribuíram para
minha chegada até aquele momento (recomendo que leiam a parte dos “agradecimentos”, em
minha opinião a melhor parte da tese, foi até elogiada pela banca, rs!) irei aqui me limitar a
agradecer àqueles que participaram ativamente deste ciclo importante que se encerra.
Agradeço a Deus por permitir que eu chegasse até aqui. Aliás, agradeço a Deus por
tudo que tem feito em minha vida. Posso dizer que sou privilegiado, não pelo que tenho (isso
é efêmero), mas pelo que vivo e vivi (isso fica registrado na alma). A vida é uma
oportunidade de arriscar indescritivelmente prazerosa. Obrigado.
Minha família querida: obrigado pelo apoio. Se conheço bem, todos vão estar no dia
da defesa (ao menos farão tudo o que estiver ao alcance, afinal ninguém é patrão, rs).
Obrigado mãe, do seu jeito torce e sofre por mim. Sei o quão feliz ficará com o fechamento
deste ciclo. Você fez parte dele. Apesar de odiar futebol, foi você quem me levou para minha
primeira aula lá no Vista Alegre, lembra? Obrigado pai: sei o quanto investiu e torceu para
que eu conseguisse alcançar o meu sonho (ser jogador). Mas Deus escreve certo por linhas
tortas e tenho certeza que posso contribuir muito mais fora do campo do que dentro dele, rs. É
legal como o futebol continua nos unindo até hoje. Ricardo e Rogerio, meus irmãos queridos.
Dois guerreiros que admiro muito. Obrigado pelo apoio e torcida: saibam que a recíproca é
verdadeira.
Dizem que alguns acontecimentos mudam nossas vidas para sempre. E hoje posso
dizer que isso é verdade. Depois que te conheci, minha vida mudou de tal forma que não
consigo concebê-la sem ti. Obrigado Cacia Mota Buscariolli. A mulher da minha vida. Minha
companheira, confidente, amiga, amante, esposa e parceira de todas as horas. Você participou
ativamente deste processo e com sabedoria e maturidade teve paciência para me aturar nos
dias ruins e energia para me incentivar quando pensei em desistir. Quantos Domingos passei
ao seu lado em casa “mexendo na tese” e você sem poder ligar a televisão para não me
atrapalhar, rs. Obrigado por tudo meu amor. Sei que não foi fácil, mas o seu apoio foi
incondicional. Essa tese também é sua! Que a chama do nosso amor seja eterna e infinita.
Definitivamente a pessoa mais importante para o encerramento deste ciclo é quem
um dia acreditou que poderíamos chegar até aqui: Dra. Denise Vaz de Macedo. Denise, sou
muito grato a ti. Não apenas pela orientação dada por ti nesta tese, mas por tudo aquilo que
aprendi contigo desde quando entrei no Labex, em 2003. Já se passaram 14 anos e muito do
que sou hoje devo à senhora. Sei que este processo foi árduo e duro e muitas vezes a senhora
teve que se desgastar para que chegássemos juntos a uma tese “digna”. Sei que poderia ter
ficado melhor se eu tivesse dedicação exclusiva, mas ao mesmo tempo sei que foi o melhor
que ambos pudemos fazer nessas circunstâncias. Sinceramente estou feliz com o que
conseguimos. Que a nossa amizade se perpetue no tempo e que eu possa te dar muitas camisas
autografadas nessa vida. Obrigado por tudo. Minha gratidão é eterna.
Falando em Labex, aproveito o momento para agradecer o Prof. Dr. René Brenzikofer
(Prof. René). Sei o quanto o senhor “sofre” comigo, afinal sou um “zero à esquerda” na área
de exatas e o senhor com uma paciência de Jó (me recebendo aos Sábados em sua casa em
algumas oportunidades) contribuiu muito para o trabalho. Obrigado por tudo. Acho que
finalmente o senhor vai deixar de “sofrer” comigo, rs.
Agradeço o Prof. Dr. Acides Scaglia, pessoa formidável, de humildade e competência
ímpares, que me apresentou uma perspectiva até então desconhecida do futebol. Obrigado por
me fazer enxergar o futebol de um modo diferente. Você faz bem ao futebol brasileiro e tenho
certeza que tem um longo e bonito caminho a trilhar. Sucesso!
Na sequência agradeço a William Sander, meu irmão, meu amigo, meu parceiro da
bola e meu cupido (afinal foi você quem colocou a Cacia em meu caminho). Nos conhecemos
trabalhando no campo em 2006 e desde então nossa amizade só se fortalece. Você
acompanhou de perto todo este ciclo. Na coleta dos primeiros dados em 2011, você estava lá
comigo, e em 2015 no Rio Branco de Americana, quando morávamos juntos, respeitava meu
espaço quando eu precisava escrever a tese. Saiba que te considero demais e não tenho
dúvidas que em breve será um grande treinador dentro do cenário nacional. Quando isso
acontecer vou dizer em alto e bom som: “eu já sabia, sempre falei isso, desde 2006 quando eu
o conheci no Sub-12”. Te desejo todo sucesso do mundo e que nossa amizade e “conversas da
bola” se perpetuem para sempre.
Aos amigos queridos que estão no coração. Gustavo Santos (Guba), ser humano
extremamente capaz, humilde, com um coração do tamanho do mundo, cuja companhia e
diálogo me faz bem, afinal, você sempre me faz pensar. Te admiro muito. Nossa amizade é de
verdade parceiro. Cabe a nós cultivá-la! Aliás, quando será o casamento, rs?
João Paulo (Joy), parceiro de infância, alma de criança e sabedoria das ruas da
quebrada. Nossa amizade resiste ao tempo e à distância, como deve ser. Como bem disse
Vinicius de Morais “amigo não se faz, se reconhece” e desde o dia que nos “reconhecemos”
em Vinhedo não nos separamos mais. Admiro sua forma singela de encarar a vida e os seus
obstáculos. Tamo junto! Ah e você é outro que casa em breve hein, rs! Eu e o Ferreirinha
(parceiro do peito, gente da melhor qualidade) estaremos lá para presenciar esse fato histórico,
rs!
Grande Rafael Reis (vulgo Varginha), parceiro crítico e indignado com as intempéries
dessa vida. Sei que torceu muito para eu chegar até aqui. Precisamos colocar o assunto em dia
para me contar como foi sua última viagem! Fernando Catanho, parceiro antigo, “show man”
das salas de aula cuja inteligência, didática e capacidade de retenção do conhecimento me
admiram. Thiago Lourenço, parceiro antigo também cuja visão empreendedora e a capacidade
de mexer com números me impressionam. Parabéns pela linda família e obrigado pelo apoio
de sempre.
Agradeço aqui aqueles que foram “consultados” ao longo da construção deste
manuscrito. Lázaro Alessandro Nunes (Lázaro), amigo querido que muito me ajudou não
apenas na construção deste trabalho, mas como em dicas do dia a dia, valeu! Júlia Barreira,
você é fantástica! Com uma prestatividade ímpar me ajudou em inúmeras oportunidades na
construção deste trabalho. Obrigado querida, você vai longe! Bernardo Neme Ide (Berna),
pessoa do bem, inteligentíssimo e de humildade sem igual. Obrigado pelas inúmeras
indicações e auxílio de sempre. Carol Vendite e Carlos Thiengo muito obrigado pelo auxílio e
dicas na análise de dados.
Aos amigos do futebol que de um jeito ou de outro contribuíram para esse momento.
Clodoaldo Lopes do Carmo, muito obrigado pela primeira oportunidade dada no futebol
profissional. Sabia que essa era a chance da minha vida e eu tinha que agarrar com unhas e
dentes. Deu certo, e serei eternamente grato a ti. Dr. Mauro Moreira e Dr. Nilso Moreira:
obrigado pela oportunidade, pelos anos de convívio e pela possibilidade de coleta dos dados.
Foram muitos e intensos momentos que vivemos juntos. Tenho muito orgulho do que
fizemos. Aos grandes amigos que fiz no Penapolense: Paulo de Carvalho (Paulinho), Dino
Camargo, Fabrício (Fafa), Ricardo Toledo, Jonas, Oberdan, Tiago Valle, André Venâncio e
Felipe Ferreira.
Aos Treinadores e Auxiliares Técnicos que convivi ao longo deste ciclo. Por sorte tive
o privilégio de trabalhar com diversos perfis metodológicos e com diferentes tipos de gestão,
o que foi muito rico e importante para o meu amadurecimento. Pela ordem cronológica:
Cristian Lizana (gente finíssima que me apresentou o PFC), William Sander, Fábio Fontão,
Élio Sizenando, Evaristo Piza, Roger Riva, Anderson Gôngora, Lucas Leonardo, Marcelo
Prates, Caio Gilli, Pintado, Luciano Dias (e seu fiel escudeiro Marco Antônio), Narciso,
Paulinho Kobayashi, PC Gusmão, Eduardo Barros, Mozart, Guilherme Alves, Jorge Raulli,
Edinho, Silas (e seu fiel escudeiro Paulo). Obrigado pelo aprendizado.
Aos parceiros da vida e da bola, sem os quais a vida e o futebol não têm a mesma
graça. Kaio Fonseca (um dia dá certo da gente trabalhar junto, rs), Eduardo Barros (amigo dos
tempos de infância, enciclopédia do futebol com o qual aprendi e aprendo muito), Luis
Fernando Goulart (um exemplo na profissão, parceiro antigo sempre solícito e prestativo),
Mirtes Stancanelli e Fernanda Lazarim (inúmeras vezes já me salvaram queridas!), João Paulo
Medina (admiro sua jornada para mudar nosso futebol), Paulo Gandra e Sarah Lima (muito
obrigado pelo suporte na tradução do trabalho Sarah, você e o Paulo formam um lindo casal),
Rodrigo Hohl e Charlene Miotti (foi muito bom reencontrar vocês).
Caminhando para o fim dos agradecimentos, aproveito o momento para ressaltar a
importância do Grêmio Novorizontino e das pessoas que fazem o seu dia a dia para o término
desta tese. Definitivamente um dos melhores clubes que trabalhei. Eu, assim como todos os
demais funcionários, luto diariamente para que este clube alcance o lugar que merece dentro
do cenário nacional. Agradeço aos donos (Jorge Ismael de Biasi, Roberto de Biasi e Sandro
Cabreira), diretoria e presidência (Ronaldo, Genilson, Goiano e Marcelo) aos colegas de
campo (André, Cadu, Carlão, Danilo, Denilson, Dr. Gustavo, Edmilson, Fabricio, Felipe,
Julio, Kamila, Leandro, Vitor, Lucas, Marildo, Mário, Marlon, Paolo, Stuchi, William) e
demais funcionários. Ambiente fantástico de trabalho no qual descobri novos amigos.
Por fim, gostaria de deixar registrado aqui a letra da música “Trem Bala”. Quando
ouvi essa canção pela primeira vez estava finalizando a construção deste manuscrito. Canções
como essa nos ajudam a lembrar do que realmente importa nessa vida.
Trem Bala – Ana Vilela
Não é sobre ter todas as pessoas do mundo pra si
É sobre saber que em algum lugar alguém zela por ti
É sobre cantar e poder escutar mais do que a própria voz
É sobre dançar na chuva de vida que cai sobre nós
É saber se sentir infinito num universo tão vasto e bonito
É saber sonhar
E, então, fazer valer a pena cada verso daquele poema sobre acreditar
Não é sobre chegar no topo do mundo e saber que venceu
É sobre escalar e sentir que o caminho te fortaleceu
É sobre ser abrigo e também ter morada em outros corações
E assim ter amigos contigo em todas as situações
A gente não pode ter tudo
Qual seria a graça do mundo se fosse assim?
Por isso, eu prefiro sorrisos
E os presentes que a vida trouxe pra perto de mim
Não é sobre tudo que o seu dinheiro é capaz de comprar
E sim sobre cada momento sorriso a se compartilhar
Também não é sobre correr contra o tempo pra ter sempre mais
Porque quando menos se espera a vida já ficou pra trás
Segura teu filho no colo sorria e abrace teus pais enquanto estão aqui
Que a vida é trem-bala parceiro, e a gente é só passageiro prestes a partir
RESUMO
Introdução: O futebol é um jogo coletivo de caráter intermitente que se caracteriza por uma
intensa participação psíquica, pela aciclicidade físico-técnica, demandando bom
condicionamento de capacidades biomotoras como força, potência e resistência, mas também
de competência tática e técnica. A periodização do treinamento tem como objetivo facilitar a
organização e adequação das cargas de esforço visando tanto o aumento do desempenho
quanto sua manutenção ao longo da competição. A abordagem sistêmica considera que toda
sessão de treino de campo deve apresentar conexão com a maneira da equipe jogar, e de certa
forma deveria permear tanto a formação do futebolista na base, como estar presente em
equipes profissionais. Objetivos: Os objetivos da presente tese de doutorado foram analisar as
inter-relações entre capacidades físicas, estágio maturacional, idade relativa, titularidade e o
desempenho de jogadores de uma equipe Sub-13, e capacidades físicas, desempenho e
titularidade de jogadores de uma equipe profissional. Ambos os grupos foram submetidos a
periodizações baseadas em atividades em contexto de jogo e treinos físicos. O projeto de
doutorado produziu quatro estudos transversais. Metodologia: No primeiro estudo
comparamos um grupo de futebolistas Sub-13 (n=41) com um grupo ativo de mesma faixa
etária e estágio maturacional (n=73) para identificar efeitos decorrentes do processo de
treinamento em diferentes capacidades físicas e na inteligência tática. O Estudo 2 foi
realizado com futebolistas Sub-13 (n=26) e atletas de uma equipe profissional (n=29). Teve
como objetivo avaliar a influência das capacidades físicas na titularidade dos jogadores. No
Estudo 3 monitoramos uma periodização com enfoque em atividades em contexto de jogo de
uma equipe de futebol profissional ao longo do campeonato através de avaliações físicas e
variáveis antropométricas. No Estudo 4 monitoramos e individualizamos os efeitos de 16
rodadas do campeonato paulista da primeira divisão em uma equipe de futebol profissional,
através da utilização da enzima CK sérica e comparamos esses resultados com a análise da
incidência de lesões. Resultados: Os resultados mostraram que o treinamento foi
determinante para o aumento nas capacidades físicas de potência, resistência e na inteligência
tática encontradas nos jovens da categoria Sub-13 (estudo 1). Já no estudo 2 mostramos que a
vantagem física foi determinante para a definição da titularidade apenas na categoria de base,
não sendo um diferencial na equipe profissional. No estudo 3 mostramos que a periodização
adotada na equipe profissional foi eficaz para o desempenho da equipe. O índice de lesões foi
baixo, acompanhado de um tempo reduzido de afastamento dos atletas. No estudo 4 o
monitoramento da atividade da CK sérica mostrou-se uma ferramenta complementar para o
controle da carga de jogos, sendo importante para a individualização do treinamento.
Conclusões: As avaliações físicas, antropométricas, maturacionais e bioquímicas são
importantes para complementar a análise sistêmica da preparação física no futebol, tanto na
formação de atletas como no ambiente profissional. Cabe ressaltar que a comunicação e a
gestão de pessoas são igualmente fundamentais na atuação do preparador físico, uma vez que
facilitam a transferência e aplicação dos resultados das análises em conhecimento e atitudes
práticas no dia a dia.
Palavras-chave: periodização, força, resistência, maturação, desempenho
ABSTRACT
Introduction: Soccer is an intermittent collective game that is characterized by intense
psychic participation, physical and technical acciclicity and requires good conditioning of
biomotor skills such as strength, power and endurance but also of tactical and technical
competence. The periodization of the training aims to facilitate the organization and adequacy
of effort loads aiming both increasing and maintaining performance throughout the
competition. The systemic approach considers that every field training session should be
connected to the way the team plays and should permeate the formation of the footballer at
the base, but also be present in professional teams. Aims: The purpose of this PhD thesis was
to analyze the interrelationships between physical abilities, maturational stage, relative age
effect, ownership and performance of players of a U-13 team, and, physical abilities,
performance and ownership of players of a professional team. Both were submitted to
periodizations based on activities in game context and physical training. The doctoral project
produced four cross-sectional studies. Methods: In the first study we compared a group of U-
13 soccer players (n=41) with an active group of the same age and maturational stage (n=73)
to identify effects from the training process in different physical abilities and tactical
intelligence. The second study was carried out with U-13 footballers (n=26) and athletes of a
professional team (n=29) and had as objective to evaluate the influence of the physical
capacities on the players' ownership. In the third study we monitored a periodization focusing
on game activities of a professional soccer team through longitudinal physical evaluations and
anthropometric variables. In the fourth study, we monitored and individualized the effects of
16 rounds of the first division São Paulo championship on a professional soccer team through
the use of serum CK enzyme and compared these results with the analysis of the incidence of
injuries. Results: The results showed that training is determinant for the increase in physical
power, endurance and tactical intelligence found in the youth of the U-13 (study 1). In study 2
we showed that the physical advantage was determinant for the definition of ownership only
in the base category, not being a differential in the professional team. In study 3 we showed
that the periodization adopted in the professional team was effective for team performance.
The injury index was low, accompanied by a reduced time of removal of the athletes. In study
4, the monitoring of serum CK activity was shown to be a complementary tool to control the
game load, being important for the individualization of the training. Conclusions: The
physical, anthropometric, maturational and biochemical evaluations have proved to be
fundamental tools to make a systemic approach to physical preparation in soccer, both in
young and in the professional players. It should be noted that communication and people
management are equally fundamental in the performance of the physical coach, since they
facilitate the transfer and application of the analyzed results in knowledge and practical
attitudes.
Key words: Periodization, strength, endurance, maturation, performance
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................14
1.1 Justificativa dos Estudos – Trajetória do Autor................................................14
1.2 Abordagem sistêmica da preparação física no futebol......................................16
1.3 Variáveis envolvidas e suas inter-relações no futebol......................................18
1.4 Variáveis interferentes no desempenho em futebolistas de base......................20
1.5 Modelos de periodização e treinamento no futebol..........................................21
1.6 Jogos reduzidos como ferramenta de treino......................................................24
2. OBJETIVOS..........................................................................................................27
2.1 Objetivos Específicos........................................................................................27
3. ESTRUTURA DA TESE......................................................................................28
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO..........................................................................29
4.1 Artigo 1.............................................................................................................29
4.2 Artigo 2.............................................................................................................43
4.3 Artigo 3.............................................................................................................59
4.4 Artigo 4.............................................................................................................79
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS...............................................................................92
6. REFERÊNCIAS INTRODUÇÃO.......................................................................93
7. ANEXO A............................................................................................................100
8. ANEXO B.............................................................................................................103
9. ANEXO C............................................................................................................105
10. ANEXO D............................................................................................................109
14
1. INTRODUÇÃO
1.1 Justificativa dos estudos – Trajetória do Autor
Julguei importante e fiz questão de iniciar a tese com este tópico, pois esse manuscrito
é o produto da minha história de vida até aqui, em um claro exemplo de que teoria e prática
podem (e devem!) caminhar lado a lado.
Minha relação com a prática formal do futebol começou cedo. Aos seis anos de idade
participei do meu primeiro “treino” de futebol em um campo próximo de casa, sob supervisão
do Sr. Dorival Cieni, um bancário aposentado que dedicava as manhãs de Sábado para dar
treinos para crianças do bairro São Matheus em Vinhedo-SP.
Com onze anos de idade, após já ter disputado alguns torneios municipais recebi o
convite para integrar uma nova equipe da cidade chamada Sant´anna. O convite veio com uma
proposta: em caso de aceite eu ganharia uma bolsa de estudos em uma das melhores escolas
da cidade: o Instituto de Ensino Sant´anna.
Aceito o convite passei a disputar torneios estaduais e mundialitos, e após quase dois
anos de vínculo com o Sant´anna, recebi um novo convite, agora de uma equipe federada que
na época era referência na formação de jovens atletas: Guarani Futebol Clube. A tentação era
grande, afinal todo garoto sonha ser jogador de futebol. Todavia, o fato de ter que abandonar
uma escola de qualidade pesou na decisão. Nessa hora, o Sr. Hugo Teixeira, mantenedor da
escola, em uma prova de desapego e benevolência não só estimulou minha ida ao Guarani
(rival do Sant´anna na época!), como manteve minha bolsa de estudos.
Permaneci no Guarani por quase três anos, quando resolvi sair aos quinze anos de
idade para tentar a sorte em outro clube, já que não estava sendo aproveitado na equipe. Neste
momento começou meu calvário. Fiz testes, peneiras e afins em quase trinta clubes no período
de dois anos. O fato é que com dezessete anos desisti de jogar futebol profissionalmente e
decidi prestar o vestibular. Passei. Foi quando a Educação Física e a Unicamp entraram em
minha vida.
No primeiro ano de faculdade aproveitei muito pouco do que a Unicamp tinha a
oferecer. Isso porque, trabalhava durante o dia e estudava a noite. Todavia, uma disciplina e
em especial uma Professora me tocaram: a disciplina era Bioquímica do Exercício e a
professora: Dra. Denise Vaz de Macedo. Fui levado por uma força interna a procurá-la e no 2º
ano de faculdade comecei a fazer estágio no LABEX (Laboratório de Bioquímica do
Exercício). Dentre as atividades contidas no estágio estava a monitoria na disciplina
15
Bioquímica do Exercício, ministrada para alunos de primeiro ano de Educação Física. Foi aí
que peguei o gosto pela docência.
Em 2004 comecei a minha primeira iniciação científica e pude entender o que é fazer
ciência. Foram três anos de iniciação científica até que no meu último ano de graduação,
quando eu estava desempregado, o futebol “bateu em minha porta” novamente. Recebi um
convite para trabalhar nas categorias de base de um clube da região que estava em seu
segundo ano de existência: o Paulínia Futebol Clube (PFC).
Diferente da grande maioria dos clubes, boa parte dos profissionais do PFC eram
formados em Educação Física. Além disso, o clube tinha um diferencial: semanalmente, todos
os funcionários envolvidos com o trabalho de campo se reuniam para discutir textos, livros e
excertos relacionados ao ensino e treinamento do futebol. O coordenador destes encontros era
o Prof. Dr. Alcides Scaglia, e a tônica da grande maioria das reuniões era o debate entre o
método tecnicista e o método pautado na complexidade do jogo, tema da sua tese de
doutorado. Em um desses encontros, ele trouxe para discussão o livro “Mourinho: por que
tantas vitórias?”. Isso fez grande diferença...
Nesta obra Mourinho (então técnico do Chelsea) rechaça os tradicionais treinos
físicos, admitindo que não realiza treinos físicos descontextualizados do jogo em suas
equipes. Além disso, afirma que não acredita nos treinos de força em salas de musculação e
muito menos nos testes para avaliar as diferentes capacidades físicas. Resumindo, esta obra
colocou em xeque tudo aquilo que eu acreditava (e havia estudado!) relacionado ao
treinamento físico no futebol. Para agravar a situação, fiquei com meu emprego ameaçado, já
que o PFC dava sinais que iria adotar linha semelhante à proposta por Mourinho a partir do
ano seguinte. Nessa hora veio à tona meu lado “cientista”.
Estimulado pelo rico ambiente de troca e aprendizado gerido por Scaglia e
principalmente pela abertura concedida por ele, em comum acordo, decidimos fazer um
estudo piloto com as categorias Sub-12 e Sub-13 no ano seguinte. O principal objetivo deste
piloto era treinar as capacidades físicas em contexto de jogo e controlar fisiologicamente essas
atividades. Sem saber, nascia aí o embrião da minha tese de doutorado.
Permaneci no PFC durante quatro anos, quando recebi um convite para trabalhar nas
categorias de base da Associação Atlética Ponte Preta. Paralelamente ao trabalho de campo
dei continuidade nos estudos dentro do Labex e defendi meu mestrado em 2011, em um
trabalho com modelo animal envolvendo overtraining e parâmetros cardíacos. Terminava aí
minha contribuição à principal linha de pesquisa do Labex, o overtraining. Minha tarefa seria
16
convencer a Profa. Denise que era possível fazer uma tese de doutorado relacionando os
temas treinamento, fisiologia e preparação física no futebol. O desafio estava lançado.
Com esforço conjunto da Profa. Dra. Denise Vaz de Macedo, do Prof. Dr. René
Brenzikofer e do Prof. Dr. Alcides Scaglia, em 2011 começamos a desenhar um boneco do
projeto de doutorado que, por conta das circunstâncias ganhou um caráter diferente do
originalmente planejado, mas sem fugir da ideia inicial que o concebeu.
Em 2011 atuei como preparador físico de uma equipe Sub-13 que disputou o
campeonato paulista e em conjunto com o treinador responsável (William Sander, que
também havia trabalhado no PFC) aplicamos um modelo de treinamento pautado na utilização
de atividades em contexto de jogo. Em 2012 aceitei o convite para trabalhar como preparador
físico de uma equipe profissional que disputou o campeonato paulista da primeira divisão.
Essas experiências foram extremamente proveitosas tanto nos aspectos profissionais como
acadêmicos. Ao mesmo tempo em que consolidou um salto enorme na minha carreira como
preparador físico, permitiu aplicar um modelo de periodização com as mesmas características
do utilizado anteriormente na base, em uma realidade muito distinta e em um espaço de tempo
compatível com a construção da tese de doutorado. Felizmente tive abertura para também
coletar dados nesses clubes que passei.
A análise crítica dos resultados obtidos propiciou os estudos apresentados na presente
Tese de Doutorado e a discussão das inter-relações entre as variáveis hierárquicas que compõe
a preparação física no futebol.
1.2 Abordagem Sistêmica da Preparação Física no Futebol
Por muito tempo na ciência, fenômenos foram esmiuçados em fragmentos estudados
de maneira isolada e através da união dos achados sobre suas partes, tentava-se desvendar o
que se imaginava ser o todo (LEITÃO, 2009). Tentando entender de uma maneira mais global
o comportamento e funcionamento de elementos de um todo complexo, Bertalanffy (2008)
nos anos 50 apresentou o que chamou de a “Teoria Geral dos Sistemas”.
Essa teoria deu ênfase ao entendimento dos elementos do todo que compunham um
sistema, através da observação das relações e dependências entre esses elementos, de maneira
a não perder de vista a ideia de que um sistema é uma totalidade integrada, e que, portanto,
não se pode compreender seus componentes a partir do seu isolamento (LEITÃO, 2009).
Com base em Morin (1996; 1997; 2004) o entendimento de um sistema não pode se
resumir ao entendimento das partes, concebidas de forma isolada, nem tão pouco do todo pelo
todo. Enquanto na primeira a explicação reducionista desarticula, desorganiza, decompõe e
17
simplifica a realidade do sistema, na segunda, explicações holísticas, ignoram as partes, as
imposições internas do sistema e a organização. A compreensão do todo, a partir de uma visão
sistêmica, passa também pela necessidade de compreensão dos seus elementos. Isso quer
dizer que os elementos de um sistema têm de ser definidos, nas suas particularidades
originais, nas inter-relações que participam e nas visões do todo onde se integram. Da mesma
forma o todo, definido em relação aos seus elementos, às inter-relações e ao próprio todo,
formando segundo Morin (1997), um circuito de relações, onde a organização assume o papel
de núcleo das interações do sistema.
De acordo com Garganta & Grehaigne (1999), conclusões decorrentes de vários
estudos realizados, fazem emergir a necessidade de encontrar métodos que permitam reunir e
organizar os conhecimentos, a partir do reconhecimento da complexidade do jogo de futebol e
das propriedades de interação dinâmica das equipas, enquanto conjuntos ou totalidades.
Segundo os autores, a abordagem sistêmica do jogo de futebol constitui uma importante
referência a considerar nos processos de ensino e treino do futebol, na medida em que oferece
a possibilidade de identificar e avaliar ações/sequências de jogo que, pela sua frequente
ocorrência, se afiguram representativas da dinâmica das partidas.
Vários autores têm defendido que a construção das sessões de treino no futebol ocorra
a partir da lógica interna do jogo, indo ao encontro do princípio da especificidade (SCAGLIA,
2003; LEONARDO et al., 2009; LEITÃO, 2009; SCAGLIA et al., 2013; LIZANA et al.,
2015; BELOZO et al., 2016). Essa abordagem tem ganhado espaço nos pequenos, médios e
grandes clubes do país, tanto nas categorias de base como em equipes da categoria
profissional, e como consequência, tem aproximado o trabalho do preparador físico com o do
treinador.
O futebol é um jogo coletivo de caráter intermitente que se caracteriza por uma intensa
participação psíquica e pela aciclicidade físico-técnica, onde períodos curtos de alta
intensidade são intercalados por períodos mais longos de recuperação, ativa ou passiva
(GARGANTA & GRÉHAIGNE, 1999). O bom desempenho no futebol demanda bom
condicionamento em capacidades biomotoras, com a utilização de diferentes fontes
energéticas (HELGERUD et al., 2001; MCMILLAN et al., 2005; CASTAGNA et al., 2010;
HELGERUD et al., 2011), e ao mesmo tempo demanda habilidades técnicas, táticas,
psicológicas e cognitivas (SCAGLIA, 2003; GOMES & SOUZA, 2008).
A preparação física no futebol abrange o planejamento, a aplicação e o controle das
cargas de treino e deve considerar a influência e interação entre os diferentes condicionantes
do desempenho para otimizar a contribuição dos treinos e dos jogadores no modelo de jogo
18
estabelecido pela comissão técnica. A abordagem sistêmica da preparação física considera
que toda sessão de treino de campo deve apresentar conexão com a maneira da equipe jogar.
Existe um interesse crescente na ciência do esporte não somente por parte dos
pesquisadores, como de comissões técnicas e organizações esportivas (EISENMANN, 2017).
Dentro desta perspectiva a preparação física deve ser o elo entre o laboratório e o campo de
jogo. O grande desafio é integrar as diferentes áreas sem detrimento de uma em relação a
outra, e transformar as informações em atitudes práticas no dia a dia.
1.3 Variáveis envolvidas e suas inter-relações no futebol
A taxa de trabalho de cada atleta individualmente pode ser expressa pela distância
percorrida e/ou pelo número/frequência de ações realizadas durante a partida (EKBLOM,
1986; BANGSBO, 1994b; REILLY, 1994; STOLEN et al., 2005). A distância total percorrida
durante uma partida de futebol gira em torno de 10 km. O jogo de futebol solicita um
consumo de oxigênio que corresponde aproximadamente a 70-75% do VO2max (REILLY,
1990; BANGSBO, 1994b; STOLEN et al., 2005), valor próximo do limiar anaeróbio em
futebolistas de elite.
De acordo com o estudo realizado por Barnes et al., (2014) a distância percorrida de
2006 a 2013 na Premier League aumentou cerca de 2%. Já a distância percorrida em alta
intensidade (19,8km/h a 25 km/h) e na forma de sprints (>25,1 km/h) apresentou aumento de
30% e 50%, respectivamente, evidenciando o aumento nas atividades predominantemente
anaeróbicas nos últimos anos. Também houve aumento significativo do número de passes,
passes certos, passes curtos e passes médios, evidenciando que o jogo ficou mais dinâmico e
com mais rápida circulação da bola. Ou seja, apesar da predominância do metabolismo
aeróbio (caminhada, trote e corrida em baixa intensidade) têm aumentado durante a partida as
ações decisivas do jogo que dependem da contribuição do metabolismo anaeróbio, como os
sprints, saltos para cabeceio de bola, mudanças de direção em alta velocidade, finalizações e
disputas corpo a corpo (STOLEN et al., 2005). A aptidão aeróbia contribui para a recuperação
das reservas de fosfocreatina, retardando o aparecimento da fadiga (REILLY, 1990, 1994).
Um fator que parece influenciar diretamente a cinemática do jogo diz respeito ao
posicionamento dos atletas em campo, já que a demanda física dos jogadores de linha varia de
acordo com a função tática de cada posição. A Figura 1 apresenta os dados de um estudo
(BARROS et al., 2007) sobre as distâncias percorridas por jogadores (n=55) de acordo com
suas diferentes posições.
19
Figura 1. Distribuição da distância percorrida durante partidas de futebol do campeonato brasileiro de
acordo com a posição de jogo (Adaptado de BARROS et al., 2007).
A fadiga é outro fator que interfere diretamente na cinemática do jogo. Pode ser
evidenciada pelo declínio do desempenho na 2ª etapa (REILLY, 1997; TAYLOR et al., 2000;
RAHNAMA et al., 2003). A queda na taxa total de trabalho pode ser atribuída a diversos
fatores, tais como redução nos estoques de glicogênio muscular, baixo índice de potência
aeróbia, dieta pobre em carboidratos, desidratação, desequilíbrio eletrolítico, acúmulo de
metabólitos intramuscular e hipertermia (BANGSBO, 1994b; REILLY, 1997; RIENZI et al.,
2000; RAHNAMA et al., 2003; MOHR et al., 2005).
Apesar de muito estudada em esportes individuais cíclicos existem comparativamente
poucos estudos relacionados à fadiga em modalidades complexas como o futebol, onde a
intensidade exigida e o ritmo aplicado não são determinados de forma individual, e sim em
função da interação entre as duas equipes (REILLY et al., 2008).
As estratégias para retardar o aparecimento da fadiga incluem a utilização dos atletas
do banco de reservas, aporte nutricional com especial atenção à reposição de glicogênio
muscular, pré-cooling, hidratação antes, durante e após o jogo (com especial atenção à
reposição de sódio e sais minerais), melhora da capacidade de resistência de força e
estratégias de jogo que possibilitem economia de energia pela equipe (REILLY et al., 2008;
CARLING, 2010; BARREIRA et al., 2014). No entanto, por melhor que seja a preparação do
futebolista ainda não se conseguiu evitar que a fadiga imposta pelo jogo afete a qualidade da
performance, tanto no decorrer do jogo, como ao longo da temporada (SANTOS, 2006).
Ao aproximar do fim da temporada competitiva a fadiga parece provir mais de
aspectos mentais do que físicos, e a recuperação assume papel de fundamental importância no
processo. Uma recuperação incompleta pode levar à perda da capacidade de concentração dos
jogadores durante o treino/jogo (CARVALHAL, 2000; RESENDE, 2002). Este fenômeno é
20
extremamente prejudicial no processo aquisitivo do treino, já que o nível de concentração está
diretamente ligado ao aprendizado e à incorporação ou não dos comportamentos requeridos
no jogo (OLIVEIRA et al., 2006; PIVETTI, 2012).
As circunstâncias do jogo e o modo como as equipes se comportam em campo
também se relacionam fortemente com os aspectos cinemáticos. Reilly & Williams (2003),
através da análise de partidas em campeonatos mundiais mostraram que equipes que
privilegiavam a rápida progressão ao gol através de erros cometidos pelo sistema defensivo
adversário exibiam um estresse fisiológico maior do que equipes que enfatizavam a
conservação da posse de bola e ataques posicionados.
Lizana et al., (2015) mostraram que treinos onde a equipe prioriza a verticalização do
jogo e a sequente progressão ao alvo em detrimento da posse de bola levam a um número
maior de ações de alta intensidade, mas também a um maior número de passes errados.
Cambre Ãnon et al., (2014) mostraram que ataques posicionados tendem a ser mais longos e
mais eficazes do que ataques com menor número de jogadores.
Os resultados dos estudos acima evidenciam a importância de entender o jogo como
um sistema complexo de elementos em interação, que deve ser analisado e trabalhado como
um todo, não podendo ser representado pelas partes de forma isolada.
1.4 Variáveis interferentes no desempenho em futebolistas de base
O desenvolvimento individual no esporte durante a infância pode variar em virtude das
diferentes oportunidades de aprendizagem e ambiente psicossocial envolvido (COTÉ et al.,
2006). Estudos retrospectivos em atletas de elite mostraram que a experiência positiva com
algum treinador, o encorajamento por parentes mais velhos, o sucesso precoce ou mesmo o
prazer na atividade são fatores críticos na escolha de determinada modalidade (COTÉ et al.,
2006). Evidências indicam que atletas de elite geralmente foram expostos cedo e com
regularidade a ambientes esportivos (COTÉ et al., 2006).
Acredita-se que as crianças nascidas no início do ano costumam apresentar um
desempenho físico superior, aumentando a probabilidade destas se envolverem no esporte e
chegarem ao alto nível de rendimento (HELSEN et al., 2005). Segundo alguns pesquisadores,
esse fenômeno, chamado de “efeito da idade relativa (EIR)” pode levar a uma maior
percepção de competência, auto eficácia, motivação e a outros aspectos cognitivos que teriam
impacto sobre a qualidade da aprendizagem e sobre o nível de desempenho dos jovens em
21
diferentes modalidades esportivas (WILLIAMS & ERICSSON, 2005; CÔTÉ et al., 2006;
ASHWORTH & HEYNDELS, 2007).
Outra variável que parece interferir no desempenho de jovens atletas é a cidade e o
índice de desenvolvimento humano (IDH) na qual se dá o processo de formação (COTÉ et al.,
2006; COSTA et al., 2013). Crianças de cidades pequenas têm acesso facilitado à iniciação
esportiva e geralmente praticam de maneira informal, enquanto nos grandes centros urbanos o
acesso é mais restrito, embora o nível estrutural e de capacitação do corpo técnico responsável
seja maior (COTÉ et al., 2006). Em cidades pequenas também é comum a prática esportiva
entre crianças e adultos, aumentando a diversidade física e técnica dos praticantes. Sugere-se
que a maior diversidade de indivíduos e atividades praticadas nas zonas rurais favorece o
desenvolvimento esportivo, comparado aos grandes centros, onde as turmas são mais
homogêneas (COTÉ et al., 2006).
O desempenho físico durante a adolescência é fortemente influenciado pela maturação
biológica (PHILIPPAERTS et al., 2006). Geralmente adolescentes em estágios de maturação
mais avançados apresentam melhor desempenho se comparados aos seus pares com
maturação tardia (BEUNEN et al., 1980; BEUNEN et al., 1988; MALINA et al., 2004b;
FIGUEIREDO et al., 2009a). Como os desempenhos diferenciados na puberdade são
transientes, uma vez que jovens maturadores tardios se igualam aos maturadores precoces no
início da fase adulta (LEFEVRE et al., 1990), é fundamental conhecer os fatores que
influenciam o desempenho de jovens futebolistas para planejar estratégias mais assertivas
para o aproveitamento de potenciais talentos na idade adulta (PEARSON et al., 2006;
VAEYENS et al., 2006).
1.5 Modelos de Periodização e Treinamento no Futebol
A periodização do treinamento moderno é um conceito desenvolvido pelo soviético
Lev P. Matveev a partir dos anos 60-70, tomando como referência as fases da síndrome geral
de adaptação proposta por Hans Selye em 1956 (MATVEEV, 1977). Refere-se à divisão da
temporada esportiva em períodos ou ciclos de treino, cada um com características e objetivos
específicos em função do calendário competitivo.
De maneira geral a periodização possui diferentes níveis de organização, sendo o
planejamento como um todo denominado de macrociclo. No futebol o macrociclo
corresponde a uma temporada (ano), ou mesmo a uma determinada competição. O macrociclo
é composto de unidades chamadas mesociclos (meses) que são compostos de vários
microciclos (semanas), constituídos pelas diversas sessões de treinamento (dias).
22
Classicamente o macrociclo é dividido nos seguintes períodos: Período Preparatório, Período
Pré-Competitivo, Período Competitivo e Período de Transição (MATVEEV, 1981).
Tradicionalmente a periodização deve mostrar a dinâmica das cargas de treino e a
consequente adaptação do organismo, demandando o conhecimento do desempenho dos
jogadores da equipe em capacidades físicas distintas para seu planejamento (GARGANTA,
1991).
Bangsbo (1994a) defende que tanto o jogador quanto a comissão técnica tenham
ciência da condição física dos integrantes da equipe para diagnosticar se os objetivos físicos
estão sendo atingidos, planejar os programas de treino a curto e longo prazo e dar feedback
para que o atleta se sinta motivado a treinar de maneira mais intensa. Essas informações
podem ser obtidas através de testes de laboratório, ou através de testes de campo que avaliem
de forma confiável, reprodutível e fidedigna as diferentes capacidades físicas (SVENSSON &
DRUST, 2005).
A proposta de uma estrutura de treino em “blocos” ou “cargas concentradas”
(VERKHOSHANSKI, 1990) possibilitou mudanças na estrutura do treino (ARRUDA et al.,
1999; TOLEDO, 2000; PIMENTEL, 2004). As variáveis técnico-táticas passaram a ser
desenvolvidas nas atividades específicas, realizadas em blocos separados em períodos
próximos da competição (GOMES & SOUZA, 2008).
No Brasil praticamente todo o processo de organização e estruturação desenvolvido
com futebolistas até meados da década de 90 fundamentava-se no sistema proposto por
Matveev (1977). Os preparadores físicos e fisiologistas priorizavam a capacidade aeróbia
durante o período preparatório, visando o desenvolvimento da aptidão cardiorrespiratória
através de estímulos de longa duração. O intuito era solidificar uma base para o estímulo das
capacidades mais específicas como velocidade, resistência muscular, força e potência
(ARRUDA et al., 1999).
A visão tradicional do treinamento em esportes coletivos é voltada para o indivíduo e a
sua respectiva evolução técnica e física, em detrimento da gestão do ambiente de
aprendizagem e da melhora da tomada de decisão no âmbito coletivo do jogo (DAVIDS et al.,
2013). Por exemplo, a concepção de treino voltada para a prática isolada de determinados
gestos para favorecer a repetição de determinadas ações motoras se mostra reducionista e
distante do contexto do jogo. Além disso, simplifica muito a tomada de decisão, uma vez que
se utiliza de um ambiente previsível e estável (SCAGLIA, 2003; DAVIDS et al., 2013). Ou
seja, é necessário ter cautela para o uso de indicadores físicos e fisiológicos como forma de
23
predizer o desempenho no jogo e como ferramenta de detecção de talentos e seleção de jovens
atletas (REILLY et al., 2000; WILLIAMS & REILLY, 2000; STOLEN et al., 2005).
Na década de 90 foi proposto um modelo de periodização específico para o futebol,
utilizando-se de uma abordagem que considera o futebol integrado aos Jogos Desportivos
Coletivos, cuja matriz organizacional possui lógica funcional semelhante a outros esportes
coletivos: quando ataca, a equipe busca conservar a posse de bola, progredir no sentido da
meta contrária e marcar o ponto. Quando defende, a equipe busca proteger seu alvo, impedir a
progressão adversária e recuperar a posse da bola (BAYER, 1994).
Essa concepção de treino foi denominada “Periodização Tática” (PIVETTI, 2012).
Segundo esta metodologia o processo de preparação do treino tem como objetivo a
operacionalização do “jogar”, através da criação e desenvolvimento contínuo do modelo de
jogo e, portanto, dos seus princípios. Minimiza a importância das variáveis físicas, técnica e
psicológica, conferindo grande importância à tática para o desenvolvimento de uma
organização coletiva. O componente tático assume o papel central, de modo que o modelo de
jogo adotado, e seus respectivos princípios são operacionalizados em um processo de
planejamento dinâmico.
Esta vertente privilegia a oposição e a gestão da desordem, contribuindo com novos
conceitos e perspectivas para a edificação de uma metodologia renovada para o ensino e
treino do futebol (BALBINO & PAES, 2007; LEONARDO et al., 2009; DAVIDS et al.,
2013; SCAGLIA et al., 2013). No entanto, ainda há certa dificuldade na literatura para a
definição e conceituação dos princípios táticos do jogo de futebol em virtude da utilização de
diferentes terminologias, referências e características, prejudicando o avanço do
conhecimento nesta área (COSTA et al., 2009).
A Periodização Tática propõe estratégias que visam construir a inteligibilidade de um
sistema complexo (o futebol) através de uma abordagem sistêmica, que leva em consideração
a complexidade do jogo, rompendo com a visão cartesiana que fragmenta o todo em partes
(técnico, tático, físico e psicológico) e as isola. Nesse contexto aprender a jogar bem exige a
tomada de consciência das ações táticas em meio às interações sistêmicas engendradas pelo
processo de organização e auto regulação dos jogos. O jogador de futebol eficaz e eficiente
será aquele que ao tomar consciência das ações em meio ao processo organizacional dos
jogos, se adaptando mais rapidamente (tomada de decisão) às constantes e inevitáveis
exigências advindas das interações complexas inerentes ao jogo (SCAGLIA, 2003).
Os instrumentos disponíveis para analisar os comportamentos táticos dos jogadores se
24
dividem em dois tipos de conhecimento: o declarativo e o processual (COSTA, 2010). No
primeiro o conhecimento tático é verbalizado e traduz-se na capacidade do avaliado saber “o
que fazer”. No segundo o conhecimento tático é identificado em ações que envolvem alto
grau de habilidade motora, traduzindo-se na capacidade de “como fazer” (GIACOMINI et al.,
2011).
Os estudos realizados para avaliar o conhecimento tático declarativo utilizam a
apresentação de vídeos com situações pré-definidas e a utilização de questionários ou
entrevistas (FRENCH & THOMAS, 1987; MANGAS, 1999; VAEYENS et al., 2010). No
que reporta a avaliação do conhecimento tático processual citamos a bateria de testes KORA
(MEMMERT, 2002), o Game Performance Assessment Instrument - GPAI (OSLIN et al.,
1998), o Team Sports Performance Assessment Procedure – TSAP (GRÉHAIGNE &
GODBOUT, 1997) e o Sistema de Avaliação Tática no Futebol - FUT-SAT (COSTA et al.,
2011).
A periodização tática se utiliza de jogos reduzidos e adaptados como elementos
fundamentais de aprendizagem, já que a relação de interdependência e reciprocidade entre
preparação e competição preconiza que sejam treinados os aspectos que se relacionam
diretamente com o jogo, viabilizando a maior transferência possível das aquisições operadas
no treino para a partida (GARGANTA & GRÉHAIGNE, 1999).
1.6 Jogos Reduzidos como ferramenta de treino
Os jogos reduzidos, também conhecidos como Small Sided Games (SSG) são jogos
adaptados praticados em áreas reduzidas, com um menor número de jogadores e regras
modificadas se comparadas ao jogo oficial. A popularidade desta ferramenta de treino e sua
utilização têm aumentado nos clubes de futebol nos últimos anos (HILL-HAAS et al., 2011).
Uma das principais vantagens dos jogos reduzidos é que ao mesmo tempo em que exigem
tomada de decisão sob pressão de tempo/espaço e fadiga parecem reproduzir a demanda de
movimentos, a intensidade e as exigências técnicas e físicas dos jogos oficiais.
Os jogos reduzidos facilitam o desenvolvimento técnico-tático em virtude de sua alta
especificidade. Comparado aos treinos físicos tradicionais (fora do contexto de jogo) os jogos
reduzidos parecem aumentar o envolvimento e a motivação dos atletas, otimizando o tempo
de treino pelo fato de trabalhar os aspectos físicos, técnicos, táticos e psicológicos de forma
simultânea (HILL-HAAS et al., 2011).
A literatura tem se dividido em duas grandes correntes no estudo desta temática:
trabalhos voltados para a análise cinemática e fisiológica das variáveis manipuláveis nos
25
jogos reduzidos (SASSI et al., 2005; LITTLE & WILLIAMS, 2006; HANCOX & SMITH,
2007; LITTLE & WILLIAMS 2007; RAMPININI et al., 2007; SAMPAIO et al., 2007;
DELLAL et al., 2008; MALLO & NAVARRO, 2008; HILL-HAAS et al., 2009a; HILL-
HAAS et al., 2009b; KELLY & DRUST, 2009; HILL-HAAS et al., 2010; FRANCHINI et
al., 2011) e trabalhos voltados para os aspectos cognitivos e de organização técnico-tática dos
jogadores (CORDOVIL et al., 2009; PASSOS et al., 2011; TRAVASSOS et al., 2012a;
TRAVASSOS et al., 2012b; VILAR et al., 2012; DAVIDS et al., 2013).
Há um maior contingente de trabalhos na primeira corrente, uma vez que os recursos
tecnológicos atuais aumentaram as possibilidades de análise. Através da utilização de
sistemas de GPS portáteis (CASTAGNA et al., 2010) e softwares de rastreamento de
jogadores (MISUTA, 2004; BARROS et al., 2007) é possível mensurar com mais precisão os
esforços realizados (distância percorrida, número de sprints, faixas de velocidade, número de
acelerações, etc). Este cenário possibilitou avanços na organização de programas de treino
reduzido para privilegiar também o desenvolvimento das capacidades físicas dos jogadores, já
que permite aos preparadores físicos maior controle das cargas aplicadas durante a temporada
(LIZANA, 2013).
Estudos realizados por Buscariolli et al. (2007) e Rampinini et al. (2007) revelaram
que jogos reduzidos realizados em menores dimensões e com menor número de jogadores
induzem maior demanda energética. Nesse sentido, Hill-Haas et al. (2011) mostraram que
campos menores e com menor número de jogadores apresentam de fato maior exigência
metabólica, permitindo que este tipo de atividade seja utilizado para otimizar a qualidade dos
esforços de alta intensidade em partidas oficiais. É importante pontuar que a utilização do
método intervalado igualmente aumenta a quantidade de estímulos de alta intensidade durante
as sessões de treino (HILL-HAAS et al., 2009a).
Na outra corrente de estudo os trabalhos têm explorado de que forma os avaliados
percebem as propriedades do ambiente de jogo como oportunidades de agir de determinada
maneira – affordances - (GIBSON, 1979; DAVIDS et al., 2013). Algumas características
importantes que parecem influenciar o comportamento dos participantes são a distância entre
companheiros de equipe e adversários (TRAVASSOS et al., 2012a), distância do gol ou zona
alvo (TRAVASSOS et al., 2012a; VILAR et al., 2012), localização da bola em relação a um
oponente ou companheiro (TRAVASSOS et al., 2012b), características físicas dos
participantes (CORDOVIL et al., 2009), manipulação das instruções dadas durante a
atividade (CORDOVIL et al., 2009) e modificação das regras (PASSOS et al., 2011). Estes
trabalhos têm reforçado que a co-adaptação existente entre os participantes de um mesmo
26
jogo reduzido é um processo inerente aos esportes coletivos que deve ser aproveitado nos
treinamentos para melhora da organização tático-estratégica dos participantes (DAVIDS et
al., 2013).
Lizana et al., (2015), Belozo et al., (2016) e Machado et al., (2016) mostraram em
atletas da categoria Sub-20 e Sub-13 que a manipulação das regras de jogos reduzidos em
treinos realizados com o mesmo número de participantes e no mesmo espaço interfere
diretamente nos comportamentos táticos, nas respostas fisiológicas e cinemáticas geradas.
Scaglia et al., (2013) propuseram o desenvolvimento de uma metodologia pautada em
matrizes de jogos adaptados (reduzidos ou não) que leva em consideração a lógica do jogo e
as competências essências para o ensino dos jogos esportivos coletivos como o futebol.
Dado a necessidade de interação com diferentes comissões técnicas é importante
formular periodizações de treinamento que levem em consideração a integração dos aspectos
físicos à complexidade do jogo para atender às exigências do futebol atual. A periodização
pautada em atividades dentro do contexto de jogo e que considera a inclusão de treinos físicos
analíticos para a manutenção dos níveis de força/potência e prevenção de lesões, aliado ao
controle das cargas, torna-se uma alternativa interessante.
27
2. OBJETIVOS
Os objetivos da presente tese de doutorado foram analisar as inter-relações entre
capacidades físicas, estágio maturacional, inteligência tática, titularidade e o desempenho de
jogadores de uma equipe Sub-13, e capacidades físicas, desempenho e titularidade de
jogadores de uma equipe profissional. Ambos os grupos foram submetidos a periodizações
baseadas em atividades em contexto de jogo e treinos físicos.
2.1. Objetivos Específicos:
Identificar possíveis efeitos decorrentes do processo de treinamento sistematizado nas
capacidades físicas, variáveis antropométricas e inteligência tática de um grupo de
jovens futebolistas (Sub-13) comparado a um grupo ativo de mesma faixa etária.
Ambos os grupos sem diferenças significativas no estágio maturacional (Estudo 1);
Verificar a influência das capacidades físicas e de variáveis antropométricas na
discriminação entre jogadores titulares e reservas de uma equipe de base (Sub-13) e de
uma equipe profissional, submetidos a modelos de treinamento com enfoque em
atividades em contexto de jogo (Estudo 2);
Monitorar os efeitos de uma periodização baseada em atividades em contexto de jogo
e em treinos físicos analíticos de uma equipe de futebol profissional, através de testes
motores, variáveis antropométricas, incidência de lesão e monitoramento da
recuperação pela enzima CK sérica (Estudos 3 e 4).
28
3. ESTRUTURA DA TESE
A presente tese de doutorado apresenta-se segundo as normas e orientações para a
redação e apresentação de teses da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. A sua
estrutura se baseia no modelo escandinavo, que preconiza um documento composto por
artigos científicos. A justificativa por essa opção pauta-se no entendimento que esse formato
permite ao aluno reunir e apresentar capacidades para o desenvolvimento de trabalhos
científicos de forma progressiva. Além disso, a elaboração de estudos, bem como a sua
submissão à publicação aumenta o espaço crítico e o debate com pesquisadores da área, assim
como a divulgação com maior rapidez dos resultados. Devido à adoção desse modelo as
partes constituintes desse documento, que se referem aos artigos 1, 2, 3 e 4, irão apresentar a
formatação das citações e das referências conforme as normas de publicação determinadas
pelos periódicos objetivados. As citações e referencias da introdução serão apresentadas em
conformidade com as normas da ABNT. Os aspectos metodológicos específicos serão
detalhados nos referidos artigos que compõem o trabalho.
29
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Título (Artigo 1)
Desempenho de futebolistas e não-futebolistas Sub-13 sem diferenças nos estágios
maturacionais
Resumo
Introdução: O agrupamento por idade é um método recorrentemente utilizado no esporte na
tentativa de atenuar as diferenças físicas, técnicas e cognitivas entre jogadores de diferentes
modalidades. O processo de seleção de talentos de jovens futebolistas parece favorecer os
mais maturados e fisicamente mais dotados. Objetivo: O objetivo do presente trabalho foi
identificar os efeitos decorrentes de um treinamento baseado em atividades no contexto do
jogo em diferentes capacidades físicas, variáveis antropométricas e na inteligência tática
comparando os resultados obtidos nos testes de um grupo de jovens futebolistas com os
resultados de um grupo ativo de mesma faixa etária. Na tentativa de isolar os efeitos do
treinamento sistematizado a distribuição dos sujeitos de ambos os grupos nos diferentes
estágios apresentou maior incidência dos adolescentes nos estágios maturacionais 2, 3 e 4.
Métodos: Avaliamos as capacidades físicas de potência, resistência anaeróbia, resistência
aeróbia; variáveis antropométricas e a inteligência tática de um grupo de futebolistas Sub-13
(n=41), integrantes do elenco que disputou o campeonato paulista da categoria, com um grupo
ativo de mesma faixa etária (n=73). Resultados: Os resultados reforçaram não haver
diferenças significativas no estágio maturacional e na altura média entre os jovens de ambos
os grupos. O grupo treinado apresentou desempenho significativamente superior nas
capacidades físicas e no teste de inteligência tática. Também apresentou percentual de gordura
significativamente menor quando comparado ao grupo ativo. Conclusão: Não desmerecendo
a importância das discussões acerca do efeito da idade relativa e do estágio maturacional no
processo de formação de jovens futebolistas o treinamento sistematizado foi o fator
responsável pelas diferenças encontradas entre os grupos, reforçando a importância de
propostas de periodização de treinamento voltadas para as etapas iniciais do processo de
formação de jovens futebolistas.
Palavras-chave: futebol, jovens, capacidades físicas, inteligência tática, treinamento
30
Introdução
A organização de competições com jovens futebolistas geralmente se dá através da
divisão baseada na idade cronológica, de modo que cada categoria abrange o intervalo de dois
anos. Hoje no estado de São Paulo, por exemplo, a Federação Paulista de Futebol organiza
competições em cinco faixas etárias distintas: Sub-11, Sub-13, Sub-15, Sub-17 e Sub-20.
Destas, apenas a categoria Sub-11 possui alterações nas regras do jogo formal. Nas demais as
únicas alterações referem-se ao tempo de jogo e número de substituições. Na categoria Sub-
13 o jogo tem duração de sessenta minutos, divididos em dois tempos de trinta com intervalo
de dez minutos.
Embora as regras estejam bem definidas, a variabilidade no peso, altura, qualidade
técnica, nível de maturação e desempenho físico dos praticantes em diferentes testes motores
pode ser considerável no intervalo de dois anos, especialmente na faixa etária correspondente
à puberdade1.
Os estudos científicos com jovens atletas têm sido direcionados para o estágio
maturacional associado ao crescimento, ou voltados para capacidades funcionais e habilidades
específicas. Potenciais interações entre composição corporal, estágio de maturação,
capacidade funcional e habilidades específicas têm sido negligenciadas no âmbito esportivo1,2.
Esse fato justifica estudos que investiguem a contribuição específica da maturação para o
desempenho independentemente das variáveis antropométricas e da idade cronológica, ou em
interação com essas variáveis2.
O estirão do crescimento varia consideravelmente em relação à duração e ao momento
em que ocorre. Atualmente o estágio maturacional e não a idade cronológica é mais utilizado
para caracterizar mudanças nas variáveis antropométricas, na composição corporal e nos
testes de desempenho em jovens atletas praticantes de futebol2,3,4,5. Diversas metodologias
têm sido aplicadas para identificação do estágio maturacional, dentre elas a idade óssea1,6, as
pranchas de Tanner2,3,4,5,7, a junção dos dois métodos1 ou a determinação da idade do pico de
velocidade de crescimento8.
A maturação biológica durante a adolescência apresenta relação com o desempenho
físico6. Essa relação é mais evidente quando jovens de estágios maturacionais diferentes
(precoces x tardios) são comparados. Geralmente adolescentes em estágios de maturação mais
avançados apresentam melhor desempenho quando comparados aos seus pares com
maturação tardia1,9,10,11. É importante ressaltar que essas diferenças de desempenho são
pontuais e transientes, uma vez que jovens maturados tardios se igualam aos precoces no
31
início da fase adulta12. Em resumo, é importante considerar que as alterações hormonais
durante a puberdade dificultam a previsão da performance na fase adulta, uma vez que
resultam em características físicas e fisiológicas diferenciadas dependendo do estágio
maturacional do jovem atleta13,14.
Vários estudos têm demonstrado que o processo de seleção de talentos e o número de
oportunidades dadas a jovens futebolistas favorecem os mais maturados e fisicamente mais
dotados15,16. Poucos jovens maturados tardios aparecem nas equipes acima dos 13 anos de
idade17. Além disso, há prevalência de jovens nascidos no 1º semestre em competições de
base. Esse fenômeno é conhecido na literatura como efeito da idade relativa e vários autores
têm chamado a atenção para essa temática18,19,20,21,22.
Jovens futebolistas e não futebolistas de mesma idade e gênero tendem a apresentar
diferenças significativas de aptidão física5 e de inteligência tática23. A inteligência tática pode
ser avaliada através de testes declarativos ou processuais. No primeiro o conhecimento tático
é verbalizado, e traduz-se na capacidade do avaliado saber “o que fazer”. No segundo o
conhecimento tático é identificado em ações que envolvem alto grau de habilidade motora,
traduzindo-se na capacidade de “como fazer”24. De maneira geral os estudos nessa área
avaliam sua resposta em diferentes metodologias de ensino e aprendizagem da prática do
futebol, bem como a influência de fatores como a posição do jovem atleta na equipe ou a
categoria a qual pertence23,24,25,26. Não encontramos nenhum trabalho que tenha avaliado a
inteligência tática em conjunto com os aspectos físicos na diferenciação entre jovens
futebolistas e não futebolistas.
Neste trabalho comparamos um grupo de jovens futebolistas submetidos a treinamento
baseado em atividades de contexto de jogo, integrantes de uma equipe que disputou o
campeonato paulista Sub-13, com um grupo de mesma faixa etária, alunos de uma escolinha
de futebol. Ambos os grupos estavam distribuídos nos estágios maturacionais 2,3 e 4 da
prancha de Tanner. O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos decorrentes do
treinamento sistematizado nas capacidades físicas de potência, resistência anaeróbica,
resistência aeróbica, variáveis antropométricas e na avaliação da inteligência tática
declarativa.
32
Materiais e Métodos
Caracterização da Amostra
O grupo treinado foi formado pelos atletas da equipe Sub-13 de uma equipe federada
do interior do estado de São Paulo (n=41; idade=12.7±0.6). Todos os atletas possuíam
histórico de ao menos um ano de prática na modalidade, treinavam 6 horas por semana (três
treinos por semana de duas horas de duração cada) e integravam o elenco que disputou o
campeonato paulista da categoria. Os goleiros foram excluídos da amostra em virtude da
peculiaridade dos treinamentos adotados para essa posição.
O grupo ativo foi constituído por jovens (n=73) da mesma faixa etária (12.6±0.6) que
frequentavam as aulas de futebol das escolinhas de futebol da prefeitura municipal de
Vinhedo-SP. Os jovens tinham duas aulas por semana com 1h de duração e como critério de
inclusão foi adotado a frequência mínima de 75% nas aulas. Para todos os sujeitos da amostra
a idade foi calculada a partir da data de nascimento de cada indivíduo até a data do último dia
de coleta de dados.
Análise Antropométrica
Para a análise antropométrica foi coletada a massa corporal (balança Welmy, modelo
110), estatura (estadiômetro da balança Welmy) e nove dobras cutâneas mensuradas em
triplicata (subescapular, tríceps, bíceps, peito, axilar, abdômen, suprailíaca, coxa e perna). O
percentual de gordura corporal foi calculado através do protocolo de Lohman27 a partir da
média das triplicatas das dobras tricipital e subescapular. Para coleta das dobras cutâneas
utilizamos adipômetro da marca Lange. Todas as análises antropométricas foram realizadas
pelo mesmo avaliador.
Análise Maturacional
Para a análise maturacional foi utilizada a auto-avaliação de Tanner28. Neste protocolo
o avaliado permaneceu em uma sala fechada e, com a privacidade necessária confrontou seu
respectivo estágio de desenvolvimento pubiano e peniano com os propostos pelo protocolo
(através de gravuras impressas). Foi utilizado um espelho para otimizar este processo.
Avaliação das Capacidades Físicas
Com o intuito de avaliar capacidades físicas específicas da amostra de jovens futebolistas
e não futebolistas, realizamos os seguintes testes:
33
Teste de Rast29 – O teste consistiu em 6 sprints máximos de 35m intercalados por 10s de
pausa passiva. Tem como objetivo avaliar a resistência de realizar sprints consecutivos
(resistência anaeróbia). Para obtenção do tempo de cada sprint e o cálculo do índice de fadiga
(IF) foi utilizado um conjunto de fotocélulas. O IF foi calculado através da comparação entre
a potência média dos seis sprints com a potência do melhor sprint.
Impulsão Vertical30 – Foi utilizado o salto com contra movimento e auxílio dos braços. Este
teste tem como objetivo avaliar a potência muscular de membro inferior e foi realizado sobre
uma plataforma de contato (Multsprint®) para o registro da altura atingida. Foram realizadas
três tentativas sendo escolhido o resultado do melhor salto.
Potência Aeróbica - Yo-Yo Test31 – O teste (Endurance, nível 2) é contínuo e incremental e
consiste em corridas de idas e vindas em linha reta em um espaço de 20m. O ritmo do teste é
determinado por um bip sonoro e deve ser realizado até a exaustão. No momento em que o
avaliado não conseguiu cumprir o ritmo proposto por duas vezes consecutivas o teste foi
finalizado, sendo marcado o último estágio atingido. Utilizamos a distância total percorrida no
teste (m) para efeito de comparação entre os grupos.
Avaliação da Inteligência Tática
Foi utilizado o instrumento validado pelo pesquisador Mangas32 para avaliar o
conhecimento tático declarativo. O teste proposto consiste na exibição (vídeo) de onze cenas-
situações ofensivas que são paralisadas durante 2 segundos no momento em que o portador da
bola decide “o que fazer”. A partir daí surgem na tela quatro fotografias numeradas de 1 a 4
com possíveis soluções para a jogada. O avaliado escolhe uma das soluções e anota na ficha
de avaliação. Mangas propõe um gabarito com pontuação para a escolha da melhor solução.
Giacomini24 et al propuseram que o avaliado que escolhe a 2ª melhor solução para a
jogada não deve ter a mesma quantidade de pontos daquele que escolhe a 3ª ou a pior solução.
Construíram assim um gabarito com escores diferenciados para cada solução: melhor solução:
100 pontos; 2ª melhor solução: 75 pontos; 3ª melhor solução: 50 pontos; pior solução: 25
pontos. Para o presente estudo utilizamos esse gabarito. A pontuação final do teste se deu
através da somatória dos escores de cada situação. Dessa forma, a pontuação máxima possível
foi de 1100 e a mínima 275.
Logística das Coletas
Os dados foram coletados antes do início do campeonato paulista, sendo que o
intervalo entre a primeira e a última coleta foi de 6 semanas. Primeiramente coletamos os
34
dados do grupo treinado. Para isso utilizamos quatro dias distintos distribuídos ao longo de
duas semanas. Na primeira semana iniciamos com o teste de resistência aeróbia. Após 48 h de
descanso fizemos três avaliações no mesmo dia na seguinte ordem: antropometria, maturação
e potência de membro inferior. Na segunda semana fizemos a avaliação da resistência
anaeróbica, e após 48 h de descanso avaliamos a inteligência tática dos atletas. Na semana
seguinte iniciamos as avaliações do grupo ativo. Para isso também utilizamos quatro dias
distintos distribuídos ao longo de quatro semanas, já que tínhamos acesso a esse grupo apenas
uma vez por semana. Os testes foram realizados na mesma ordem do grupo treinado. A única
diferença foi o intervalo entre as avaliações.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências
Médicas da UNICAMP (Parecer nº: 556.820 e CAAE: 22003313.3.0000.5404). O Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido foi recebido por todos os jovens envolvidos e seus
respectivos responsáveis após explicação verbal do design experimental e possíveis riscos
associados. Todos os sujeitos da amostra foram familiarizados com os testes utilizados
previamente à coleta dos dados.
Análises Estatísticas
Os procedimentos estatísticos incluem a média aritmética, desvio-padrão, teste t de
medidas independentes, teste do Qui-Quadrado e Ancova. Diferenças com p≤0.05 foram
consideradas significativas. Para o tratamento dos dados foi utilizado o programa Matlab 7.5.
Resultados
Caracterização da Amostra
A Tabela 1 apresenta a idade (média ± desvio padrão), a frequência de treinos
semanais e o volume de treino (horas/semana) do grupo ativo e treinado.
Tabela 1. Caracterização da amostra. Idade (média ± desvio padrão) e volume de treino
semanal.
Idade Nº treinos/semana Nº horas/semana
Ativo 12.6 ± 0.6 2 2
Treinado 12.7 ± 0.6 3 6
A Tabela 2 apresenta a distribuição das datas de nascimento ao longo dos trimestres do
ano no grupo de sujeitos ativos e treinados.
35
Tabela 2. Distribuição das datas de nascimento da amostra ao longo dos trimestres do ano.
Comparação entre grupo ativo e treinado.
1º Trimestre 2º Trimestre 3º Trimestre 4º Trimestre X2 P Value
Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos %
Ativo 17 23.3 16 21.9 27 37 13 17.8 6.068 0.1083
Treinado 18 43.9 11 26.8 8 19.5 4 9.8 10.22 0.0168
O grupo ativo apresentou uma distribuição homogênea das datas de nascimento ao
longo dos trimestres do ano (p=0.1083). Já o grupo treinado apresentou maior incidência de
nascimentos no primeiro trimestre do ano (p=0.0168), sugerindo que o recrutamento de
jovens para essa equipe de rendimento teve influencia do efeito da idade relativa.
A Tabela 3 apresenta a distribuição dos grupos nos estágios maturacionais de Tanner.
Tabela 3. Distribuição da amostra nos estágios maturacionais de Tanner. Comparação entre
grupo ativo e grupo treinado.
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5
Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos %
Ativo 3 5.2 19 32.8 21 36.2 13 22.4 2 3.5
Treinado 1 2.7 11 29.7 13 35.1 11 29.7 1 2.7
Grupo ativo (n=58). Grupo treinado (n=37). Nenhum teste estatístico foi realizado.
Observa-se uma distribuição muito semelhante entre os grupos, independente do grupo
treinado ter mais jovens nascidos no primeiro semestre. A distribuição dos sujeitos nos
diferentes estágios apresentou maior incidência dos adolescentes nos estágios maturacionais
2, 3 e 4.
Efeito do Treinamento e Maturação em Capacidades Físicas e Inteligência Tática
A Tabela 4 apresenta a comparação entre as capacidades físicas e os parâmetros
antropométricos entre os grupos. Para comprovar que as diferenças observadas são oriundas
do efeito do treinamento comparamos também com possíveis efeitos da maturação. Na análise
estatística de Ancova valores de p<0,05 indicam o fator responsável pelas diferenças.
36
Tabela 4. Análise do efeito do treino e da maturação nas diferenças observadas entre os
grupos ativo (n=58) e treinado (n=37).
Variáveis Ativo Treinado Efeito de
Treino (p)
Efeito da
Maturação (p)
Peso (kg) 47.9±15.5 46.0±8.5 0.4020 0.7652
Altura (m) 1.54±0.10 1.54±0.08 0.5045 0.6693
% Gordura 20.1±10.0 15.8±4.9* 0.0274 0.6982
% Massa Magra 79.9±10.0 84.2±4.9* 0.0274 0.6982
Salto Vertical (cm) 27.7±5.6 33.1±4.2* 0.0000 0.3405
Tempo 35m (s) 5.84±0.47 5.46±0.28* 0.0003 0.5319
Resistência (m) 320±181 651±196* 0.0000 0.5703
Índice Fadiga (%) 36.6±7.7 31.1±8.3* 0.0113 0.9904
* Diferença significativa para grupo ativo (Teste t, p<0.05).
Observa-se que apenas as variáveis de peso e altura não mostraram diferenças
significativas entre os grupos. Todas as demais variáveis apresentaram valores
significativamente diferenciados nos futebolistas quando comparado ao grupo ativo. O
treinamento foi o fator responsável por esse resultado.
Avaliação da Inteligência Tática
A Figura 1 apresenta a análise descritiva boxplot do score dos sujeitos no Teste de
Conhecimento Tático Declarativo (Teste de Mangas).
Figura 1. Boxplot do score dos sujeitos no Teste de Conhecimento Tático Declarativo.
* Diferença significativa (Teste t, p=0.0278) entre o grupo ativo (n=33) e o grupo treinado
(n=26).
O grupo treinado exibiu resultados mais homogêneos e valores superiores quando
comparado ao grupo ativo (p<0.05). A mediana dos jogadores da categoria Sub-13 também
apresentou valor superior quando comparado com o grupo ativo.
Ativo Treinado650
700
750
800
850
900
950
1000
1050
1100 *
To
tal
de P
on
tos
37
Discussão
Os dados apresentados no nosso estudo comprovaram que não houve diferença entre
os grupos com respeito ao estágio maturacional, apesar do efeito da idade relativa no
recrutamento dos jovens do grupo treinado. Esses resultados são diferentes de estudos prévios
envolvendo jovens futebolistas e não futebolistas5,6,17,33. Nesses trabalhos os atletas treinados
se encontravam em estágios maturacionais mais avançados do que os jovens de mesma idade
que não praticavam desporto de rendimento.
As diferenças entre indivíduos treinados e ativos tendem a ser mais amplas no período
do estirão, em função de alterações hormonais relacionadas à força muscular6,34. No trabalho
de Seabra5 et al a diferença no estágio maturacional entre os grupos foi atestada pelo fato dos
atletas apresentarem altura e peso maiores do que os não-atletas. No presente trabalho não
encontramos diferenças significativas no peso e na altura (Tabela 4), reforçando a
confiabilidade dos resultados obtidos na avaliação do estágio maturacional.
Mais de 90% da nossa amostra (treinado e ativo) encontrava-se distribuída entre os
estágios maturacionais 2, 3 e 4, semelhante aos dados encontrados por Seabra5 et al e
Figueiredo1 et al em faixas etárias correspondentes ao presente estudo. O baixo número de
representantes no 5º estágio maturacional (aproximadamente 3% do total) é compatível com a
média de idade do grupo (12.7±0.6), e menor do que a observada no estirão de crescimento
em jovens futebolistas6.
O treino regular sistematizado não estimulou a maturação ou a estatura para além do
que se espera do genótipo dos sujeitos em condições adequadas de desenvolvimento5,35,36. No
entanto, o grupo treinado apresentou valores significativamente maiores de massa magra e
percentuais significativamente menores de massa gorda, evidenciando uma composição
corporal compatível com o alto rendimento esportivo. Estes resultados estão em concordância
com os de Bailey & Martin37 e de Malina38, os quais mostraram que atletas infanto-juvenis
possuem menor quantidade de massa gorda e maior quantidade de massa isenta de gordura
quando comparados aos moderadamente ativos e não atletas.
O dado original do nosso estudo foi mostrar que o treino foi o responsável pelas
diferenças observadas entre os grupos. O desempenho em sprints avaliado pelo teste de Rast é
um índice de extrema importância na modalidade, uma vez que possui forte relação com as
ações de alta intensidade decisivas nos jogos. Os resultados do grupo treinado foram
compatíveis com os disponíveis na literatura em sujeitos treinados de mesma faixa etária2.
38
Seabra5 et al exibiram resultados semelhantes aos nossos na comparação de sprints entre
jovens treinados e ativos.
Os resultados dos grupos no teste de salto vertical também foram compatíveis com os
apresentados na literatura em jovens futebolistas1,2,5,21. A comparação dessa variável entre
jovens futebolistas de diferentes níveis de desempenho apresentou valores significativamente
maiores em atletas de alto nível na faixa etária de 13 a 14 anos, mas não foram diferentes na
faixa etária de 11 a 12 anos1.
Geralmente o pico de desenvolvimento da capacidade aeróbica coincide com o estirão
de crescimento, quando independente da prática de atividade física ocorre melhora do sistema
cardiovascular, aumento no conteúdo de hemoglobina e aumento de massa muscular5,13. Com
a puberdade aumenta a sensibilidade do sistema cardiorrespiratório ao treino, otimizando a
potência aeróbica39,40. Nossos resultados mostraram que o treinamento otimizou a capacidade
aeróbica independente do estado maturacional. Provavelmente o melhor desempenho aeróbico
obtido pelo grupo treinado quando comparado ao ativo tenha sido responsável pelo menor
índice de fadiga detectado no teste de Rast (Tabela 4).
Esses dados estão de acordo com os encontrados por Seabra5 et al que também
obtiveram diferenças significativas entre sujeitos treinados e ativos. Todavia, diferentemente
do nosso estudo os autores apontaram a maturação como a responsável pela diferença. Já
Malina2 et al mostraram que apesar da maturação ser um fator interveniente na capacidade
aeróbica o treinamento parece exercer um efeito independente, interferindo diretamente no
consumo de oxigênio máximo de jovens adolescentes. Nossos resultados apontam também
nessa direção.
Um fator importante a ser destacado é que além da metodologia de treino empregada o
volume de treino semanal também foi muito diferente entre os grupos treinado e ativo. Além
disso, os jovens do grupo treinado possuíam histórico de treino de aproximadamente dois
anos em equipes federadas, enquanto o grupo ativo não continha nenhum participante de
competições deste nível. Provavelmente a diferença no volume de treino aliada a metodologia
de treino explique os resultados mais homogêneos desse grupo no teste que avaliou a
inteligência tática (Figura 1). Giacomini24 et al mostraram um baixo conhecimento tático
declarativo em praticantes não experientes no futebol, reforçando a associação entre histórico
de treino e inteligência tática. Os valores do presente trabalho são semelhantes aos
encontrados por Aburachid41 et al em futebolistas Sub-14.
39
Conclusões
No presente trabalho o grupo treinado apresentou desempenho físico
significativamente superior e maior inteligência tática na comparação com o grupo ativo,
independentemente do estágio maturacional. Esses dados reforçam a importância do
treinamento sistematizado com volume adequado para a aquisição de habilidades físicas,
técnicas e táticas decisivas para o aproveitamento de potenciais talentos nas categorias
superiores.
40
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43
4.2 Título (Artigo 2)
Desempenho físico de futebolistas de base e profissional: comparação entre titulares e
reservas.
Resumo
O sucesso no futebol depende de habilidade, motivação, aspectos tático-cognitivos e
de condicionamento adequado em diferentes capacidades físicas para enfrentar as ações
inerentes ao jogo. O presente estudo teve como objetivos verificar a relação entre capacidades
físicas, maturação, antropometria, inteligência tática declarativa e a titularidade em
futebolistas de base (Sub-13) e, paralelamente, verificar a relação das capacidades físicas com
a titularidade em futebolistas profissionais. Os dados obtidos dos jogadores Sub-13
comprovaram que os titulares eram mais maturados e tinham desempenho físico
significativamente superior em comparação aos reservas. Por outro lado, a inteligência tática
declarativa não foi diferente entre os grupos. Na equipe profissional os resultados dos testes
físicos de titulares e reservas não foram diferentes, indicando que a vantagem física,
determinante para a definição da titularidade na categoria de base deixa de ser um diferencial
para a escolha da equipe titular no profissional. A participação em jogos oficiais provoca
constrangimentos técnicos, táticos, físicos, cognitivos e emocionais que impactam a qualidade
da aprendizagem e o nível de desempenho do jovem futebolista, e consequentemente sua
evolução para categorias superiores. Nossos dados questionam a supremacia do critério físico
para a titularidade na base, podendo resultar na perda de potenciais talentos em função de um
único e transitório diferencial.
Palavras-chave: futebol, desempenho físico, titulares, reservas, jovens, profissionais
44
Introdução
Os períodos pré-púbere e púbere são fundamentais para o processo de aquisição física
e técnica de jovens praticantes de futebol (Gravina et al., 2008). O conjunto de fatores
determinantes do bom desempenho no futebol incluem aspectos físicos, fisiológicos,
habilidade, motivação e fatores tático-cognitivos (Morris, 2000; Reilly et al., 2000a; Williams
& Reilly, 2000). Alguns desses fatores podem ser medidos objetivamente através de testes
padronizados. Todavia, quais deles influenciam a progressão de jovens para o futebol
profissional ainda está em discussão (Gravina et al., 2008).
O processo de seleção de jovens futebolistas obedece a um padrão também observado
em outras modalidades. O local e a data de nascimento são fatores interferentes na seleção
(Barros et al, 2012; Costa et al., 2013; Côté et al., 2006). Existe uma prevalência comprovada
de jovens nascidos no 1º semestre em competições de base (Dudink, 1994; Musch & Hay,
1999), fenômeno denominado de efeito da idade relativa. Os prós e contras da influência do
efeito da idade relativa na seleção de talentos esportivos tem sido objeto de ampla discussão
(Costa et al., 2013; Barros et al., 2012; Delorme et al., 2010; Figueiredo et al., 2009b;
Folgado et al., 2006). Não faz parte dos objetivos do presente estudo.
Estudos na literatura indicam que o processo de seleção de talentos e o número de
oportunidades dadas a jovens futebolistas favorecem os mais maturados e fisicamente mais
dotados (Brewer et al., 1995; Simmons & Paull, 2001). Poucos jovens maturadores tardios
aparecem nas equipes acima dos 13 anos de idade (Malina, 2003), sendo provavelmente
descartados nas fases iniciais do processo de formação.
A maturação biológica durante a pré-adolescência apresenta relação com o
desempenho físico (Philippaerts et al., 2006). Geralmente adolescentes em estágios de
maturação mais avançados apresentam melhor desempenho se comparados aos seus pares
com maturação tardia (Beunen et al., 1980; Beunen et al., 1988; Figueiredo et al., 2009a;
Malina et al., 2004b). É importante destacar que essas diferenças no desempenho são
transientes, uma vez que desaparecem no início da fase adulta (Lefevre et al., 1990).
Na literatura os trabalhos que compararam capacidades físicas e variáveis cinemáticas
entre atletas de diferentes níveis de competição profissional não são conclusivos (Bradley et
al., 2013; Di Salvo et al., 2013; Ingebrigtsen et al., 2012; Krustrup et al., 2003; Mohr et al.,
2003). Alguns estudos apontaram que atletas de nível mais elevado desempenham maior
número de ações intensas durante um jogo do que seus pares, de nível mais baixo (Di Salvo et
al., 2013; Mohr et al., 2003).
45
Outros estudos mostraram que essa relação é mais complexa e sofre interferência de
aspectos táticos, técnicos, psicológicos e situacionais que não podem ser minimizados
(Bradley et al., 2013; Bradley et al., 2011; Castellano et al., 2011; Lago et al., 2010). Por
exemplo, atletas que disputaram competições de elite apresentaram menor distância média
percorrida em alta intensidade nos jogos quando comparados a atletas que disputaram
competições de nível inferior, sem diferença significativa na capacidade de resistência entre
eles, sugerindo que o menor nível técnico exigiu uma maior demanda física (Bradley et al.,
2013).
Trabalhos que compararam titulares e reservas da mesma equipe no âmbito
profissional sugeriram que o tempo de participação na competição parece ser o principal
responsável pelas diferenças encontradas na evolução das capacidades físicas avaliadas
durante a temporada (Silva et al., 2011; Sporis et al., 2011). Não encontramos trabalhos que
compararam titulares e reservas em competições de base e profissional simultaneamente.
O presente estudo teve como objetivos verificar a relação entre capacidades físicas,
maturação, antropometria, inteligência tática declarativa e a titularidade em futebolistas de
base e, paralelamente, verificar a relação das capacidades físicas com a titularidade em
futebolistas profissionais. Acreditamos que o conjunto de informações extraídas do estudo
pode contribuir para aprofundar a discussão dos fatores relevantes no processo de formação
de jovens futebolistas.
Materiais e Métodos
Caracterização da Amostra – Sub-13
A amostra foi composta pelos atletas da equipe Sub-13 de uma equipe federada do
estado de São Paulo (n=26; idade=13.1±0.6). A frequência de nascimento nos trimestres do
ano indicou que apenas 19% dos jogadores eram nascidos no segundo semestre. Não foi
encontrado nenhum atleta nascido no último trimestre do ano. Todos os atletas possuíam
histórico de pelo menos dois anos em equipes federadas, treinavam três vezes por semana e
integraram o elenco que disputou o campeonato paulista da categoria. Os goleiros foram
excluídos da amostra em virtude da peculiaridade dos treinamentos adotados para essa
posição.
46
Modelo de Treinamento – Sub-13
O macrociclo de treinamento teve duração de dez meses, sendo que titulares e reservas
seguiram exatamente a mesma programação. Foram realizadas 38 semanas de treino
totalizando 112 sessões. A competição teve duração de seis meses, com um total de 18 jogos
disputados. A Tabela 1 apresenta a descrição das características dos diferentes tipos de
atividades realizadas e a quantificação das sessões de treino do macrociclo ao longo da
temporada com os atletas Sub-13.
Tabela 1. Categorização e quantificação dos treinos realizados com os atletas Sub-13.
Caracterização da Amostra – Profissional
Participaram do estudo futebolistas profissionais do sexo masculino (n=29) na faixa
etária de 20 a 34 anos (26,6±4,4), integrantes de uma equipe do campeonato paulista da
primeira divisão. A amostra foi constituída somente por jogadores de linha.
Tipo de
Atividade
Características Número de
Estímulos
%
Jogos
Desportivos
Coletivos
Atividades em contexto de jogo com regras
adaptadas em espaços de 1/8 até 1/1 do campo
oficial em situações de 1x1 até 11x11
91
35
Coletivo Atividade com as mesmas regras do jogo formal,
exceto o tempo de duração
56 21
Jogos/Amistosos Jogos oficiais (n=18) e jogos amistosos (n=13) 31 12
Físico Atividades fora do contexto de jogo com
objetivo de otimizar as capacidades físicas
28 11
Conversas Momentos nos quais os atletas eram reunidos e
assuntos relacionados ao último jogo oficial
realizado eram abordados pela comissão técnica
17 6
Misto Treinos em forma de circuito nos quais
atividades técnicas, físicas e JDC eram
realizados de forma simultânea
16 6
Técnico Atividades fora do contexto de jogo, com o
intuito de otimizar de forma analítica a execução
de determinados gestos técnicos
13 5
Avaliações
Físicas
Momentos destinados a avaliar as capacidades
físicas através de testes específicos padronizados
7 3
Vídeos/Palestras Momentos destinados à visualização de filmes,
vídeos e/ou palestras
2 1
Total 261 100
47
Logística das Coletas – Sub-13 e Profissional
Tanto no Sub-13 como no profissional os dados foram coletados antes do início do
campeonato. Apenas o teste de inteligência tática declarativa (Sub-13) foi realizado no
término da competição. No Sub-13 o intervalo entre a primeira e a última coleta foi de duas
semanas. Iniciamos com o teste de resistência, e após 48 h de descanso fizemos três
avaliações no mesmo dia na seguinte ordem: antropometria, maturação e potência de membro
inferior. Na segunda semana fizemos a avaliação da resistência anaeróbia. Já no profissional
todos os testes foram realizados no mesmo período de treino na seguinte ordem:
antropometria, teste de agilidade, teste de potência de membro inferior/velocidade (foram
coletados juntos) e por último o teste de resistência.
Caracterização da titularidade dos jogadores da base e profissional
O grupo “Titulares” no Sub-13 (n=10) e profissional (n=10) foi constituído pelos
atletas que iniciaram jogando mais de 50% das partidas oficiais do campeonato (idade:
13.1±0.2 e 25.7±4.4, respectivamente para jogadores sub-13 e profissionais). O grupo
“Reservas” da base e do profissional (n=16 e n=19, respectivamente) foi formado pelos atletas
que estavam inscritos na competição, mas iniciaram jogando menos de 50% das partidas
(idade: 13.0±0.4 e 27.1±4.4, respectivamente).
O tempo de participação na competição foi significativamente maior nos titulares da
equipe Sub-13 (846±150min) quando comparado aos reservas (66±102min). O mesmo
ocorreu com os titulares do profissional (1.492±348min) quando comparados aos jogadores
reservas (357±350min). Esses dados comprovam a existência de dois grupos distintos em
ambas as equipes.
Análise Antropométrica – Sub-13 e Profissional
Para a análise antropométrica foi coletada a massa corporal (balança Welmy, modelo
110), estatura (estadiômetro da balança Welmy) e nove dobras cutâneas mensuradas em
triplicata (subescapular, tríceps, bíceps, peito, axilar, abdômen, suprailíaca, coxa e perna). O
percentual de gordura corporal foi calculado através do protocolo de Lohman (1986) nos
jogadores do Sub-13 e no profissional através do protocolo de Petroski (1995). No primeiro
utilizou-se a média das triplicatas das dobras tricipital e subescapular enquanto no segundo foi
utilizada as dobras subescapular, tricipital, suprailíaca e perna. O mesmo avaliador realizou a
coleta de todas as dobras cutâneas, sendo utilizado o adipômetro da marca Lange. As análises
comparativas dos resultados obtidos foram realizadas apenas intra-grupos.
48
Análise Maturacional – Sub-13
Para a análise do estágio maturacional do Sub-13 foi utilizada a auto-avaliação de
Tanner (1962). Neste protocolo o avaliado permanece em uma sala fechada e com a
privacidade necessária confronta seu respectivo estágio de desenvolvimento pubiano e
peniano com os propostos pelo protocolo (através de gravuras impressas). Foi utilizado um
espelho para otimizar este processo.
Avaliação das Capacidades Físicas – Sub-13 e Profissional
No Sub-13 foram avaliadas as seguintes capacidades físicas: potência de membro
inferior, resistência, velocidade e resistência de sprint. No profissional as mesmas
capacidades físicas foram avaliadas, exceto a resistência de sprint que foi substituída por um
teste que avaliou a agilidade. A seguir os testes utilizados.
Resistência – Sub-13 e Profissional
Yo-Yo Test (Bangsbo, 1996) – O teste (Endurance, nível 2) é contínuo e incremental e
consiste em corridas de idas e vindas em linha reta em um espaço de 20m. O ritmo do teste é
determinado por um bip sonoro e deve ser realizado até a exaustão. No momento em que o
avaliado não conseguiu cumprir o ritmo proposto por duas vezes consecutivas o teste foi
finalizado sendo marcado o último estágio completado. Utilizamos a distância total percorrida
no teste (m) para efeito de comparação.
Potência de Membro Inferior – Sub-13
Impulsão Vertical (Bosco et al., 1983) – Foi utilizado o salto com contra movimento e auxílio
dos braços sobre uma plataforma de contato (Multsprint®) para o registro da altura atingida.
Foram realizadas três tentativas sendo escolhido o melhor salto para efeito de resultado.
Potência de Membro Inferior – Profissional
Aceleração (0-6m) - O avaliado ficou em pé e parado na linha inicial do teste e realizou sprint
máximo de 30m em linha reta, sendo cronometrado o tempo gasto de 0 a 6m para o cálculo da
aceleração média. Para coleta do dado foram utilizadas fotocélulas da marca Brower Timing
System ®. O teste foi realizado no campo de futebol com os atletas calçando chuteiras. Foram
realizadas três tentativas sendo considerado o melhor tempo para efeito de resultado.
Velocidade – Sub-13 e Profissional
Sprint 0-30/35m (SVENSSON & DRUST, 2005) - O avaliado ficou em pé e parado na linha
inicial do teste e realizou sprint em linha reta na distância de 35m no Sub-13 e 30m no
profissional. Para coleta do tempo foram utilizadas fotocélulas da marca Brower Timing
49
System ®. O teste foi realizado no campo de futebol com os atletas calçando chuteiras. Foram
realizadas três tentativas sendo considerado o melhor tempo para efeito de resultado.
Resistência de Sprint – Sub-13
Teste de Rast (Zacharogiannis et al., 2004) – O teste consistiu em 6 sprints máximos de 35m
intercalados por 10seg de pausa passiva e teve como objetivo avaliar a resistência de sprint
(resistência anaeróbia). Para obtenção do tempo de cada sprint e o cálculo do índice de fadiga
(IF) foi utilizado um conjunto de fotocélulas. O IF foi calculado através da comparação da
potência média dos 6 sprints com a potência do sprint mais rápido.
Agilidade – Profissional
Vai e Vem 10m (SVENSSON & DRUST, 2005) – O avaliado permaneceu em pé e parado na
linha inicial e realizou sprint de 10m com sequente mudança de direção (180º), finalizando o
teste ao passar pelo local de seu início. Foram realizadas três tentativas e apenas o melhor
resultado foi considerado. Para coleta do tempo foi utilizada fotocélula da marca Brower
Timing System ®. O teste foi realizado no campo de futebol com os atletas calçando
chuteiras.
Avaliação da Inteligência Tática – Sub-13
Para avaliar o conhecimento tático declarativo utilizamos o instrumento validado por
Mangas (1999) com as adaptações propostas por Giacomini et al., (2011). O teste consiste na
exibição (vídeo) de onze cenas-situações ofensivas que são paralisadas durante 2 segundos no
momento em que o portador da bola decide “o que fazer”. A partir daí surgem na tela quatro
fotografias numeradas de 1 a 4 com possíveis soluções para a jogada. O avaliado escolhe uma
das soluções e anota na ficha de avaliação. Um gabarito com escores diferenciados para cada
solução: melhor solução: 100 pontos; 2ª melhor solução: 75 pontos; 3ª melhor solução: 50
pontos; pior solução: 25 pontos é gerado. A pontuação final do teste se dá através da
somatória dos escores de cada situação. Dessa forma a pontuação máxima possível foi de
1100 e a mínima 275.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências
Médicas da UNICAMP (Parecer nº: 556.820 e CAAE: 22003313.3.0000.5404) e (Parecer nº:
1.338.722 e CAAE: 49922615.8.0000.5404). Após explicação verbal do design experimental
e possíveis riscos associados foram entregues os Termos de Consentimento Livre Esclarecido
para os atletas profissionais e para todos os jovens e seus respectivos responsáveis da equipe
Sub-13. Todos os sujeitos da amostra foram familiarizados com os testes utilizados
previamente à coleta dos dados.
50
Análises Estatísticas
Os procedimentos estatísticos incluem a média aritmética, desvio-padrão e teste t de
medidas independentes. Diferenças com p≤0.05 foram consideradas significativas. Para o
tratamento dos dados foi utilizado o programa Matlab 7.5.
Resultados
Equipe Sub-13
A Tabela 2 apresenta a distribuição dos atletas titulares e reservas Sub-13 nos estágios
maturacionais de Tanner (1962).
Tabela 2. Distribuição dos titulares e reservas Sub-13 nos estágios maturacionais de Tanner.
Estágio 1 Estágio 2 Estágio 3 Estágio 4 Estágio 5
Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos % Sujeitos %
Titulares 0 0 3 30 1 10 6 60 0 0
Reservas 0 0 2 13.3 8 53.3 4 26.7 1 6.7
Titulares (n=10). Reservas (n=15). Não foi realizado teste estatístico.
Observamos que a maior parte da amostra se concentra nos estágios 3 e 4. Não há
nenhum representante no estágio 1 e apenas um único representante no estágio 5. No entanto,
nos titulares há uma maior concentração de atletas no estágio 4 (60%) enquanto nos reservas a
maioria (53%) se encontra no estágio 3.
A Tabela 3 apresenta a comparação das respostas entre titulares e reservas Sub-13 nos
testes das capacidades físicas e nos parâmetros antropométricos.
Tabela 3. Análise comparativa (média ±DP) entre titulares e reservas Sub-13.
Titulares Reservas
Peso (kg) 50.3±10.5 44.2±6.2
Altura (m) 1.57±0.08 1.53±0.10
Gordura Corporal (%) 13.9±4.2 15.5±3.5
Massa Magra (%) 86.1±4.2 84.5±3.5
Salto Vertical (cm) 35.1±4.8 33.6±4.8
Tempo em 35m (seg) 5.24±0.06* 5.51±0.09
Distância Teste YoYo (m) 806±212* 652±140
Índice Fadiga Teste Rast (%) 26.3±6.7 32.7±10.6
* Diferença Significativa entre grupos (Teste T, p<0.05). Titulares (n=10). Reservas (n=16).
51
Titulares Reservas750
800
850
900
950
1000
1050
1100
To
tal
de P
on
tos
Houve diferença significativa (p<0.05) na capacidade de resistência e na velocidade,
melhor nos titulares quando comparada aos resultados apresentados pelos reservas. Nas
demais variáveis não encontramos diferença estatística.
A Figura 1 apresenta a análise descritiva do score dos atletas Sub-13 no Teste de
Inteligência Tática Declarativa.
Figura 1. Boxplot do score dos atletas Sub-13 no Teste de Mangas.
Não houve diferença significativa (Teste t) entre titulares (Média±DP: 922±63; n=10)
e reservas (Média±DP: 946±93; n=16). Observa-se que a distribuição em torno da mediana
foi mais homogênea nos titulares, e que os reservas apresentaram os scores mais elevados.
Equipe Profissional
A Tabela 4 apresenta a comparação das respostas entre titulares e reservas
profissionais nos quesitos físicos e antropométricos.
Tabela 4. Comparação dos aspectos físicos e antropométricos entre atletas titulares e reservas
profissionais. Média±DP.
Titulares Reservas
Peso (kg) 77.3±7.8 77.8±7.1
Altura (m) 1.81±0.07 1.80±0.06
Gordura Corporal (%) 11.1±2.3 13.1±2.9
Agilidade (s) 3.99±0.15 3.98±0.07
Tempo em 30m (seg) 4.04±0.12 4.08±0.12
Aceleração (m/s2) 4.61±0.43 4.79±0.33
Resistência (m) 1187±275 1290±188
Nenhuma das variáveis se mostrou estatisticamente diferente entre jogadores titulares
e reservas.
52
Discussão
Nosso estudo mostrou que o efeito da idade relativa influenciou a seleção dos
jogadores da equipe Sub-13, reforçando a observação feita por outros pesquisadores (Carling
et al., 2009; Gil et al., 2007), mas não a titularidade. Os jogadores na sua maioria estavam nos
estágios maturacionais 3 e 4, compatíveis com a faixa etária (Figueiredo et al., 2009a; Seabra
et al., 2001). No entanto, os titulares eram mais maturados do que os reservas, fato
confirmado pela maior estatura encontrada nos titulares quando comparados aos reservas.
Gravina et al. (2008) encontraram resultados semelhantes, comprovados pela medida de
testosterona salivar em jovens futebolistas de elite titulares quando comparados aos reservas.
Esses dados reforçam a influencia do estágio maturacional para a titularidade.
Outros autores também reportaram uma tendência em selecionar jovens futebolistas
com melhores indicadores físicos para iniciar os jogos (Carling et al., 2009; Gil et al., 2007;
Gravina et al., 2008; Malina et al., 2004a). Postula-se que a agilidade, velocidade, resistência
e capacidade de antecipação sejam fatores discriminatórios entre jovens futebolistas de elite
(Reilly et al., 2000a; Reilly et al., 2000b). Mostramos desempenho significativamente
superior nas capacidades de velocidade e resistência aeróbia (p<0,05), além de melhores
índices nas demais variáveis físicas e antropométricas (p>0.05) nos titulares quando
comparados aos reservas, mesmo com todos eles seguindo a mesma proposta de periodização.
Metodologias de treino baseadas nos jogos desportivos coletivos podem contribuir
para a formação de jovens futebolistas mais inteligentes taticamente quando comparados a
outros métodos (Daolio, 2002; Garganta 2002; Greco, 2006; Scaglia, 2003). Provavelmente o
modelo de treinamento aplicado, com ênfase em atividades em contexto de jogo (Tabela 1)
justifica o alto score obtido por titulares e reservas no teste de inteligência tática. A soma dos
treinos de JDC, Coletivos e Jogos/Amistosos totalizou quase 70% das atividades ministradas.
Os scores ligeiramente superiores dos reservas podem ser explicados como uma consequência
adaptativa ao processo de treino, pois precisam resolver as situações inerentes ao contexto de
jogo com predomínio dos aspectos técnicos, táticos e cognitivos se comparados aos físicos,
onde apresentam desvantagem. Também não podemos desconsiderar a possibilidade dos
jogadores reservas aprimorarem a parte tática ao assistirem aos jogos do banco, fato que pode
ser melhor aproveitado no processo de formação de jovens futebolistas.
A participação na competição Sub-13 foi significativamente maior no grupo de
titulares (846±150min) comparado aos reservas (66±102 min). Como o conjunto dos dados
53
apresentados foi coletado antes do início dos jogos oficiais, os mesmos indicam que a
vantagem física dos jogadores teve grande influência na titularidade durante o campeonato.
Muitos clubes ainda embasam os seus indicadores de avaliação somente nas vitórias
em jogos e nos títulos conquistados. Ao assumir a cultura da busca por títulos os clubes
aceitam que as comissões técnicas mesmo nas categorias de base estejam propensas a escalar
jogadores que possuem um porte físico mais desenvolvido, já que nas fases iniciais de
desenvolvimento este componente se sobrepõe aos demais (Costa et al., 2010; Vaeyens et al.,
2010). No entanto, mostramos que na equipe profissional as capacidades físicas dos jogadores
deixam de ser um diferencial para a titularidade, corroborando os resultados de outros
trabalhos com futebolistas profissionais (Kraemer et al., 2004; Silva et al., 2011; Silvestre et
al., 2006, Sporis et al., 2011).
Comparamos os dados obtidos de titulares e reservas divididos por posição no
profissional e não houve tendência dos jogadores titulares serem melhores fisicamente do que
seus reservas imediatos (resultados não apresentados). Ou seja, outros fatores (técnico, tático,
cognitivo, emocional) foram mais relevantes para a definição dos titulares da equipe (Bradley
et al., 2013; Bradley et al., 2011; Castellano et al., 2011; Lago et al., 2010).
Sabe-se que o estímulo da competição é fundamental no processo de formação do
jovem atleta, uma vez que leva a uma série de constrangimentos técnicos, táticos, físicos,
cognitivos e emocionais, necessários para sua evolução (Costa et al., 2013). Tais
características são específicas do contexto competitivo formal, e têm um impacto profundo
sobre a qualidade da aprendizagem e sobre o nível de desempenho dos jovens jogadores ao
longo do tempo. Consequentemente, essa condição aumenta a probabilidade desses atletas
serem identificados como talentosos e, portanto, continuar nas categorias superiores. A
titularidade enviesada pelo critério físico nessa fase da adolescência pode, em longo prazo,
prejudicar a evolução dos atletas menos aptos fisicamente, resultando na perda de
potenciais talentos ao longo do processo de formação.
Conclusão
Os dados apresentados nesse estudo reforçam a necessidade da discussão de
alternativas para o aproveitamento de jovens futebolistas nas categorias de base em uma fase
onde o desenvolvimento físico e maturacional transitoriamente os diferenciam em relação ao
desempenho. A inclusão dos atletas de base considerados reservas em competições paralelas e
a utilização de estratégias de treinos pautadas nos jogos desportivos coletivos podem ser
54
alternativas para equalizar o estímulo competitivo e minimizar os prejuízos aos jovens menos
dotados fisicamente nessa faixa etária.
55
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59
4.3. Título (Artigo 3)
Monitoramento físico de uma periodização pautada nos jogos desportivos coletivos de uma
equipe de futebol profissional
Resumo
Introdução: A periodização do treinamento tem como objetivo facilitar a organização e
adequação das cargas de esforço visando o aumento do desempenho. A abordagem sistêmica
considera que toda sessão de treino de campo deve apresentar conexão com a maneira da
equipe jogar. O controle da carga de treino é um processo vital dentro de qualquer modelo de
periodização e é extremamente difícil em modalidades complexas, intermitentes e com grande
variabilidade de ações motoras como o futebol. Objetivos: O presente trabalho teve como
objetivo monitorar os efeitos de uma periodização baseada em atividades em contexto de jogo
e treinos físicos, aplicada em uma equipe de futebol profissional, através de testes motores e
variáveis antropométricas. Metodologia: Futebolistas profissionais do sexo masculino (n=39)
com idade média de 26,6±4,4, integrantes de uma equipe do campeonato paulista da primeira
divisão foram submetidos a 25 semanas de treinamento sistematizado. A antropometria e os
testes motores para avaliação das capacidades físicas foram realizados em três momentos:
início e término da pré-temporada (Pré-Inicial e Pré-Final) e durante a competição
(Competitivo). Resultados: A agilidade (4,09±0,10 vs 4,01±0,10seg), a velocidade
(4,14±0,14 vs 4,07±0,11seg) e a aceleração (4,26±0,46 vs 4,67±0,36m/seg2) apresentaram
melhora significativa (p<0,05) no período competitivo comparado com o momento pré-
inicial. O percentual de gordura apresentou melhora significativa no final da pré-temporada
(11,7±3,2 x 10,8±2,5%), retornando a valores próximos do início na competição (11,7±2,3%).
Não houve diferença significativa na capacidade de resistência entre o início e o término da
pré-temporada (1216±339 x 1244±229m). Conclusões: A periodização adotada no presente
trabalho se mostrou eficaz para o desempenho da equipe na competição. As capacidades
físicas mostraram adaptação positiva principalmente no momento competitivo, sendo
observada maior evolução física nos reservas durante a competição. A equipe ficou em 8º
lugar na classificação geral, sagrou-se vice-campeã do interior e conquistou a vaga para a
disputa da Série D do campeonato brasileiro.
Palavras-Chave: periodização, futebol, avaliações físicas, monitoramento, antropometria
60
INTRODUÇÃO
Considerando a gama de habilidades necessárias para a prática, a preparação física no
futebol atual deve considerar a influência e interação entre os diferentes condicionantes do
desempenho para otimizar a contribuição dos treinos e dos jogadores no modelo de jogo
estabelecido pela comissão técnica. O desafio do preparador físico reside em integrar as
diferentes áreas sem detrimento de uma em relação à outra e transformar as informações
disponíveis em periodizações de treinamento aplicáveis e que permitam uma melhor interação
com a equipe técnica.
O controle da carga de esforço é um processo vital dentro de qualquer modelo de
periodização, uma vez que determina o nível de adaptação dos atletas, detecta respostas
individuais e verifica a necessidade de descanso e recuperação, minimizando o risco de
sobrecargas que possam levar ao overreaching não funcional ou a ocorrência de lesões
(BOURDON et al., 2017). As medidas da carga de treino podem ser avaliadas por parâmetros
que medem a carga interna ou externa. A carga interna pode ser definida como a resposta
biológica imposta pelos treinos/competições. A carga externa equivale ao trabalho realizado
durante os treinos/competições e pode ser avaliada através da potência desempenhada, por
parâmetros cinemáticos (distância percorrida, número de acelerações/desacelerações), tempo
total de trabalho e número de ações intensas (ALVES, 2004; WALLACE et al., 2014;
BOURDON et al., 2017).
Em modalidades complexas, intermitentes e com grande variabilidade de ações
motoras como o futebol o controle de carga se torna mais difícil quando comparado às
modalidades cíclicas. Tradicionalmente os programas de treinamento utilizam-se de
parâmetros de carga externa independentemente da carga interna. A carga externa de
futebolistas tem sido monitorada através da utilização da tecnologia de sistema de
posicionamento global (GPS), existindo estudos sobre a confiabilidade e validade do método
para esta finalidade (MACLEOD & SUNDERLAND, 2007; CASTAGNA et al., 2009;
GRAY et al., 2010). A importância do GPS no futebol ocorre em virtude da grande demanda
de atividades cujo controle do volume e intensidade se torna inviável sem a utilização de um
implemento deste tipo.
No contexto do treinamento no futebol Quintão et al., (2013) mostraram que a carga
mecânica dos jogos reduzidos bem como dos coletivos são as que mais se aproximam do jogo
oficial quando comparados aos demais tipos de treino (recreativo, alemão, tático, posse de
bola, técnico). Todavia, apenas o controle da carga externa não é suficiente do ponto de vista
61
fisiológico, já que as respostas ao treinamento são individuais (WALLACE et al., 2014).
Nesse sentido, pesquisadores desenvolveram propostas que relacionam os parâmetros de
carga externa com os de carga interna, sendo os mais conhecidos os propostos por Banister et
al. (1975) e Foster et al. (2001), que relacionam o volume de treino com a frequência cardíaca
e percepção subjetiva de esforço, respectivamente.
Outra ferramenta para controle e individualização da carga interna que tem aumentado
sua inserção no futebol é a termografia, técnica não invasiva, de alta sensibilidade, que
mensura a irradiação do calor do corpo através do registro da emissão de raios
infravermelhos, invisíveis a olho nu (BANDEIRA et al., 2012; MARINS et al., 2014). Sua
utilização baseia-se no fato que o processo inflamatório desencadeado pela instalação de
microlesões decorrentes do processo de treino, gera calor em virtude do aumento do
metabolismo local, sendo a magnitude do trauma avaliada através de gradientes de
temperatura (BANDEIRA et al., 2012). Sua eficácia ainda precisa ser demonstrada. Também
a análise da atividade da enzima creatina quinase no soro sanguíneo parece um bom indicador
de sobrecarga muscular (LAZARIM et al., 2009).
O presente trabalho teve como objetivo monitorar os efeitos de uma periodização
baseada em atividades no contexto do jogo e treinos físicos aplicada em uma equipe de
futebol profissional, através de variáveis antropométricas e testes motores realizados no início
e término da pré-temporada e após dez rodadas da competição.
MATERIAIS E MÉTODOS
Seleção de Participantes do Estudo
Os participantes deste estudo foram futebolistas profissionais do sexo masculino na
faixa etária de 20 a 34 anos (26,6±4,4), integrantes de uma equipe do campeonato paulista da
primeira divisão. A amostra foi constituída por todos os jogadores de linha (n=35). Todos os
participantes que apresentaram antecedentes recentes ou atuais de lesões ósteo-articulares,
músculo-tendíneas ou outra limitação que pudesse prejudicar o desempenho dos testes foram
excluídos da coleta de dados.
Analisamos o comportamento de alguns marcadores sanguíneos na chegada dos atletas
no clube. Essa é uma rotina comum nas equipes da primeira divisão, já que é uma exigência
da Federação Paulista de Futebol. Todos os resultados apresentados foram compatíveis com
os valores de referência disponíveis na literatura para sujeitos treinados (NUNES et al., 2010;
62
NUNES et al., 2012). Além disso, os resultados estão de acordo com os apresentados para
futebolistas profissionais no Brasil (RAMOS DA SILVA et al., 2012).
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências
Médicas da UNICAMP em (Parecer nº: 1.338.722 e CAAE: 49922615.8.0000.5404). O
Termo de Consentimento Livre Esclarecido foi recebido por todos os atletas e eventuais
dúvidas foram esclarecidas antes da assinatura e coleta dos dados. Todos os procedimentos
realizados já faziam parte da rotina diária de treino bem como das condutas utilizadas no
clube.
Periodização do Treinamento
A periodização proposta para a temporada teve um caráter misto, com a inclusão de
atividades em contexto de jogo e treinos físicos. Tabulamos os treinos físicos e técnico-táticos
realizados para a caracterização do modelo de treinamento adotado (Tabela 1). A
categorização dos treinos centrou-se na complexidade estrutural das atividades e foi obtida
através da observação sistemática e posterior transcrição em fichas de registro. Foram 25
semanas de treino e um total de 170 sessões. Cada uma das sessões foi subdividida nas
diferentes categorias, gerando um total de 210 atividades.
63
Tipo Treino Físico Nº Estímulos % Total
Core 24 26
Resistência Hipertrófica 20 22
Propriocepção 14 15
Resistência (Corrida) 14 15
Potência/Velocidade 8 9
Resistência Força 8 9
Regenerativo 4 4
TOTAL 92 100
Tabela 1 – Classificação e Quantificação dos tipos de treinos realizados
O percentual de atividades classificadas como “Físico” foi o maior (25%) dentre as
categorias utilizadas, seguido pelos “Jogos Desportivos Coletivos” (19%) e
“Jogos/Amistosos” (16%). Em um segundo momento, quantificamos quais foram os
principais tipos de treinos físicos realizados. Os dados estão apresentados na Tabela 2.
Tabela 2 – Classificação e Quantificação dos treinos Físicos
Tipo de Atividade Características Número de
Estímulos
%
Físico Atividades fora do contexto de jogo com objetivo de
otimizar as capacidades físicas
52
25
Jogos Desportivos
Coletivos
Atividades em contexto de jogo com regras
adaptadas em espaços de 1/8 até 1/1 do campo oficial
em situações de 1x1 até 11x11
40 19
Jogos/Amistosos Jogos oficiais (n=23) e jogos amistosos (n=11) 34 16
Bola Parada Cobranças consecutivas de escanteios e faltas laterais
ofensivas e defensivas com ou sem oposição
24 11
Técnico Atividades fora do contexto de jogo, com o intuito de
otimizar de forma analítica a execução de
determinados gestos técnicos
22 10
Coletivo Atividade com as mesmas regras do jogo formal,
exceto o tempo de duração
21 10
Tático Atividades com ou sem oposição realizadas em meio
campo, com o intuito de padronizar movimentações
ofensivas e defensivas
14 7
Avaliações
Físicas
Momentos destinados a avaliar as capacidades físicas
através de testes específicos padronizados
7 3
Total 210 100
64
Antropometria
Para a análise antropométrica foi coletada a massa corporal (balança Welmy, modelo
110), estatura (estadiômetro da balança Welmy) e quatro dobras cutâneas mensuradas em
triplicata (subescapular, tricipital, suprailíaca e perna). O percentual de gordura corporal foi
calculado através do protocolo de Petroski (1995). Para coleta das dobras cutâneas utilizamos
adipômetro da marca Lange. Todas as análises antropométricas foram realizadas pelo mesmo
avaliador.
As coletas foram realizadas na reapresentação dos atletas e no mesmo período do dia
com o intuito de minimizar interferências. Houve três coletas: 1- Apresentação dos atletas e
Início da Pré-Temporada (Pré-Inicial); 2- Término da pré-temporada (Pré-Final); 3- Durante a
competição (Competitivo).
Capacidades Físicas
Todos os testes foram realizados pelo mesmo avaliador em três momentos distintos: 1-
Início da pré-temporada (Pré-Inicial), 2- Término da pré-temporada (Pré-Final), 3- Durante a
competição (Competitivo). Os testes foram realizados no mesmo período do dia e utilizou-se
a mesma logística em todas as avaliações: o primeiro teste realizado foi o de Agilidade,
seguido pelo Sprint de 30m e finalizando com o teste de resistência. O teste de resistência não
foi realizado durante a competição.
Agilidade - Vai e Vem 10m (SVENSSON & DRUST, 2005) – O avaliado permaneceu em pé
e parado na linha inicial e realizou sprint de 10m com sequente mudança de direção (180º),
finalizando o teste ao passar pelo local de seu início. Foram realizadas três tentativas e apenas
o melhor resultado foi considerado. Para coleta do tempo foi utilizada fotocélula da marca
Brower Timing System ®. O teste foi realizado no campo de futebol com os atletas calçando
chuteiras.
Aceleração (0-6m) - O avaliado ficou em pé e parado na linha inicial do teste e realizou sprint
máximo de 30m em linha reta, sendo cronometrado o tempo gasto de 0 a 6m para posterior
cálculo da aceleração. Para coleta do dado foram utilizadas fotocélulas da marca Brower
Timing System ®. O teste foi realizado no campo de futebol com os atletas calçando
chuteiras. Foram realizadas três tentativas sendo considerado o melhor tempo (s).
Velocidade - Sprint 0-30m (SVENSSON & DRUST, 2005) - O avaliado ficou em pé e parado
na linha inicial do teste e realizou sprint em linha reta na distância de 30m. Para coleta do
dado foram utilizadas fotocélulas da marca Brower Timing System ®. O teste foi realizado no
65
campo de futebol com os atletas calçando chuteiras. Foram realizadas três tentativas sendo
considerado o melhor tempo para efeito de resultado.
Resistência - Yo-Yo Test (Bangsbo, 1996) – O teste (Endurance, nível 2) é contínuo e
incremental e consiste em corridas de idas e vindas em linha reta em um espaço de 20m. O
ritmo do teste é determinado por um bip sonoro e foi realizado até a exaustão. No momento
em que o avaliado não conseguiu cumprir o ritmo proposto por duas vezes consecutivas o
teste foi finalizado, sendo marcado o último estágio completado. Utilizamos a distância total
percorrida (m) no teste para efeito de comparação.
Estatística
Os procedimentos estatísticos incluem a média aritmética, desvio-padrão, teste de
normalidade, Teste T de medidas independentes, Anova e coeficiente de correlação de
Pearson. Diferenças com p≤0,05 foram consideradas significativas. Para o tratamento dos
dados foi utilizado o programa Matlab 10.0.
66
MESES NOV
PERÍODOS
MESOCICLOS PRÉ
JOGOS OFICIAIS/SEMANA 0 0 0 0 0 0 0 1 2 2 2 1 1 1 1 1 2 2 1 1 1 1 1 1 1
MICROCICLOS 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25
CONTROLE DA PERIODIZAÇÃO
AVALIAÇÃO FÍSICA x x x
AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA x x x x
DANO MUSCULAR PÓS-JOGO -CK x x x x x x x x x x x
TREINOS TÉCNICO-TÁTICOS
JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS- JDC 3 5 2 1 1 1 0 2 1 0 1 2 0 3 2 3 3 0 4 5 2 2 2 1 0
BOLA PARADA 0 0 1 1 1 0 3 1 2 2 2 1 1 1 1 1 2 0 1 1 1 0 0 0 0
TÉCNICO 0 1 2 1 1 2 0 2 0 0 1 1 1 1 2 1 0 0 1 1 1 0 0 2 1
COLETIVO 0 0 1 2 1 1 0 1 0 0 0 1 1 2 1 0 0 0 0 0 1 2 2 3 1
TÁTICO 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2 2 2 1 2 1 1 1 1 0 0 1
RECREATIVO 0 0 0 1 1 0 2 1 2 2 2 0 1 0 0 1 0 0 0 0 1 1 1 1 1
AMISTOSOS 0 0 1 1 1 0 3 0 0 0 0 0 1 1 1 0 0 0 0 0 1 1 0 1 1
TOTAL NA SEMANA 3 6 7 7 6 4 8 7 5 4 6 5 5 10 9 8 6 2 7 8 8 7 5 8 5
TREINOS FÍSICOS
RESISTÊNCIA (CORRIDA) 7 1 1 0 1 1 0 1 1 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
RESISTÊNCIA HIPERTRÓFICA 0 0 0 1 1 1 0 1 1 0 1 1 1 2 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 1
RESISTÊNCIA DE FORÇA 3 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
POTÊNCIA/VELOCIDADE/AGILIDADE 0 0 1 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 1 1 1 1 0 1 0
REGENERATIVO 0 0 0 0 0 0 1 0 1 2 2 0 0 0 1 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0
CORE/PROPRIOCEPÇÃO 5 3 1 1 1 1 0 1 1 2 2 1 1 2 1 1 2 1 0 0 1 1 2 0 0
TOTAL NA SEMANA 15 7 4 2 4 3 1 3 4 4 5 3 3 4 3 3 4 2 2 2 3 3 3 2 1
COMPET 4
DEZEMBRO JANEIRO FEVEREIRO MARÇO ABRIL MAIO
TESTES E ANÁLISES UTILIZADAS PARA CONTROLE DO PLANEJAMENTO
QUANTIFICAÇÃO DOS ESTÍMULOS SEMANAIS DAS CAPACIDADES FÍSICAS
QUANTIFICAÇÃO DOS ESTÍMULOS SEMANAIS DOS TREINOS TÉCNICO-TÁTICOS
PRÉ-TEMPORADA COMPETITIVO
PREP 1 PREP 2 COMPET 1 COMPET 2 COMPET 3
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Periodização do Treinamento
O Quadro 1 apresenta de maneira sintética o modelo de periodização utilizado ao
longo dos 6 meses da temporada, com os respectivos períodos, mesociclos, jogos oficiais,
microciclos e formas de controle da periodização. Também é possível identificar a disposição
cronológica das avaliações bem como a distribuição dos estímulos das capacidades físicas e
conteúdos técnico-táticos ao longo da temporada.
Quadro 1. Periodização Física e Técnico-Tática utilizada
Podemos observar que houve uma preocupação inicial (semanas 1 e 2) com a melhora
da resistência, sobretudo através da utilização de treinos de corridas intervaladas. A partir da
semana 3 houve uma prevalência das atividades técnico-táticas sobre os treinos físicos, de
modo que o tipo de treino que mais ocorreu foi o JDC, com 19% do total (Tabela 2).
Sabidamente, este tipo de treino apresenta características que levam à melhora da resistência,
sendo inclusive muito utilizado para este fim (RAMPININI et al., 2007; KRUSTRUP et al.,
2010; HILL HAAS et al., 2011). Apesar de não contabilizarmos este tipo de treino como
67
“físico”, possivelmente sua utilização tanto na pré-temporada como ao longo da competição
foi fundamental para o desenvolvimento e manutenção da resistência.
A prática dos JDC iniciou a partir do 4º dia de treino e desde então nunca deixou de
ser aplicada. O fato de se colocar os atletas em contexto de jogo aumenta o grau de
competitividade e consequentemente o risco de lesões, já que os contatos são mais frequentes,
bem como o número de acelerações, desacelerações, paradas bruscas e mudanças de direção.
Vale lembrar que alguns atletas iniciaram a pré-temporada acima do peso e em inatividade
por mais de três meses, não sendo indicado este tipo de treino nas primeiras sessões.
Em relação aos treinos físicos (Tabela 2) podemos observar que os treinos de core
(26%), resistência hipertrófica (22%) e propriocepção (15%) foram os mais frequentes.
Atualmente, há uma tendência entre preparadores físicos e profissionais da área fitness em
aumentar a ênfase em exercícios voltados para estabilização do core e desenvolvimento da
propriocepção (WILLARDSON, 2007; REED et al., 2012; ROMERO-FRANCO et al.,
2012). Apesar da literatura especializada em reabilitação ter demonstrado eficiência de
exercícios de estabilização do core na redução de lesões nos membros inferiores e na região
do púbis, há poucos artigos em atletas saudáveis (WILLARDSON, 2007).
A eficiência dos exercícios proprioceptivos tem sido estudada ocasionalmente e
geralmente sua inclusão se dá através da inserção de exercícios em superfícies instáveis na
rotina de treino (ROMERO-FRANCO et al., 2012). Assim como no caso do core, não há um
consenso na literatura quanto aos reais ganhos de desempenho advindos deste tipo de treino
em atletas saudáveis (ROMERO-FRANCO et al., 2012). Todavia, segundo Willardson
(2007), exercícios em superfícies instáveis em conjunto com exercícios pliométricos e de
força são recomendados para melhora da propriocepção, capacidade reativa e ganhos
neuromusculares; adaptações que podem diminuir a incidência de lesões de membro inferior.
Efeitos da periodização sobre o percentual de gordura e capacidades físicas específicas
Capacidade de Resistência aeróbica
Os valores de distância percorrida encontrados no YoYo Teste na primeira
(1216±339m) e a segunda avaliação (1244±229m) e os valores de VO2max obtidos
indiretamente (55,7±4,8ml/kg/min vs 56,1±3,1ml/kg/min) estão de acordo com os limites
inferiores da literatura, indicando uma baixa capacidade de resistência aeróbica do grupo
avaliado (HOFF, 2005; STOLEN et al., 2005; SVENSSON & DRUST, 2005; THOMAS et
al., 2006; RAMPININI et al., 2010).
68
Alguns fatores podem ser levados em consideração para o comportamento observado.
O primeiro deles é o fato da primeira avaliação ter sido realizada na segunda semana da
periodização, já na 15ª sessão de treino. Provavelmente, os treinos realizados antes da
execução do teste contribuíram para a melhora da resistência, já que todas as sessões foram
voltadas para esta capacidade. Outro fator que pode ter contribuído foi a volição dos atletas na
segunda avaliação. Por exemplo, os três atletas com os melhores resultados na 1ª avaliação
apresentaram queda no desempenho na reavaliação. Eles tinham ciência que alcançavam
distâncias acima da média do grupo e isso pode ter contribuído para não se dedicarem ao
máximo no Pré-Final. Os três atletas pararam o teste de forma abrupta e não queimaram
nenhuma vez, diferente do que aconteceu na primeira avaliação. Uma alternativa para tentar
minimizar este fenômeno é evitar colocar indivíduos de resistência muito discrepante na
mesma bateria de teste.
Não encontramos diferenças no VO2max entre as diferentes posições: zagueiros
(53,7±1,8ml/kg/min); laterais (56,3±2,5ml/kg/min); volantes (57,7±4,0ml/kg/min); meias
(56,5±5,5ml/kg/min); atacantes (53,7±1,6ml/kg/min). Mesmo assim nossos dados corroboram
a literatura que aponta índices mais elevados em meio campistas e laterais (SANTOS &
SOARES, 2001; BALIKIAN et al., 2002).
Utilizamos o gráfico em coordenadas polares, popularmente conhecido como “radar”
para apresentar simultaneamente os demais dados comparativamente nos três momentos
(CARDINALE et al., 2011; MCGUIGAN et al., 2013; HAMILTON et al., 2014). Para
construção do gráfico (Figura 1) utilizamos a mediana da agilidade, aceleração, velocidade e
percentual de gordura em três momentos (Pré-Inicial, Pré-Final e Competitivo) e
normalizamos pela segunda coleta (Pré-Final). Esta conduta permitiu observar a variação
cronológica dessas variáveis de forma simultânea, facilitando a visualização do grupo de
atletas frente ao modelo de treinamento adotado. Para melhorar o layout do gráfico e facilitar
sua interpretação fizemos ajustes nos dados, de modo que todas as variáveis se afastam do
centro da Figura quando apresentam melhora. A resistência não foi inserida neste gráfico pois
foram realizadas apenas duas coletas, cujos resultados foram discutidos acima.
69
Figura 1. Comportamento do grupo de atletas no percentual de gordura, aceleração,
velocidade e agilidade nos momentos Pré-Inicial, Pré-Final e Competitivo.
Percentual de Gordura Corporal
Analisando o efeito da pré-temporada sobre o percentual de gordura notamos melhora
significativa (p<0,05) no momento Pré-Final (10,8±2,5%) comparado com o momento Pré-
Inicial (11,7±3,2%). Já na terceira avaliação (competitivo) o percentual de gordura aumentou
significativamente (11,7±2,3%) quando comparado ao momento Pré-Final.
Shephard (1999) e Silva Neto (2006) mostraram que o percentual de gordura corporal
ideal de futebolistas de elite é de aproximadamente 10% e os nossos dados estão
relativamente próximos dessa referência. Todavia, diferentemente do que acontece em outras
modalidades, o futebol caracteriza-se como uma modalidade complexa que abrange uma série
de fatores técnicos, táticos, físicos, cognitivos e psicológicos, permitindo uma maior
variedade de perfis antropométricos condizente com o alto rendimento (REILLY et al., 2000).
Assim, deve-se tomar o devido cuidado com o critério e o rigor adotado no que diz respeito à
quantidade de gordura corporal ideal de um determinado atleta.
A principal justificativa para a diminuição no percentual de gordura após a pré-
temporada foi a alta carga de treino empregada nas duas primeiras semanas. Entre a primeira
70
e a segunda avaliação tivemos um total de vinte sessões de treino com duração média de 60’
cada, o que levou a um volume total de trabalho de aproximadamente 1200 minutos. Como
muitos atletas estavam voltando de um período de inatividade (que variou de 3 semanas a 3
meses), a carga empregada foi suficiente para levar a uma readequação da composição
corporal, que se manteve no mês seguinte.
Em contrapartida, a diminuição das sessões de treino é a principal justificativa para o
aumento significativo do percentual de gordura observado no período competitivo (média de
6 sessões por semana contra 10 por semana na pré-temporada). Um dos fatores que contribuiu
para isso foi o número de jogos (11 no intervalo de 9 semanas) que somado às viagens e ao
tempo que os atletas permaneciam concentrados nos hotéis, podem ter contribuído para os
resultados observados. É importante destacar que tanto os atletas titulares quanto os
considerados reservas apresentaram aumento significativo do percentual de gordura neste
período. Uma das limitações deste estudo foi não ter controlado a alimentação dos atletas.
Aceleração e Agilidade
A aceleração exibiu melhora significativa (p<0,05) quando comparamos o momento
Pré-Inicial (4,26±0,46m/s2) com os momentos Pré-Final (4,50±0,35m/s2) e Competitivo
(4,67±0,36m/s2). A melhora obtida no teste foi superior ao erro típico calculado (0,27m/s2).
Cronologicamente o comportamento da aceleração foi diferente do observado para a
agilidade, já que a aceleração apresentou melhora significativa previamente. Em relação a
capacidade de agilidade encontramos um trabalho com futebolistas de alto nível que utilizou o
mesmo teste (WISLOFF et al., 2004) e nossos resultados são bastante similares. A agilidade
apresentou boa correlação tanto com a aceleração de 0-6m, como com o sprint de 30m, com
coeficiente de correlação de Pearson variando de 0,65 a 0,84.
Apesar de terem sido realizados apenas dois treinos específicos de potência entre as
duas primeiras avaliações, tiveram um total de sete atividades em campo reduzido e seis
treinos resistidos. As prováveis adaptações neuromusculares geradas nestas atividades podem
ter contribuído para a melhora observada na aceleração. De acordo com Hakkinen et al.
(2000) as adaptações neuromusculares levam de duas a três semanas para se manifestarem,
tempo compatível com o período de treino entre as avaliações. A agilidade é considerada uma
capacidade física complexa e altamente exigente em termos motores e neuromusculares
(SHEPPARD & YOUNG, 2006; BRUGHELLI et al., 2008; SERPELL et al., 2011).
Provavelmente por isso apresentou uma resposta mais tardia se comparada a aceleração de 0-
6m em linha reta.
71
Houve melhora significativa no teste de agilidade no momento competitivo
(4,01±0,10seg) em comparação com o momento Pré-Final (4,09±0,09seg) e Pré-Inicial
(4,09±0,10seg). A melhora obtida foi compatível ao erro típico, reforçando a sua significância
(HOPKINS, 2000). A não melhora entre a primeira e a segunda avaliação pode ser justificada
pelo treinamento concorrente, já que houve um número elevado de treinos intervalados de
corrida (n=11) que sabidamente prejudicam os ganhos de força, potência e agilidade
(LEVERITT et al., 1999; HAKKINEN et al., 2003; ELLIOT et al., 2007).
O Quadro 1 apresenta apenas os treinos realizados com os atletas que estavam sendo
convocados para os jogos e não contabiliza os treinos realizados com os atletas não-
relacionados. Assim, no período entre as duas últimas avaliações (Semana 6 até Semana 15)
tivemos um total de cinquenta e quatro (54) sessões de treino. Deste total, 8 sessões foram
destinadas a treinos de potência e agilidade. Todas, porém, foram realizadas com os atletas
não relacionados. Verificamos que dos treze atletas avaliados no teste de agilidade, sete eram
considerados reservas. Quando comparamos a média e o DP destes dois subgrupos,
encontramos um resultado bastante interessante: os atletas titulares não apresentaram melhora
na comparação entre Pré-Final e Competitivo (4,06±0,07seg x 4,05±0,13seg, teste T, p>0,05)
enquanto os reservas apresentaram melhora significativa (Pré-Final : 4,12±0,10; Competitivo:
3,97±0,07, teste T; p<0,05). Esse resultado vai de encontro ao número de treinos de potência e
agilidade realizados por cada subgrupo.
Ao compararmos a aceleração dos atletas titulares (n=6) e reservas (n=7) encontramos
comportamento semelhante ao observado para a agilidade. Os reservas apresentaram melhora
significativa entre Pré-Final e Competitivo (4,57±0,40m/s2 x 4,84±0,22m/s2; teste t, p<0,05)
enquanto os titulares não apresentaram diferença estatística (4,42±031m/s2 x 4,48±0,42m/s2;
teste t; p>0,05). Esses resultados reforçam a importância dos treinos de potência
administrados neste período (n=8).
Um fator que contribuiu para a não realização de treinos de potência e agilidade com
os atletas titulares após o início da competição foi o elevado número de jogos oficiais (dez
jogos em sete semanas), diminuindo o tempo disponível para os treinamentos físicos. Nesse
contexto, a comissão técnica optou pela realização de treinamentos resistidos na academia
(foram sete treinos no mesmo período) em detrimento dos treinos de potência e agilidade.
Enquanto os primeiros apresentam caráter profilático, os últimos são potencialmente lesivos
(STOLEN et al., 2005).
72
Velocidade
Assim como a agilidade, a velocidade apresentou melhora significativa (e superior ao
erro típico) somente no momento Competitivo. Uma das justificativas para esse resultado é o
fato de termos utilizado sprints acima de 20m nos treinos de potência e velocidade após a 2ª
avaliação, ou seja, a partir da 7ª semana de treinamento. De acordo com alguns trabalhos
(DELECLUSE et al., 1995; YOUNG et al., 2001; BLAZEVICH & JENKINS, 2002; LITTLE
& WILLIAMS, 2003; YOUNG et al., 2008) os treinos de potência sem a utilização de sprints
mais longos (>20m) parecem trazer melhoras apenas em distâncias menores (0-20m),
apresentando boa correlação com aceleração e não tanto com a velocidade máxima. Vale
ressaltar que uma das razões pela qual a comissão técnica optou por utilizar sprints mais
longos apenas após sete semanas de treinamento foi o alto potencial lesivo destas ações
motoras.
Quando comparamos os atletas titulares (n=6) entre Pré-Final e Competitivo não
encontramos diferença significativa (4,08±0,13s x 4,06±0,10s, teste T, p>0,05). Por outro
lado, quando comparamos os atletas considerados reservas (n=7), encontramos diferença
significativa (4,15±0,11s x 4,07±0,13s, teste T, p<0,05). Dessa forma, a avaliação do sprint de
30m apresentou comportamento semelhante aos testes de agilidade e aceleração na
comparação entre titulares e reservas, já que estas sessões de treino (n=8) foram realizadas em
sua totalidade pelos atletas não convocados.
APLICAÇÃO PRÁTICA DAS INFORMAÇÕES
Para exemplificar a necessidade do preparador físico dominar diversas áreas do
conhecimento para exercer sua função, apresentamos abaixo os resultados referentes ao
percentual de gordura e as capacidades físicas de aceleração, velocidade e agilidade de dois
atletas profissionais titulares que atuavam na mesma posição (volante) comparados com os
resultados obtidos com o restante do elenco (Figura 2).
73
Atleta 1
Atleta 2
Figura 2. Comportamento longitudinal (Pré-Inicial - Dezembro; Pré-Final - Janeiro e
Competitivo - Março) do percentual de gordura, agilidade, velocidade e aceleração de dois
atletas em comparação com os dados do restante do grupo.
Podemos observar que ambos os atletas apresentaram perfis físicos bem distintos.
Desde o início da pré-temporada (Pré-Inicial - Dezembro) o atleta 1 apresentou um percentual
de gordura mais baixo (melhor) quando comparado ao grupo, sendo que se manteve ao longo
da temporada. Também apresentou desempenho levemente superior ao grupo nas demais
valências. Sua resistência (não mostrada no gráfico e avaliada pela distância total percorrida
no teste de Yo-Yo), também foi superior à mediana do grupo nos dois momentos de análise:
Pré-Inicial: 1980m x 1150m e Pré-Final: 1820m x 1200m.
Já o atleta 2 desde o início da pré-temporada (Pré-Inicial - Dezembro) apresentou
índices inferiores ao grupo em todas as valências analisadas. Ao longo dos meses essa
discrepância aumentou, especialmente no percentual de gordura e capacidade de aceleração.
Sua resistência também foi inferior à mediana do grupo nos dois momentos de análise: Pré-
Inicial: 900m x 1150m e Pré-Final: 1080m x 1200m.
Mesmo com a grande diferença no quesito físico, ambos os atletas foram titulares e
jogaram na mesma posição, uma vez que a equipe atuava com dois volantes. O atleta 1
74
apresentava como características de jogo uma grande participação tanto nas ações ofensivas
(entrando com frequência no terço final do campo) como nas ações defensivas, em virtude dos
seus atributos físicos. Além disso, mostrava um elevado número de ações erradas (passes
errados e bolas perdidas), o que exigia um grande desgaste energético no intuito de recuperar
a posse de bola. A distância média percorrida por este atleta na competição foi 10.738m, a
maior dentre todos os volantes da equipe.
Já o atleta 2 apresentava maior participação na fase de construção da equipe, uma vez
que tinha boa qualidade no passe. Atuava de forma mais posicionada na região central e
raramente entrava no terço final do campo. Seu aproveitamento de passes era extremamente
alto e dificilmente perdia a posse de bola. Na fase defensiva procurava se posicionar bem para
não ficar exposto em situações de 1x1, pois tinha dificuldade nesse tipo de ação. Sua distância
média na competição foi de 9.499m, a mais baixa dentre todos os volantes.
CONCLUSÕES
O modelo de periodização adotado no presente trabalho se mostrou eficaz e foi
importante para o bom desempenho da equipe na competição. Caracterizou-se
fundamentalmente por atividades em contexto de jogo, sendo que os treinos físicos
apresentaram predomínio de atividades profiláticas e direcionadas para ganhos de força. As
capacidades físicas mostraram adaptação positiva ao longo da temporada. Na comparação
entre titulares e reservas, observamos uma maior evolução física nos reservas durante a
competição. Os dados apresentados no estudo também evidenciaram a importância de se
analisar o perfil físico de cada atleta em conjunto com as informações técnico-táticas, pois
neste caso em específico, pela maneira como a equipe atuava, as características de jogo de
ambos os atletas eram complementares e foram de suma importância para o desempenho na
competição.
75
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79
4.4 Título (Artigo 4)
Monitoramento da sobrecarga dos jogos e incidência de lesões de uma equipe de futebol
profissional ao longo da competição
Resumo
Introdução: O controle da carga de esforço para monitorar a recuperação muscular é um
processo importante durante uma competição que envolve atividades complexas,
intermitentes e com grande variabilidade de ações motoras como o futebol. Objetivo: O
presente trabalho teve como objetivo monitorar os efeitos de 16 rodadas do campeonato
paulista da primeira divisão em uma equipe de futebol profissional, através da utilização da
enzima CK sérica e correlacionar esses dados com a análise do registro de incidência de
lesões. Metodologia: Futebolistas profissionais do sexo masculino (n=39) com idade média
de 26,6±4,4 foram submetidos a 25 semanas de treinamento sistematizado. A incidência de
lesões ao longo do campeonato foi realizada através de um levantamento retrospectivo, sendo
expressa através do número de lesões por atleta e a gravidade calculada pelo tempo de
afastamento dos treinamentos. A atividade da enzima CK sérica foi aferida no momento da
reapresentação dos atletas após os jogos oficiais e comparada com o valor de referência
individual estabelecido na pré-temporada. Resultados: O número total de lesões no
campeonato foi 25, o que gerou um índice de 0,64 lesões por atleta. O tempo de afastamento
variou de um dia até no máximo duas semanas, sendo o afastamento mais recorrente de um ou
dois dias (40% do total). Houve uma grande variabilidade nos valores de CK dos jogadores
após um mesmo jogo, com diferenças superiores a 480%. Encontramos diferença significativa
nos valores de CK (p<0,05) entre os jogos que apresentaram tempo de coleta inferior a 24
horas para os jogos que apresentaram tempo de coleta superior a 60 horas. Esses dados
reforçam a proposta de um período de no mínimo 48h de descanso após um jogo para que
essa análise possa refletir recuperação muscular inadequada de forma individualizada.
Conclusão: A periodização adotada se mostrou eficaz e o índice de lesões foi considerado
baixo com reduzido tempo de afastamento dos atletas. O monitoramento da CK sanguínea
pode ser uma ferramenta adicional ao controle da carga de treinos e jogos, fundamental para a
individualização e otimização do treinamento.
Palavras-Chave: futebol, monitoramento, carga de treino, CK, lesões
80
INTRODUÇÃO
A carga de esforço durante o campeonato determina a resposta adaptativa dos atletas.
Ou seja, o controle da carga de treino é necessário para detectar respostas individuais e a
necessidade de um tempo maior de descanso para a recuperação muscular, minimizando com
isso o risco de ocorrência de lesões (ALVES, 2004; WALLACE et al., 2014; BOURDON et
al., 2017). A carga de treino pode ser avaliada por parâmetros que medem a carga interna ou
externa. A carga externa equivale ao trabalho realizado durante os treinos/competições e pode
ser avaliada através da potência desempenhada, de parâmetros cinemáticos e tempo total de
trabalho (ALVES, 2004; WALLACE et al., 2014; BOURDON et al., 2017).
A carga interna pode ser definida como a resposta biológica imposta pelos
treinos/competições. Pode ser mensurada através da frequência cardíaca, concentração de
lactato sanguíneo, consumo de oxigênio e percepção subjetiva de esforço (BOURDON et al.,
2017). Dentro desse contexto, a quantificação da atividade da enzima CK no soro dos atletas é
considerada um ótimo indicador de dano muscular. Especialmente por apresentar grande
magnitude de aumento e por permanecer elevada por um longo período na corrente sanguínea
quando comparada a outros marcadores sanguíneos de dano muscular (NEDELEC et al.,
2012).
A fadiga acumulada ao longo da temporada pode prejudicar o desempenho dos
futebolistas, aumentando o risco de lesões, especialmente em períodos com acúmulo de jogos
(DUPONT et al., 2010; SILVA et al., 2014; MOHR et al., 2016). Trabalhos com diferentes
abordagens metodológicas analisaram as alterações físicas de futebolistas ao longo da
temporada (KRAEMER et al., 2004; REINKE et al., 2009; FAUDE et al., 2011; MEYER &
MEISTER, 2011; HEISTERBERG et al., 2013). De acordo com Bourdon et al., (2017), o
aumento ou diminuição abrupta na carga aguda de esforço aumenta exponencialmente o risco
de lesões.
A capacidade do futebolista se recuperar completamente entre uma partida e outra é
fundamental, não apenas para o seu desempenho como também para a prevenção de lesões
(ISPIRLIDS et al., 2008). A magnitude da sobrecarga influencia o dano muscular gerado, cuja
quantificação pode ser feita pela atividade alterada de proteínas intramusculares no soro
(BRANCACCIO et al., 2008; LAZARIM et al., 2009; COELHO et al., 2011, MOHR et al.,
2016). Algumas das proteínas séricas comumente analisadas incluem a creatina quinase (CK),
lactato desidrogenase, aspartato transaminase e mioglobina. A utilização da CK sérica como
parâmetro de controle da carga de treino/jogos no futebol tem sido frequente.
81
A eficiência dessa análise para avaliar os efeitos da sobrecarga depende de dois
aspectos importantes: 1) Os valores de referência para este biomarcador em futebolistas
profissionais, cujo limite superior (percentil 97,5 = 1.150 U/L; percentil 90 = 975 U/L) está
muito acima dos considerados normais para sujeitos não atletas (LAZARIM et al., 2009) e 2)
A variação biológica inerente ao teste, determinada por um parâmetro denominado Reference
Change Value (NUNES et al., 2012), que estabelece o percentual de diferença entre duas
análises consecutivas que deve ser ultrapassado do valor anterior para que a resposta indique
efeito do treino ou jogo. Para a atividade sérica da CK esse valor é de 119% (NUNES et al.,
2010).
O presente trabalho teve como objetivo monitorar e individualizar os efeitos de 16
rodadas do campeonato paulista da primeira divisão através da dosagem da atividade sérica da
enzima CK e a análise da incidência de lesões no mesmo período.
MATERIAIS E MÉTODOS
Seleção de Participantes do Estudo
Os participantes deste estudo foram futebolistas profissionais do sexo masculino na
faixa etária de 20 a 34 anos (26,6±4,4), integrantes de uma equipe do campeonato paulista da
primeira divisão. A amostra foi constituída por trinta e nove atletas sendo que quatro (n=4)
eram goleiros e o restante (n= 35) jogadores de linha. Todos os participantes que
apresentaram antecedentes recentes ou atuais de lesões ósteo-articulares, músculo-tendíneas
ou outra limitação que pudesse prejudicar o desempenho dos testes foram excluídos da coleta
de dados.
Esse estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Ciências
Médicas da UNICAMP em (Parecer nº: 1.338.722 e CAAE: 49922615.8.0000.5404). O
Termo de Consentimento Livre Esclarecido foi recebido por todos os atletas e eventuais
dúvidas foram esclarecidas antes da assinatura e coleta dos dados. Todos os procedimentos
realizados já faziam parte da rotina diária de treino bem como das condutas utilizadas no
clube.
82
Semana Treino Tempo Descanso (hs) Último Treino
Coleta 1 4 30 48 Coletivo (60')
Coleta 2 4 34 12 Coletivo (50')
Coleta 3 5 40 18 Coletivo (65')
Coleta 4 7 47 32 Coletivo (70')
Coleta 5 7 49 24 Amistoso (90')
Periodização e cronograma das análises
O Quadro 1 apresenta de maneira sintética o modelo de periodização utilizado, com os
respectivos períodos, mesociclos, jogos oficiais, microciclos e formas de controle da
periodização dispostos cronologicamente.
Recuperação Pós-Jogo
Para a determinação da atividade enzimática da CK no plasma foram retirados 32 μL
de sangue capilar da polpa digital dos sujeitos, após ter sido realizada limpeza do local com
álcool etílico a 95%. Em seguida, após secagem com algodão, foi feita uma punção com uma
lanceta com disparador automático e o sangue foi drenado para um tubo capilar heparinizado
(Cat nº 955053202 Reflotron®). O sangue foi imediatamente pipetado para uma tira reativa
de CK (Cat nº 1126695 Reflotron®) e colocada no aparelho Reflotron Analyser®, da Roche.
Com o objetivo de aumentar a sensibilidade dos valores de CK sanguínea como
parâmetro para individualização das cargas de esforço, durante a pré-temporada foram
realizadas cinco coletas de sangue com o intuito de determinar o valor basal individual da
atividade sérica da enzima CK para ser confrontado com os valores obtidos ao longo dos
jogos. Os momentos de coleta bem como o tempo de descanso após a última sessão de treino
estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1. Momentos de coleta da CK durante a pré-temporada
Realizamos as coletas a partir da quarta semana de treino para evitar valores não
condizentes ao estado treinado dos atletas (COELHO et al., 2014). Para determinação do
valor basal individual excluímos os dois maiores valores obtidos por cada atleta e calculamos
a média dos três valores restantes. Após a obtenção do valor basal individualizado utilizamos
83
o RCV da CK (119%) (NUNES et al., 2010) como ferramenta de diagnóstico individual de
excesso de sobrecarga e calculamos o limite superior de referência individual. A Tabela 2
apresenta os valores basais e os valores correspondentes a 119% acima do basal (referência
individual) para cada um dos jogadores analisados. Dessa forma foi possível individualizar os
efeitos dos jogos.
Tabela 2. Valores basais e de referência individual considerando o RCV (Ref.) de CK (U/L)
obtidos durante a pré-temporada.
Durante a competição aferimos a concentração da CK plasmática dos atletas que
atuaram por um tempo igual ou superior a 60 minutos em cada partida analisada. Foram
monitorados dezesseis jogos, todos válidos pela primeira fase da competição. Um total de
vinte atletas diferentes foi incluído nesta análise, totalizando 152 coletas. Todas as coletas
aconteceram dentro das instalações do clube e foram realizadas no momento da
reapresentação do atleta, antes do início da sessão de treino. O intervalo de tempo entre o
término da partida e o momento da coleta variou de 13 a 63 horas.
Diagnóstico de Lesões e Tempo de Afastamento
Foi realizado um levantamento retrospectivo das lesões que ocorreram desde o início
da pré-temporada até o término da competição. Participaram deste levantamento todos os
atletas que fizeram parte do elenco e permaneceram no clube pelo período mínimo de trinta
dias, totalizando 39 atletas (incluindo os goleiros). Os dados foram coletados com o
consentimento do médico e fisioterapeuta responsáveis, através dos prontuários do
departamento médico que continham informações sobre a ocorrência e características das
lesões.
A definição de lesão utilizada no estudo foi proposta por SCHMIDT-OLSEN et al.,
(1991): “qualquer acontecimento ocorrido durante jogos ou treinos do clube, com redução ou
afastamento completo da participação dos atletas nas atividades esportivas”. Eventos que
demandaram tratamento especial com gelo e bandagem sem afastamento ou diminuição do
treinamento diário e jogos não foram contabilizados. Todas as lesões foram classificadas de
acordo com a Classificação Internacional de Doenças (CID) e foram descritas em relação à
Atleta 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
Basal 186 192 196 204 235 247 263 306 331 364 385 431 447 491 528
Ref. 407 420 429 447 515 541 575 670 724 797 844 944 980 1075 1157
84
natureza, localização e gravidade (calculada pelo tempo de afastamento de jogos ou treinos).
A prevalência das lesões foi expressa em número de lesões por atleta.
Análise Estatística
Os procedimentos estatísticos incluem a mediana, teste de normalidade e Anova.
Diferenças com p≤0,05 foram consideradas significativas. Para o tratamento dos dados foi
utilizado o programa Matlab 10.0.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Tabela 3 apresenta o diagnóstico das lesões e o tempo de afastamento ao longo da
temporada.
Tabela 3. Diagnóstico de lesões e tempo de afastamento ao longo da temporada.
O número total de ocorrências no período foi de 25 lesões, sendo que os momentos
com maior incidência foram no início da competição (n=7) e na pré-temporada (n=6). Dentre
as lesões mais frequentes a “contusão” e “outras” foram as que mais se repetiram, somando
48% do total. A “contusão” caracteriza-se por lesões ocasionadas por trauma ou choque
enquanto “outras” abrange causas diversas como virose, infecções, suspeitas de dengue, etc.
O total de atletas da amostra é 39 o que gerou um índice de 0,64 lesões por atleta, número
DIAGNÓSTICO NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI TOTAL (%)
Luxação/Subluxação 1 1 (4%)
Estiramento Muscular 1 2 1 4 (16%)
Entorse 1 1 2 (8%)
Contusão 3 1 2 6 (24%)
Tendinopatias 1 1 1 3 (12%)
Contratura 1 1 1 3 (12%)
Outras 1 1 1 3 6 (24%)
TOTAL 2 3 4 6 2 7 1 25 (100%)
AFASTAMENTO (DIAS) NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI TOTAL (%)
1 1 2 2 5 (20%)
2 3 2 5 (20%)
3 1 1 (4%)
4 1 1 1 1 4 (16%)
5 1 1 1 3 (12%)
6 1 1 2 (8%)
> 1 SEMANA 1 1 2 (8%)
2 SEMANAS 1 2 3 (12%)
TOTAL 2 3 4 6 2 7 1 25 (100%)
85
considerado baixo na literatura (BARBOSA & CARVALHO, 2008; PALACIO et al., 2009;
SALISTRE et al., 2009; JUNGE & DVORAK, 2015).
O tempo de afastamento variou de um dia até no máximo duas semanas. Os
afastamentos mais recorrentes foram aqueles que duraram um ou dois dias, totalizando 40%.
Tivemos apenas cinco lesões musculares com tempo de afastamento superior a uma semana,
resultado extremamente satisfatório quando comparado aos trabalhos disponíveis na literatura
(BARBOSA & CARVALHO, 2008; PALACIO et al., 2009; SALISTRE et al., 2009; JUNGE
& DVORAK, 2015).
O modelo de treinamento utilizado no presente trabalho incluiu um elevado número de
sessões de treino de força que sabidamente apresenta caráter profilático. Outra conduta
adotada com o intuito de diminuir a incidência de lesões musculares foi a utilização de tabelas
de controle da percepção subjetiva de recuperação (TQR) e da percepção subjetiva de dor
(PSD). Esses dados foram coletados antes do início de cada sessão de treino e de acordo com
o relato do atleta o mesmo era poupado de uma ou mais sessões de treino. No total, tivemos
15 afastamentos de um ou dois dias decorrentes dessa conduta. Esses afastamentos não estão
contabilizados na Tabela 3.
No presente trabalho houve relação entre o número de jogos e a incidência de lesões
musculares mais graves, já que quatro das cinco lesões com afastamento superior a uma
semana ocorreram durante o período competitivo. De acordo com a literatura o fato das
equipes atuarem duas vezes na semana aumenta a incidência de lesões, e o curto espaço de
tempo destinado à recuperação entre um jogo e outro parece ser o principal fator responsável
(DUPONT et al., 2010, MOHR et al., 2016).
A Figura 1 traz os valores de CK obtidos em diferentes tempos após a realização dos
jogos ao longo das 16 rodadas do campeonato.
86
Figura 1. Boxplot dos valores de CK obtidos após a realização dos jogos.
* Diferença Significativa em relação às rodadas 10 e 13 (Anova, p<0,05, não pareado). O
número de atletas que realizaram as coletas em cada rodada variou de 8 a 10, de acordo com
as substituições feitas nos jogos. Total de atletas avaliados (n=20).
Os dados da atividade sérica da CK estão de acordo com os disponíveis na literatura
para futebolistas brasileiros no período competitivo através da utilização de aparelho portátil
(COELHO et al., 2011; ALVES et al., 2015). Podemos observar que houve uma grande
variabilidade nos valores encontrados em uma mesma rodada, com diferenças superiores a
480% entre o valor mínimo e o valor máximo (Rodada 13). Essa variabilidade reflete
diferentes sobrecargas, provavelmente devido à variação no tempo de coleta sanguínea após o
término dos jogos.
A rodada 7 apresentou os valores mais baixos dentre todas as rodadas e foi a que
apresentou o maior tempo de descanso (63h) após o jogo. Em contrapartida, os valores
encontrados nas rodadas 10 e 13 foram os obtidos com os menores tempos de descanso: 24h e
13h, respectivamente. Esses dados estão de acordo com os publicados por Coelho et al.
(2011) que mostraram valores mais elevados no intervalo de doze a vinte horas quando
comparados a intervalos que se estenderam de trinta e seis a cento e dez horas.
Ao desconsiderarmos as rodadas cujas coletas não foram realizadas no intervalo entre
24 e 48 horas (rodadas 7, 10 e 13) verificamos que oito atletas apresentaram valores
superiores à sua referência individual. De acordo com as demais informações disponíveis
(percepção subjetiva de dor e cansaço, distância percorrida e número de ações em alta
intensidade realizadas nos jogos) esses atletas foram poupados dos treinamentos. Todavia,
nenhum deles foi poupado do jogo seguinte.
Sobre a relação entre às quatro lesões musculares mais graves ocorridas no período
competitivo e os valores de CK constatamos que dois atletas não tiveram os valores de
referência pré-determinados (o primeiro era goleiro e o segundo era um atleta reserva que
1 2 3 4 5 6 7 8 9 101112131415190
500
1000
1500
2000
*
Rodadas
CK
(U
/L)
87
chegou ao clube durante a competição, lesionando-se em um treino). O terceiro atleta
lesionou-se na 13ª rodada, justamente quando o tempo de coleta foi de apenas treze horas e
tanto ele quanto os demais atletas apresentaram valores superiores à sua referência. O quarto
atleta será apresentado para reforçar a aplicabilidade prática da análise ao longo da
temporada.
Apesar do questionamento da utilização da CK como marcador de dano muscular,
mostramos aqui que com os cuidados necessários seu monitoramento ao longo do campeonato
complementa as outras avaliações, sendo um bom indicador de carga interna.
APLICABILIDADE PRÁTICA
Durante a competição ocorreu um fato emblemático com um atleta da equipe e os seus
respectivos dados de CK. O atleta tinha 32 anos, era titular absoluto, tinha o salário mais alto
do elenco, havia sido peça fundamental na campanha do acesso da equipe à divisão de elite no
ano anterior e era ídolo na cidade e da torcida local. Além disso, não havia no elenco um
substituto com as mesmas características deste atleta.
A tabela do campeonato ficou de tal forma que a equipe iniciou a disputa com uma
sequência de sete jogos em um intervalo de 21 dias (3 semanas), com partidas sendo
realizadas as quartas-feiras e sábados. Até a quarta rodada esse atleta havia jogado 100% dos
jogos e era o artilheiro da equipe com quatros gols marcado. Todavia, o mesmo vinha
queixando-se de dores musculares após os jogos e os valores de CK obtidos nas três primeiras
rodadas estavam acima do seu valor basal de referência, conforme apresentado na Tabela 4.
Tabela 4. Valores de CK (U/L) obtidos após as seis primeiras rodadas com o atleta em
questão. Todas as coletas foram realizadas no intervalo entre 24 e 48 horas.
“REF” identifica o valor de referência individual de CK do atleta. As rodadas estão
identificadas pela letra “R”.
Mesmo ciente do risco iminente de uma lesão muscular (nenhum outro atleta atingiu o
percentual preconizado pelo RCV mais de uma vez nas quatro primeiras rodadas), a comissão
técnica optou por manter o atleta na equipe titular e não poupá-lo dos jogos, já que ele estava
sendo um diferencial nos resultados alcançados até então (a equipe havia vencido três dos
quatro jogos disputados encontrando-se na vice-liderança da competição). A única conduta
Atleta REF CK-R1 CK-R2 CK-R3 CK-R4 CK-R5 CK-R6
9 724 1210 838 1260 702 575 723
88
adotada foi poupá-lo nos treinamentos entre os jogos (que por si só já eram treinos leves) e se
fosse possível, substituí-lo antes do término das partidas, caso a equipe estivesse em uma
situação confortável e segura no placar.
Na sequência da competição o atleta jogou a 5ª e a 6ª rodada completa (derrota e
vitória respectivamente) e aos 20’ do 2º tempo da 7ª rodada acabou sentindo um incômodo
muscular e foi substituído. Esse incômodo foi diagnosticado posteriormente como distensão
grau 1 e o atleta ficou afastado dos gramados por duas semanas, desfalcando o time na 8ª e 9ª
rodadas, quando a equipe sofreu duas derrotas seguidas.
No ano seguinte, esse atleta retornou à mesma equipe e apresentou comportamento
bastante semelhante no início da competição, conforme podemos verificar abaixo.
Tabela 5. Valores de CK (U/L) obtidos após as cinco primeiras rodadas com o atleta em
questão no ano seguinte. Todas as coletas foram realizadas no intervalo entre 24 e 48 horas.
“REF” identifica o valor de referência individual de CK do atleta. As rodadas estão
identificadas pela letra “R”.
Diferentemente do ano anterior, o atleta foi poupado pela comissão técnica em dois
jogos (rodadas 6 e 7). Caso ele não fosse poupado e tivesse lesão semelhante (permanecendo
duas semanas no departamento médico) ficaria fora de cinco jogos e não apenas dois, em
virtude da configuração da tabela. Isso pesou muito na decisão da comissão técnica, que optou
em não contar com o atleta em dois jogos, do que correr o risco de perdê-lo em cinco, mesmo
com a pressão da torcida, imprensa e diretoria.
A equipe venceu os dois jogos no qual o atleta foi poupado. Quando o mesmo voltou a
jogar foi peça fundamental na sequência de três vitórias consecutivas alcançadas com o
mesmo em campo. A comissão técnica foi enaltecida pela decisão “acertada” e a utilização
deste biomarcador foi comemorada. Todavia, caso o resultado tivesse sido desfavorável em
sua ausência, provavelmente a mesma comissão técnica seria arduamente criticada pela
decisão “equivocada” e a análise da CK sérica responsabilizada pelo fracasso.
CONCLUSÕES
O monitoramento da CK sanguínea mostrou-se uma ferramenta eficaz no controle da
carga de treinos e jogos, sendo um complemento importante no processo de individualização
das cargas. O baixo custo, a praticidade e a confiabilidade desta ferramenta tornam sua
Atleta REF CK-R1 CK-R2 CK-R3 CK-R4 CK-R5
9 724 804 905 401 1020 1890
89
utilização possível mesmo em equipes de menor porte, especialmente em competições com
dois ou mais jogos por semana.
90
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92
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Baseado no corpo de dados apresentado e nas discussões levantadas nesta tese,
pontuamos as seguintes considerações finais:
O modelo de jogo adotado pelo técnico deve ser levado em consideração na
periodização desde o início do período preparatório;
Tanto na base como no profissional a resistência pode ser treinada dentro do contexto
de jogo;
O menor tempo de competição para os atletas reservas da base os diferencia dos
titulares, prejudicando sua evolução no esporte. É importante discutir alternativas para
o aproveitamento dos jogadores reservas, transientemente menos maturados,
considerando que aspectos antropométricos e o desempenho físico são determinantes
para a titularidade nas categorias de base, mas não são relevantes para a titularidade no
profissional;
A frequência de treino físico fora do contexto de jogo pode ser percentualmente maior
no profissional (25%) do que na base (11%), principalmente para a manutenção dos
níveis de força e prevenção de lesões;
Treinos físicos são importantes para o condicionamento dos atletas considerados
reservas durante o período competitivo em equipes profissionais;
O controle do treino através de avaliações físicas e monitoramento da CK sanguínea
complementam a preparação física tanto na base como no profissional;
A comunicação e a gestão de pessoas são igualmente fundamentais na atuação do
preparador físico, uma vez que facilita a transferência e aplicação dos resultados
advindos do controle de treino em conhecimento aplicável no dia a dia da equipe.
93
6. REFERÊNCIAS INTRODUÇÃO
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7. ANEXO A
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto de Pesquisa: SISTEMATIZAÇÃO DE UM MODELO DE PERIODIZAÇÃO NO FUTEBOL BASEADO NOS JOGOS DESPORTIVOS COLETIVOS: UM ESTUDO DE CASO
Responsáveis pela condução da pesquisa:
Orientadora: Profª. Drª. Denise Vaz de Macedo (LABEX – IB – UNICAMP)
Pesquisador: Renato Buscariolli de Oliveira (LABEX – IB – UNICAMP)
Contatos: 3521-6145/ 3521-6146 e-mail: labex@unicamp.br
Prezado responsável/atleta,
Vimos por meio deste, convidá-lo a participar deste projeto de pesquisa, após o esclarecimento de todas as condutas que serão realizadas no decorrer da pesquisa.
Dados do responsável pelos voluntários:
Nome:
RG: Telefone p/ Contato:
Endereço (Marque uma das opções abaixo):
( ) Social Esportiva Vitória (SEV – Hortolândia) – R: João Barreto da Silva, 505; Jd. Nova Hortolandia, CEP: 13.183.542
( ) Escola de Futebol da Prefeitura Municipal de Vinhedo (Núcleo Capela) – Campo Alaor de Jesus Cieni (Campo da Capela) – R: Estrada da Capela, 188; Capela, CEP: 13.280.000
Apresentação do Projeto:
Trata-se de um projeto de Doutorado da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. A proposta do projeto é realizar avaliações físicas em adolescentes nascidos em 2001 e 2002, que estejam disputando o Campeonato Paulista da Categoria sub-13 (grupo treinamento), ou que estejam participando de aulas de futebol regularmente (grupo ativo).
O objetivo do projeto é verificar se há diferenças entre os dois grupos em relação às diferentes capacidades físicas avaliadas. Em caso positivo, avaliar se as possíveis diferenças encontradas entre os grupos estão relacionadas ao estágio de maturação em função da idade ou às respostas adaptativas oriundas de treinamento físico diário sistematizado.
Procedimentos:
A coleta de dados será realizada durante os dias de treinos dos voluntários nas dependências da Faculdade de Educação Física da Universidade Estadual de Campinas, localizada na cidade de Campinas – SP, Avenida Érico Veríssimo, nº 701, CEP 1308-851. Serão realizadas as seguintes avaliações físicas: teste de salto vertical; teste de rast; teste de yoyo; medidas antropométricas; maturação sexual.
O teste de salto vertical consiste em três tentativas de salto contra movimento com o auxílio dos braços (CMJB) sobre um tapete de contato. Esse teste tem por objetivo avaliar a capacidade de potência de membros inferiores, ou seja, a capacidade de produção de força em um curto espaço de tempo.
O teste de rast consiste na realização de 6 corridas em máxima velocidade (sprints) ao longo de 35m intercaladas por 10 segundos de pausa passiva. Esse teste tem por objetivo avaliar a capacidade de realizar sprints consecutivos sem queda na velocidade a cada sprint.
O teste de yoyo consiste de corrida tipo ir e vir, no qual trechos de 20m são percorridos em velocidade incremental. Esse teste tem por objetivo avaliar a capacidade de resistência aeróbica, através da determinação indireta (através de cálculos matemáticos) do VO2 máx relativo ao peso corporal.
As medidas antropométricas visam obter dados sobre a composição corporal, somatotipo e crescimento, através de medidas como: peso, altura, circunferência de segmentos corporais (coxa, braço e panturrilha), diâmetros ósseos e dobras cutâneas.
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A maturação sexual será avaliada por meio das características sexuais secundárias. Para isso serão entregues folhas contento fotos em que os indivíduos deverão se comparar com elas durante a avaliação da maturação. OS INDIVÍDUOS FARÃO AUTO-AVALIAÇÃO EM UMA SALA FECHADA CONTENDO ESPELHO, SEM NENHUM CONTATO COM QUALQUER OUTRA PESSOA EXTERNA.
Os testes poderão ser interrompidos a qualquer momento pelos avaliadores devido a sinais de fadiga ou pelo voluntário se sentir qualquer sensação de fadiga ou desconforto de qualquer natureza. Avaliação dos Riscos
Os eventuais riscos ou desconfortos durante os testes são mínimos, devidos às alterações orgânicas: aumento na frequência cardíaca e respostas atípicas na condição cardiorrespiratória. Outros fatos que raramente poderão acontecer são: tonturas, náuseas e moleza devido ao cansaço. Os riscos de lesões musculares ou articulares (distensão, entorse, luxação) são raros em atividades de saltos verticais e corridas de intensidade moderada a alta. Entretanto, caso venha a ocorrer o indivíduo será encaminhado para o Hospital das Clínicas localizado na própria Universidade.
Benefícios da Pesquisa:
O benefício é referente ao sujeito da pesquisa, portanto não há benefícios. No entanto, a produção de informações relacionadas as capacidades de força, potencia e resistência poderá auxiliar o entendimento dos processos inerentes ao desenvolvimento da potência e as relações com a resistência e composição corporal em jovens futebolistas, contribuindo para prescrições de treinamentos mais direcionados para essa faixa etária.
Garante-se ao responsável/voluntário:
Resposta a qualquer pergunta, esclarecimento de qualquer dúvida e acesso aos resultados decorrentes do trabalho.
Liberdade para deixar de participar da pesquisa (mesmo com a autorização do responsável) ou cancelar este termo de consentimento em qualquer momento, sem penalização alguma e sem prejuízo de suas funções.
O caráter confidencial das informações recebidas, assegurando-lhe sigilo, manutenção de sua privacidade e compromisso de que sua identidade não será revelada nas publicações do trabalho.
ATENÇÃO:
A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida quanto aos seus direitos, denúncias e/ou reclamações referentes aos aspectos éticos da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da FCM-UNICAMP, localizado na Universidade Estadual de Campinas, junto à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) na Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, Distrito de Barão Geraldo, Campinas-SP (CEP: 13083-887). O email é: cep@fcm.unicamp.br. Fone: (19) 3521-8936 ou 35217187
A locomoção do voluntário será totalmente custeada pelos responsáveis da pesquisa, de modo que nos dias dos testes o voluntário deixará de treinar para realizar as avaliações acima descritas.
Não está prevista indenização diante de eventuais danos decorrentes da atividade, pois os riscos envolvidos nas mesmas são nulos.
Obs.: Você tem o direito de ter uma copia do termo (TCLE).
Campinas, ___ de _______________ de 201__
Assinatura do Responsável pelo Voluntário: ________________________________
Assinatura do Voluntário: _______________________________________________
Em caso de intercorrência e dúvidas relacionadas à pesquisa deverei entrar em contato com: Renato Buscariolli de Oliveira:
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(19)78105062; (18)981266361 e-mail: buscariolli80@hotmail.com Profa. Drª. Denise Vaz de Macedo: (19) 35216146; (19) 35216145. E-mail: labex@unicamp.br Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex) Instituto de Biologia, Unicamp, Bairro Cidade Universitária, Campinas-SP. CEP: 13.083.970
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9. ANEXO C
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Projeto de Pesquisa: PERIODIZAÇÃO, CAPACIDADES FÍSICAS, PARÂMETROS HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E CINEMÁTICOS DE UMA EQUIPE DE FUTEBOL PROFISSIONAL DO CAMPEONATO PAULISTA 2016.
Responsáveis pela condução da pesquisa:
Orientadora: Profª. Drª. Denise Vaz de Macedo (LABEX – IB – UNICAMP)
Pesquisador: Ms. Renato Buscariolli de Oliveira (LABEX – IB – UNICAMP)
Contatos: 3521-6145/ 3521-6146 e-mail: labex@unicamp.br
Número do CAAE: (inserir após aprovação pelo CEP)
Prezado atleta, Vimos por meio deste, convidá-lo a participar deste projeto de pesquisa, após o esclarecimento de todas as condutas que serão realizadas no decorrer da pesquisa. Este documento, chamado Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, visa assegurar seus direitos como participante e é elaborado em duas vias, uma que deverá ficar com você e outra com o pesquisador.
Dados do doador voluntário:
Nome:
RG: Data Nasc.: Telefone p/ Contato:
Endereço:
Apresentação do Projeto:
Trata-se de um projeto de Doutorado da Faculdade de Educação Física da UNICAMP. A proposta do projeto é realizar avaliações físicas e análises sanguíneas nos atletas que irão compor o elenco da equipe do Grêmio Novorizontino na disputa do Campeonato Paulista 2016. O objetivo do projeto é avaliar a periodização, as capacidades físicas, os parâmetros hematológicos, bioquímicos e cinemáticos da equipe no período preparatório e competitivo.
Objetivos Secundários e Justificativa:
As análises que serão realizadas no seu sangue servem para indicar o grau de estresse da musculatura e articulações, relativo a um determinado período de exercício físico.
O objetivo dessas análises é contribuir para um ajuste momentâneo e individualizado das cargas de exercícios e/ou aumento da quantidade de descanso, que proporcione um condicionamento mais “otimizado” e homogêneo possível. Com isso, diminuir a ocorrência de danos musculares devido ao excesso de sobrecarga de esforço físico. As coletas de dados serão feitas em três momentos: início da pré-temporada, término da pré-temporada e ao longo da competição, sempre após um ou dois dias de descanso de qualquer atividade física. Isso é importante para discriminar as situações de não recuperação, do estresse agudo dos jogos e/ou treinos. A única coleta de dado que será realizada em quatro momentos é a avaliação antropométrica com duas coletas no início da pré-temporada, uma ao término da pré-temporada e outra ao longo da competição.
Minimizar os riscos de ultrapassar o limiar de estresse, que varia de sujeito para sujeito mesmo quando colocado na mesma carga de esforço físico, pode contribuir para um melhor aproveitamento da temporada esportiva e melhor performance física do grupo de jogadores.
Os testes físicos a serem realizados já fazem parte da rotina de treinos e serão feitos na mesma semana das coletas sanguíneas. O principal objetivo é avaliar a evolução física da equipe, trazendo informações importantes acerca do planejamento adotado, permitindo que ajustes finos possam ser realizados na carga de treino.
A avaliação cinemática, irá acontecer através da utilização de aparelhos de GPS durante os jogos oficiais e suas informações são importantes para caracterizar o comportamento de cada atleta de
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acordo com as circunstâncias de cada jogo. Essas informações também podem ser úteis na modelação da carga de treino e determinação do tempo destinado ao descanso.
Procedimentos:
A coleta de biomarcadores sanguíneos e a realização dos testes físicos irá acontecer durante os dias de treinos dos voluntários nas dependências do estádio Dr. Jorge Ismael de Biasi, localizado na cidade de Novo Horizonte-SP, Avenida Domingos Baraldo, 2879, Vila Patti, CEP: 14.960.000.
As coletas de sangue serão realizadas com todos os cuidados de assepsia necessários e por profissional capacitado e legalmente habilitado.
Coleta de sangue:
Serão coletados 50 microlitros de sangue do dedo com capilares próprios para as coletas.
Os procedimentos descritos acima não acarretam eventuais riscos ou desconfortos para os doadores voluntários.
Exames Laboratoriais:
Todas as análises descritas abaixo serão utilizadas somente para indicar o nível de estresse induzido pela prática de atividades físicas.
a) Concentrações sanguíneas de ácido úrico, uréia, creatinina, enzimas creatina quinase, alanina aminotransferase, aspartato aminotransferase; colesterol total e frações, triglicérides, glicose, gama GT, ferro.
b) Hemograma completo com plaquetas.
Testes Físicos
Serão realizadas as seguintes avaliações físicas: teste de resistência (teste de yoyo); teste de agilidade (vai e vem 10m); teste de velocidade e aceleração (sprint 30m) e medidas antropométricas.
Resistência (Teste de Yo-Yo): O teste é contínuo e incremental e consiste em corridas de idas e vindas em linha reta em um espaço de 20m. O ritmo do teste é determinado por um bip sonoro e deve ser realizado até a exaustão. No momento em que o avaliado não consegue cumprir o ritmo proposto por duas vezes consecutivas o teste será finalizado sendo marcado o último estágio atingido. Utilizaremos tanto a distância total percorrida no teste (m) como o VO2max estimado para efeito de comparação. O teste será realizado no campo de futebol com os atletas calçando chuteiras.
Agilidade (Vai e Vem 10m): Consiste na realização de corrida de 20m em intensidade máxima com mudança de direção. O avaliado deve estar em pé e parado na linha inicial e ao seu comando realiza o sprint de 10m com sequente mudança de direção (180º), finalizando o teste ao passar pelo local de seu início. Serão realizadas três tentativas e apenas o melhor resultado será considerado. Para coleta do dado será utilizada fotocélula posicionada no local de início/fim do teste. O teste será realizado no campo de futebol com os atletas calçando chuteiras.
Velocidade e Aceleração (Sprint de 30m): O avaliado deve estar em pé e parado na linha inicial do teste e ao seu comando, realiza o sprint em linha reta na distância de 30m. Para coleta do dado será utilizada fotocélulas posicionadas no local de saída e término. Além do tempo total gasto para completar a distância de 30m, será aferido também o tempo gasto para completar a distância de 0-6m através do posicionamento de uma fotocélula nesta distância. Utilizamos este dado para calcularmos a aceleração realizada no espaço de 0 a 6m. O teste será realizado no campo de futebol com os atletas calçando chuteiras. Serão realizadas três tentativas sendo considerado o melhor tempo para efeito de resultado.
As medidas antropométricas visam obter dados sobre a composição corporal através de medidas como: peso, altura e dobras cutâneas. Serão aferidas nove dobras cutâneas
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mensuradas em triplicata (subescapular, tríceps, bíceps, peito, axilar, abdômen, supra ilíaca, coxa e perna). O percentual de gordura corporal será calculado através do protocolo de Petroski (1995) a partir da média das triplicatas obtidas em quatro das nove dobras: subescapular, tricipital, supra ilíaca e perna. A somatória das dobras será obtida através da soma das médias de cada uma das nove dobras coletadas. Para aferição das dobras cutâneas será utilizado adipômetro da marca Lange.
Os testes poderão ser interrompidos a qualquer momento pelos avaliadores devido a sinais de fadiga ou pelo voluntário se sentir qualquer sensação de fadiga ou desconforto de qualquer natureza. Avaliação dos Riscos
Os eventuais riscos ou desconfortos durante os testes e coleta de sangue são mínimos, devidos às alterações orgânicas: aumento na frequência cardíaca e respostas atípicas na condição cardiorrespiratória. Outros fatos que raramente poderão acontecer são: tonturas, náuseas e moleza devido ao cansaço ou mal estar. Os riscos de lesões musculares ou articulares (distensão, entorse, luxação) são raros nos testes utilizados. Entretanto, caso venha a ocorrer, o indivíduo será encaminhado para o médico responsável do clube que estará acompanhando os procedimentos.
Benefícios da Pesquisa:
O benefício é referente ao sujeito da pesquisa, portanto não há benefícios. No entanto, a produção de informações relacionadas aos biomarcadores sanguíneos, antropometria e às capacidades físicas de potência e resistência poderão contribuir para o melhor planejamento das cargas usadas na periodização dos treinos, de forma a levar ao máximo de condicionamento físico com a segurança de minimizar os riscos de eventuais lesões mais graves. Isso traz benefícios imediatos aos voluntários.
Garante-se ao responsável/voluntário:
Resposta a qualquer pergunta, esclarecimento de qualquer dúvida e acesso aos resultados decorrentes do trabalho.
É responsabilidade do pesquisador a integridade do voluntário durante o ato da pesquisa. Você terá a garantia ao direito a indenização diante de eventuais danos decorrentes da pesquisa.
Liberdade para deixar de participar da pesquisa ou cancelar este termo de consentimento em qualquer momento, sem penalização alguma e sem prejuízo de suas funções.
O caráter confidencial das informações recebidas, assegurando-lhe sigilo, manutenção de sua privacidade e compromisso de que sua identidade não será revelada nas publicações do trabalho.
Conhecer o resultado de seus exames se assim desejar.
ATENÇÃO:
A sua participação em qualquer tipo de pesquisa é voluntária. Em caso de dúvida quanto aos seus direitos, denúncias e/ou reclamações referentes aos aspectos éticos da pesquisa, entre em contato com o Comitê de Ética em Pesquisa da FCM-UNICAMP, localizado na Universidade Estadual de Campinas, junto à Faculdade de Ciências Médicas (FCM) na Rua Tessália Vieira de Camargo, 126, Distrito de Barão Geraldo, Campinas-SP (CEP: 13083-887). O email é: cep@fcm.unicamp.br. Fone: (19) 3521-8936 ou 35217187.
Não está previsto ressarcimento das despesas decorrentes da participação na pesquisa, tais como gastos com transporte ou alimentação pois a coleta de dados será realizada durante a rotina diária de treinos o que não acarretará em despesas extras.
Obs.: É garantido ao participante da pesquisa receber em mãos uma via do TCLE
Responsabilidade do Pesquisador:
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Asseguro ter cumprido as exigências da resolução 466/2012 CNS/MS e complementares na elaboração do protocolo e na obtenção deste Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Asseguro, também, ter explicado e fornecido uma via deste documento ao participante. Informo que o estudo foi aprovado pelo CEP. Comprometo-me a utilizar o material e os dados obtidos nesta pesquisa exclusivamente para as finalidades previstas neste documento ou conforme o consentimento dado pelo participante.
Em caso de intercorrência e dúvidas relacionadas à pesquisa deverei entrar em contato com: Ms. Renato Buscariolli de Oliveira: (18)981266361; (18)996086060 e-mail: buscariolli80@hotmail.com Profa. Drª. Denise Vaz de Macedo: (19) 35216146; (19) 35216145. E-mail: labex@unicamp.br Laboratório de Bioquímica do Exercício (Labex) Instituto de Biologia, Unicamp, Bairro Cidade Universitária, Campinas-SP. CEP: 13.083.970
Novo Horizonte, ___ de _______________ de 201__
Assinatura do Voluntário: _______________________________________________
Assinatura do Pesquisador Responsável: _______________________________________________
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