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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
ARTE E LINGUAGEM TEATRAL NO CICLO I
Por: Ana Laura da Silva
Orientador: Profª. Fabiane Muniz
Co-orientadora: Profª. Narcisa Castilho Melo
São Paulo
2010
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
2
ARTE E LINGUAGEM TEATRAL NO CICLO I
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Arteterapia em Educação
Por: Ana Laura da Silva
3
AGRADECIMENTOS
A todos os amigos,
Alunos e professores que participaram desta jornada.
Em especial a Profª. Leila I Miazaki
minha maior colaboradora
4
DEDICATÓRIA
aos professores e alunos
que fizeram parte desta pesquisa,
e a todos que se esforçam por uma educação de qualidade.
5
RESUMO
O presente trabalho intitulado: Arte e linguagem teatral nas séries iniciais da
Educação Básica apresenta os principais resultados obtidos no trabalho de
pesquisa do curso de Especialização de Arteterapia em Educação com crianças de
7 a 11 anos de idade, da Escola Estadual Jornalista Professor Emir Macedo
Nogueira, localizado na periferia da zona leste de São Paulo, aliando teatro, artes
plásticas e alfabetização. Foi trabalhado durante o ano letivo em parceria com as
professoras de alfabetização, em particular a Professora Leila I. Miazaki. Precisa-se
elucidar primeiramente o que é Arte-terapia: conforme Sara Jarreau: Ainda que a
noção de “arte-terapia” geralmente inclua qualquer tratamento psicoterapêutico que
utiliza como mediação a expressão artística (dança, teatro, música,etc.),é uma forma
lúdica de mobilizar processos internos conflitivos, facilitando a estrutura e expansão
da personalidade, a compreensão do sujeito.
Foram trabalhadas as dificuldades que alguns alunos apresentavam em
entender a sonorização das letras, suas semelhanças e diferenças. Foram
trabalhadas: a coordenação motora das crianças, a coordenação viso-motora, a
noção espacial, a noção espaço temporal, noção de lateralidade, sensibilidade
estética, codificação e decodificação de signos
E assim ajudou-se na formação do entendimento da junção das letras a
formação das palavras, ou seja na alfabetização das mesmas de forma lúdica.
“Todas as crianças têm uma imaginação em profundidade que as faz
pressentir riquezas secretas no interior das coisas”
Simone de Beauvoir
6
METODOLOGIA
A elaboração deste projeto visou fazer com que o aluno descobrisse e
desenvolvesse seu senso crítico, sua iniciativa e sua criatividade, ampliando seu
repertório cultural, conhecendo diversos tipos de linguagens e manifestações
artísticas. A construção desse foi democrática e interagiu com a atuação
Professor/Aluno e Professor/Professor sendo trabalhado com as professoras
responsáveis pela alfabetização da sala, objetivando soluções e melhoria de
qualidade do ensino/aprendizagem, elevando seu padrão e refletindo na prática
cotidiana, construindo a efetiva aprendizagem do aluno e melhorando sua auto-
estima. Lembrando que todo conhecimento é digno de ser assimilado para que
possamos cada vez mais, aprimorar a nossa condição humana.
Vygotsky enfatiza a ligação entre as pessoas e o contexto cultural em que
vivem e são educadas. De acordo com ele, as pessoas usam instrumentos que vão
buscar à cultura onde estão imersas e entre esses instrumentos tem lugar de
destaque a linguagem, a qual é usada como mediação entre o sujeito e oambiente
social. A internalização dessas competências e instrumentos conduz à aquisição de
competências de pensamento mais desenvolvidas, constituindo o cerne do processo
de desenvolvimento cognitivo.
Foi trabalhado como forma de autoconhecimento o reconhecimento o
ambiente que os circundam , suas famílias, a comunidade aonde estão inseridos,
seus vizinhos, amigos, a escola como fonte de inspiração, aprimorando a
observação e a criatividade.
Foi levada em consideração a bagagem cultural do aluno e seus familiares,
seus costumes e vivencias a realidade social na qual estão inseridos e suas
necessidades.
Todo o trabalho foi realizado durante os anos de 2006 e 2007 na Escola
Estadual Jornalista Professor Emir Macedo Nogueira, localizada a Rua Iaçapé, 322 ,
7
Parque Santa Madalena - região leste de São Paulo; com a aprovação da Diretora
Tânia Todoroff, da vice diretora Maria do Carmo .
A presente pesquisa teve apoio incondicional das professoras de 1ª a 4ª
séries em especial a Professora Leila I. Miazaki, que foi minha companheira durante
todo o processo.
Foi feita a pesquisa através da bibliografia citada, formulou-se um roteiro de
trabalho, definindo situações que criaríamos para realizar a proposta de facilitação
do processo de alfabetização das crianças que naquele momento ainda não tinham
se apropriado da leitura e escrita, e ampliar o repertório cultural daquelas que já
sabiam ler e escrever.
Levamos as crianças a terem contanto com diversos sons através da
atividade som natural e cultural, com CDs , vídeos do nosso folclore, de musicas
regionais, cultura popular; também tiveram contato direto com apresentações
teatrais ao vivo e gravadas(na sala de vídeo) ; e em sala de aula, confeccionaram
fantoches de meia para depois, com seus pares criarem o agrupamento das letras
através de seus bonecos criando histórias e sons que facilitaram no entendimento
fonético das palavras e de como poderiam ser escritas.
Foram trabalhadas diversas imagens, obras de arte e com elas pediu-se que
as crianças realizassem uma leitura, aonde se pode notar que os elementos ali
notados, mostraram claramente a capacidade de percepção de cada um. Cenas de
O Retirante de Portinari, por exemplo, recebeu vários comentários sobre a tristeza, a
pobreza, e as emoções que eles deveriam estar sentindo por estarem naquela
situação.
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Os Retirantes – Portinari
Em outras oportunidades foram colocadas as obras de renomados artistas
nacionais e internacionais para serem estudados, relidos e tudo tranformado em
criação artística por nossos alunos.
Em todos momento trabalho-se com a ludicidade. É brincando que se
aprende...
O lúdico tem sua origem na palavra latina "ludus" que quer dizer "jogo".Se
se achasse confinado a sua origem, o termo lúdico estaria se referindo apenas ao
jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo.
A evolução semântica da palavra "lúdico", entretanto, não parou apenas nas suas
origens e acompanhou as pesquisas de Psicomotricidade. O lúdico passou a ser
reconhecido como traço essencial de psicofisiologia do comportamento humano. De
modo que a definição deixou de ser o simples sinônimo de jogo. As implicações da
necessidade lúdica extrapolaram as demarcações do brincar espontâneo.
Passando a necessidade básica da personalidade, do corpo e da mente. O lúdico
faz parte das atividades essenciais da dinâmica humana. Caracterizando-se por ser
9
espontâneo funcional e satisfatório.
Sendo funcional: ele não deve ser confundido com o mero repetitivo, com a
monotonia do comportamento cíclico, aparentemente sem alvo ou objetivo. Nem
desperdiça movimento: ele visa produzir o máximo, com o mínimo de dispêndio de
energia.
Segundo Luckesi são aquelas atividades que propiciam uma experiência de
plenitude, em que nos envolvemos por inteiro, estando flexíveis e saudáveis. Para
Santin, são ações vividas e sentidas, não definíveis por palavras, mas
compreendidas pela fruição, povoadas pela fantasia, pela imaginação e pelos
sonhos que se articulam como teias urdidas com materiais simbólicos. Assim elas
não são encontradas nos prazeres estereotipados, no que é dado pronto, pois, estes
não possuem a marca da singularidade do sujeito que as vivencia.
Na atividade lúdica, o que importa não é apenas o produto da atividade, o que
dela resulta, mas a própria ação, o momento vivido. Possibilita a quem a vivencia,
momentos de encontro consigo e com o outro, momentos de fantasia e de realidade,
de ressignificação e percepção, momentos de autoconhecimento e conhecimento do
outro, de cuidar de si e olhar para o outro, momentos de vida.
Uma aula com características lúdicas não precisa ter jogos ou brinquedos. O que
traz ludicidade para a sala de aula é muito mais uma "atitude" lúdica do educador e
dos educandos. Assumir essa postura implica sensibilidade, envolvimento, uma
mudança interna, e não apenas externa, implica não somente uma mudança
cognitiva, mas, principalmente, uma mudança afetiva. A ludicidade exige uma
predisposição interna, o que não se adquire apenas com a aquisição de conceitos,
de conhecimentos, embora estes sejam muito importantes. Uma fundamentação
teórica consistente dá o suporte necessário ao professor para o entendimento dos
porquês de seu trabalho. Trata-se de ir um pouco mais longe ou, talvez melhor
dizendo, um pouco mais fundo. Trata-se de formar novas atitudes, daí a
necessidade de que os professores estejam envolvidos com o processo de formação
de seus educandos. Isso não é tão fácil, pois, implica romper com um modelo, com
um padrão já instituído, já internalizado.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 11
CAPITULO I – Sobre o teatro 13
CAPITULO II – Teatro e Arteterapia 19
CAPÍTULO III - Atividades desenvolvidas e seus resultados 22
CAPÍTULO IV - Sugestões de atividades 28
CAPÍTULO V - Resultados Obtidos 36
CAPÍTULO VI - Fotos do processo de criação e apresentações 39
CONCLUSÃO 46
ANEXOS 48
BIBLIOGRAFIA 63
11
INTRODUÇÃO
O que os alunos são capazes de fazer? Quais os padrões desejáveis que
deveriam ser atingidos para que os alunos desenvolvam as competências e
habilidades básicas exigidas para a aquisição da leitura e escrita? O que caracteriza
o real aprendizado e a aquisição da leitura e escrita?
Em que o teatro educação pode ajudar nessa aquisição?
Devemos começar especificando o que é e qual a origem do teatro:
De acordo com a pesquisa realizada no site www.kliceducacao.com.br
Encontramos a definição: teatro nasceu dos rituais realizados nas
sociedades primitivas, as quais acreditavam que as danças imitativas propiciavam
poderes sobrenaturais que controlavam os fatos, como a fertilidade da terra e o
sucesso em batalhas. Nos primórdios, a teatralidade também foi usada para
exorcizar os maus espíritos.
...Já no Brasil o teatro originou-se com as representações de catequização dos
índios. As peças, com conteúdos didáticos, procuravam traduzir a crença cristã para
a cultura indígena. A Companhia de Jesus, ordem que se encarregou da expansão
da crença pelos países colonizados, encenou as primeiras peças desse tipo no país.
Os autores eram o Padre Joséde Anchieta e o Padre Antônio Vieira.
Entendemos que desde a colonização o teatro desempenhava importante
papel na sociedade , ajudava na”educação” que se pretendia dar as pessoas e
obteve muita eficiência nesse processo. Claro que guardada as devidas distâncias
de tempo e espaço, conseguimos avanços notáveis na aquisição da leitura e escrita
, aliando o teatro e a alfabetização.
Este trabalho apresenta os principais resultados obtidos durante o ano
letivo, suas principais contribuições a facilitação na aquisição da leitura e escrita
12
Para isso, apresentamos inicialmente um rápido balanço sobre a situação
das dificuldades sentidas pelos alunos: quando chegam a escola , principalmente as
crianças que não fizeram o pré, tem muita dificuldade até mesmo para pegar no
lápis. Não tem coordenação motora fina e nem senso de direção. Para que este
quadro melhorasse foram propostos exercícios de coordenação motora pela
professora da sala, utilizado o quadro negro e o caderno. Em arte foi trabalhado o
espaço pessoal e global e diversos exercícios de expressão corporal aonde os
alunos foram convidados a dar forma aos sentimentos, exploraram a expressões de
medo, alegria, dor, insegurança, dúvida, raiva etc e através deste exercíco
concluíram que todos “sentem mais ou menos igual” ( palavras de um dos alunos da
1ª séria A – da professora Leila)
Por fim, apresentamos breves comentários a respeito das atividades
utilizadas em sala de aula que tiveram resultado positivo na aquisição do letramento.
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CAPITULO I
Sobre o teatro:
É comum ouvirmos dizer que o teatro começou na Grécia, há muitos séculos
atrás. No entanto, existem outros exemplos de manifestações teatrais
anteriores aos gregos.
• Na China antiga, o budismo usava o teatro como forma de expressão
religiosa.
• No Egito, um grande espetáculo popular contava a história da
ressurreição de Osíris e da morte de Hórus.
• Na Índia, se acredita que o teatro tenha surgido com Brama.
• E nos tempos pré-helênicos, os cretenses homenageavam seus deuses
em teatros, provavelmente construídos no século dezenove antes de
Cristo.
Através desses exemplos, pode-se perceber uma origem religiosa para as
manifestações teatrais, embora ninguém saiba ao certo como e quando surgiu
o teatro. Provavelmente nasceu junto com a curiosidade do homem, que desde
o tempo das cavernas já devia imaginar como seria ser um pássaro, ou outro
bicho qualquer. De tanto observar, ele acabou conseguindo imitar esses
bichos, para se aproximar deles sem ser visto numa caçada, por exemplo.
O próximo passo:
O homem primitivo deve ter encenado toda essa caçada para seus
companheiros das cavernas só para contar a eles como foi, já que não existia
ainda linguagem como a gente conhece hoje. Isso tudo era teatro, mas ainda
não era um espetáculo.
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Muito provavelmente, o espetáculo de teatro só foi aparecer quando os rituais
entraram em cena! Santo Teatro!
Ao contrário do que se costuma ver hoje em dia em comédias, por exemplo,
que apresentam estruturas debochadas, de riso fácil etc., o teatro nasce
sagrado. acreditava-se que, por meio de rituais (encenações), era possível
invocar aos deuses e as forças da natureza para fazer chover, tornar a terra
mais fértil e as caças mais fáceis, ou deixar os desastres naturais bem longe de
sua comunidade.
destes rituais envolviam o cantos, as danças e as encenações de histórias dos
deuses, que assim deveriam ficar felizes com a homenagem e ser bonzinhos
com os homens.
Ainda hoje, muitas espécies de teatro, especialmente no Oriente, ainda são
ligados ao sagrado, e encenam histórias de deuses há milênios, porém, foi
no ocidente, que um tipo especial de teatro surge a partir destes mesmos
rituais: o Teatro Grego.
A palavra "Teatro" significa um genero de arte e tambem uma casa, ou edifício,
em que são representados vários tipos de espetáculos. A palavra provém da
forma grega "Theatron", derivada do verbo "ver"(theaomai) e do substantivo
"vista"(thea), no sentido de panorama. Do grego, passou para o latim com a
forma de "Theatrum" e, através do latim para outras línguas, inclusive a nossa.
Porém, o teatro não é uma invenção grega, espalhada pelo resto do mundo. É
uma manifestação artística presente na cultura de muitos povos e se
desenvolveu espontaneamente em diferentes latitudes, ainda que, na maioria
dos casos, por imitação. Antes mesmo do florescimento do teatro grego na
antiguidade, a civilização egípcia tinha nas representações dramáticas uma das
expressões de sua cultura. Essas representações tiveramorigem religiosa,
sendo destinados a exaltar as principais divindades da mitologia egípcia,
principalmente Osíris e Ísis. Três mil de duzentos anos antes de cristo já
existiam tais representações teatrais. E foi do Egito que elas passaram para a
Grécia, onde o teatro teve um florescimento admirável, graças á genialidade
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dos dramaturgos gregos. Para o mundo ocidental, a grecia é considerada o
berço do teatro, ainda que a precedência seja o Egito.
No continente asiático o teatro também existia, com outras características, que
ainda hoje o singularizam. Na china, por exemplo, o teatro foi estabelecido
durante a dinastia Hsia, que se prolongou do ano 2205 ao ano 1766 antes da
era cristã. Portanto, o teatro chinês é o segundo, cronologicamente, antes
mesmo do teatro grego. Como no Egito, surgiu também com características
rituais. Mas além das celebrações de caráter religioso, passaram também a ser
evocados os êxitos militares e outros acontecimentos. Assim, as procissões e
danças foram cedendo lugar á forma dramática. A Índia começou a
desenvolver seu teatro cinco séculos antes da era cristã, depois do
aparecimento de seus poemas egípcios Mahabharata e Ramayana, que são as
grandes fontes de inspiração dos primeiros dramaturgos indianos. Países tão
distantes como a Coréia e o Japão, mesmo sem contatos com o mundo
ocidental, desenvolveram ao seu modo formas próprias de teatro a Coréia
ainda antes da era cristã e o Japão durante a Idade Média (o primeiro
dramaturgo japonês, o sacerdote Kwanamy Kiyotsugu, viveu entre os anos de
1333 e 1384 da era cristã).A origem do teatro remonta ás primeiras sociedades
primitivas que acreditavam que a dança imitativa trazia poderes sobrenaturais e
controlava os fatos necessários à sobrevivência (fertilidade da terra, casa,
sucesso nas batalhas, etc.). Estas mesmas danças eram feitas para exorcizar
os maus espíritos. Portanto, a conclusão de historiadores aponta que o teatro,
em suas origens, possuia carater ritualistico.Com o desenvolvimento do
domínio e o conhecimento do homem em relação aos fenômenos naturais, o
teatro foi aos poucos deixando suas características ritualísticas, dando lugar às
ações educativas. Ee um estagio de amior desenvolvimento, o teatro passou a
ser o lugar de representação de lendas relacionadas aos deuses e herois.O
teatro ou a arte de representar floresceu em terrenos sagrados à sombra dos
templos, de todas as crenças e em todas as épocas, na Índia, Egito, Grécia,
China, entre outras nações e nas igrejas da Idade Média. Foi a forma que o
homem descobriu para manifestar seus sentimentos de amor, dor e ódio.
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São quatro os principais gêneros dramáticos conhecidos:
• A tragédia, nascida na Grécia, segue três características: antiga, média
e nova. É a representação viva das paixões e dos interesses humanos,
tendo por fim a moralização de um povo ou de uma sociedade.
• A comédia representa os ridículos da humanidade ou os maus costumes
de uma sociedade e também segue três vertentes: a política, a
alegórica e a moral.
• A tragicomédia é a transição da comédia para o drama. Representa
personagens ilustres ou heróis, praticando atos irrisórios.
• O drama (melodrama) é representado acompanhado por música. No
palco, episódios complicados da vida humana como a dor e a tristeza
combinados com o prazer e a alegria.
O teatro, expressão das mais antigas do espírito lúdico da humanidade, é uma
arte cênica peculiar, pois embora tome quase sempre como ponto de partida
um texto literário (comédia, drama, e outros gêneros), exige uma segunda
operação artística: a transformação da literatura em espetáculo cênico e sua
transformação direta com a platéia.
Assim, por maior que seja a interdependência entre texto dramático e o
espetáculo, o ator e a cena criam uma linguagem específica e uma arte
essencialmente distinta da criação literária. A arte dos atores e do diretor de
cena não sobrevive á representação; os textos ficam.
Podemos dizer também que o teatro é a arte da transformação, sempre
modifica quem de certa forma participa ou interage com ele. Sendo como
agente construtor de personagens ou receptor dos mesmo, tem nos dias atuais
sua importância ligada a cultura e a educação de nossas crianças.
Sabemos que a teatralidade encontra-se presente em todas as esferas da vida
social. Mas o que entendemos por teatralidade?
Sem pretender aprisionar as múltiplas significações da teatralidade em um
único e exclusivo sentido, vamos pensar a teatralidade como uma modalidade
da comunicação cênica ou comunicação corporal.
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Comunicar pressupões intencionalidade por parte de quem comunica, isto e,
vontade deliberada de instaurar um processo interativo com os receptores aos
quais se destinam os enunciados ou “mensagens”.
A comunicação cênica (corporal) desempenha um importante papel em nossas
vidas.
Podemos nos perguntar: Qual o papel da comunicação cênica no nosso dia-a-
dia? O que se aprende coma prática da comunicação cênica no faz-de-conta
infantil, nos jogos teatrais e na atividade teatral de formato cênico invariante no
âmbito do ensino de arte (teatro) ao longo da escolarização?
Podemos dizer que o faz-de-conta infantil é um aspecto cotidiano da
comunicação cênica, em razão de essa brincadeira ocorrer mutio
frequentemente. Basta observarmos ao redor, com atenção, crianças
brincando. O faz-de-conta infantil é uma modalidade lúdica do agir como se
fossemos outra pessoa. Lúdica, porque desenvolvida para a obtenção
desinteressada do prazer, ou seja, sem qualquer objetivo funcional de natureza
pragmática.
Este faz-de-conta é uma brincadeira que conduz o aprendizado social e,
consequentemente, implica desenvolvimento cultural.
Ao fazer-de-conta, as crianças emprestam não apenas sentido a suas ações
corporais, mas redescobrem o significado cultural da infância e de “ser”
criança. Trata-se de uma atividade humana de construção social e conjunta de
sentidos que requer cumplicidade e cooperação, para a existência mesma da
infância.
A importância do faz-de-conta para o desenvolvimento de modos culturais de
atuação por parte das pessoas tem sido demonstrada em numerosos estudos
informados pelos saberes da psicologia e da pedagogia contemporâneas (
Japiassu 2000 e 2003).
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CAPITULO II
TEATRO E ARTETERAPIA
A Arte-Terapia é um tipo de psicoterapia que utiliza a expressão artística como
instrumento terapêutico: cantar, dançar, desenhar, pintar, esculpir, recitar,
representar e escrever são desde sempre expressões humanas primordiais.
Os diversos meios utilizados permitem ao inconsciente expressar-se e revelar
aquilo que até então não era consciente, facilitando e enriquecendo o processo
terapêutico.
Recorrer às metáforas e ao simbólico através da expressão artística permite
aos pacientes com alguma resistência a expressão verbal , uma possibilidade
de mostrarem os seus sentimentos de uma maneira alternativa e de certa
forma divertida, facilitando assim uma reparação das problemáticas.
A Arteterapia é similar aos processos terapêuticos psicanalíticos, porque em
sua metodologia utiliza-se em parte a livre associação das ideias e a expressão
espontânea.
Por esta razão,podemos associar a Arte-Terapia ao teatro, trnaformando os em
um lugar para se dar aulas, enriquecer as aulas, e transpor os obstaculos que
encontramos no decorrer do processo pedagogico.
É uma verdadeira “ferramenta” terapêutica de busca sobre si mesmo, que pode
ser praticado tanto em sessões individuais como em grupo.
A Arte-Terapia funciona em três níveis:
1º) O Lúdico
“Criar brincando e brincar criando” poderia ser o lema desse nível, que visa
fazer renascer e descobrir dentro de si a capacidade inerente de criatividade.
Tomar contacto com os próprios dons e brincar como crianças, permite-nos
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estar no “aqui e agora”.
2º) O Terapêutico
Os atos simbólicos e criativos provocam uma verdadeira libertação emocional
que age nos níveis físico, psicológico e energético. O atelier recria um espaço
de segurança, onde a pessoa se dá o direito de através do ato criativo agir em
sintonia na totalidade do seu ser. Sua ação é múltipla, permitindo entre outras
coisas, uma melhor expressão das suas emoções e sentimentos, o estímulo da
imaginação e da criatividade, o aumento da auto-estima e da confiança e
também a capacidade de expressão, que proporciona um melhor conhecimento
de nós mesmos,dos outros, das nossas limitações, e de comos supera-las.
3º) O Transformador
A arte terapêutica associa o processo de evolução psicológica com a criação
artística. Devemos então considerar que a arte e o ato criativo tomam suas
origem dentro do corpo (comparado ao magma original), como uma pulsão que
nos religa a nossa parte arcaica e a nossa dimensão universal que chamamos
de Tudo, Deus, Guia... Dentro da nossa psique, C.G Jung denominou-a de “Si
Mesmo” (ver texto C.G.Jung).
Podemos então fazer uma analogia interessante entre o ato criativo e o
processo alquímico, usando-o como uma metáfora psicológica aplicável ao ato
criativo.
A transmutação alquímica efetua-se sobre a matéria (Prima Matéria) para
se poder criar a obra (Opus), a qual passará por diversos estágios
transformadores do processo alquímico : calcinatio, solutio, coagulatio,
sublimatio, entre outros.
De um ponto de vista psicológico, podemos considerar a Prima Matéria a
nossa Sombra, onde se esconde nossas pulsões arcaicas, conflitos, medos,
complexos, etc.
A Obra (alquímica e/ou artística) encontra sua fonte dentro da Sombra
(Prima Matéria) para que seja transformada, de maneira a produzir a Obra e
alcançar aquilo a que os alquimistas chamavam de Lapis: a Pedra Filosofal.
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A Obra é de fato, todo o processo criativo de transformação para atingir a
“produção”final.
Por sua vez, a Obra Artística permite transformar nossas pulsões arcaicas e
convertê-las em materia pura. É o momento da sublimação.
Podemos concluir então, que a Obra terminada contém também a
Prima Matéria. A simultaneidade da causa e efeito encontram-se reunidos
dentro do Lapis, mas também dentro do ser que terá produzido esta Obra .
Podemos então dizer que a Arte-Terapia proporciona a Transformação.
De acordo com a abordagem Junguiana e Transpessoal , a arte permite um
contato direto com o inconsciente e o mundo dos arquétipos.
Devendo portanto ser integrada ao teatro pedagogico para atraves do ludico
induzido encontrarmos as respostas para as dificuldades de internalização de
alguns simbolos pelas crianças que não conseguiram entender o que foi
ensinado de forma tradicional, revertendo em aprendizado o que era dispersão
em sala de aula.
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CAPÍTULO III
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS E SEUS RESULTADOS
“A Arte é um meio para a liberdade, a liberação da mente humana, que é o
objetivo real e ultimo de toda educação” ( Ingrid Dormien Koudela)
Descrevemos algumas atividades que tenham feito com que os alunos
descobrissem e desenvolvessem seu senso crítico, sua iniciativa e sua criatividade,
ampliando seu repertório cultural, conhecendo diversos tipos de linguagens e
manifestações artísticas. Para que se tornem conscientes da forma estética, todos
tem de ter contato com a arte e passar a produzi-la. Aprender por meio da
experiência.
A construção de personagens a partir da realidade do aluno foi o primeiro
passo, sempre abusando do aspecto lúdico, todos foram convidados a representar
uma figura importante em suas vidas: pai, mãe, avô, professor etc...
Depois pedimos para que todos invertessem os papéis com seus pares, se
colocando no lugar do outro.
Foi trabalhado como forma de autoconhecimento o reconhecimento do
ambiente que o circunda como fonte de inspiração, tendo o teatro como uma área do
conhecimento e da sensibilização, aprimorando a observação e a criatividade de
cada um e do coletivo.
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Os alunos entraram em contato com peças do teatro amador e do
profissional, para que reconheçam nelas fontes de cultura e de lazer, para
assimilarem e transformarem tudo o que foi aprendido em criação artística.
Começou-se o trabalho com a dinâmica da historinha, realizadas em todas
as séries do ensino fundamental I. Objetivo: Treinar a memorização e atenção.
Procedimento: Todos devem estar posicionados em círculo de forma que todos
possam se ver.
O organizador da dinâmica deve ter em mãos um objeto pequeno e direcionando a
todos deve começar a história dizendo: Isto é um ..... (Ex. cavalo). Em seguida deve
passar o objeto à pessoa ao seu lado que deverá acrescentar mais uma palavra a
história sempre repetindo tudo o que já foi dito. (Ex. Isto é um cavalo de vestido...), e
assim sucessivamente até que alguém erre a ordem da história pagando assim uma
prenda a escolha do grupo.
Cria-se cada história engraçada e inicia-se um processo muito rico de criação e
socialização.
Outra atividade que fizeram em seguida foi o de desenhar sentimentos:
expressões fisionômicas (uma expressão de alegria, dor, dúvida, medo...) e em
seguida interpretar o sentimento desenhado. Isto incluía a expressão facial, corporal
e os sons.
Em seguida relacionaram esses sons as letras do alfabeto, comparando
assim os sons que cada sentimento realiza e sua forma de expressa-los também na
escrita. Por exemplo: o encontro silábico das palavras: Ai, Ui , de dor . Esta
atividade foi realizada em especial comas as primeiras séries, onde foram
trabalhados os sons das vogais, o encontro silábico, fazendo assim com que eles
compreendessem que as vogais podem compor uma palavra sem a necessidade de
consoante.
Foram trabalhados jogos dramático e outras dinâmicas como a da escultura
:Esta dinâmica estimula a expressão corporal e criatividade. Sempre divididos em
grupos os alunos devem fazer a seguinte tarefa:
Preferencialmente o professor levara varias reproduções de obras de arte de
diferentes estilos:
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Um participante trabalha como escultor, fazendo uma releitura da obra de arte
indicada ou escolhida enquanto os outro (s) ficam estátua (parados). O escultor deve
usar a criatividade de acordo com o objetivo esperado pelo Coordenador, ou seja,
pode buscar:
-estátua mais engraçada
-estátua mais criativa
-estátua mais assustadora
-estátua mais parecida com o modelo original , etc.
Quando o escultor acabar (estipulado o prazo para que todos finalizem), seu
trabalho vai ser julgado juntamente com os outros grupos. De vê revezar até todos
terem feito todos os papéis. Registra-se o resultado através de fotos, que serão
expostas posteriormente. Realiza-se após todas as apresentações uma bateria de
perguntas e repostas acerca da obra escolhida e seu estilo, o período da história
que ela representa, a opinião de cada um sobre o que foi aprendido,etc.
Depois os alunos foram levados á sala de vídeo para assistir filmes e
gravações de peças teatrais, durante quatro aulas.
Assistiram a apresentação teatral da peça A cigarra e a formiga realizada
por um grupo amador da comunidade e apresentações circenses de um grupo de
teatro local, realizadas na própria escola, durante o período de aula.
Participaram de oficinas de trabalhos manuais para que desenvolvessem
suas habilidades manuais, como a de origami, criação de bonecos de papel marchê
de construção de brinquedos com materiais reciclados.
Realizam leituras dramáticas, a partir de textos de autores consagrados da
literatura infantil. Fizeram uma releitura e escreveram uma peça teatral coletiva a
partir da experiência anterior. A experiência artística é sempre dinâmica.
Confeccionaram a indumentária e os adereços dos bonecos de fantoches
que criaram; os instrumentos musicais com material reciclado, já pensando nos sons
que fariam com seus instrumentos , na sonoplastia das suas peças teatrais.
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Elaboraram movimento corporais para dar vida aos personagens.
Conseguiram melhor domínio do espaço pessoal e global ,compartilhando o
tempo e o espaço com os demais atuantes, tanto dentro como fora do palco.
Aprenderam a utilizar a voz como recurso para a caracterização de
personagens.
Apresentaram maior domínio na utilização da leitura, escrita e da voz
(projeção, respiração, dicção, entonação)
Elaboraram textos e interpretaram-nos, dando ênfase na resolução dos
problemas diários existentes no cotidiano de cada um dos envolvidos.
Lembrando que “Teatro é a arte cuja primeira lei é a de divertir instruindo”.
Outra atividade realizada durante o processo foi o exercício coletivo de
atribuição de significado, de“leitura” do texto (Pode ser a letra de uma música já
conhecida, um conto, uma lenda do nosso folclore, uma parlenda, etc)
Nessa atividade o professor pode perceber que é possível ler antes de saber
decodificar todas as palavras, que ler é atribuir significado, e a relação do analfabeto
com a língua materna (nos alunos que ainda não se alfabetizaram) é mais ou menos
parecida com a nossa relação com um idioma desconhecido.
Assim o aluno, durante sua exploração do texto tenta encontrar a correspondência
entre a escrita e a pausa sonora dos versos (da música memorizada ). Nesta fase já
entenderam a relação som e letra (palavra).
Outra atividade realizada foi o encontro consigo mesmo, aonde os alunos
descobrem seus limites: eles são questionados sobre quanto tempo conseguem ficar
agachados sem qualquer tipo de sensação desagradável, quanto tempo conseguem
prender a respiração, quantas horas precisam dormir para conseguir descansar de
verdade e acordarem bem dispostos para mais um dia de aula; seus gostos
musicais, etc. Todos se colocam em círculo e vão relacionando suas preferências,
seus gostos, suas dúvidas e soluções. E reconhecem no outro as semelhanças
existentes.
Sentiu-se que as relações existentes entre todos os envolvidos no processo
se tornou mais humana, mais emotiva, mais amiga. Cerceada de compreensão e
25
companheirismo. As pequenas desavenças foram solucionadas através do diálogo e
da amizade. Através dos diversos jogos dramáticos os alunos foram estimulados a
usar a imaginação dramática, sendo que ela é parte fundamental do
desenvolvimento da inteligência e por isso mesmo deve ser cultivada por todos os
métodos modernos de educação. Piaget indica que o jogo está diretamente
relacionado ao desenvolvimento do pensamento na criança. Com qualquer estrutura
cognitiva (esquema) há dois processos associados : o jogo assimila a nova
experiência e, então, prossegue pelo mero prazer do domínio; a imitação, relaciona-
se com a experiência de modo a acomoda-la dentro da estrutura cognitiva – jogo
para assimilar, imitação apara acomodar.A imaginação dramática interioriza os
objetos e lhes confere significado.Pode-se ou melhor deve-se utilizar poemas e
poesias extraídas de diversos autores para dar inicio a dramatização, foi utilizada
por nós durante todo o processo de alfabetização e seu resultado foi extremamente
positivo. Alem de aumentar o interesse, dispertou a curiosidade e interesse pela
leitura. Abaixo deixamos uma poesia interessante de Orides Fontela:
Ludismo - Orides Fontela
Quebrar o brinquedo
é mais divertido.
As peças são outros jogos:
construiremos outro segredo.
Os cacos são outros reais
antes ocultos pela forma
e o jogo estraçalhado
se multiplica ao infinito
e é mais real que a integridade: mais lúcido.
Mundos frágeis adquiridos
26
no despedaçamento de um só.
E o saber do real múltiplo
e o sabor dos reais possíveis
e o livre jogo instituído
contra a limitação das coisas
contra a forma anterior do espelho
E a vertigem das novas formas
multiplicando a consciência
e a consciência que se cria
em jogos múltiplos e lúcidos
até gerar-se totalmente:
no exercício do jogo
esgotando os níveis do ser.
Quebrar o brinquedo ainda
é mais brincar.
Outros poemas podem ser utilizados, como podem ver nos anexos.
27
CAPÍTULO IV
SUGESTÕES DE ATIVIDADES
Foram utilizado sugestões do livro Jogos Teatrais na Escola de Olga Reverbel ,
Teoria e Técnica da arte-terapia de Sara Jarreau, dentre outras de dominio
popular. Vamos deixar alguma delas para que sejam utilizadas também.
Variar as técnicas de arte-terapia é muito importante: umas favorecem o modo
relacional, outras, a expressão individual, algumas apelam mais para a
imaginação, outras, mais a habiidade e a paciência, umas previlegiam a
reflexão, outras a sensorialidade. A diversidade permite uma progressão na
aprendizagem. Assim, o encontro de uma técnica mais complexa, através da
experiência de uma técnica simplificada que se assemelha a ela, favorece sua
prática. Exemplo citado por Jarreau: um “cartão” para raspar ajuda na
compreensão do trabalho da linoleogravura (Processo de gravura semelhante à
xilogravura, em que a imagem é recortada em linóleo colado em uma base de
madeira.(pt.wikipedia.org/wiki/Linoleogravura); as máscaras de papelão são
uma boa preparação para a fabricação de um fantoche de vara.
O Cartão para raspar: É uma técnica utilizada pelos grafistas ou gravadores
para realizar rapidamente esboços em preto e branco. O “efeito gravura” é
obtido sem muita dificuldade, mas trat-se de uma falsa aparência. O material
empregado é o papelão branco revestido de uma camada preta ( pode-se
utilizar o giz de cera colorido e depois o preto e/ou tinta guache), que se grava
com a ajuda de um estiliete, que faz aparecer o branco de origem.
Agora levantando as atividades utilizadas em teatrro educação sempre
começa-se com o aquecimento que pode ser numa atividade que leve de tres a
quatro minutos: peça a todos os alunos da classe que , inicialmente realizaem
corridas curtas em torno de si mesmos, o ritmo da corrida deve ser controlado
28
por um sinal previamnete combinado.Por exemplo: uma batida de tambor
significa ritmo lento, duas batidas,ritmo normal e tres batidas, ritmo acelerado.
Pode-se adequar ao som de uma musica tambem. Essse exercicios de
aquecimento visam promover o relaxamento grupal, alem de desenvolver a
espontanéidade e a descontração.
1) Atividade: O modelador
Conteudo :Expressão gestual
Objetivo:Desenvolver o relacionamento grupal através de atividades de
imaginação com contato físico
Participam dessa atividade, no máximo 20 alunos. O restante observa, e
depois é feito um rodízio.O trabalho é realizado em pares, com dois grupos de
10 alunos.
Organize os alunos dois a dois, um em frente ao outro, em duas filas
paralelas.
Após um sinal previamnte combinado, uma criança da dupla modela a
outra conforme sua vontade, como se fosse um escultor.
Depois que a modelagem dos 10 componentes de uma fila estiver pronta,
inverta os papéis dos componentes das duplas.
Pode-se usar a variante anteriormente citada, da criação de esculturas
coletivas focando a releitura de uma obra de arte.
O foco do debate será: o aluno modelado conservou a criação? Houve
entrosamento?
2) Atividade:Criando sons com harmonia
Conteúdo; Expressão verbal
29
Obetivo: Desenvolver o relacionamento através de atividades de criação e
emissão de sons.
A atividade é desnvolvida com alunos divididos em dois grupos. Um grupo
trabalha e o outro observa atentamente.
Unidos pelos ombros e mantendo os olhos fechados, os alunos do primeiro
grupo formam um círcula.
Cada um dos participantes, a um sinal combinado, começa a emitir um
som, cuja altura média deve ser sempre mantida.
Aos poucos, ouvindo-se unas aos outro, os alunos vão modificando os
sons, de modo a criar , ao final , um único e harmonioso som.
No debate, devem-se enfocar as seguintes questões: houve variedade de
sons? O grupo conseguiu um único som (uníssono)? Como podemos escrever
esses sons?
Sugere-se sempre que possível, gravar os sons para serem ouvidos pelos
alunos, durante o debate, quantas vezes forem necessárias.
Para finalizar da-se uma caneta e papel para cada um e pede-se para os
alunos escreverem os sons, as imagens os representaria e tudo que tiverem
vontade.
3) Atividade: Recitação Coral
Conteúdo: Expressão verbal
Objetivo: Desenvolver o relacionamento e o ritmo coletivo atrvés de
atividades de recitação coral.
Realize esta atividade com todos os alunos da classe. Leia em voz alta
diversas poesias ou textos para os alunos escolherem um de sua preferencia.
30
Releia o texto escolhido, pedindo as crianças que destaquem tres tipos de
elementos: movimentos de personagens, sons e objetos que neles aparecem, os
quais serão escritos na lousa, em tres colunas (gestos, sonoplastia e plástica):
GESTOS
Relacionar os tipos de
movimentos que
identificam as
personagens.
SONOPLASTIA
Relacionar os tipos
de sons.
PLÁSTICA
Relacionar os tipos de
objetos, lugares,
ambientes.
Peça aos alunos que formem quatro grupos, três dos quais devem
trabalhar com elementos relacionados com o quadr. O quarto grupo, chamado
coro, fará a leitura, com expressão e ritmo, para que os outros interpretem.
O prmeiro grupo interpretará dramaticamente cada uma das personagens,
o segundo produzirá os sonse o terceiro criará o cenário com elementos
plásticos confeccionados por eles mesmos, podendo utilizar o corpo em poses
estáticas.
Esta atividade integra os conteúdos de Portugues, Teatro, Artes Plásticas e
Música.
Um exemplo trabalhado em sala de aula:
Poema de Vinicius de Moraes: A porta
31
A porta
Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de supetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa...)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!
Elementos destacados na poesia:
GESTOS
-de menininho
SONOPLASTIA
- ranger da porta que fecha e
PLÁSTICA
-porta:pode ser feita compapelão,papel
jornal pintado ou com o corpo de dois
32
-de casal de
namorados
- de cozinheira
- de capitão
abre
-Ruído de passos de quem
entra e sai
-batidas de panelas da
cozinheira
-outros
ou mais alunos
-roupas e objetos usados pelas
personagens:panela, brinquedo, flor
para a namorada, quépi e espada do
capitão,etc.
Recomenda-se que o grupo que compõe o coral fique no fundo da sala ou
do palco, para que haja espaço para os outros grupos.
O tempo limite da atividade depende do ritmo dos quatro grupos, mas
geralmente, gastam-se 50 minutos ou uma hora-aula.Quando os alunos
considerarem que a atividade está pronta para ser apresentada para uma
platéia, na escola ou na comunidade, marca-se uma data.
4) Atividade: As Máscaras
Conteúdo: Desenvolvimento plástico das habilidades técnicas e sensíveis
Objetivos: Discutir o real, o possivel e o imaginário
Esta atividade se inicia com a confecção de máscaras de papel, que dispõe
de receitas diversas para seu preparo. Abaixo descreve-se algumas simples:
a) Mascara de argila
Materiais:
- Argila (1 kg para cada aluno)
33
- Cola a base de PVA (Tenaz)
- Vaselina (em pasta)
- Jornal cortado em tamanhos de + ou - 5x2 cm
- Vasilhame para misturar a cola (pode ser usado em grupo)
- Objetos para moldar (palito de sorvete, faca sem corte, espátula etc.)
- Massa corrida
- Lixa para massa corrida (grana 120,150 ou 200)
- Tinta: látex ou esmalte ou guache
- Madeira ou papelão para suporte
Modo de fazer:
1º dia - moldar a argila
2º dia - papelamento (colar as camadas de papel)
3º dia - passar a massa corrida
4º dia - lixar e dar o acabamento com a tinta
b) Mascara de papel simples
- Folha de sulfite
-Tesoura
-Lapis de cor ou tinta guache
-pincéis
Modo de fazer:
Dobrar a folha de sulfite ao meio
Desenhar alguns detalhes de rosto
Recortar a partir do lado aberto da folha
Deixando partes vazadas
34
Terminar fazendo o contorno sempre com a folha dobrada e após terminar o
recorte
Abri-la e pintar dando acabamento.
Após o termino da atividade plástica iniciar a utilização das máscaras entrando
na seguinte discussão: Qual a tua máscara?
O que somos o que queremos ser e que representamos para o mundo.
Tudo o que for discutido deve ser transcrito pelos alunos em papel pardo para
futuros estudos.
“Não posso estar no mundo de luvas nas mãos,
Constatando apenas.
Constatando, intervenho, educo e me educo.
Ensino porque busco,
Porque indaguei, porque indago e me indago.
Pesquiso para conhecer o que ainda não conheço
E comunicar ou anunciar a novidade.
O que me faz esperançoso
Não é tanto a certeza do achado,
Mas mover-me na busca.
Não é possível buscar sem esperança,
Nem, tampouco, na solidão.”
Paulo Freire
35
CAPÍTULO V
RESULTADOS OBTIDOS
Notamos que durante todo o processo de criação os alunos se tornaram mais
cooperativos, atenciosos, interessados em entender as limitações de cada um
dos envolvidos e realizar todas as etapas do processo de criação de forma
organizada e cooperativa. Cada descoberta era para eles motivo de uma nova
investigação, a fim de dar prosseguimento ao aprendizado, instigados pela
própria curiosidade. Um conceito importante da teoria de Vygotsky é o de Zona
de Desenvolvimento Proximal. Essa é definida como uma zona cognitiva onde
os estudantes são ainda capazes de trabalhar (solucionar problemas) se
assistidos, mas ainda não são capazes de fazê-lo sozinhos. Para vygotsky o
professor deve trabalhar na Zona de Desenvolvimento Proximal, de modo a
fazer avançar a fronteira da Zona de Desenvolvimento Real, definida como
aquela zona cognitiva onde o aluno pode trabalhar só. Como fazer isto? O
professor deve apresentar problemas que contenham elementos dentro da
Zona de Desenvolvimento Real mas que contenham também elementos da
zona cognitiva que se encontra em fase de desenvolvimento, a Zona de
Desenvolvimento Proximal. O trabalho em grupo e cooperativo entre os
estudantes mais avançados (ou o próprio professor) fará com que os alunos
avancem, transformando assim a Zona de Desenvolvimento Proximal em Zona
de Desenvolvimento Real. Isto foi feito na maior parte das atividades aqui
descritas.
Quando um dos alunos descobriu que conseguia criar diferentes sons com uma
bexiga esticada e enrolada sobre uma lata de marmelada, realizando assim
parte da sonoplastia de sua peça teatral, ele logo mostrou aos demais que se
36
sentiram instigados a complementar a descoberta, com outros instrumentos
feitos de sucata. O fato se repetiu durante todo o processo de criação e fez
com que o envolvimento fosse geral. Eles dividiram todas as informações e
descobertas no decorrer da criação, ajudando e dando opiniões sobre as
descobertas de cada um dos participantes.
Com o exercício coletivo de atribuição de significado, de“leitura” do texto (Pode
ser a letra de uma música já conhecida, um conto, uma lenda do nosso folclore,
uma parlenda, uma paródia inventada pelos próprios alunos etc)
, percebemos que é possível ler antes de saber decodificar todas as palavras,
que ler é atribuir significado, e a relação do analfabeto com a língua materna
(nos alunos que ainda não se alfabetizaram) é mais ou menos parecida com a
nossa relação com um idioma desconhecido.
Assim o aluno, durante sua exploração do texto tentou encontrar a
correspondência entre a escrita e a pausa sonora dos versos (da música
memorizada ). Nesta fase já entenderam a relação som e letra (palavra).O
progresso dos alunos foi notável.Sabemos que a aprendizagem depende de
características individuais que correspondem às experiências vividas, desde o
nascimento; o ritmo de aprendizagem que variam de acordo com a capacidade
e interesses de cada um dos alunos.
A teoria Histórico Cultural de Vygostsky aponta o respeito às individualidades,
mas destaca a contribuição do trabalho em grupo ou cooperativo no processo
ensino - aprendizagem. E foi dentro desse contexto que os alunos foram
levados a trabalhar, sempre em grupos, de forma lúdica e cooperativa.
Dividindo experiências, erros e acertos e acima de tudo respeitando as
diferentes falas de seus pares. Sentimos que gradativamente os alunos foram
se percebendo agentes do processo de construção do conhecimento através
da ampliação e recriação de suas experiências e de sua articulação com o
saber organizado e da relação da teoria com a prática.Notou-se também que
ao alunos aprenderam a utilizar a voz como recurso para a caracterização de
personagens. Apresentaram maior domínio na utilização da leitura, escrita e da
voz (projeção, respiração, dicção, entonação)Aprimoraram as possibilidades de
37
expressão corporal através da identificação das diferentes partes do
corpo.Exploraram efeitos sonoros e criaram movimentos corporais para os
mesmos. Aprenderam a localizar no tempo e no espaço o desenrolar de uma
história.
Resumindo houve aprendizado tanto da parte pedagógica como
enriquecimento cultural e o mais importante valorização das relações humanas.
38
CAPÍTULO VI
FOTOS DO PROCESSO DE CRIAÇÃO E DAS
APRESENTAÇÕES
Apresentação teatral dos alunos das 4ªs séries. Tema: lendas do nosso folclore
41
Alunos da 3ª série apresentando osinstrumentos musicais que fizeram com
sucata e “tirando um som” com os mesmos, cantando cantigas folcloricas.
43
Festa a fantasia em que os alunos foram responsáveis por toda a decoração e
pela escolha do repertório musical, refletindo o aprendizado sobre nossa
cultura.
45
CONCLUSÃO
O desenvolvimento de diferentes atividades de forma integrada, e lúdica,
apontou para algumas mudanças na forma de entendimento dos alunos, o que
pode significar a concretização do aprendizado. As práticas desenvolvidas e os
resultados obtidos mostram que é necessário integrar os conteúdos de artes a toda
forma de alfabetização, a fim de consegui enriquecer e dinamizar as atividades em
sala de aula. Chega-se a conclusão de que a partir da articulação entre os jogos
teatrais e a tarefa de alfabetizar de forma lúdica e organizada conseguiu-se um
resultado positivo na alfabetização desses alunos.
As atividades aqui descritas visam, como já foi dito, o desenvolvimento das
capacidades de expressão do aluno.
O professor poderá aplicá-las no ensino de qualquer uma das disciplinas do
currículo. Uma vez que se o aluno desenvolver suas capacidades de expressão, ou
seja, observação, percepção, expressão, espontaneidade e imaginação alem da
capacidade relacional, estará aberto a todo tipo de aprendizagem.
Sempre lembrando que o aprendizado é um processo contínuo e está
sempre em andamento mas nunca acabado.
De acordo com Koudela: “A atividade artística é periférica ao sistema escolar
e lhe é atribuída a característica de “recreação”, quando não é submetida a
exercícios de coordenação motora. Se considerarmos que o símbolo elaborado pelo
indivíduo através da imitação, do jogo, do desenho, da construção com materiais
possui significado lógico, sensorial e emocional, podemos concluir que, pelo
contrário, a educação artística constitui o próprio cerne do processo educacional”
Temos que mudar a concepção de aula, a pratica pedagógica, as estruturas
educacionais vigentes, que fragmenta o conhecer e o fazer humano em diferentes
areas do conhecimento, e as dissocia do emocional. Nós não somos seres
fragmentados, somos um todo, e assim temos que compreender os nossos alunos :
corpo, mente e alma(emocional) e trabalha-los respeitando sua totalidade e acima
de tudo fazendo uso dessa tríade para buscar neles o que está adormecido.
46
Desperta-los para o conhecimento e para o auto conhecimento, para tenham
consciência daquilo que são capazes de fazer autonomamente, daquilo em que
precisam de ajuda e ainda no que podem ajudar ao outro.
47
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 - Primeiro dia de aula: Quebrando o gelo.
Anexo 2 - Atividades utilizadas pelas professoras alfabetizadoras
48
ANEXO 1
Diário de Classe
João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em
Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana
Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala
de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora
Intersubjetiva).
Primeiro dia de aula
Quebrando o gelo...
A retomada do trabalho nas escolas segue um ritmo aparentemente comum a
quase todas as instituições que conheço. O administrativo retorna logo depois
da virada do ano para lidar com a papelada; o staff pedagógico vai voltando
aos poucos, primeiro os diretores, depois os coordenadores e orientadores,
para a composição dos planos e projetos para o novo ano que se inicia; os
professores entram na roda apenas a partir dos últimos dez dias do mês de
janeiro, para o planejamento pedagógico e reuniões com a direção.
49
Aos alunos, por sua vez, cabe o regresso apenas na semana inicial de
fevereiro. Quando entram pelas portas da escola nos dias iniciais do segundo
mês do ano já encontram a estrutura preparada para as aulas, atividades extra-
classe, projetos relativos as disciplinas, atendimento por parte da secretaria e
da coordenação/direção,...
As aulas, que representam pelo menos 90% do tempo gasto pelo aluno na
escola, devem ser, por esse motivo (entre outros), objeto de estudo,
planejamento qualificado e realização primorosa por parte dos docentes para
que a motivação seja a tônica entre os estudantes.
Quantos professores realmente se preocupam em pensar e repensar com
seriedade sua realização profissional em sala de aula de um ano para o outro?
A acomodação com as fórmulas já testadas e utilizadas anteriormente tende a
ser a prática mais comum não apenas em escolas brasileiras mas também em
muitos países do mundo todo. O exercício a ser feito, diga-se de passagem,
não deveria ser a reflexão sobre a aula apenas na passagem de um ano letivo
para o próximo e, sim, aula a aula, semana a semana, mês a mês... Somente
assim poderíamos realmente ter uma dimensão clara da efetividade e da
qualidade de nosso trabalho na educação.
Torne as reuniões de planejamento encontros que sejam realmente
produtivos e inovadores para o trabalho e a prática pedagógica.
Nesse ínterim, vale ressaltar que os resultados colhidos ao longo do ano
dependem muito da consistência da proposta pedagógica da escola, do
50
envolvimento dos educadores e da persistência em buscar e atingir os
objetivos propostos. Seriedade, embasada por critérios e diretrizes claras, sem
a mudança de regras ao longo da jornada, contando com o apoio e a
participação de todos os professores e funcionários dão a qualquer plano de
trabalho a consistência necessária para que a realização se torne um sucesso.
Os alunos percebem desde os primeiros dias de aula a seriedade da proposta
de cada professor e, a partir da prática de sala de aula, transformam a
compreensão do imediato e local para o mais amplo tanto no que se refere ao
tempo quanto ao espaço e seus protagonistas. Isso quer dizer que a visão da
escola como um todo se relaciona aos olhos dos educandos a postura e as
realizações e implementações dos educadores com os quais têm contato nas
aulas.
O sucesso na educação é decorrente, portanto, de uma construção que
acontece todos os dias no processo de ensino-aprendizagem e que exige
paciência, determinação, objetivos criteriosamente definidos, incentivo a
participação constante dos alunos, projetos instigantes que relacionem os
temas trabalhados a realidade e a conhecimentos previamente adquiridos
pelos estudantes (tanto na escola quanto na vida extra-escolar). É preciso
igualmente ter consciência de que qualquer realização, seja ela qual for (nesse
caso na educação), passará necessariamente por experiências boas e também
por outras ruins, por acertos e erros...
Use o seu conhecimento em prol do grupo.
51
Argumente e participe suas opiniões sempre tendo em
vista o crescimento e a melhoria do trabalho de todos.
E os erros devem ser entendidos como oportunidades. Nossa completude é um
sonho inconseqüente e irresponsável que cabe somente nas palavras de
nossos melhores poetas e músicos. A perfeição não deve ser o nosso objetivo
de vida e sim um horizonte que nos inspire em nossa trajetória para a obtenção
de melhores resultados na busca por um mundo melhor, mais digno, justo e de
paz.
Critique se for necessário. Pondere quando sentir que suas opiniões podem
ajudar a compor um novo cenário nos trabalhos e projetos em que estiver
envolvido. Argumente sempre tendo como matriz de seu pensamento idéias em
que realmente acredite e relativamente às quais possua informações sólidas.
Não utilize os erros dos outros para demolir suas proposições ou,
principalmente, pessoas e grupos. Chega de competição nos moldes do mais
selvagem capitalismo. O barco é o mesmo para todos e se não nos
dispusermos a ajudar uns aos outros e estimular o crescimento conjunto de
nossas instituições estamos fadados ao perecimento...
Aplauda e reconheça os méritos alheios. Participe opiniões em projetos
vitoriosos para reforçar suas bases. Disponha-se a trabalhar sempre, em
qualquer circunstância, seja ela de ventos favoráveis ou de tormentas da pior
espécie.
Numa escola ou num hospital, numa grande indústria ou num banco, em um
estabelecimento comercial ou numa fazenda, pouco importa o ramo de atuação
profissional em que se trabalhe, deve-se levar em conta que o primeiro dia é
sempre de fundamental importância para que imagens se consolidem entre os
envolvidos e permitam uma melhor (ou pior) performance de cada indivíduo e
do grupo como um todo.
52
O capitão e os marinheiros somente sobrevivem ao mar quando
atuam de forma harmônica, estabelecendo um ambiente de intercâmbio,
troca, compreensão e auxílio. Numa sala de aula não é diferente...
Como a escola tem como base e firmamento a sala de aula, logo se estabelece
que é nesse espaço que se ganha ou que se perde o jogo. E nesse sentido
vale destacar que o capitão do barco é o professor e os marujos são os
estudantes. Todos sabem e reconhecem que o conhecimento mais amplo
sobre a embarcação e também sobre as técnicas náuticas pertence ao
experiente capitão (professor). Todos também reconhecem que o navio só
conseguirá navegar e atingir os portos nos quais deseja chegar a partir da ação
dos marinheiros (alunos).
Se o contato inicial desse capitão com sua tripulação não for bom o que se
poderá esperar para as viagens futuras da referida embarcação? Deve ficar
claro para todos que não há estabilidade plena nos oceanos pelos quais todos
irão navegar. Um dia pode ser de tormenta e o outro pode ser de total
calmaria...
Nesse sentido é preciso sempre quebrar o gelo entre professores e alunos na
aula inicial deixando claros alguns limites e estabelecendo canais de
comunicação constantes entre o capitão e os marinheiros. Conheço
professores que afirmam categoricamente que na primeira aula devem-se
mostrar os dentes e dizer com clareza quem manda nesse espaço coletivo
chamado sala de aula; a outros que pretendem ser muito “chegados” dos
53
estudantes... Discordo totalmente dessas iniciativas. Nem tanto ao sol, nem
tanto a lua...
Creio que aos estudantes devem ser apresentadas idéias importantes quanto
ao curso, às avaliações, a disciplina, os projetos, a pessoa do educador, a
instituição e também relativas ao conteúdo. Deve-se falar e escutar. Abrir
espaço para apresentações, dúvidas, troca de idéias, sugestões e apreciações
dos estudantes quanto ao curso, à escola e mesmo quanto às propostas do
professor.
Estabeleça o diálogo com os colegas e os estudantes. Fale e escute.
Aprenda a anotar as sugestões interessantes para poder implementá-las
posteriormente. Cresça em conjunto com seus pares no trabalho.
E não é só escutar. Ao professor cabe anotar as boas idéias e se mostrar
disposto a pensar e eventualmente aplicar algumas dessas contribuições
obtidas no contato com seus estudantes. Isso dá credibilidade ao curso e ao
docente, estabelece uma comunicação que aproxima todos os presentes e
ainda permite implementar o curso a partir da visão de quem está num outro
importante papel, o de educandos.
E para melhorar ainda mais esse contato inicial e evitar os já habituais e
exauridos modelos de apresentação formal dos estudantes e do próprio
docente, que tal variar a fórmula e procurar incrementar a mesma adicionando
elementos culturais, esportivos, geográficos, históricos, literários, artísticos ou
54
científicos a esse exercício básico de toda a primeira aula do ano? Como? Que
tal usar a imaginação...
Por exemplo, uma possibilidade seria trabalhar com trechos de músicas
conhecidas (uns vinte ou trinta, de acordo com a quantidade de alunos de cada
sala) que seriam disponibilizados para todos os estudantes. A cada um deles
poderia ser pedido que escolhesse um daqueles trechos para falar de si
mesmo. Alunos que selecionassem o mesmo trecho se reuniriam num mesmo
grupo e trocariam informações sobre eles mesmos com os colegas e depois
seriam apresentados por outras pessoas do grupo...
Outra alternativa seria a utilização de fotografias de personalidades da ciência,
das artes ou dos esportes. Caberia aos alunos se agruparem de acordo com
um sorteio ou pela preferência individual tendo uma dessas personalidades
como base para uma conversa. Nesse bate-papo eles deveriam enumerar as
qualidades do sujeito e, a partir de uma lista concebida pelo grupo, deveriam
falar sobre si mesmos para o restante da turma.
Ainda a título de sugestão caberia por exemplo selecionar livros conhecidos do
público-alvo de alunos e colocá-los em contato com os mesmos para que todos
aqueles que já tivessem lido um determinado título pudessem se reunir para
falar sobre a obra, o autor, a trama, os personagens e, com base no que
conversaram sobre o livro, viessem a falar sobre as pessoas do grupo traçando
paralelos com a trama do livro, os personagens, o autor,...
Há inúmeras outras alternativas que poderiam ser criadas. Todas demandam
tempo de planejamento e criatividade. Libertem-se de suas amarras e mãos a
obra para a concepção de uma alternativa que viabilize um começo de ano e
de trabalho promissor para suas aulas e sua escola. Bom retorno a sala de
aula!
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55
ANEXO 2
Retirado de sites da internet como o Picasa e Klickeducação, e trabalhando em
forma de dramatização em sala de aula para fins de percepção de sons e
alfabetização coletivamente.
A ARCA DE NOÉ VINÍCIUS DE MORAES - TOQUINHO
SETE EM CORES, DE REPENTE O ARCO-ÍRIS SE DESATA
NA ÁGUA LÍMPIDA E CONTENTE DO RIBEIRINHO DA MATA.
O SOL, AO VÉU TRANSPARENTE DA CHUVA DE OURO E DE PRATA RESPLANDECE RESPLENDENTE
NO CÉU, NO CHÃO, NA CASCATA.
E ABRE-SE A PORTA DA ARCA LENTAMENTE SURGEM FRANCAS
A ALEGRIA E AS BARBAS BRANCAS DO PRUDENTE PATRIARCA.
VENDO AO LONGE AQUELA SERRA E AS PLANÍCIES TÃO VERDINHAS
DIZ NOÉ: QUE BOA TERRA PRA PLANTAR AS MINHAS VINHAS.
56
ORA VAI, NA PORTA ABERTA
DE REPENTE, VACILANTE SURGE LENTA, LONGA E INCERTA
UMA TROMBA DE ELEFANTE.
E DE DENTRO DO BURACO DE UMA JANELA APARECE
UMA CARA DE MACACO QUE ESPIA E DESAPARECE.
"OS BOSQUES SÃO TODOS MEUS!"
RUGE SOBERBO O LEÃO "TAMBÉM SOU FILHO DE DEUS!"
UM PROTESTA; E O TIGRE — "NÃO!"
A ARCA DESCONJUNTADA PARECE QUE VAI RUIR
AOS PULOS DA BICHARADA TODA QUERENDO SAIR.
AFINAL COM MUITO CUSTO
EM LONGA FILA, AOS CASAIS UNS COM RAIVA, OUTROS COM SUSTO
VÃO SAINDO OS ANIMAIS.
OS MAIORES VÊM À FRENTE TRAZENDO A CABEÇA ERGUIDA E OS FRACOS, HUMILDEMENTE
VÊM ATRÁS, COMO NA VIDA.
LONGE O ARCO-ÍRIS SE ESVAI E DESDE QUE HOUVE ESSA HISTÓRIA
QUANDO O VÉU DA NOITE CAI ERGUEM-SE OS ASTROS EM GLÓRIA
ENCHEM O CÉU DE SEUS CAPRICHOS.
EM MEIO À NOITE CALADA OUVE-SE A FALA DOS BICHOS
NA TERRA REPOVOADA.
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O PATO VINÍCIUS DE MORAES/ TOQUINHO
LÁ VEM O PATO PATA AQUI, PATA ACOLÁ
LA VEM O PATO PARA VER O QUE É QUE HÁ.
O PATO PATETA
PINTOU O CANECO SURROU A GALINHA BATEU NO MARRECO PULOU DO POLEIRO NO PÉ DO CAVALO LEVOU UM COICE CRIOU UM GALO
COMEU UM PEDAÇO DE JENIPAPO
FICOU ENGASGADO COM DOR NO PAPO
CAIU NO POÇO QUEBROU A TIGELA
TANTAS FEZ O MOÇO QUE FOI PRA PANELA.
CORUJINHA
VINÍCIUS DE MORAES/ TOQUINHO
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CORUJINHA, CORUJINHA QUE PENINHA DE VOCÊ
FICA TODA ENCOLHIDINHA SEMPRE OLHANDO NÃO SEI QUE
O TEU CANTO DE REPENTE FAZ A GENTE ESTREMECER
CORUJINHA, POBREZINHA TODO MUNDO QUE TE VÊ
DIZ ASSIM, AH! COITADINHA QUE FEINHA QUE É VOCÊ
QUANDO A NOITE VEM CHEGANDO
CHEGA O TEU AMANHECER E SE O SOL VEM DESPONTANDO
VAIS VOANDO TE ESCONDER HOJE EM DIA ANDAS VAIDOSA
ORGULHOSA COM QUÊ TODA NOITE TUA CARINHA
APARECE NA TV CORUJINHA, CORUJINHA QUE FEINHA QUE É VOCÊ!
A FOCA
VINÍCIUS DE MORAES/ TOQUINHO
QUER VER A FOCA FICAR FELIZ?
É POR UMA BOLA NO SEU NARIZ.
QUER VER A FOCA BATER PALMINHA?
É DAR A ELA UMA SARDINHA.
QUER VER A FOCA
COMPRAR UMA BRIGA? É ESPETAR ELA
NA BARRIGA!
LÁ VAI A FOCA
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TODA ARRUMADA DANÇAR NO CIRCO
PRA GARATODA.
LÁ VAI A FOCA SUBINDO A ESCADA DEPOIS DESCENDO DESENGONÇADA.
QUANTO TRABALHA A COITADINHA PRA GARANTIR SUA SARDINHA.
AS ABELHAS
VINÍCIUS DE MORAES/ BACALOV
A AAAAAAABELHA MESTRA E AAAAAAAS ABELHINHAS
ESTÃO TOOOOOOODAS PRONTINHAS PRA IIIIIIIR PARA A FESTA.
NUM ZUNE QUE ZUNE LÁ VÃO PRO JARDIM
BRINCAR COM A CRAVINA VALSAR COM O JASMIM.
DA ROSA PRO CRAVO DO CRAVO PRA ROSA DA ROSA PRO FAVO
E DE VOLTA PRA ROSA.
VENHAM VER COMO DÃO MEL AS ABELHAS DO CÉU.
A ABELHA RAINHA
ESTÁ SEMPRE CANSADA ENGORDA A PANCINHA E NÃO FAZ MAIS NADA
NUM ZUNE QUE ZUNE LÁ VÃO PRO JARDIM
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BRINCAR COM A CRAVINA VALSAR COM O JASMIM.
DA ROSA PRO CRAVO DO CRAVO PRA ROSA DA ROSA PRO FAVO
E DE VOLTA PRA ROSA.
VENHAM VER COMO DÃO MEL AS ABELHAS DO CÉU.
A PULGA VINÍCIUS DE MORAES
UM, DOIS, TRÊS QUATRO, CINCO, SEIS COM MAIS PULINHO
ESTOU NA PERNA DO FREGUÊS
UM, DOIS, TRÊS QUATRO, CINCO, SEIS
COM MAIS UMA MORDINHA COITADINHO DO FREGUÊS
UM, DOIS, TRÊS
QUATRO, CINCO, SEIS TÔ DE BARRIGUINHA CHEIA
TCHAU GOOD BYE
AUF WEDERSEHEN
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A CASA
VINÍCIUS DE MORAES
ERA UMA CASA MUITO ENGRAÇADA
NÃO TINHA TETO NÃO TINHA NADA NINGUÉM PODIA
ENTRAR NELA NÃO PORQUE NA CASA NÃO TINHA CHÃO NINGUÉM PODIA
DORMIR NA REDE PORQUE NA CASA
NÃO TINHA PAREDE NINGUÉM PODIA
FAZER PIPI PORQUE PENICO NÃO TINHA ALI
MAS ERA FEITA
COM MUITO ESMERO NA RUA DOS BOBOS
NÚMERO ZERO
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BIBLIOGRAFIA
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PAULO; Cosac Naify: Rio de Janeiro: 7 Letras, 2006 (Coleção Às de colete;v. 12);
376 p
- KOUDELA, Ingrid Dormien. JOGOS TEATRAIS – São Paulo: Editora
Perspectiva, 1984.
- LUCKESI, Cipriano Carlos. Educação, ludicidade e prevenção das
neuroses futuras: uma proposta pedagógica a partir da Biossíntese. In:
LUCKESI, Cipriano Carlos (org.) Ludopedagogia - Ensaios 1: Educação e
Ludicidade. Salvador: Gepel, 2000
- JARREAU, Sara Pain Gladys. Teoria e Técnica da arte-terapia. Porto
Alegre, artes Médicas,1996
- OLIVEIRA, MARTA K. DE. VYGOTSKY: APRENDIZADO E
DESENVOLVIMENTO; UM PROCESSO SÓCIO-HISTÓRICO. 4. ED. SÃO PAULO:
SCIPIONE,1997.
- PIAGET, Jean. - A Educação artística e a Psicologia da Criança”
Revista de Pedagogia, jan.-jul., 1966, ano XII, vol. XII, nº 31, pp. 137-139.
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- Blog da Psicologia da Educação: http://www6.ufrgs.br/psicoeduc/
- http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/historia-do-teatro/historia-do-
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- http://www.notapositiva.com/trab_professores/textos_apoio/psicologia/t
eoriaspiagetvygostsky.ht
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- Coleção Folclore em Atividades. Edições Sabida.
- Coleção Folclore, Contos e Cantos. Brasilleitura . Todolivro ltda.
- DVD: Lá vem história. 20 histórias do Folclore Brasileiro, com Bia
Bedran – Cultura Marcas.
- DVD: Música do Brasil, com Gilberto Gil. Giros-
- .Livros de Alfabetização e apostilas do curso Arteteapia em Educação –
do projeto A Vez do Mestre- UCAM
- Sites da internet: www.novaescola.com.br , www.kliceducacao.com.br ,
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
INTRODUÇÃO 11
CAPITULO I – Sobre o teatro 13
CAPITULO II – Teatro e Arteterapia 18
CAPÍTULO III - Atividades desenvolvidas e seus resultados 21
CAPÍTULO IV - Sugestões de atividades 27
CAPÍTULO V - Resultados Obtidos 35
CAPÍTULO VI - Fotos do processo de criação e apresentações 38
CONCLUSÃO 45
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