universidade candido mendes pÓs-graduaÇÃo lato … · liderança, alguma noção da língua...
Post on 03-Dec-2018
212 Views
Preview:
TRANSCRIPT
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SUPERVISOR ESCOLAR: VILÃO DO PASSADO OU HERÓI DA
ATUALIDADE
Por: Williams Matias
Orientador
Profª. Maria Esther Araújo Oliveira
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
SUPERVISOR ESCOLAR: VILÃO DO PASSADO OU HERÓI DA
ATUALIDADE
Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do
Mestre – Universidade Candido Mendes como
requisito parcial para obtenção do grau de
especialista em Administração e Supervisão escolar
Por: Williams Matias
3
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, todo poderoso
e criador de todas as coisas, a Simone
Vasconcelos, dedicada, amiga e
solidária companheira de trabalho no
cotidiano escolar que durante todo o
curso me abençoou com a sua
providencial carona. As colegas de
turma: Vera Caetano, Nilda Negreiros
e
Tainara Costa, com as quais formamos
uma excelente panelinha nos trabalhos
acadêmicos. Adoro vocês!
4
DEDICATÓRIA
A minha esposa Mônica que sempre me
incentivou e me apoiou em todas as
etapas de nossa vida conjugal, as minhas
lindas filhas Renata e Mariana, por me
darem todo amor e carinho que um pai
pode ter como motivação para seguir
sempre em frente. Amo muito vocês!
5
RESUMO
O trabalho de pesquisa em questão, apresentado no curso de pós-
graduação Lato Sensu em Administração e Supervisão Escolar da
Universidade Candido Mendes, objetiva fazer registro das atribuições do
Supervisor Educacional praticadas no passado ate os dias atuais, ressaltando
a sua importância como profissional de Supervisão, suas denominações e
ações ao longo dos anos, desde o caráter controlador e fiscalizador assumido
com a disposição de servir à realidade político-econômico-social da época até
o caráter de mediador e relevante para o desenvolvimento de um processo
educativo eficaz, atualizado e coerente com as exigências, necessidades e
anseios dos alunos frente ao novo período da história na qual está vivendo e
que lhe exige transformar-se em um ser ativo, reflexivo, atualizado, conhecedor
e eficiente para suprir a demanda de habilidades e competências obrigatórias
para o mercado atual. Os dados bibliográficos foram buscados em diversos
autores, a exemplo de Rangel, Libâneo, Medina, Saviani, Lima, entre outros.
6
METODOLOGIA
Para que este trabalho de pesquisa monográfica fosse elaborado, foi
utilizada a pesquisa bibliográfica, a qual diversos autores renomados da área
de educação tiveram suas obras citadas como fontes enriquecedoras de
consultas, sendo fundamentais para construção e desenvolvimento do assunto
abordado, implementado por suas visões, perspectivas e direcionamentos que
norteiam o inicio das ações do Supervisor Escolar no passado, suas
transformações e mudanças, ate a postura atual e moderna de uma forma
clara e ampla.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Histórico da Supervisão Educacional 10
CAPÍTULO II - Supervisor Escolar: Perfil da profissão 17
CAPÍTULO III - Contexto educacional de supervisão na atualidade
24
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA 32
ÍNDICE 34
8
INTRODUÇÃO
Este trabalho de pesquisa bibliográfica cujo tema é: “Supervisor
Escolar: Vilão do passado ou herói da atualidade”, se faz referente ao papel do
Supervisor Escolar do ontem ao hoje, isto é, ressaltando a sua importância e
transformações de conduta profissional ao longo dos tempos, através da
análise da práxis supervisora, das teorias relacionadas à evolução da
Supervisão Educacional e dos paradigmas norteadores da ação supervisora.
O papel do Supervisor Educacional já passou por muitos caminhos,
com ações questionadas e criticadas, mas com uma contribuição específica
importante a dar no processo educativo. Ao longo dos tempos, muitas são as
pesquisas que levam a refletir sobre este tema e a sua trajetória histórica.
Considerando a importância da função do Supervisor Educacional na
Escola, onde desempenha o papel de agregador e mediador, somado a
necessidade de se pensar em um trabalho dentro de uma perspectiva
dialógica, além de que muitas são as teorias relacionadas à evolução da
Supervisão Educacional e a existência dos paradigmas norteadores da ação
supervisora na escola. Atualmente, é importante apurar, de forma teórica e
real, qual a verdadeira importância desse serviço em relação ao
aproveitamento Escolar / aprendizagem efetiva do aluno, através do agir
supervisor diretamente voltado ao trabalho docente, uma vez que é o professor
quem está mais intimamente ligado e imbuído do processo ensino-
aprendizagem orientado aos educandos.
O presente trabalho objetiva: registrar o papel do supervisor
relacionado à evolução da Supervisão Educacional; ressaltar a importância da
função/atribuições do Supervisor Educacional, na Escola, e os principais
paradigmas educacionais norteadores da ação supervisora no passado até os
dias atuais.
9 A pesquisa realizada caracterizou-se como bibliográfica, uma vez que
foram buscados dados em diversos autores. Assim, esta exposição
monográfica apresenta-se estruturada em três capítulos, que inserem os
principais enfoques do mesmo: Histórico da Supervisão Educacional (no
primeiro capítulo); Supervisor Escolar: Perfil da profissão (no segundo capítulo)
e contexto educacional de supervisão na atualidade (terceiro capítulo).
CAPÍTULO I
HISTÓRICO DA SUPERVISÃO EDUCACIONAL
10
Embora o período histórico atual seja demarcado pela era da
globalização e da supremacia da informática e da tecnologia, como a indicar
um Terceiro Milênio próspero e valorativo da capacidade humana para
produzir, a sociedade brasileira tem enfrentado muitas crises, pois cada vez
mais os bens culturais e econômicos são distribuídos desigualmente, não
havendo emprego para todos, o que se agrava pela situação conflitante entre a
necessidade da produção do capital e as necessidades humanas manifestas,
principalmente por aqueles que pouca ou nenhuma oportunidade tiveram ou
têm de habilitarem-se para o mundo do trabalho exigente e competitivo que aí
está. Todos estes conflitos vividos pelas famílias acabam se fazendo presentes
na escola, na sala de aula e os professores sentem-se despreparados para
lidar com esses aspectos e, até, para atender às exigências dos alunos, que
estão mais ativos e ávidos por uma formação escolar mais significativa e
prazerosa, ao mesmo tempo.
Numa visão neo-liberal, a cobrança da sociedade e do mercado
de trabalho é que as pessoas desenvolvam “competências”, que sejam
competitivas, que aprendam a aprender e que superem, com conhecimentos
teórico e prático sólidos, os problemas que surgem no dia-a-dia, nos contextos
na qual se inserem. As contribuições da Escola para a superação dos
problemas da sociedade estão no significado das ações de seus profissionais:
Direção, Supervisão Educacional, Orientação Educacional, professores e
funcionários, em parceria com os alunos, pais e comunidade escolar, visando
uma qualificada apropriação do conhecimento pelo aluno e a formação de
competências, a fim de que se torne consciente das condições reais e
objetivas do processo ensino-aprendizagem e este sirva a capacitar o aluno e
cidadão para interferir na sociedade, no mundo do trabalho, nas interações
sociais, qualificando sua vivência em comunidade. Neste contexto, além dos
demais profissionais da educação, está o Supervisor Educacional como um
dos principais agentes para que se concretize uma educação capaz de
contribuir com o aluno, como elemento essencial para interferir na realidade da
sociedade demarcada pelos tempos atuais. Assim, é importante proporcionar
11conhecimentos específicos acerca da história, do sentido da função, do perfil,
atribuições, níveis de atuação e os desafios que permeiam a ação do
Supervisor Educacional na escola, para que se possa compreender sua
preciosa contribuição na formação integral do aluno/cidadão.
A idéia de supervisão nasceu com o processo de industrialização,
como conceito de adestramento de técnicas para indústria e comércio que se
estendeu, tempos depois, ao campo dos esportes, à área militar, política,
educacional, entre outras instâncias sociais, sempre com o objetivo da
obtenção de resultados satisfatórios. Durante o século XVIII e início do século
XIX, a supervisão ocupou o espaço da inspeção, cujo foco direcionava-se à
repressão, checagem e monitoramento de ações. Em Cincinnatti (1841),
concebeu-se a idéia da supervisão voltada para o ensino, e até 1875, a
supervisão dedicava-se à verificação das atividades docentes (Lima, 2002).
Ainda segundo o autor, no início do séc. XX, a supervisão buscou
padrões de comportamento definidos e critérios de rendimento escolar, com
vistas a eficiência do ensino. Foram utilizados conhecimentos científicos, na
busca de melhorias de ensino e na mensuração de resultados de
aprendizagem. Em 1925, percebia-se a influencia das ciências do
comportamento na supervisão. Ressalta-se a adoção de princípios
democráticos nas instituições de ensino, tornado-se a figura do supervisor
enquanto um líder democrático. Em 1930 a supervisão adquire caráter de
liderança e valorização de grupos na tomada de decisões. Em 1960 a
supervisão voltou-se para o currículo, com destaque para pesquisa na busca
de soluções de melhoria de ensino.
A supervisão, no Brasil, surgiu com a Reforma Francisco Campos,
não mais sendo considerada por seu caráter de fiscalização, mas adotando a
nova face de supervisão, sob o Decreto-Lei 18.890 de 18/04/1931;
Quanto à Lei Orgânica de Ensino Secundário, Decreto-Lei de 4.244 de
09/04/1942, esta dizia, no seu artigo 75, parágrafo 1°, que a inspeção seria
feita segundo a vertente administrativa, porém com o caráter de orientação
pedagógica, aplicado a atividades de inspeção.
12 O trabalho de supervisão continuou, a partir da criação da
Campanha de Aperfeiçoamento e difusão do Ensino Secundário (Cades), por
meio do Decreto-Lei 34.638 de 14/11/1953, transformando-se numa moderna
aliança entre Brasil e EUA, cuja finalidade era a melhoria da qualidade do
ensino, utilizando-se para tanto o treinamento de recursos humanos, bem
como fazendo-se a oferta aos inspetores de subsídios para a formação e a
fundamentação de seu trabalho nas escolas, enfatizando-se sempre o caráter
pedagógico de sua área (LIMA, p.71).
Para Rangel, 2001, a falta de profissionais qualificados em
Supervisão Educacional fez com que, em 1958, após a 2ª. Guerra Mundial, um
grupo de professores selecionados em ambiente escolar, por seu espírito de
liderança, alguma noção da língua inglesa e competência profissional, fossem
enviados ao Programa de Assistência Brasileira Americana ao Ensino
Elementar – PABAEE – para especialização. Este grupo introduziria para os
demais colegas suas novas técnicas e percepções. Verificando no contexto
histórico, esta atitude norte americana já havia sido utilizada na Grécia Antiga
onde treinava seus estudantes para obterem o controle de seus alunos. Na
Idade Média, o governo enviava às escolas um professor controlador, a fim de
desenvolver aspectos morais e religiosos da instituição com objetivo de manter
sob vigia todo o processo educacional e sua forma de transmissão. Eles
acreditavam que, com esta atitude, a supervisão escolar teria garantido sua
execução de aprendizado.O governo norte-americano iniciou este programa de
assistência técnica nos países pouco desenvolvidos, em especial aos da
América Latina, através de vários acordos com os diferentes segmentos da
sociedade, inserindo o Brasil no contexto internacional das ideologias liberais.
Este programa tinha alguns objetivos básicos em sua implantação, como criar
e adaptar material didático e equipamentos conforme a realidade escolar em
que atua. Conclui-se que a origem da Supervisão Educacional no Brasil é o
produto da assistência técnica norte-americana prestada aos países da
América Latina, com o objetivo de mudar a mentalidade para se alcançar um
nível de vida mais sadio e economicamente produtivo. Com isto, na década de
70 foram surgindo associações de Supervisão Educacional no Brasil, a
13ASSERS (Associação dos Supervisores Escolares do Rio Grande do Sul) foi
pioneira, junto com a ASSEP (Associação dos Supervisores do Estado do
Pará), onde o supervisor passou a ser chamado por diversas denominações -
Supervisores Escolares, Supervisores Pedagógicos, Supervisores de Ensino,
Supervisores de Educação ou Supervisores Educacionais.
Neste caso, Nogueira 2000, justifica que os Supervisores
Educacionais, através de suas associações, somando acertos e erros, vão
caminhando na busca de serem e de se fazerem sujeitos do seu processo
histórico.
De acordo com Lima, 2002, partir da Lei de Diretrizes e Bases
da Educação (LDB), Lei 4.024 de 20/12/196, houve a renovação no campo da
inspeção voltada para o Ensino Primário, onde se lê, no artigo 52, referências
à formação de inspetores para este nível. O texto enfatiza o papel do curso
normal na formação de professores, orientadores, supervisores e
administradores escolares, bem como o desenvolvimento de técnicas
relacionadas à educação de crianças. Ressalte-se que a promulgação da Lei
4.024/61 estabeleceu a responsabilidade dos governos municipal, estadual e
federal a tarefa de assumir a execução dos serviços ligados à educação. Ao
Governo Federal caberia definir as metas a serem alcançadas pelo país, assim
como empreender ações de suprir deficiências regionais, dando suporte
financeiro e assistência técnica, ocorre, pois, a partir de então, neste período
de nossa história, um processo de descentralização administrativa corroborada
pela LDB de então, onde os Estados passaram a ter a incumbência de
organizar os serviços referentes ao Ensino Fundamental e Médio daquela
época. Quanto à Reforma do Ensino Universitária no Brasil de 1968, esta
ocorreria em meio a tensões políticas, sociais e econômicas dos anos que a
antecederam, uma vez que os movimentos estudantis que culminavam com os
debates universitários pressionaram o governo a buscar soluções para os
problemas educacionais.
É importante salientar neste contexto, que a Supervisão
Educacional vai acompanhando as mudanças no momento político e social do
país, ora com maiores participações, ora de forma reprimida ou silenciosa. A
14reforma do Curso Superior – Lei n. 5.540/68 – ao instituir, dentre outras
habilitações, a de supervisor escolar na graduação, consolidou a presença da
supervisão no contexto educacional brasileiro, ampliou seu campo de atuação
para todo o ensino de 1.° e 2.° graus e, pelo Currículo proposto – obrigatório -,
garantiu a continuidade da formação conservadora a ser dada a tal
profissional, dentro da visão tecnicista da educação, sempre acompanhando o
modelo econômico vigente (MEDINA, 2002).
A partir de 1975, a supervisão adquiriu relevantes contornos, por
conta da fusão da Guanabara e do Estado do Rio de Janeiro. Houve, a partir
de então, a busca deste Estado se tornar uma “comunidade educativa” de
cunho permanente. O papel da escola neste período seria o de atingir a toda a
comunidade, tornando-se uma entidade viva; os Centros Regionais de
Educação, Cultura e Trabalho e Núcleos Comunitários se constituíram parte do
projeto da cidade educativa. Ao supervisor, único profissional técnico a ter
acesso aos níveis regionais e locais, neste momento, caberia levar as
informações de seu núcleo à Secretaria de Educação e desta para o núcleo. A
supervisão foi estruturada em três níveis: central, regional e local (Rio de
Janeiro), sob esta face, a supervisão foi tomada como a busca da eficiência
em educar, a certeza da produtividade do trabalho docente e a garantia de
uma assistência técnica que assegurasse a sua função de reprodutora de
sociedade capitalista. Desenvolveu-se, pois, a visão funcionalista da
supervisão, com ênfase em três etapas: o de “como fazer”, sem se observar o
fim, o de como se imaginou o controle da ação pedagógica docente como
garantia da qualidade do ensino e a imposição da ideologia dominante, por
meio de livros didáticos, métodos e técnicas de ensino. A despeito de tudo
aquilo que foi dito, a supervisão tem como função encaminhar o trabalho
pedagógico sob uma nova concepção, a de que a supervisão pode usar a
técnica, sem incorrer no tecnicismo, a supervisão entra na década de 90,
auxiliando na promoção e coordenação de trabalhos nos quais toda a
comunidade esteja envolvida. A partir da implantação dos Parâmetros
Curriculares Nacionais (PCN) e do desenvolvimento do Projeto Político
Pedagógico construído por toda a escola, que conta, também, com a
15participação da comunidade, o supervisor poderá tecer um olhar avaliativo
sobre os PCN, auxiliando melhor seus professores, e por fim, participando,
cooperando, integrando e flexibilizando seu trabalho, a fim de tornar-se um
interlocutor de todas as faces da escola (LIMA, 2002).
O conceito e a ação supervisora sofreram singular evolução ao
longo dos anos, até chegar à atual consideração. Pode-se dizer que as fases
distintas que orientaram o trabalho do Supervisor Educacional o fez conduzir
suas inferências na Escola, no sistema educacional e junto ao professor sob a
forma de distintas concepções: fiscalizadora, construtiva e criativa, conforme
Nérici (1973). A fase fiscalizadora foi a primeira a se confundir com inspeção
Escolar, interessada mais no cumprimento das leis de ensino, condições do
prédio, situação legal dos professores, cumprimento de datas e prazos de atos
Escolares, como provas, transferências, matrículas, férias, documentação dos
educandos, e outros. (NÉRICI, 1973, p. 30-31).
Esta modalidade de Supervisão (também considerada inspeção
Escolar) seguia padrões rígidos, inflexíveis e padrão para todo o país, não
havendo consideração para as peculiaridades e necessidades de cada região
do Brasil e muito menos as diferenças individuais dos educandos. Sobre a
segunda fase destacada por Nérici (1973, p. 31): A fase construtiva ou de
supervisão orientada, a segunda na evolução do conceito de supervisão
Escolar, é a que reconhece a necessidade de melhorar a atuação dos
professores. Os inspetores Escolares, então, passaram a promover cursos de
aperfeiçoamento e atualização dos professores. O Supervisor Escolar deste
período era imbuído e responsabilizado por examinar as falhas na atuação dos
professores e essas falhas serviram como motivo para a realização de
trabalhos e estudos visando à remoção e à solução das mesmas. A concepção
que orientou a terceira fase, a criativa – também reconhecida como a atual – é
aquela em que a Supervisão Educacional se separa da inspeção para montar
um serviço que tenha em mira o aperfeiçoamento de todo o processo ensino-
aprendizagem, envolvendo todas as pessoas implicadas no mesmo, em
sentido de trabalho cooperativo e democrático. Daí o surgimento da
caracterização de Supervisão Educacional “Autocrática” ou “Democrática”,
16conforme Nérici (1973), na qual: A supervisão Escolar autocrática é a que
enfatiza a autoridade do supervisor, que é quem tudo prevê e providencia para
o funcionamento da ação da Escola. A supervisão se enfeixa nas mãos do
supervisor, de quem emanam todas as ordens, sugestões e direções para a
melhoria do processo de ensino. A atuação democrática do supervisor, pelo
contrário, modifica o panorama sombrio antes caracterizado, criando um
ambiente de compreensão, liberdade, respeito e criatividade que muito facilita
o trabalho da supervisão Escolar e do professor, conseqüentemente. Por isso
justifica-se considerar que a Supervisão Educacional, hoje, urge ser criativa,
democrática, inovadora, compartilhada e atualizada, a fim de romper com
paradigmas e ações fiscalizadoras, autoritárias, alienantes e conservadoras.
17
CAPÍTULO II
SUPERVISOR ESCOLAR: PERFIL DA PROFISSÃO
A escola é o local de trabalho onde se ensina e se aprende,
onde suas conquistas não dependem só de conteúdos, métodos e técnicas,
mas também, da troca de experiências com funções especificas. O Supervisor
Educacional tem uma contribuição importante a dar no processo de
aprendizagem, sendo ele um agente transformador comprometido com sua
formação, capaz de interferir construtivamente na área que atua. Entre muitas
características que o Supervisor Escolar precisa apresentar ou desenvolver no
exercício da profissão, vale cita-lo como alguém que vê, olha, contempla,
consciente, acordado, atento. A visão, porém, se dá numa amplidão de
horizontes que apanha toda a circunstância educativa.
Supervisionar implica, portanto, numa posição que possibilite a
compreensão de uma abrangência que alcance a realidade educativa global. O
profissional se constitui pela sua forma de agir, portanto, o agir determina o
ser, pois é na ação concreta que se pode vislumbrar a essência da natureza do
agente ativo em uma profissão. Pode ser um coordenador pedagógico, que
ajuda a elaborar e aplicar o projeto da escola, dar orientação em questões
pedagógicas e, principalmente, atuar na formação contínua dos professores.
Explica, ainda que seu papel é estudar e usar as teorias para fundamentar o
fazer e o pensar dos docentes. Um bom coordenador é também um apreciador
das diferentes manifestações culturais. A Supervisão, como denominação de
categoria profissional, passou a ser adotada legalmente a partir da Lei
5692/71. Verificando a origem por sua etiologia. (GIRARDI, In: Síntese do
Trabalho Desenvolvido no III Encontro Estadual de Supervisores de Educação,
promovido pela ASSERS, de 25 a 27 de agosto de 1982, em Porto Alegre, p.
15).
Ferreira (1999), explica que seu inicio é dos vocábulos latinos -
super, que quer dizer, sobre excesso ou grau superior e visão que significa a
ação ou efeito de ver que poderá levar a conotação de superioridade. Assim,
18pensando-se no profissional Supervisor Educacional, conforme o mesmo autor,
algumas qualidade e aptidões indicam e determinam o seu exercer a ação
supervisora, uma vez que destes atributos depende a consecução dos
objetivos que permeiam a profissão em si de especialista em Educação:
a) Lucidez quanto à Educação: o Supervisor Educacional é aquele profissional
que possui idéias claras quanto à Educação, e opta por uma filosófica para
poder saber o que a escola que obter com seu processo educativo. Para agir
corretamente é preciso saber os caminhos de ação.
b) Segurança: O conhecimento da problemática da Educação faz com que o
Supervisor atue com segurança no planejamento, no assessoramento e na
execução dos projetos educativos. Sem ser dono da verdade, o Supervisor
Educacional não pode ser apenas opinador, mas, a partir de sua lucidez e
conhecimento de suas funções, posiciona-se e motiva para que, estando certo,
seja seguido pela solidez de seu posicionamento.
c) Consciência do papel das suas funções: No plano educacional de uma
Escola há o lugar específico do Supervisor Educacional. É preciso que este
profissional tenha bem claro qual o espaço a ser ocupado para os exercícios
de suas funções, pois assim obterá o respeito de outros profissionais, inclusive
do professor, obtendo, dessa forma, a harmonia de um trabalho coletivo.
d) Espírito crítico: O ser humano se torna mais humano e mais digno de sua
natureza à medida que o pensamento rege a sua vida. A capacidade de julgar,
de emitir juízo, de analisar a partir de pressupostos racionais é que traduz o
que seja espírito crítico. O Supervisor Educacional, como profissional da
Educação, deverá possui tal espírito para também saber transmiti-lo,
provocando em sua equipe a capacidade de reflexão e de revisão constante.
Ao contribuir para a formação de um professor reflexivo, crítico, pensante, este
docente orientará seus alunos na mesma linha de formação, o que resultará na
formação de um ser realmente instruído e capaz de, pelo conhecimento,
interferir na realidade e nela conviver com sucesso.
e) Racionalidade: Dada a sua estratégica posição de mediador entre o corpo
docente, educandos e Direção, o Supervisor Educacional precisa se constitui
no profissional que tem por hábito usar sua razão para não complicar o que é
19simples, não pulverizar o planejamento de tal forma que perca o sentido de
globalidade e não dispersando o trabalho coletivo, que é a base para a
consecução dos objetivos educacionais. É necessário, assim, que esse
profissional seja um agente simplificador das tarefas educativas de tal forma
que sua preocupação fundamental seja alcançar as finalidades e objetivos do
processo educativo e não os técnicos em detrimento dos primeiros.
f) Diligência: Todo o trabalho do Supervisor Educacional exige a marca da
dimensão de amor e afeto que deve permear toda a atividade educativa. Se
Educação é obra de amor, de afetos, de compreensão, a diligência do
Supervisor Educacional é a dimensão amorosa que imprime um trabalho jovial,
alegre, estimulante e cooperativo, sem aplausos ou recriminações, apenas
pautado no reconhecimento, na motivação ou na reavaliação e replanejamento
de atividades quando necessário.
g) Liderança: O Supervisor Educacional, na medida em que é capaz de
comandar, orientar e estimular toda uma equipe na busca dos objetivos
educacionais estará automaticamente exercendo sua liderança, não de forma
autoritária, como ser absoluto em suas idéias e preceitos, mas como um
profissional seguro das orientações, sugestões e concepções defendidas. O
espírito de liderança por competência supõe uma aceitação de todos aqueles
com quem compartilha suas ações, uma vez que não se trata de atos
impositivos, mas de diálogo e orientação.
De acordo com Zieger (apud ROSA e ABREU, 2001, p. 35), “a
supervisão educacional como profissão tem como objeto de trabalho o
processo educativo”. Resta reafirmar que o profissional Supervisor Educacional
é aquele que: Zrespeita as atribuições de cada setor, somando as suas para o
sucesso do processo ensino-aprendizagem, Ztoma iniciativa no sentido de
dinamizar, constantemente, as etapas do processo educativo; Zdesperta a
imaginação e a criatividade para buscar soluções para problemas novos e
velhos voltados à aprendizagem; Zenvolve a vida da Escola e o processo
educativo de um sentido profundamente humano, de tal forma que favoreça
um ambiente propício para o diálogo entre todos os agentes comprometidos
com a aquisição de conhecimentos e formação de competências no aluno.
20Assim, legalmente constituído conforme o projeto de Lei No 4412 de 2001, que
regulamenta o exercício da profissão de Supervisor Educacional, em seu Art.
2°.
O Supervisor Educacional tem como objetivo de trabalho
articular crítica e construtivamente o processo educacional, motivando a
discussão coletiva da comunidade Escolar, acerca da inovação da prática
educativa, a fim de garantir o ingresso, a permanência e o sucesso dos alunos,
através de currículos que atendam às reais necessidades da clientela Escolar,
atuando no âmbito dos sistemas educacionais federal, estadual e municipal,
em seus diferentes níveis e modalidades de ensino e em instituições públicas
ou privadas, ou seja, é aquele que sabe planejar e executar a obra educativa,
levando em consideração não somente a instrução, mas a Educação e, para
tanto, é portador de Curso Superior em Pedagogia, com habilitação em
Supervisão Educacional ou Supervisão Escolar, ou ainda em nível de Pós-
graduação (ROSA; ABREU, 2001).
Os cursos de Pedagogia formavam pedagogos, e estes eram os
técnicos ou especialistas em educação. O significado de “Técnico da
Educação” coincidia, então com o pedagogo generalista, até os anos 60. Neste
contexto é aprovado pelo então Conselho Federal de Educação o Parecer n°
252 de 1969, que reformulou os cursos de Pedagogia. De 1943 á 1971, o
Centro de Pesquisa e Orientação Educacional (CPOE) passou a exercer
orientação técnico-pedagógica nas escolas primárias da capital e interior, nesta
época os supervisores das escolas primárias eram habilitadas pelo curso de
Supervisão de dois anos, Pós-normal de segundo ciclo, oferecido pelo Instituto
de Educação General Flores da Cunha de Porto Alegre. Em 1970, a
SEC/CPOE/SUDESUL promoveram um curso que se chamava “Treinamento e
reciclagem para professores e supervisores”, que proporcionou treinamento,
para cerca de cinqüenta professores do Ensino Médio de todas as delegacias
da capital e do interior do estado e visava colocar em atividade supervisores
para as escolas de 1° e 2° ciclo. Para supervisionar esse grupo, foram
treinados cinco técnicos do CPOE, neste mesmo curso, passando a atuar no
ensino de nível médio. Em 1971, a formação dos supervisores passou a ser
21oferecida pelas Faculdades de Educação, com habilitação específica em
Supervisão Escolar de 1° e 2° graus. Sem dúvida, as dispositivas legais e
diretrizes emanadas dos organismos supervisores de educação influenciaram
decisivamente nas características do desempenho da função de supervisor.
Esta função foi definida como – “exercida por um pedagogo, devidamente
habilitado em Supervisão Escolar, e com profundo conhecimento no campo
Pedagógico, sendo este o gerenciador do processo ensino-aprendizagem,
dando satisfação de sua rotina diária à direção geral da unidade escolar”
(MARQUES, 2002).
De acordo com Rangel, 1992, nos tempos atuais o curso de
Supervisão Educacional visa favorecer aos supervisores um conhecimento
técnico-pedagógico que possibilite eficiência e eficácia nas ações do dia-a-dia
do processo educacional, reavaliando crítica e reflexivamente a ação
pedagógica como agente mediador da ação pedagógica. O reconhecimento da
importância da formação específica como um dado real para o exercício da
profissão de Supervisor Educacional de forma legal, concreta e embasada
teoricamente em favor da qualidade do ensino norteia o trabalho desse
educador.
Ainda segundo o autor, a questão da especificidade é
importante e se destaca, hoje, na discussão acadêmica, no sentido de que se
tornem menos diluídas e mais concreta as ações que definem cada serviço,
configurando seu papel e seu compromisso mais direto, enfim, as
características ou qualidades específicas da sua práxis. E não existe práxis
sem reflexão teórica e concreticidade. O Supervisor Educacional faz parte do
corpo de educadores e tem a especificidade do seu trabalho caracterizado pela
organização, coordenação, mediação, participação, intervenções sócio-
educacionais, culturais e políticas dentro do âmbito escolar, por isto a
importância de um profissional preparado para assumir o seu papel de forma
coerente com suas reais funções.
A supervisão passa de Escolar, como é freqüentemente
designada, a pedagógica e caracteriza-se por um trabalho de assistência ao
professor, em forma de planejamento, acompanhamento, coordenação,
22controle, avaliação e atualização do desenvolvimento do processo ensino
aprendizagem. Constata-se que a Supervisão voltada para a Educação já se
constitui em “Escolar”, mas, atualmente, intitula-se “Pedagógica” ou
“Educacional”, por dirigir-se ao ensino e à aprendizagem, cujo objeto principal
de seu trabalho é a qualidade do ensino ministrado e a obtenção de
conhecimentos e habilidades pelo aluno. No entanto, quando assumiu atitudes
de fiscalização acentuadas ao trabalho do professor, bem como outros
indicativos administrativos da função e da pessoa do educador, na Escola, a
exemplo do controle de faltas, de horários de chegada e de saída, de
avaliações procedimentais e de perfil profissional, bem como quando havia o
controle excessivo voltado para atividades burocráticas do cumprimento
administrativo para com os Sistemas de Educação (matrícula geral e efetiva;
efetividade; Plano Global; justificativa de falta de professores e funcionários;
controle extremado de carga horária, dias letivos, avaliações para constar em
boletins, entre muitas outras atividades que eram realizadas pelo Supervisor
Educacional e que não visavam o aproveitamento Escolar dos alunos, mas a
consecução dos objetivos administrativos da escola – mesmo que estes
envolvessem o controle pedagógico), aí se tinha uma Supervisão “Escolar”, em
nível de escola / estabelecimento institucional de Ensino, e não uma
Supervisão Educacional nos moldes que são exigidos, hoje, cumprindo o
destino real para o qual essa profissão existe: favorecer a aprendizagem dos
alunos através da orientação profissional e capacitada pelo professor
(RANGEL, 2001).
Em consonância, pode-se dizer que a Educação passou a exigir
um novo modelo de Supervisão, o Educacional, para confrontar o modelo
tradicional e voltado à burocratização imposta pela Escola, e o agir do
Supervisor efetivamente foi seguido a partir de uma proposta que possibilita a
circulação dos anseios das classes populares, que insere os alunos e a
comunidade escolar, e, ainda, que contempla o crescimento pessoal e
profissional dos professores “com base na busca constante por
aperfeiçoamento, por uma melhor formação que permita repensar o antigo e
construir o novo”. Compete aos Supervisores fazerem uma análise da situação
23educacional e da realidade dos alunos para determinar qual a forma de ação
mais adequada à Supervisão voltada para a Educação que pretendem
continuar seguindo de forma política ou inovadora. (MEDINA, 2002).
24
CAPÍTULO III
CONTEXTO EDUCACIONAL DE SUPERVISÃO NA
ATUALIDADE
Por ser um dos assuntos mais polêmicos da atualidade, a
educação vem sendo amplamente discutida, no seu sentido de formação
humana. Educar é uma tarefa que exige comprometimento, perseverança,
autenticidade e continuidade. As mudanças não se propagam em um tempo
imediato, por isso, as transformações são decorrentes de ações. No entanto,
as ações isoladas não surgem efeito. É preciso que o trabalho seja realizado
em conjunto, onde a comunidade participe em prol de uma educação de
qualidade baseada na igualdade de direitos. Sendo assim, o supervisor escolar
representa um profissional importante para o bom desempenho da educação
escolar, o grupo escolar, o qual deve opinar, expor seu modo de pensar e
procurar direcionar o trabalho pedagógico para que se efetive a qualidade na
educação.
Na atual conjuntura, o supervisor tem se direcionado a uma
ação mais científica e mais humanística no processo educativo, reconhecendo,
apoiando, assistindo, sugerindo, participando e inovando os paradigmas, pois
tem sua "especialidade" nucleada na conjugação dos elementos do currículo:
pessoas e processos. Desse modo, caracteriza-se pelo que congrega, reúne,
articula, enfim soma e não divide.
Compreender e caracterizar a função supervisora no contexto
educacional brasileiro não ocorre de forma independente ou neutra. Essa
função decorre do sistema social, econômico e político e está relacionada a
todos dos determinantes que configuram a realidade brasileira ou por eles
condicionada. O desenvolvimento da sociedade moderna representa motivos
de muita reflexão, principalmente pelo fato de que a área educacional possui
muitos problemas e que diretamente vinculam-se as demais atividades sociais
visto que são tais profissionais que irão atuar junto ao mercado de trabalho.
Existe uma preocupação com a formação humana e com a forma com que o
25educando vem obtendo o conhecimento científico. Acredita-se na viabilidade
de fazer do ambiente escolar um espaço construtivo, que desperte o interesse
do educando para aprender e fazer do professor um mediador do saber. Trata-
se de ignorar as velhas práticas educacionais e acreditar na possibilidade de
construir uma sociedade onde o homem tenha consciência do seu papel e da
sua importância perante o grupo.
Segundo Libâneo (1994), de várias formas pode o Supervisor
Educacional tornar-se um agente de mudanças no contexto escolar, junto aos
professores e toda a estrutura pedagógica da escola. Inicialmente, o próprio
Supervisor Educacional como profissional co-responsável pela aprendizagem
dos alunos a partir de uma sociedade pautada na transformação e no
aprimoramento dos seres humanos, precisa constantemente reciclar-se, auto-
avaliar-se, refletir sua ação supervisora e efetivar suas ações de forma
realmente atualizada e visando o bem-estar de todos que com ele atua
(professores e pessoal da escola) e depende (alunos, pais e comunidade
Escolar). Um trabalho com responsabilidade, com planejamento adequado,
acompanhando a sistemática organizacional da escola, onde a mesma devera
estar imbuída em adequar-se aos novos tempos. Isso também implica em que
a Supervisão Educacional reveja algumas concepções e práticas em relação
ao processo ensino-aprendizagem em si, no que se refere a: conteúdos
curriculares, metodologias, emprego de recursos e avaliação.
Ainda segundo o mesmo autor, ao mesmo tempo em que o
trabalho pedagógico na Escola requer a sua adequação às condições sociais
de origem, é preciso que os especialistas adecuem o processo educacional às
características individuais e sócioculturais dos alunos ao seu nível de
rendimento Escolar. A democratização do ensino supõe o princípio da
igualdade, mas junto com o seu complemento indispensável, o princípio da
diversidade. Para que a igualdade seja real e não apenas formal, o ensino
básico deve atender a diversificação da clientela, tanto social quanto individual.
É preciso que o Supervisor Educacional leve em consideração as diversidades
e reavalie, juntamente com o corpo docente e discente, novas visões acerca
do Ensino. Especificamente com o professor e a Direção, urgente é que reveja
26o currículo, de forma que não se constitua mais em uma lista de conteúdos que
são cumpridos à risca, embora a LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
nacional dê autonomia para, junto às competências estabelecidas para cada
modalidade de Ensino e nas suas diferentes séries, possam ser determinados
os conteúdos que melhor desenvolvam tais habilidades e consolidem a
aquisição de conhecimentos. Para isso, também requer que o Supervisor torne
o professor uma pessoa aberta às discussões, às transformações em seu agir
docente, pois muitos estão atrelados, ainda, a uma pedagogia tradicional e
cabe ao Supervisor Educacional, sendo também um profissional adepto do
diálogo e do trabalho coletivo, incentivar e motivar os professores para
mudarem, inovarem. Em relação às metodologias e recursos de Ensino, é
preciso que seja beneficiado estudo em grupos profissional, na Escola, para
que os fundamentos teóricos e diversificados existentes provoquem a reflexão
acerca de formas inovadoras de serem ministrados os conteúdos e informados
os novos conhecimentos, visando estimular o aluno a aprender. Um exemplo
prático está no uso da técnica “expositivo-dialogada”. Até algum tempo,
quando a Supervisão Educacional pautava-se no trabalho burocrático e os
professores ao trabalho com quadro verde e giz, predominantemente, a aula
expositivo-dialogada era uma metodologia aceitável nos moldes em que era
desenvolvida. Hoje, o aluno não mais aceita que um professor fique falando ou
apenas expondo idéias no quadro ou mesmo buscando-as em livros didáticos,
pois ele tem toda uma tecnologia em casa ou de fácil acesso (em outros locais,
quando não as têm em casa) e uma aula nesse molde acaba por gerar a
“indisciplina”, que, na verdade, nada mais é do que uma maneira do aluno
dizer: “Não agüento mais isso”. Ser se quer um aluno ativo, reflexivo, atuante e
conhecedor, como é possível que ele assim o seja na passividade, na omissão
do professor em orientar para essa formação? Eis aí mais uma forma do
Supervisor Educacional agir como um agente de mudanças: capacitar o
professor, pelo estudo e pela reciclagem ao nível de escola e motivando para
que também busque fora, formação e atualização de sua prática pedagógica.
Outro aspecto delicado que exige, de forma urgente, a interferência do
27Supervisor Educacional com o fim de provocar mudanças diz respeito à
avaliação da aprendizagem do aluno praticada nas escolas.
Libâneo (1994), se refere à avaliação escolar como um processo
contínuo que deve ocorrer nos mais diferentes momentos do trabalho
educativo. A avaliação a ser adotada deve ser aquela que é realizada no início,
durante e no final das unidades didáticas, visando sempre diagnosticar e
superar dificuldades, corrigir falhas e estimular os alunos a que continuem
dedicando-se aos estudos. O Supervisor Educacional, da mesma forma
através de estudos e, bastante importante, através da aplicação de auto-
avaliações no próprio professor e em si mesmo, juntos todos poderão vivenciar
o que significa avaliar e se conscientizarem da importância que o abolir a
avaliação somente através de provas, questionários reprodutores das idéias de
outros, e outras tantas modalidades burocráticas de medir os conhecimentos
ainda têm sido aplicados de forma predominante. Um Supervisor Educacional
que realmente tenha consciência da importância de ser e agir como um agente
de mudanças saberá buscar formas e aspectos que precisam de
transformação, de inovação, porém não basta versar em planejamentos bem
elaborados, se não se prestarem a ser praticadas tais mudanças visando à
melhoria da educação ministrada. Resistências são reações comuns em
pessoas que não estão acostumadas a mudanças. A maneira como os
professores e o grupo na escola vai reagir frente a uma mudança pode variar
de um extremo ao outro, dependendo de uma série de fatores como:
interesses em jogo, segurança para mudar, temores, suspeitas, pouca firmeza
em quem orienta as mudanças e outros. Por isso é importante que o
Supervisor Educacional considere toda essa variedade de comportamentos
com a qual as pessoas resistem às mudanças e proporcione condições e
segurança para que todos se engajem nessa luta.
Autoridade e liderança, dependendo como são conduzidos,
manifestam enfoques diversificados, podendo agir de forma destrutiva ou
bastante construtiva no trabalho supervisor. Um Supervisor Educacional que
usa de sua autoridade, nos tempos atuais estará provocando ainda mais a
inércia dos professores ante as transformações necessárias e às ações
28educativas significativas que se espera que sejam empreendidas pelos
docentes em prol de um processo educativo mais eficaz. No entanto, se a
autoridade do Supervisor Educacional seguir apenas a primeira parte desse
conceito, ou seja, se for empregado a partir da autoridade legal, por delegação
e baseada em suas competências como profissional apto a analisar, refletir e
decidir sobre os caminhos a conduzir o processo ensino-aprendizagem, aí o
Supervisor pode e deve empreender de autoridade para tomar decisões e
orientar seu grupo de trabalho. Da mesma forma, se a liderança praticada pelo
Supervisor Educacional for eficiente em relação à segurança praticada em
suas orientações, à atenção aos problemas e à solidez de seus conhecimentos
sobre sua função e importância de seu trabalho em relação à educação e ao
trabalho dos professores, dessa forma a liderança estará servindo de forma
construtiva. Em toda ação supervisora que este profissional empreender a
liderança que lhe é inerente pela posição que ocupa frente à profissão que
exerce deve sempre primar pelo estilo participativo de trabalho, pela ação
coletiva junto a seu grupo, pois assim sua liderança será sempre bem-vinda,
pois servirá de estímulo a ações mais sólidas, uma vez embasadas sua
validade e orientações através de um profissional que se mostra seguro e
conhecedor do que está fazendo ou orientando.
Um outro aspecto que merece ser revisto em relação à
Supervisão Educacional refere-se aos preconceitos que passaram a permear o
trabalho e o ser do Supervisor, na escola. Um dos preconceitos ainda existente
é quanto à Supervisão Educacional realmente estar buscando ressignificar sua
prática. Segundo Medina (2002), muitos professores vêem a figura do
Supervisor Escolar, ainda como um profissional comprometido com práticas
burocráticas, mais voltadas para a administração escolar, do que para o
andamento do processo educativo. Embora sejam comprovadas as constantes
preocupações dos Supervisores Educacionais com o trabalho do professor, no
sentido de buscar efetivas melhorias para a aprendizagem do aluno, os poucos
Supervisores Educacionais que ainda atuam como burocratas fazem com que
a imagem deste profissional seja desacreditada quando busca ser eficaz, ativa
e atualizada no contexto educacional. Um outro aspecto preconceituoso
29manifestado sobre o Supervisor Educacional refere-se ao autoritarismo de sua
posição profissional como membro da equipe reconhecida como “especializada
em educação”, com coisa que o professor também não o seja, uma vez que se
habilita para a prática pedagógica tanto quanto o Supervisor Educacional. No
entanto, pelos enfoques que a Supervisão Educacional assumiu, ao longo dos
tempos, ficou a idéia de autoridade e de subordinação, onde os professores,
até pouco tempo, não viam com bons olhos esse especialista.
Ainda, a questão de “atendimento em gabinetes”, na qual o
Supervisor Educacional restringia suas ações em salas fechadas, atendendo,
normalmente de forma individual, que a ele procurasse, rompeu paradigmas e
assumiu uma nova constituição de ação supervisora, pois hoje o Supervisor
Educacional está onde o professor ou o aluno, ou ambos também estão. O
Setor de Supervisão Educacional serve para identificar o serviço e
salvaguardar os materiais próprios desse setor, pois o Supervisor está,
constantemente e de forma ativa, em ambientes que possam ser favoráveis a
um melhor atendimento ao professor, ou na própria sala de aula, não mais
para conferir o trabalho do professor, mas para compartilhar do processo
ensino-aprendizagem, para orientar o professor e estimular aos alunos às
aprendizagens (RANGEL, 2001).
Saviani (1994), afirma que, para os dias atuais a supervisão
educacional enfrenta um desafio que ultrapassa as esferas especificamente
pedagógicas, se encontrando na contradição central da sociedade moderna
que, de uma certa forma, desenvolve numa escala sem precedentes as forças
produtivas humanas e, por outro, lança na miséria mais objeta contingentes
cada vez mais numerosos de seres humanos. Simultaneamente, desenvolve
as premissas que situam a humanidade no limiar da libertação de todas as
suas necessidades, subtrai para maioria dos homens o acesso aos meios
indispensáveis para a satisfação de suas mais elementares necessidades. O
aumento dessa contradição vai tornando cada vez mais evidente que a
sociedade capitalista esta pondo continuamente, para si mesma, problemas
que não e capaz de resolver. A transformação das relações sociais viventes se
faz necessárias para a solução desses problemas. E mediante a esse quadro
30que, nos apresenta no limiar do terceiro milênio, nos vemos diante de duas
situações distintas: superação do capitalismo ou destruição da humanidade e
do planeta. Assim, a luta pela superação do capitalismo coincide com a luta em
defesa da humanidade em seu conjunto. Para tanto, a consciência da
situação, embora não suficiente, se faz uma condição previa, necessária e
indispensável. Com um trabalho eficaz e educativo, iniciado com o
desenvolvimento dessa consciência, certamente ocorrerá uma mobilização
populacional em prol das necessidades de transformação. De uma maneira
geral, no que se refere à supervisão educacional nos dias atuais, fica evidente
que, no campo da educação, este é sem duvida o seu grande desafio.
CONCLUSÃO
31 A educação exerce papel importante na formação do homem, na
configuração de sua personalidade, valores, habilidades, comportamento
individual e social, político, econômico e cultural. O resultado deste estudo
permitiu identificar aspectos importantes no papel, contribuição, perfil e
atribuições do Supervisor Educacional ao longo dos tempos, aliado as
transformações sofridas, assumido responsabilidades dentro de seu contexto
histórico.
Ficou constatado que o Supervisor Educacional atual deve ser capaz
de desenvolver e criar métodos de análise para detectar a realidade, e daí
gerar estratégias para a ação, desenvolvendo e adotando esquemas
conceituais autônomos e não dependentes, pois um modelo de supervisão não
serve a todas as realidades. O Supervisor possui uma função globalizadora do
conhecimento através da integração dos diferentes componentes curriculares.
Sem esta ação integradora, o aluno recebe informações soltas, sem relação
uma das outras. Para que o conhecimento ganhe sentido transformador para o
aluno é necessário ter relação com a realidade por ele conhecida, e que os
conteúdos das diferentes áreas do conhecimento sejam referidos à totalidade
de conhecimento. Assim, acredita-se que uma das funções específicas do
Supervisor Escolar é a socialização do saber docente, na medida em que há
ela cabe estimular a troca de experiências entre os professores, a discussão e
a sistematização de práticas pedagógicas.
O Supervisor Educacional, ao longo dos tempos, já galgou muitas
concepções e destinos, já venceu muitos paradigmas e preconceitos, porem o
mais importante ainda é se atualizar e tornar-se realmente, um serviço de
valorosa importância, sendo aceito de maneira satisfatória pelos professores,
reconhecido pela escola e pela comunidade escolar.
BIBLIOGRAFIA
ASSERS. Síntese do Trabalho Desenvolvido no III Encontro Estadual de
32Supervisores de Educação. Porto Alegre: 1982.
BRASIL Lei nº 9394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
Diário Oficial da República Federativa do Brasil Brasília, DF, 1996, SEF/ MEC.
FERREIRA, Naura Syria Carapeto. Supervisão Educacional para uma
Escola de Qualidade. São Paulo: Cortez, 1999.
LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994
LIMA, E. C. . Um olhar histórico sobre a supervisão. In: Mary Rangel.
(Org.). Supervisão Pedagógica Princípios e Práticas. 9ª ed. Campinas:
Papirus, 2001, v. 1, p. 69-80.
MARQUES, Juracy C. et alii. Educadores de amanha, análise e
reformulação do curso de Pedagogia. Porto Alegre: UFRGS/INEP, 1974.
MEDINA, Antonia da Silva. Supervisão Escolar da ação exercida à ação
repensada. Age: 2002. 78 p.
NÉRICI, Inídeo G. Introdução à Supervisão Escolar. São Paulo: Atlas, 1973.
NOGUEIRA, Martha Guanes. Supervisão Educacional: A questão política.
São Paulo: Loyola, 2000.
RANGEL, Mary. Supervisão Pedagógica Princípios e práticas. São Paulo:
Papirus, 2001.
RANGEL, Mary. Um ensaio sobre supervisão, educação, sociedade.
Tecnologia Educacional – v.21 (105-106) – mar/ jun.1992.
33ROSA, Carla Lavínia Pacheco da; ABREU, Rudimar Serpa de. [ Org.]. A
gestão de processos educativos. Anais do Seminário Interdisciplinar em
Supervisão Escolar. Santa Cruz do Sul: UNISC, 2001.
SAVIANI, Demerval. O trabalho como princípio educativo frente às novas
tecnologias. In: FERRETI, Celso et al. Novas tecnologias, trabalho e
educação um debate multidisciplinar. Petrópolis Vozes, 1994.
34
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
HISTORICO DA SUPERVISAO EDUCACIONAL 10
CAPÍTULO Il
SUPERVISAO ESCOLAR PERFIL DA PROFISSAO 17
CAPÍTULO Ill
CONTEXTO EDUCACIONAL DE SUPERVISAO
NA ATUALIDADE 24
CONCLUSÃO 31
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 32
ÍNDICE 34
top related