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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NA VISÃO DO GESTOR ESCOLAR: UM ESTUDO REALIZADO NO CURSO DE
DIREITO DA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CAMPUS DE PADRE MIGUEL
Por: Jorge Cardozo de Oliveira Júnior
Orientador
Prof. Esp. Carlos Afonso Leite Leocadio
Rio de Janeiro, 2009
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NA VISÃO DO GESTOR ESCOLAR: UM ESTUDO REALIZADO NO CURSO DE
DIREITO DA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES CAMPUS DE PADRE MIGUEL
Apresentação de monografia à Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Administração e Supervisão Escolar. Por: Jorge Cardozo de Oliveira Júnior.
3
AGRADECIMENTOS
Eu, sozinho, por certo não teria desenvolvido esta monografia. Neste momento agradeço a todos que diretamente e indiretamente me ajudaram a alcançar o meu objetivo:
• Ao Pró-Reitor de Coordenação e Expansão – Prof. Alexandre Gazé, pela oportunidade e confiança, quando da minha indicação ao cargo de Coordenador Acadêmico da UCAM - Campus de Padre Miguel.
• Ao Diretor Geral – Prof. Célio Murilo Menezes da Costa - Faculdades
Integradas Simonsen, por acreditar no meu trabalho acadêmico e pedagógico nesta parceria com a Universidade Candido Mendes.
• Aos docentes que participaram da pesquisa, pelas informações, pelo
tempo dedicado, e as conversas que travamos sem o que não seria possível realizar este trabalho.
• Ao Prof. Carlos Afonso Leite Leocadio, pela orientação, dedicação e
paciência.
• Aos professores com os quais vivenciei momentos especiais de aprendizagem no campo da educação.
• Aos colegas de turma, pelas trocas experimentadas nas aulas.
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DEDICATÓRIA
Esta monografia é dedicada ao meu pai Jorge Cardozo de Oliveira (in memorian) pelo incentivo moral, escolar e demais ensinamentos de vida, sempre tendo orgulho em ser meu pai, e a minha mãe, nos momentos mais difíceis, orientando a minha vida pessoal e profissional.
RESUMO
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Para subsidiar o alcance do objetivo proposto algumas questões norteadoras foram elaboradas. São elas: 1- O que pensam os docentes sobre a aprendizagem dos seus alunos? Neste capítulo é apresentado o campo mais abrangente da investigação, procurando salientar aspectos fundamentais sobre a mediação do conhecimento e apresentado o relato dos professores dizendo o que acham dos discentes; 2- O que sinalizam os professores em relação à dinâmica do processo ensino-aprendizagem? É aprofundada a investigação, sendo selecionado de forma aleatória, professores para fazer depoimento de suas reflexões, juntamente com os aspectos político, humano e técnico, relacionados ao processo ensino-aprendizagem. 3- O que dizem os docentes sobre a relação aluno e professor? As análises das falas dos professores apontaram, curiosamente, dois componentes distintos do processo ensino-aprendizagem. Em outras palavras, as inquietações dos professores entrevistados, do turno da manhã, relacionam-se a ausência de um estudo prévio por parte dos alunos e questões de interpretação e ortografia, ressaltam as fragilidades do componente comportamental do discente.
Participaram como sujeitos da pesquisa os professores do curso de Direito que responderam os questionários e foram entrevistados. Os dados assim obtidos, analisados à luz de teóricos da educação com destaque para Hoffmann (2006), Esteban (2003), Veiga (1995), entre outros. A pesquisa está organizada em três capítulos.
METODOLOGIA
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O processo ensino-aprendizagem é uma temática muito debatida no campo educacional. Diversos estudos têm evidenciado a importância da investigação de aspectos relativos às questões do ensino e do aprendizado e pesquisas realizadas apontam questões fundamentais que envolvem essa dinâmica, no entanto, muitas interrogações continuam presentes no cotidiano dos espaços educacionais de modo geral e em particular no meio acadêmico.
As experiências vivenciadas nem sempre são positivas, falam de conflitos, entraves e apontam à fragilidade dos processos que envolvem o ensino e a aprendizagem. Motivado a aprofundar nessas questões e compreender melhor as interfaces desse processo, tendo em vista buscar a melhoria do ensino oferecido, proponho-me a realizar este estudo. Para tanto, a questão central a ser destacada refere-se ao pensamento: O que pensam os professores de Graduação do Curso de Direito sobre o processo ensino-aprendizagem e suas dinâmicas?
Compreender o pensamento do corpo docente de Graduação do Curso de Direito do Campus Padre Miguel sobre o processo ensino-aprendizagem, vivido na relação professor e aluno, notadamente o que diz respeito às questões humanas, técnicas e políticas, com vistas a encontrar pistas para a melhoria da qualidade do ensino oferecido, sendo o maior objetivo nessa pesquisa.
Desta forma, aponto como objetivos mais específicos nesse caminhada, necessidade fundamental de perceber e refletir sobre o pensamento dos professores em relação ao trabalho de mediar o conhecimento para os discentes, pretende-se também analisar as percepções dos alunos em relação à dinâmica do processo ensino-aprendizagem.
Esta pesquisa tem por objetivo promover um estudo descritivo analítico de cunho qualitativo que objetiva compreender o pensamento do corpo docente de Graduação do Curso de Direito - Campus de Padre Miguel sobre o processo ensino-aprendizagem vivido nas interfaces da relação professor e aluno na visão do gestor escolar, notadamente o que diz respeito às questões humanas, técnicas e políticas, e suas implicações na melhoria da qualidade do ensino.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Visão dos professores sobre seus alunos 12
11. O turno da manhã 13 CAPÍTULO II - O processo ensino-aprendizagem 22
2.1. O que dizem os professores 22 2.2. O político, o humano e o técnico no processo ensino-aprendizagem 32 CAPÍTULO III – Trocando em miúdos: os cinco professores estudados 35
3.1. O planejamento é fundamental 35
3.2. Relação aluno e professor é um aspecto fundamental. 54
CONCLUSÃO 57
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 60
ANEXO I – Questionário aplicado ao universo dos professores 62
ANEXO II – Questionário aplicado aos professores 63
ANEXO III – Gráficos do turno da manhã 64
Folha de Avaliação 67
INTRODUÇÃO
8
O processo ensino-aprendizagem é temática muito debatida no campo
educacional nos últimos 15 anos. Diversos estudos têm evidenciado a
importância da investigação de aspectos relativos às questões do ensino e do
aprendizado e pesquisas realizadas apontam questões fundamentais que
envolvem essa dinâmica, no entanto, muitas interrogações a cerca das
questões continuam presentes no cotidiano dos espaços escolares de modo
geral e em particular no meio acadêmico.
Como coordenador acadêmico do Curso de Direito da Universidade
Candido Mendes - Campus Padre Miguel, vivencio experiências relacionadas
às questões pedagógicas, àquelas relativas à dinâmica dos processos de
aprendizagem dos alunos e, conseqüentemente, das práticas realizadas pelos
docentes.
As experiências vivenciadas nem sempre são positivas, falam de
conflitos, entraves e apontam à fragilidade dos processos que envolvem o
ensino e a aprendizagem. Motivado a aprofundar nessas questões e
compreender melhor as interfaces desse processo, tendo em vista buscar a
melhoria do ensino oferecido, proponho-me a realizar este estudo.
Para tanto, a questão central a ser destacada refere-se ao
pensamento: O que pensam os professores de Graduação do Curso de Direito
sobre o processo ensino-aprendizagem e suas dinâmicas?
Compreender o pensamento do corpo docente de Graduação do Curso
de Direito do Campus Padre Miguel sobre o processo ensino-aprendizagem,
vivido na relação professor e aluno, notadamente o que diz respeito às
questões humanas, técnicas e políticas, com vistas a encontrar pistas para a
melhoria da qualidade do ensino oferecido é meu objetivo maior nessa
pesquisa.
No Brasil, muitos docentes do ensino superior não possuem formação
pedagógica ou didática. Este trabalho teve como objetivo desvelar o
pensamento dos professores.
Desta forma, aponto como objetivos mais específicos nesse caminhar a
necessidade de perceber e refletir sobre o pensamento dos professores em
9
relação ao trabalho de mediar o conhecimento; pretende-se também analisar
as percepções dos alunos em relação à dinâmica do processo ensino-
aprendizagem vivenciada e, finalmente, pretende refletir, a partir da fala dos
professores, sobre a relação aluno e professor nas dimensões: político,
humano e técnico.
Para subsidiar o alcance dos objetivos propostos nesse estudo foram
elaboradas algumas questões norteadoras. São elas:
1- O que pensam os docentes sobre a aprendizagem dos seus alunos?
2- O que sinalizam os professores em relação à dinâmica do processo
ensino-aprendizagem?
3- O que dizem os docentes sobre a relação aluno e professor?
Este projeto tem como objeto de estudo processo ensino-
aprendizagem e, nesse sentido, aponta a necessidade de incursão em campo
empírico. O campo de estudo escolhido foi à instituição particular de ensino
superior, na qual trabalho como coordenador, localizada no Município do Rio
de Janeiro, especificamente no bairro de Padre Miguel, a Universidade
Candido Mendes.
O Campus de Padre Miguel oferece apenas o Curso de Graduação em
Direito, nos turnos manhã e noite, com vinte e duas turmas assim distribuídas:
dez pela manhã e doze à noite, perfazendo um total de 1.080 (um mil e oitenta)
alunos matriculados e quarenta professores.
Esta pesquisa tem por objetivo promover um estudo descritivo
analítico de cunho qualitativo que objetiva compreender o pensamento do
corpo docente de Graduação do Curso de Direito - Campus de Padre Miguel
sobre o processo ensino-aprendizagem vivido nas interfaces da relação
professor e aluno, notadamente o que diz respeito às questões humanas,
técnicas e políticas, e suas implicações na melhoria da qualidade do ensino.
Para tanto, o trabalho de campo partirá de levantamento de dados do
universo de 1.080 alunos e 40 professores. Foi utilizado inicialmente, como
instrumento de coleta de dados, um questionário aplicado ao universo docente.
Os dados assim coletados apontarão em nível macro o pensamento do corpo
docente.
10
Os dados quantitativos permitiram levantar resultados iniciais, que
organizados em gráficos, apresentam as turmas com os maiores problemas
em relação ao processo ensino-aprendizagem.
Desta forma, os dados quantitativos iniciais foram a base para a
escolha da amostra a ser estudada. A idéia foi trabalhar com o turno da manhã
e turno da noite. Destes professores serão escolhidos, por sorteio, cinco
professores do turno da manhã que foram entrevistados. Essas entrevistas
contaram com roteiros semi-estruturados, uma vez que oferecem oportunidade
de ampliação das perguntas elaboradas como roteiro.
Os dados assim obtidos serão analisados à luz de teóricos da
educação que refletem o tema proposto. Dentre eles destacam-se: Hoffmann
(2006), Esteban (2003), Veiga (1995) autores que discutem amiúde questões
relacionadas com a avaliação e os processos pedagógicos. Como base para a
produção monográfica e técnicas e métodos de pesquisa utilizarei Arduini e
Larosa (2005).
A pesquisa foi organizada em três capítulos. No primeiro capítulo é
apresentado o campo mais abrangente da investigação, salientando aspectos
fundamentais do processo ensino-aprendizagem. Trago, para tanto, gráficos
representativos dos resultados colhidos nos questionários aplicados. Esses
dados apontam itens do processo ensino-aprendizagem na visão dos
professores. Procuramos, desta forma, ressaltar as primeiras reflexões e
aproximações teóricas que tratam dos componentes deste processo, a saber:
planejamento, objetivos, conteúdos, entre outros.
No segundo capítulo, com base em autores já citados, pensar o
processo ensino-aprendizagem com destaque para os aspectos políticos,
humanos e técnicos. Como subsídio empírico foi trabalhado com cinco
professores do turno da manhã, procurando obter informações mais
aprofundadas dos respectivos alunos, sobre os aspectos conflitantes do
processo de ensino-aprendizagem por eles vivenciados no cotidiano de suas
aulas.
No terceiro e último capítulo, apresento uma reflexão mais
aprofundada sobre a dinâmica do processo ensino-aprendizagem vivenciado
11
por cinco professores do turno manhã. Suas falas, gravadas em áudio são
preciosas na medida em que apontam pistas para o repensar do processo de
aprendizagem e ensino.
CAPÍTULO I
A VISÃO DOS PROFESSORES SOBRE SEUS ALUNOS
12
Neste capítulo apresento o campo mais abrangente da investigação,
procurando salientar aspectos fundamentais sobre a mediação do
conhecimento. Valem ressaltar, que os gráficos representativos dos resultados
colhidos nos questionários aplicados em todo o corpo docente do Curso de
Direito, no turno da manhã. Esses dados enfatizam itens do processo
ensino-aprendizagem na visão dos professores, salientando o que eles
pensam a respeito de seus alunos.
Desta forma, o foco principal neste momento da investigação foi
dirigido aos componentes desse processo, a saber: comprometimento com as
aulas, questões ortográficas e gramaticais, interpretação do conteúdo e das
provas, assiduidade na leitura do conteúdo, estudo prévio, teoria e prática,
pontualidade, freqüência e finalmente, o respeito ao professor.
Não podemos perder de vista que o aluno como elemento da
aprendizagem, teve nessa pesquisa nossa atenção principal, por acreditarmos
que o aluno precisa do componente específico para a sua formação, instrução
e educação.
Assim como Libâneo (2001, p.47) destaca que o trabalho docente
constitui o exercício profissional do professor e este é seu primeiro
compromisso com a sociedade. Constatamos que, sua atividade é
fundamentalmente social, uma vez que contribui com a formação cultural e
científica da população, sendo a característica mais importante de sua
atividade a mediação entre o aluno e a sociedade.
A partir dessa concepção fica evidenciado que o sinal mais
indicativo da responsabilidade profissional do professor é seu
permanente empenho na instrução e educação dos seus
alunos, dirigindo o ensino e as atividades de estudo de modo
que estes dominem os conhecimentos básicos e as
habilidades, tendo em vista equipá-los para enfrentar os
desafios da vida prática no trabalho e nas lutas sociais pela
democratização da sociedade. (Ibdem)
13
O professor cumpre este papel provendo as condições e os meios,
entendidos aqui como os conhecimentos, forma como organiza o ensino, os
métodos que utiliza, para que o aluno se desenvolva.
Com esse pensamento me debrucei na primeira investida de coleta de
dados. Trabalhei com as nove turmas do Campus de Padre Miguel. Essas
turmas estão assim distribuídas: nove pela manhã, perfazendo um total de
trinta e nove professores. Deste universo, participaram respondendo os
questionários um total de cinco professores do turno da manhã. Vejamos o que
pensam os professores:
1.1. O turno da manhã
Conta com 501 alunos regularmente matriculados (UCAM, 2009).
Deste total, cinco docentes participaram desta sondagem inicial, respondendo
ao questionário, que serviu como primeira aproximação ao campo de estudo.
Os dados obtidos nesta pesquisa inicial foram traduzidos em gráficos
que serão aqui apresentados e analisados. A idéia principal, foi identificar,
dentre os professores da manhã, onde se localizavam os pontos críticos que
envolvem o processo de aprendizagem e ensino.
O comprometimento com as aulas, questões ortográficas e gramaticais,
interpretação do conteúdo e das provas, assiduidade na leitura do conteúdo,
estudo prévio, relação teoria e prática, pontualidade, freqüência e
respeito ao professor se constituem como componentes do processo
ensino-aprendizagem, uma vez que toda prática educativa se orienta,
necessariamente, para alcançar determinados objetivos. De acordo com Lück,
(2006)
O processo participativo na gestão educacional se realiza em
vários contextos e ambientes que manifestam sua
peculiaridade e seus efeitos específicos, e que se espraiam
também para os outros espaços e ambientes, demandando
que todos sejam igualmente envolvidos nesse processo. Não
fazê-lo implica inadequações, como a seguir alertado (...)
Promover na escola um ambiente de participação dos
professores, em conjunto e espírito de equipe, no sentido de
14
transformar sua prática pedagógica, a elevação de seu nível de
consciência e transformação da realidade de trabalho sem
alteração das práticas de relacionamento do sistema de ensino
com a escola, cria mudanças temporárias nas ações escolares,
tornando essa prática, quando efetiva, promove a necessidade
de participação nas determinações realizadas no âmbito da
gestão do sistema de ensino. (p. 80)
A participação da gestão educacional no processo bem definido, é de
vital importância no processo de aprendizagem e ensino, pois requerem um
posicionamento ativo do professor apontando as deficiências quando os alunos
apontam sua deficiência. Vejamos o que disseram os professores sobre os
alunos na sondagem inicial sobre comprometimento com as aulas:
Comprometimento com as aulas
0%5%
33%
56%
6%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Os trinta e nove professores avaliaram os 501 alunos. Os índices
expressam sua opinião e, na visão dos professores, seus alunos, em maioria,
têm o comprometimento com as aulas como um grande aspecto do ensino. O
gráfico acima, representa os índices do turno da manhã.
15
Questões ortográficas e gramaticais
2%
16%
55%
27%
0%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
No entanto, ao observamos o resultado da turma que apresenta índices
mais preocupantes, ou seja, que revelam a existência de estrangulamentos
nas questões ortográficas e gramaticais, observamos uma porcentagem
regular preocupante, que merece atenção especial e investigação mais
aprofundada. Observamos que 55% dos alunos não conseguem interpretar as
questões ortográficas e gramaticais propostas para as aulas recebidas. Nossa
análise em relação à ausência destes aspectos entre os sujeitos do processo
ensino-aprendizagem.
Outro componente do processo de aprendizagem e ensino é as
interpretação dos conteúdos e das provas, aqui entendidos como uma relação
cognoscitiva do aluno com as matérias e as avaliações. Contudo, os
professores e também os alunos têm a idéia de que os conteúdos se resumem
à matéria que vai ser ensinada, em outras palavras, são os conhecimentos
específicos de cada matéria a ser transmitida.
Nas palavras de muitos alunos e professores os conteúdos significam:
dar a matéria ou ainda, transmitir os conhecimentos da matéria. Essa forma de
entendimento não é de todo errada, no processo de ensino-aprendizagem
estão as matérias, os professores e os alunos, mas esse processo, segundo
Libâneo (2001), precisa ser entendido como uma relação que não é linear,
possui movimento de ida e volta entre um e outro, e não deve se dar sem que
estabeleça essa relação. Desta forma o entendimento linear é problemático e
por causa disso, o ensino vira uma coisa mecânica: o professor
passa a matéria, os alunos escutam, repetem e decoram o que
16
foi transmitido, depois resolvem meio que maquinalmente nas
provas o que foi transmitido e começa tudo de novo. (Idem, p
127-128)
Com respeito à interpretação dos conteúdos e das provas, tem
reconhecido que conteúdos não se referem apenas aos conhecimentos, ao
afirmar que
Englobam, portanto: conceitos, idéias, fatos, processos,
princípios, leis científicas, regras; habilidades cognoscitivas,
métodos de compreensão e aplicação, hábitos de estudo e de
convivência social; valores, convicções, atitudes. (Ibdem p.47)
Interpretação do conteúdo e das provas
0%4%
40%
53%
3%Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Os conteúdos aqui mencionados são entendidos nas dimensões
científica, cultural e técnica. Resta então saber o que dizem os alunos sobre o
acesso que eles têm aos conteúdos durante as aulas. O gráfico revela que
40% dos alunos apresentam dificuldade para interpretar o conteúdo e as
provas.
Esta dinâmica está relacionada a um processo de organização,
racionalização e coordenação da ação docente e gestora, articulando a
atividade acadêmica e a problemática do contexto social. Por esta razão o ato
de planejar não se resume ao preenchimento de formulários para controle
administrativo, ao contrário é um momento de reflexão e tomada de decisões.
Nas palavras de Libâneo
17
a ação de planejar é, antes, a atividade consciente de previsão
das ações docentes, fundamentadas em opções político-
pedagógicas, e tendo como referência permanente situações
didáticas concretas (isto é, a problemática social, econômica,
política e cultural que envolve [a comunidade acadêmica:
professores, alunos, pais, comunidade, entre outros]). (p 222)
Planejar significa prever as ações necessárias, implica ser um guia
de orientação, onde são estabelecidas as diretrizes e os meios da realização
do trabalho do professor. Definindo a função de orientar a prática. Neste
sentido Libâneo (p 224) declara que o planejamento não pode
Ser um documento rígido e absoluto, pois um das
características do processo de ensino, é que está sempre em
movimento, está sempre sofrendo modificações face às
condições reais (...) nem sempre as coisas ocorrem como
foram planejadas (...) são necessárias constantes revisões.
(Idem , p 224)
Foram destacados elementos do planejamento, que fazem referência à
necessidade de se estabelecer relações entre conteúdos, métodos e
avaliação. Libãneo (2001) chama atenção para a importância do planejamento,
aqui entendido como a correspondência com a realidade, ao afirmar que não
adianta fazer
previsões fora das possibilidades humanas e materiais
existentes. Quando falamos em realidade devemos entender
que a nossa ação, a nossa vontade, são também componentes
dela. Muitos professores ficam lastimando dificuldades e acabam
por esquecer que as limitações e os condicionamentos podem
ser superados pela ação humana. (Idem)
O corpo docente sente a falta de leitura por parte dos alunos,
automaticamente detectando a ausência de planejamento, sendo vital para os
18
alunos. Se eles não têm conhecimento das diretrizes, todo o percurso pode
ficar prejudicado.
Assiduidade na leitura do conteúdo
0%26%
41%
31%
2%Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
O gráfico acima apresenta os dados gerais de todas as turmas do
turno da manhã, mostra que 26% dos professores percebem a ausência de
planejamento por parte dos alunos no processo de leitura. Resultado aponta
para a necessidade de reflexão sobre essa prática de leitura de tal modo que
os alunos consigam um resultado mais satisfatório.
Estudo prévio do assunto
2%29%
48%
16%
5% Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
O gráfico que representa o estudo prévio do assunto, teoria e prática
estão relacionados a um aspecto também fundamental do processo de
ensino-aprendizagem, auxiliando para o corpo docente e a gestão escolar a
encontrar a melhor solução.
19
Teoria e prática
0%5%
46%47%
2%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Esses gráficos tratam da metodologia, portanto estão relacionadas
diretamente às posturas educativas que devem ser determinadas pela relação
teoria e prática, referindo-se aos meios que serão utilizados para que se
alcancem os objetivos. Esses índices revelam a importância dos professores
entenderem que ter um método de ensino adequado à realidade dos alunos
pode significar o sucesso do trabalho realizado no percurso do processo de
aprendizagem e ensino. Em outras palavras significa que
Mais do que dizer que domina procedimentos e técnicas de
ensino, pois o método deve expressar, também uma
compreensão global do processo educativo na sociedade: os
fins sociais e pedagógicos do ensino, as exigências e desafios
que a realidade social coloca, as expectativas de formação dos
alunos para que possam atuar na sociedade de forma crítica e
criadora.(Idem, p 150)
Como conseqüência da pesquisa sobre teoria e prática, foi observado
a necessidade de enfatizar que a orientação no processo educativo em função
da aprendizagem dos alunos, utiliza intencionalmente um conjunto de ações,
procedimentos, ou seja, se utiliza de métodos de ensino e, esses métodos
devem expressar
A relação conteúdo-método, no sentido de que tem como base
um conteúdo determinado (um fato, um processo, uma teoria,
20
etc.). O método vai à busca das relações internas de um
objeto, de um fenômeno, de um problema, uma vez que esse
objeto de estudo fornece as pistas, o caminho para conhecê-lo.
(Idem, p 151)
A freqüência e pontualidade por parte do corpo discente, são
consideradas de total relevância, para condução das atividades acadêmicas.
Vejamos os gráficos que tratam dessas temáticas e freqüência e pontualidade
revela atitude dos alunos do turno manhã.
Consideramos ainda a relação aluno e professor. O gráfico abaixo
apresenta os índices relativos ao quadro geral das turmas da manhã. Índices
que se mostram significativos. Questão que também merece atenção especial,
uma vez que pode se tornar aspecto determinante do sucesso ou fracasso do
processo ensino-aprendizagem.
De
acordo com os
gráficos foram
apresentados, alguns aspectos de total importância na visão dos professores
Respeito ao professor3%
0%
6%
35%56%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Freqüência do aluno0%
5%
21%
61%
13%Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
21
em relação ao corpo discente, a saber: comprometimento com as aulas,
questões ortográficas e gramaticais, interpretação dos conteúdos e das provas,
assiduidade na leitura do conteúdo, estudo prévio do assunto, teoria e prática,
freqüência do aluno e respeito ao professor.
CAPÍTULO II
O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM
22
Na tentativa de aprofundar a investigação, foram selecionados, de
forma aleatória, cinco professores do turno da manhã. Essa escolha se deu
nas turmas da manhã que apresentaram os índices para o foco desse estudo.
Neste capítulo apresento, na primeira parte, as falas desses
professores bem como as reflexões que foram sendo tecidas durante as
análises. Na segunda parte, aprofundo as reflexões, destacando os aspectos
político, humano e técnico, presentes no processo de ensino-aprendizagem,
buscando estabelecer relações entre as opiniões dos professores e os aportes
teóricos utilizados.
2.1. O que dizem os professores
Inquiridos sobre o processo de ensino-aprendizagem, sobre o que
pensam ser uma boa aula, sobre as interfaces da relação aluno e professor e
outros aspectos que envolvem a aprendizagem e o ensino, os professores
apontaram significativas entendimentos, que podem contribuir para o repensar
do ensino de excelência.
As respostas dos questionários apresentaram características
importantes sobre os alunos de modo geral e, em particular, sobre o bom
aluno. Vejamos:
Professor A
Ter acima de tudo determinação, perseverança e o principal,
humildade para reconhecer que errou e não assimilou o que foi
exposto, por várias vezes e de várias formas. Não basta ser
apenas ser dedicado, aquele que só tem grau dez, pois às
vezes ele realmente estudou mecanicamente ou decorou, não
sabendo aplicar na prática o que aprendeu na teoria.
Professor B
O bom aluno é aquele que consegue estabelecer com seu
professor uma relação de confiança e troca, onde este não
deve ser visto como detentor absoluto do saber, mas sim como
facilitador do conhecimento, e aquele não deve ser entendido
23
como uma folha em branco: o aluno leva pra escola o
conhecimento de mundo que possui. Da relação entre esses
dois indivíduos ativos no processo ensino-aprendizagem é que
o conhecimento se desenvolve de forma eficaz. Será que o
alunado está consciente de sua participação ativa neste
processo? Será que o aluno sabe que a responsabilidade de
sua aprendizagem é sua, que nenhum professor pode ser
responsabilizado por abrir a sua cabeça e depositar o
conhecimento lá dentro?
Professor C
Consciência de que nada sabe: humildade, sinceridade,
respeito aos professores e colegas de turma e espírito de
equipe.
Professor D
A curiosidade pelo conhecimento, espírito questionador, a
humildade, capacidade de concentração e dedicação.
Professor E
As características de um bom aluno estão presas à faixa etária.
Entretanto, em qualquer idade, algumas qualidades são
comuns, como disciplina na leitura dos textos, atenção nas
aulas, comprometimento com os objetivos do curso. Também é
desejável que o aluno seja assíduo, pontual e participativo em
sala de aula.
Se compararmos as repostas obtidas, com os resultados apresentados
nos gráficos apresentados (gráficos 1, 2, 3 e 4), percebemos que os
professores informam suas necessidades educativas. Expressam quais
características discentes são importantes para que sua aprendizagem se dê de
modo satisfatório. Os professores oferecem pistas que minimizem esses
24
entraves quando dizem: “o bom aluno é aquele que se comporta com a
curiosidade,” por exemplo.
Dando continuidade os professores, expressaram sobre uma aula de
excelência. Eles disseram:
Professor A
Participação e interação de todos os personagens, os que não
tiverem engajados, sofrerão a seleção natural. Concretizar o
que foi aprendido na teoria é de suma importância, pois você
pode aplicar e observar os efeitos daquela medida e até
mesmo aplicar as exceções quando não se obtiver êxito em
determinadas ações.
Professor B
A aula é um acontecimento que pré-supõe uma troca. Neste
evento diário, as partes envolvidas devem buscar uma
integração harmoniosa onde alunos e professores tenham o
mesmo objetivo: A aprendizagem. Para que isso ocorra de
forma eficaz, elegeria: Professor capacitado, Alunos que
queiram aprender, Diálogo, Infra-estrutura, Comprometimento
de todos os elementos envolvidos no processo e Boa vontade.
Aprender qualquer coisa é muito difícil. Muitas vezes é preciso
que nos desprendam de pré-conceitos e valores tais que
podem não ser compatíveis com nosso aprendizado.
Professor C
Conhecimento pleno da disciplina lecionada, capacidade de
relacionar teoria e vida prática, Humildade na transmissão do
conhecimento. Espírito de justiça e acima de tudo, gostar de
ser um educador. É necessário antes de tudo, gostar de
lecionar.
Professor D
25
Qualquer atividade pedagógica deve ser iniciada por uma
reflexão filosófica sobre que objetivos pretende alcançar e a
seguir um planejamento que especifique, além dos objetivos,
conteúdos selecionados, estratégias, recursos materiais e
avaliação. Uma boa aula não pode ser fruto do acaso, tem que
ser bem planejada. Isso gera segurança no professor que
certamente trabalhará seu conteúdo de uma forma mais
atraente para sua turma.
Dando continuidade ao relato dos professores sobre a relação aluno e
professor. Eles disseram:
Professor A
Conhecimento e respeito sempre andando de mãos dadas,
para que ambas as partes possam desenvolver um bom
trabalho de ensino-aprendizagem. Em algum momento, um
personagem estará na posição de causa / e outro de efeito e
vice – versa. Professor sempre atualizado e conhecedor das
formas midiáticas para levar o conhecimento da forma mais
ampla e democrática possível.
Professor B
O relacionamento entre os indivíduos envolvidos no processo
pedagógico é fundamental. Porém, para que essa relação seja
sadia, é preciso que se respeite à individualidade desses
sujeitos, lembrando sempre que não existe o aluno-modelo
nem tampouco o professor padrão.
Professor C
Envolvimento emocional equilibrado e maduro entre professor
e aluno (simpatia e carinho), atenção e respeito.
Professor D
26
A relação que se deve ter, entre professor e aluno
primeiramente é de respeito mútuo. Entender quais são os
papeis assumidos por ambos. A relação existente no processo
de aprendizado é sempre dialética, pelo menos deveria ser.
Tanto o professor que ensina, aprende ao ensinar, tanto o
aluno que aprende, ensina ao aprender. Uma troca constante
de experiências que vão produzir novos conhecimentos. O
aprender é sempre dialético.
Professor E
O processo ensino-aprendizagem inclui um tripé de
sustentação, sem o qual o mesmo ficará desequilíbrio:
aluno-conteúdo-professor. No aluno precisamos encontrar
pré-requisitos e vontade aprender, no professor, bagagem de
conhecimento e vontade de ensinar, os dois elementos
mediados pelo conteúdo que levará em conta: planejamento,
organização, critérios de seleção de material e avaliação, entre
outros.
Mas, sem sombra de dúvida, o relacionamento amistoso e o
respeito entre aluno/professor serão responsáveis pela
instalação de um vínculo positivo com a aprendizagem. Lauro
de Oliveira Lima, piagetiano, disse em um de seus livros que o
aluno não gosta é do professor e não de determinada matéria.
Na verdade o aluno costuma transferir suas diferenças com o
Professor para a disciplina lecionada.
Os docentes relatam, sobre a importância do componente
comportamental do aluno em sala de aula.
Professor A
Para mim, a hora da aula é uma hora sagrada, é uma
comunhão, em que partes estão voltadas em único objetivo o
de transmitir e perpetuar o seu conhecimento e o outro receber
e dar continuidade e futuramente utilizar a melhor maneira
possível seja em qualquer nível de aprendizagem,
27
principalmente no nível da graduação(profissional). É
necessário um comprometimento, sendo necessário o
estímulo, a reflexão... Com estes requisitos o aluno tem que
demonstrar um comportamento sereno e que tenha um
indicador de contestador para que possa ter um entendimento
da disciplina.
Professor B
Qual seria o comportamento adequado para sala de aula? As
pessoas possuem formas subjetivas, cada um aprende melhor
de uma maneira. Dessa forma, acho difícil que se determine
como o aluno deve se sentar, se ele deve ou não falar alguma
coisa durante a aula, se ele vai tirar o boné quando entra em
sala, se ele vai virar para trás. Sendo assim, o comportamento
das pessoas em sala de aula, ou em sala de espera, ou na
sala de exibição do cinema, deve ser sempre a mesma: As
pessoas deve se portar com EDUCAÇÃO sempre, não
invadindo o espaço do outro, não roubando o direito do outro
de aprender, de receber o que está sendo oferecido naquele
ambiente.
Professor C
Fixação (interesse) do aprendizado decorrência natural do item
anterior.
Professor D
É necessário que o aluno se concentre e tenha atenção voltada
para aula, assim ele poderá formular melhor a sua dúvida,
como também o professor poderá formular melhor suas
respostas e seus exemplos. Se comportar como aluno é
entender que o espaço da sala de aula é destinado para a
troca de conhecimento, específica a cada disciplina.
28
Professor E
O aluno indisciplinado atrapalha o ritmo dos trabalhos
escolares. Se não tem um comportamento adequado à
aprendizagem, além de não aprender o que está sendo
ensinado, acaba tumultuando a aula e termina por influenciar
outros colegas a tomarem parte na indisciplina, o que
certamente colaborará para que a aula não cumpra o seu
planejamento.
Abaixo segue, a descrição sobre a melhor forma de avaliar um aluno
do ensino superior:
Professor A
Através de provas contextualizadas, que transmitam a nossa
realidade, aplicando casos concretos, sejam elas de forma oral
ou escrita. Questões que façam o alunado a pensar e não ser
apenas uma coisa decorada, pois os casos surgirão e eles
terão que ter soluções, onde muitas vezes um erro mínimo
pode ser fatal.
Professor B
Costumo dizer aos meus alunos que uma avaliação
padronizada, aquela que possui um único padrão e a partir
dele, avaliamos todo um grupo, esperando uma única forma de
resposta, é injusta. Cada pessoa é única. Cada um traz
consigo saberes e experiências diversas. Cada indivíduo tem
um tipo de memória que predomina. Um aluno se sai melhor
numa avaliação objetiva. Outro obtém um melhor resultado em
questões discursivas. Outros tantos preferem avaliações orais:
Os resultados obtidos não devem sofrer interferência do
método usado na avaliação. Essas variantes sozinhas não
podem ser determinantes na avaliação discente. A questão da
avaliação continua sendo amplamente discutida nos cursos de
29
educação atualmente. Penso que ainda não exista uma forma
de avaliação que seja capaz de contemplar as características
individuais dos alunos, caso sejam avaliados enquanto parte
de um todo. Mas de qualquer forma, acredito que a melhor
avaliação é aquela que considera a experiência e o
conhecimento que o aluno desenvolve individualmente.
Características fundamentais a uma avaliação eficiente:
Clareza de objetivos: O que é esperado: Grande número de
aprovados? Alunos preparados? Aluno com posicionamento
crítico consciente? Qualquer avaliação pressupõe dados
concretos, fundamentação consciente, imparcialidade,
coragem...É preciso ainda ter certeza que o método usado
para avaliação é um método seguro, que não esteja
contaminado por inferências. A avaliação é também uma
questão matemática: A metade de 100 vai ser sempre 50. Qual
a relação entre a parte e o todo pretendo estabelecer na minha
avaliação?
Professor C
Aula por aula, freqüência e interesse pela pesquisa.
Professor D
O Sistema de avaliação via prova é prático e obedece a uma
lógica mecanicista, que busca não a capacidade analítica do
aluno de desenvolver as suas próprias idéias. Esse sistema se
limita a responder as questões dadas nas provas. O que seria
interessante um método que permitisse com que o aluno
desenvolvesse um senso crítico, através de leituras e
discussões em sala de aula. Produzindo redações e
elaborando questões para serem respondidas com o grupo.
Entretanto, um mecanismo assim, só seria possível em turmas
com um número menor de alunos por disciplina. Requereria do
professor um engajamento maior com a disciplina lecionada, e
dos alunos, demandaria um tempo maior dedicado à leitura, a
30
análise dos textos e da elaboração de questões sobre os
textos.
Professor E
Independente das normas regimentares sobre Avaliação, cabe
ao Professor do Ensino Superior ter uma visão clara sobre
avaliação. Muitos professores avaliam apenas o conteúdo
lecionado, achando que a avaliação é um fim em si mesma.
Todavia, modernamente, sabemos que a avaliação não deve
ser somente do professor, recordando o tripé do processo
ensino/aprendizagem, teremos aluno-conteúdo-professor.
Logo, o professor deverá também se autoavaliar e tabular o
resultado de sua turma. Se mais de 50% estiver com a nota
abaixo da média da instituição, algo está errado. Nesse caso,
estamos conceituando a avaliação como diagnóstica. Ela
aponta para possíveis pontos do planejamento educacional
que não tenham sido bem trabalhados. Cabe ao professor,
replanejar sobre os dados obtidos na avaliação e oportunizar
aos alunos uma nova avaliação.
Esta última fala, em especial, traduz a real necessidade dos
professores: a articulação necessária entre teoria e prática. O ensino e a
aprendizagem só se tornam significativos se, de fato, existir essa conexão.
Assim, é preciso entender que o conhecimento tratado durante o processo
ensino-aprendizagem
é uma atividade teórica e prática que transforma a natureza e a
sociedade; prática, na medida em que a teoria, como guia da
ação, orienta a atividade humana; teoria, na medida em que
esta ação é consciente.
Dessa forma, o professor que se coloca como mediador no processo
de aprendizagem, numa perspectiva dialética, percebe que a constituição do
sujeito se dá nas relações entre eles, pois existe nossa subjetividade, fruto das
31
relações. Assim, o aluno não é mais visto como alguém que está “vazio” e
precisa ser “preenchido” por conhecimentos.
As idéias iniciais dos alunos, seus conhecimentos, suas hipóteses
devem ser consideradas como ponto de partida para a aprendizagem e o
professor deve mediar o encontro do aluno com o conhecimento prático, de
modo que este perceba a dinamicidade do conhecimento como um processo
em permanente construção e desenvolvimento, não se limitando a estudar
apenas os resultados.
As relações que ocorrem dentro da sala de aula entre os sujeitos
envolvidos no processo de ensino apresentam algumas regras, implícitas e
explícitas, que procuram estabelecer as responsabilidades que cada um tem
perante o outro, em um contexto histórico e social permeado por fatores
internos e externos, a fim de viabilizar práticas que possibilitem a apropriação
do conhecimento pelo aluno.
Nesta relação existe um período em que um estuda o outro, tentando
descobrir seus interesses, estratégias e intenções. Embora todos tenham suas
relações pessoais com os saberes, o professor é o portador de um saber
paradigmático resultado de uma transposição didática. O aluno ainda não tem
relação com esse tipo de saber e depende da mediação do professor, estando
sujeito a um alto grau de controle por parte deste. O que significa uma
assimetria entre professor e alunos na relação didática que se estabelece no
espaço e no tempo educativo.
Essa assimetria inclui ainda, certo grau de confiança que o aluno deposita
no professor, ao supor que este tem a chave para a resolução dos problemas
que propõe para a classe. O aluno confia que o professor fará as escolhas
adequadas para que se dê sua aprendizagem. No entanto, nem sempre essas
escolhas são as melhores e, nem sempre, são as mais significativas e que,
portanto, irão favorecer a aprendizagem. Os resultados que os gráficos
apresentam a partir das falas evidenciam muitas falhas do processo.
Outro aspecto a considerar é o fato de que o professor detém a
perspectiva futura do que se supõe que o aluno irá aprender, já que conhece
todo o programa. A confiança que se estabelece entre professores e alunos é
32
uma das bases que sustentam a relação didática, sem a qual haverá uma
ruptura.
2.2. O político, o humano e o técnico no processo de ensino-
aprendizagem
Pensar no processo ensino-aprendizagem, significa refletir a
multidimencionalidade deste processo como afirma Candau (1984).
Outro lado, porém, relaciona-se à sistematização ou à ação intencional
que procura organizar as condições que melhor propiciem a aprendizagem.
Este aspecto é considerado objetivo e racional. Entretanto, não se pode cair
numa extremidade que leve exclusivamente ao tecnicismo, pois, novamente,
estaríamos esbarrando em um processo unilateral.
Não podemos esquecer que há, ainda, uma dimensão importantíssima:
a político-social. Se o processo ensino-aprendizagem é situado, esta dimensão
ganha relevância, vez que permeia todo o processo de aprendizagem e ensino,
portanto, engloba toda a prática pedagógica.
Com esse pensamento, Candau (1984) enfatiza que a prática docente
deve partir do compromisso com a transformação social, com a busca de
práticas pedagógicas que tornem o ensino de fato eficiente. (p.21) que rompa
com as práticas individualistas e alcance o fundamental: uma prática
conscientemente trabalhada, articulada com os interesses da população
concreta.
Para Marx, filósofo Alemão (1818-1883), não existe o indivíduo formado
fora das relações sociais. Ela enfatiza esse ponto ao afirmar que a essência
humana é o conjunto das relações sociais.
A experiência que envolve ensinar e aprender integra dois sujeitos que
assumem simultaneamente os papéis de mestre e aprendiz. Quanta
complexidade envolve essa relação no processo ensino-aprendizagem. Somos
o produto de vários fatores (Bio-Psico-Social) que nos acompanham desde a
mais tenra idade. Somos seres em permanente estado inacabado, quer alunos
ou educadores.
33
Além disso, a concepção defendida aqui é a de que o processo de
ensino-aprendizagem é uma integração dialética entre o instrutivo e o
educativo que tem como propósito essencial contribuir para a formação integral
do aluno. O instrutivo é um processo de formar homens capazes e inteligentes,
que, quando diante de uma situação problema sejam capazes de enfrentar e
resolver os problemas, de buscar soluções para resolver as situações. O
homem tem que desenvolver sua inteligência e isso só será possível se ele for
formado mediante a utilização de atividades lógicas. O educativo se refere à
formação de valores, sentimentos que identificam o homem como ser social.
Esses aspectos associados à esfera político-social nos permitem falar
de um processo de ensino-aprendizagem que tem por fim a formação
multidimensional do homem.
Desta forma, a eficácia do processo de ensino-aprendizagem está na
resposta em que este dá à apropriação dos conhecimentos, ao
desenvolvimento intelectual e físico do estudante, à formação de sentimentos,
qualidades e valores, que alcancem os objetivos gerais e específicos
propostos, levando a uma postura transformadora, que promove ações
coletivas, solidariedade e o viver em comunidade.
A idéia de que o processo de ensino-aprendizagem é uma unidade
dialética nos remete a uma concepção de que o processo de ensino-
aprendizagem tem uma estrutura e um funcionamento composto por
elementos estreitamente inter-relacionados.
Portanto, todo ato educativo obedece a determinados fins e propósitos
de desenvolvimento social e econômico e parte das características, interesses
e possibilidades dos sujeitos participantes: alunos, professores, comunidade e
demais fatores do processo.
34
CAPÍTULO III
TROCANDO EM MIÚDOS: OS CINCO PROFESSORES ESTUDADOS
As análises das falas dos professores apontaram, curiosamente, dois
componentes distintos do processo ensino-aprendizagem. Em outras palavras,
as inquietações dos professores entrevistados, do turno da manhã,
relacionam-se a ausência de um estudo prévio por parte dos alunos e
questões de interpretação e ortografia, ressaltam as fragilidades do
componente comportamental do discente.
Desta forma, neste capítulo, apresento as falas dos professores
acompanhadas das devidas reflexões, além dos fundamentos teóricos
necessários. Vejamos:
35
3.1. Planejamento é fundamental
O ato de planejar faz parte da história da humanidade, do ser humano,
uma vez que o desejo de transmutar sonhos em realidade, concreta, objetiva
se constitui em preocupação marcante de todo ser vivente. Em nosso cotidiano
estamos constantemente enfrentando situações que necessitam de
planejamento, mas nem sempre as nossas ações diárias são demarcadas em
etapas concretas que organizam nossa ação, já que fazem parte do contexto
de nossa rotina. No entanto, para realizar atividades que não podem ser
inseridas no rol das atividades rotineiras do nosso cotidiano, como, por
exemplo, nossa atividade docente, precisa usar processos de tomada de
decisões conscientes para alcançar o que desejamos. Precisamos, portanto,
planejar nossa ação.
As idéias que envolvem o planejamento são amplamente discutidas nos
dias atuais, mas um dos complicadores para o exercício da prática de planejar
parece ser a compreensão de conceitos e o uso adequado dos mesmos.
Não é minha intenção abordar todos os tipos e níveis de planejamento
nesta monografia, pois como aponta Gandin (1994, p. 83),
é impossível enumerar todos os tipos e níveis de planejamento
necessários à atividade humana sendo a pessoa humana
condenada, por sua racionalidade, a realizar algum tipo de
planejamento, está sempre ensaiando processos de
transformar suas idéias em realidade. Embora não o faça de
maneira consciente e eficaz, a pessoa humana possui uma
estrutura básica que a leva a divisar o futuro, a analisar a
realidade a propor ações e atitudes para transformá-la.
Pretendo, sim, enfatizar a necessidade do planejamento no processo
ensino-aprendizagem, salientando que esse planejamento é antes de tudo um
ato de tomada de decisões, é processo de busca de equilíbrio entre meios e
fins, entre recursos e objetivos, visando sempre o melhor desse processo.
Assim, o ato de planejar é sempre um processo de reflexão, de tomada de
decisão sobre a ação; um processo de previsão de necessidades e
36
racionalização de emprego de meios (materiais) e recursos (humanos)
disponíveis, visando à concretização de objetivos, em prazos determinados e
etapas definidas, a partir dos resultados das avaliações (PADILHA, 2001, p.
30).
Planejar é uma atividade que faz, obrigatoriamente, parte da educação,
e tem como características básicas: evitar a improvisação, prever o futuro,
estabelecer caminhos que possam nortear mais apropriadamente a execução
da ação educativa, prever o acompanhamento e a avaliação da própria ação.
Desta forma, o planejamento deve ser entendido como um "processo
contínuo que se preocupa com o 'para onde ir' e 'quais as maneiras adequadas
para chegar lá', tendo em vista a situação presente e possibilidades futuras,
para que o desenvolvimento da educação atenda tanto as necessidades da
sociedade, quanto as do indivíduo" (PARRA apud SANT'ANNA, 1995, p. 14).
A reprodução das falas dos professores a seguir irá, revelar as
características daquilo que eles consideram ser um bom aluno:
Professor um:
Bom em primeiro lugar, para um aluno tenha êxito em alguma
coisa ele tem que ter humildade e em segundo lugar ele tem
que ter força de vontade para superar aquilo que ele não tem o
conhecimento pleno ou tem o conhecimento errôneo daquela
coisa e ter a humildade e hombridade em dizer que não sabe,
mostrar que ele quer aprender, querendo melhorar, sobre o
aspecto buscando a excelência dentro da atividade que o
mesmo pretende trabalhar no futuro.
Esta fala evidencia os componentes de uma boa aula. E continua o
professor:
Eu acho que tem haver uma cooperação mútua, entre ambas
as partes, com a questão do professor estando emprenhado
em ensinar e fazer com que o aluno entenda a sua disciplina,
na verdade ele vai inferir como um todo no processo de
conhecimento do aluno, ter sempre a visão da equipe, seja do
37
lado do professor ou do aluno, fazendo pergunta em querer
participar em dinâmicas que possam vir ajudar, não só ele,
mas como toda a turma e o professor também estar sempre
buscando novas formas de ensinamentos, novas formas
midiáticas de fazer com que o aluno, tenha o comprometimento
que ele venha se interessar para que ele possa aprender mais.
O professor em primeiro lugar tem que ter a paciência,
conhecer o seu limite e tentar entender o que está fazendo
com que aquele aluno tenha um bloqueio, não só no sentido de
vir buscar o conhecimento, mas de repente um bloqueio
pessoal para que você não interfira naquele mundo do aluno.
Às vezes o discente estar por obrigação, porque algum
parente, os pais ou avós estão obrigando que ele esteja ali,
então eu acho que neste momento, é importante parar, fazer
uma reflexão naquilo que pode fazer para ajudar aquele aluno,
na verdade não é apenas transmitir o conhecimento e sim
tentar compreender aquele aluno, na verdade ele faz parte de
um todo, e partir daquele momento fazer o resgate daquela
pessoa para a sociedade, seja homem ou mulher, às vezes ele
está perdido não é bem aquilo, de repente encaminhar o
mesmo para uma outra área dentro da disciplina que ele
pretende estudar, algo neste sentido.
Por que a relação, professor e aluno são importante no processo ensino-aprendizagem?
Essa relação professor e aluno ou aluno versus professor, dá
aonde venha, eu acho que temos que levar em conta, antes de
qualquer coisa o respeito, tendo que ter o respeito mútuo, eu
respeitando ele como pessoa, como ser humano tentando
passar o meu conhecimento, ele querendo aprender, de
repente não ter êxito naquele primeiro momento ao transmitir a
minha mensagem, às vezes sendo de uma maneira truncada,
vem à segunda parte, que é a humildade de reconhecer que
aquilo não foi bem aceito ou daquela maneira não foi própria,
38
naquele momento e tentar mudar para que ele possa ou a
turma possa entender de uma outra maneira, reconhecer
também que nós temos erro, e dificuldade, às vezes você é
doutor, você tem mestrado, tendo o conhecimento técnico
puro, porém, não tendo a singularidade em poder passar a
matéria de uma forma que seja abrangente a todos, de uma
forma que seja unificada para todos e às vezes, tanto
conhecimento vai impedir às vezes o profissional que não tem
todas estas titularidade, tem uma facilidade porque ela vai
jogar sempre a questão do ensino-aprendizagem de uma
forma não mecânica, não somente teórica, tendo a prática,
tendo que mostrar como funciona na realidade e com isso a
gente completa.
Qual a importância do componente comportamental do aluno em sala de
aula?
O comportamento é tudo, a expressão corporal do aluno, ele
diz se está gostando ou não da aula, se ele está a fim de ficar
te escutando, de querer aprender pelos gestos, pela postura
dele como ele senta, se ele está escrevendo, atento, então o
componente comportamental do aluno sempre tem que ter as
seguintes variáveis: assiduidade, freqüência, respeito (aluno
versus professor e aluno versus aluno), tendo a paciência de
esperar o professor terminar com a sua explicação, porque às
vezes naquela pergunta vai dar justamente continuidade da
próxima pergunta não ser ansioso, enfim ter um respeito mútuo
por todos.
Descreva a melhor forma de avaliar o discente do Ensino Superior?
Eu acho que tem que ser da forma tradicional, escrita e oral,
porque no momento que você faz da forma escrita, está sendo
dada uma oportunidade, para aqueles alunos que gostam de
escrever, tem conhecimento, mostrando as doutrinas, as
correntes majoritárias e minoritárias, ou seja, uma forma de
39
avaliar, na avaliação oral, acha muito importante, porque na
prova escrita sempre dá margem, dependendo do professor,
às vezes podendo realizar uma prova com consulta, em
relação ao código, nós temos alguns alunos que se julgam
mais espertos do que os outros, em relação à fraude ou cola, o
professor não é biônico para impedir um tipo de situação como
esta, podendo inibir, impedir totalmente não é possível e a
prova oral, não dá margem para isso, o aluno sabe ou não
sabe, não estou dizendo que o aluno vai ter que mostrar para
mim, todas as correntes, mostrar uma oratória perfeita ter uma
dicção perfeita, mas que saiba o mínimo para que ele possa
avançar na sua vida acadêmica, tendo o mínimo para discutir,
argumentar, o professor relacionar alguns casos concretos, ele
sabe o que fazer naquele determinado caso, não faço questão
que ele me diga capítulo por capítulo ou artigo por artigo, de
determinadas legislações ou capítulo de algum livro, ou seja,
de algum autor famoso. Sabendo pelo menos, como relacionar
a teoria com a prática o que ele faria naquele determinado
assunto, naquele momento da prova oral estando apenas o
professor e aluno, é uma forma subjetiva, eu sei diferenciar
muito bem, em relação ao aluno, a questão do nervosismo e
do não saber, por mais que o aluno não tenha sido exemplar
durante o semestre, porém se houve um esforço, se realmente
ele estudou, a gente tem como avaliar naquele momento da
prova oral.
Todos os processos de avaliação são válidos, tendo a
capacidade de aferir o conhecimento do aluno, por mais que
em algum trabalho o mesmo fique encostado em algum
colega, de alguma forma seja na prova escrita ou oral ele será
avaliado, sobre aquele assunto, eu posso falar sobre este
assunto com certa propriedade, eu acabo utilizando os três
métodos de avaliação, dentro da minha disciplina, porque ele
fazem os trabalhos, como casos concretos fossem, e destes
trabalhos surgirão às provas, tanto escrita como oral, então eu
acho que um pouquinho de cada, faz parte do aprendizado do
40
aluno, fazendo parte do crescimento como pessoa, porque
hoje se ele simplesmente faz, Ctrl + C e Ctrl + V, cola e copia o
trabalho, tudo sendo feito no computador, agora é fácil, na
hora que ele tiver que mostrar o conhecimento dele, seja na
prova, não poderá copiar do computador, o que aplicar no
momento da prova, seja escrita ou oral, aquele aluno que se
baseia somente na questão de fazer o trabalho sem aprender,
quando ele chega num determinado período da faculdade ele
procura um estágio, exigindo exatamente o que ele aprendeu
na Prática Jurídica da faculdade, não tendo em alguns
momentos, o computador para ajudar, não tendo de a onde
tirar o modelo, então se ele não aprendeu durante o período do
semestre, não tendo interesse em fazer para aplicar na prática,
utilizando a transcrição do trabalho, não saberá aplicar em seu
estágio, acontecendo com alguns alunos, dizendo que lembrou
tanto da senhora, porque eu cheguei ao estágio, e pediram
para despachar com um juiz, quando eu cheguei para falar
com o juiz, a secretaria do mesmo dizendo que teria que fazer
uma petição assim, de juntada, tendo que fazer na hora.
Os professores entrevistados falam das características de um bom
aluno, eles dizem:
Professor 2:
É na verdade falando do aluno universitário, eu entendo que na
faculdade o aluno vai receber um conhecimento mais
elaborado, para que ele consiga ter sucesso na obtenção deste
conhecimento, tendo que trazer alguns saberes, sendo
pertinente a experiência de vida deste aluno, então o bom
aluno é aquele que consegue fazer uso da experiência de vida,
consegue somar bastante, somando este conhecimento de
vida com o conhecimento mais elaborado que o mesmo recebe
na faculdade, quando ele consegue conciliar isso tudo,
entendendo o papel dele de aluno dentro da instituição de
ensino o discente irá obter bons resultados.
41
Esta fala evidencia os componentes de uma boa aula. E continua o
professor:
Precisa de um professor adequar à aula dele aquele tipo de
clientela que o mesmo está recebendo, então eu acho que ele
tem que falar uma linguagem que o aluno entenda, ele tem que
tentar trazer a parte teórica para a prática porque através
dessa prática aí sim o aluno terá condições de entender a
teoria.
Porque a relação professor e aluno têm importância no processo ensino-aprendizagem?
Eu acho que é fundamental, o professor ele é facilitador do
conhecimento, ele não é detentor absoluto do saber, então eu
acho que dessa relação, o conhecimento vai conseguir
acontecer, o aluno vai conseguir utilizar o professor como uma
ponte, entre aquilo que ele busca e o saber pré-estabelecido.
Qual a importância do componente comportamental do aluno em sala de
aula?
O que acontece particularmente eu vejo, que as pessoas
esquecem às vezes uma questão que é básica para qualquer
tipo de relacionamento que é a educação e o respeito, então
eu acho que a partir desses critérios básicos que podem ser
aplicados em qualquer situação da vida da gente, eu acho que
tudo se constrói, a partir de um bom relacionamento de
respeito, educação, o aluno sabendo o que ele está fazendo na
faculdade, também da boa vontade do professor do
conhecimento que o professor traz, realmente podemos partir
para uma boa obtenção do conhecimento.
É uma questão bastante delicada, porque neste momento, a
questão poderá sair um pouco dos limites da sala de aula, a
própria instituição, a vocação da IES, o tipo de trabalho a
instituição exerce, eu acho que será fundamental para
42
solucionar esse tipo de questões, se por um acaso a instituição
está preocupada em manter aluno, preocupação do lucro que
ela vai obter, é claro a mesma não vai querer perder o aluno,
em muitas vezes ela tende a ser muito permissiva, isso com
certeza irá atrapalhar bastante, o trabalho do professor e
consequentemente vai prejudicar também, a transmissão que o
professor pensa em passar para seus alunos.
Descreva a melhor forma de avaliar o discente do Ensino Superior?
A questão da avaliação eu acho que ela é sempre injusta,
porque trabalhamos com grupos, esses grupos são formados
por indivíduos, então cada indivíduo tem uma forma, então não
podemos aceitar e fazer com que a gente tenha vários tipos de
avaliações, tentando contemplar cada um desses indivíduos,
então a gente tenta fazer uma avaliação, dando espaço para o
aluno, se expressar para que possamos avaliar de uma forma
um pouco mais singular, mesmo sabendo que isso é muito
difícil, porque trabalhamos com grupos grandes, e fica
complicada tendo que aplicar um critério único, com base na
matemática, vai avaliar consequentemente obtendo um
resultado, uma nota e partir daí, a avaliação é feita.
Professor 3:
Os professores entrevistados falam das características de um bom
aluno, eles dizem:
Em primeiro lugar o aluno tem que mostrar certo interesse
daquilo que ele está fazendo conseqüência da curiosidade,
busca do novo e partir do momento que ele busca o novo,
curioso com as coisas novas que vem surgindo, ele vai se
dedicar, aí é uma outra parte, primeiro a busca pelo
conhecimento, a dedicação dada a esse conhecimento novo,
capacidade de analisar, discutir e bom senso.
43
Esta fala evidencia os componentes de uma boa aula. E continua o
professor:
A primeira variável que eu acho importante, o professor ao
entrar em sala de aula que ele tenha a plena certeza se aquilo
o que ele vai falar que ele vai transmitir, ele tem conhecimento,
tendo que dominar aquilo, que ele está proposto, que está se
propondo a transmitir, esse é o primeiro ponto. Segundo ponto
ele tenha a capacidade, além de transmitir, receber dos alunos,
as avaliações, as críticas, as análises, sempre penso dar aula
é sempre dialético, o que é ser dialético, não é você ser o dono
da verdade, o aluno ser somente para receber, o conhecimento
se constrói no diálogo, na medida em que eu apresento algo o
aluno vai interpretar aquilo de uma maneira completamente
diferente, jogar para o professor novamente, que também será
uma coisa nova para o professor, e aí, assim é que se produz
o conhecimento na troca de idéias, o professor se encontra
naquele momento para mostrar o caminho, pela devida
experiência que ele tem, mas ele não pode se excluir desse
processo de conhecimento, dar aula é um processo de
conhecimento.
Porque a relação professor e aluno têm importância no processo ensino-aprendizagem?
Eu acho que o aluno, tendo que obter idéia clara do que ele
está fazendo ali, elemento mais complicador é quando o aluno
não sabe o que ele está fazendo naquela sala de aula, naquela
instituição, quando o aluno sabe o que está fazendo, está
querendo aprender, a aula transcorre perfeitamente, a outra é
a questão do respeito, é algo muito mais além por respeitar a
disciplina, quem ministra a disciplina e os colegas que desejam
aprender o novo, são os elementos que fazem a aula fluir
bastante e conseqüência disso tem a participação, a vontade
44
de participar, a não omissão, a leitura correspondente à aula
dada, mas isso tudo é conseqüência do interesse, se o aluno
não tiver interesse e não souber o lugar onde ele estar, qual a
função dele ali, isso nada acontece.
Qual a importância do componente comportamental do aluno em sala de
aula? Esse componente comportamental é importante, porque faz
com que a aula flua em um ambiente salutar, as pessoas
estejam inbuídas, ali no compromisso de querer adquirir
conhecimento e a partir da aquisição desse conhecimento,
pode transformar aquilo em novos conhecimentos, então
quando há um espírito do aprender, todo mundo fica
preocupado, tendo hora do silêncio, hora para discussão, hora
de questionamento e hora de descontração, saber isso é o
quisito do aluno que está preocupado com o aprendizado,
então o aluno que tem isso em mente, terá normalmente um
comportamento mais interessante para a continuidade de uma
aula de qualidade.
Descreva a melhor forma de avaliar o discente do Ensino Superior?
A gente tem uma experiência, porém sendo difícil de aplica,
que é a idéia do seminário, então você permitir com que o
aluno, tenha um determinado conjunto de conhecimento
adquirido e dali transforme em novos argumentos, isso requer
muita leitura, muita participação, não é trabalho de grupo, a
idéia de você poder ouvir cada aluno, tendo uma carga de
leitura maior, a questão da prova é utilizada o método da prova
em sala de aula, porque ele é muito prático, o resultado é
muito mais objetivado, é mais quantificável, não aferindo
perfeitamente o aluno, porque a prova é conseqüência de um
dia específico da vida daquele aluno, se naquele dia ele não for
bem, isso não quer dizer que ele seja um mau aluno, então
quando você tem um sistema de avaliação contínua, porém
45
avalio todas as minhas aulas, é um processo de avaliação,
então ao fim de cada aula a um exercício para a avaliação, no
final do período você tem um conjunto maior de elementos
para classificar, o aluno como bom, regular ou muito ruim,
diferente de uma prova que você pode ter um aluno, que seja
muito ruim e naquela prova foi muito bem, isso não quer dizer
que o mesmo será um grande profissional, agora isso só
possível em lugares com estrutura de turmas pequenas, dois
professores em sala de aula, sendo dois docentes lecionando
uma disciplina, então a própria discussão entre os professores
sobre determinadas questões, em turmas grandes, tendo uma
necessidade em colocar esse sujeito no mercado de trabalho,
acaba sendo inviável, então voltando para a prática à prova
fica sendo algo mais adequado para o nosso modelo
educacional.
Professor 4:
Os professores entrevistados falam das características de um bom
aluno, eles dizem:
Eleger categoria é sempre uma coisa muito difícil, que na
verdade para cada faixa etária, você tem um elenco de
características que poderiam dizer um bom aluno, mas como
eu sei que a tua monografia, fala sobre o ensino superior, na
verdade tem algumas coisas que são básicas, o aluno tem que
ter um pré-requisito, não adianta a gente dizer que pode
começar do zero uma disciplina porque nada começa do zero,
tudo tem um anterior, então ele precisa ter um pré-requisito,
outra coisa que ele precisa ter é disciplina de estudo, o aluno
às vezes vai para o curso superior, ele acha que basta assistir
as aulas, fazer as anotações, e acha que está pronto para
fazer uma avaliação, porque ele estudou o suficiente, não é
verdade, ele além de ser um aluno assíduo, pontual, presta
atenção às aulas, ele vai ter depois disso tudo ter um tempo
46
para estudar e fazer as leituras complementares, eu sempre
digo quando o professor está dando aula, ele está passando
sobre o ponto de vista dele, sendo a única vista de um ponto
que é o do professor, nesse caso é necessário que o aluno
realmente amplie esse conhecimento, através dos estudos
pelas leituras complementares, então recapitulando, eu acho
que faz parte do bom aluno, ser freqüente, ser assíduo,
pontual, prestar atenção a aula, ter disciplina ter um horário
regular para estudar.
Esta fala evidencia os componentes de uma boa aula. E continua o
professor:
Bom como tudo na vida para ser bom tem que haver o
planejamento, essa coisa que o professor acha que detém o
conteúdo, e significa o fator primordial para dar uma boa aula,
ele está completamente enganado, o conteúdo apenas não
basta, é necessário que ele saiba o que vai dar, porque vai dar,
o como vai dar, para quem vai dar e quanto tempo, isso tudo
faz parte do planejamento, na verdade quando você fala, o que
vai dar é o conteúdo, o como vai dar é metodologia, para quem
vai dar é a clientela, quando vai dar é exatamente o
cronograma, do tempo necessário de tempo para dar aquela
atividade, ou seja, é preciso que o professor tenha todo um
cronograma do número de aulas que ele vai ter para ele
dividirem de forma adequada, isso tudo se traduz numa palavra
só, planejamento. Que objetivo eu tenho e para alcançar esse
objetivo. Qual o conteúdo terá que selecionar compromisso
também com o aluno, para dar uma aula agradável, recursos
didáticos, recursos da nova tecnologia, sair da velha história do
cuspi e giz que ninguém mais agüenta, possuem tantos
recursos agora da nova tecnologia, o professor fica o tempo
todo no cuspi e giz, não vale mais, o planejamento e
atualização.
47
Porque a relação professor e aluno têm importância no processo ensino-aprendizagem?
Eu costumo dizer que no processo ensino-aprendizagem existe
um tripé básico, seria, numa ponta o aluno, na outra ponta o
professor mediado pelo conteúdo, enquanto você visualiza o
conteúdo será visto exatamente, que característica tem esse
conteúdo, você vai ver dentro do pré-requisito que ele precisa
se o aluno está preparado, você vai selecionar textos de
autores que enfoquem melhor aquele conteúdo, você vai
estabelecer objetivos para que sejam alcançados de acordo
com esse conteúdo, pensando na forma de avaliar. Como os
alunos entenderam esse assunto? Então no processo ensino-
aprendizagem é necessário que você foque no aluno, foque no
professor, o docente não sendo apenas um conteudista, como
diz o Pedro Demo, um dador de aula, que ele seja realmente
alguém que esteja passando um conhecimento, uma análise e
uma reflexão. Ao mesmo tempo a mediação é dada pelo
suporte metodológico, que dará a sua aula expositiva ou uma
outra forma de aula que possa imaginar.
Qual a importância do componente comportamental do aluno em sala de aula?
Isso no ensino superior é bastante complicado, porque na
verdade não existe aluno calado na sala de aula do ensino
superior, o tempo todo o gente sabe que o aluno chega e
normalmente se o turno é noturno, ele chega cansado do
trabalho, querendo contar mil coisas que aconteceram aos
colegas, o professor chega com o tempo contado exprimido
para dar a sua aula, então é necessário que, o professor tendo
planejado a sua aula, é quântico esse tempo inicial que ele não
vai perder pelo contrário, ele vai ganhar, tentando chamar a
atenção dos alunos para o foco da aula dele, então é
necessário que o professor tente surpreender o aluno,
chamando atenção para algum ponto interessante do assunto
48
daquele dia, para que o aluno aos poucos possa parar de
conversar, prestar atenção nele, pode ser um vídeo de três
minutos, pode ser a gravação de uma letra de música, um
texto do jornal, gente vocês leram isso, vocês viram, então
passou no jornal Nacional, enfim, o professor tem que ter uma
estratégia de juntar essas energias todas que vem tão
conturbada da rua e chega à sala de aula, cada um num ponto
de pensamento diferente, o professor var ser esse traço de
união, ele vai congregar todas essas mentes que estão em
ebulição naquele momento, para que ele possa então, com os
alunos todos coesos ali, podendo começar dar a aula dele,
tentar dar aula naquela balburdia, falando mais alto, quase
gritando, não vai chegar a lugar nenhum. Então eu acho que
disciplina é importante sim, mas é algo que tem que ser
combinado entre professor e aluno e tem que ser mediado com
certa dose de bom humor pelo professor.
Descreva a melhor forma de avaliar o discente do Ensino Superior?
Bom discente do ensino superior, ele para ser bem avaliado,
primeiro tem que ser visto como um ser global, ou seja, você
não pode fazer uma boa avaliação, apenas vivenciando ali o
que o aluno escreveu na prova, é necessário que haja a
criação de algumas atividades, onde o professor possa
conversar com o aluno, escutar apresentando um trabalho,
uma dinâmica de grupo, uma apresentação de trabalho e você
vai ter então, uma junção que é o aluno, o que ele tem de
bagagem de conhecimento sobre a sua disciplina, e o que de
certa forma, colocou na prova. Vai diferenciar dois aspectos:
um é o informal que você tem na sala de aula, quando ele está
falando, quando está participando. E o outro é aquele
momento formal que é a avaliação, que é a prova e aí você vai
ter uma noção de quem é esse aluno, às vezes o aluno se sai
muito bem numa prova, porque ele decorou, se você durante a
aula disser a pergunta, colocar numa dinâmica, e fizer com que
49
ele tenha que falar alguma coisa, ele não sabe exatamente o
que você está perguntando, porque ele estudou para fazer
prova, mas não estudou para aprender para saber, então cabe
ao professor de hoje, moderno não ficar avaliando o aluno,
somente por um instrumento, porque a prova é um instrumento
de avaliação, existem números outros, você pode pedir para
fazer um painel integrado, os alunos em grupos fazerem
painéis diferentes depois apresentarem, isso tudo é
aprendizagem que o aluno está demonstrando, e ao mesmo
tempo o professor pode estar avaliando esse tipo de
aprendizagem.
Bom o que eu vejo, é que existe uma faixa bastante extensa,
quando a gente pensa em avaliação, embora muitos
reduzamos a avaliação em um instrumento só que é a prova,
sendo uma maneira muito fácil, está certo ou errado, e você
decidiu a vida do aluno ali, e na verdade eu acho que avaliação
também pode ser um momento prazeroso de aprendizagem,
porque não, se você tem diversos assuntos interessantes
dentro da matéria, dividi em grupo e chama esses alunos a
uma criatividade, como vão apresentar esses assuntos, você
pode se surpreender com a gama de conhecimento, que os
alunos de tem sobre aquele assunto, eles podem hoje em dia
com toda essa modernidade que temos de tecnologia,
apresentar um vídeo como uma avaliação, eu vejo inclusive no
You Tube, muitos trabalhos acadêmicos, virando vídeos no
You Tube, não apresenta só bobagens, existem coisas muito
boas ali, eu vejo muitos professores pedem que os alunos
apresentem um vídeo sobre aquele conteúdo trabalhado em
sala de aula, eu acho uma forma muito inteligente, até porque
o aluno, não está mostrando só no conhecimento, só na
competência, está mostrando também uma habilidade de
transformar esse conhecimento, numa forma mais visível, mais
interessante, mais prazerosa. Outras formas que você tem de
avaliar um aluno, dependendo da situação, no caso por
exemplo do curso de Direito, um aluno que vai assistir a uma
50
audiência, ele está naquele momento tendo, uma
aprendizagem única relevante para a futura carreira dele, e ao
mesmo tempo depois disso sentado em pequenos grupos ou
no grupo maior da turma, pode fazer um debate, e desse
debate extrair uma avaliação do grupo como se comportou.
Qual foi a atenção que prendeu na audiência? Ao mesmo
tempo qual foi o conteúdo que esses alunos trouxeram sobre o
Direito, isso é também uma forma válida de fazer avaliação.
Os professores entrevistados falam das características de um bom
aluno, eles dizem:
Professor 5:
Acredito que o item fundamental para a gente interagir com um
bom aluno, ter a impressão que essa pessoa está interessada
em aprender e conhecer, aquilo que ela se propôs a fazer.
Então o fundamental é a curiosidade, o desejo de aprender e a
capacidade de visualizar que o investimento, está sendo feito
em termo de ensino, mais adiante vai voltar para o aluno, no
aspecto da formação profissional, robusta, substantiva e na
qual ele mesmo vai se favorecer no mercado de trabalho.
Esta fala evidencia os componentes de uma boa aula. E continua o
professor:
Eu costumo sair satisfeita de sala de aula, quando eu tenho a
impressão que no momento da mediação do conhecimento,
teórico abstrato, porém faze-lo chegar aos alunos, isso a gente
percebe com a participação do alunado, então uma boa aula
para mim, quando eu falo e os alunos falam, numa dialética
muito interessante, correspondência às vezes de conflito, mas
o aluno sai da posição de passividade, isso é favorecido pelo
modo como eu fui capaz de facilitar o aprendizado teórico, ele
51
foi capaz de perceber através da teoria a aplicabilidade daquilo
que eu falava, a compreensão da vida cotidiana, foi capaz de
participar com dúvidas ou sugestões, a síntese final, que eu
não falei para as paredes, os alunos estiveram ali, eu também
sai aprendendo com os alunos, invariavelmente quando os
alunos participam da aula quem sai ganhando é o professor,
porque nenhuma turma é igual a outra, nenhum aluno é igual
ao outro, a experiência de vida de cada um é definitivamente
muito enriquecedora para o professor.
Porque a relação professor versus aluno tem importância no processo ensino-aprendizagem?
É uma relação de respeito recíproco, o professor respeita as
possíveis dificuldades do aluno, mas também as virtudes e o
aluno respeita a tarefa árdua de mediar um conhecimento,
muitas vezes teórico, abstrato e pesado, percebendo o
empenho do professor, que o conhecimento chegue até ele, o
respeito recíproco, é bom para construir uma relação de
reciprocidade.
Qual a importância do componente comportamental do aluno em sala de
aula?
A questão comportamental aponta para quem é o aluno, fora
da sala de aula, ele vai exibir em sala de aula, o
comportamento que é o dele, o habitual dele, e muita vezes
este comportamento habitual dele pode ou não, interferir na
conduta mais interessante do aluno em sala de aula, então o
professor terá que obter a sensibilidade de perceber, qual o
aluno no aspecto do comportamento dentro de classe como
discente, tendo consciência o que significa ser um aluno,
participando da universidade, fazendo parte de um projeto de
formação superior ou não. Então o comportamento do aluno
vai nos apontar em que direção, a gente precisa manejar a
52
turma, para que a mesma ou precise tomar consciência melhor
das razões dos alunos estarem ali de um modo geral ou o que
acontece eventualmente de você entrar numa turma, em que
os alunos, parecem que já tem essa consciência, seja porque
estão no período mais avançado, tiveram uma facilidade, de
passar por processo de formação educacional de excelência,
de modo que chegaram à universidade sabedores do que se
trata a universidade, sabedores do ensino de terceiro grau,
isso obviamente vai facilitar o trabalho do professor, mas
quando não acontece, é fundamental que o professor trate da
parte curricular pedagógica seja capaz de interagir com o aluno
de modo a sensibilizá-lo para a percepção do que se trata um
ensino de terceiro grau, isso não é um pouco fácil, talvez seja o
calcanhar de aquiles do professor de ensino superior das
universidades privadas, mas para mim é um desafio, por isso
que eu digo a boa aula é aquela que eu saio, não falei sozinha,
e que no brilho dos olhos e na empolgação da fala você
percebe que o teu conteúdo chegou ao aluno, de alguma forma
foi apropriado, ele já fez uma síntese, já te devolveu na forma
da percepção que ele foi capaz de dar ou fazer do tema.
Descreva a melhor forma de avaliar o discente do Ensino Superior?
A prova é uma forma de avaliação tradicional e de alguma
forma podemos dizer que ela é capaz de aferir quando o aluno
estudou, quando o aluno não estudou, ela é capaz de aferir
efetivamente de que o aluno foi capaz de render na disciplina,
mas eu acredito também que existem estratégias laterais, que
a gente pode tentar utilizar, se não como forma de avaliação
propriamente dita valendo ponto ao menos como dinâmico em
classe, eu percebe que uma aula também rende muito quando
a gente, trazendo um audiovisual, é capaz de dar ao aluno uma
visualização melhor, de um texto ou de uma temática, que de
outra forma pareceria muito abstrata, uma mesa redonda nas
aulas de filosofia e sociologia, em minha opinião ainda funciona
53
muito, perdendo a hierarquia do tablado, professor
horizontaliza com os alunos, ali o debate muitas vezes extra
vaza além da vida da universidade, para a vida pessoal dos
alunos e acabam quase sempre muito enriquecedores para
todos, os professores os colegas entre si, o que favorece um
processo de socialização das turmas de primeiro período,
quando os alunos ainda estão muito tímido uns com os outros
e essas dinâmicas aos poucos vão soltando os alunos falam
um pouco mais da sua vida pessoal e da sua experiência e vão
se conhecendo de modo que no final do primeiro semestre,
muitas vezes você tem uma turma coesa.
Nosso grande desafio como professores não é sobrecarregar os nossos
alunos com informações, ao contrário, é conduzi-los à compreensão através de
exemplos práticos do assunto que estamos abordando.
3.2. Relação professor e aluno é um aspecto fundamental
Segundo Gadotti (1999), o educador para pôr em prática o diálogo, não
deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-se na
posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um analfabeto é
portador do conhecimento mais importante: o da vida.
Desta maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno
se sente competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula.
O prazer pelo aprender não é uma atividade que surge espontaneamente nos
alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo em alguns
casos encarada como obrigação. Para que isto possa ser melhor cultivado, o
professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando suas ações
no desenvolver das aulas, das atividades.
Um professor, consciente de seu papel, sabe que sua tarefa é orientar o
aluno em seu aprendizado, tornando-o mais crítico, buscando sempre seu
êxito. Sua relação com os alunos deve ser uma relação profissional, que
54
potencialize o aprendizado, isto é, de conteúdo moral, ético, estético e outros,
que inevitavelmente permeiam as aulas.
O docente é um profissional, do ponto de vista meramente trabalhista,
como outra profissão qualquer, mas tem uma função diferenciada, pois exerce
grande influência sobre a formação da personalidade e do caráter de seus
alunos. Seu modo de lidar com eles, de interagir com a turma durante as aulas,
vão transmitir-lhes muito mais do que o simples conteúdo das disciplinas e
pode deixar marcas positivas ou negativas. Freire (1970) diz que:
O professor autoritário, o professor licencioso, o professor
competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o
professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-
amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas, frio,
burocrático, racionalista, nenhum desses passam pelos alunos
sem deixar sua marca. (p. 73).
Por outro lado, o modo como o professor interage com a turma vai
refletir, na aceitação ou na rejeição da própria disciplina. Se o aluno não se
interessa pela disciplina - seja pela pessoa do professor ou pela exposição das
aulas - ele sente grande dificuldade em aprender e esta dificuldade o
desmotiva. Seu desinteresse e a sua repulsa pela matéria, e até pela pessoa
do professor. Acaba por se criar um ciclo vicioso envolvendo a desmotivação e
o não-aprendizado, o que é difícil de romper.
Assim sendo, mostra-se, considerarmos os professores como sujeitos
do processo ensino-aprendizagem dando preferência a situações cooperativas
que lhes permitam elaborar diferentes atividades, é necessário que o professor
esteja atento às características de seus alunos, de maneira que possa melhor
planejar suas aulas, a fim de atingir o maior número possível de alunos e
alcançar sucesso em seus objetivos. Não é aceitável um planejamento sem
conhecimento da realidade, dos alunos.
55
CONCLUSÃO
Não é segredo para ninguém que a educação mundial, e não somente a
brasileira, atravessa momentos difíceis. Caberia perguntar de quem é a culpa,
ou seria melhor buscarmos os fatores que nos levaram à situação atual, e, a
partir daí, construirmos uma nova postura educativa? Creio que dessa forma,
56
poderemos ter uma antevisão do futuro um pouco mais humana. Creio, ainda,
que uma das chaves para se obter isso seja a reflexão e tomadas de decisões
necessárias a uma nova dinâmica para o processo de aprendizagem e ensino.
Acredito que este trabalho traz o início dessa reflexão teórico-prática
necessária. Acredito também que aponta alguns conflitos que nos levam a
enxergar nossas falhas em sala de aula, e buscar saná-las.
Os componentes do processo ensino-aprendizagem e sua dinâmica
apresentam pontos, observados pelos professores que fizeram parte desta
pesquisa, que ainda precisam ser tomados de modo sério e atual. Exemplo
dessa necessidade são as falas dos professores que apontam as experiências
vivenciadas na relação professor e aluno.
Como coordenador do curso de Direito da UCAM - Padre Miguel, e
também como professor do ensino superior percebo a importância de
socializar os resultados dessa pesquisa e, mais que isso, abrir espaço na
academia para o estudo, discussões e auto-análises, que contribuam para a
melhoria do trabalho docente realizado.
Através dessa pesquisa foi possível observar que o professor não deve
preocupar-se somente com o conhecimento a ser mediado e a absorção das
informações por parte dos alunos, mas deve se preocupar também com o
processo de construção da cidadania do aluno. Entretanto, para que isto
ocorra, é necessária à conscientização do professor de que seu papel é de
facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências, procurando
compreender, numa relação empática, também os sentimentos e os problemas
de seus alunos.
Para além da necessária postura docente, que na verdade permeia todo
o processo ensino-aprendizagem, outra questão que se apresentou como
relevante neste trabalho diz respeito às práticas de planejamento e avaliação.
Práticas educativas importantes e muitas vezes pouco valorizadas em seus
aspectos educacionais. Normalmente o planejamento do ensino e a avaliação
da aprendizagem são transformados em atividades burocráticas formais, uma
vez que, como bem disseram os alunos, os planejamentos não são realizados
57
ou se são, estão apenas cumprindo uma exigência burocrática, pois não são
percebidos durante as aulas. Tanto professores, quanto os alunos não sabem
exatamente para onde estão indo. Assim, um objetivo deve ser uma intenção
clara e socializada, deve conter explicitamente o tipo de habilidade, de
conhecimento ou de atitude que se está pretendendo desenvolver.
Os resultados nos gráficos apresentados os critérios de avaliação e as
práticas avaliativas apareceram com índices elevados de negatividade,
merecendo, por esta razão, um olhar mais atento. Talvez porque não estejam
claros os objetivos da avaliação. Sobre esses objetivos podemos dizer que
eles devem informar, tanto ao aluno, quanto aos professores, sobre a direção
do processo de aprendizagem dos alunos. Deve-se, sim, captar as
necessidade e falhas do processo, com o compromisso de buscar sua
superação, possibilitando, desta forma, aos professores e alunos refletirem
conjuntamente sobre a realidade, para que busquem formas apropriadas de
dar continuidade ao processo. Para tanto é necessário a definição clara dos
critérios a serem avaliados com todos os envolvidos.
Assim, a avaliação do processo de aprendizagem deve ser contínua,
analisando as diferentes etapas do processo. Deve-se avaliar o processo e
não apenas o produto. Neste caso, é necessário avaliar também a
aprendizagem de formação de valores com o mesmo interesse que os
conteúdos conceituais, pois quando se pensa na formação integral dos alunos
não basta ensinar conhecimentos, mas também atitudes de investigar, de
debater, de respeitar posições divergentes, de organizar-se, de tomar decisões
coletivamente; capacidade de estabelecer relações, de administrar seu tempo
e seu espaço, de criticar e interferir na realidade de forma reflexiva e criativa,
de adotar estratégias de resolução de problemas.
A pesquisa ora desenvolvida serviu não só para refletir sobre o processo
ensino-aprendizagem, mas também para salientar a necessidade de pensar a
formação dos professores, não só a profissional, mas também a pessoal. Cada
um de nós carrega uma imagem, um modelo de professor muitas vezes
58
ultrapassado, que não condiz com a realidade nem com as necessidades do
mundo contemporâneo.
A idéia, portanto, é continuar recorrendo a opinião dos professores,
apresentando-as aos alunos, buscando, a partir de debates, estudos e
reflexões, (re)construir as práticas docentes implantadas adotadas no curso de
Direito da UCAM - Padre Miguel.
Finalmente as análises e reflexões realizadas durante esta pesquisa
representam apenas um começo de estudo.
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
CANDAU, Vera Maria. A didática em questão. 2ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1984. FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido, Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1970. GADOTTI, Moacir. Escola cidadã. São Paulo: Cortez, 1999. GANDIN, D. A prática do planejamento participativo. 2.ed. Petrópolis: Vozes, 1994.
59
HOFFMANN, Jussara. Avaliação: mito e desafio: uma perspectiva construtivista. Porto Alegre: Mediação, 2005. LIBÂNEO, J. C. Organização e gestão escolar: teoria e prática. 4. ed. Goiânia: Editora alternativa, 2001. LUCK, Heloísa. Gestão participativa na escola. Petrópolis: Vozes, 2006. PADILHA, R. P. Planejamento dialógico: como construir o projeto político-pedagógico da escola. São Paulo: Cortez; Instituto Paulo Freire, 2001. SANT'ANNA, F. M.; ENRICONE, D.; ANDRÉ, L.; TURRA, C. M. Planejamento de ensino e avaliação. 11. ed. Porto Alegre: Sagra / DC Luzzatto, 1995. STEBAN, Maria Teresa. Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos Rio de Janeiro: DP&A, 2003. VEIGA, Ilma Passos A. Projeto Político-Pedagógico da escola. Campinas: Papirus, 1995.
ANEXOS
ANEXO I >> Questionário aplicado ao universo dos professores
ANEXO II >> Questionário aplicado a uma amostra dos professores
ANEXO III >> Gráficos do turno da manhã
60
ANEXO I - Questionário aplicado ao universo dos professores
61
ANEXO II - Questionário aplicado a uma amostra dos professores
Curso: Direito
Ano 2008 Semestre 2º
Campus Padre Miguel
Turma: Turma: Turma: Turma: Turma:
ITENS AVALIADOS
Disc.: Disc.: Disc.: Disc.: Disc.:
1 Comprometimento com as aulas
2 Questões ortográficas e gramaticais
3 Interpretação do conteúdo e das provas
4 Assiduidade na leitura do conteúdo
5 Estudo prévio
6 Relação teoria e prática
7 Pontualidade
8 Frequência
9 Respeito ao professor
Legenda: Ruim 1
Deficiente 2
Regular 3
Bom 4
Excelente 5
62
Questionário
Período: Turno: manhã 1 – Quais as características que você apontaria num bom aluno? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 2 – Que elementos você elegeria como integrantes de uma boa aula? _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 3 – Qual a importância da relação professor / aluno para o bom
desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem?
_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 4 – Qual a importância do componente comportamental do aluno em sala de
aula?
_______________________________________________________________ _______________________________________________________________ 5 – Descreva a melhor forma de avaliar o discente do Ensino Superior?
_______________________________________________________________ _______________________________________________________________
ANEXO III – Gráficos do turno da manhã
63
Comprometimento com as aulas
0%5%
33%
56%
6%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Questões ortográficas e gramaticais
2%
16%
55%
27%
0%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Assiduidade na leitura do conteúdo
0%26%
41%
31%
2%Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Estudo prévio do assunto
2%29%
48%
16%
5% Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
64
Pontualidade
5%6%
26%
58%
5%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Respeito ao professor3%
0%
6%
35%56%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Interpretação do conteúdo e das provas
0%7%
38%50%
5%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
Teoria e prática
0%5%
46%47%
2%
Ruim
Deficiente
Regular
Bom
Excelente
65
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título da Monografia: O PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM NA VISÃO DO GESTOR ESCOLAR: UM ESTUDO REALIZADO NO CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES/CAMPUS DE PADRE MIGUEL
Autor: JORGE CARDOZO DE OLIVEIRA JÚNIOR
66
Data da entrega: 14/08/2009
Avaliado por: CARLOS AFONSO LEITE LEOCADIO Conceito:
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