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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ACIDENTE DO TRABALHO
Por: Sandra Maria Apelian
Orientador
Prof. Jose Roberto Borges
Rio de Janeiro
2010
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
ACIDENTE DO TRABALHO
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Direito e
Processo do Trabalho.
Por: Sandra Maria Apelian
3
AGRADECIMENTOS
A Deus por me amparar em meu
caminho e a meus amigos que me
ajudaram a chegar ao fim desta
jornada.
4
DEDICATÓRIA
Dedico a minha mãe (em memória),
minha filha e neta, e companheiro muito
amados.
5
RESUMO
Nesta obra abordamos o tema: Acidente de Trabalho à luz do
Ordenamento Jurídico Brasileiro ao longo do tempo. Neste presente estudo
verificamos várias doutrinas e as tendências atuais, que podem ser observadas
no dia a dia.
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço
da empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso, médico
residente, bem como com o segurado especial no exercício de suas atividades,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a
perda ou redução temporária ou permanente da capacidade para o trabalho.
Os números de acidentes de trabalho são preocupantes. A Organização
Internacional do Trabalho – OIT calcula que 2,2 milhões de pessoas morrem a
cada ano no mundo devido a acidentes e doenças relacionadas com o
trabalho. Nesta pesquisa, abordamos o aspecto da normatização, o acidente
do trabalho, suas prestações, da prevenção, e a questão da competência para
julgar os litígios decorrentes de acidente de trabalho.
6
METODOLOGIA
O presente trabalho foi elaborado a partir da pesquisa bibliográfica, legislação
específica a respeito do assunto, bem como trabalhos e artigos acadêmicos,
publicados na rede internacional de computadores (INTERNET) dentro do
âmbito do Direito do Trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 08
CAPÍTULO I - Evolução Legislativa no Brasil 10
CAPÍTULO II - Acidente do Trabalho 19
CAPÍTULO III – Prestações Acidentárias do
Trabalho 26
CAPÍTULO IV – Competência em face das ações 34 indenizatórias CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 47
FOLHA DE AVALIAÇÃO 48
8
INTRODUÇÃO
O objetivo deste trabalho foi estudar as normas que, no decorrer do
tempo, abordaram a evolução do Acidente do Trabalho no ordenamento
jurídico brasileiro, e por ser tratado há longa data pelo Direito Comum,
Previdenciário e também pelo Direito do Trabalho, ainda gera vários debates
travados, principalmente, nos Tribunais.
O Direito do Trabalho se destaca dos demais ramos do Direito por seu
aspecto protetivo, visando garantir ao empregado, figura mais fraca na relação
empregatícia, direitos mínimos e condições adequadas de trabalho. Nesse
sentido, a saúde do trabalhador merece especial atenção da lei, que além de
estabelecer restrições contratuais (como limites à jornada de trabalho,
proibição de trabalho insalubre ou perigoso para menores, etc.) cria obrigações
a serem cumpridas pela empresa, como observância às normas de saúde e
segurança no trabalho. Nesse passo, as doenças relacionadas ao trabalho
tiveram uma maior atenção quanto ao enfoque jurídico no decorrer do tempo.
No Brasil, estatísticas sobre acidentes do trabalho fatais vêm sendo
divulgadas, em especial, pelo Ministério da Previdência Social (MPS), cujos
dados limitam-se aos trabalhadores segurados. Verifica-se que entre esses
trabalhadores têm havido uma queda consistente do número de óbitos nos
últimos anos. Evidência disso: em 1990, registraram-se 5.355 benefícios
relacionados a óbitos por acidente de trabalho, reduzidos para 3.094 em 2000,
o que corresponde a uma queda relativa de 42,2% nessa década. Em 2003,
último ano com informações disponíveis, este número alcançou 2.582, o que
equivale a uma redução de 16,5% em apenas três anos (Brasil, 2005).1
A incidência de acidentes do trabalho no Brasil apresenta tendência
decrescente nas duas últimas décadas. A mortalidade também é decrescente,
porém também de forma menos acentuada. O subregistro tem sido o principal
argumento para explanar tal fato, não captando, assim, mais do que parte da
realidade em matéria de segurança do trabalho.
1 Acidente de Trabalho no Brasil entre 1994 e 2004: uma revisão /artigo Ciência e Saúde Coletiva
9
O estudo das séries temporais com base em dados secundários de
1970 a 1995 revela que a incidência de acidentes de trabalho é sensível às
flutuações cíclicas da economia e vincula-se, em particular, ao nível de
atividade industrial. Detectou-se uma correlação linear positiva entre a
proporção das pessoas ocupadas na produção industrial e a incidência de
acidentes em 14 estados brasileiros. A recessão econômica durante a década
de 80 gerou desemprego. A queda da oferta de empregos formais no setor
industrial com maiores riscos de acidentes foi acentuada pelo processo de
reestruturação positiva e a incorporação crescente da informática e da robótica
em diferentes processos industriais. Como conseqüência houve o
deslocamento de um maior volume de força de trabalho para o setor terciário
com menor risco de acidentes.
Estes fatos foram determinantes na tendência dos acidentes de
trabalho observada neste período de 25 anos, em que mais de 29 milhões de
acidentes e mais de cem mil mortes relacionadas ao trabalho foram registradas
no Brasil. A morte de indivíduos em plena fase produtiva traz corrosivas
repercussões para a qualidade de vida de suas famílias e, por extensão, para
a economia brasileira.2
2 Reestrutura produtiva e acidentes de trabalho no Brasil: estrutura e tendências/Cadernos de Sáude
Pública
10
CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL
Com a revolução industrial, em que foi substituído o trabalho manual
pelo uso de máquinas, começaram a surgir os acidentes e as doenças
provenientes do trabalho. A partir desse momento percebe-se a necessidade
de normas que amparassem o trabalhador uma vez que o mesmo, quando
acidentado no trabalho não conseguia nova colocação, ficando totalmente
desprotegido.
De forma rigorosamente incipiente e sem nenhuma repercussão na
proteção do trabalho, os primeiros institutos jurídicos existentes no Brasil
foram: Ordenações Filipinas, Código Comercial Brasileiro de 1850 e Código
Civil de 1916, que não cuidavam de forma específica da proteção do
trabalhador infortunado no trabalho, havendo, somente, normas esparsas.3
As Ordenações Filipinas constituíram a base do Direito Português até a
promulgação dos sucessivos códigos do século XIX, sendo que algumas
disposições tiveram vigência no Brasil de 1603 até o advento do Código Civil
de 1916.
No Brasil, o Código Comercial Brasileiro de 1850 foi o primeiro diploma
legal a dar uma orientação geral sobre acidente de trabalho, ao prever a
manutenção dos salários por três meses contínuos por “acidentes imprevistos
e inculpados” (art. 79) e “a obrigação de indenização por algum dano
extraordinário” (art. 80).
Mesmo antes do advento do Código Civil de 1916, já se procurava
indenizar os danos causados às coisas alheias, adotando-se a orientação das
Ordenações Filipinas, quando o trabalhador deveria ser ressarcido do dano
que teria sofrido em seu patrimônio, havendo, no entanto, que se comprovar a
culpa do empregador (Teoria da Culpa Aquiliana), tendo por base o dano
extracontratual ou culpa delitual. O trabalhador deveria fazer a prova na culpa
do empregador (Teoria da Culpa Aquiliana), tendo por base o dano
3 Costa, Hertz Jacinto, advogado, autor do livro “Manual de Acidente do Trabalho”
11
extracontratual ou culpa delitual. O trabalhador deveria fazer a prova no
sentido da culpa do empregador, comprovação essa quase impossível, já que
a documentação necessária e as testemunhas teriam que advir da própria
empresa.
A edição do Código Civil de 1916, no art. 159 dispôs que “aquele que
por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito, ou
causar prejuízo a outrem, fica obrigado a reparar o dano”. Continuava-se a
adotar a Teoria da Culpa (responsabilidade subjetiva ou extracontratual), onde
o dano a ser indenizado decorria da demonstração de culpa. Havia
necessidade de se estabelecer a prova do dano, quem havia cometido, se
havia nexo entre o dano e a falta. Na prática o acidentado não conseguia
provar a culpa do empregador, ficando totalmente desamparado em razão do
infortúnio.
Uma segunda fase tem início com a edição da Lei nº 3.724, de
15.01.1919 que regulou pela primeira vez as obrigações resultantes dos
acidentes no trabalho no Brasil. O fundamento jurídico da primeira lei de
acidentes de trabalho no Brasil foi baseado na Teoria do Risco Profissional,
passando a vigorar a regra da responsabilidade objetiva do empregador, vale
dizer responsabilidade sem comprovação de culpa. Em resumo, parafraseando
Celso Barroso Leite, pesquisador na área da Previdência Social, “tal teoria
sustenta que o exercício da atividade profissional envolve risco de acidentes,
cabendo à empresa, por força do próprio contrato de trabalho, arcar com as
conseqüências patrimoniais desse infortúnio”, ou seja a empresa é responsável
pela integridade física do seu empregado durante o período de trabalho,
determinando, ainda, o pagamento de indenização ao segurado ou à família,
proporcional à gravidade das seqüelas do acidente. Não havia garantia de
pagamento da indenização, havia obrigação de pagar, mas não um seguro
obrigatório. Com isso, os empresários mais progressistas passaram a contratar
seguros que lhes pudessem dar cobertura nas surpresas sobrevindas das
atividades de seus estabelecimentos. Dessa forma o empregador apenas
passava à empresa seguradora a responsabilidade de cobrir as decorrências
do acidente do trabalho sofrido pelo empregado. O que se verificava em
12
decorrência da Lei nº 3.724 é que o pagamento da indenização relativa ao
acidente do trabalho era tarifado, ou seja: havia uma tabela em que a
seguradora pagava a indenização de acordo com valores previamente
estabelecidos, não importando se o dano fosse plenamente reparado. O
empregado recebia as importâncias, porém, se não pudesse retornar ao
trabalho, não tinha direito a qualquer outra reparação.
Outra característica dessa lei era que, além da morte e da
incapacidade permanente, distinguia a incapacidade temporária em total e
parcial. Destaca-se, ainda, que todo o acidente de trabalho deveria ser
comunicado imediatamente à autoridade policial. A lei exigia essa intervenção
em todos os processos de acidentes do trabalho, que deviam ser processados
perante a justiça comum.
A primeira lei de acidentes de trabalho no Brasil teve muitas lacunas.
No entanto, foi o primeiro passo, coincidindo com um momento de
transformação da mentalidade universal – pelo efeito contundente da 1ª
guerra. Por fim, teve grande influência no “seguro social brasileiro”.
Essa lei não considerava acidente no trabalho a doença profissional
atípica (mesopatia), isto porque estava expresso a exigência para reparação
“moléstia contraída exclusivamente pelo exercício do trabalho, quando este for
de natureza a só por si causá-la. Verifica-se, então, que a Lei nº 3724 acolhe o
princípio da unicausalidade, excluindo o instituto das concausas ou causas
paralelas.”4
O instrumento legal que se seguiu foi o Decreto Legislativo nº 24637,
de 10.09.1934 que, da mesma forma, adotava a Teoria do Risco Profissional, e
ampliando ligeiramente o conceito de acidente do trabalho, retirando a
causalidade exclusiva e direta, já que admitia considerar-se infortúnio do
trabalho toda lesão corporal ou perturbação funcional, ou doença, produzida
pelo trabalho ou em conseqüência dele, que determinasse a morte ou a
limitação permanente ou temporária, total ou parcial, da capacidade laborativa,
ampliando, assim, a concepção de doença profissional.
4 Pereira, Luiz da Rocha Castello/Procurador autárquico federal do INSS
13
Essa norma concedia o benefício de acidente de trabalho aos
industriários e trabalhadores agrícolas, independentemente de usarem
máquinas motoras. Também era concedido o benefício aos comerciários e
empregados domésticos (art. 3º).
A lei estabelecia que as doenças inerentes ou peculiares a certos
ramos de atividade também se incluíam como doenças profissionais. Além da
indenização tarifada, foi instituída pensão para os herdeiros ou beneficiários do
infortunado. Os empregadores sem contrato de seguro ficavam obrigados a
fazer uma guia de depósito junto às repartições fiscais ou de crédito (art.36)
Admitia-se a concausa, ou seja, os fatos paralelos conseqüentes do acidente.
Os herdeiros ou beneficiários poderiam ingressar com ação contra o terceiro
responsável pelo acidente. O empregador deveria continuar comunicando o
acidente à autoridade policial.
A seguir veio o Decreto-lei nº 7036, de 10.11.1944, que revogou o
Decreto Legislativo nº 3724 e dá às autoridades do Ministério do Trabalho a
incumbência de fiscalizar a lei dos acidentes do trabalho. É permitido dizer que
o advento dessa nova legislação acidentária se constitui no marco histórico da
proteção infortunística no Brasil, tanto que, em razão de seus benefícios à
sociedade, durou trinta e um anos, pois somente foi revogado pela Lei nº
6367/76. A exemplo dos instrumentos legais anteriores, o Decreto-lei 7036
adotava a Teoria do Risco Profissional.
Esta nova legislação previu expressamente o instituto das concausas,
porquanto previa no art. 3º: “Considera-se caracterizado o acidente, ainda
quando não seja ele a causa única e exclusiva da morte ou perda ou redução
da capacidade do empregado, bastando que entre o evento e a morte ou
incapacidade haja uma relação de causa e efeito”.
O acidente “in itinere” foi mais bem delineado no sentido de ser
considerado o ocorrido fora do local e do horário do trabalho, desde que sob a
execução de ordens legais do empregador, pela prestação espontânea de
serviço ao empregador, ou mesmo em viagem a serviço para o empregador,
seja qual for o meio de locomoção utilizado, inclusive o seu próprio (art. 6º).
14
O Decreto ainda ampliou o conceito de acidente do trabalho
equiparando a lesão típica à doença do trabalho, fazendo distinção importante
entre as doenças profissionais (tecnopatias) e as doenças resultantes das
condições de trabalho (mesopatias). A indenização era paga em dinheiro, de
uma só vez, pelo empregador, responsável principal, ou pela entidade
seguradora que cobrisse os riscos acidentários, se o empresário houvesse
providenciado a feitura da respectiva apólice de seguro por acidentes de
trabalho junto às sociedades particulares então existentes, conforme previsão
de lei.5
Admitiu-se, ainda, a acumulação da indenização acidentária, a cargo
do empregador, com a de direito civil, desde que houvesse dolo do
empregador. O art. 31 da norma em comento dispunha que “o pagamento da
indenização estabelecida pela presente lei exonera o empregador de qualquer
outra indenização de direito comum, relativa ao mesmo acidente, a menos que
este resulte de dolo seu ou de seus prepostos”. A Súmula 229 do STF ampliou
a determinação do art. 31 do Decreto-lei 7036 ao dizer que “a indenização
acidentária não exclui a do direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do
empregador. (grifo nosso)
O Decreto-lei nº 293, de 28.02.1967, cuja vida extremamente curta não
chegou a ter qualquer repercussão, porque substituído pouco tempo após pela
Lei nº 5.316, de 14.09.1967.
Com o surgimento da Lei nº 5.316, de 10.09.1967 tivemos a
estatização do seguro de acidentes do trabalho, idéia que estava em marcha
desde o Decreto 7036/44. Estatizado o seguro acidentário do trabalho, o
ressarcimento passou a denominar-se “prestações previdenciárias” e não mais
“indenização por acidente de trabalho”. A Previdência Social passou a ficar
incumbida do seguro acidentário. Temos a responsabilidade objetiva atribuída
ao Estado, não se discutindo, em matéria acidentária, a culpa do empregado
nem do empregador no evento. A culpa deste somente passa a ser discutível
na ação por indenização civil por dano. A nova lei previu as concausas, o
acidente in itinere, ocorrido no trajeto entre a residência e o trabalho e vice-
5 Costa, Hertz Jacinto, advogado, autor do livro “Manual de Acidente do Trabalho”
15
versa, e a equiparação do acidente típico à doença do trabalho, estabelecendo
os seguintes pagamentos: auxílio doença, aposentadoria por invalidez
(prestação previdenciária mensal), pensão por morte acidentária (valor mensal
aos dependentes), auxílio acidente mensal, pecúlio e programas de prevenção
de acidentes e de reabilitação profissional.
A Emenda Constitucional nº 1 de 1969, assegurou seguro contra
acidentes do trabalho mediante contribuição da União, do empregador e do
empregado (art.165, XVI).
A Lei subsequente foi a nº 6195, de 19.12.1974, que integrou o
trabalhador rural na Previdência Social, atribuindo ao FUNRURAL a concessão
das prestações por acidentes do trabalho. O trabalhador rural passou a ter
direito aos seguintes benefícios: auxílio-doença, aposentadoria por invalidez ou
pensão, assistência médica e reabilitação.
Editou-se, a seguir, a Lei 6367, de 19.10.1976. Foi o estatuto legal que
revogou o Decreto-Lei nº 7036/44. Foi adotada a Teoria do Risco Profissional e
eram concedidas “prestações previdenciárias” eis que o seguro acidentário já
se encontrava nas mãos do Poder Público através do Instituto Nacional de
Previdência Social (INPS).
O novo texto até que se constituiu alguma melhora na retribuição ao
acidentado, se comparado com a Lei nº 5316/67, porquanto previu as
concausas, o acidente “in itinere”, estendendo benefícios ao trabalhador
temporário, avulso e o presidiário que exerça atividade remunerada (art. 1º §
1º), excluindo expressamente da proteção acidentária o trabalhador autônomo
e o doméstico, bem como o titular de firma individual, o sócio, o diretor (art. 1º
§ 2º). A Lei 6367/76 não previu a atuação do Ministério Público nas ações de
acidentes do trabalho, mas, não obstante isso, persistiu a presença ministerial
nos feitos infortunísticos, mesmo diante de permissivo na lei respectiva.6
As ações acidentárias seriam de competência da Justiça Comum.
A Constituição de 1988, no inciso XXVIII do art. 7º, especificou o
“seguro contra acidente de trabalho – SAT”, a cargo do empregador. O SAT é
uma contribuição com natureza de tributo que as empresas pagam para
6 Costa, Hertz Jacinto, advogado, autor do livro “Manual de Acidente do Trabalho”
16
custear benefícios do INSS oriundos de acidente de trabalho ou doença
ocupacional. São valores obtidos de alíquotas determinadas, que podem ter
adicionais, caso as empresas exponham os trabalhadores a agentes nocivos,
que variam conforme a atividade da empresa seja de alto, médio ou baixo
risco. 7
No plano infraconstitucional o SAT é disciplinado pela Lei 8212, de
24.07.1991 (Plano de Custeio da Previdência Social) em seu art. 22, II.
Editou-se, a seguir, a Lei nº 8.213/91, de 24.07.1991 (Planos e
Benefícios da Previdência Social), onde o seguro acidentário permanece
estatizado, sob controle da Previdência Social, trazendo mudanças em matéria
de acidente do trabalho, doenças profissionais e do trabalho (tecnopatias e
mesopatias) e quanto à forma de indenizar a incapacidade laborativa. Com a
Lei 8.213, a legislação de acidente do trabalho foi incorporada à legislação de
benefícios da Previdência Social, não mais existindo um Diploma Legal
específico para tratar do tema em comento.8
A atual redação do inciso I do art. 201 da Constituição, de acordo com
a redação da Emenda Constitucional nº 20/98, não mais menciona como
contingências a serem cobertas pela Previdência Social as decorrentes de
acidente do trabalho.
O parágrafo 10 do art. 201 da Lei Magna dispõe que “lei disciplinará a
cobertura do risco de acidente do trabalho, a ser atendida concorrentemente
pelo regime geral de previdência social e pelo setor privado”.
Pela determinação constitucional, a lei é ordinária. Não se exige,
portanto, lei complementar. Enquanto não existir lei tratando do assunto, é
recebida a Lei 8.213, que é lei ordinária.
Atualmente, a Emenda Constitucional nº 20, de 15.12.1998 exclui o
acidente do trabalho dos eventos protegidos exclusivamente pelo regime geral
de previdência, estabelecendo em seu parágrafo 10 que, nos termos da lei,
poderá ser permitida a cobertura do risco concorrentemente pelo Regime Geral
da Previdência Social – RGPS e pela previdência privada.
7 Wikipedia 8 Borges, Rodrigo Trezza, 1999, p.1, Doutrina Jus Navigandi
17
Relativamente ao infortúnio laboral, há que ser considerada duas fases
na vigência da Lei nº 8.213/91: a) durante a sua redação original e b) durante
as modificações introduzidas por leis posteriores, que pioraram
consideravelmente o texto das regras acidentárias do trabalho, retirando do
trabalhador infortunado inúmeras conquistas obtidas ao largo de dezenas de
anos. 9
Na presente legislação é dever do empregador prevenir os acidentes
do trabalho. A empresa tem obrigação de constituir uma comissão interna de
prevenção de acidentes (CIPA), de acordo com as instruções expedidas pelo
Ministério do Trabalho, nos estabelecimentos ou locais de obra, em
conformidade com o art. 163 da CLT, bastando ter mais de 20 empregados em
cada estabelecimento. Cabe à empresa também cumprir e fazer cumprir as
normas de segurança e medicina do trabalho; instruir seus empregados,
quanto às precauções a tomar no sentido de evitar acidentes do trabalho ou
doenças ocupacionais; adotar as medidas que lhes sejam determinadas pelo
Ministério do Trabalho, por meio do órgão regional competente; facilitar o
exercício da fiscalização pela autoridade competente (art. 157 da CLT).
A empresa é obrigada a fornecer aos empregados, gratuitamente,
equipamento de proteção individual (EPI) adequado ao risco e em perfeito
estado de conservação e funcionamento, sempre que as medidas de ordem
geral não ofereçam completa proteção contra os riscos de acidentes e danos à
saúde dos empregados (art. 166 CLT). O EPI só poderá ser posto à venda ou
utilizado com a indicação do Certificado de Aprovação do Ministério do
Trabalho (art.167 da CLT).
Constitui ato faltoso do empregado a recusa injustificada: à
observância das instruções expedidas pelo empregador; ao uso dos
equipamentos de proteção individual fornecido pela empresa (art. 158 e
parágrafo único da CLT).
Nos casos de negligência quanto às normas-padrão de segurança e
higiene do trabalho indicado para a proteção individual e coletiva, a
9 Costa, Hertz Jacinto, advogado, autor do livro “Manual de Acidente do Trabalho”
18
Previdência Social proporá ação regressiva contra os responsáveis (art. 120 da
Lei nº 8.213/91).
Portanto, desde a primeira legislação acidentária (Decreto Legislativo
nº 3.724/19), até a legislação em vigor, Lei nº 8.213/91 com as modificações
de leis posteriores, é perfeitamente visível que as normas infortunísticas
percorreram caminho de profundas modificações, poucas favoráveis ao
infortunado, o que confirma e destaca que a estatização do seguro acidentário
já atingiu o estágio máximo de maturação. Deve ser dada seqüência ao
caminho, como permitiu a Constituição Federal através da introdução do
parágrafo 10º ao art. 201, para que a iniciativa privada ingresse no mercado do
seguro acidentário através da edição de uma lei específica sobre o infortúnio
laboral, diante da incompatibilidade das sociedades de seguro existentes
operarem no ramo com a legislação que aí está.
19
CAPÍTULO II
ACIDENTE DO TRABALHO
Decerto que o tema em comento comporta reflexos não só no direito
do trabalho, mas vai além, revelando-se, de modo geral, fonte geradora de
discussão em outros ramos do direito. O Brasil passou a adotar, há tempos,
uma postura mais rígida em relação à legislação acidentária e prevencionista,
sofrendo sensíveis mudanças no campo de sua atuação. Por tais motivos, a
empresa que não cumprir estas regras impositivas enfáticas fica passível de
sofrer um sem-número de conseqüências jurídicas. Não estamos nos referindo
tão só aos impactos econômicos gerados pelo infortúnio como argumento e
modelo a conter o acidente, mas sim aos impactos morais causados por ele.
A definição de acidente do trabalho e de doença profissional é
encontradiça na própria legislação brasileira, e o legislador pátrio conferiu ao
direito previdenciário esta incumbência: Assim, o art. 19 da Lei nº 8.213/91 (Lei
de Benefícios da Previdência Social) conceitua acidente do trabalho como “o
que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou exercício do
trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando
lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou
redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho”.
Sobre quem seriam os segurados especiais, referidos no inciso VII do
art.11 da supracitada lei, citamos, resumidamente, a seguir: “o produtor, que
explore atividade de: agropecuária, seringueiro ou extrativista vegetal,
pescador artesanal ou a este assemelhado, cônjuge ou companheiro e filho
maior de 16 anos ou a este equiparado, desde que trabalhem com o grupo
familiar respectivo”.
Sob o ponto de vista doutrinário, porém, verifica-se que a definição
conferida pela lei não é suficiente para se ter uma noção adequada do que de
fato seja o acidente do trabalho. Em verdade, o conceito somente se presta a
indicar quem são os segurados que têm direito à proteção acidentária. Ou seja,
somente fazem jus a benefícios por acidente do trabalho: os empregados
20
(inclusive temporários), os trabalhadores avulsos e os segurados especiais;
além destes, os médicos residentes, por força de legislação especial, que rege
a atividade (Lei nº 6.932/81). Os empregados domésticos restaram excluídos
de tal proteção no texto da Constituição Federal, que, em seu art. 7º, parágrafo
único, não lhes estendeu a regra do inciso XXVII; tanto estes como os
contribuintes individuais não têm amparo maior que o previdenciário, é dizer,
em caso de sofrerem acidentes na realização de suas atividades laborais farão
jus aos benefícios devidos por acidentes de qualquer natureza, mas não os
decorrentes de acidente do trabalho ou doenças ocupacionais.
O conceito de acidente do trabalho é abrangente, sendo integrado pelo
fato lesivo à saúde física ou mental, o nexo causal entre tal fato e o trabalho e
a redução da capacidade laborativa.
É preciso que, para a existência do acidente do trabalho, exista um
nexo entre o trabalho e o efeito do acidente. Esse nexo de causa-efeito é
tríplice, pois envolve o trabalho, o acidente, com a consequente lesão, e a
incapacidade, resultante da lesão. Deve haver um nexo causal entre o
acidente e o trabalho exercido.
Inexistindo essa relação de causa-efeito entre o acidente e o trabalho,
não se poderá falar em acidente do trabalho. Mesmo que haja lesão, mas que
esta não venha a deixar o segurado incapacitado para o trabalho, não haverá
direito a qualquer prestação acidentária. (MARTINS, 1999, p.399)
O nexo de causalidade é presumido em alguns casos, como no caso
de doenças profissionais, mas na maioria dos casos exige-se uma verificação
mais apurada da relação do evento com o trabalho diante do texto legal e da
prova pericial.
Considera-se, ainda, acidente do trabalho a doença profissional e a
doença do trabalho, conforme dispõe o art. 20, incisos I e II, da Lei de
Benefícios (Lei nº 8.213/91), o qual transcrevemos:
“Art. 20 – Consideram-se acidente do trabalho, nos termos
do artigo anterior, as seguintes entidades mórbidas:
I – doença profissional, assim entendida a produzida ou
desencadeada pelo exercício do trabalho peculiar a
21
determinada atividade e constante da respectiva relação
elaborada pelo Ministério do Trabalho e da Previdência
Social;
II – doença do trabalho, assim entendida a adquirida ou
desencadeada em função de condições especiais em que
o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente,
constante da relação mencionada no inciso I.
§ 1º Não são consideradas como doença do trabalho:
a) doença degenerativa;
b) a inerente a grupo etário;
c) a que não produza incapacidade laborativa;
d) a doença endêmica adquirida por segurado
habitante de região em que ela se desenvolva,
salvo comprovação de que é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela
natureza do trabalho.
§ 2º Em caso excepcional, constatando-se que a doença
não incluída na relação prevista nos incisos I e II deste
artigo resultou das condições especiais em que o trabalho
é executado e com ele se relaciona diretamente, a
Previdência Social deve considerá-la acidente do
trabalho.”
A mencionada relação elaborada pelo MTPS supracitada nos incisos I
e II do art. 20 consta do Decreto nº 3.048/99 que aprovou o regulamento da
Previdência Social.
As doenças profissionais são aquelas inerentes exclusivamente à
profissão e não ao trabalho do segurado. São causadas por agentes físicos,
químicos ou biológicos inerentes a certas funções ou atividades. Possuem,
também, as seguintes denominações: idiopatias, tecnopatias e ergopatias. É
espécie da qual a Doença do Trabalho é gênero (Martins, p.400, 1999).
Já as doenças do trabalho, também denominadas mesopatias, ou do
meio, ou doenças de condições do trabalho, indiretamente profissionais não
22
tem no trabalho sua causa única, pois o ambiente de trabalho é o fator que põe
a causa mórbida em condições de produzir lesões incapacitantes. São
doenças típicas de algumas atividades laborativas.
As mesopatias, se não adquiridas em decorrência direta da atividade
laborativa, podem ser oriundas das condições em que o trabalho é realizado
(tuberculose, bronquite, sinusite, etc.). As condições excepcionais ou especiais
do trabalho determinam a quebra da resistência orgânica e a conseqüente
eclosão ou exacerbação do quadro mórbido, ou até o seu agravamento. Estas,
não tem o nexo etiológico presumido com o trabalho, segundo a lei, sendo
aquele determinável conforme prova pericial, testemunhal e até mesmo
indiciária em certos casos (Oliveira, p.2, 1994).10
Além disso, dentro deste conceito de doença do trabalho, estão as
concausas que determinam o agravamento do estado mórbido, que, não sendo
responsáveis diretamente pela incapacitação, de qualquer modo pioram o
estado físico do trabalhador. As concausas se equiparam com as causas para
efeitos legais de amparo infortunístico.
Tão somente aquelas doenças determinadas em lei (Decreto 3.048/99)
é que dão direito as prestações por acidente do trabalho. Exceção a esta regra
se dá quando as mesopatias não especificadas em lei tenham resultado de
condições especiais em que o trabalho é executado e com ele se relacionam
diretamente, que assim serão consideradas pela Previdência como acidente do
trabalho, conforme o art. 20, § 2º, da Lei nº 8.213/91 acima citado.
As doenças ocupacionais são aquelas deflagradas em virtude da
atividade laborativa desempenhada pelo indivíduo. Valendo-nos do conceito
oferecido por Reinhold Stephanes, são as que “resultam de constante
exposição a agentes físicos, químicos e biológicos, ou mesmo do uso
inadequado dos novos recursos tecnológicos, como os da informática”.
Dentre as doenças do trabalho merece especial destaque as lesões
por esforços repetitivos, usualmente mencionados pela sigla LER, cuja
incidência cresceu muito nos últimos anos, atingindo um caráter epidêmico. As
referências sobre LER no Brasil tornaram-se mais intensas nos anos 80, em
10 Doutrina Jus Navigandi
23
decorrência do acelerado processo de automação, com aumento dos
movimentos repetitivos e das tarefas fragmentadas, bem como das exigências
de maior produtividade.
A Portaria do Ministério da Previdência e Assistência Social nº 4.062,
de 6 de agosto de 1987 reconheceu a “tenossinovite do digitador” e outras
lesões por esforços repetitivos como doença do trabalho, desde que fique
caracterizado o nexo causal com o trabalho.
Além disso, são também equiparados a acidentes do trabalho, os
casos mencionados no art. 21 da Lei nº 8.213/91. O inciso I considerou
acidente o ligado ao trabalho e que, embora não tenha sido a causa única,
haja contribuído diretamente para a morte, redução ou perda da capacidade
laborativa. Já os incisos II a IV elencaram os casos de causalidade indireta ou
por equiparação, como transcrevemos:
II – o acidente sofrido pelo segurado no local e no horário
de trabalho, proveniente de:
a) ato de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado
por terceiros ou companheiro de trabalho;
b) ofensa física intencional, inclusive de terceiros, por
motivo de disputa relacionada com o trabalho;
c) ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de
terceiro ou de companheiro de trabalho;
d) ato de pessoa privada do uso da razão;
e) desabamento, inundação, incêndio e outros casos
fortuitos decorrentes de força maior;
III – a doença proveniente de contaminação acidental do
empregado no exercício de sua atividade;
IV – o acidente sofrido, ainda que fora do local e horário
de trabalho
a) na execução de ordem ou na realização de serviços
sob a autoridade da empresa;
b) na prestação espontânea de qualquer serviço à
empresa para lhe evitar prejuízo ou proporcionar proveito;
24
c) em viagem a serviço da empresa, inclusive para
estudo, quando financiado por esta, dentro de seus
planos para melhor capacitação da mão-de-obra,
independentemente do meio de locomoção utilizado,
inclusive veículo de propriedade do segurado;
d) no percurso da residência para o local de trabalho ou
deste para aquela, qualquer que seja o meio de
locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
Na alínea d) supra caracteriza-se o acidente “in itinere”, conforme
dispõe o § 2 do artigo 58 da C.L.T..
O acidente do trabalho típico caracteriza-se pela ocorrência súbita e
pelo resultado imediato, o que o difere das doenças, cujo resultado é mediato e
caracterizado pela progressividade.
Com relação, ainda, aos acidentes atípicos tem-se os casos elencados
acima no art. 21 da Lei nº 8.213 equiparados ao acidente do trabalho.
Vale ressaltar que, segundo o parágrafo 1º do artigo 21 da mesma lei,
os períodos destinados a refeição ou descanso, ou por ocasião da satisfação
de outras necessidades fisiológicas, no local do trabalho ou durante este, o
empregado é considerado no exercício do trabalho. Assim, qualquer acidente
ocorrido nesses períodos serão considerados acidente do trabalho.
O acidente de trabalho também se caracteriza quando o trabalhador
vem a ser atropelado ou assaltado no trajeto, mas se há um desentendimento
com alguma pessoa por divergências pessoais e o trabalhador sofre lesões
corporais por isso, não se caracterizará acidente de trajeto, sendo com isso
não amparado na lei acidentária. Outra observação a ser feita é quando o
trabalhador se desvia do trajeto, ou seja, altera o percurso que caracteriza o
trajeto para o trabalho; nesse caso ele receberá apenas benefícios de ordem
previdenciários.11
O dolo do acidentado excluirá, porém, a configuração de acidente do
trabalho.
11 Borges, Rodrigo Trezza, 1999, p.1
25
Por fim, no art. 118 da Lei nº 8.213/91 temos prescrita a garantia de
emprego do acidentado por 12 meses após a cessação do auxílio doença
acidentário. Esta foi a forma que o legislador encontrou para a proteção do
trabalhador quando da cessação do benefício previdenciário, pois durante os
primeiros 15 dias do acidente o empregado não pode ser despedido, pois seu
contrato de trabalho sofreu apenas uma interrupção. Após a concessão do
benefício em comento é que o empregado começa a ter direito à garantia de
emprego, que se inicia com a cessão do benefício, ou seja a garantia de 12
meses do emprego, mesmo que o retorno do empregado ocorra sem nenhuma
sequela. No entanto, se houver concessão de auxílio doença comum, que não
seja em virtude de acidente do trabalho, não haverá direito à estabilidade.
Esse estudo traçou linhas no que respeita as implicações decorrentes
da configuração do acidente do trabalho, demonstrando-nos que o acidente do
trabalho na vida de uma empresa configura-se como desvantajoso e
prejudicial, seja do ponto de vista legal, econômico ou moral.
26
CAPÍTULO III
PRESTAÇÕES ACIDENTÁRIAS
3.1 Auxílio doença Acidentário
O auxílio doença acidentário será devido ao acidentado que ficar
incapacitado para seu trabalho por mais de 15 dias consecutivos. Em relação
ao trabalhador avulso, o auxílio doença ficará a cargo da Previdência Social a
contar do dia seguinte ao do acidente.
A renda mensal do auxílio doença acidentário é de 91% do salário de
benefício (art. 61 da Lei nº 8.213). Nota-se que o percentual não mais se aplica
em relação ao que for mais favorável ao segurado, mas sobre o salário de
benefício. O auxílio doença será devido a contar do 16º dia seguinte ao do
afastamento do trabalho em consequência do acidente.
Os 15 primeiros dias seguintes ao acidente serão pagos pela empresa,
inclusive o dia do acidente. Quando o acidentado não se afastar do trabalho no
dia do acidente, os 15 dias de responsabilidade da empresa pela sua
remuneração integral são contados a partir da data do afastamento.
3.2 Aposentadoria por Invalidez Acidentária
A aposentadoria por invalidez decorrente de acidente do trabalho será
devida ao acidentado que, estando ou não em gozo do auxílio doença, for
considerado incapaz para o trabalho e insusceptível de reabilitação para o
exercício de atividade que lhe garanta a subsistência.
Se a perícia médica inicial concluir pela existência de incapacidade total
e definitiva para o trabalho, a aposentadoria por invalidez será devida a contar
da data em que o auxílio doença deveria ter início. A renda mensal inicial da
aposentadoria por invalidez acidentária será igual a 100% do salário de
benefício (art.44 da Lei nº 8.213).
27
Estando o acidentado em gozo de auxílio doença, o valor da
aposentadoria por invalidez será igual ao do auxílio doença se este, por força
de reajustamento, for superior ao previsto neste parágrafo.
O valor da aposentadoria por invalidez do segurado que, em
consequência do acidente do trabalho, necessitar da assistência permanente
de outra pessoa, será acrescido de 25% e devido ainda que o valor da
aposentadoria atinja o limite máximo legal, sendo recalculado quando o
benefício que lhe deu origem for reajustado.
Em caso de falecimento do segurado, o percentual de 25% não se
incorpora à pensão, por ser personalíssimo, dizendo respeito à necessidade de
assistência permanente de outra pessoa.
Ocorre necessidade de assistência permanente, na forma do Anexo I do
Decreto nº 3.048, quando houver: cegueira total; perda de nove dedos das
mãos ou superior a esta; paralisia dos dois membros inferiores ou superiores;
perda dos membros inferiores, acima dos pés, quando a prótese for
impossível; perda de uma das mãos e de dois pés, ainda que a prótese seja
possível; perda de um membro superior e outro inferior, quando a prótese for
impossível; alteração das faculdades mentais com grave perturbação da vida
orgânica e social; doença que exija permanência contínua no leito;
incapacidade permanente para as atividades da vida diária.
Essas hipóteses são taxativas e não meramente exemplificativas.
O início do benefício se dará a partir do 16º dia após a constatação da
invalidez. Assim, os primeiros 15 dias do afastamento ficarão por conta do
empregador.
Na hipótese de o segurado aposentado por invalidez voltar a exercer
atividade remunerada, de maneira voluntária, acarretará, automaticamente, o
cancelamento da concessão do benefício (art. 46 da Lei nº 8.213).
O art. 122 da Lei nº 8.213 previa a possibilidade da transformação da
aposentadoria comum em aposentadoria por invalidez acidentária, se esta
fosse mais vantajosa. Na prática, a opção pela aposentadoria por invalidez
acidentária era mais vantajosa, pois o segurado teria o coeficiente de 100%,
28
podendo optar pelo salário do dia do acidente. Tal critério deixa de existir, em
razão de que o referido artigo foi revogado pelo art. 8º da Lei nº 9.032.
3.3 Pensão por Morte
A pensão por morte será devida aos dependentes do segurado falecido
em consequência de acidente do trabalho, a contar da data do óbito.
A renda mensal inicial da pensão por morte será de 100% do valor da
aposentadoria que o segurado recebia ou daquela a que teria direito se
estivesse aposentado por invalidez na data de seu falecimento (art. 75 da Lei
nº 8.213). O valor da renda mensal não poderá ser inferior ao do salário
mínimo, nem superior ao do limite máximo do salário de contribuição. Não
será, também, inferior à renda mensal do salário de benefício,
independentemente do número de dependentes.
Será a pensão por morte devida ao conjunto dos dependentes do
segurado que falecer, aposentado ou não, a contar da data: (a) do óbito,
quando requerida até 30 dias depois deste; (b) do requerimento, quando
requerida após o prazo previsto no inciso anterior.
Havendo mais de um pensionista, haverá rateio entre todos, em partes
iguais, revertendo em favor dos demais a parte cujo direito à pensão cessar.
A extinção da cota da pensão se dará pela morte do pensionista; para o
filho, a pessoa a ele equiparada ou o irmão, de ambos os sexos, pela
emancipação ou ao completar 21 anos de idade, salvo se for inválido; para o
pensionista inválido, pela cessação da invalidez, verificada em exame médico-
pericial a cargo da Previdência Social.
O cônjuge divorciado ou separado judicialmente ou de fato que recebia
pensão de alimentos concorrerá em igualdade de condições com os
dependentes de que trata o inciso I, do art. 16, da Lei nº 8.213, que são o
cônjuge, o companheiro e o filho de qualquer condição, não emancipado
menor de 21 anos ou inválido.
O segurado que falecer em razão de acidente do trabalho não outorga a
seus dependentes duas pensões: uma por acidente do trabalho e outra que
29
seria a pensão comum, previdenciária. Temos que o fato gerador morte dá
direito apenas a um benefício. Se a atividade do segurado é uma só, o
benefício só pode ser um, pois o regime previdenciário não determina o
pagamento de duas pensões. Não foi intuito de o legislador estabelecer dois
benefícios, caso contrário o faria expressamente. Inexiste violação ao inciso I
do art. 201 da Constituição, pois tal dispositivo não estabelece o pagamento de
duas pensões. O fato de haver fonte de custeio própria para a prestação de
acidente por parte do empregador não implica dizer que serão duas as
pensões concedidas, uma por acidente do trabalho e outra por morte. A
proteção previdenciária é uma só, o benefício, em consequência, também é
um só.
O parágrafo único do art. 122 da Lei nº 8.213 permitia a conversão da
pensão por morte decorrente de acidente do trabalho em pensão acidentária,
se mais vantajosa. Esse critério não mais existe, pois o art. 8º da Lei nº 9.032
revogou o referido art. 122 da Lei nº 8.213.
O inciso VI do art. 124 da Lei nº 8.213 veda a acumulação de mais de
uma pensão deixada por cônjuge ou companheira, ressalvado o direito de
opção pela mais vantajosa.
3.4 Auxílio Acidente
O auxílio acidente é previsto no art. 86 da Lei nº 8.213.
São verificadas várias denominações em relação ao benefício em
estudo. Na Lei nº 5.316/67, a denominação empregada era auxilio acidente.
Na vigência da Lei nº 6.367/76, o nome utilizado na prática era auxílio
suplementar. Atualmente, na Lei nº 8.213, volta-se a utilizar a denominação
auxílio acidente.
O auxílio acidente será concedido, como indenização ao segurado,
quando, após a consolidação das lesões decorrentes de acidente de qualquer
natureza, resultarem sequelas que impliquem redução da capacidade para o
trabalho que habitualmente exercia (art. 86 da Lei nº 8.213). Verifica-se que a
condição para o recebimento do auxílio acidente é a consolidação das lesões
30
decorrentes do sinistro. Sua natureza passa a ser de indenização, como
menciona a lei, mas indenização de natureza previdenciária e não civil. Tem
natureza indenizatória para compensar o segurado da redução da sua
capacidade laboral.
Mostra o art. 86 da Lei nº 8.213 que o acidente é de qualquer natureza,
o que é bastante amplo, não mais mencionando apenas acidente do trabalho
ou doença do trabalho e doença profissional. Isso evidencia que tanto faz se o
segurado se acidenta no trabalho ou fora dele, pois terá direito ao auxílio
acidente. Acidente de qualquer natureza tem de ser interpretado de acordo
com a condição mais favorável ao segurado. Dessa forma, será pago o auxílio
acidente se decorrer de acidente comum (de qualquer natureza). Mesmo
assim, só serão beneficiários da referida prestação os segurados: empregado,
trabalhador avulso e especial.
O auxílio acidente mensal e vitalício corresponderá a 50% do salário de
benefício do segurado (§ 1º do art. 86 da Lei nº 8.213). Assim, verifica-se que o
pagamento do auxílio acidente é mensal e será devido enquanto o segurado
acidentado viver. O benefício do auxílio acidente é personalíssimo. Em caso de
falecimento do segurado, não será transferido para os dependentes.
Será o auxílio acidente devido até a véspera do início de qualquer
aposentadoria ou até a data do óbito do segurado. O § 1º do art. 86 da referida
lei não faz distinção quanto à espécie de aposentadoria, que poderá ser
acidentária, excepcional do anistiado, por tempo de serviço, idade, especial.
Depreende-se também da lei que o benefício cessa com a aposentadoria e
com o óbito do segurado, não se transferindo, portanto, para os dependentes.
Com a revogação do antigo § 42 do art. 86 da Lei nº 8.213 pela Lei nº
9.032, não é mais possível, se o segurado falecer em gozo de auxílio acidente,
a incorporação da metade do valor do auxílio à pensão, se a morte não resultar
do acidente do trabalho. Quanto ao auxílio acidente não se incorpora à
pensão, no caso de morte do segurado que estava recebendo aquele
benefício, em nenhuma hipótese.
Atualmente, não se discute o grau de incapacidade, sendo o percentual
único de 50%.
31
Nota-se das novas disposições do art. 86 da Lei nº 8.213, com a
redação da Lei nº 9.528, que o auxílio acidente não tem natureza suplementar,
como ocorria na Lei nº 6.367/76, nem complementar, mas de forma a
compensar, a indenizar o segurado pelo fato de não ter plena capacidade de
trabalho em razão do acidente.
Os beneficiários do auxílio acidente são o empregado, o segurado
especial e o trabalhador avulso (§ 1º do art. 18 da Lei nº 8.213). Deixando o
trabalhador de ser empregado, não terá direito ao auxílio acidente, pois o
benefício depende de o trabalhador estar empregado. As exceções seriam o
segurado especial e o trabalhador avulso.
Os incisos I e II do art. 39 da Lei nº 8.213/91 não preveem o auxílio
acidente ao segurado especial. Entretanto, o segurado especial contribui para
o custeio das prestações de acidente do trabalho, o que inclui o auxílio
acidente (art. 25, II, da Lei nº 8.212). Há expressa previsão do pagamento do
auxílio acidente no § 12 do art. 18 da Lei nº 8.213, que teve nova redação
determinada pela Lei nº 9.032, enquanto a redação do art. 39 da Lei nº 8.213 é
a original de 1991. Prevalece, portanto, a redação do § 1º do art. 18 da Lei nº
8.213, que é posterior à do art. 39 da mesma lei. Assim, tem direito o segurado
especial ao auxílio acidente.
O auxílio acidente pode ser acumulado com o pagamento de salário ou
outra remuneração do segurado. Entretanto, o benefício não poderá ser
acumulado com qualquer aposentadoria, pois o § 1º do art. 86 da Lei nº 8.213
dispõe que o auxílio acidente é devido até a véspera do início de qualquer
aposentadoria. Concedida esta cessa o auxílio acidente. A jurisprudência
anterior à edição da Lei nº 9.528 entendia sobre a possibilidade da cumulação
do auxílio acidente com a aposentadoria, especialmente a por tempo de
serviço e a especial desde que a causa da aposentadoria fosse diversa da
incapacidade. Agora, com a disposição dos § 2º e 3º do art. 86 da Lei nº 8.213,
com a redação determinada pela Lei nº 9.528, não é mais possível a
acumulação com qualquer aposentadoria.
Não prejudica a continuidade do recebimento do auxílio acidente o
pagamento de salário ou concessão de outro benefício, exceto de
32
aposentadoria. Isso quer dizer que o segurado poderá perceber salário-
maternidade ou salário-família. Com a aposentadoria, porém, haverá a
cessação do auxílio-acidente. Não haverá a cumulação com o auxílio-doença,
pois é com a cessação do auxílio-doença que se inicia o benefício do auxílio-
acidente (§ 2º do art. 86 da Lei nº 8.213).
De acordo com o inciso VI do art. 72 da Constituição, o segurado não
poderá receber remuneração menor do que a da época do acidente, nem
poderá haver compensação com o auxílio-acidente recebido da Previdência
Social.
Será vedada a cumulação de mais de um auxílio-acidente (art. 124, V,
da Lei nº 8.213). Se o empregado tem mais de um emprego, só fará jus a um
único auxílio-acidente.
3.5 Pecúlio
O pecúlio era devido ao segurado ou a seus dependentes, em caso de
invalidez ou morte decorrente de acidente do trabalho. Consistia o pecúlio em
um pagamento único de 75% do limite máximo do salário-de-contribuição, no
caso de invalidez, e de 150% desse mesmo limite, no caso de morte. Com a
edição da Lei nº 9.032, de 28.04.1995, o pecúlio deixa de existir, pois foram
revogados a alínea “a”, do inciso III, do art. 18, e os arts. 82, 83 e 85, da Lei nº
8.213. A Lei nº 9.129/95 revogou o art. 81 da Lei nº 8.213/91, ficando extinto
de vez o pecúlio.
3.6 Abono Anual Acidentário
O abono anual será devido ao segurado que receber durante o ano civil
prestação de auxílio-doença acidentário, auxílio-acidente, aposentadoria por
invalidez acidentária ou pensão por morte decorrente de acidente do trabalho.
Será o abono anual calculado, no que couber, da mesma forma que a
gratificação de natal dos trabalhadores, tendo por base o valor da renda
mensal do benefício do mês de dezembro de cada ano.
33
Não será pago em duas parcelas como o 13º salário, mas apenas em uma.
Considera-se mês o período igual ou superior a 15 dias.
O benefício deverá ser pago até o dia 15 de janeiro do ano seguinte ao
do exercício vencido.
34
CAPÍTULO IV
COMPETÊNCIA EM FACE DAS AÇÕES
INDENIZATÓRIAS
A recente Emenda à Constituição número 45 de 08.12.2004 modificou
a redação do artigo 114 da Lex Fundamentalis, passando para a Justiça do
Trabalho a competência para julgar os litígios decorrentes de acidente do
trabalho. Transcrevemos a nova redação:
“Art. 114. Compete à Justiça do Trabalho processar e
julgar:
I – as ações oriundas da relação de trabalho, abrangidos
os entes de direito público externo e da administração
pública direita e indireta da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios;
II – as ações de indenização por dano moral ou
patrimonial, decorrentes da relação de trabalho (...).”
A nova redação veio ao encontro da vontade da maioria dos
especialistas do Direito do Trabalho, que já há algum tempo esperam o
deslocamento das ações sobre acidente do trabalho parta o âmbito da Justiça
Especializada, melhor aparelhada e criada especificamente para julgar os
conflitos oriundos das relações de trabalho encerrando-se, assim, a discussão
existente entre ser a competência da Justiça Comum ou da Trabalhista.
No Direito Positivo Brasileiro, o art. 19, caput, da Lei nº 8.213/91 traz o
conceito de acidente do trabalho: “é o que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no
inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação
funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou
35
temporária, da capacidade para o trabalho”. Em seguida, o artigo 20 elenca
hipóteses consideradas acidente do trabalho, e o art. 21, acidentes que se
equiparam ao do trabalho. São critérios configurativos fixados pelo legislador,
que determinam a orientação a ser seguida pelo julgador na aplicação da lei ao
caso concreto.
Ensina Roberto Norris, ao conceituar acidente do trabalho:
“Diante da complexidade dos meios de produção,
podemos afirmar que os acidentes de trabalho
provêm de inúmeras causas. Consoante
entendimento apresentado por Yves Saint Jours,
tratam-se, na realidade, de todos os eventos
imputáveis ao trabalho, e que possam atingir a
integridade, física ou intelectual daqueles que
exercem as respectivas atividades profissionais
sob a autoridade de outrem”.
Sintetiza, ainda, referido autor a distinção apresentada pela doutrina
quanto à noção de acidente de trabalho:
“a) acidente clássico do trabalho;
b) acidente de trajeto (in itinere);
c) doenças profissionais”12
Em princípio, o acidente do trabalho se caracteriza objetivamente pela
concorrência dos seguintes elementos: fato ocorrido na execução do trabalho;
dano na integridade física ou na saúde do empregado; incapacidade para o
trabalho.
Ora, é indubitável que a matéria está intimamente ligada à relação de
emprego. Só há “acidente de trabalho” se houver trabalho subordinado.
Observamos ainda que a C.L.T. traz em seu bojo, especificamente no
Capítulo V, que trata “Da segurança e Saúde no Trabalho, normas de saúde,
12 (Revistas ANAMATRA nº 28, ago./set./out./96, p.16)
36
higiene e segurança, destinadas a assegurar a redução dos riscos inerentes ao
trabalho, impondo às empresas procedimentos a serem desenvolvidos rumo a
esta finalidade. Os artigos 154 e seguintes da C.L.T. Contêm determinações às
empresas, para que cumpram as normas de segurança e medicina do
trabalho, e instruam seus empregados quanto às precauções para evitar
acidentes, constituindo inclusive justa causa para a rescisão contratual a
recusa do empregado de usar os equipamentos de proteção individual
fornecidos pelo empregador. Tais artigos dispõem ainda sobre as medidas
preventivas sobre a saúde do trabalhador, prevenção da fadiga, condições
locais de trabalho, como iluminação, conforto térmico, instalações elétricas,
máquinas e equipamentos, etc., e ainda sobre as atividades consideradas
insalubres ou perigosas (artigos 189 e seguintes), que impõem à empresa o
pagamento do respectivo adicional.
Como se nota, todas estas matérias estão intimamente ligadas ao
acidente de trabalho, que decorre justamente da falta de observância das
normas retromencionadas. Essa é uma razão a mais para que a questão seja
dirimida pela Justiça do Trabalho.
Apesar disso, via-se com frequência a Justiça Comum apreciar,
indevidamente, matéria inerente ao Direito do Trabalho, pois muitas vezes a
solução da controvérsia relativa ao acidente depende de prova sobre a
existência ou não do vínculo empregatício.
Como agora a própria Lex Fundamentalis, em seu art. 114, dispõe que
a Justiça do Trabalho é competente para conciliar e julgar dissídios entre
empregados e empregadores e, na forma da lei, outras controvérsias
resultantes da relação de trabalho, esperamos que não haja mais razão
plausível para que demandas resultantes de acidente de trabalho, geradas por
culpa ou dolo do empregador, sejam subtraídas da sua apreciação, pois são
litígios que se originam exclusivamente da relação de emprego e que,
relacionados a procedimento faltoso do patrão, estão dentro da competência
especializada.
Assim, em se tratando de indenização decorrente de culpa ou dolo do
empregador, a competência é da Justiça do Trabalho, sem prejuízo da
37
indenização acidentária autêntico benefício previdenciário, que também poderá
ser pleiteado, só que em sede própria.
De acordo com a Constituição Federal (artigo 7º e inciso XXVIII), são
direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à
melhoria de sua condição social, seguro contra acidente de trabalho, a cargo
do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando
incorrer em dolo ou culpa. Anteriormente, não havia disposição legal expressa
assegurando essa indenização, mas o STF firmara jurisprudência a favor do
empregado acidentado, desde que o infortúnio tivesse decorrido de dolo ou
culpa grave do empregador ou de seus prepostos, conforme Súmula 229,
verbis: Acidente. Indenização. A indenização acidentária não exclui a do
direito comum, em caso de dolo ou culpa grave do empregador. (grifo
nosso)
Essa indenização, de conformidade com a doutrina e jurisprudência,
independe das outras indenizações devidas pelo órgão previdenciário, pela
chamada culpa objetiva. Aqui, o que se discute é a existência de sequela após
o acidente de trabalho sofrido pelo empregado, de prejuízo material para o
mesmo e a ocorrência de dolo ou culpa simples do empregador (negligência,
imprudência e imperícia), como causa do infortúnio.
Poucas vezes os empregados acidentados pleiteavam o pagamento da
indenização acidentária a cargo do empregador, porque realmente era difícil
provar a ocorrência de dolo ou culpa grave.
Hoje, no entanto, pelo que dispõe a Carta Magna, em seu art. 7º, inciso
XXVIII, basta a prova de culpa simples (grifo nosso), nas modalidades de
negligência, imperícia ou imprudência para que o Judiciário conceda o
pagamento da indenização. Na prática diária, é muito comum o empregador,
na sua maioria, negligenciar com relação ao fornecimento de equipamentos
individuais e coletivos de proteção, ou, quando os fornecem, não orientam os
empregados quanto ao seu uso correto, propiciando, assim, a ocorrência de
acidentes que mutilam, incapacitam e tiram a vida de milhares de
trabalhadores brasileiros, estando, pois, configurada a hipótese de indenização
material oriunda da responsabilidade subjetiva, com base no artigo 159, do
38
Código Civil Brasileiro, que dispõe: “Aquele que por ação ou omissão
voluntária, negligência, ou imprudência, violar direito, ou causar prejuízo a
outrem, fica obrigado a reparar o dano.”
Esta indenização, decorrente da responsabilidade civil autônoma, não
é devida em qualquer caso, mas somente quando do descumprimento de
deveres legais por parte do empregador, extravasando o risco profissional
normal inerente a qualquer atividade, tratando-se, neste caso, do chamado
risco social, consubstanciado na culpa objetiva, de responsabilidade da
previdência social; naquele, a responsabilidade é subjetiva do empregador que
responde autonomamente pelos prejuízos decorrentes.
O contrato de trabalho, como se sabe, é um contrato bilateral, pelo
qual o empregado assume obrigações que, se descumpridas, autorizam o
empregador a lhe aplicar punições, desde uma simples advertência, até a
despedida por justa causa. De outra parte, o empregador também assume
obrigações, sendo uma das principais assegurar ambiente de trabalho seguro
e salubre, onde o empregado desempenhará suas atribuições sem risco para
sua vida e integridade física.
Não cumpridas essas obrigações, e sendo o empregado vitimado por
um acidente de trabalho típico ou acometido por uma doença profissional ou
do trabalho, nasce para este ou para seus dependentes ou herdeiros o direito
a uma reparação por dano material ou moral, independentemente das
indenizações previdenciárias, e, para o empregador, a obrigação de pagá-la.
Quanto à indenização por dano moral, causava espécie, até pouco
tempo, falar-se na sua concessão no âmbito do Direito do Trabalho,
principalmente no caso de acidente do trabalho, como se nesse ramo do direito
não houvesse ofensa à honra, à intimidade e à imagem das pessoas.
A doutrina mais conservadora sustentava que as indenizações na
esfera trabalhista já estavam fixadas na C.L.T. e em leis suplementares, e, no
caso de acidente do trabalho, eram somente aquelas decorrentes das leis
previdenciárias, consubstanciadas na responsabilidade objetiva, cujos
pagamentos incumbem ao órgão previdenciário oficial.
39
No entanto, a Constituição Federal de 1988 dissipou as dúvidas
existentes, tanto quanto à indenização acidentária comum, assegurada no
inciso XXVIII, do art. 7º, bem como no tocante à indenização material, de modo
geral, e por dano moral, estabelecendo, no inciso X do art. 5º, que são
invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,
asseguradas o direito de indenização por dano material ou moral decorrente de
sua violação.
Desta forma, na ocorrência de um acidente de trabalho, por dolo ou
culpa do empregador, este responderá pelo pagamento de indenização
material e moral ou por uma ou outra, pois pode numa hipótese configurar-se a
ocorrência de dano material e não moral e, vice-versa. Essas indenizações,
repita-se, são devidas independentemente do pagamento das reparações
previdenciárias, porque com elas se cumulam, conforme reconhecem a
doutrina e a jurisprudência.
O dano moral indenizável no caso do acidente de trabalho é aquele, na
definição de Valdir Florindo13, “decorrente de lesão à honra, à dor-sentimento
ou física, aquele que afeta a paz interior do ser humano, enfim, ofensa que
cause um mal, com fortes abalos na personalidade do indivíduo.”. É claro que
não são todos os acidentes de trabalho que comportam indenização por dano
moral; porém, casos em que, além de outros prejuízos, o evento acarreta uma
ofensa à honra e à intimidade da pessoa.
Com efeito, a melhor forma de se prevenir é evitar os acidentes,
cuidando o empregador de propiciar ambiente seguro e adequado de trabalho
e orientar o empregado adequadamente com relação às normas de segurança
e higiene no trabalho; deve, também, fornecer os equipamentos de proteção
necessários. Agindo assim, eventuais acidentes que venham a ocorrer,
inerentes aos riscos profissionais e às condições normais de trabalho, são de
responsabilidade do órgão previdenciário (culpa objetiva).
Devidas tais indenizações, dúvida cruel tem surgido no que diz respeito
ao juízo competente para apreciá-las: o trabalhista ou o comum estadual?
13 VALDIR, Florindo. Dano moral e o Direito do Trabalho, 2ª ed. São Paulo: Ed. LTr,1996, p.34
40
Tanto a indenização material como a do dano moral, embora de
natureza civil, são decorrentes, no caso de acidente de trabalho, da relação de
emprego, inferindo-se, daí, que a competência para conhecer do litígio é da
Justiça do Trabalho.
Não obstante essas ponderações, e como as Constituições de 1946,
1967 e 1969 diziam expressamente que os dissídios relativos a acidentes do
trabalho eram de competência da Justiça Ordinária, ninguém ousava querer
atribuí-la à Justiça do Trabalho, porque embora inquestionavelmente a
controvérsia seja decorrente da relação de emprego, em matéria de
competência absoluta não se pode decidir por analogia e nem se faze
interpretação extensiva.
Porém, atualmente, o entendimento deve ser outro, porque com
clareza a Constituição (artigos 109 e 114) tratou da competência da Justiça do
Trabalho e da competência residual da Justiça Comum, não mais atribuindo a
esta, com exclusividade, e como ocorreu nas Constituições anteriores, a
competência para as questões acidentárias.
A competência acidentária, agora, está dividida entre a Justiça
Ordinária e a Justiça do Trabalho. É da Justiça do Trabalho quando o pleito de
indenização material (artigo 7º, inciso XXVIII/CF) ou por dano moral (artigo 5º,
inciso X), for dirigido ao empregador, que tenha, por dolo ou culpa, sido o
responsável pelo evento – culpa subjetiva. É da Justiça Comum Estadual,
quando os pedidos de indenização, auxílio-doença, auxílio-acidentário,
aposentadoria por invalidez e outros benefícios legais forem dirigidos ao órgão
previdenciário – culpa objetiva.
Como se observa do acima exposto, a competência da Justiça Comum
sobre acidente do trabalho está restrita, agora, às causas em que uma das
partes seja entidade pública federal, como seguradora, contra quem são
propostas, ainda, na maioria dos casos, as decorrentes de acidente de
trabalho.
É nesse sentido que devemos entender o conteúdo da Súmula nº 15
do STJ, assim vazado: “Compete à Justiça Estadual processar e julgar os
litígios decorrentes de acidentes do trabalho.”
41
Assim, podemos afirmar, ressaltando respeitáveis entendimentos
contrários, que os acidentes do trabalho decorrentes de dolo ou culpa do
empregador ou dos seus prepostos, comportam, conforme o caso, o
pagamento de indenização material e/ou moral, a cargo do empregador, a ser
discutida perante a Justiça do Trabalho.14
Por fim, podemos concluir que compete à Justiça do Trabalho a
apreciação de dissídios em que empregado e empregador, nessa qualidade,
demandam sobre indenização relacionada a ato ou omissão decorrente de
relação de emprego. Assim sendo, a reparação do dano resultante de culpa ou
dolo do empregador deve ser pedida na Justiça do Trabalho, vez que
inconfundível com a tarifada, em verdade um mero benefício previdenciário, a
ser postulada em face do INSS na Justiça Comum.
14 Raimundo S. de Melo, Doutrina – O TRABALHO, pp. 694/696-Julho/99)
42
CONCLUSÃO
Acidente do trabalho é o que ocorre pelo exercício do trabalho a
serviço da empresa, com o segurado empregado, trabalhador avulso, médico
residente, bem como com o segurado especial no exercício de suas atividades,
provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte, a
perda ou redução, temporária ou permanente, da capacidade para o trabalho.
As prestações relativas ao acidente do trabalho são devidas: a) ao
empregado; b) ao trabalhador avulso; c) ao médico residente (Lei nº 8.138/90);
d) ao segurado especial.
Não são devidas as prestações relativas a acidente do trabalho: 1) ao
empregado doméstico; 2) ao contribuinte individual; 3) ao facultativo.
Consideram-se como acidente do trabalho: a) a doença profissional,
assim entendida a produzida ou desencadeada pelo exercício do trabalho
peculiar a determinada atividade e constante da relação elaborada pelo
Ministério do Trabalho e da Previdência Social; b) doença do trabalho, assim
entendida a adquirida ou desencadeada em função de condições especiais em
que o trabalho é realizado e com ele se relacione diretamente.
Não são consideradas como doença do trabalho: a) a doença
degenerativa; b) a inerente ao grupo etário; c) a que produz incapacidade
laborativa; d) a doença endêmica adquirida por segurado habitante de região
em que ela se desenvolva, salvo comprovação de que é resultante de
exposição ou contato direto determinado pela natureza do trabalho.
Equipara-se também ao acidente do trabalho:
- o acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja
contribuído diretamente para a morte do segurado, para redução ou perda da
sua capacidade para o trabalho, ou produzido lesão que exija atenção médica
para sua recuperação;
- o acidente sofrido no local e no horário do trabalho em conseqüência de: ato
de agressão, sabotagem ou terrorismo praticado por terceiros ou companheiro
de trabalho; ofensa física intencional, inclusive de terceiro, por motivo de
disputa relacionada ao trabalho;
43
- ato de imprudência, de negligência ou de imperícia de terceiros ou de
companheiro de trabalho;
- ato de pessoa privada do uso da razão;
- desabamento, inundações, incêndio e outros casos fortuitos ou decorrentes
de força maior;
- a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício
de sua atividade;
- o acidente sofrido pelo segurado, ainda que fora do local e horário de
trabalho: na execução de ordem ou na realização de serviço sob a autoridade
da empresa; na prestação espontânea de qualquer serviço à empresa para lhe
evitar prejuízo ou proporcionar proveito; em viagem a serviço da empresa,
inclusive para estudo quando financiada por estar dentro de seus planos para
melhor capacitação da mão-de-obra, independentemente do meio de
locomoção utilizado, inclusive veículo de propriedade do segurado; no percurso
da residência para o local de trabalho ou deste para aquela, qualquer que seja
o meio de locomoção, inclusive veículo de propriedade do segurado.
O Brasil registra atualmente uma média anual de 430 mil acidentes do
trabalho. Apesar de serem bem melhores que os do início da década de 70,
quando o País chegou a contar quase um milhão de acidentes, num único ano,
ainda assim são extremamente preocupantes pelo ônus que causam à
Previdência Social e pelo aumento nos custos da produção. No entanto, os
registros desse tipo de acidentes não captam mais que parte da realidade em
matéria de segurança do trabalho. Apesar de facilitada a notificação, que pode
ser feita pelas empresas, pelos próprios trabalhadores e seus familiares – e até
por amigos -, é bastante difundida a relutância em comunicar um acidente às
autoridades. Ora são trabalhadores, que temem ser substituídos durante a
licença por acidente e se encontrar, na volta do trabalho, a caminho da
dispensa. Ora são as empresas que resistem a assumir, além da cobertura dos
primeiros 15 dias de afastamento do acidentado, a obrigação de garantir a
estabilidade mínima de um ano a todos que tiverem sido afastados por mais de
15 dias.
44
Entendemos que a melhor forma de se prevenir é evitar os acidentes,
cuidando o empregador de propiciar ambiente seguro e adequado de trabalho
e orientar o empregado adequadamente com relação às normas de segurança
e higiene no trabalho; deve, também, fornecer os equipamentos de proteção
necessários. Agindo assim, eventuais acidentes que venham a ocorrer,
inerentes aos riscos profissionais e às condições normais de trabalho, são de
responsabilidade do órgão previdenciário (responsabilidade objetiva).
Podemos por fim afirmar que a competência para julgamento das
ações acidentárias depende de que responsabilidade está em jogo, pois se for
a objetiva (INSS), será sempre a da Justiça Comum Estadual, a teor do artigo
129, inciso II, da Lei nº 8.213/91 e artigo 109, inciso I da Constituição da
República; se a responsabilidade for subjetiva (empregador), será competente
a Justiça do Trabalho, em virtude do artigo 114 da Constituição Federal
(Emenda Constitucional nº45/2004).
Por fim, é importante frisar que a Constituição Federal é o
ordenamento jurídico máximo, emanção do povo e que a este serve, como
objetivo do Estado Democrático de Direito: o bem-estar social.
45
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
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trabalho. 5ª edição. São Paulo: Editora LTr., 1996.
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Acesso em 27/02/2010
WIKEPEDIA
47
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5
METODOLOGIA 6
SUMÁRIO 7
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO LEGISLATIVA NO BRASIL 10
CAPÍTULO II
ACIDENTE DO TRABALHO 19
CAPÍTULO III
PRESTAÇÕES ACIDENTÁRIAS DO TRABALHO 26
3.1 Auxílio-doença Acidentário
3.2 Aposentadoria por Invalidez Acidentária
3.3 Pensão por Morte
3.4 Auxílio Acidente
3.5 Pecúlio
3.6 Abono Anual Acidentário
CAPÍTULO IV
COMPETÊNCIA EM FACE DAS AÇÕES INDENIZATÓRIAS 34
CONCLUSÃO 42
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 45
ÍNDICE 47
48
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome da Instituição:
Título da Monografia:
Autor:
Data da entrega:
Avaliado por: Conceito:
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