uma sociedade incluída pode ser mais facilmente "literacizada" informacionalmente?

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Sessão 4: Inclusão digital vs literacia informacional

UMA SOCIEDADE INCLUÍDA PODE SER MAIS FACILMENTE “LITERACIZADA

INFORMACIONALMENTE”?

Fernanda Martins, FLUP - CETAC-MEDIA, Universidade do Porto

Maria Manuela Pinto, FLUP - CETAC-MEDIA, Universidade do Porto Armando Malheiro da Silva, FLUP - CETAC-MEDIA, Universidade do Porto

Lisboa, 4 de Novembro de 2011

Conceito de Inclusão Digital

• Refere-se às práticas e habilidades de uso e domínio de dispositivos tecnológicos e ferramentas (computadores, navegação na Internet, etc.), em que não há somente uma habilidade visual e motora, mas também o desenvolvimento de habilidades cognitivas dependentes ou confinadas às características e requisitos de hardware e software.

• competências adquiridas no processo de aprendizagem básica de informática

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Inclusão Digital – dois tipos de competências

Ler, escrever e contar

Novas resultantes do impacto das TIC

3

70’s emergência do conceito

90’s reorganização dos sistemas educacionais

1994 USA definem National Education Goals - IL – um fator-chave na Era da Informação

Alguns países europeus desenvolvem ações similares

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Conceito de Literacia Informacional

• “O conjunto de competências que os individuos devem possuir para reconhecer quando a informação é necessária e a capacidade de a localizar, avaliar e usar eficientemente” (Cardoso, 2006: 401)

• Abarca um novo nível de desempenho diretamente relacionado com as competências de recolha, seleção, avaliação crítica e uso contextualizado de informação pesquisada e organizada para qualquer finalidade.

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Conceito de Literacia Informacional

• Definimos Literacia Informacional

– através das competências e da capacidade selectiva e sintetizadora na busca e uso da informação (Silva, 2006)

– Determinar:• o tipo de competências aprendidas

• assim como as necessidades espontâneas ou induzidas ao longo do processo de escolarização– no que toca a buscar, reproduzir/citar, interiorizar e

comunicar informação

• envolve um diálogo directo e proveitoso com as Ciências da Educação e permite desenvolver pesquisa dentro da C.I.

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Conceito de Literacia Informacional

• Não podemos esquecer que – o conceito chegou à Biblioteconomia e ao universo

das Bibliotecas Escolares e Universitárias vindo dos campos da formação profissional e da Educação, imbricado, sobretudo na língua inglesa (literacy significa alfabetização e literacy), • com o sentido elementar atribuído às competências-chave

(aprender a ler, esrever e contar),– e, aos poucos, foi sendo diferenciado desse sentido

• para significar uma função cognitiva e emocional mais madura e versátil capaz de avaliar, de escolher e de usar construtivamente os diferentes tipos de informação disponíveis

• da C.I.

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Conceito de Literacia Informacional

• A aplicação destes conceitos operativos configura-se como essencial para:

• ajudar a explorar o binómio (essencial no processo educacional e na construção pessoal)

entre a

• adaptabilidade ao ambiente e à técnica

e

• o harmonioso, mas também exigente, desenvolvimento da emoção e cognição individual e coletiva

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2 Conceitos: ID e LI

Mapear, a partir das entrevistas, a presença da

Inclusão digital

Literacia Informacional

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O Objetivo deste estudo

10

Entrevistas

•132 indivíduosN

•M = 39,65 ± 17,31Idade•47 homens (35,6%)•85 mulheres (64,4%)Género

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Participantes

Embora as questões das entrevistas não fossem construídas com o objetivo de distinguir os conceitos de inclusão digital e literacia informacional foi possível analisar a presença destes dois aspetos no discurso dos indivíduos • Inclusão digital (ID) – uso regular de mass-media (e.g. radio, TV), dispositivos digitais

(e.g. telemóvel, computadores, iPod, PDA) e uso intensivo da Internet, incluindo motores de busca, tanto por razões de trabalho como de saúde, educação ou de lazer

• Literacia informacional (LI) - Capacidade ou para pesquisar, selecionar, organizar e avaliar criticamente a informação

• Inclusão Digital Tecnológica (IDT) - Manuseamento e utilização de dispositivos analógicos que existiam antes da revolução digital

As entrevistas foram analisadas de acordo com 3 categorias

Registaram-se as ocorrências para cada uma das categorias

Procedimentos

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Resultados e Discussão

Entrevistas

O grupo dos 15-24 anos tem mais ocorrências ID

O grupo com menos ocorrências é o dos 50-64 anos

• Como esperado os jovens usam mais dispositivos digitais

• O grupo de indivíduos com mais de 65 anos utiliza-os mais do que os de 50-64 anos provavelmente porque usam a TV e os telemóveis muito frequentemente

Percentagem de ocorrências ID*

grupos etários

Homem, 22 anos: “Com os telemóveis,

o computador portátil e a internet. TV só para a play station.”

Homem, 62 anos: “A minha família

tem internet em casa”.

Exemplos de ocorrências ID

O grpo dos 25-49 anos apresentou mais ocorrências de LI

O Gripo com mais de 65 anos tem menos ocorrências LI• O grupo de idade dos indivíduos

mais ativos teve mais ocorrências LI provavelmente porque necessitam de utilizar essa informação com mais precisão, nomeadamente ,no trabalho

• O grupo de mais de 65 anos tem pouco conhecimento sobre o bom uso da tecnologia da informação

Percentagem de ocorrências LI*

grupos etários

Homem, 41 anos “Mesmo agora, em

casa, com a ajuda da internet estou à procura de novas formas de design, como podemos fazer isto ou aquilo.”

Mulher, 90 anos

“Eu só leio o jornal”

Exemplos de ocorrências LI

O grupo etário dos 25-49 anos tem mais ocorrências IDT

As pessoas com menos ocorrências IDT pertencem ao grupo 50-64

• O grupo etário dos 25-49 anos apresentou mais ocorrências de IDT, provavelmente porque cresceram na era digital e sentem que precisam de todos os tipos de dispositivos

• O grupo de 50-64 anos, pelo contrário estão a adaptar-se lentamente às novas tecnologias

Percentagem de ocorrências IDT*

grupos etários

Mulher, 42 anos "Quando eu era

criança tínhamos rádio, então as coisas começaram a aparecer, primeiro a TV, depois gira-discos e gravador de cassetes".

Mulher, 62 anos “Tínhamos um gira-

discos em casa mas acho que nem tínhamos discos”.

Exemplos de ocorrências IDT

Indivíduos com licenciatura apresentam mais ocorrências ID

As pessoas com menos ocorrências têm apenas o 1º ciclo

• O nível de escolaridade é um fator importante para a aquisição, o uso e a necessidade de dispositivos digitais

Percentagem de ocorrências de ID*

nível de escolaridade

Homem, licenciado "Tudo que eu preciso

de fazer está lá, escrevo, tenho a internet perto de mim se quiser ver as notícias, e-mails, um filme. Está tudo no computador ".

Mulher, 1º ciclo “TV só com antena.

Só os canais portugueses”.

Exemplos de ocorrências ID

A s pessoas com licenciatura e com o 2º ciclo tiveram mais ocorrências de LI

As que tiveram menos ocorrências LI tinham apenas o 1º ciclo

• Os grupos com mais ocorrências LI são provavelmente os que, por razões de trabalho, necessitam de usar a informação de um modo mais preciso

Percentagem de ocorrências LI*

nível de escolaridade

Homem, licenciado “A internet é

importante para a busca de conteúdos musicais, imagens, para preparar trabalhos. Isto é, acima de tudo para pesquisar informação sobre temas profissionais, para obter informação ou por lazer. ”.

Mulher, 1º ciclo “Gosto de ver

televisão. Gosto de telenovelas, ah ah ah, e desse tipo de coisas”.

Exemplos de ocorrências LI

As pessoas licenciadas têm significativamente mais ocorrências IDT

As pessoas com menos IDT têm o 3º ciclo

• O nível de escolaridade é, mais uma vez, um fator importante para a aquisição, o uso e a necessidade de dispositivos digitais mas também analógicos

Percentagem de ocorrências IDT*

nível de escolaridade

Mulher, licenciada “Sempre tivemos

telefone e televisão. Uma televisão velha. Até tínhamos um gravador e um gira-discos que ainda estão nos arrumos ”.

Mulher, 3º ciclo “Só tínhamos um

gravador”.

Exemplos de ocorrências IDT

Os homens tiveram significativamente mais ocorrências ID

• Pode ser que os homens tivessem sido educados para se interessarem mais pela área tecnológica e que as suas profissões os obriguem a estar mais atualizados nestes assuntos

Percentagem de ocorrências ID*

género

Homem “Tenho um Smart

Phone, um Samsung, com écran tatil, e-mail, video-call, e mais algumas coisas para a música, os vídeos e etc.”.

Mulher “Só televisão, alguns

DVDs e é tudo”.

Exemplos de ocorrências ID

Os homens obtiveram, também, mais ocorrências LI

• Estas diferenças podem ser causadas pelas exigências a nível profissional

Percentagem de ocorrências LI*

género

Homem “Essencialmente

para o trabalho e para pesquisar informação para me manter atualizado, por lazer, para comunicar com a família e os amigos quando não estou em casa”.

Mulher “O importante é a

televisão. Tem toda a informação que precisamos”.

Exemplos de ocorrências LI

As mulheres tiveram mais ocorrências IDT

• Neste caso as mulheres usam e adquirem mais aparelhos, provavelmente , analógicos

Percentagem de ocorrências de IDT*género

Mulher “Sim, tinha todos.

Vídeo, computador, gira-discos, televisão, telefone, essas coisas todas”.

Homem “Nessa altura penso

que só tinha uma máquina fotográfica”.

Exemplos de ocorrências IDT

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Questionários

N = 912

Participantes

Resultados e Discussão

Questionário

Preocupação com a origem da informação que consulta na internet

• Este aspeto é importante do ponto de vista da literacia informacional

A maioria dos inquiridos preocupa-se com a origem da informação

Preocupação com a origem da informação que consulta na internet * idade

• Os mais velhos parecem possuir mais competências de literacia informacional

Os grupos de idade dos 22-30 e 31-44 são os que mais se preocupam com a origem da informação

Preocupação com a origem da informação que consulta na internet * nível de escolaridade

Os indivíduos com mais escolaridade preocupam-se mais com a origem da informação

• Quanto mais escolarizados mais parecem possuir competências de literacia informacional

Comportamentos mais característico da forma como usa

a informação obtida na internet A maioria

dos inquiridos consulta sem guardar a informação

Comportamentos mais característico da forma como usa a informação obtida na internet *

idade Os mais

novos são os que mais fazem copy/paste

• Os mais velhos parecem possuir mais competências de literacia informacional

Comportamentos mais característico da forma como usa a informação obtida na internet * nível

de escolaridade Os indivíduos

com o 3º ciclo e com o ensino secundário completo são os que mais fazem copy/paste

• É necessário intervir na escola para aumentar as competências de literacia informacional

Comparar sites diferentes para verificar se a informação é verdadeira

A maioria dos inquiridos compara sites para verificar a veracidade da informação

• Este aspeto é importante do ponto de vista da literacia informacional

Comparar sites diferentes para verificar se a informação é verdadeira * idade

O grupo dos 22-30 anos é o que mais compara sites

• Comparar sites é um comportamento que está a tornar-se típico entre as gerações mais novas

Comparar sites diferentes para verificar se a informação é verdadeira * nível de escolaridade

Os indivíduos licenciados são os que mais comparam sites para verificar a veracidade da informação

• Quanto mais escolarizados mais parecem possuir competências de literacia informacional

Alterar as definições de privacidade no perfil de

uma rede social A maioria

dos inquiridos altera as definições de privacidade no perfil de uma rede social

• Este aspeto é importante do ponto de vista da literacia informacional

Alterar as definições de privacidade no perfil de uma rede social * idade

O grupo dos 22-30 anos é o que mais altera as definições de privacidade

• Alterar as definições de privacidade é um comportamento que está a tornar-se típico entre as gerações mais novas

Alterar as definições de privacidade no perfil de uma rede social * nível de escolaridade

Os indivíduos com mais escolaridade são os que mais alteram as definições de privacidade

• Quanto mais escolarizados mais parecem possuir competências de literacia informacional

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Conclusões

Conferência Diversidade Digital,Lisboa, 4 de Novembro de 2011

Incluir nas práticas sociais e familiares o uso das TIC é apenas um aspeto do problema

É urgente ligar esta questão à capacidade das pessoas para pesquisar e selecionar criticamente informação que lhes interesse ou que necessitem

As formas simples e imediatas de absorção da tecnologia e a destreza do seu uso contribuem nas gerações mais novas para a não consciencialização, ou até mesmo diminuição, das competências de literacia da informação

O desenvolvimento dessas competências deve explorar a vertente motivacional que incentiva o jovem a explorar a informação em contexto não educacional num meio que lhe é “natural” – as TIC – projetando-a em pleno para o espaço de ensino-aprendizagem , seja ele a escola ou o espaço doméstico 48

Deverá , pois, tal como o foi para a “leitura”, ser efetuado um investimento estruturado na aquisição de competências de literacia de informação, quer ao nível dos meios formais quer informais

Nesse sentido, o processo de ensino/aprendizagem ao longo da vida é uma questão importante, mesmo para aqueles que hoje têm alguma responsabilidade nesta matéria, como é o caso dos professores bibliotecários, redes de bibliotecas e Planos Nacionais em Curso, alargando-o assumidamente a todos os novos agentes, empresariais, institucionais … , que emergiram com a Era da Informação

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Agradecemos a atenção

PowerPoint disponível no site doProjeto Inclusão e Participação Digital

http://digital_inclusion.up.pt

Fernanda Martins, mmartins@letras.up.ptMaria Manuela Pinto, mmpinto@letras.up.pt

Armando Malheiro da Silva, malheiro@letras.up.pt

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