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Tudo aquilo que não deve fazer num projeto de pesquisa
Recopilações e outras insanidades!
Confundir senso comum com conhecimento científico
Ou
Uso do “Achismo”
Conhecimento de senso comum vs científico:
• Os problemas que originam conhecimento de senso comum, podem ser os mesmos do conhecimento científico
• A diferença entre ambos é a forma de construir este conhecimento.
• O conhecimento científico é baseado num processo rigoroso de análise e verificação
Confundir ciência com tecnologia
Ou
Faço um software, aplico um questionário e
mágica...tenho uma tese!
Ciência e Tecnologia
• São normalmente confundidas, principalmente porque a Ciência não gera somente conhecimento mas também métodos e tecnologias
• Mas a tecnologia também é necessária para o crescimento da Ciência
• Assim a Ciência é fonte e fim da tecnologia
Fonte: Ciência Básica, Ciência Aplicada e Técnica de Mario Bunge, 1980, p.29.
Os setores de ciência básica, aplicada, técnica e produção estão relacionados.
Ciência vs Técnica• Ciência é descobrir leis para explicar a
realidade• Técnica: controlar a realidade com ajuda de
conhecimentos, em especial científicos. Produzir bens e serviços
• Tecnologia é subproduto da técnica e da ciência, e matéria prima de ambas
• A pesquisa científica limita-se a conhecer enquanto que a técnica aplica conhecimentos novos para projetar tecnologias e ações com um fim prático para a sociedade;
Confundir falta de planejamento com pesquisa qualitativa
Ou
Abre a porta que estou chegando!
Método
• Método é um conjunto de procedimentos planejados e organizados para que após sua execução possa ser verificada uma construção de conhecimento científico.
Etapas do método
• Percepção de um problema
• Identificação e definição do problema
• Soluções propostas ao problema (hipóteses, pergunta de partida)
• Dedução das conseqüências das hipótese
• Verificação das hipóteses
Visão de Quivy (1)
A pergunta departida
leiturasEntrevistas
exploratórias
A Problemática
2
1
3
Visão de Quivy (2)A construção domodelo de análise
A observação
A análise dasinformações
As Conclusões
4
5
6
7
Manual de Investigação em Ciências Sociais
Raymond Quivy & Luc Van Campen
Publicado por Gradiva, 1998
Visão de Laville (1)
PROPOR E DEFINIR UMPROBLEMA
ELABORAR UMAHIPÓTESE
......
Conscientizar-se deum problema
Torná-lo significativoe delimitá-lo
Formulá-lo em formade pergunta
Analisar os dadosdisponíveis
Formular hipóteses(provisórias)
Prever suas impli-cações lógicas
Visão de Laville (2)
VERIFICAR AHIPÓTESE
CONCLUIR
Decidir sobre novosdados necessários
Recolher os novos dados
Analisar, avaliar einterpretar os dados
em relação à hipótese
Invalidar, confirmarou modificar hipótese
Traçar um esquema deexplicação significativo
Quando possível, generalizar a
conclusão
LAVILLE, C.; DIONNE, J. A Construção do Saber: manual da metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre: Artmed, 1999.
O problema de não ter problema
Ou encalhados! Sem rumo, Capitão!
Como achar problemas?
• Participando de grupos de pesquisa;• Realizando leituras críticas à artigos que
descrevem teorias e/ou técnicas na área, tentando imaginar como a utilizar em outras situações;
• Identificar na literatura, estudos científicos que apontem problemas ou estudos futuros que os autores estabelecem nas suas publicações;
• Ler anais e periódicos para ver o que o pessoal está pesquisando;
Fatores que auxiliam na elaboração de um Projeto
• Experiência do pesquisador
• Leituras atualizadas na área
• Participação de congressos e eventos
• Não colocar os preconceitos no projeto
• Participar de projetos de pesquisa junto a pesquisadores mais experientes
Falta de leitura prévia
Ou Cuidado que morde!
Revisão de Literatura
• É de suma importância nesta etapa para:– encontrar e delimitar problemas– definir o projeto– estabelecer hipóteses e objetivos claros
• Deve ser baseada em fontes recentes de produção científica (nacionais e internacionais), um bom ponto de partida é a Internet, mas não é a única fonte. Cuidado!
Revisão de Literatura (2)
• Cada material encontrado, pode indicar novas referências;
• Procurar ler sempre os originais (se possível na versão de origem)
• Dica: preparar uma lista de referências
• Cuidar com as endogenias
evitar a “gula livresca”
Ou ...eis aqui um “rato de biblioteca”
A revisão de literatura serve para refinar o problema e construir a
problemática
Ou... dando “costurando bonitinho”
Problema e Problemática
• Problemática: é o tema da pesquisa, o assunto que se deseja desenvolver
• Problema: é o ponto determinado dentro dessa problemática
• Exemplo:
Problemática: A vida dos Incas pré-colombianos
Problema: quais os rituais de iniciação sexual em meninas incas
O apressadinho
Ou “passagem às hipótese”/cortando caminho
Passagem às hipóteses
• É um problema comum de quem está com muita presa de começar.
• Consiste em definir rapidamente às hipóteses ou até mesmo os instrumentos de pesquisa antes de concluir a fase de exploração e de definição do problema.
• Perigos:• Ir cedo demais a campo; • Tempo de pesquisa não respeitado
O que é um problema?
• Um problema de pesquisa é um problema que pode ser resolvido com conhecimento já disponível ou que pode ser deduzido.
• A resolução científica de problemas:– Não pode ser dada pela intuição
– Nem tradição ou senso comum– Nem pela mera especulação
– Nem pela tradição
Características do Problema• Pode ser escrito em forma de pergunta• Não deve ser ambíguo• Deve ser conciso e objetivo• Deve ser verificável (mensurável e limitado)• Delimitado e com indicação das variáveis que intervêm• Coerente com os fatos conhecidos• Deve ser viável (econômica, política, social, ética e tecnicamente)• É desejável que seja relevante e original
Bom problema de pesquisa
• Não ambíguo
• Não amplo
• Não preconceituoso
• Verificável
Mamãe...posso perguntar?
Ou... O que era mesmo?
Pergunta de Partida• Uma boa pergunta é aquela que permanece:
– significativa– clara– pertinente– exeqüível
• Uma pergunta é significativa quando esta se torna um fio condutor, um guia para as ações seguintes.
Pergunta Significativa e pertinente
• Um bom problema de pesquisa não garante uma boa pergunta.
• Uma pergunta de partida pertinente, não deve ser moralizadora, nem julgadora de um fenômeno.
• Por exemplo o problema de evasão de alunos, é relevante, mas a pergunta "considerando os custos sociais e individuais da evasão escolar dever-se-ia estigmatizar os evadidos?" Não é uma boa pergunta, porque?
Pergunta exeqüível• Uma pergunta é exeqüível quando mostra em seu enunciado
a possibilidade de execução.
• Outro exemplo sobre o problema da evasão escolar: destinar um conselheiro pedagógico para cada um dos alunos em risco, ajudaria a prevenir a evasão?
• Embora a resposta seja sensata, percebe-se que sua aplicação e validação é inviável, pois os recursos necessários extrapolam qualquer viabilidade econômica, principalmente considerando um país de proporções como o Brasil.
Pergunta clara
• A clareza ajuda o pesquisador a delimitar a sua pesquisa e orientar suas ações.
• Exemplo: "como evitar a evasão escolar?"
• pergunta pouco clara pois não especifica qual o nível de evasão escolar (fundamental, ensino médio, superior?),nem se é evasão referente à rede pública ou particular não faz referência à limitação geográfica
Pergunta clara(2)
• Exemplo: "será que uma pedagogia moderna poderia aumentar a motivação dos alunos de ensino médio em risco de evasão para sua permanência na rede de ensino público?"
• restam questões ambíguas, como o que significa "pedagogia moderna" e "em risco de evasão", "motivação".
objetivos
Ou ...o que realmente quero?
Perigos
• Não identificar claramente os objetivos
• Diferenciar objetivos pedagógicos de objetivos de pesquisa;
• Objetivos demais deixam o problema muito amplo;
Quem precisa de um referencial teórico
Ou ...
Escreva três capítulos!!
Problemas encontrados
• Agrupar conceitos por justaposição (“colcha de retalhos”)
• Usar autores de forma não cuidadosa (autores compilados sem critica e sem considerar a base epistemológica e filosófica entre eles)
• Esquecer que a teoria é uma ferramenta de pensamento e deve ser cuidadosamente construída
Para que serve, mesmo?
• Encontrar conhecimentos relativos à questão da pesquisa;
• Verificar tendências e caminhos possíveis;
• Aumentar a construção teórica do pesquisador;
• Refinar a pergunta e os objetivos da pesquisa;
• Dar elementos para usar na análise;
Metodologia
Ou montando o quebra cabeça
Metodologia
• Metodologia precisa se adequar aos objetivos a ao referencial;
• Instrumentos de coletas devem ser cuidadosamente planejados
• Fazer uma descrição adequada do “desenrolar” da pesquisa
• Apresentar os instrumentos de coleta
• Não Monte instrumentos sem validar
• Não construa questionários com perguntas sem sentido ou que não estão relacionados com os objetivos/problema;
• Defina claramente os experimentos em função dos objetivos;
• Faça sempre Triangulação de coleta;• Cuidado com a Observação não sistemática • Se usar observação:
– PLANEJE– MAS TENHA SUA MENTE ABERTA
Analise dos dados
Ou por onde começo?
Perigos!!
• Fazer analise muito superficial;• Colocar apenas fragmentos de dados sem uma
analise adequada;• Falta de imersão;• Fazer analise durante a coleta (pode ser perigoso
pois pode não ver outros fenômenos) => é interessante registros mais neutros (como vídeo) para posterior analise
• Cuidado com generalizações rápidas;• Quando o professor é pesquisador precisa
aprender a “separar” os papeis e se auto-observar
Perfumaria
• Cuidar a forma de escrita e na apresentação;
• Seja direto na escrita (no enrolation)• Seja crítico mas não pedante na escrita• Ordene o trabalho de forma lógica e
coerente....sem pula-pula• Cuide a forma mas não caia no “culto à
carga”
Ainda na escrita
• No enrolation Gastar muito tempo na apresentação ou na justificativa => ir direto ao ponto, não cansar a banca CUIDADO!
• ênfase que obscurece: é um estilo de expressão de alguns cientistas que acreditam que o uso de um linguajar complexo e obscuro faz com que seu trabalho seja mais interessante;
Perfumaria
• Respeite os tempos da pesquisa • Seja humilde mas saiba se defender• As críticas são ao seu trabalho e NÃO A
VOCÊ• O aluno sempre SE TRAI : conheça seus
limites e supere ou aceite!!! Não culpe o mundo pelo que você não consegue ou não quer fazer
• Lembre-se “não existe trabalho perfeito”“não existe trabalho perfeito”
E quando quase desistir:
• Não há nada que resista ao trabalho”
• O projeto de pesquisa é basicamente um instrumento de trabalho para o pesquisador, uma espécie de guia e não meramente um formalismo;
Lembre-se
• Faça algo pelo que esteja apaixonado
• Tenha paixão!!
• Não permita colocar os preconceitos no projeto
E finalmente
Evite o “culto à carga”
Ciência do Culto à Carga• Acho que os estudos educacionais e psicológicos que mencionei
são exemplos do que eu chamo de ciência do culto à carga. Nos mares do sul existe um culto à carga. Durante a guerra eles viam aviões pousarem cheios de materiais bons, e eles querem que a mesma coisa aconteça agora. Então eles fizeram coisas parecidas com pistas, colocaram fogueiras junto aos lados das pistas, fizeram uma cabana de madeira para que um homem ficasse dentro dela, com dois pedaços de madeira na cabeça como fones de ouvido e varetas de bambu como se fossem antenas (ele é o controlador). E eles esperam os aviões pousarem. A forma é perfeita. Tem exatamente a mesma cara que antes. Mas não funciona. Nenhum avião pousa. Eu chamo essa coisa estranha de ciência do culto à carga, porque eles seguem todos os aparentes preceitos e formas da investigação científica, mas falta alguma coisa essencial, porque os aviões não pousam.
http://www.ceticismoaberto.com/ciencia/feynman_cultocarga.htm
por Richard Feynman, em 1974
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