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Ministério Puhiiccdo Estado de Gaias
7a Promotoria de Justiça de GoiâniaMeio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR DESEMBARGADOR PRESIDENTE DOTRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS.
O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por suaPromotora de Justiça que ao final assina, com fundamento no Art. 522, 2a parte, do
Código de Processo Civil, vem por esta e na melhor forma de direito interpor o
presente
AGRAVO DE INSTRUMENTO
COM PEDIDO DE ANTECIPAÇÃO DA TUTELA RECURSAL
contra decisão da Exmo. Dr. Juiz de Direito da 1a Vara da Fazenda Pública
Municipal da Comarca de Goiânia, proferida nos autos da Ação Cautelar n°
201300916243, proposta pelo Ministério Público do Estado de Goiás em desfavor do
Município de Goiânia, pessoa jurídica de direito público interno, representado por
seu Prefeito, instalado no Paço Municipal de Goiânia, sito na Av. do Cerrado, n° 999,
Quadra APM9, Park Lozandes, nesta Capital; e Hypermarcas S.A, pessoa jurídica
de direito privado, sediadal na Av. Afonso Pena, Qd. Área, Lt. Área, Fazenda Retiro,
ou na Rua Iracema, Qd. Área, Lt. Área, Fazenda Retiro, ou na Rua Iza Costa, Qd.
Área, Lt. Área, Fazenda Retiro, nesta Capital.
Goiânia, 10 de abril de 2013.
Alice de Almeida FreirePromotora,de Justiça
Rua 23, esq. com a Av. Fued José Sebba, Qd. 06, Lts. 15/25, sala 147, Jardim Goiás.CEP 74.805-100, Goiânia - Goiás . Telefone (62) 3243-8460. Fax (62) 3243-8585.
Ministério Puhliccdo Estado de Goiás
7" Pro moto ria de Justiça de GoiâniaMeio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo
EGRÉGIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE GOIÁS
RAZOES DO AGRAVO
Processo n° 201300916243
Ação Cautelar em Ação Civil Pública
Agravante: Ministério Público do Estado de Goiás
Agravado: Município de Goiânia e Hypermarcas S.A.
Cabimento, adequação e tempestividade do recurso
Antes de adentrar-se nas razões de fato e de direito que justificam o
presente, necessária a demonstração do cabimento, adequação e tempestividade
deste recurso.
Sobre a interposição do Agravo de Instrumento, o Código de Processo
Civil disciplina em seu art. 522 que:
Art. 522. Das decisões interlocutórias caberá agravo, no prazo de 10
(dez) dias, na forma retida, salvo quando se tratar de decisão suscetível
de causar à parte lesão grave e de difícil reparação, bem como nos casos
de inadmissão da apelação e nos relativos aos efeitos em que a apelação
é recebida, quando será admitida a sua interposição por instrumento.
Assim, patente que a decisão que não acatou parte do pedido liminar na
ação cautelar é decisão interlocutória, e que se não corrigida causará lesão grave ou
de difícil reparação, exsurge o cabimento e adequação do presente Agravo deInstrumento.
Quanto ao prazo, reza o art. 188 do Código de Processo Civil que:
Art. 188. Computar-se-á em quádruplo o prazo para contestar e em
dobro para recorrer quando a parte for a Fazenda Pública ou o Ministério
Público.
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Ministério Pühlicc
do Estado de Goiás.
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Dessa feita, considerando que a decisão em comento foi conhecida pelo
Ministério Público em 25/03/2013, conforme atesta o doe. 01, é de se concluir que o
prazo final para interposição deste expirará no dia 15/04/2013 (contagem do prazo
de 10 dias em dobro, nos estritos termos do art. 188 retro).
Quanto à presença dos pressupostos processuais subjetivos que
justificam o ingresso deste, estes restam patentes na sucumbência parcial na Ação
Cautelar, originada na negativa de paralisação da obra irregular da agravada, fato
este que coloca em risco o meio ambiente e a ordem urbanística de nossa cidade,
matérias cuja defesa compete ao Ministério Público.
Assim, demonstrados o cabimento, a adequação e a tempestividade
deste recurso, passa-se adianta aos motivos de ordem fática e jurídica que
amparam a reforma da decisão atacada.
Fatos
Tramita na 1a Vara da Fazenda Pública Municipal da Comarca de Goiânia
- GO, a ação cautelar em epígrafe (doe. 01), proposta nos autos da Ação Civil
Pública n° 2012.0076.3488 (doe. 02), na qual o Ministério Público postula a
determinação judicial para que o Poder Público Municipal crie Área de ProteçãoAmbiental na região norte de Goiânia, mais especificamente na região do córrego
Samambaia e a adoção de medidas que preservem as características atuais
daquela região.
Nesse sentido, requereu também naquela Ação Civil Pública a declaração
de inconstitucionalidade do Decreto Municipal que criou nova modalidade de via ao
arrepio da legislação urbanística. Referida medida fora concedida, liminarmente, às
fls. 577/584 da ACP n° 201200763488.
Em dado momento, a empresa Hypermarcas S.A apresentou-se em juízo
manifestando interesse na causa e pela necessidade de correção da liminar
concedida. Seus pedidos foram atendidos e os efeitos da liminar foram afastados
para a empresa Hypermarcas, no que se refere ao uso do solo da sua unidade fabril.
De posse da suspensão dos efeitos da liminar, a empresa Hypermarcas
iniciou, antes de qualquer autorização do poder público municipal, as obras^ de
instalação de seu Centro de Distribuição.
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ítíWMinistério Públicodo Estado de Goiás
7" Promotoria de Justiça de GoiâniaMeio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo
Verificada a latente ofensa à legislação urbanística e prováveis impactos
ambientais negativos na região norte de Goiânia, o Ministério Público ingressou com
a Cautelar n° 2013.0091.6243 requerendo, dentre outros pedidos, a imediata
paralisação das obras da agravada Hypermarcas S.A. até que se comprovasse sua
regularidade.
O ilustre Juízo singular acertadamente entendeu a necessidade de
acautelamento da região norte de Goiânia e impediu a concessão de novos
licenciamentos e obras naquela região até que chegue ao deslinde final da Ação
Civil Pública que trata da criação da APA do Samambaia. Contudo, não concedeu a
liminar determinando a imediata paralisação da obra de ampliação da empresa
Hypermarcas sob o seguinte argumento:
"Observo preliminarmente que não há demonstração objetivada alegação de que a obra careça do devido licenciamento ambiental.
A prova desse fato alegado pelo autor da presente açãocautelar é fundamental ao deferimento do pleito em sede liminar, pois ainterferência da esfera de propriedade deve ser alicerçada em elementosseguros quanto à irregularidade nos licenciamento necessários à suapermissão.
Anoto que a obtenção dessa informação é de fácil acessojunto aos órgãos licenciadores e poderia ser obtida diretamente peloMinistério Público para acostar a inicial
(...)
Ante o exposto, defiro em parte o pedido de liminar, paradeterminar ao Município de Goiânia, por seus órgãos responsáveis, quenão autorizem novas edificações de imóveis residenciais ou instalação deindústrias ou de comércios na área delimitada no pedido do processoprincipal para criação de parque de proteção ambiental, até o julgamentofinal do feito principal."
Destaca-se o acerto da decisão no tocante à proibição de novas
edificações na região norte de Goiânia até o julgamento final da Ação Civil
Pública que pretende proteger o cinturão verde de nossa cidade, responsável
pela regulação termal da capital e onde se situa importante manancial de
captação de água para o futuro abastecimento de Goiânia.
Merece também destaque (e reforma) a negativa do pedido liminar de
paralisação das obras da ré Hypermarcas S.A.
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do Estado de Goia
7:1 Promotoria de Justiça de GoiâniaMeio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo
Os argumentos esposados pelo Juízo monocrático, apesar de coerentes,
não condizem com os fatos contidos na Ação Civil Pública e os estampados na ação
cautelar.
A documentação comprobatória do licenciamento da obra não fora
juntada pelo Ministério Público porque, ou não existe, ou se existe não fora
apresentada, e, apesar disso, a obra está sendo erigida rapidamente.
Ademais, caso existisse referido licenciamento, jamais o Ministério
Público pugnaria pela paralisação da obra (desde que condizente com os termos
licenciados).
Os documentos relativos ao licenciamento da obra da ré Hypermarcas
foram solicitados pessoalmente ao Dr. Allen Viana, Secretário de Fiscalização do
Município, e não foram apresentados.
Nesse ínterim, chegou ao conhecimento do Ministério Público que a obra
fora embargada pelo Poder Público Municipal e que posteriormente referido
embargo fora cancelado em razão de "falha procedimental". Contudo, não há até o
presente informações sobre novo embargo ou decisão em contrário.
Por essa razão (ausência de informações do Poder Público sobre a
regularidade da obra), e, tendo conhecimento do adiantado estágio da edificação, o
Ministério Público socorreu-se ao Judiciário, por meio da ação cautelar.
Nesse contexto, conclui-se que a decisão, na parte em que não acata
o pedido liminar de paralisação da obra da agravada Hypermarcas, padece de
ausência de acautelamento específico e necessário para paralisar a obra até
que seja verificada a situação de regularidade do empreendimento.
Assim, diante da negativa da liminar na cautelar e considerando que a
obra continua a ser edificada sem os licenciamentos necessários, o Ministério
Público socorre-se novamente ao Judiciário, em grau de recurso, para que seja
reformada a decisão concedida na cautelar em questão especificamente no que se
refere à paralisação das obras da empresa Hypermarcas.
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Requisitos autorizadores da medida antecipatória da tutela recursal
Dispõe o Código de Processo Civil em seu artigo 273 que:
Art. 273. O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou
parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que.
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação
e:
I - haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação; ou
II - fique caracterizado o abuso de direito de defesa ou o manifesto
propósito protelatório do réu.
Cotejando os termos do artigo retro com os fatos constantes dos autos,
temos que a prova inequívoca do fato está estampada nas fotos anexadas (doe. 03),
que demonstram a execução das obras que se pretende paralisar.
Soma-se à demonstração da prova inequívoca da ausência de
licenciamento, a cópia do embargos da obra (doe. 04), promovido pela Secretaria de
Fiscalização do Município e suspenso posteriormente, na via extrajudicial, em razão
de "falha procedimental1."
O fato é que novo embargo, se a questão material (ausência de
licenciamento) já estava detectada, ou decisão em contrário declarando a
regularidade do empreendimento, não sobreveio.
A verossimilhança da alegação está estampada na necessidade de
licenciamento de toda e qualquer obra de grande porte em nossa cidade, obrigação
está disciplinada no Código de Posturas do Município de Goiânia, Código de
Edificações e Legislação ambiental.
Já o perigo de dano irreparável ou de difícil reparação estampa-se na
possibilidade de conclusão das obras de forma irregular.
Reforça essa possibilidade a expedição de ofício pelo Juízo monocrático,
com prazo de 15 dias para cumprimento, determinando que o Presidente da Agência
'Entretanto, Ofato de o embargoser suspenso por falha no procedimento administrativo não permiteconepela existência do licenciamento em si.
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Municipal do Meio Ambiente - AMMA informe se a empresa Hypermarcas obteve
licenciamento para suas obras.
Reforça ainda mais o perigo da demora a expedição de outro ofício, com
prazo de 10, encaminhado novamente ao Presidente da AMMA, para que esse envie
cópia integral do procedimento de expedição do Uso do Solo. Entretanto, o órgão
que poderá enviar a cópia integral do procedimento de expedição do Uso do Solo
em questão é a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Sustentável - SEMDUS,
e, certamente, o endereçamento desse pedido a órgão diverso ensejará demasiada
demora no seu atendimento, fato que contribuirá para a conclusão da obra irregular.
Todos esses fatos contribuem sobremaneira para que a empresa
Hypermarcas conclua sua obra e depois tente legalizá-la sob o argumento dofato consumado.
Por fim, cabe esclarecer que o Ministério Público jamais ingressaria com
pedido nesse sentido de forma leviana, notadamente em desfavor de empresa de
grande porte e geradora de muitos empregos.
Ademais, em que pese ser geradora de empregos, essa
característica não concede à agravada Hypermarcas a prerrogativa de ignorar
a legislação urbanística e ambiental e agir como se fora pessoa acima da lei.
Assim, resta demonstrada a presença de todos os requisitos para
concessão da antecipação da tutela recursal, determinando-se a imediata
paralisação das obras de ampliação da empresa Hypermarcas S.A.
PEDIDO
Por todo o exposto, o Ministério Público do Estado de Goiás, no exercício
de suas atribuições constitucionais e institucionais, requer seja dado provimento ao
presente recurso, reformando-se exclusivamente a parte da decisão proferida nos
autos da ação cautelar n° 201300916243 que não acolheu o pedido de liminar
determinando a paralisação imediata das obras da agravada Hypermarcas S.A.
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///I\Ministério Puhlicc
do Estado de Goiás
7a Promotoria de Justiça de GoiâniaMeio Ambiente, Patrimônio Cultural e Urbanismo
Outrossim, nos termos do art. 273, requer seja concedida a
antecipação dos efeitos da tutela recursal, determinando-se a imediata
paralisação das obras de ampliação das instalações da agravada Hypermarcas
S.A.
Além dos pedidos supra, requer ainda a intimação da Agravada, para
exercício do contraditório.
Por fim, noticia que junta ao presente as peças e informações essenciais,
nos termos do art. 525 do Código de Processo Civil, acompanhadas de outras para
melhor comprovação do que ora é alegado.
Goiânia, 10 de abril de 2013.
Alice de Almeida Freire
PromotcarajáB Justiça
Endereço do Advogado das Agravadas:
Dr. Miguel Ângelo Cançado - OAB/GO 8.010
Rua Dona Gercina Borges Teixeira, n° 86, Setor Sul, Goiânia-GO, CEP 74.083-012
Procuradoria Geral do Município
Palácio das Campinas Venerando de Freitas Borges - Av. do Cerrado n° 999 - 1oandar - Park Lozandes - Goiânia-GO, CEP: 74.884-092.
Relação de documentos acostados:
DOC. 01 - Inicial da ação cautelar; procuração dos Advogados das Agravadas;Decisão recorrida; e, Certidão de Intimação - Ministério Público do Estado de Goiás;
DOC. 02 - Cópia da inicial da Ação Civil Pública - APA do Samambaia;
DOC. 03 - Fotos das obras em andamento;
DOC. 04 - Embargo extrajudicial das obras, promovido pelo Poder Público Municipal
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