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Tribunal de Contas
Relatório
N.º 13/2008-FC/SRATC
Auditoria a apoio em processo judicial ao Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro
Data de aprovação – 4/11/2008 Processo n.º 08/116.03
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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Índice
Siglas e abreviaturas 3
Sumário 4
Capítulo I – Introdução
1. Enquadramento da acção 5
2. Antecedentes 5
3. Natureza, âmbito e objectivos 6
4. Fases da auditoria e metodologia de trabalho 7
5. Contraditório 7
6. Condicionantes e limitações 7
Capítulo II – Observações da auditoria
7. Inscrição na Caixa Geral de Aposentações 8
8. Factos apurados 9
9. Regime do apoio aos eleitos locais em processos judiciais 14
10. Pagamento de apoio em processos judiciais a Manuel da Silva Pereira e José Carlos
Mendes 15
10.1. Despacho do Presidente da Câmara Municipal 15
10.2. Deliberação da Câmara Municipal 17
10.3. Apreciação 17
Capítulo III – Conclusões e recomendações
11. Conclusões 21
12. Recomendação 21
13. Decisão 22
Conta de Emolumentos 23
Ficha Técnica 24
Anexo I – Contraditório 25
Anexo II – Índice do processo 51
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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Siglas e abreviaturas
Cfr. — Confira
CGA — Caixa Geral de Aposentações
CMSCF — Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores
Doc. — Documento
DROAP — Direcção Regional de Organização e Administração Pública
EEL — Estatuto dos Eleitos Locais
fls. — folhas
IAR — Inspecção Administrativa Regional
IVA — Imposto sobre o Valor Acrescentado
LOPTC — Lei de Organização e Processo do Tribunal de Contas1
n.º — número
n.os
— números
OP — Ordem de Pagamento
p. — página
PJ — Polícia Judiciária
SRATC — Secção Regional dos Açores do Tribunal de Contas
ss. — seguintes
TAFPD — Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada
1 Lei n.º 98/97, de 26 de Agosto, republicada em anexo à Lei n.º 48/2006, de 29 de Agosto, com as alterações
introduzidas pela Lei n.º 35/2007, de 13 de Agosto.
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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Sumário
Apresentação
A auditoria teve como objectivo verificar a legalidade dos actos de autorização de
despesa e de pagamento de honorários a advogado e outros encargos, relativos ao
patrocínio de Manuel Alberto da Silva Pereira e de José Carlos Pimentel Mendes,
respectivamente Presidente e Vereador a tempo inteiro da Câmara Municipal de Santa
Cruz das Flores, em processos administrativos e judiciais tendo por objecto a sua
reinscrição na Caixa Geral de Aposentações.
A acção teve por base uma informação da Inspecção Administrativa Regional, elaborada
a pedido do Departamento de Investigação Criminal de Ponta Delgada da Polícia
Judiciária, na sequência de denúncia anónima.
Principais conclusões/observações
A Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores suportou encargos no valor de
€ 29 574,00, relativos a honorários de advogado, e outras despesas, provenientes de dois
processos judiciais cujas acções foram interpostas por Manuel Alberto da Silva Pereira e
José Carlos Pimentel Mendes, respectivamente, Presidente e Vereador a tempo inteiro da
Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores.
No entanto, o processo judicial em que cada um dos autarcas interveio teve por objecto
litígios emergentes da relação jurídica de subscritor da Caixa Geral de Aposentações,
tendo a qualidade de eleito local relevado, apenas, enquanto eventual pressuposto dessa
relação.
Consequentemente, as despesas que decorrem desses processos judiciais não se encon-
tram abrangidas pelo disposto nos artigos 5.º, n.º 1, alínea o), e 21.º do Estatuto dos Elei-
tos Locais, constituindo uma dívida dos próprios autarcas e não do Município.
Em sede de contraditório, Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Men-
des fizeram prova de terem reposto nos cofres da autarquia o montante indevidamente
pago (€ 29 574,00), com a consequente reintegração do património municipal.
Recomendação
A Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores só deve suportar os encargos provenientes
de processos judiciais em que intervenham autarcas, desde que tais processos tenham
como causa o exercício do mandato autárquico e não se prove, na sentença judicial, ter
havido dolo ou negligência.
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Capítulo I – Introdução
1. Enquadramento da acção
O Programa de Fiscalização da Secção Regional dos Açores2 prevê a realização de uma
auditoria ao pagamento de serviços e honorários de advogado, no âmbito de duas acções
interpostas contra a Caixa Geral de Aposentações por Manuel Alberto da Silva Pereira e
José Carlos Pimentel Mendes, respectivamente Presidente da Câmara Municipal de Santa
Cruz das Flores e Vereador a tempo inteiro.
A programação desta acção teve por base a Informação da Inspecção Administrativa
Regional n.º INT-IAR/2007/25, de 14 de Setembro de 2007, elaborada em resposta a um
pedido de colaboração do Departamento de Investigação Criminal de Ponta Delgada da
Polícia Judiciária3, na sequência de uma denúncia anónima.
2. Antecedentes
A questão de facto, sobre a qual se pronunciou a Inspecção Administrativa Regional, é a
seguinte: podia o Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, Manuel
Alberto da Silva Pereira, adjudicar a Carlos de Almeida Farinha, na qualidade de sócio de
Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, por ajuste
directo, ao abrigo da alínea c) do n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de
Junho, uma prestação de serviços tendo por objecto a interposição de uma acção contra a
Caixa Geral de Aposentações em que são autores Manuel Alberto da Silva Pereira e José
Carlos Pimentel Mendes?
Na apreciação dos elementos documentais que lhe foram apresentados, a IAR assinalou a
ocorrência de diversas irregularidades ao nível dos procedimentos contabilísticos e desta-
cou, como facto susceptível de integrar os elementos constitutivos de responsabilidade
financeira sancionatória, a adjudicação da prestação de serviços com preterição do proce-
dimento pré-contratual que ao caso cabia (procedimento com consulta prévia a, pelo
menos, três prestadores de serviços).
Entendeu-se, no entanto, que a matéria relativa ao procedimento pré-contratual só deveria
ser abordada depois de analisada uma questão prévia que era a de saber se as despesas
dos processos judiciais poderiam, ou não, ser suportadas pelo orçamento da autarquia4.
2 Aprovado pela Resolução n.º 2/2008, do Plenário Geral do Tribunal de Contas, em sessão de 19 de Dezembro de
2007, publicada no Diário da República, 2.ª série, n.º 9, de 15 de Janeiro de 2008 (Parte D), e no Jornal Oficial, II
série, n.º 5, de 8 de Janeiro de 2008. 3 Formalizado através do ofício n.º 2367, de 10 de Setembro de 2007 (NUIPC: OD 2576889) (Doc. 2).
4 Cfr. Informação n.º 32/2007 – UAT I, de 26 de Outubro de 2007 (Doc. 4).
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3. Natureza, âmbito e objectivos
A acção tem a natureza de auditoria de legalidade e de regularidade.
Constituem objectivos gerais:
Verificação da legalidade dos actos de autorização da despesa e de autorização
do pagamento dos honorários e outras despesas;
Obtenção dos elementos probatórios das autorizações concedidas e dos paga-
mentos efectuados;
Identificação dos responsáveis pela autorização da despesa e pela autorização
do pagamento e o apuramento de eventuais ilegalidades susceptíveis de confi-
gurar eventuais infracções geradoras de responsabilidade financeira sanciona-
tória e/ou reintegratória.
Em conformidade com os objectivos gerais, os objectivos operacionais consistem na aná-
lise e verificação, entre outros, dos seguintes elementos documentais5:
a) Recursos hierárquicos interpostos por Manuel Alberto da Silva Pereira e José
Carlos Pimentel Mendes e respectivas respostas;
b) Despacho do Presidente da Câmara que adjudicou «a elaboração do processo
de Tribunal contra a Caixa Geral de Aposentações» a Carlos de Almeida
Farinha, com fundamento na «necessidade de se reconhecer aos eleitos locais
em regime de tempo inteiro que se encontravam inscritos na CGA por um dos
cargos políticos referidos na Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, aquando
da tomada de posse do mandato para que foram eleitos em 09-10-2005, a
faculdade de, até 30-08-2006, optarem por manter-se inscritos na CGA»;
c) Procurações forenses passadas por Manuel Alberto da Silva Pereira e José
Carlos Pimentel Mendes a Carlos de Almeida Farinha, Milton Morais
Sarmento e Francisco Coelho;
d) Petições das acções interpostas junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de
Ponta Delgada e respectivas sentenças;
e) Deliberações da Câmara Municipal sobre o pagamento dos serviços e honorá-
rios de advogado no âmbito das acções interpostas contra a Caixa Geral de
Aposentações;
f) Conta-corrente dos fornecedores Carlos de Almeida Farinha e Luís Laureano,
Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, relativa aos anos de
2006 e de 2007.
5 Remetidos a coberto do ofício da IAR, com a referência N.º SAI-IAR/2007/254, de 19 de Abril de 2007 (terá
havido lapso na indicação da data do ofício, dado que a Informação n.º INT-IAR/2007/25, remetida por este, só foi
produzida em 14 de Setembro de 2007), (Doc. 1), e dos ofícios da CMSCF, n.º 51, de 16 de Janeiro de 2008, (Doc.
7), e n.º 862, de 28 de Maio de 2008, (Doc. 10).
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4. Fases da auditoria e metodologia de trabalho
A realização da auditoria compreendeu as fases de planeamento, execução e elaboração
do relatório, sendo, em cada momento, adoptados os procedimentos suportados nas
metodologias acolhidas pelo Tribunal de Contas, nomeadamente no seu Manual de Audi-
toria e de Procedimentos, com as adaptações que se justificaram em função do tipo e
natureza da auditoria a realizar.
A técnica de verificação utilizada foi a da análise dos documentos enunciados, a título de
exemplo, no ponto 3, não tendo sido realizados trabalhos de campo, em função da nature-
za e objectivos da auditoria.
5. Contraditório
Para efeitos de contraditório, em conformidade com o disposto no artigo 13.º da LOPTC,
o anteprojecto do presente relatório foi remetido à entidade auditada e aos responsáveis
identificados no ponto 10.36.
Foram obtidas respostas de todos os responsáveis7, encontrando-se as mesmas transcritas,
na íntegra, no anexo I, nos termos da parte final do n.º 4 do citado artigo 13.º da LOPTC.
Em resultado da análise ao contraditório foram introduzidas alterações no ponto 10.1 e
nas conclusões e foi eliminado o quadro relativo às eventuais infracções financeiras,
decorrente da reposição, nos cofres da autarquia, do montante de € 29 574,00, pelos res-
ponsáveis Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes (€ 14 787,00,
cada um).
6. Condicionantes e limitações
Não ocorreram situações condicionantes ao trabalho de auditoria, que justifiquem men-
ção.
Cumpre, outrossim, destacar a celeridade com que o Presidente da Câmara Municipal de
Santa Cruz das Flores e os serviços do Município promoveram a remessa dos elementos
documentais solicitados pelo Tribunal.
6 Através dos ofícios n.
os 1269/08-ST a 1270/08-ST, todos de 30 de Julho de 2008.
7 Através dos ofícios n.
os 1231, 1235 e 1236, todos de 10 de Setembro de 2008.
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Capítulo II – Observações da auditoria
7. Inscrição na Caixa Geral de Aposentações
Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes foram eleitos, respecti-
vamente, Presidente e Vereador a tempo inteiro, da Câmara Municipal de Santa Cruz das
Flores, nas eleições realizadas no dia 16 de Dezembro de 2001, tendo sido reeleitos em 9
de Outubro de 2005.
Ambos desempenham as respectivas funções em regime de permanência.
Em matéria de segurança social, o Estatuto dos Eleitos Locais, aprovado pela Lei n.º
29/87, de 30 de Junho, na redacção anterior à dada pela Lei n.º 52-A/2005, de 10 de
Outubro, conferia um direito de opção aos eleitos locais em regime de permanência, entre
o regime da Caixa Geral de Aposentações e o regime previdencial da sua actividade pro-
fissional (artigos 13.º e 13-A).
No anterior mandato ambos encontravam-se inscritos na Caixa Geral de Aposentações.
A Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, alterou o regime de previdencial aplicável aos
eleitos locais. Mantinham a sua inscrição na Caixa Geral de Aposentações, até ao termo
do mandato, os que tinham sido inscritos ao abrigo das disposições alteradas ou revoga-
das por essa lei, bem como os que têm direito à inscrição por força da sua actividade pro-
fissional (artigo 7.º). Fora destes casos, é aplicável aos eleitos locais o regime geral da
segurança social, desaparecendo o anterior direito de opção8.
O mandato em curso iniciou-se em 30 de Outubro de 2005, depois da entrada em vigor da
Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro.
Face ao novo regime, a Caixa Geral de Aposentações recusou a reinscrição de Manuel
Alberto da Silva Pereira, na qualidade de eleito local, mantendo, no entanto, a sua inscri-
ção mas correspondente ao lugar de origem, que lhe conferia esse direito, e recusou, tam-
bém, a reinscrição de José Carlos Pimentel Mendes.
A questão ficou resolvida com o despacho do Secretário de Estado Adjunto e do Orça-
mento, de 20 de Junho de 2006, que deu orientações à Caixa Geral de Aposentações para
reconhecer aos eleitos locais em regime de tempo inteiro que se encontravam inscritos
por cargos políticos previstos na Lei n.º 52-A/2005 aquando da tomada de posse do man-
dato para que foram eleitos em 9 de Outubro de 2005, a faculdade de, até 30 de Agosto
de 2006, optarem por manter-se inscritos por aqueles cargos até ao termo do mandato.
8 Artigo 13.º do Estatuto dos Eleitos Locais, com a redacção dada pela Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro.
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8. Factos apurados
No decurso da auditoria foram apurados os seguintes factos9:
DATA FACTOS
2005
Dezembro
07/12/2005 O Presidente da CMSCF efectuou o pedido de reinscrição de Manuel Alberto da
Silva Pereira e de José Carlos Pimentel Mendes na CGA, enquanto eleitos locais.
30/12/2005 A CGA informou, relativamente ao boletim de reinscrição de Manuel Alberto da Silva Pereira, que «de acordo como art.º 7.º da Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, e art.º 13.º do Estatuto dos Eleitos Locais, o regime previdencial apli-cável aos eleitos locais é o geral da segurança social».
2006
Janeiro
13/01/2006 A CGA informou, relativamente ao boletim de reinscrição de José Carlos Pimen-tel Mendes, que «de acordo como art.º 7.º da Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outu-bro, e art.º 13.º do Estatuto dos Eleitos Locais, o regime previdencial aplicável aos eleitos locais é o geral da segurança social».
Fevereiro
01/02/2006 O Presidente da CMSCF enviou à CGA o recurso hierárquico interposto por Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes, sobre a recusa de inscrição dos autarcas na CGA
10.
Março
08/03/2006 A Direcção da CGA rejeitou o recurso hierárquico interposto por José Carlos Pimentel Mendes, por falta de objecto
11, mas, apreciando-o como reclamação,
negou a inscrição no cargo de Vereador a Tempo Inteiro, por considerar que o recorrente/reclamante havia sido empossado «em data posterior à entrada em vigor da Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, que alterou o artigo 13.º do EEL impondo a inscrição dos eleitos locais no regime geral de segurança social, ou a manutenção, aos titulares de cargos políticos abrangidos pelo n.º 2 do artigo 7.º da mesma Lei, do direito de inscrição na CGA não pelo exercício do cargo para o qual foram eleitos, mas pelo exercício de outros cargos que confiram direito a inscrição, devendo os descontos para aposentação e sobrevivência incidir sobre a remuneração que lhe competiria no seu lugar de origem e não sobre cargo de natureza política».
9 Os documentos probatórios encontram-se identificados, também por ordem cronológica, no índice do processo.
10 Nos recursos apresentados alega-se, em suma, que «o novo regime previsto no artigo 13.º da EEL, na redacção
que lhe foi conferida pela Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, abrange apenas os eleitos que tomaram posse a
partir da data de entrada em vigor daquele diploma, não podendo ser aplicado a todos aqueles que anteriormente
tomaram posse dos respectivos cargos bem como àqueles que foram anteriormente subscritores, por tal resultar
directamente do artigo 7.º da Lei n.º 52-A/2005». 11
Isto porque considerou que não existia «qualquer despacho da Direcção da CGA referente ao pedido de reinscri-
ção do reclamante, mas um mero ofício assinado por entidade sem competência própria para, isoladamente, deferir
ou indeferir tal tipo de pretensão».
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DATA FACTOS
10/03/2006 A Direcção da CGA rejeitou o recurso hierárquico apresentado por Manuel Alberto da Silva Pereira, por falta de objecto, mas, apreciando-o como reclama-ção para a Direcção da CGA, negou a inscrição no cargo de Presidente da Câmara, com base nos mesmos argumentos utilizados na apreciação da situa-ção de José Carlos Pimentel Mendes.
Maio
18/05/2006 Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes emitiram procu-
ração forense a Carlos de Almeida Farinha, Milton Morais Sarmento e Francisco Coelho.
Junho
05/06/2006 O Presidente da CMSCF adjudicou, pelo preço de € 25 000,00, acrescido de IVA, «a elaboração do processo de Tribunal contra a Caixa Geral de Aposenta-ções» a Carlos de Almeida Farinha, na qualidade de sócio de Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, por ajuste direc-to, ao abrigo da alínea c) do n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho, tendo como fundamento a «necessidade de se reconhecer aos eleitos locais em regime de tempo inteiro que se encontravam inscritos na CGA por um dos cargos políticos referidos na Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, aquando da tomada de posse do mandato para que foram eleitos em 09-10-2005, a faculdade de, até 30-08-2006, optarem por manter-se inscritos na CGA».
09/06/2006 Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes, representados por Carlos de Almeida Farinha, Milton Morais Sarmento e Francisco Coelho, interpuseram duas acções administrativas especiais contra a CGA, junto do TAFPD (os actos administrativos impugnados foram os despachos de 8 e de 10 de Março de 2006, da Direcção da CGA, que indeferiram definitivamente os pedidos formulados pelo autores de manutenção da qualidade de subscritores da CGA como eleitos locais em regime de permanência)
12.
09/06/2006 Carlos de Almeida Farinha apresentou «nota de provimentos», nos seguintes termos:
Acção 1 Provimentos: 2.600,00 euros IVA (15%): 390,00 euros Retenção de IRS na fonte (20%): 520,00 euros A receber: € 2.470,00
Acção 2 Provimentos: 2.600,00 euros IVA (15%): 390,00 euros Retenção de IRS na fonte (20%): 520,00 euros A receber: € 2.470,00 TOTAL A RECEBER: € 4.940,00
12
Processos n.os
64/2006 e 65/2006.
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DATA FACTOS
20/06/2006 O Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento exarou despacho dando orien-tações à CGA para, a título excepcional, se «reconhecer aos eleitos locais em regime de tempo inteiro que se encontravam inscritos na Caixa Geral de Apo-sentações por um dos cargos políticos referidos na Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, aquando da tomada de posse do mandato para que foram eleitos em 9 de Outubro de 2005, a faculdade de, até 30 de Agosto de 2006, optarem por manter-se inscritos na Caixa Geral de Aposentações por aqueles cargos até cessar aquele mandato, relevando o tempo de serviço de tal mandato para o regime transitório estabelecido no artigo 8.º do mesmo diploma».
Julho
07/07/2006 O Presidente da CMSCF adjudicou a Carlos de Almeida Farinha a «Aquisição de serviços de parecer técnico-jurídico – Acções administrativas contra a Caixa Geral de Aposentações», pelo preço de € 5.200,00 euros, a que acresce o IVA à taxa de 15%, no montante de € 780,00, no total de € 5.980,00 euros.
07/07/2006 Foi emitida a requisição n.º 508, no valor de € 5.980,00 euros, com IVA.
25/07/2006 O vereador José Carlos Pimentel Mendes emitiu uma ordem de pagamento a Carlos de Almeida Farinha, no valor de € 5 980,00 (Ordem de Pagamento n.º 766), no âmbito das acções administrativas interpostas junto do TAFPD (incluin-do o pagamento das taxas de justiça iniciais).
Agosto
01/08/2006 O Presidente da CMSCF solicitou a reinscrição de Manuel Alberto da Silva Pereira na CGA na qualidade de subscritor como eleito local em regime de per-manência, ao abrigo do despacho do Secretário de Estado Adjunto e do Orça-mento, de 20-06-2006.
01/08/2006 José Carlos Pimentel Mendes solicitou a sua reinscrição na CGA na qualidade
subscritor como eleito local em regime de permanência, ao abrigo do despacho do Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, de 20-06-2006.
Setembro
26/09/2006 O TAFPD julgou extinta a instância por inutilidade superveniente da lide, por
terem sido revogados os actos administrativos impugnados13
.
2007
Janeiro
12/01/2007 Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, apresentou nota de honorários, nos seguintes termos:
Honorários: € 25 000,00 Provimentos já recebidos: € 2 600,00 Nestes termos, honorários ainda a liquidar: € 22 400,00 IVA (21%): € 4 704,00 A receber: € 27 104,00
13
Por despacho da Direcção da Caixa Geral de Aposentações, com delegação de poderes do respectivo Conselho
de Administração, de 1 de Setembro de 2006.
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DATA FACTOS
Fevereiro
19/02/2007 O Presidente da CMSCF emitiu uma ordem de pagamento a Luís Laureano
Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, no valor de € 27 104,00 (Ordem de Pagamento n.º 105).
27/02/2007 Os serviços da Câmara suscitaram, com base no artigo 71.º da Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro, dúvidas quanto à «legitimidade» do pagamento a efectuar, por versar «sobre a situação concreta da possibilidade de descontos para a Caixa Geral de Aposentações do próprio Presidente da Câmara e do Vereador a Tempo Inteiro…».
Março
05/03/2007 A CMSCF deliberou solicitar parecer jurídico sobre a legalidade do pagamento,
pela autarquia, dos honorários do advogado.
06/03/2007 Foi solicitado parecer jurídico à DROAP sobre a legalidade do pagamento dos honorários a Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, «referente ao processo de Tribunal contra a Caixa geral de Aposen-tações».
19/03/2007 A DROAP informou o Presidente da CMSCF que a análise da questão suscitada
se encontrava condicionada por prévia apreciação jurídica por parte da Autar-quia.
Junho
04/06/2007 A Sociedade de Advogados, Borges da Ponte, Linhares Dias & Associados, emitiu parecer jurídico (cujos autores não estão identificados), no sentido de que o pagamento dos honorários do advogado se enquadra na previsão da alínea o) do n.º 1 do artigo 5.º do Estatuto dos Eleitos Locais, podendo, nos termos do artigo 21.º do mesmo diploma, as despesas ser suportadas pelo orçamento da autarquia
14.
14
No referido parecer refere-se o seguinte: …a questão que se coloca prende-se apenas com o saber se estes processos foram ou não pelo ―exercício das respectivas
funções‖. A dúvida que aqui se coloca prende-se, em nosso entender, apenas com o resultado dos mesmo (procedência da
acção) se repercutir na esfera privada dos referidos autarcas, mais concretamente no seu regime de aposentação.
Sendo certo que o resultado da acção repercute-se na esfera patrimonial dos autores, nas referidas pensões de apo-
sentação, é igualmente certo que as divergências só surgiram pela função de eleito local e pela alteração do regime
de aposentação entretanto surgidas. Ou seja, os autores só tiveram de recorrer à via judicial porque, por via das
suas funções de eleitos locais, e na interpretação que era dada pela CGA ficariam prejudicados na sua pensão de
reforma. Melhor dizendo, se não tivessem agido os autores ficariam prejudicados na reforma, mesmo relativamen-
te à situação laboral de origem, e tal distorção é introduzida justamente pelas funções de eleitos locais.
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DATA FACTOS
Julho
03/07/2007 O Director Regional de Organização e Administração Pública prestou, sobre o pagamento dos honorários, a seguinte informação:
1. Nos termos do disposto na alínea o) do n.º 1 do artigo 5.º do Estatuto dos Eleitos Locais, aprovado pela Lei n.º 29/87, de 30 de Junho, os eleitos locais têm direito a apoio nos processos judiciais que tenham como causa o exercício das respecti-vas funções.
2. Conforme estabelece o artigo 21.º do referido Estatuto, constituem encargos a suportar pelas autarquias as despesas provenientes de processos judiciais em que os eleitos locais sejam parte, desde que tais processos tenham tido como causa o exercício das respectivas funções e não se prove dolo ou negligência por parte dos eleitos.
3. Tais encargos serão suportados pelo orçamento da respectiva autarquia local (cfr. n.º 1 do art.º 24.º).
09/07/2007 A CMSCF deliberou «aprovar o pagamento dos honorários à Firma Luís Lau-
reano Santos, Jorge Calisto & Associados, no valor de € 27 104,00, com IVA incluído»
15.
24/07/2007 Foi emitido o cheque n.º 4451440374, no valor de € 27 104,00, sobre o Banco Comercial dos Açores, à ordem de Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Asso-ciados, Sociedade de Advogados, referente à Ordem de Pagamento n.º 105, emitida em 19 de Fevereiro de 2007.
Agosto
01/08/2007 A Sociedade de Advogados, Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados, procedeu à devolução do montante de € 3 510,00, através do envio do cheque n.º 8363044376 (Millenium BCP), relativo a «lapso verificado em matéria de provisão inicial» em cada um processos judiciais.
15
Com quatro votos a favor, do Presidente da Câmara, Manuel Alberto da Silva Pereira e dos vereadores José
Carlos Pimentel Mendes, Elizabete Nóia e António Joaquim Silveira, e um contra, do vereador Carlos Silva (este,
«por entender que o parecer da DROAP não tem nada de novo, simplesmente cita a legislação e não dá uma opi-
nião sobre se a Autarquia deve ou não proceder ao pagamento dos honorários à Sociedade de Advogados, relativos
à acusação movida pelo Sr. Presidente e Sr. Vereador José Carlos Mendes, contra a Caixa Geral de Aposenta-
ções»).
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
- 14 -
9. Regime do apoio aos eleitos locais em processos judiciais
Nos termos da alínea o) do n.º 1 do artigo 5.º e arti-
go 21.º do Estatuto dos Eleitos Locais, constituem
encargos a suportar pelas autarquias locais as despe-
sas provenientes de processos judiciais em que os
eleitos locais sejam parte, desde que tais processos
tenham tido como causa o exercício das respectivas
funções e não se prove dolo ou negligência por parte
dos eleitos locais.
O apoio a autarcas em processos judiciais depende,
assim, da verificação cumulativa de três requisitos:
as despesas têm que ser provenientes de pro-
cessos judiciais (envolvendo quer as custas
do processo quer os honorários do advoga-
do);
os processos têm que ter como causa o exer-
cício do mandato autárquico (seja como
autor ou como réu)16
;
não se prove, na sentença judicial, ter havido
dolo ou negligência por parte dos eleitos
locais17
.
Deste modo, para que os autarcas possam beneficiar de apoio em processos judiciais
é necessário, para além da prova da inexistência de dolo ou negligência (requisito
subjectivo), que o processo tenha «como causa o exercício das respectivas funções»,
ou seja, que resulte do exercício do mandato autárquico (requisito objectivo).
No caso, e considerando que a instância veio a ser declarada extinta por inutilidade
superveniente da lide, a questão cinge-se à verificação do preenchimento do requisito
objectivo (o de que o processo tenha «como causa o exercício das respectivas funções»),
para que a Câmara pudesse validamente autorizar a realização da despesa com a interpo-
sição das acções em que intervieram os autarcas.
Nos termos do n.º 2 do artigo 235.º da Constituição da República Portuguesa, as autar-
quias locais, são pessoas colectivas territoriais dotadas de órgãos representativos, que
visam a prossecução dos interesses próprios das populações respectivas.
16
É irrelevante que o autarca esteja em funções, dado que a razão de ser desta norma é o ressarcimento de despe-
sas com processos judiciais relacionados com o exercício de funções autárquicas, independentemente de os pro-
cessos serem instaurados ou julgados, estando ou não o autarca em exercício de funções. 17
A verificação deste requisito só é possível depois de proferida a decisão final sobre a questão controvertida.
Estatuto dos Eleitos Locais*
Artigo 5.º Direitos
1 – Os eleitos locais têm direito:
…
o) A apoio nos processos judiciais que
tenham como causa o exercício das res-
pectivas funções;
…
Artigo 21.º Apoio em processos judiciais
Constituem encargos a suportar pelas autar-
quias respectivas as despesas provenientes de
processos judiciais em que os eleitos locais
sejam parte, desde que tais processos tenham
tido como causa o exercício das respectivas
funções e não se prove dolo ou negligência
por parte dos eleitos.
Artigo 24.º Encargos
1 – As remunerações, compensações, subsí-
dios e demais encargos previstos na presente
lei são suportados pelo orçamento da respec-
tiva autarquia local.
…
* Aprovado pela Lei n.º 29/87, de 30 de Junho,
republicado em anexo à Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro.
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
- 15 -
Por seu turno, o n.º 1 do artigo 237.º da Lei Fundamental remete para a lei ordinária a
tarefa de, de harmonia com o princípio da descentralização administrativa, definir as suas
atribuições, a respectiva organização e a competência dos seus órgãos.
As atribuições das autarquias locais – fins ou interesses que a pessoa colectiva deve por
lei prosseguir18
– e a competência dos seus órgãos – conjunto de poderes funcionais com
que a lei dota os órgãos para a prossecução das suas atribuições – encontram-se basica-
mente definidas nas Leis n.os
159/99, de 14 de Setembro, e 169/99, de 18 de Setembro19
.
O que significa que a capacidade jurídica das autarquias locais – possibilidade de serem
titulares de relações jurídicas – se encontra delimitada pelos fins para que foram criadas.
Também da aplicação do princípio da especialida-
de, consagrado no artigo 82.º da Lei n.º 169/99, de
18 de Setembro, decorre que os órgãos das autar-
quias locais só podem deliberar no âmbito da sua
competência e para a realização das atribuições
que lhes estão legalmente cometidas.
Deste modo, as autarquias só podem suportar os encargos provenientes de processos judi-
ciais em que intervenham autarcas desde que se possa estabelecer uma conexão entre as
despesas realizadas e a prossecução dos interesses da autarquia. Ou seja, é necessário que
os autarcas estejam, no exercício do mandato autárquico, a prosseguir as atribuições do
município.
Como tal, as acções a que se reporta a alínea o) do n.º 1 do artigo 5.º e artigo 21.º do Esta-
tuto dos Eleitos Locais não podem respeitar a interesses pessoais e particulares dos autar-
cas.
10. Pagamento de apoio em processos judiciais a Manuel da Silva Pereira
e José Carlos Mendes
10.1. Despacho do Presidente da Câmara Municipal
O Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores adjudicou, pelo preço de
€ 25 000,00, acrescido de IVA, o serviço de elaboração do processo contra a Caixa Geral
de Aposentações, a Carlos de Almeida Farinha, na qualidade de sócio de Luís Laureano
Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, por ajuste directo, ao abri-
go da alínea c) do n.º 1 do artigo 86.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de Junho (Doc. 21).
18
Cfr. FREITAS DO AMARAL, Curso de Direito Administrativo, 2.ª ed., I, Almedina, Coimbra, 1994, p. 472. 19
O artigo 13.º da Lei n.º 159/99 define como atribuições municipais: a) Equipamento rural e urbano; b) Energia;
c) Transportes e comunicações; d) Educação; e) Património, cultura e ciência; f) Tempos livres e desporto; g)
Saúde; h) Acção social; i) Habitação; j) Protecção civil; l) Ambiente e saneamento básico; m) Defesa do consumi-
dor; n) Promoção do desenvolvimento; o) Ordenamento do território e urbanismo; p) Polícia municipal; q) Coope-
ração externa.
Lei n.º 169/99, de 18 de Setembro
Artigo 82.º Princípio da especialidade
Os órgãos das autarquias locais só podem
deliberar no âmbito da sua competência e para
a realização das atribuições cometidas às
autarquias locais.
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
- 16 -
De acordo com o despacho de adjudicação, datado de 05/06/2006, os serviços consistem,
designadamente, na «Elaboração… de minutas de reiteração dos pedidos dos Autores
junto da Ré, para efeitos do Despacho de 20/06/06, do Secretário de Estado Adjunto e do
Orçamento» e na «Recepção e análise do articulado superveniente da Ré, dando conta do
Despacho de 01/09/2006, da sua Direcção…».
Ou seja, o despacho de adjudicação faz alusão a factos ocorridos posteriormente, em
20/06/2006 e em 01/09/2006.
Tem também interesse comparar os textos preambulares deste despacho com o do despa-
cho do Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, proferido 15 dias depois, em
20/06/2006 (Doc. 25):
Despacho
do Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores,
de 05/06/2006
Despacho
do Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento,
de 20/06/2006
Considerando que a Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro,
que alterou o regime de pensões dos titulares de cargos polí-
ticos, foi publicada no dia imediato às eleições autárquicas de
9 de Outubro, tendo entrado em vigor antes da publicação oficial dos resultados daquele acto eleitoral.
Esta circunstância gerou entre os autarcas recém eleitos uma
natural incerteza sobre a sua situação jurídica no âmbito do
novo quadro, levando muitos a anteciparem o acto da tomada
de posse tendo em vista evitar a aplicação do novo regime,
enquanto outros não o fizeram.
A Lei n.º 52-A/2005, de 10 de Outubro, que alterou o regime
de pensões dos titulares de cargos políticos, foi publicada no
dia imediato às eleições autárquicas de 9 de Outubro, tendo
entrado em vigor antes da publicação oficial dos resultados daquele acto eleitoral.
Esta circunstância gerou entre os autarcas recém eleitos uma
natural incerteza sobre a sua situação jurídica no âmbito do
novo quadro, levando muitos a anteciparem o acto da tomada
de posse tendo em vista evitar a aplicação do novo regime,
reconhecidamente menos favorável, enquanto outros não o
fizeram.
Donde se concluiu que o despacho foi proferido antes de 01/09/2006, tendo o Presidente
da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores feito constar como data do documento a
de 05/06/2006.
Em contraditório, foi referido que «a data aposta no despacho de 5 de Junho de 2006… se
deve a uma lamentável gralha, porquanto o assunto no mesmo despacho plasmado se
reporta a factos posteriores», acrescentando-se que «o presidente da câmara municipal
nem se apercebeu de tal facto – e, de resto, apenas subscreveu aquele despacho, por que o
mesmo foi preparado pelos serviços administrativos da câmara municipal, que o informa-
ram quanto ao que seria legalmente necessário (o que, in casu, até se revelou absoluta-
mente inócuo, porquanto, para estarem em Juízo, não teria qualquer razão legal de ser
outro procedimento que não fosse, somente, a outorga de uma procuração forense a
advogados (e com, como sucedeu in casu, total margem de liberdade de escolha)».
A resposta dada justificou a alteração do mapa de conclusões.
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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10.2. Deliberação da Câmara Municipal
A deliberação da Câmara Municipal de Santa Cruz
das Flores, de 09/07/2007, que autorizou o paga-
mento dos honorários a Luís Laureano Santos,
Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advoga-
dos, RL, no montante de € 27 104,00 (Doc. 38), foi
tomada com os votos favoráveis do Presidente da
Câmara Municipal, Manuel Alberto da Silva Perei-
ra, e dos Vereadores José Carlos Mendes, Elizabe-
te Nóia e António Joaquim Silveira, e com o voto
contra do Vereador Carlos Silva.
No entanto, Manuel Alberto da Silva Pereira e de
José Carlos Pimentel Mendes tinham interesse pes-
soal no acto.
A deliberação reconheceu o direito a apoio nos
processos judiciais em causa, com a consequência
de ser o Município a suportar a despesa. Caso con-
trário, tra-
tar-se-ia de uma dívida dos próprios, decorren-
te da pro- curação forense que individualmente
outorga- ram.
O artigo 4.º do Estatuto dos Eleitos Locais e os
artigos 24.º, n.º 4, e 44.º do Código do Proce-
dimento Administrativo, vedam a possibilida-
de de os membros dos órgãos autárquicos
intervi- rem em procedimento quando nele
tenham interesse, já que tal situação é suscep-
tível de afectar a sua capacidade de decidir
com isen- ção e imparcialidade20
.
10.3. Apreciação
Decorre dos factos apresentados que o Município de Santa Cruz das Flores suportou os
encargos provenientes de dois processos judiciais interpostos por Manuel Alberto da Sil-
va Pereira e José Carlos Pimentel Mendes, respectivamente, Presidente e Vereador a
tempo inteiro, da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, nos quais se discutia a
manutenção da sua qualidade de subscritores da Caixa Geral de Aposentações.
20
Nos termos do disposto no n.º 2 do artigo 8.ºda Lei n.º 27/96, de 1 de Agosto «Incorrem, igualmente, em perda
de mandato os membros dos órgãos autárquicos que, no exercício das suas funções, ou por causa delas, interve-
nham em procedimento administrativo, acto ou contrato de direito público ou privado relativamente ao qual se
verifique impedimento legal, visando a obtenção de vantagem patrimonial para si ou para outrem».
Estatuto dos Eleitos Locais
Artigo 4.º Deveres
No exercício das suas funções, os leitos locais
estão vinculados ao cumprimento dos seguin-
tes princípios:
…
2 – Em matéria de prossecução do interesse
público:
…
d) Não interferir em processo administrativo,
acto ou contrato de direito público ou privado,
nem participar na apresentação, discussão ou
votação em assuntos em que tenha interesse ou
intervenção, por si ou como representante ou
gestor de negócios de outras pessoas, ou em
que tenha interesse ou intervenção em idêntica
qualidade o seu cônjuge, parente, bem como
quaisquer pessoas com quem viva em econo-
mia comum;
…
Código do Procedimento Administrativo
Artigo 24.º Formas de votação
…
4 – Não podem estar presentes no momento da
discussão nem da votação os membros do
órgãos colegiais que se encontrem ou conside-
rem impedidos.
Artigo 44.º Casos de impedimento
1 – Nenhum titular de órgão ou agente da
Administração Pública pode intervir em proce-
dimento administrativo ou em acto ou contrato
de direito público ou provado da Administra-
ção Pública nos seguintes casos:
a) Quando nele tenha interesse, por si, como
representante ou como gestor de negócios de
outra pessoa;
…
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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O valor dos encargos suportados pela Autarquia em resultado das acções interpostas con-
tra a Caixa Geral de Aposentações ascende a € 29 574,00, montante que inclui o paga-
mento dos honorários do advogado e as custas do processo 21.
Percorrendo o elenco de atribuições das autarquias, estabelecido, nomeadamente, no arti-
go 13.º da Lei n.º 159/99, conclui-se que a matéria em discussão nas acções interpostas
junto do Tribunal Administrativo e Fiscal de Ponta Delgada é alheia às atribuições da
autarquia e, também, não convoca os poderes funcionais dos seus artigos 16.º e ss.
Constituíram objecto do recurso contencioso os despachos da Direcção da Caixa Geral de
Aposentações, de 8 e de 10 de Março de 2006, que indeferiram definitivamente os pedi-
dos formulados por Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes, de
manutenção da qualidade de subscritores da Caixa Geral de Aposentações como eleitos
locais em regime de permanência.
Tratam-se de acções que se enquadram, exclusivamente, no domínio das relações entre a
Caixa Geral de Aposentações e os subscritores, relevando unicamente na esfera de acção
particular dos seus autores.
A qualidade de eleito local, na altura, relevou apenas enquanto eventual pressuposto da
relação jurídica entre a Caixa Geral de Aposentações e o subscritor.
De facto, do resultado das acções interpostas, Manuel Alberto da Silva Pereira e José
Carlos Pimentel Mendes são os únicos beneficiários.
As procurações forenses foram conferidas a título particular (Doc. 19 e Doc. 20).
Os processos em que os autarcas intervieram não tiveram como causa o mandato
autárquico, cujo exercício se encontra balizado pelos fins ou interesses que o Município
deve por lei prosseguir, e não respeitam, ainda que remotamente, a quaisquer interes-
ses próprios e específicos da população do Concelho de Santa Cruz das Flores.
Como estão em causa, exclusivamente, os interesses privados dos seus autores, verifi-
ca-se não existir qualquer nexo entre os gastos realizados e a gestão dos interesses públi-
cos da autarquia, os únicos que podem por esta ser prosseguidos. Esta circunstância torna
os actos praticados inválidos22
.
As despesas que decorrem dos processos judiciais (entre elas, as custas dos processos e os
honorários do advogado), não se encontram abrangidas pelo artigo 21.º do Estatuto dos
Eleitos Locais, constituindo, por conseguinte, uma dívida dos próprios autarcas e não
do Município.
21
O montante indicado corresponde ao pagamento de provimentos no valor de € 5 980,00, acrescido de
€ 27 104,00 (Ordens de Pagamento n.os
766/2006, de 25 de Julho de 2006, (Doc. 41), e 105/2007, de 19 de Feve-
reiro de 2007), deduzido do montante de € 3 510,00, reposto pelo prestador de serviços em 1 de Agosto de 2007
(Doc. 47). 22
A alínea b) do n.º 1 do artigo 95.º da Lei n.º 169/99, determina que são nulas «As deliberações de qualquer
órgão dos municípios e freguesias que determinem ou autorizem a realização de despesas não permitidas por lei».
No mesmo sentido, dispõe o n.º 4 do artigo 3.º da Lei das Finanças Locais (Lei n.º 2/2007, de 15 de Janeiro).
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
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Os actos de autorização da despesa e de autorização do pagamento23
, porque relativos a
uma despesa ilegal, são susceptíveis de gerar responsabilidade financeira sancionatória,
nos termos do disposto na alínea b) do n.º 1 do artigo 65.º da LOPTC, por violação da
norma sobre autorização de despesas públicas, prevista na alínea d) do ponto 2.3.4.2 do
Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais24
, bem como responsabilidade
financeira reintegratória, nos termos do artigo 59.º da LOPTC (determinando que a
Autarquia suportasse despesas que deveriam ser pagas pelos próprios autarcas, foi causa-
do um prejuízo equivalente a essa despesa).
São responsáveis:
— o Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, Manuel Alberto da
Silva Pereira, enquanto autor do despacho de autorização de despesa com a aqui-
sição de serviços de parecer técnico-jurídico – acções administrativas contra a
Caixa Geral de Aposentações (Doc. 39), no montante de € 5.980,0025
;
— o Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, Manuel Alberto da
Silva Pereira, e os Vereadores José Carlos Pimentel Mendes, Elizabete Nóia e
António Joaquim Silveira, enquanto autores do acto de autorização da despesa
(deliberação da Câmara Municipal, de 09/07/2007), no montante de € 23 594,00,
correspondente à diferença entre o valor pago (€ 27 104,00) e o valor da restitui-
ção feita posteriormente pelo prestador de serviços (€ 3 510,00).
Em sede de contraditório, Manuel Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Men-
des, fizeram prova de terem reposto, nos cofres da autarquia, o montante de
€ 29 574,00 (€ 14 787,00, cada um).
Deste modo, o procedimento por responsabilidade financeira reintegratória extin-
guiu-se pelo pagamento da quantia a repor, nos termos do disposto no artigo 69.º, n.º 1
da LOPTC, extinção que abrange todos os responsáveis, dado que a responsabilidade
financeira reintegratória é solidária (artigo 63.º da mesma lei).
Relativamente à responsabilidade financeira sancionatória, o Tribunal ponderou que:
a) Os responsáveis repuseram o montante abrangido pela infracção, consequentemente
o dano causado ao património municipal foi ressarcido, pelo que cessou a principal
consequência dos actos ilegais;
b) Não há recomendações anteriores sobre esta mesma matéria e é a primeira vez que
se efectua um juízo de censura sobre esta prática.
23
Deliberação da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, de 9 de Julho de 2007 e despachos de 25 de Julho
de 2006 e de 19 de Fevereiro de 2007, respectivamente, do Vereador a tempo inteiro, José Carlos Pimentel Men-
des, e do Presidente da Câmara, Manuel Alberto da Silva Pereira. 24
Aprovado pelo Decreto-Lei n.º 54-A/99, de 22 de Fevereiro. 25
No anteprojecto existe um erro de cálculo quando se refere: «…no montante de € 2.270,00, correspondente à
diferença entre o valor pago pelos serviços e o valor da restituição feita posteriormente pelo prestador de serviços
(Doc.47) (€ 5.980,00 - € 3.510,00 = € 2.270,00)». Rigorosamente, a devolução feita por Luís Laureano Santos,
Jorge Calisto e Associados, Sociedade de Advogados, no montante de € 3 510,00, deve ser imputada à despesa
autorizada por deliberação da Câmara Municipal, de 9 de Julho de 2007.
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Assim, ao abrigo do disposto no artigo 65.º, n.º 8, da LOPTC, o Tribunal desde já decla-
ra relevada a responsabilidade financeira sancionatória por estas infracções finan-
ceiras.
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Capítulo III – Conclusões
11. Conclusões
Conclusões Ponto
do
Relatório
1.ª
O Município de Santa Cruz das Flores suportou encargos, no valor de
€ 29 574,00, provenientes de processos judiciais interpostos por Manuel
Alberto da Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes, respectivamen-
te, Presidente e Vereador a tempo inteiro, tendo por objecto a sua quali-
dade de subscritores da Caixa Geral de Aposentações.
8.
2.ª
Os processos em que os autarcas intervieram enquadram-se, exclusiva-
mente, no domínio das relações jurídicas de subscritores com a Caixa
Geral de Aposentações, tendo a qualidade de eleito local relevado, ape-
nas, enquanto eventual pressuposto dessas relações.
Como tal, as despesas que decorrem desses processos judiciais não se
encontram abrangidas pelo disposto nos artigos 5.º, n.º 1, alínea o), e
21.º do Estatuto dos Eleitos Locais, constituindo uma dívida dos pró-
prios autarcas e não do Município.
10.3
3.ª
Os actos de autorização da despesa e do pagamento causaram um prejuí-
zo ao Município equivalente a essa despesa, na medida em que implica-
ram que a Autarquia suportasse encargos que não decorrem da prossecu-
ção das suas atribuições.
Em sede de contraditório, verificou-se a reintegração do património da
autarquia, através da reposição, pelos responsáveis Manuel Alberto da
Silva Pereira e José Carlos Pimentel Mendes, do montante indevidamen-
te autorizado e pago.
10.3
4.ª
A deliberação da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, de
09/07/2007, que autorizou o pagamento dos honorários à sociedade de
advogados, foi votada favoravelmente pelo Presidente da Câmara Muni-
cipal, Manuel Alberto da Silva Pereira, e pelo Vereador a tempo inteiro,
José Carlos Pimentel Mendes, sendo, no entanto, manifesto o interesse
pessoal dos mesmos no acto – a dívida, se não fosse paga pela Autar-
quia, seria dos próprios –, pelo que se encontravam impedidos de parti-
cipar na deliberação, nos termos do artigo 4.º do Estatuto dos Eleitos
Locais e dos artigos 24.º e 44.º do Código do Procedimento Administra-
tivo.
10.2
5.ª
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12. Recomendação
A Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores só deve deliberar suportar os encargos
provenientes de processos judiciais em que intervenham autarcas, desde que tais proces-
sos tenham como causa o exercício do mandato autárquico e não se prove, na sentença
judicial, ter havido dolo ou negligência.
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13. Decisão
Face ao exposto, aprova-se o presente relatório bem como as suas conclusões e recomen-
dação, nos termos do disposto nos artigos 50.º, n.º 1, 55.º e 105.º, n.º 1, da LOPTC.
Nos termos do disposto no n.º 1 do artigo 69.º da LOPTC, declara-se extinto o procedi-
mento por responsabilidade financeira reintegratória emergente dos factos enunciados no
ponto 10.3., por os responsáveis terem procedido à reposição do montante indevidamente
autorizado e pago e relevada a responsabilidade financeira sancionatória por essas infrac-
ções financeiras.
Expressa-se ao Organismo auditado o apreço do Tribunal pela disponibilidade e pela
colaboração prestada durante o desenvolvimento desta acção.
São devidos emolumentos nos termos do n.º 1 do artigo 10.º do Regime Jurídico dos
Emolumentos do Tribunal de Contas, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 66/96, de 31 de
Maio, com a redacção dada pela Lei n.º 139/99, de 28 de Agosto, conforme conta de
emolumentos a seguir apresentada.
Remeta-se cópia do presente relatório aos responsáveis ouvidos em sede de contraditório,
bem como ao Presidente da Câmara Municipal de Santa Cruz das Flores, para conheci-
mento e efeitos do disposto na alínea q) do n.º 2 do artigo 68.º da Lei n.º 169/99, de 18 de
Setembro.
Remeta-se também cópia ao Vice-Presidente do Governo Regional dos Açores e à Ins-
pecção Administrativa Regional.
Após as notificações e comunicações necessárias, divulgue-se na Internet.
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Conta de Emolumentos (Decreto-Lei n.º 66/96, de 31 de Maio) (1)
Unidade de Apoio Técnico-Operativo I Proc.º n.º 08/116.03
Entidade fiscalizada: Município de Santa Cruz das Flores
Sujeito passivo: Município de Santa Cruz das Flores
Entidade fiscalizada Com receitas próprias X
Sem receitas próprias
Descrição
Base de cálculo
Valor Unidade de tempo (2)
Custo standart (3)
Desenvolvimento da Acção:
— Fora da área da residência oficial – 119,99 –
— Na área da residência oficial 42 88,29 € 3 708,18
Emolumentos calculados € 3 708,18
Emolumentos mínimos (4)
€ 1 668,05
Emolumentos máximos (5)
€ 16 680,50
Emolumentos a pagar € 3 708,18
Empresas de auditoria e consultores técnicos (6)
Prestação de serviços
Outros encargos
Total de emolumentos e encargos a suportar pelo sujeito passivo € 3 708,18
Notas
(1) O Decreto-Lei n.º 66/96, de 31 de Maio, que aprovou o Regime Jurídico dos Emolumentos do Tribunal de Contas, foi rectificado pela Declaração de Rectifica-ção n.º 11-A/96, de 29 de Junho, e alterado pela Lei n.º 139/99, de 28 de Agosto, e pelo artigo 95.º da Lei n.º 3-B/2000, de 4 de Abril.
(4) Emolumentos mínimos (€1 668,05) correspondem a 5 vezes o VR (n.º 1 do artigo 10.º do Regime Jurídico dos Emolumentos do Tribunal de Contas), sendo que o VR (valor de referência) corresponde ao índice 100 da escala indiciária das carreiras de regime geral da função pública, fixado actualmente em € 333,61, pelo n.º 1.º da Portaria n.º 30-A/2008, de 10 de Janeiro.
(2) Cada unidade de tempo (UT) corresponde a 3 horas e 30 minutos de trabalho.
(5) Emolumentos máximos (€16 680,50) correspondem a 50 vezes o VR (n.º 1 do artigo 10.º do Regime Jurídico dos Emolumentos do Tribunal de Contas), sendo que o VR (valor de referência) corresponde ao índice 100 da escala indiciária das carreiras de regime geral da função pública, fixado actualmente em € 333,61, pelo n.º 1.º da Portaria n.º 30-A/2008, de 10 de Janeiro.
(3) Custo standart, por UT, aprovado por deliberação do Plenário da 1.ª Secção, de 3 de Novembro de 1999:
— Acções fora da área da residência oficial€ 119,99
— Acções na área da residência oficial ........ € 88,29
(6) O regime dos encargos decorrentes do recurso a empre-sas de auditoria e a consultores técnicos consta do artigo 56.º da Lei n.º 98/97, de 26 de Agosto, e do n.º 3 do arti-go 10.º do Regime Jurídico dos Emolumentos do Tribunal de Contas.
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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Ficha Técnica
Nome Cargo/Categoria
Carlos Bedo
João José Cordeiro de Medeiros
Auditor-Coordenador
Auditor-Chefe
Cristina Ribeiro Auditora
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ANEXO I
CONTRADITÓRIO
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de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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ANEXO II
ÍNDICE DO PROCESSO
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Índice do processo
Volume único
N.º do
Doc. Planeamento Fls.
1 Ofício n.º SAI-IAR/2007/254, de 19-04-2007 (IAR) 2
2 Ofício n.º 2367, de 10-09-2007 (PJ) 3
3 Informação n.º INT-IAR/2007/25, de 14-09-2007 (Processo n.º 56.08.00) 4
4 Informação n.º 32/2007-UAT I, de 26-10-2007 (Processo n.º 07/107.04) 10
5 Ofício n.º 1886-ST, de 09-11-2007 (SRATC) 20
6 Ofício n.º 96-UAT I, de 11-01-2008 (SRATC) 22
7 Ofício n.º 51, de 16-01-2008 (CMSCF) 24
8 Plano Global de Auditoria (Informação n.º 16/2008 – UAT I, de 16-05-2008) 25
9 Ofício UAT I, de 20-05-2008 (SRATC) 30
10 Ofício n.º 862, de 28-05-2008 (CMSCF) 32
Execução
Documentos gerais
11 Pedidos de reinscrição na CGA, de 07-12-2007 33
12 Resposta da CGA, relativa a Manuel Aberto da Silva Pereira, de 30-12-2005 41
13 Resposta da CGA, relativa a José Carlos Pimentel Mendes, de 13-01-2006 42
14 Clarificação de aspectos relativos à reinscrição Manuel Aberto da Silva Pereira 45
15 Recurso hierárquico interposto por Manuel Alberto Pereira, em 01-02-2006 62
16 Recurso hierárquico interposto por José Carlos Pimentel Mendes, em 01-02-2006 67
17 Resposta ao recurso hierárquico interposto por José Carlos Pimentel Mendes,
de 07-03-2006
72
18 Resposta ao recurso hierárquico interposto por Manuel Alberto da Silva Pereira,
de 09-03-2006
77
19 Procuração forense emitida por Manuel Alberto da Silva Pereira, em 18-05-2006 85
20 Procuração forense emitida por José Carlos Pimentel Mendes, em 18-05-2006 87
21 Despacho de adjudicação da prestação de serviços, de 05-06-2006 90
22 Petição da acção instaurada por Manuel Alberto da Silva Pereira junto do TAFPD,
em 09-06-2006
95
23 Petição da acção instaurada por José Carlos Pimentel Mendes junto do TAFPD,
em 09-06-2006
113
24 Nota de honorários de Carlos de Almeida Farinha, apresentada em 09-06-2006 129
25 Despacho do Secretário de Estado Adjunto e do Orçamento, de 20-06-2006 131
26 Pedido de reinscrição de Manuel Alberto da Silva Pereira na CGA, de 01-08-2006 132
27 Pedido de reinscrição de José Carlos Pimentel Mendes na CGA, de 01-08-2006 135
28 Sentença da acção interposta por Manuel Alberto da Silva Pereira, de 26-09-2006 147
29 Sentença da acção interposta por José Carlos Pimentel Mendes, de 26-09-2006 150
30 Nota de serviços e honorários da Sociedade de Advogados, Luís Laureano, Jor-
ge Calisto e Associados, apresentada em 12-01-2007
153
Tribunal de Contas Auditoria a apoio judicial ao Presidente da Câmara Municipal
de Santa Cruz das Flores e ao Vereador a tempo inteiro (08/116.03)
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Índice do processo
Volume único
Documentos gerais
31 Informação n.º 74/2007, de 27-02-2007 156
32 Acta da reunião da CMSCF, de 05-03-2007 158
33 Pedido de parecer jurídico à DROAP, de 06-03-2007 172
24 Resposta da DROAP, de 19-03-2007 173
35 Nota de serviços e honorários da Sociedade de Advogados, Luís Laureano, Jorge
Calisto e Associados, apresentada em 30-05-2007
174
36 Parecer jurídico da Sociedade de Advogados, Borges da Ponte, Linhares Dias &
Associados, de 04-06-2007
176
37 Informação da DROAP sobre o pagamento de honorários, de 03-07-2007 179
38 Acta da reunião da CMSCF, de 09-07-2007 180
Execução financeira do contrato
39 Autorização da realização da despesa relativa à aquisição de serviços a Carlos de
Almeida Farinha, no valor de € 5 980,00, de 07-07-2006
184
40 Requisição n.º 508, de 07-07-2006 185
41 OP n.º 766, de 25-07-2006 186
42 Relação dos responsáveis que emitiram a OP n.º 766 187
43 Recibo emitido por Carlos de Almeida Farinha, em 12-07-2006 189
44 Ordens de transferência, de 01-09-2006 190
45 Cheque emitido à ordem de Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados,
Sociedade de Advogados, em 24-07-2007
195
46 Recibo emitido por Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade
de Advogados, em 31-07-2007
196
47 Cheque emitido por Luís Laureano Santos, Jorge Calisto e Associados, Sociedade
de Advogados, em 01-08-2007
198
48 Conta corrente do fornecedor Luís Laureano, Jorge Calisto e Associados, Sociedade
de Advogados, relativa aos anos de 2006 e de 2007
199
49 Conta corrente do fornecedor Carlos de Almeida Farinha, relativa aos anos de 2006
e de 2007
201
Anteprojecto do relatório 204
Contraditório
50 Envio do anteprojecto para efeitos de contraditório 230
51 Respostas ao contraditório 248
52 Reposição (documentos adicionais) 269
53 Relatório 273
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