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Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Operadora:
Boa tarde e obrigada por aguardarem. Sejam bem vindos à teleconferência da
Braskem para discussão dos resultados referentes ao terceiro trimestre de
2014. Estão presentes hoje conosco os senhores Carlos Fadigas, Diretor-
Presidente, Mario Augusto da Silva, Vice-presidente de Finanças e RI, e
Roberta Varella, responsável pela área de RI.
Informamos que esse evento está sendo gravado e que todos os participantes
estarão apenas ouvindo a teleconferência durante a apresentação da
Companhia, e, em seguida, iniciaremos a sessão de perguntas e respostas,
quando mais instruções serão fornecidas. Caso algum dos senhores necessite
de assistência durante a conferência, queiram, por favor, solicitar a ajuda de
um operador, digitando *0.
Esse evento também está sendo transmitido, simultaneamente, pela internet,
via webcast, podendo ser acessado no endereço www.braskem.com.br/ri, onde
se encontra disponível a respectiva apresentação. A seleção dos slides será
controlada pelos senhores. O replay deste evento estará disponível logo após
seu encerramento. Lembramos que os participantes do webcast poderão
registrar antecipadamente, no website, perguntas a serem respondidas durante
a sessão de perguntas e respostas.
Antes de prosseguir, gostaríamos de esclarecer que eventuais declarações que
possam ser feitas durante essa teleconferência, relativas às perspectivas de
negócios da Braskem, projeções e metas operacionais e financeiras,
constituem-se em crenças e premissas da diretoria da Companhia, bem como
em informações atualmente disponíveis. Considerações futuras não são
garantias de desempenho. Elas envolvem riscos, incertezas e premissas, pois
se referem a eventos futuros e, portanto, dependem de circunstâncias que
podem ou não ocorrer.
Investidores devem compreender que condições econômicas gerais, condições
da indústria e outros fatores operacionais, podem afetar o desempenho futuro
da Braskem, e podem conduzir a resultados que diferem, materialmente,
daqueles expressos em tais considerações futuras.
Agora, gostaríamos de passar a palavra a Roberta Varella, responsável pela
área de RI da Braskem, que iniciará a apresentação. Por favor, Roberta, pode
prosseguir.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Roberta Varella:
Boa tarde senhoras e senhores,
Gostaria de agradecer a todos pela participação em mais uma teleconferência
da Braskem. Hoje discutiremos os resultados do terceiro trimestre e dos nove
meses de 2014.
Lembramos que em atendimento à lei 11.638/07, os resultados aqui
demonstrados refletem a adoção de regras contábeis internacionais IFRS.
Vale ainda ressaltar que, em decorrência da decisão de manter os
investimentos na Quantiq, que é a empresa responsável pela distribuição de
produtos químicos, a demonstração financeira trimestral da Braskem de 2013
foi reapresentada para incluir o resultado dessa operação.
As informações financeiras aqui apresentadas foram revisadas por auditores
externos independentes.
Vamos então para o slide seguinte, por onde iniciaremos nossos comentários.
No slide de número 3, falaremos dos principais destaques operacionais e
financeiros do terceiro trimestre de 2014:
A taxa média de utilização dos crackers foi de 90%, 6 pontos percentuais acima
da taxa do segundo trimestre, refletindo a retomada da operação do cracker de
triunfo, após parada programada de manutenção, e a normalização do
fornecimento de matéria-prima no site do rio de janeiro; que parcialmente
compensaram a parada programada do cracker de São Paulo, que teve início
em setembro e foi finalizada em outubro.
O mercado brasileiro de resinas termoplásticas atingiu 1,4 milhão de toneladas,
um crescimento de 5% em relação ao segundo trimestre, positivamente
influenciado pelo melhor desempenho dos setores relacionados à bens de
consumo, bem como a sazonalidade do trimestre. As vendas da Braskem
acompanharam esta tendência e cresceram 7%.
As vendas de polipropileno da unidade de negócios EUA e Europa, por sua
vez, apresentaram retração de 2% na comparação com o trimestre anterior,
refletindo, principalmente, o arrefecimento do mercado europeu. Na
comparação com o 3º trimestre de 2013, as vendas da Braskem expandiram
9%, em decorrência do melhor ambiente macroeconômico.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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O EBITDA consolidado do terceiro trimestre foi de R$ 1,5 bilhão, explicado (i)
pelo melhor patamar de spreads no mercado internacional e (ii) pelo maior
volume de vendas totais. Em dólares, o EBITDA foi de US$ 660 milhões.
Nesse contexto, a Braskem registrou lucro líquido de R$ 230 milhões.
A alavancagem da companhia, medida pela relação dívida líquida/EBITDA,
quando mensurada em dólares, foi de 2,7 vezes, praticamente em linha com o
trimestre anterior.
Em outubro, a Fitch revisou a perspectiva do rating da Braskem de negativa
para estável, refletindo seu (i) comprometimento com a desalavancagem; (ii) o
avanço na estratégia de diversificação de matéria prima; (iii) e a melhoria
contínua do resultado operacional. A expectativa de melhor patamar dos
spreads petroquímicos no mercado internacional também foi fator positivo para
a mudança de perspectiva.
Passando para o slide de número 4...
Nesse slide falaremos sobre os destaques do trimestre relacionados aos
projetos e reconhecimentos recebidos pela companhia:
Em linha com sua estratégia de diversificação e acesso à matéria-prima
competitiva, o progresso físico do projeto do México atingiu 82%. As atividades
de pré-marketing seguiram avançando e atingiram 276 clientes ativos.
O projeto, que entra em operação ao final de 2015, é o primeiro projeto
greenfield a entrar em operação na região da América do Norte e utilizará etano,
a preço competitivo, para a produção de polietileno. Além da competitividade de
matéria-prima, outro diferencial do projeto é o foco no atendimento do crescente
mercado doméstico mexicano, hoje já deficitário, e que tem cerca de 70% de
sua demanda suprida por material importado.
Destaca-se ainda o saque da quarta parcela do project finance, no montante de
US$ 383 milhões, pela subsidiária Braskem Idesa.
No que tange o seu comprometimento com o desenvolvimento da cadeia de
plásticos brasileira, a Braskem tem avançado no programa criado em conjunto
com a indústria, denominado PIC ou plano de incentivo à competitividade da
cadeia do plástico. No trimestre, destaca-se a criação do “projeto de
capacitação em exportação”, uma ação estruturante com foco em aspectos
técnicos e mercadológicos e que já atingiu cerca de 70 empresas. O objetivo
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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deste projeto é dobrar as exportações de produtos transformados plásticos de
polietileno e polipropileno ao longo de 2 anos.
Destaca-se ainda o recebimento do troféu transparência da ANEFAC -
associação nacional dos executivos de finanças, administração e contabilidade;
sendo que a Braskem recebeu pela primeira vez o prêmio de melhor
demonstração financeira anual para empresas com faturamento superior a R$ 5
bilhões.
Passando para o slide de número cinco...
Nesse slide observamos o desempenho do mercado brasileiro de resinas
termoplásticas e das vendas da Braskem.
No terceiro trimestre de 2014, a demanda por resinas termoplásticas
apresentou um crescimento de 5% em relação ao trimestre anterior, refletindo a
retomada, principalmente dos segmentos relacionados à bens de consumo, e a
sazonalidade do período. As vendas da Braskem acompanharam a dinâmica
de mercado e totalizaram 939 mil toneladas, um crescimento de 7%. O market
share foi de 68%, um ponto percentual acima do segundo trimestre.
Na comparação com o terceiro trimestre de 2013, que havia sido impactado
pela desaceleração da produção industrial e pelo movimento de estocagem no
2t13, tanto as vendas da Braskem como o mercado apresentaram expansão de
5%.
No acumulado do ano, o mercado brasileiro de resinas termoplásticas totalizou
4,0 milhões de toneladas, em linha com a demanda apresentada no mesmo
período de 2013. As vendas da Braskem, por sua vez, apresentaram redução
de 2%.
Passando para o próximo slide...
No slide de número 5 apresentamos os fatores que influenciaram o EBITDA no
terceiro trimestre de 2014 na comparação com o trimestre anterior.
O EBITDA consolidado da companhia foi de R$ 1,5 bilhão, um crescimento em
torno de 30% em relação ao segundo trimestre, refletindo, principalmente, o
crescimento do volume de vendas; e a expansão dos spreads no mercado
internacional; que foram parcialmente compensados pela despesa não-
recorrente de R$ 34 milhões da adesão ao refis.
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A depreciação média de 2% do real em relação ao dólar também foi fator
positivo e impactou o resultado em R$ 54 milhões; sendo R$ 215 milhões
positivo na receita e R$ 161 milhões negativo no custo.
Em dólares, o EBITDA do trimestre foi de US$ 660 milhões, 30% superior ao
EBITDA do segundo trimestre.
Passando para o slide de número 7...
No slide de número 7, apresentamos a comparação do EBITDA nos nove
meses de 2014 com o mesmo período de 2013.
O EBITDA consolidado da companhia atingiu R$ 4,3 bilhões, um crescimento
de 16% em relação aos 9 meses de 2013. Em base recorrente, a alta foi de
10%.
Destacam-se a recuperação dos spreads de resinas termoplásticas no
mercado internacional e a apreciação do dólar médio de 8%, que gerou um
efeito positivo de R$ 567 milhões, sendo R$ 2,6 bilhões positivo na receita e R$
2,1 bilhões negativo no custo.
Passando para o slide de número 8...
Esse slide ilustra o endividamento da Braskem.
Pelo fato do investimento do projeto México, feito pela subsidiária Braskem-
Idesa, ser financiado pela modalidade de project finance; onde a dívida deve
ser repaga com a geração de caixa do próprio projeto, a análise do
endividamento, aqui apresentada, não considera essa estrutura de
financiamento.
Nesse contexto, em 30 de setembro de 2014, a companhia apresentou dívida
bruta de US$ 7,8 bilhões, 4% inferior à registrada no segundo trimestre.
Quando medida em reais, a dívida foi 7% superior, influenciada pela
apreciação da moeda norte-americana em 11% entre o fim dos períodos. A
dívida bruta atrelada ao dólar foi de 68%.
O saldo de caixa e aplicações totalizou US$ 1,4 bilhão, praticamente em linha
com o apresentado no trimestre anterior. A companhia, em função de sua
estratégia de liquidez, todavia, possui linhas de crédito rotativo (stand by), que
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não apresentam cláusulas restritivas de saque em momentos adversos de
mercado.
Por consequência, a dívida líquida da Braskem totalizou US$ 6,4 bilhões.
Quando medida em reais, a dívida foi 7% superior, totalizando R$ 15,8 bilhões.
A dívida líquida atrelada ao dólar foi de 74%.
A alavancagem financeira medida pela relação dívida líquida/EBITDA,
mensurada em dólares, encerrou o trimestre em 2,71x. Em reais, a
alavancagem foi para 2,90x, um aumento de 11%, influenciada pela
depreciação do real entre os períodos.
Em 30 de setembro de 2014, o prazo médio do endividamento era de cerca de
16 anos. Se considerarmos apenas a parcela da dívida em dólares, o prazo
médio fica em 21 anos e meio.
Apenas 3% do total da dívida tem vencimento no ano de 2014, e o elevado
patamar de liquidez da companhia garante que seu saldo de disponibilidades
cubra os vencimentos dos próximos 27 meses.
Passando para o próximo slide ...
No slide 9 apresentamos o Capex dos nove meses de 2014.
A Braskem, em linha com seu compromisso na realização de investimentos
com retorno acima de seu custo de capital, desembolsou cerca de R$ 2,0
bilhões no período.
Do total, (i) 60% foram direcionados às operações industriais, incluindo parte
do desembolso das paradas programadas de manutenção; e cerca de (ii) 30%
direcionados à construção do novo complexo petroquímico no México.
Os demais gastos estão relacionados aos outros projetos anunciados pela
Braskem, como, o investimento para a produção de UTEC no site de La Porte,
nos estados unidos; e a conversão e expansão de uma das linhas de produção
de polietileno na Bahia para base metaloceno.
É importante lembrar que o valor do investimento do projeto México, aqui
demonstrado, não inclui os recursos do project finance e do acionista
minoritário do projeto.
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Para 2014, o investimento estimado se mantém em torno de R$ 2,7 bilhões.
Passando para o próximo slide...
No slide de número 10 falaremos do cenário petroquímico internacional.
A maior produção de petróleo, principalmente nos EUA e Líbia, tirou o foco das
questões geopolíticas no Iraque, Ucrânia e Rússia, revertendo a tendência de
alta do preço da commodity. O crescimento da demanda, abaixo do previsto,
também influenciou para que o preço de petróleo saísse de um patamar
superior à US$ 100/bbl para uma faixa de US$ 85-90/bbl. Neste contexto, o
preço da nafta, principal matéria-prima utilizada pela indústria petroquímica e
que tem forte correlação com o preço do petróleo, seguiu em linha com a
dinâmica do mercado de petróleo e também recuou, impactando positivamente
os spreads petroquímicos.
Todavia, a expectativa é de que, nos próximos meses, os preços de
petroquímicos sigam a tendência de queda observada nos preços de nafta,
reequilibrando assim o patamar de spreads, ainda que em níveis elevados.
Para o médio e longo prazo, a expectativa para a indústria petroquímica global
permanece positiva.
A incerteza em relação à entrada de alguns dos projetos anunciados continua a
ser um dos fatores favoráveis para a recuperação da rentabilidade do setor.
Para o período entre 2014 e 2017, ao compararmos a expectativa de entrada
de novas capacidades apresentada ao final de 2013 com a atual expectativa de
mercado, observa-se que o total de atrasos e cancelamento na entrada de
novas capacidades de eteno foi de 7,6 milhões de toneladas, sendo 4 milhões
deste montante vindo de projetos anunciados na china.
No caso da demanda, o crescimento médio anual foi revisado para cima,
refletindo, principalmente, a recuperação das economias maduras, em especial
dos EUA.
Nesse contexto, espera-se que os spreads de petroquímicos permaneçam em
patamares favoráveis ao longo dos próximos anos.
O ponto de atenção é a entrada dos projetos anunciados para 2017/2018,
principalmente nos EUA, cuja capacidade supera o crescimento da demanda
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estimada para o período, e que deverá voltar a pressionar as margens da
indústria.
Passando para o último slide...
No slide de número 11 falaremos das perspectivas e concentrações Braskem.
As boas perspectivas para a economia norte-americana não foram suficientes
para compensar o fraco desempenho esperado das economias centrais da
zona do euro e do menor crescimento dos mercados emergentes. Com isso, o
fundo monetário internacional revisou o crescimento do PIB global de 2014
para 3,3%, 0,1 p.p. Inferior ao dado divulgado em julho.
No caso do Brasil, a cenário continua desafiador. O PIB foi mais uma vez
revisado para baixo, 0,3% a.a., influenciado pela redução da produção
industrial e do consumo, bem como pelo fraco patamar de investimentos e do
baixo nível de confiança do empresariado.
Nesse contexto, a estratégia da Braskem continua pautada no investimento em
projetos que buscam diversificar sua matriz de matéria-prima e melhorar sua
competitividade na curva de custos global, através da construção do projeto
petroquímico integrado no México, para produção de polietileno e do avanço
dos estudos do projeto Ascent, cujas tecnologias para a produção de polietileno
e do cracker já foram definidas.
A companhia permanece focada ainda no desenvolvimento da cadeia
petroquímica e de plásticos brasileira; na renovação dos contratos de
fornecimento de nafta com a Petrobras e de energia com a Chesf; na constante
busca de sua eficiência operacional, através da elevação da sua taxa de
operação; na conclusão da aquisição do controle da Solvay Indupa; e na
manutenção da sua higidez financeira e disciplina de custos.
Encerramos aqui a nossa apresentação e passamos para a sessão de
perguntas e respostas.
Diego Menedef, Itaú BBA:
Bom dia. Eu tenho, na verdade, três perguntas. A primeira é com relação à demanda
doméstica, se vocês poderiam falar um pouco sobre como já está o 4T e o que estão
esperando para 2015; e, nesse cenário, como está também a atividade do importador
frente esse aumento do câmbio que vimos no último mês?
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O segundo ponto é com relação aos spreads internacionais. A Roberta comentou um
pouco, mas eu gostaria de saber com que patamares vocês estão trabalhando para
2015. Vimos uma expansão bastante grande nos últimos dias, mas será que esses
750 que estamos vendo são sustentáveis para o ano que vem, dado que a demanda
por petroquímicos continua forte e o petróleo não dá sinais de subir muito mais em
relação ao patamar atual?
E por último, se poderiam dar um pouco mais de detalhes sobre a renovação desse
contrato de energia com a Chesf.
Carlos Fadigas:
Boa tarde. Primeiro, com relação ao mercado, no 4T14, o que vemos é um movimento
de sazonalidade normal. Tivemos um 3T bom, com avanço de vendas, compensando
o 2T excepcionalmente fraco, e acho que agora seguimos a sazonalidade normal de
mercado.
É difícil precisar o número, porque tem dinâmicas de câmbio também, e o mercado às
vezes antecipa ou posterga um pouco a compra em função da expectativa de comprar
mais cedo ou mais tarde, mas na comparação de um trimestre com o outro, um recuo
de 4% a 6% de volume é uma coisa normal, porque o 4T é mais fraco naturalmente.
Em importador, não vemos nenhum movimento excepcional. Fechamos o market
share no trimestre de 68%, portanto tem 32% de resina que vem de fora, e isso foi
parecido com o trimestre anterior. Naturalmente, a Braskem pretende usar a subida de
câmbio para avançar em market share, mas não estamos falando de nada muito
radical; estamos falando de 1 p.p. aqui ou ali, até porque um avanço maior seria
possível, mas em detrimento de preço, e não é essa a nossa intenção.
Passando para o seu segundo ponto, sobre spreads internacionais, eu acho que tem
duas considerações a serem feitas: primeiro, no fim do 3T e no 4T houve uma queda
no preço da nafta, que aconteceu no 3T, no meio do ano chegou a estar em US$950
por tonelada, veio caindo, essa queda se acentuou agora dentro do 4T14 e está por
volta de US$650 por tonelada, então perdeu quase 1/3 do valor nesse período; essa
queda mais rápida abriu o spread, e não vejo essa abertura como tão sustentável.
Petroquímicos básicos naturalmente caem mais rápido, andando junto com a nafta, e
resina demora um pouco mais – aí estou falando do movimento internacional mesmo.
Então, existe uma abertura pontual de spread no 4T, e essa é de fato pontual.
Tendo dito isso, minha segunda consideração é de que, do ponto de vista de balanço
de petroquímicos para o ano de 2015, não temos nenhuma capacidade adicional
relevante se juntando ao mercado, exceto a própria capacidade da Braskem, de 1,05
milhão de toneladas no México no último trimestre.
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Se considerássemos isso, se pegamos um trimestre só e a planta tem uma curva de
ramp up, não é material. Então, vemos uma sustentação em 2015 de spreads médios
que tivemos em 2014, mais ou menos em linha, especialmente por conta da ausência
de entrada de novas capacidades. Isso se repete para 2016 – não quero ser otimista
demais, mas talvez em 2016 com um aumento gradual da demanda, ainda que não
seja acelerado – e abre até um pouco mais de spread até chegarmos a 2017, e ao
longo de 2017 começa a entrar capacidade nos Estados Unidos, mexendo um pouco
nessa dinâmica de mercado.
Seu terceiro ponto tem a ver com o contrato com a Chesf. A Braskem é consumidora
de energia, ela consome mais ou menos 750 MW, dos quais gera internamente 150
MW – isso falando só de energia elétrica, porque se fôssemos falar de necessidade de
geração de vapor e consumo de outros energéticos, como gás natural e carvão, o
número seria muito maior.
Falando só de energia elétrica, a Braskem consome 600 MW de fora, gera
internamente 150 MW, para completar um total de demanda de 750 MW. Nas
unidades de Alagoas, a unidade de cloro-soda de Alagoas, que é eletrointensiva,
precisamos da energia para fazer o eletrólito lá, quebrar o sal para produção de cloro-
soda, e a partir do cloro fazemos o PVC; e mesmo na central de matérias-primas da
Bahia, a Braskem é grande consumidora de energia.
Ela, junto com um conjunto de seis outras empresas eletrointensivas, é atendida há
várias décadas pelas Chesf. A central da Bahia partiu em 1978, e a empresa que
produzia cloro-soda, a antiga Salgema em Alagoas partiu por volta desse mesmo
período, 1977, mais ou menos isso. Portanto, estamos falando de mais de 35 anos.
Este contrato vence ao final de junho de 2015, e não foi renovado ainda. Esse
conjunto de sete empresas está discutindo com a Chesf a renovação deste contrato.
Hoje, ele está por volta de R$105 por MW, então neste exato momento está abaixo do
custo de mercado spot, muito mais pelo mercado spot estar alto do que pelo fato de
esse preço estar baixo; quase toda sua vida esse contrato foi mais caro, inclusive, que
o mercado spot, mas pontualmente agora, como vocês sabem, nos últimos anos o
mercado spot está muito apreciado.
Nossa discussão é exatamente de renovação deste contrato. Enxergamos uma
legitimidade grande na renovação, na medida em que foram essas as empresas que,
ao longo das últimas décadas, viabilizaram o investimento e a depreciação do
investimento nas usinas que geram essa energia.
Estamos discutindo com Chesf e com o próprio Governo essa renovação, e este é um
ponto importante nosso de atenção, inclusive uma de nossas concentrações já para o
final de 2014 para o ano de 2015.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Diego Menedef:
OK. Só mais uma pergunta: dentro desse volume de 600 MW, quanto vem da Chesf,
mais ou menos?
Carlos Fadigas:
Eu prefiro não abrir esta informação no momento. Eu entendo sua pergunta, vamos
evoluir um pouco mais na negociação. No começo do ano que vem podemos dar um
pouco mais de visibilidade, mas existem vários cenários de renovação, então prefiro,
neste exato momento, não entrar em mais detalhes.
O que posso lhe dizer é que para a atividade eletrointensiva, especificamente cloro-
soda, ele é vital para continuidade da operação. No cracker da Bahia ele é importante,
mas o cracker é um business maior. Ele é importante também, mas não é,
naturalmente, tão relevante quanto é para cloro-soda, onde a renovação está
vinculada à própria continuidade operacional da operação de cloro-soda.
Diego Menedef:
Está ótimo. Muito obrigado.
André Sobreira, Credit Suisse:
Bom dia. Queria fazer algumas perguntas, Fadigas. Na medida do possível, gostaria
de entender sua linha de raciocínio na negociação com a Chesf. O argumento do lado
de lá provavelmente será que tanto as usinas que geram energia elétrica, como as
plantas industriais, já estão completamente depreciadas, todo mundo teve o retorno
que deveria ter. Queria entender um pouco sua linha de argumentação contra este
raciocínio.
Em uma questão menor, queria entender também se, no Reintegra, já está fechado
que a Braskem estará na categoria dos 3%, ou se eventualmente vocês podem ir até
5%.
E queria ouvir também um pouco sobre Solvay, se possível. Obrigado.
Carlos Fadigas:
O primeiro ponto é o seguinte: a depreciação ou não da unidade da Braskem deveria
estar refletida na dinâmica de formação de preço do produto que ela vende, que está
determinado pelo mercado. Então, não está sendo discutido o preço de soda, preço de
cloro, preço de PVC, até porque tudo isso é dado por um mercado global.
Vamos voltar para a relação entre geração de energia – Chesf – e consumidores, são
sete empresas. Seguramente, quem poderia falar melhor sobre esse tema seria a
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própria ABRACE, que reúne os grandes consumidores de energia e está liderando
essa discussão.
Mas para responder sua pergunta, meu ponto é o seguinte: eu entendi da lógica de
Governo que a energia elétrica deveria cair de preço porque a sociedade havia pago
pelo investimento nas hidrelétricas. E para ser bastante sincero, eu fui me educar um
pouco melhor no assunto exatamente quando o Governo fez esse movimento, e
descobri que o custo de gerar energia em uma usina já depreciada é muito menor.
Você só precisa pagar pelo que se convencionou chamar de O&M, operação e
manutenção.
Então, se você não está pagando por um investimento de uma usina da Chesf que já
foi depreciada e já retornou o investimento, fala-se agora só em operação e
manutenção, fala-se de um custo por volta de R$35 por MW.
Então, o raciocínio dessas empresas que consomem é que elas pagaram pelo
investimento via tarifa ao longo de três décadas. Agora que a energia está depreciada
e poderia cair de preço, a proposta é de não renovar o contrato, jogando essas
empresas para irem buscar energia ou em distribuidoras, ou em mercado livre.
Veja que essas empresas não estão sequer buscando a compra de energia
depreciada, dado que elas pagaram pela depreciação. Então, o pleito não é energia a
R$35, é a mera continuidade de um contrato que existe há muito tempo, fornecendo
energia por cerca de R$100, que, como sabemos, não só remunera muito bem
operação e manutenção, como também remunera até um investimento que já foi feito.
A canalização dessa energia para outros usos poderia ser muito ruim, na medida em
que deixa essas empresas eletrointensivas sem energia necessária para rodar, e pode
ter um impacto importante na operação industrial no Nordeste e, por conseguinte, na
operação da própria Braskem.
A lógica é um pouco essa. Eu confesso que, de certa forma, acho até que seria
razoável ter energia ao preço de O&M, mas estamos meramente tentando manter as
plantas rodando com o custo de energia no patamar que sempre existiu.
Avançando um pouco, com relação ao Reintegra, que está em vigência desde o início
deste mês na alíquota de 3%, já pega, portanto, o 4T da Braskem. A Abiquim está
fazendo um estudo para ver exatamente quanto de imposto fica preso na cadeia
produtiva dos produtos químicos.
Como é uma cadeia longa, intensiva em capital, temos uma percepção de que tem
base técnica para suportar uma alíquota de 5%. Mas esse trabalho não foi concluído,
a Abiquim está fazendo e, uma vez concluído, levará o Governo a dar uma
sustentação no pedido da alíquota de Reintegra para o nosso setor de 3% a 5%. De
novo, esse é mais um tema da Associação que da Braskem propriamente dita.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Com relação à aquisição de Solvay, no final deste ano, novembro para dezembro,
encerra-se o prazo de avaliação que o CADE determina para ele mesmo – não somos
nós que determinamos esse prazo, é o próprio CADE – e estamos em diálogo com o
CADE buscando a aprovação da aquisição, confirmando nossa percepção de que o
mercado é global, a Braskem não ter a menor condição de formar preço em PVC,
portanto a operação deveria ser aprovada.
Estamos em diálogo com o CADE, ele está fazendo suas avaliações para tomar sua
posição, e nós seguimos otimistas de que conseguiremos uma aprovação. O CADE
deve definir isso nas próximas semanas, e nossa posição é essa.
Tendo uma luz verde, o próximo passo seria começar um processo de integração e
avançar junto com a CVM da Argentina, que chama-se CNV – Comisión Nacional de
Valores –, para realizar uma OPA para os minoritários que detém 30% da Solvay
Indupa.
André Sobreira:
OK. Muito obrigado, Fadigas.
Gustavo Gattass, BTG Pactual:
Bom dia, Fadigas. Eu tenho duas perguntas. A primeira parte, só para entender um
pouco como está a dinâmica de negociação de preço com a indústria aqui no Brasil.
Eu vi que você mencionou que vocês, hoje, estão esperando uma sazonalidade
normal para o 4T, você deu a sinalização de que não tem intenção de ganhar market
share às custas de preço, mas eu gostaria de um pouco da sensação de vocês, tanto
no correr do 3T, o quanto vocês estão enxergando agora, quanto a qual foi a facilidade
e habilidade de repasse que tiveram nesses últimos meses e esperam ter nos
próximos para conseguir manter os preços em uma condição mais equilibrada com o
mercado internacional.
A segunda pergunta, eu sei que potencialmente são duas ou três coisas diferentes que
estão em jogo, mas o conceito dessa negociação da Chesf, ele está bem fechado e
amarrado em cima da Chesf mesmo, ou é algo que está um pouco mais amplo com o
Governo, tem uma fronte de parte do Reintegra, tem a nafta, tem a Chesf? Isso está
sendo feito de forma mais centralizada ou é realmente ponta a ponta que a
negociação está acontecendo?
E, por acaso, se eu tiver a chance de fazer mais uma pergunta, temos ouvido de muita
gente um pouco de reclamação de preço alto de eteno nos Estados Unidos. Queria
saber se vocês acham que isso é algo que se sustenta, e, caso se sustente, se facilita
a situação de precificação dos spreads como uma razão para o spread ficar um pouco
mais forte por mais tempo no mercado internacional. Obrigado.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Carlos Fadigas:
Obrigado a vocês, Gustavo. Vou tentar falar um pouco sobre dinâmica de preço,
tomando naturalmente o cuidado de não antecipar nossa estratégia comercial, até
porque este call é feito para discutirmos com vocês o resultado, mas o pessoal da
imprensa sempre participa ouvindo nossas discussões, então termina sendo uma
conversa bastante pública.
O que posso falar sobre preço sem gerar prejuízo à nossa estratégia comercial é que
o que estamos vendo lá fora é uma pequena redução de preço de resina, menor do
que a redução de preço de nafta. Nafta teve redução mais acentuada, o preço médio
de nafta no 3T está pouco acima de US$850 por tonelada, e este número deve cair,
em média, para um número entre US$700 e US$750 por tonelada. Pontualmente, está
em US$650, mas a média deve ser entre US$700 e US$750, então isso foi uma queda
mais acentuada.
Felizmente, resina está demorando um pouco mais a cair. É difícil precisar, temos
apenas um mês fechado dentro do 4T, que é o mês de outubro, mas é uma queda
pequena, muito menor que a queda do preço da nafta.
Quando trazemos isso para o Brasil, o que vemos, naturalmente, é um comportamento
que não é tão diferente disso, mas, como os preços são determinados em Reais, e
nós poupamos nossos clientes da exposição cambial, ela termina sendo tomada pela
Brasil, o que haverá no Brasil é o repasse da apreciação do USD, que, inclusive,
quando expressa em Real, supera a pequena queda de preço de resina lá fora.
Só para você ter uma ideia, o câmbio médio do último trimestre foi R$2,275, e
seguramente ficará acima disso. Estamos hoje com R$2,53, então seguramente ficará
acima disso.
É nesse cenário de preço caindo pouco lá fora e câmbio subindo bastante aqui dentro
que faremos uma política de alinhamento com o preço internacional, enquanto
tentamos avançar um pouco em market share, nada muito radical.
Passando para sua segunda pergunta, sobre Chesf, essa discussão está sendo
liderada pela ABRACE, que é associação dos grandes consumidores de energia
elétrica, especificamente pelo grupo da ABRACE Nordeste, que está mais impactado
por isso. E mais que uma negociação ponto a ponto, como você chamou, ela é um
pouco mais ampla, dado que toda essa política de energia passa por decisões
estratégicas do Governo com relação à destinação de cotas, busca de redução do
preço de energia; todo esse setor de energia tem uma dinâmica na qual o Governo,
sabemos disso, está bastante envolvido.
Então, é um diálogo que talvez até extrapole a questão somente de preço de energia,
passe por industrialização do Nordeste, passe pela economia do Nordeste, pelo peso
dessas empresas na economia do Nordeste.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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É claro que eu enxergo uma legitimidade enorme na renovação do contrato, como
você me viu colocar na resposta para o André, logo antes de você, na medida em que
foram essas empresas que pagaram pela depreciação desses ativos, e o volume de
energia que essas empresas precisam não é o tipo de energia que elas teriam como
buscar de outra fonte.
É uma conversa mais ampla. Acho que com isso eu respondo sua pergunta. Não é
uma conversa ponta a ponta, é mais ampla, porque ela é mais ampla também em seu
conceito. Não só são mais atores envolvidos na conversa, como mais conceitos. Não é
só o contrato, passa por impacto econômico, industrialização e uma série de outros
fatores.
Eu vou pedir uma ajuda do Mario e da Roberta no comentário com relação a eteno nos
Estados Unidos.
Mario Augusto da Silva:
Gattass, vou fazer um comentário rapidamente sobre a dinâmica que aconteceu em
relação ao preço de eteno no mercado americano. Mais recentemente, alguns
crackers estavam em parada e, como consequência disso, na dinâmica de preço de
curto prazo, no 3T houve um impacto no preço do eteno nos Estados Unidos. Com a
retomada de produção desses crackers no 4T, a expectativa é que esse preço volte
para um patamar um pouco mais normal.
Só comentando novamente em relação à questão dos spreads, porque é importante
comentar, nossa expectativa para o 4T e para o ano de 2015 é de um patamar de
spreads estável em relação ao que temos visto ao longo de 2014.
Gustavo Gattass:
Está ótimo. Obrigado.
Vicente Falanga, Bank of America:
Boa tarde. Eu tenho duas perguntas, a primeira em relação a volume: vimos um
comportamento no mercado doméstico até que bom, não só trimestre contra trimestre,
mas ano contra ano, e o que chamou a atenção foi o PVC. Há algum comportamento
específico de alguma indústria que valha destacar aqui? E se dá para observarmos
algum sinal de ligeira recuperação na economia versus o que se estimava antes.
E minha segunda pergunta em relação ao México, vocês colocaram no press release
que já têm 276 clientes comprometidos com o pré-marketing. Vocês conseguem com
isso nos dar um número aproximado de utilização de capacidade que pretendem
começar a rodar, ou pelo menos chegar ao fim de 2015 rodando? Obrigado.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Carlos Fadigas:
Vicente, deixe-me responder suas duas perguntas, na ordem que você fez. Volume,
eu concordo com você que o volume do 3T do mercado teve um crescimento, foi bom
quando comparamos com o trimestre anterior, e foi bom quando comparamos com o
mesmo trimestre do ano passado; em relação aos dois, foi de 5%.
Mas foi bom em relação ao 2T porque o 2T foi fraco, tem uma sazonalidade, e foi bom
em relação ao 3T13 porque também tivemos a sazonalidade do ano anterior. Quando
fazemos uma comparação de 9M com 9M, o que vemos é um crescimento de zero,
nós não crescemos, o que, sinceramente, é uma evolução em relação a -3% que
tínhamos seis meses contra seis meses, quando fechamos junho.
Então, talvez, trimestre contra trimestre, melhor, mas do ponto de vista de crescimento
é um ano perdido. Em uma economia emergente, temos uma demanda de resina que
está igual. Sou um pouco menos otimista que você na interpretação desse dado,
apesar de entender o seu ponto de trimestre contra trimestre, que de fato tem uma
evolução.
Quando olhamos para segmento de economia, e isso me ajuda até a comentar sua
pergunta sobre PVC, o que vemos é uma fotografia parecida com a que víamos em
outros trimestres. A indústria não vai bem, no PIB industrial brasileiro a CMI projeta
uma queda para este ano de 1,7%; consumos industriais de plástico também ficam
afetados por isso. O automobilístico talvez até tenha um trimestre melhor, o 4T, mas
terminará o ano também na zona negativa, estamos vendo o que está acontecendo
com as montadoras. A mesma coisa vale para construção civil e infraestrutura,
também um ano que não é tão bom, e nesse sentido bate no PVC.
O que tem de positivo, então? O que sobra de positivo não é diferente do que era
positivo no passado, que é exatamente a agricultura e varejo, de certa forma.
Tem plásticos usados na agricultura, não é um volume muito expressivo, mas sempre
ajuda, e no varejo o receio é exatamente que ele esteja vendendo cada vez mais os
produtos industrializados fora; e não falo só de plásticos, falo de importação de
manufaturado.
Para resumir, PVC não foge à regra. É um ano no qual andamos de lado. Talvez haja
uma pequena redução, 1% ou 2%, nada dramático, mas se você considerar uma
agenda de crescimento, é um ano perdido nesse sentido.
Com relação a México, sua segunda pergunta, estamos fazendo um processo de ter
marketing no México, ter uma equipe dedicada lá; contratamos, inclusive, um
executivo bastante experiente, mexicano, conhecedor dos clientes e do mercado
mexicano. Ele se junto a nós há dois meses.
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Estamos abrindo uma relação importante com todos os grandes clientes no México,
exatamente para colocar o volume. E 2016 é mais crítico que 2015, porque a planta
entra em operação no último trimestre do ano, e tem sempre uma curva de aceleração
e de produção, então você não começa o primeiro dia, como você sabe, rodando a
100%.
Então, vamos falar um pouco agora de 2016, que é o mais importante para a
estratégia comercial. A ideia é maximizar a colocação de produtos no México – o
México é um mercado deficitário, importa muita resina dos Estados Unidos – e
exportar o excedente. Nós não pretendemos reduzir taxa de produção por conta de
mercado.
Esse projeto é muito competitivo, ele é base gás, o preço do gás está atrelado ao
preço do gás americano; então, vamos rodar a planta para produzir tudo o que
pudermos produzir, e vender é outra questão. Com a competitividade que teremos,
vender exigirá um esforço da equipe, mas se isso acontecer, e deverá acontecer nos
primeiros anos, não será por necessidade de exportar uma parte que reduziremos taxa
de operação. Pela competitividade, tem baixa na produção e colocação de produto
onde for possível, tendo a vantagem, isso é importante, de ser o primeiro projeto green
field de entrar na América do Norte.
A Dow está construindo também um complexo, a Chevron está construindo um
complexo petroquímico novo, a Exxon-Mobil, recentemente a Sasol anunciou o início
de construção de um novo, mas de todos esses, o que parte primeiro é o nosso, e isso
ajuda na colocação do produto em um primeiro momento. Mas a taxa de operação
será tão alta quanto o possível com a planta que está começando a operar. É isso.
Vicente Falanga:
Perfeito, Fadigas. Obrigado.
Pedro Medeiros, Citigroup:
Bom dia. Eu tenho duas perguntas sobre a estratégia no mercado americano. Na
verdade, são atualizações de etapas de projetos. A primeira pergunta é sobre a
Ascent. Diante do seu press release, ela aparece hoje estar em fase relativamente
avançada. Quanto se faz de regulagem de um projeto desse porte? E queria perguntar
se você poderia elaborar sobre as etapas pendentes para a aprovação final desse
projeto, e quais são os aspectos objetivos que estão sendo considerados para
definição final do modelo de negócio societário dele para a Braskem.
E minha segunda pergunta é se você tem como passar uma fotografia do andamento
do investimento na planta de desidrogenadora de propano nos Estados Unidos. E se
possível, caso essa planta estivesse operando hoje, com os spreads de propano e
propeno atuais no mercado americano, e diante dos acordos comerciais que a
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Braskem estabeleceu para operação desse ativo, quanto de contribuição de EBITDA
esta planta poderia prover para o seu resultado trimestral?
Carlos Fadigas:
Pedro, deixe-me começar pelo Ascent. Na definição da indústria, em um linguajar um
pouco mais técnico, de três fases de projeto FEL, front-end loading, nós estamos na
etapa dois. Tem um investimento maior para ser feito em uma etapa três, que é uma
etapa que tipicamente toma mais ou menos um ano para ser feita, quando tomada a
decisão de entrar em FEL 3. Nós ainda não entramos no FEL 3.
O que é feito de agora em diante em um projeto como esse? Você perguntou aspectos
objetivos em relação ao projeto. Neste exato momento, contratos de matéria-prima já
são uma preocupação menor, já temos um conjunto importante de volume contratado,
e mais a possibilidade de conversas avançando para contratar o restante. O que pesa
um pouco mais nesta fase é exatamente a pré-engenharia e engenharia, o
planejamento e engenharia do que será construído. É nessa fase que fazemos uma
estimativa muito mais apurada do custo de construção.
Cotamos efetivamente equipamentos no mundo inteiro, fazemos estimativas de
demanda de mão-de-obra, estimativas de custos de montagem e mobilização de
equipamentos de montagem, tempo de construção do projeto, custo de interligações
para fornecimento de água, fornecimento de energia, tratamento de afluentes. É uma
fase pesada de engenharia, por isso até que ela toma um ano.
Ao final dela, tendo uma visão clara do custo de construção é que a Administração
pode chegar a uma conclusão e fazer uma recomendação ao Conselho. Então,
pretendemos em algum momento avançar para o FEL 3; estamos avançados, já temos
a visualização das tecnologias que serão usadas. Acho que não há muita surpresa,
estamos usando as tecnologias que usamos no México, então tem um ganho de
transpor muito do conhecimento do México.
Temos uma equipe que está ‘mergulhada’ no projeto do México há vários anos, então
tem um aprendizado bem interessante interno da Braskem de administrar um
megaprojeto como este. Esse é o ponto no qual estamos neste planejamento.
Do ponto de vista societário, junto conosco tem outras empresas avaliando o projeto.
Não é avaliando projetos concorrentes, é junto conosco avaliando este projeto. Nós
temos uma conversa em aberto acontecendo com a própria Odebrecht,
especificamente com a Odebrecht Ambiental, que pode ser investidora do projeto;
temos conversa aberta com alguns investidores, alguns interessados em serem
acionistas do CAPEX, donos do ativo, portanto em um papel um pouco mais de dono
da propriedade; alguns interessados em off-take de produto para levar para outras
regiões, mas tem diálogo com outros investidores.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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E esse é um pouco o esforço daqui para frente: primeiro, fazer o esforço de
engenharia de FEL 3, nesse processo entender o custo, viabilidade do projeto, e
definir também a estrutura societária.
A Braskem, seguramente, será off-taker, no seu negócio de vender o polietileno;
receber esse polietileno e vender. Tem envolvimento, naturalmente, também na
questão de compra do etano, na matéria-prima, portanto, na outra ponta para
abastecer o complexo. Pode ou não operar, isso também está sendo avaliado, e pode
até ser acionista também do próprio ativo, com uma participação no ativo. Isso vai
depender de que outros investidores teremos. Mas essa é a fase na qual estamos
neste exato momento no projeto.
Com relação à PDH, só relembrando, que converterá propano em propeno, ela está
sendo construída pela Enterprise, empresa norte-americana, que será nossa
fornecedora de propeno. Nossa forma de compra de propeno é a preço de propano
mais custo de industrialização. Portanto, o risco e o benefício do spread que você
mencionou são da Braskem. Hoje, esse é um spread muito saudável, e tende a
continuar muito saudável, e a previsão é de conclusão da construção para daqui a
mais ou menos um ano e meio, meados de 2016, quando passamos a receber.
Do ponto de vista de volume, estamos falando de um pouco mais de 300.000
toneladas, que é mais ou menos metade da nossa necessidade no Texas. A Braskem
faz mais ou menos 1,4 milhão de toneladas de resina, e o Texas responde por
aproximadamente 700.000, 800.000 toneladas. Portanto, esse contrato atende metade
da necessidade do Texas.
Aí teria uma contribuição importante de EBITDA. Pelos preços de hoje, teria uma
contribuição importante de EBITDA, mas como esse é um número volátil, não só o
propeno muda de preço, como o propano também tem mudado bastante; aliás, temos
visto desconexões entre propeno em algumas partes do mundo, eu não vou arriscar
um número.
Nós acompanhamos esse número, ora ele pode representar 50% a mais de EBITDA,
ora ele pode representar até um número maior do que temos apurado, mas ele é
volátil.
Quando isso chegar um pouco mais perto, quem sabe no fim de 2015, já começamos
a acompanhar esse número um pouco melhor com vocês; quando tivermos já a uns
nove, seis meses da entrada de operação, poderemos antecipar um pouco mais qual é
a expectativa de contribuição de EBITDA desse projeto.
O que eu posso lhe passar é que, seguramente, nos parece ter sido uma decisão
acertada, tanto do ponto de vista de garantir fisicamente o volume de matéria-prima
para rodar nossos ativos no Texas, como do ponto de vista de rentabilidade por estar
tomando do risco do spread de propano para propeno nos Estados Unidos.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Pedro Medeiros:
Perfeito. Tudo esclarecido. Obrigado.
Gustavo Allevato, Banco Santander:
Boa tarda. Minha primeira pergunta é em relação às melhorias das plantas para evitar
quedas de energia. Todas já estão concluídas?
E a segunda pergunta, Fadigas, seria sobre os problemas operacionais de
fornecimento de gás na Riopol. Você pode dar um update de como estão esses
programas? Muito obrigado.
Carlos Fadigas:
Obrigado a você, Gustavo. Só para esclarecer, não estamos falando de racionamento,
estamos falando de apagão, corte de energia, o que tivemos no Nordeste em 2011,
2012 e também 2013; e nossas duas centrais mais vulneráveis, por estrutura das
centrais, são a da Bahia e a do Rio de Janeiro.
Na Bahia, nós concluímos os investimentos para dotar a unidade da capacidade de
conviver com queda de energia. Tem aí uma fase de treinamento de mão-de-obra
associada a isso, treinamento das nossas equipes para conviver com a queda
momentânea de energia.
Então, quando falamos de investimento, estamos falando da capacidade de manter os
fornos operando, ou de fazer com que a planta passe pelo apagão sem perda material;
sem perda de equipamentos, sem problema nos fornos etc.
Então para colocar novamente em contexto, já tivemos problemas de apagão nos
quais, apesar de a energia ficar fora durante alguns minutos, ou até mesmo uma hora,
a central precisou de quase um mês para voltar à taxa de operação, dada a
quantidade de dano que o corte abrupto de energia causou.
Hoje, nossa estimativa está em horas. Em ocorrendo uma queda, em algumas horas,
a central teria condições de operar normalmente, isso pelo fato de termos investido
para preservar os fornos, que são a parte crítica. A central da Bahia tem 22 fornos, e
essa é a parte mais crítica.
No Rio de Janeiro, que é uma central mais nova, mais moderna, com fornos maiores,
são seis fornos, e também é uma central que faz pouco menos da metade do que a da
Bahia faz, mas com um número razoavelmente menor de fornos, e apesar de ser uma
central mais moderna, também tem as suas vulnerabilidades. Lá, ainda temos trabalho
a fazer, que deve nos tomar mais uns seis meses, inclusive buscando interligação
direta com termoelétrica para que, caso o sistema caia, por exemplo, o sistema do
Sudeste caia, a central possa continuar sendo abastecida de energia.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Essa é a situação que temos e, em essência, o que era mais importante já foi
resolvido, que é a Bahia, que foi a central que sofreu muito em 2011, sofreu menos em
2012, e sofreu muito menos em 2013. Em 2014, não houve apagão, mas essa central
já passou por uma variação de tensão importante; isso é uma coisa que não afeta o
público, mas na operação industrial nós sentimos. Já houve uma variação de tensão
que podia ter desarmado a subestação em polo e em polo petroquímico.
Essa central já passou por essa queda de variação e não passou ainda por um
apagão. E até espero que não precise passar; apesar de termos gasto tanto tempo e
dinheiro para prepará-la para isso, eu prefiro que não aconteça. Mas, enfim,
acontecendo, entendemos que a central está muito melhor preparada.
Na Riopol, a central chegou a rodar perto dos 70%, portanto razoavelmente distante
da sua plena capacidade. Isso é um dado do 2T, ela rodou um pouco acima de 70%. A
Petrobras comentou de paradas de manutenção, inclusive em plataformas que
bombeiam esse gás para costa, entram pelo terminal de Cabiúnas, no norte do Estado
do Rio, e chegam à nossa central de matérias-primas em Duque de Caxias através da
Reduc, da refinaria de Duque de Caxias. Esse fornecimento subiu e ficou sutilmente
acima dos 90%, o que já é um bom número.
Você não verá essa central rodando a 100%; a média da Braskem no 3T foi, inclusive,
90%, então já é um bom número. Isso está em cima de um retorno à normalidade de
fornecimento de Petrobras, e também de importações pontuais que fizemos de
propano; essa é uma central que ‘crackeia’ etano e propano, então houve importações
pontuais que nós fizemos de propano para abastecer a planta. Portanto, uma boa taxa
de operação no 3T, Gustavo.
Gustavo Allevato:
OK, Fadigas. Muito obrigado.
Operadora:
Obrigada. Não havendo mais perguntas, gostaria de passar a palavra para a
Companhia para considerações finais.
Carlos Fadigas:
Obrigado. Eu serei breve. Queria agradecer a participação de vocês no call, reforçar
que a Braskem, como uma das maiores empresas industriais do Brasil, segue
absolutamente empenhada, dialogando com o Governo, buscando a criação de
condições mais favoráveis para o desenvolvimento da indústria brasileira. Isso vale
para a petroquímica, vale especialmente para os nossos clientes do setor de plástico,
vale para a indústria de maneira geral.
Transcrição da Teleconferência Resultados do 3T14 — Q&A Braskem (BRKM3 BZ) 06 de novembro de 2014
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Fiquei particularmente feliz de ver que, no discurso de vitória, a presidente reeleita,
Dilma, comentou da importância da indústria brasileira. Temos um caminho longo pela
frente, o Brasil tem sofrido, o PIB industrial tem caído, mas nós precisamos retomar a
indústria brasileira. Então, em discussões como dificuldade de matéria-prima, custo de
matéria-prima no caso de nafta, disponibilidade de energia elétrica no caso de Chesf,
precisamos seguir avançando.
O governo tem trabalhado, o Reintegra é uma medida importante; o REIF, que foi
conseguido em 2013, foi uma medida importante, mas temos nós temos mais coisas
para fazer. A Braskem continuará engajada, contribuindo nessa discussão.
Enquanto fazemos isso, seguimos também desenvolvendo os projetos que
entendemos que podem dar mais rentabilidade, especialmente México e Estados
Unidos, e o desejo ainda é de industrializar o pré-sal brasileiro em um projeto no Rio
de Janeiro com o Comperj, para atender a demanda do Brasil.
Então, vamos continuar trabalhando do lado de cá, não só para gerar resultado no
curto prazo, mas para continuar investindo no crescimento da Companhia. Obrigado
de novo pelo seu interesse, e até a próxima divulgação. Um abraço.
Operadora:
Obrigada. A teleconferência de resultados da Braskem está encerrada. Desconectem
suas linhas e tenham uma boa tarde!
“Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e
completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da
qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos
ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta
transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o
conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela
MZ. Por favor, consulte o website de relações com investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais
condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição.”
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