tj rj

Post on 29-Feb-2016

216 Views

Category:

Documents

0 Downloads

Preview:

Click to see full reader

DESCRIPTION

acórdão crédito extraconcursal

TRANSCRIPT

  • DCIMA STIMA CMARA CVEL

    APELAO CVEL N 0012621-07.2012.8.19.0001

    RELATORA: DES. MARIA INS DA PENHA GASPAR

    CLASSIFICAO REGIMENTAL: 1

    DIREITO COMERCIAL. HABILITAO DE CRDITO. RECUPERAO

    JUDICIAL. Habilitao de crdito trabalhista

    constitudo aps o deferimento do pedido de

    recuperao judicial. Crdito extraconcursal.

    Artigo 49 da Lei n 11.101/05. Crdito que

    no est sujeito ao plano de recuperao

    judicial, tendo preferncia sobre os credores

    de crditos concursais, valendo ressaltar no

    haver bice a que eventual posterior pedido

    de execuo do crdito trabalhista do autor

    seja apreciado pelo juzo da recuperao

    judicial. Sentena de extino do feito, por

    falta de condio da ao, mantida.

    Desprovimento do recurso.

    Vistos, relatados e discutidos os presentes autos da

    Apelao Cvel n 0012621-07.2012.8.19.0001, em que apelante

    ALBERTO RUI MACHADO RAMOS e apelado CASA DE

    PORTUGAL EM RECUPERAO JUDICIAL, acordam os

    Desembargadores da Dcima Stima Cmara Cvel do Tribunal de Justia

    do Estado do Rio de Janeiro, por unanimidade, em negar provimento ao

    recurso, nos termos do voto do Relator.

    Rio de Janeiro, 06 de novembro de 2013.

    MARIA INS DA PENHA GASPAR

    DESEMBARGADORA RELATORA

  • 2

    DCIMA STIMA CMARA CVEL

    APELAO CVEL N 0012621-07.2012.8.19.0001

    RELATORA: DES. MARIA INS DA PENHA GASPAR

    CLASSIFICAO REGIMENTAL: 1

    RELATRIO E VOTO.

    Trata-se de recurso de apelao interposto de sentena

    proferida em requerimento de habilitao de crdito promovido por

    ALBERTO RUI MACHADO RAMOS em face de CASA DE

    PORTUGAL EM RECUPERAO JUDICIAL, em que foi julgado

    extinto o processo sem exame do mrito, na forma do artigo 267, VI do

    CPC, condenada a parte autora ao pagamento de custas, ressalvada a

    gratuidade de justia deferida (fls. 42/43).

    Opostos embargos de declarao (fls. 47/49), foram rejeitados

    (fls. 74).

    Inconformado, recorre o autor (fls. 77/81), aduzindo, em

    sntese, questionar a forma da verificao das condies da ao,

    conclamando um pronunciamento jurisdicional sobre a competncia para

    habilitao e execuo de seu crdito, sob pena de recarem nica e

    exclusivamente sobre o apelante as consequncias prejudiciais de uma

    deciso sem resoluo do mrito.

    Argumenta tambm entender ser seu crdito extraconcursal,

    pois proveniente de acordo homologado aps o pedido de recuperao

    judicial, contudo a Justia do Trabalho entendeu de forma diversa,

    determinando sua habilitao e execuo perante o Juzo recuperatrio, o

    que acarretou um conflito de competncia entre as Justias Estadual e do

    Trabalho.

    Ressalta ter a apelada adotado posturas antagnicas e desleais,

    ao afirmar no processo trabalhista que o crdito deve ser perseguido

    perante o juzo recuperatrio, e aqui na recuperao judicial, alegar que o

    crdito deve ser perseguido perante a Justia do Trabalho.

  • 3

    Pede o provimento do recurso e a reforma da sentena,

    requerendo, outrossim, o prequestionamento dos artigos 267, VI do CPC e

    49 da Lei n 11.101/05, para o fim de eventual interposio dos recursos

    constitucionais.

    Contrarrazes s fls. 84/89, sendo o recurso tempestivo (fls.

    82), no se encontrando preparado, face o deferimento do benefcio da

    gratuidade de justia (fls. 23).

    O Ministrio Pblico, no 1 grau de jurisdio, manifestou-se

    apenas pelo conhecimento do recurso (fls. 91/93), enquanto a Procuradoria

    Geral de Justia opinou pelo desprovimento do inconformismo.

    O RELATRIO.

    VOTO.

    Versa a hiptese habilitao retardatria de crdito trabalhista

    constitudo em 08.10.2009, referente a obreiro que laborou na empresa no

    perodo de 01.07.2002 a 01.09.2009, sendo deferido o pedido de

    recuperao judicial em 22.05.2006.

    Nesse diapaso, no h como olvidar versar a espcie crdito

    extraconcursal, a ensejar a extino do feito, por falta de interesse

    processual, como bem assinalou o decisum guerreado.

    Com efeito, dispe o artigo 49 da Lei n 11.101/05 que:

    Art. 49. Esto sujeitos recuperao judicial todos os crditos existentes na data do pedido, ainda que no vencidos.

    De seu turno, no h se falar em conflito de competncia entre

    as Justias Estadual e do Trabalho ou negativa de jurisdio, no tendo o

    ora recorrente atentado que sua habilitao no foi aceita, simplesmente

    porque desnecessria e prejudicial prpria parte autora.

    Os crditos extraconcursais so aqueles que surgiram aps a

    data do pedido de recuperao judicial, caracterizando-se, pois, como

  • 4

    decorrentes de obrigaes contradas pela empresa recuperanda durante a

    recuperao judicial, no que se enquadra, por exemplo, a remunerao

    devida ao administrador judicial e todos os prestadores de servios e

    colaboradores, bem como os crditos derivados da legislao do trabalho,

    em virtude de servios prestados aps o ajuizamento do pedido de

    recuperao judicial, hiptese esta na qual se enquadra o crdito do autor.

    Tem-se, assim, que os credores detentores dessa espcie de

    crdito (extraconcursal) no se sujeitam ao rateio do regime da recuperao

    judicial, tendo preferncia sobre os credores de crditos concursais, os

    quais decorrem de obrigaes assumidas antes do pedido de recuperao

    judicial, a teor do disposto nos artigos 67 e 84, I, da Lei n 11.101/05:

    Art. 67. Os crditos decorrentes de obrigaes contradas pelo devedor durante a recuperao judicial, inclusive aqueles relativos a

    despesas com fornecedores de bens ou servios e contratos de mtuo,

    sero considerados extraconcursais, em caso de decretao de

    falncia, respeitada, no que couber, a ordem estabelecida no art. 83

    desta Lei.

    (...)

    Art. 84. Sero considerados crditos extraconcursais e sero pagos

    com precedncia sobre os mencionados no art. 83 desta Lei, na ordem

    a seguir, os relativos a:

    I - remuneraes devidas ao administrador judicial e seus auxiliares,

    e crditos derivados da legislao do trabalho ou decorrentes de

    acidentes de trabalho relativos a servios prestados aps a

    decretao da falncia;

    No mesmo sentido, os arestos abaixo ementados:

    Agravo de Instrumento - Habilitao de Crdito -

    Crdito Extraconcursal - Extino do Processo

    Cabimento - Correta a deciso que d pela extino do

    processo condutor de pedido de habilitao de crdito,

    se evidenciado que este foi constitudo por sentena

    proferida depois do instaurada a recuperao judicial.

    Deciso confirmada.

    (AI 0035047-55.2008.8.19.0000, Rel. Des. Jair Pontes

    de Almeida, 4 CC, julgado em 05.05.2009)

  • 5

    AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSUAL CIVIL.

    Honorrios advocatcios. Servios prestados massa

    falida. Despesa imanente administrao da falncia.

    Crdito extraconcursal. Desnecessidade de habilitao.

    Precedentes deste Tribunal. Recurso desprovido.

    (AI 0052008-66.2011.8.19.0000, Rel. Des. Carlos

    Eduardo Passos, 2 CC, julgado em 18.01.2012)

    Assim, impunha-se a extino da presente habilitao de

    crdito, por falta de condio da ao, uma vez que o crdito no est

    sujeito ao plano de recuperao judicial, valendo ressaltar no haver bice a

    que eventual posterior pedido de execuo do crdito trabalhista do autor

    seja apreciado pelo juzo da recuperao judicial, a quem incumbe

    estabelecer a forma como este ser satisfeito.

    Como bem salientou o ilustre representante do Ministrio

    Pblico (fls. 127/128), in verbis:

    Com efeito, a certido de fl. 22 deixa claro que a

    recuperao judicial da Casa de Portugal foi distribuda para o Juzo a quo em maio de 2006, tendo seu processamento sido deferido em junho do mesmo ano. J o crdito do habilitante foi constitudo aps o pedido de recuperao judicial da recuperanda. Ora como o ttulo exequendo foi formado aps o processamento do plano de recuperao judicial, ele no se sujeita a seus limites, conforme disposto no artigo 49, caput, da Lei n 11.101/2005, verbis: Esto sujeitos recuperao judicial todos os

    crditos existentes na data do pedido, ainda que no vencidos. Destarte, conclui-se que o crdito indicado na inicial no se sujeita recuperao judicial, uma vez que constitudo posteriormente ao pedido de recuperao da Casa de Portugal.

  • 6

    So essas as razes pelas quais a sentena deve ser mantida.

    A sentena recorrida no merece, portanto, qualquer retoque,

    inocorrida, outrossim, vulnerao aos artigos 267, VI do CPC, 49 da Lei n

    11.101/05 e 5, XXXV da Carta Magna.

    POR TAIS RAZES, o meu voto no sentido de negar

    provimento ao recurso.

    Rio de Janeiro, 06 de novembro de 2013.

    MARIA INS DA PENHA GASPAR

    DESEMBARGADORA RELATORA Acr/1610

    2013-11-06T12:58:26-0200GAB. DES(A). MARIA INES DA PENHA GASPAR

top related