tfg avenida paulista - roteiro de arquitetura
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Avenida PaulistaRoteiro de arquitetura
Marina Nardin PradoTrabalho Final de Graduação
Avenida PaulistaRoteiro de arquitetura
Universidade de São PauloFaculdade de Arquitetura e Urbanismo
Trabalho Final de Graduação 2012
Marina Nardin Prado
orientadora Mônica Junqueira de Camargo
Agradecimentos
Agradeço aos meus pais que me deram apoio em todos os momentos desta caminhada;
À professora Mônica Junqueira que gentilmente me orientou neste trabalho;
Aos meus amigos e aos meus professores da FAUUSP que me acompanharam durante estes cinco anos.
Índice
Introdução ___________________________ pág. 7Contexto histórico ______________________ pág. 9Estudos de caso _______________________ pág. 12Referências ___________________________ pág. 30Projeto gráfico ________________________ pág. 34Considerações finais ___________________ pag. 49Bibliografia ___________________________ pág.51
“Em nenhuma outra avenida em São Paulo podemos
constatar de forma mais evidente essa afirmação: as lembranças
são mais duradouras do que o cenário construído”
Benedito Lima de Toledo Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo, 1987
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Introdução
O presente trabalho procura apresentar e despertar o interesse
pela arquitetura que se desenvolveu, por mais de um século, na “mais
paulista das avenidas”. Avenida que aqui é compreendida como multiplici-
dade e contraste, pois enxergá-la apenas como centro financeiro é descar-
tar todas as outras vocações que a tornam única no contexto da cidade.
Dentre os motivos pelos quais se escolheu estudar a Avenida Pau-
lista nesse trabalho, destaca-se a sua capacidade de sintetizar um período
significativo de transformações sofridas pela cidade de São Paulo, durante
o qual observou-se desde a ocupação horizontalizada de áreas que já não
eram mais vistas como centrais até a gradativa substituição dessas mora-
dias unifamiliares pela verticalização. A Paulista ainda guarda registros de
todas essas etapas, o que nos permite, numa caminhada linear, observar
diversos momentos da arquitetura paulistana.
A análise destes edifícios selecionados é realizada neste roteiro de
forma sucinta, sem nenhuma pretensão de exaurir o assunto, buscando
pontuar algumas questões que possam servir como base para a visitação
das obras e que sejam capazes de catalizar o interesse por esses edifícios
que, em muitos casos, já fazem parte do cotidiano do observador, mas
que passam despercebidos. Assim, este trabalho é um convite para ex-
plorar a cidade e apreendê-la de uma outra forma, pois para conhecer a
arquitetura é fundamental vivenciá-la.
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Contexto histórico
Inaugurada em 1891, foi idealizada pelo engenheiro agrônomo Joaquim
Eugênio de Lima que adquiriu, junto aos seus dois sócios, terrenos localizados ao
longo de uma trilha já existente. Desse loteamento surge a Avenida Paulista como
uma resposta urbana para a grande efervescência da metrópole no final do século
XIX e no início do XX, atendendo aos barões do café e à classe burguesa que surgiu
com a industrialização.
Desde o projeto do loteamento, a Avenida Paulista já tinha destaque dentre
as demais, sendo que as outras ruas possuíam dimensões menores do que as dela.
O local de implantação também foi cuidadosamente escolhido, atendendo às de-
mandas da elite que considerava as regiões altas da cidade como sinônimo de salu-
bridade, conceito bastante difundido e valorizado na época. Tais condições também
remetem à posição de mirante, permitindo uma vista muito interessante de boa
parte da cidade.
Os imensos lotes foram ocupados inicialmente pelas mansões em estilo
eclético dessa parcela rica da população, que, nos primeiros anos, as utilizavam
mais como segunda residência, pois a avenida ainda não dispunha de água, luz e
esgoto – coisas com as quais aquela classe já estava acostumada.
Inauguração da Avenida Paulista – Aquarela de Jules Martin, 1891
Loteamento da Avenida Paulista – TOLEDO, Benedito Lima de. Álbum Iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo, 1987
“A cidade de São Paulo é um palimpsesto – um imenso pergaminho cuja escrita é raspada de tempos em tempos, para receber outra nova, de qualidade literária inferior, no geral. (…) Capaz de criar uma Avenida Paulista, única por sua posição na cidade e insubstituível em sua elegância, para aos poucos destruí-la minuciosa e repassadamente. E sem remorso.”
Benedito Lima de Toledo São Paulo: três cidades em um século. São Paulo, 1981
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Em meados da primeira metade do séc. XX, a paisagem do local começou a
se transformar. Concomitante ao processo de expansão urbana que acontecia em
São Paulo e devido à quebra da bolsa de valores de Nova Iorque, em 1929, muitas
famílias deixaram de ter condições de manter suas residências na Avenida Paulista
e foram obrigadas a vendê-las, o que deu início ao processo de demolição dos
casarões e verticalização do local, uma vez que os compradores tinham interesse
nos amplos terrenos – passíveis de abrigar edifícios de alto padrão – e não nos im
óveis existentes.
Os novos edifícios construídos na Avenida foram projetados segundo os
princípios modernos, que passaram a simbolizar no Brasil progresso e identidade
nacional, tentando se opor ao estilo eclético dos antigos casarões que tanto
remetiam aos modelos europeus. A ideia de modernização, que mascarava o real
objetivo lucrativo, foi utilizada como justificativa para a demolição dos palacetes
que, até então, caracterizavam a Paulista.
Os primeiros edifícios foram construídos com uso exclusivamente resi-
dencial, mas, aos poucos, outros usos foram surgindo – inicialmente o comércio
no térreo desses conjuntos e, a partir da década de 60, a instalação de grandes
empresas. Dessa forma, a região passou a condensar diversas funções que antes
eram encontradas no centro histórico e o centro de poder da cidade
foi passando, progressivamente, de lá para o eixo da Paulista, que, na década de
70, consolidou-se como novo centro.
Nos anos que se seguiram, os edifícios construídos na região seguiram
uma estética pós-moderna e voltada ao international style, com a instalação de
muitas sedes de bancos e outras importantes instituições, além do fortalecimento
de importantes âncoras culturais, como o MASP, o que foi fundamental para a
consolidação da avenida como ícone.
Edifíciosde apartamentos novos e os antigos casarões – Acervo Eletro-paulo, 1957
Edifícios comerciais da década de 80 – Foto: Marina Prado
Contexto histórico
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A Paulista surgiu já com uma imagem simbólica muito forte, representan-
do a elite oligárquica da cidade e, até hoje, simboliza aspectos selecionados – tais
quais riqueza, trabalho e grandiosidade – que são expostos e reproduzidos pelo
governo como forma de publicidade, sendo capazes de concretizar o reconheci-
mento de São Paulo. Essa visão claramente oculta as outras faces da cidade e os
problemas que possui, de forma geral inerentes às metrópoles capitalistas.
Apesar dessa simbologia, o que de fato foi capaz de transformá-la num
ícone foram as apropriações que ela sofreu até hoje por parte de uma série de
forças sociais que vão desde as sedes dos grandes bancos até as associações de
classes trabalhadoras e movimentos estudantis. Mais do que os grandes bancos,
são justamente essas outras forças e os espaços culturais locados na avenida que
têm o poder de fortificar e fixar o ícone, pois dão movimento ao seu espaço e o
conectam à cultura de sua época.
Manifestação de professores no MASP – Foto: Carolina Iskandarian/ G1, 2008
Contexto histórico
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Estudos de caso
Para compor este roteiro, foram estudados 15 edifícios que estão
dispostos ao longo da Avenida. A seleção dessas obras foi feita buscando enfatizar
a visão de Paulista a que é trabalhada neste guia, considerando a existência de
múltiplos usos e de diversos períodos históricos. Assim, foram selecionados al-
gumas edificações da primeira fase de ocupação da Avenida - as residências uni-
familiares, o hospital e o grupo escolar - retratando a presença da arquitetura
eclética e visando a valorização desse patrimônio histórico que foi tão ameaçado
e destruído no local.
Além disso, foram escolhidas obras de arquitetura moderna e outras mais
contemporâneas que revelam as diversas vocações da Paulista na atualidade. Den-
tre elas, destaca-se a de centro financeiro, concentrando instituições bancárias e
sedes de grandes empresas, tais quais as agências dos bancos Safra e Itaú (cujo
edifício originalmente pertencia ao banco Sul Americano), a sede da FIESP e a do
grupo Gazeta, que, abrigando sua antena de rádio, também simboliza a presença
desse elemento tão característico do local.
Outra atividade que aparece com destaque no trabalho é a de centro cul-
tural. Além do Masp, principal referência quando se fala em cultura na Av. Pau-
lista, encontramos também a Casa das Rosas - que abriga uma biblioteca munici-
pal; o Instituto Cultural Itaú e outros que não ocupam um edifício inteiro mas
contribuem muito na formação desse cenário, como o Centro Cultural FIESP (no
edifício sede da fundação), o complexo da Reserva Cultural (localizado no edifício
Cásper Líbero) e algumas áreas no térreo do Conjunto Nacional.
Embora a ocupação residencial não seja um dos usos predominantes na
Avenida Paulista contemporânea, esse tipo de edifício foi abordado diversas vezes
neste roteiro devido principalmente à qualidade arquitetônica de seus repre-
sentantes.
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Se tratando de um trabalho de graduação em arquitetura, a questão do
valor arquitetônico e estético foi considerada fundamental e, dessa forma foram
escolhidas cinco obras com usos residencial e misto: os edifícios Paulicéia, Anchi-
eta, Três Marias, Nações Unidas e Conjunto Nacional.
No que diz respeito à análise destas obras selecionadas, seu desenvolvi-
mento foi estruturado procurando, a princípio, conectar cada edifício ao contexto
geral da Avenida, abordando a questão histórica ou as particularidades de cada
um em relação aos demais. Após essa primeira introdução, cada obra foi anali-
sada de forma mais independente, com destaque para suas características mais
interessantes. Além disso, cada estudo de caso conta com um cabeçalho de infor-
mações-síntese, tais quais nome do edifício, data e autor do projeto e tipo de uso
da edificação.
Tais textos foram produzidos e pensados para atingir um público alvo
bastante diversificado. Dessa forma, deseja-se que a linguagem utilizada e as in-
formações neles contidas sejam passíveis de serem apreendidas por um leitor
leigo interessado em arquitetura mas também úteis ao estudante da área.
A seleção 15 obras pode ser uma amostragem relativamente pequena
dentre cerca de 125 edifícios que formam o eixo; contudo, creio que a expressivi-
dade de cada uma delas torne suficiente a quantidade de estudos que foram reali-
zados para compor o roteiro, considerando ainda que esse número foi em grande
parte determinado pelo tempo que se dispunha - o período de um TFG - e que,
certamente, tantos outros mereceriam atenção caso houvesse a possibilidade de
continuação desse trabalho. Na tentativa de contemplar mais algumas obras in-
teressantes, outros 19 edifícios foram destacados no guia a partir da inserção de
algumas informações básicas sobre os mesmos, como nome, data de projeto, ar-
quiteto e tipo de uso.
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Estudos de caso
A seguir encontra-se reproduzida na íntegra a coletânea de textos que
compõem este roteiro. Os edifícios foram organizados em ordem cronológica de
construção com a finalidade de enfatizar, para o leitor, a gradativa transformação
pela qual a Paulista passou.
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Res. Franco de Mello – 1905 Antônio Fernandes Pinto
Residência
No. 1919 – Próximo à Al. Min. Rocha de Azevedo
Não há acesso público ao interior do edifício
Projetada pelo engenheiro português para a família de Joaquim Franco de
Mello, um barão do café, a residência é um dos poucos remanescentes da primei-
ra ocupação residencial da avenida. Foi tombada pelo Condephaat (Conselho de
Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do estado de
São Paulo) em 1992, o que garantiu sua existência até os dias atuais.
Conhecida também como Casa 1919, apresenta em seu projeto ar-
quitetônico influências do classicismo francês, possuindo um medalhão no arco
principal da fachada, típico do estilo, e um torreão na extremidade oposta, do qual
era possível avistar a baixada do rio Pinheiros, uma vez que a Paulista se localiza
numa das cotas mais altas da cidade.
Embora projetadas em estilo eclético, as casas dessa fase também guarda-
vam algumas tradições da arquitetura rural, ligadas à origem dos seus ocupantes,
tais quais os jardins em frente à casa e a horta nos fundos. Além disso, um trata-
mento especial era destinado ao hall de entrada, que fazia a ligação entre os es-
paços sociais da casa e preservava a intimidade dos moradores.
Na ausência de obras de manutenção ou restauro, a casa chegou até o
presente momento em um estado elevado de deterioração, sendo ocupada
apenas eventualmente e servindo como um registro da forma como o patrimônio
histórico foi tratado durante a evolução da avenida.ww
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Hospital Santa Catarina – 1906, 1952 e 2002 Antonio Rapp, Jorge Przirembel, Adolpho R. Morales e Fábio Sá Moreira
Hospital
No. 200 - Esquina com a R. Teixeira da Silva
Acesso controlado ao interior do edifício
A edificação construída em estilo eclético abriga aquele que foi primeiro
o hospital particular da cidade. Sua localização na avenida forma uma espécie de
eixo junto a outros importantes hospitais da região.
Inicialmente era composto apenas por um edifício principal e por uma
capela localizada mais ao fundo do lote, ambos em estilo eclético. Contudo, desde
a data de construção, o prédio passou por diversas alterações em suas instalações
e também sofreu modificações em seu uso.
Em 1952, o edifício recebeu seu primeiro bloco anexo, locado atrás do pré-
dio principal e que pode ser apenas parcialmente observado a partir da Paulista.
Essa nova edificação foi construída segundo um estilo contemporâneo à época
e com a finalidade de abrigar a Escola de Auxiliares de Enfermagem Santa Cata-
rina.
O mais recente anexo do hospital foi concluído em 2002, o que permitiu
a ampliação das alas de atendimento. Projetado com linhas simples e revestido
com placas de vidro e de mármore, revela-se elegante sem ofuscar a presença
do edifício mais antigo. As fachadas principais de ambos, dispostas lado a lado,
voltam-se para a Paulista e revelam um interessante contraste que ressalta as
transformações pelas quais a avenida passou em um século. ww
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Estudos de caso
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Grupo Escolar Rodrigues Alves – 1907Escritório Ramos de Azevedo
Escola estadual
No. 227 – esquina com a R. Teixeira da Silva
Acesso controlado ao interior do edifício
A edificação abriga a única escola pública da Av. Paulista, sendo também
um dos primeiros exemplares de arquitetura escolar da cidade com base nos
novos programas governamentais da época, os quais consideravam a necessidade
de edifícios projetados especificamente para a educação.
Projetado em estilo eclético, sua fachada é composta por elementos
neoclássicos, conforme era usual na época. Os ornamentos que compõem seu
desenho – com destaque especial para os diferentes tratamentos das janelas –
refletem a preocupação com ritmo e hierarquia na constituição do conjunto. Em
seus dois pavimentos, o edifício concentra os diversos usos da escola, tais quais as
salas de aula e as funções administrativas. A construção posterior de um galpão
no fundo do lote foi necessária para complementar esses usos, abrigando quadras
esportivas e seus respectivos ambientes de apoio.
Foi tombado pelo Condephaat em 1985 e passou por restauro de 2003
a 2005. O uso da edificação foi mantido e atualmente a escola atende alunos do
Ensino Fundamental e da Educação de Jovens e Adultos.
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Estudos de caso
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Casa das Rosas – 1928 Escritório Ramos de Azevedo
Centro cultural (originalmente residencial)
Construtora Marino Barros – restauro 1989
No. 37 – Próximo à R. Leôncio de Carvalho
Aberto de ter. a sab. 10h/22h; dom. e feriados 10h/18h
A Casa das Rosas é um dos poucos casarões remanescentes da primeira fase
de ocupação residencial da Av. Paulista, durante a qual essa tipologia de palacete
foi tão característica do local. Diferentemente de tantas outras casas da época, foi
preservada até os dias atuais, sendo tombada em 1985 pelo Condephaat. Esta
permanência permite ao transeunte observar os contrastes que compõem a Ave-
nida uma vez que, ao fundo do lote, pode-se ver o edifício Parque Cultural Paulista,
que foi projetado visando uma convivência harmoniosa com o edifício tombado.
A residência, projetada já tardiamente em estilo eclético, apresenta uma
fachada que agrega elementos arquitetônicos franceses, enquanto o interior da
edificação é ainda mais diversificado, combinando elementos decorativos típicos
de outros estilos. O imóvel apresenta espaços grandes e cerca de 30 cômodos
no edifício principal, os quais se dividem claramente em área social, íntima e de
serviços. A edificação é cercada por amplos jardins de roseiras, o que conferiu à
residência o nome de Casa das Rosas. O alargamento da Paulista na década de 70
reduziu as dimensões do jardim, mas boa parte deste ainda permanece e pode ser
observada.
Restaurada no final da década de 80, abriga agora o centro cultural “Es-
paço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura”, o qual conta com uma biblioteca
temática de poesia e desenvolve diversas atividades gratuitas abertas ao público.
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Estudos de caso
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Edifício Anchieta – 1941 Marcelo Roberto e Milton Roberto
Edifício residencial
No. 2584 – Entre a Av. Angélica e a
R. da Consolação
Não há acesso público ao interior do edifício
A construção deste edifício de apartamentos marca o início do acelerado
processo de verticalização da Avenida que, antes da inauguração do Ed. Anchieta,
era constituída apenas por residências unifamiliares.
A fachada do edifício modernista é composta por elementos que se dis-
tribuem de forma alternada, sendo necessária uma observação mais atenta para
compreender a lógica do conjunto. As faixas amarelas de revestimento harmo-
nizam-se com as azuis e, mesmo com sua tonalidade pastel, dão vida à fachada.
As plantas das unidades também são variadas, sendo algumas duplex enquanto
outras ocupam apenas um pavimento.
A vedação em tijolos de vidro disfarça o volume do térreo, deixando em
evidência os pilotis e criando uma sensação de que esse pavimento é livre, em-
bora ele não o seja. O térreo sofreu alterações em seu uso e hoje se encontra
desocupado, mas já abrigou lojas e um tradicional bar da cidade, o Bar Riviera.
A edificação apresentava generosos recuos das extremidades do lote, o
que garantia ao conjunto grandes áreas ajardinadas. Contudo, o alargamento da
Paulista, realizado na década de 70, deu fim a essa característica agradável aos
moradores e à cidade.
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Estudos de caso
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Edifício Três Marias – 1952Abelardo de Souza
Edifício de uso misto (predominantemente residencial)
No. 2239 – Esquina com a R. Haddock Lobo
Acesso público apenas às lojas do térreo
O edifício de apartamentos de alto padrão, projetado segundo princípios
modernistas, é um exemplar representativo da segunda fase de ocupação residen-
cial da avenida, durante a qual esse tipo de uso apareceu aliado à verticalização.
Os volumes dispõem-se em L ao redor de um pátio interno, favorecendo
a insolação e a ventilação das unidades. A diversidade dos apartamentos – cujas
áreas variam – revela–se externamente, ao mesmo tempo em que os balcões em
balanço, dispostos alternadamente, dão movimento ao desenho da fachada.
A partir do 12° andar, os balcões deixam de se voltar para a Paulista e
passam a olhar para a rua Haddock Lobo, o que resulta numa interessante com-
posição que dá leveza ao edifício e lhe confere mais personalidade. As cores
também têm um papel importante na constituição da fachada, sendo que o rosa e
o azul cobrem grande parte de sua área.
O térreo, que inicialmente era ocupado por residências e por um belo
jardim, teve agora seu uso substituído, abrigando imóveis comerciais e uma área
de estacionamento.
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Estudos de caso
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Edifício Nações Unidas – 1953 Abelardo de Souza
Uso misto (predominantemente residencial)
No. 620 – esquina com a Av. Brigadeiro Luís Antônio
Acesso público à galeria no térreo
A execução desse projeto inaugura a presença de usos diversificados na Ave-
nida Paulista, a qual, até então, era estritamente residencial. O Ed. Nações Unidas é o
primeiro com uso misto, sendo reflexo de outros empreendimentos implantados no
centro antigo da cidade e que foram bem sucedidos com programas semelhantes.
Os dois volumes de unidades residenciais estão dispostos perpendicularmente
entre si e contam com uma galeria comercial no pavimento térreo. Pode-se observar
a preocupação formalista do projeto, que propôs a presença de diversos elementos
compositivos na fachada, tais quais os cobogós amarelos voltados para a Paulista e a
marquise com recortes circulares que se observa da Av. Brigadeiro Faria Lima. O trata-
mento cromático também é diversificado em cada bloco do edifício, sendo que uma
observação atenta de todos os seus ângulos pode revelar diversos detalhes projetados
pelo arquiteto.
No térreo também há um mural em cerâmica do artista plástico Clóvis Gra-
ciano, completando o tratamento plástico do conjunto. A obra se insere dentro da
tentativa de integração das artes, conceito bastante explorado pelos modernistas e
que pode ser encontrada também em outros edifícios da avenida.
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Edifício Conjunto Nacional – 1955 David Libeskind
Uso misto
No. 2073 – Entre as ruas Padre João Manuel
e Augusta
Acesso público ao bloco horizontal
O primeiro edifício da avenida a reunir escritórios junto às residências e
estabelecimentos comerciais foi projetado inicialmente como um hotel. Contudo,
os empreendedores da época não conseguiram visualizar o potencial da avenida
para esse tipo de uso, alterando o programa.
Extremamente conectado à rua, o bloco horizontal do conjunto apresen-
ta amplas passagens que permitem adentar o edifício. O mosaico português da
calçada continua no espaço interno, contribuindo com a idéia de integração. As
lojas estão localizadas nesse nível térreo, assim como o espaço destinado a
exposições e a rampa helicoidal que dá acesso ao jardim de cobertura – mirante
para a avenida que vale a visita.
A lâmina vertical, por sua vez, concentra as unidades residenciais e os es-
critórios. As entradas para cada tipo de uso são distintas, o que permite aos mora-
dores acessar suas unidades em qualquer horário, enquanto o restante do edifício
só é aberto em horário comercial.
Durante seu uso, algumas modificações ocorreram, como a construção de
lojas que reduziram a largura dos corredores e o acréscimo de um bloco sobre
a cobertura, alterando um pouco a concepção original no que se refere à com-
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Estudos de caso
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Edifício Paulicéia – 1956Jacques Pilon e Gian Carlo Gasperini
Edifício residencial
No. 960 – Entre as alamedas Campinas
e Joaquim Eugênio de Lima
Não há acesso público ao interior do edifício
O edifício Paulicéia, exclusivamente residencial, é parte de um conjunto de
implantação bastante peculiar no contexto da avenida, pois ocupa, junto ao Ed. São
Carlos do Pinhal, um lote que atravessa a quadra inteira até a rua que dá nome ao
segundo prédio. Os dois edifícios são paralelos e distanciados por um grande vazio
ajardinado de uso coletivo.
As unidades residenciais do Paulicéia apresentam tamanhos diversos, mas
essa característica não se reflete de forma tão visível na fachada, diferentemente do
que ocorre em outros projetos da avenida. Ela é dividida em faixas horizontais uni-
formes que compõem um jogo cromático muito interessante, sendo essas faixas ora
formadas pelas persianas de madeira, ora pelo peitoril azul e branco. A abertura – ou
não – das janelas adiciona mais uma possibilidade à composição e dá um aspecto
dinâmico e divertido à fachada. O Edifício São Carlos do Pinhal, que se localiza atrás
do Paulicéia, é semelhante em termos de planta e fachada, apresentando, contudo,
um jogo de cores diferente.
O conjunto de edifícios foi tombado pelo Condephaat em 2010, o que eviden-
cia a qualidade desse projeto da arquitetura moderna e o torna parte do patrimônio
histórico do estado de São Paulo.
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MASP – 1957 Lina Bo Bardi
Museu
No. 1578 – Entre as ruas Plínio
Figueiredo e Prof. Otávio Mendes
Aberto de ter. a dom. 11h/18h
O MASP é certamente uma das principais âncoras culturais da Paulista,
com grande importância devido à sua arquitetura, ao seu acervo e às exposições
que realiza. Mais do que isso, o museu é um dos mais representativos ícones da
avenida e da cidade de São Paulo, sendo que seu vão livre é frequentemente palco
de diversas manifestações socioculturais.
O edifício do museu é composto principalmente por três grandes espaços:
o icônico bloco de vidro e concreto, suspenso por duas vigas vermelhas bi-apoiadas,
onde se concentram a pinacoteca e alguns serviços, distribuídos em dois pavi-
mentos; a esplanada que se desenvolve no nível da Av. Paulista sob os 74m de
vão livre do edifício principal e funciona como mirante voltado para o centro da
cidade; além de dois níveis de subsolo, concentrando auditórios, sala de exposição
e reserva técnica.
O projeto inicial previa que o volume envidraçado fosse inteiro em con-
creto, mas o material foi alterado devido a questões estruturais, deixando o bloco
mais leve. Além disso, na data de sua inauguração, os pilares e vigas que hoje são
pintados de vermelho não tinham revestimento, sendo o concreto aparente. O
museu só recebeu a pintura prevista no projeto original em 1990, na ocasião de
seus 40 anos.
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Estudos de caso
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Banco Sul Americano – 1962 Rino Levi Arquitetos Associados
Banco
No. 1930 – Esquina com a R. Frei Caneca
Acesso público ao bloco horizontal
O edifício modernista é um dos marcos da chegada das atividades bancárias na
avenida, colaborando para a consolidação do local como centro de poder econômico, cuja
abrangência atingiu até mesmo níveis internacionais. Também é um marco na arquitetura
brasileira, sendo considerada por diversos críticos como uma das mais bem-sucedidas
obras da época.
A edificação é composta por dois volumes principais: uma base horizontalizada e um
bloco superior em formato de lâmina, tipologia que foi bastante utilizada no período. O volume
inferior que ocupa quase toda a área do terreno recebe as diversas instalações do banco e,
sobre ele, um terraço jardim destaca visualmente os dois volumes e permite a iluminação
zenital do primeiro andar.
A lâmina foi resolvida com planta livre, facilitando o planejamento do layout dos
escritórios que estão localizados nesses andares. O tratamento das fachadas deste volume
vai além de questões estéticas, sendo resultado de um minucioso estudo de insolação que
visa proteger as áreas atingidas pelo sol. A fachada voltada para a avenida, por sua vez, é
revestida com placas de mármore e barras em relevo que formam um padrão geométrico in-
teressante e discreto. O piso da calçada, em mosaico português, apresenta um desenho que
dialoga com o da fachada.
No decorrer dos anos, o edifício manteve sua função embora tenha deixado de pertencer
ao Banco Sul Americano, o qual foi incorporado por outra empresa da mesma categoria.
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Estudos de caso
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Edifício Cásper Líbero – 1966Celso José Maria Ribeiro
Usos diversos
No. 900 – entre as alamedas Campinas
e Joaquim Eugênio de Lima
Acesso livre ao complexo da Reserva Cultural
e controlado aos demais ambientes
A edificação que abriga a TV Gazeta e as Rádios Gazeta – além de suas respecti-
vas torre e antena – é um exemplar representativo desse tipo de ocupação na Paulista.
Uma vez que a avenida está localizada numa das partes mais altas da cidade, os prédios
da avenida são, em muitos casos, suportes de antenas de comunicação.
Apesar do aspecto padrão da maior parte do corpo do edifício – revestido por
vidro com esquadrias metálicas – o que o diferencia dos demais é o interessante mural
em alto relevo, na fachada dos primeiros pavimentos, com a palavra “Gazeta” repeti-
da três vezes. Em sua base, uma faixa de vidro rasga o painel, garantindo a iluminação
do complexo da Reserva Cultural, ali localizado e que conta com cinema, restaurante e
livraria.
Além do mural, outra característica marcante é a escadaria de grandes dimen-
sões que dá acesso ao interior da edificação envidraçada, onde estão locados outros
usos, como uma faculdade, um colégio, um teatro e diversas empresas da Fundação
Cásper Líbero, como o jornal A Gazeta. A vasta quantidade de usos diversos no mesmo
local garante ao conjunto uma enorme população e transforma a escadaria num cenário
de grande dinamicidade.
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Estudos de caso
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Edifício sede da FIESP – 1969 Rino Levi Arquitetos Associados – edifício de escritórios
Paulo Mendes da Rocha – Centro Cultural FIESP 1996
No. 1313 – Próximo à R. Pamplona
Acesso público aos serviços do térreo e mezanino
Na data de implantação desse edifício, a Avenida Paulista já se caracterizava
como local de convergência de grandes empresas, atraindo então a sede das entidades
representativas da indústria do estado de São Paulo. Sendo este estado o principal cen-
tro industrial brasileiro, era desejado pela FIESP que o seu edifício sede fosse marcante
a ponto de se transformar num ícone. O objetivo foi atingido através de seu local privi-
legiado de implantação e de sua forma em tronco de pirâmide – original e distinta do
formato dos demais prédios da avenida.
O partido de projeto, contudo, não foi meramente formalista: a disposição es-
calonada dos pavimentos permite andares com dimensões variáveis, o que facilita
a organização dos escritórios que têm necessidades de espaço distintas. Além disso,
racionaliza os fluxos, concentrando a maior parte da população na base da pirâmide e
aliviando o sistema de elevadores. Todo o volume é revestido por uma grelha de alumínio
que funciona como brise e disfarça o escalonamento dos pavimentos.
Os pavimentos térreo e mezanino receberam intervenção de Paulo Mendes da
Rocha na década de 90. Esses locais contam com teatro, sala de exposições e biblioteca
pública. São encontrados também nesses níveis interessantes murais em alto relevo do
paisagista Roberto Burle Marx; para observar um deles, vale a pena dar a volta no quar-
teirão até a Al. Santos e conhecer a outra fachada do edifício.
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Estudos de caso
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Agência Banco Safra – 1984Sidônio Porto
Agência bancária
No. 1063 – Esquina com a Al. Campinas
Acesso livre aos serviços do banco
O uso destinado a esse edifício é um dos mais comuns no contexto da
Paulista. Contudo, o mesmo não pode ser dito de sua volumetria que, baixa e
compacta, contrasta com a predominante verticalidade da avenida, resultado do
alto valor imobiliário de seus lotes.
A edificação, em vidro e concreto aparente, é estruturada com lajes em
forma de grelha e torres que abrigam os elementos fixos, como escada e serviços,
de tal forma que todo o restante da planta seja livre, permitindo variações no
layout do pavimento. Quanto à fachada, os elementos de maior destaque certa-
mente são as grelhas e jardineiras em balanço, presas à estrutura principal por
meio de tirantes, conferindo sensível leveza à composição.
O paisagismo, assim como o desenho da calçada em mosaico português,
são projetos de Roberto Burle Marx e se destacam quando comparados com o
restante do calçamento e arborização da avenida.
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Estudos de caso
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Instituto Cultural Itaú – 1995Ernest Robert de Carvalho Mange
Centro cultural
No. 149 – esquina com a R. Leôncio de Carvalho
Aberto de ter. a sex. 10h/21h; sáb., dom., e feriados 10h/19h
A sede do Instituto Cultural Itaú é mais um edifício que, junto aos demais de mes-
mo uso que se localizam na Avenida, contribui para a caracterização da Paulista como
um importante centro de cultura. Apesar das dificuldades encontradas para a viabili-
zação do projeto no local, os seus idealizadores fazem questão de enfatizar as caracterís-
ticas da Avenida que motivaram a escolha, tais quais o caráter icônico do local, capaz de
agregar valor à Instituição, e o fácil acesso ao mesmo, que na época já era servido por
três linhas de metrô e inúmeras de ônibus.
A fachada da edificação é composta por elementos vítreos e metálicos, mas se
destaca dentre os outros prédios envidraçados devido à inversão na ordem de suas
camadas: a parede de vidro, ao invés de se revelar na parte mais externa, como uma pele,
foi posicionada por dentro da estrutura metálica. Dessa forma, a treliça que proporciona
a estruturação do volume é visível a partir da rua, se traduzindo de uma forma quase
didática para o observador. As treliças metálicas eram inicialmente amarelas e contrasta-
vam com o azul dos vidros refletivos, mas foram pintadas de branco posteriormente.
Para comportar o extenso programa de necessidades do Instituto num terreno
de pequenas dimensões, a solução utilizada foi a verticalização. Internamente, edifício
reúne quatro áreas para exposições, auditórios, biblioteca, videoteca e restaurante.
Além disso, possui um mirante, localizado no 9o. andar, que permite observar a Avenida
Paulista e também o centro da cidade.
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Estudos de caso
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Referências
Foram analisados alguns guias de turismo e arquitetura com a finalidade de desenvolver uma maior proximidade com a linguagem utilizada
nesse tipo de publicação e também para coletar elementos passíveis de aplicação no projeto aqui desenvolvido. Analisou-se o formato, as informações
contidas e a forma de organização das mesmas em cada um dos guias que são bastante distintos entre si. São eles: Arquitetura: Avenida Paulista; o Guia
Arquitectonica y Urbanistica Montevideo e o guia Promenades d’architecture a Paris.
Além disso, foram encontradas também outras referências que não são exatamente guias, mas que contribuíram muito em termos de lin-
guagem gráfica. Dentre essas referência, a primeira obtida foi um calendário de 2010 adquirido durante uma viagem a Barcelona que reúne, em forma
de desenho, diversos projetos do arquiteto Antoni Gaudí na cidade.
Calendário que reúne as obras de Antoni Gaudí em Barcelona
31
Outras referências desse tipo também foram encontradas após o início do
trabalho, tais quais o Chicago Skyline, projeto do arquiteto Ted Naos, o livro Av.
Paulista da artista plástica Carla Caffé e o folheto da exposição Aérea Paulista, da
mesma autora, realizada na Passagem Literária da Consolação nos meses de julho
a agosto de 2012.
Folheto da exposição Aérea Paulista. Carla Caffé. São Paulo, 2011 CAFFÉ, Carla. Coleção Ópera Urbana - Av. Paulista. São Paulo, 2009
Chicago Skyline. Ted Naos
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Quanto aos guias estudados, encontra-se o livro Arquitetura: Avenida Pau-
lista, de Edson Eloy de Souza que aborda apenas, como indica seu título, os edifí-
cios locados na Avenida Paulista. O guia também apresenta uma breve descrição
sobre a história do local e sua relevância na cidade, além de fichas sobre 95 obras
arquitetônicas.
Tentando facilitar a compreensão do percurso, a Avenida é dividida em
sete trechos, os quais contém de dois a quatro quarteirões cada. Os edifícios sele-
cionados são marcados, nesses pequenos mapas, seguindo uma numeração que
engloba a avenida toda e posteriormente são detalhados um a um. Cada uma
dessas fichas de análise apresenta nome do edifício, data de construção, locali-
zação e arquiteto, além de uma breve descrição que contempla aspectos diversos,
mas principalmente os que dizem respeito à linguagem arquitetônica da obra.
O guia tem um formato de bloco de anotações, contando, inclusive, com
páginas pautadas no interior do livro destinadas a notas do leitor-visitante. Tanto
a capa quanto a contracapa se desdobram, apresentando em sequência as fotos
dos edifícios estudados no guia, de acordo com sua localização na avenida.
É interessante notar também que o autor fornece, no final do livro, tam-
bém as versões em inglês e espanhol do conteúdo escrito, considerando a relevân-
cia e interesse da Avenida Paulista no contexto internacional.
SOUZA, Edson Eloy. Arquitetura Avenida Paulista. São Paulo, 2011
33
O Guia Arquitectonica y Urbanistica Montevideo divide a cidade uruguaia
em diversas regiões de interesse para o leitor. Uma delas é o eixo da Avenida 18
de Julio, relevante para o presente trabalho devido a suas semelhanças com a
Avenida Paulista.
Após uma introdução sobre o histórico e caráter do local, seleciona 40
edifícios, dentre os quais 14 são destacados, apresentando informações como
programa, localização, arquiteto, data de construção e/ou projeto e descrição da
obra com bastante enfoque nas características arquitetônicas e de inserção ur-
bana, além da foto. Os demais edifícios contemplados pelo guia são identificados
apenas com as primeiras características citadas, sem nenhuma descrição mais de-
talhada ou imagem. As obras são marcados num mapa único da região, localizado
nas primeiras páginas de cada capítulo, enquanto, nas páginas seguintes, os edifí-
cios são detalhados seguindo a numeração prévia.
Por sua vez, o guia Promenades d’architecture a Paris, de Bert McClure e
Bruno Régnier, é apresentado num formato bem diferente dos outros dois. Com-
posto por seis folhetos que se desdobram e são agrupados num envelope, propõe
roteiros temáticos pela cidade de Paris.
Cada folheto apresenta um mapa da região com o percurso sugerido em
destaque. Os edifícios são marcados nessas imagens e linhas de chamadas os
conectam às suas respectivas informações, que destacam o principal atrativo da
obra. Outras caixas distribuídas pela página fornecem informações diversas ao lei-
tor, focando, algumas vezes, nas obras com maior destaque, embora a maioria das
informações abordem assuntos comuns a mais de um edifício.
As ilustrações desse guia também se diferem das demais. Enquanto
os outros dois contavam com fotos gerais das obras edificadas, o Promenades
d’architecture a Paris apresenta interessantes fotos e desenhos cujas escalas vão
desde o detalhe arquitetônico até a volumetria completa de um edifício.
Guia Arquitectonica y Urbanistica Montevideo
Promenades d’architecture a Paris
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Projeto gráfico
O projeto gráfico para o livro desenvolvido neste trabalho foi pensado es-
pecificamente para a Avenida Paulista, tendo como inspiração algumas caracterís-
ticas próprias da região, valendo ressaltar que o resultado do projeto provavel-
mente seria distinto caso o guia abordasse outra área de cidade. Dessa forma,
foi desenvolvido um livro sanfona que, quando esticado, reflete a linearidade do
objeto de estudo, sendo que sua maior dimensão mede 2,41m. Quando dobrado,
o guia adquire as dimensões de 12cmx21cm - formato que foi estudado para fa-
cilitar seu manuseio durante uma visita e, ao mesmo tempo, garantir a legibilidade
das informações nele contidas.
Em uma das faces dessa sanfona foram reproduzidos os textos elaborados
para cada obra estudada, enquanto na outra face foram desenhadas as fachadas
de todos os edifícios voltados para a Paulista, como um registro da imagem desse
logradouro no ano de 2012. Nesse ponto, é importante ressaltar que tais desen-
hos não compõem um registro técnico da elevação desses edifícios, pois cada de-
senho é uma leitura - que toma certas liberdades - de sua respectiva fachada e
que destaca os elementos que melhor a representam. A questão da escala de im-
pressão foi decisiva nessa opção por um desenho que não é técnico e que brinca
com as relações de escala dos elementos, uma vez que a legibilidade do trabalho
ficaria comprometida caso todos os componentes da fachada fossem rigorosa-
mente reproduzidos.
Sendo assim, este trabalho não deve ser compreendido como um registro
científico de cada edifício, mas sim com uma tentativa de permitir que o obser-
vador tenha uma compreensão da paisagem que caracteriza a paulista nos dias
atuais. É fundamental também lembrar que essa paisagem está em constante
transformação e que as obras executadas após a produção desse TFG o tornarão
parcialmente desatualizado.
Entretanto, essa metamorfose é inerente ao objeto es-
tudado e, apesar das mudanças que ocorrerão nos detalhes,
a imagem geral que a Avenida tem hoje ainda levará algum
tempo para se transformar.
Ainda, esse exercício de leitura e representação da ci-
dade não foi realizado com o propósito de registro apenas.
Possui também uma finalidade prática para o usuário do guia,
auxiliando na sua localização, uma vez que fornece infor-
mações como nomes de ruas e posicionamento das estações
de metrô. Informa também, sucintamente, dados relativos aos
projetos selecionados, tais quais nome, autor, data e tipo de
uso.
Para a execução dos desenhos, foram utilizadas como
base imagens do Google Street View e outras fotografias tira-
das no local. As linhas foram traçadas sobre essas referências
no programa de edição de imagens Adobe Photoshop.
Com a finalidade de propor uma hierarquia entre os
edifícios da Avenida e destacar aqueles que foram analisados,
utilizou-se cor na representação dos que foram objeto de es-
tudo. Essa colorização também foi feita utilizando o programa
supracitado.
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Edifício Anchieta
Imagem Google Street View, 2011
A princípio, a imagem foi retirada do
Google Street View e tratada para minimizar
a distorção da lente fotográfica
A seguir, o desenho foi executado uti-
lizando a imagem da base como referência.
Nesse detalhe pode-se observar que a repre-
sentação não é exata, mas procura manter as
proporções originais.
O desenho final foi colorido também
no Adobe Photoshop, seguindo uma lin-
guagem que se repetirá nos demais desenhos
internos e na ilustração da capa.
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As ilustrações foram identificadas com
informações objetivas sobre os edifícios, sen-
do elas: nome, data e autor e tipo de uso do
projeto.
As obras que foram detalhadas no es-
tudo de caso apresentam também uma nu-
meração que conduz o leitor ao respectivo
texto no verso da folha.
Os acessos para o Metrô também
foram destacados, recebendo o símbolo da
empresa e o nome da estação. As ruas foram
sinalizadas seguindo uma linguagem que
remete aos totens da Avenida.
Projeto gráfico
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Visando aproveitar ao máximo o pa-
pel, foram impressas duas cópias do guia em
cada A0 expandido.
A frente e o verso do livro foram im-
pressas lado a lado e, a seguir, dobradas longi-
tudinalmente na linha tracejada.
Posteriormente foram executadas as
dobras na transversal a cada 12cm, dando for-
ma às páginas do livro.
Projeto gráfico
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Projeto gráfico
Nas páginas seguintes encontra-se o resultado final das ilustrações pro-
duzidas para o roteiro. Neste relatório as imagens foram dividias de acordo com as
duplas de páginas que compõem o livro. Além disso, foram dispostas seguindo o
sentido Paraíso-Consolação, mas é importante destacar que o projeto foi pensado
para se adaptar a qualquer ordem de leitura, independentemente da extremidade
da Paulista na qual se iniciará a visitação.
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Projeto gráfico
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Projeto gráfico
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Projeto gráfico
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Projeto gráfico
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Projeto gráfico
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Projeto gráfico
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Projeto gráfico
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Considerações finais
Retomando a citação de Benedito Lima de Toledo com a qual se iniciou
este trabalho, o cenário que hoje se observa na Avenida Paulista em breve não
será o mesmo. Quando isto ocorrer, os desenhos realizados durante este trabalho
também não mais corresponderão à realidade do local.
Contudo, deseja-se que as memórias que surgirem a partir a utilização
deste guia - e das viagens, dos caminhos, das anotações realizadas com o auxílio
dele - perdurem por muito mais tempo. Além disso, a memória dessa época, fix-
ada no papel em sua respectiva ilustração, permanecerá. Porque a cidade atual
muitas vezes se transforma num palimpsesto, mas não se pode dizer o mesmo a
respeito dos livros.
51
Bibliografia
Livros
AMARAL, Marina Barros do. Limites e possibilidades: a relação edifício/cidade na
avenida Paulista. Dissertação de mestrado. São Carlos, 2007
ANELLI, Renato. Rino Levi: Arquitetura e Cidade. São Paulo, 2001
Associação Paulista Viva. Avenida Paulista : símbolo de São Paulo. São Paulo, 2000
CAFFÉ, Carla. Coleção Ópera Urbana - Av. Paulista. São Paulo, 2009
CONSTANTINO, Regina Adorno. A obra de Abelardo de Souza. Dissertação de
Mestrado. São Paulo, 2004
MCCLURE, Bert & RÉGNIER, Bruno. Promenades d’architecture a Paris. Paris
Patrimônio Cultural Paulista: CONDEPHAAT, Bens Tombados 1968 – 1998. São Pau-
lo, 1998
SIMONI, Jorge Diogo de. Avenida Paulista. São Paulo, 1983
SHIBAKI, Viviane. Avenida Paulista: da formação à consolidação de um ícone da
metrópole de São Paulo. Dissertação de Mestrado. São Paulo, 2007
SOUZA, Edson Eloy. Arquitetura Avenida Paulista. São Paulo, 2011
TOLEDO, Benedito Lima. Álbum iconográfico da Avenida Paulista. São Paulo, 1987
TOLEDO, Benedito Lima. São Paulo: três cidades em um século. São Paulo, 1981
XAVIER, Alberto. Arquitetura moderna paulistana. São Paulo, 1983
Periódicos
Arquitetura e Urbanismo. São Paulo, n.46, 1993
Construção Metálica. São Paulo, n.26, 1996
Construção São Paulo. São Paulo, n.2498, 1995
Finestra Brasil. São Paulo, n.5, 1996
Habitat. São Paulo, n.57, 1959
Office Real State. São Paulo, n.42, 1996
Projeto. São Paulo, n.21, 1980
Projeto. São Paulo, n.117, 1988
Projeto. São Paulo, n.122, 1989
Projeto. São Paulo, n.182, 1995
Sites:
www.aflaloegasperini.com.br (acesso em 05/09/2012)
www.casadasrosas-sp.org.br (acesso em 05/2012)
www.casperlibero.edu.br (acesso em 28/08/2012)
www.fcl.com.br (acesso em 28/08/2012)
www.sp360.com.br (acesso em 28/08/2012)
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