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Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
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TESTE DE TETRAZÓLIO NA AVALIAÇÃO DA QUALIDADE
DE SEMENTES DE SOJA BENEFICIADAS NA MESA DE
GRAVIDADE
Edson Luiz Bortolatto 1
Leopoldo Mario Baudet Labbé ² Bruna Barreto dos Reis ³
Lilian Vanussa Madruga de Tunes 2
A cultura da soja tem expressiva importância no cenário
agrícola mundial, em termos de produção e área cultivada,
sendo considerada a cultura de maior importância para o
agronegócio mundial. Lidera a produção mundial de sementes
oleaginosas e óleo comestível, podendo ser cultivada em
diversas localizações geográficas e sob diferentes condições
climáticas. No Brasil, é responsável por mais de 56% da área
cultivada, com uma área de 33,53 milhões de hectares e
produção de 100,93 milhões de toneladas, com produtividade
de 3.037 kg ha-1 no ano agrícola de 2015/2016. Destes, o
estado de Mato Grosso contribui com cerca de 9,1 milhões de
hectares e uma produção estimada de 26,0 milhões de
toneladas (CONAB, 2016).
A semente é o principal insumo de uma lavoura, pois
afeta decisivamente para o sucesso ou fracasso da produção.
Carrega consigo um pacote tecnológico de valor intrínseco e
incalculável, resultado de anos de pesquisa. Deixou de ser
vista como meio de perpetuação de espécies e sim para ser
considerada como um dos principais insumos da agricultura,
graças à evolução dos trabalhos de pesquisa e melhoramento,
¹ Eng. Agr., Mestre Profissional em C&T de Sementes, PPG em C&T de
Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel. ² Eng. Agr., Dr. Professor do PPG em C&T de Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel. E-
mail: lmbaudet@gmail.com ³ Eng. Agr., Doutoranda do PPG em C&T de Sementes, D.Ft./FAEM/UFPel.
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
144
do setor sementeiro, do nível tecnológico dos produtores,
enfim do agronegócio brasileiro.
Para produzir sementes de qualidade são importantes
todas as etapas do processo, desde o estabelecimento da
cultura até a armazenagem. A semente é o veículo dos
avanços do melhoramento vegetal, expressos pelo atributo
genético, além de atributos físicos, sanitários e fisiológicos, que,
em conjunto, determinam o seu desempenho (ROSSI, 2012).
Diversos fatores podem influenciar a produção e qualidade de
sementes de soja, fatores de campo e também as etapas
pós colheita, como a recepção, a secagem, o beneficiamento,
o transporte e o armazenamento. (FRANÇA NETO e
HENNING, 1984).
Um fator que está totalmente ligado à produção de
sementes de soja são as condições climáticas, as quais são
responsáveis pelo aproveitamento e por descartes de campos
de semente. Sugere-se um escalonamento de semeadura no
tempo e no espaço para obtenção de melhores resultados no
aproveitamento de campos de sementes. Entretanto, isso
repercute em menores produtividades principalmente para
cultivares de ciclo precoce e médio, onerando o custo de
produção (HAMER e HAMER, 2003).
As condições climáticas, como a ocorrência de chuvas
no período de pré-colheita, são importantes visto que
determinam o tempo de exposição da semente em campo
após maturidade fisiológica (CARRARO et al.,1985). A semente
de soja é higroscópica tendo seu teor de água condicionado
pelas condições de ambiente, podendo aumentar ou reduzir
conforme o ambiente. O processo de deterioração pode
ocorrer em qualquer situação durante a fase de maturação,
porém tal processo é menos afetado se o teor de água nas
sementes for inferior a 12% (FRANÇA NETO e HENNING,
1984; BAUDET e VILLELA, 2012).
O retardamento da colheita leva à redução na
percentagem de germinação, devido à deterioração da
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
145
semente (BRACCINI et al., 2000). Nem mesmo
características genéticas distintas das cultivares, como a
espessura do tegumento da semente assegura a obtenção de
semente com alta qualidade fisiológica, se a colheita é
retardada (GUIRIZATTO et al., 2004).
Alta qualidade de sementes requer que as fases de
maturação e colheita ocorram sob condições de clima seco e
temperaturas amenas (FRANÇA NETO e KRZYZANOWSKI,
2000). Em lavouras destinadas à produção de sementes, a
espera pelo menor grau de umidade para efetuar a colheita,
pode acarretar a deterioração em função da ocorrência de
chuvas, e consequentemente, elevação da incidência de
fungos (COSTA, 2005).
Outro fator que pode causar redução da qualidade da
semente é a ocorrência de danos mecânicos no momento
da colheita, devido à inadequada regulagem do sistema de
trilha, principalmente na velocidade do cilindro e na
abertura do côncavo. O embrião tem pouca proteção e com
isto os danos mecânicos podem se agravar e aumentar os
índices de descarte de lotes de sementes, caso sejam
colhidas com umidade inapropriada (COSTA et al., 1996).
Sementes de soja com teor de água entre 14 e 18%
apresentam menor incidência de danificação mecânica e menor
percentual de perdas durante a colheita. Umidade de colheita
de 11,4 a 19,0 %, a danificação é aceitável e as perdas
permanecem inferiores a 3%. A combinação entre baixa
umidade das sementes e alta rotação do cilindro, assim
como elevadas umidades, independentemente da rotação do
cilindro, acarretam maior danificação mecânica das sementes.
Os danos mecânicos são progressivos e acumulativos. Em
casos especiais e em anos de muitas chuvas é possível
colher sementes de soja com umidade até 19-20%, pois os
efeitos na qualidade fisiológica ainda não são pronunciados.
No entanto, muito cuidado deve ser tomado no manuseio das
sementes durante a secagem, pois como os danos são
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
146
cumulativos, a danificação mecânica pode reduzir
acentuadamente a qualidade fisiológica (HAMER e PESKE,
1997).
Após a colheita, as sementes seguem uma sequência
até chegar ao armazenamento. A Figura 1 identifica essa
sequência.
Figura 1 - Sequência de beneficiamento de sementes de soja
(BAUDET e VILLELA, 2007).
O beneficiamento de sementes de soja é uma
operação altamente minuciosa se comparado a sementes de
outras grandes culturas. As sementes de soja são colhidas
mecanicamente em grandes quantidades, transportadas,
limpas, secadas, classificadas, e por fim é dado o
acabamento na mesa de gravidade. Todas essas operações
são necessárias para que se tenha qualidade nos lotes de
sementes. A separação por densidade ou gravidade
específica tem sido amplamente usada na produção de
sementes, uma vez que retira sementes danificadas, mal
formadas, imaturas, infectadas por fungos, que por sua vez
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
147
apresentam peso específico menor do que sementes intactas e
ainda retira materiais indesejáveis do lote de sementes,
portanto pode-se recomendar a mesa de gravidade para
melhorar a qualidade fisiológica (viabilidade e vigor) dos lotes
de sementes.
O presente trabalho trata com ênfase o beneficiamento
de sementes, mais precisamente na mesa de gravidade. Os
ajustes na mesa de gravidade são na alimentação,
inclinações lateral e longitudinal, fluxo de ar, movimento
vibratório e no fracionamento do eixo terminal de descarga
(GREGG e FAGUNDES, 1975). A mesa de gravidade consiste
em uma máquina que faz a separação de sementes em
função de sua densidade. Na atualidade está definido que
sementes com maior peso específico resultam em lotes de
maior qualidade fisiológica. As sementes percorrem na mesa
de gravidade por uma das extremidades (zona de
alimentação) até a outra extremidade terminal de descarga,
onde palhetas flexíveis realizam o ajuste fino das sementes.
Sementes com maior peso específico ao longo da mesa se
deslocam para a parte alta enquanto sementes de peso
específico menor se deslocam para a parte baixa. Na parte
mediana da mesa de gravidade que contêm materiais com
peso específico intermediário que são submetidos ao repasse
(PESKE e BAUDET, 2012).
O teste de tetrazólio em soja tem contribuído
significativamente na identificação dos níveis de vigor e
viabilidade, fundamentais para o controle de qualidade de
sementes no Brasil (MARCOS FILHO, 1987; COSTA e
MARCOS FILHO et al., 1994). Além da importância do
referido teste na avaliação do vigor, destaca-se o
monitoramento da deterioração no campo, que compromete a
qualidade da semente, especialmente nas regiões de baixas
latitudes, onde as condições climáticas geralmente são mais
drásticas. Além disso, o teste permite a monitorar o ataque de
percevejos e avaliar os danos mecânicos durante a colheita.
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
148
O teste de tetrazólio baseia-se na atividade das
enzimas desidrogenases, que reduz o sal de tetrazólio nos
tecidos vivos da semente, onde íons de hidrogênio são
transferidos para o referido sal que atua como receptor de
elétrons (DELOUCHE et al., 1976). A semente é imersa na
solução de tetrazólio, que penetra através dos tecidos,
ocorrendo reação de redução nas células vivas, resultando
em um composto vermelho, não difusível, conhecido como
trifenilformazan, indicando atividade respiratória nas
mitocôndrias, concluindo que o tecido está vivo. É um teste
rápido na determinação da viabilidade e vigor, com resultado
em menos de 24 horas, o que o torna ferramenta interessante
e segura (FRANÇA NETO et al., 1988; COSTA e MARCOS
FILHO, 1994).
Os tecidos vigorosos das sementes tendem a se
colorir gradual e uniformemente, desenvolvendo coloração
rosa puxando para vermelho brilhante e apresentando-se
túrgidos quando embebidos (MOORE, 1985). A ocorrência
de vermelho intenso é característica de tecidos em
deterioração, que permitem maior difusão da solução de
tetrazólio através de suas membranas celulares já
comprometidas. Se o tecido está morto, não ocorre reação
alguma entre o sal de tetrazólio e os tecidos, conservando sua
cor natural branco opaco ou amarelada (FRANÇA NETO et al.,
1988). Os tecidos mortos podem ainda apresentar manchas
vermelhas, devido à atividade de fungos ou bactérias.
O objetivo deste trabalho foi analisar os dados obtidos
do teste de tetrazólio realizado nas sementes de soja
provenientes das diferentes posições da mesa de gravidade,
como uma alternativa à regulagem da máquina baseada
apenas em aspectos visuais das sementes. Neste trabalho,
foram analisados os dados obtidos na Unidade de
Beneficiamento de Sementes de soja da empresa Sementes
Petrovina, localizada às margens da BR 364, km 119, Serra da
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
149
Petrovina, no município de Pedra Preta no sul do estado do
Mato Grosso, referentes à safra agrícola 2010/11.
Os dados foram obtidos de duas mesas de gravidade,
uma para cada tamanho de sementes de soja, da marca
OLIVER, modelo 4800A, do tipo retangular (Figura 2).
Figura 2 - Mesa de gravidade da marca OLIVER, modelo 4800A.
Utilizaram-se sementes de soja de quatro cultivares:
M7639RR (5,5 e 6,5 mm), 8 527RR (5,5 e 6,5 mm), M8766RR
(4,75 e 5,75 mm) e BRS VALIOSA RR (5,5 e 6,5 mm), oriundas
de seis campos de produção de sementes. Analisaram- se seis
amostras de sementes por cultivar coletadas previamente de
quatro posições (1,2,3,4) do eixo terminal da mesa de
gravidade, conforme figura 3. A posição 1 representou a parte
mais alta do eixo terminal da mesa de gravidade. A posição 2
representou a parte alta da mesa de gravidade. A posição 3
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
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representou a parte intermediária baixa da mesa de gravidade
e a posição 4 representou a parte baixa da mesa de gravidade.
Figura 3 - Posições do eixo terminal de descarga da mesa de gravidade onde foram retiradas as amostras para análise.
1
2
3
4
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
151
As sementes obtidas em cada uma das posições do
eixo terminal de descarga da mesa de gravidade foram
submetidas ao teste de tetrazólio. Foram coletadas 50
sementes por tratamento, em quatro subamostras, que foram
colocadas para embeber em rolo de papel (tipo Germitest),
por 16 horas e em estufa regulada a 25°C. Após esse
período, as sementes foram transferidas para copos plásticos
totalmente imersos em solução de tetrazólio na concentração
de 0,075% e submetidas a 45°C por aproximadamente 180
minutos, em estufa e no escuro. Após o desenvolvimento da
coloração, foram feitas as avaliações de vigor (TZ 1-3),
viabilidade (TZ 1-5), dano mecânico (TZ 1-8) dano umidade
(TZ 1-8) e dano de percevejo (TZ 1-8), de acordo com França
Neto et aI. (1988).
A análise estatística dos dados foi obtida pelo
delineamento em blocos casualizados, com quatro
tratamentos (posições da mesa de gravidade) e seis
repetições separadamente para cada cultivar e tamanho de
sementes. As comparações de médias para cada cultivar
foram efetuadas pelo teste de Tukey, em nível de 5% de
probabilidade de erro.
Na Tabela 1, são apresentados os resultados do teste
de tetrazólio, nas frações de sementes de soja
descarregadas nas mesas de gravidade para a cultivar
M7639RR. Com relação aos resultados de viabilidade e vigor
para ambos os tamanhos de sementes, observa-se que as
sementes retiradas nas posições 1 e 2 (semente boa)
apresentaram maior viabilidade do que as sementes
consideradas descarte (posição 4 - parte baixa da mesa de
gravidade). Na posição 3 (parte intermediária baixa),
apresentaram sementes com qualidade intermediária,
mostrando porque essa fração se constitui em repasse.
Os níveis de vigor mostrados na Tabela 1 são
classificados como vigor alto segundo Marcos Filho et al.,
(1999).
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
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Com relação aos atributos físicos, na Tabela 1, para
ambos os tamanhos de sementes, a análise dos dados
mostrou que houve uma alta porcentagem de danos por
umidade nas sementes de soja (acima de 80%), que mesmo
com níveis de viabilidade e vigor alto, poderão acarretar em
perdas de qualidade fisiológica durante o armazenamento. O
padrão de qualidade interna da empresa para esse quesito é
inferior a 50%, isto mostra que se deve aprimorar a colheita
das sementes, efetuando-a em tempo certo, para reduzir o
dano por umidade, já que nesse período houve precipitações
pluviais diárias por um período de mais de 40 dias.
Quanto aos dados do dano mecânico, o programa de
controle de qualidade da empresa instituiu como padrão o valor
de até 20%, 10% na colheita, feito pelo teste de hipoclorito de
sódio e 10% durante o beneficiamento avaliados pelo teste de
tetrazólio. Observa-se na Tabela 1, para a peneira 5,5 mm,
que não houve diferença entre as sementes das posições da
mesa de gravidade, porém as sementes das posições 1 e 2
ficaram dentro do padrão da empresa que é inferior a 20%.
Na mesa de gravidade de peneira 6,5 mm, somente as
sementes da posição 1 foram inferiores as sementes das
demais posições, porém as posições 1 e 2 ficaram dentro do
padrão da empresa.
O dano mecânico latente manifesta-se quando as
sementes são manuseadas com altos teores de água,
provocando lesões que nem sempre podem ser observadas
pelas características externas das sementes no momento da
colheita, mas tem evolução acentuada durante o
armazenamento, contribuindo de forma significativa para a
deterioração do vigor das sementes, sendo detectados pelo
teste de tetrazólio.
Quanto ao dano por percevejo, o padrão interno do
controle de qualidade da empresa é inferior a 25%. Logo na
Tabela 1, para ambos os tamanhos de sementes, as
sementes de soja de todas as posições estão de acordo
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
153
com o padrão, porém observa-se que as sementes de
maior qualidade apresentaram menores valores absolutos nas
porcentagens de dano por percevejo.
Analisado o conjunto todo da Tabela 1, para ambos os
tamanhos de sementes e posições do eixo terminal da mesa
de gravidade, verifica-se que o melhor aproveitamento de
sementes de soja se dá pelas sementes das posições 1, 2 e
3, descartando as sementes da posição 4.
Tabela 1 - Resultado do teste de tetrazólio aplicado as sementes de soja da cultivar M7639RR, das peneiras 5,5 e 6,5 mm recolhidas em quatro posições do eixo terminal de descarga da mesa de gravidade do ano agrícola 2010/11.
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 5,5mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
1 96 a 91 a 60 a 20 a 25 a
2 96 a 87 ab 67 ab 25 a 22 a
3 90 ab 83 b 72 a 28 a 26 a
4 85 b 75 c 72 ab 31 a 27 a
CV (%) 4 6 11 27 31
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 6,5mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
1 96 a 90 a 69 a 26 a 18 a
2 95 a 87 ab 75 a 26 a 21 ab
3 90 ab 84 b 72 a 31 a 21 ab
4 88 b 81 c 73 a 36 a 22 b
CV (%) 4 5 7 27 31
*1= Parte alta (semente boa); 2 = Intermediária alta (semente boa); 3 =
Intermediária baixa (repasse); 4 = Parte baixa (descarte).
Na Tabela 2, são apresentados os resultados do teste de
tetrazólio, nas frações de sementes de soja descarregadas na
mesa de gravidade para a cultivar M8527RR. Com relação aos
resultados de viabilidade das sementes, para ambos os
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
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tamanhos de sementes, observa-se que as sementes obtidas
nas posições 1 e 2 (semente boa) são as que apresentaram
maior viabilidade em relação a posição 4 (considerada
descarte), mas não diferindo estatisticamente da posição 3
(repasse).
Já para os dados de vigor, apresentados na Tabela 2, observa-
se que para ambas as peneiras as posições 1 e 2 foram as que
apresentaram maior vigor, em relação a posição 4, mas
também não diferindo estatisticamente da posição 3.
Observa-se na Tabela 2, que houve uma alta porcentagem de
danos por umidade nas sementes de soja, para ambas as
peneiras. Sendo o padrão de qualidade interna da empresa
inferior a 50%, isto mostra que se deve aprimorar a colheita das
sementes. Quanto aos danos mecânicos, o padrão do controle
de qualidade da empresa institui como padrão de até 20%. O
que pode se observar é que para peneira de 5,5 mm, que
houve diferença entre as sementes das posições 1 e 2, estas
ficando dentro do padrão da empresa. Já para peneira de 6,5
mm, somente as sementes da posição 1 foram inferiores as
sementes das demais posições, porem as posições 1 e 2
ficaram dentro do padrão da empresa.
Quanto ao dano por percevejo, o padrão interno do controle de
qualidade da empresa é inferior a 25%. De acordo com os
resultados da Tabela 2, para a peneira de 5,5 mm, as posições
que ficaram de acordo com os padrões da empresa foram a 1 e
a 2, e para peneira 6,5 mm, todas as posições estão de acordo
o padrão da empresa.
Tabela 2 - Resultado do teste de tetrazólio aplicado as sementes de soja da cultivar M8527RR, das peneiras 5,5 e 6,5 mm recolhidas em quatro posições do eixo terminal de descarga da mesa de gravidade do ano agrícola 2010/11.
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 5,5mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
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1 96 a 91 a 60 a 20 a 25 a
2 96 a 87 ab 67 ab 25 a 22 a
3 90 ab 83 b 72 a 28 a 26 a
4 85 b 75 c 72 ab 31 a 27 a
CV (%) 4 6 11 27 31
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 6,5mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
1 96 a 90 a 69 a 26 a 18 a
2 95 a 87 ab 75 a 26 a 21 ab
3 90 ab 84 b 72 a 31 a 21 ab
4 88 b 81 c 73 a 36 a 22 b
CV (%) 4 5 7 27 31
*1= Parte alta (semente boa); 2 = Intermediária alta (semente boa); 3 = Intermediária baixa (repasse); 4 = Parte baixa (descarte).
Na Tabela 3 são apresentados os resultados do
teste de tetrazólio, nas frações de sementes de soja
descarregadas na mesa de gravidade para a cultivar
M8766RR. Com relação aos resultados de viabilidade das
sementes, para ambos os tamanhos de sementes, observa-se
que as sementes obtidas nas posições 1 e 2 (semente boa) e
posição 3 (repasse), apresentaram maior viabilidade do que
as sementes da posição 4 (consideradas descarte).
Para os dados de vigor, na Tabela 3, observa-se que
para peneira 4,75 mm de diâmetro das sementes de soja, as
posições 1, 2 e 3, apresentaram maior vigor do que as
sementes da posição 4. Para a mesa de gravidade de peneira
5,75 mm as posições 1 e 2 apresentaram maior vigor que
a posição 3 que por sua vez apresentou maior vigor que a
posição 4. Para ambos os tamanhos de sementes somente
a posição 4 apresentou nível de vigor classificado como
nível médio, segundo Marcos Filho et al. (1999).
Com relação aos atributos físicos, na Tabela 3, a
análise dos dados de dano de umidade mostrou que às
sementes da posição 1 apresentaram os dados dentro dos
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
156
padrões da empresa que é inferior a 50%. Para os dados da
mesa de gravidade de peneira 4,75 as posições 2 e 3 não
apresentaram diferença entre si, porém se constituíram em
sementes boas compondo a posição de repasse. Para os
dados de peneira 5,75 mm o repasse se localizou nas
sementes de soja da posição 2.
Quanto aos dados do dano mecânico, para ambos os
tamanhos de sementes, observa-se na Tabela 3, que todas
as sementes das diferentes posições não se enquadraram
nos padrões da empresa que é inferior a 20%. Somente a
posição 4 para ambos os tamanhos de sementes de soja
apresentou dados superiores as demais posições.
Quanto ao dano por percevejo, o padrão da empresa
é porcentagem de dano inferior a 25%, logo na Tabela 3, para
ambos os tamanhos de sementes, as sementes de soja não
apresentaram diferença quanto às posições. Nota-se em
valores absolutos que sementes de maior qualidade
apresentaram menores porcentagens de dano por percevejo.
Analisado o conjunto todo da Tabela 3, para ambos os
tamanhos de sementes e posições do eixo terminal da mesa
de gravidade, verifica-se que o melhor aproveitamento de
sementes de soja se da pelas posições 1, 2 e 3, descartando
a posição 4. Na Tabela 4 são apresentados os resultados do
teste de tetrazólio, nas frações de sementes de soja
descarregadas nas mesas de gravidade da cultivar BRS
VALIOSA RR. Para os dados de peneira 5,5 mm de
diâmetro, observa-se que as sementes obtidas das posições
1 e 2 apresentaram maior viabilidade do que as sementes
da posição 3 e da posição 4 (descarte). Para os dados
da peneira 6,5 mm, observa-se que a posição 1 apresenta
maior viabilidade do que as posições 3 e 4. A posição 2
apresenta sementes em transição. Nota-se que para ambos
os tamanhos de sementes a viabilidade das sementes das
posições 1 e 2, estão acima dos níveis aceitáveis que é 80%.
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
157
Tabela 3 - Resultado do teste de tetrazólio aplicado as sementes de soja da cultivar M8766RR, das peneiras 4,75 e 5,75 mm recolhidas em quatro posições do eixo terminal de descarga da mesa de gravidade do ano agrícola 2010/11.
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 4,75mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
1 98 a 91 a 50 a 20 a 22 a
2 96 a 89 a 54 ab 22 a 20 a
3 93 a 86 a 54 ab 24 a 26 a
4 83 b 74 b 65 b 35 b 20 a
CV (%) 5 5 16 22 28
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 5,75mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
1 97 a 92 a 46 a 22 a 24 a
2 96 a 89 a 57 ab 22 a 27 a
3 92 a 82 b 71 b 28 a 23 a
4 82 b 72 c 64 b 43 b 27 a
CV (%) 5 5 16 222 28
*1= Parte alta (semente boa); 2 = Intermediária alta (semente boa); 3 = Intermediária baixa (repasse); 4 = Parte baixa (descarte).
Para os dados de vigor, na Tabela 4, observa-se que
para ambos os tamanhos de sementes, as posições 1 e 2,
apresentaram níveis altos de vigor. A posição 3 apresentou
níveis médios de vigor e a posição 4 apresentou níveis
baixos de vigor, segundo Marcos Filho Et al. (1999).
Na Tabela 4, com relação aos atributos físicos mostra
que para ambos os tamanhos de sementes, houve uma alta
porcentagem de danos por umidade nas sementes de soja
(acima de 80%), o que poderá acarretar em perdas de
qualidade fisiológica durante o armazenamento. Isto mostra
que se deve aprimorar a questão da colheita das sementes em
tempo certo para reduzir o dano por umidade.
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
158
Quanto aos dados do dano mecânico, para ambos os
tamanhos de sementes, observa-se na Tabela 4, que as
posições 1 e 2 apresentaram porcentagens de dano mecânico
menor que a posição 4. A posição 3 apresentou sementes de
repasse. Entretanto todas as posições apresentaram sementes
fora do padrão da empresa que é inferior a 20%.
Quanto ao dano por percevejo, o padrão da empresa é
de até 25%, logo na Tabela 4, para peneira 5,5 mm de
diâmetro, as sementes de soja das posições 1 e apresentaram
porcentagem de dano inferior a 25%. Observa-se que as
sementes de maior qualidade apresentaram menores valores
absolutos nas porcentagens de dano por percevejos. Para os
dados da peneira 6,5 mm, a posição 1 apresentou
porcentagem menor de dano de percevejo do que aquelas
provenientes da posição 4. As posições 2 e 3 apresentaram
porcentagem de dano de percevejo em transição,
caracterizando nessas posições o repasse.
Analisado o conjunto todo da Tabela 4, para ambos os
tamanhos de sementes e posições do eixo terminal da mesa
de gravidade, verifica-se que o melhor aproveitamento de
sementes de soja se dá na posição 2, descartando as
posições 3 e 4.
Tabela 4. Resultado do teste de tetrazólio aplicado as sementes
de soja da cultivar BRS VALIOSA RR, das peneiras 5,5 e 6,5
mm recolhidas em quatro posições do eixo terminal de descarga
da mesa de gravidade do ano agrícola 2010/11.
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 5,5mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
1 91 a 83 a 86 a 26 a 23 a
2 90 a 82 a 82 a 26 a 22 a
3 78 b 68 b 85 a 36 ab 28 a
4 62 c 53 c 85 a 44 b 31 a
Tetrazólio e qualidade de sementes de soja beneficiadas na mesa de gravidade.
159
CV (%) 7 6 7 22 25
Posição do eixo terminal da MG
PENEIRA 6,5mm
VIABILIDADE VIGOR DANO
UMIDADE DANO
MECÂNICO DANO
PERCEVEJO
1 92 a 85 a 82 a 25 a 20 a
2 89 ab 81 a 81 a 26 a 26 ab
3 81 b 70 b 88 a 36 ab 31 ab
4 63 c 52 c 89 a 45 b 33 b
CV (%) 7 6 7 22 25
*1= Parte alta (semente boa); 2 = Intermediária alta (semente boa); 3 = Intermediária baixa (repasse); 4 = Parte baixa (descarte).
Após análise dos dados considera-se que o teste de
tetrazólio é uma ferramenta utilizada para auxiliar na indicação
de regulagens das mesas de gravidade das unidades de
beneficiamento de soja, uma vez que fornecem dados
aprimorados de viabilidade, vigor, dano por umidade, dano
mecânico e dano por percevejo, nas diferentes posições do
eixo terminal de descarga da mesa de gravidade. O teste
de tetrazólio é rápido e fornece mais embasamento técnico
para as tomadas de decisão.
A análise dos dados de viabilidade, vigor, dano de
umidade, dano mecânico e dano de percevejos é o correto
instrumento das tomadas de decisões durante o beneficiamento
em comparação aos métodos visuais de regulagens, cujos
critérios de tomadas de decisão ficam menos apurados e
passíveis de equívocos, com consequentes prejuízos aos
produtores.
Após análise dos dados pode-se sugerir a implantação
de uma metodologia utilizando o teste de tetrazólio que auxilie
ainda mais a empresa a realizar trabalhos de acabamento das
sementes, trazendo melhores resultados e benefícios.
A regulagem visual da mesa de gravidade fica muito
aquém comparativamente aos dados analisados do resultado
teste de tetrazólio uma vez que cada responsável pela
Produção Técnico-Científica em Sementes - Volume I
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regulagem da máquina interpreta da sua maneira, podendo
ter diversas interpretações e passiveis de equívocos.
Pela análise e interpretação dos dados pode-se sugerir a
utilização do teste de tetrazólio como alternativa para auxiliar
na indicação das regulagens das mesas de gravidade.
O teste da canequinha também é indicado para
auxiliar nas regulagens das mesas de gravidade. Consegue-
se com ele regular as mesas de gravidade para se obter o
máximo de diferença de peso volumétrico entre as posições
1 e 4, entretanto, não mapeia os atributos físicos e
fisiológicos como viabilidade, vigor, dano por umidade, dano
mecânico e dano de percevejo os quais indicam o potencial de
sementes.
Nem sempre a análise estatística dos dados favorecerá
a tomada de decisão quanto à qualidade, devendo os dados
ser analisados pelo gestor de qualidade de forma a obter a
semente de melhor qualidade possível, mas de forma rentável.
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