teoria do crime...2008/02/03 · formal de distinção entre crime e contravenção (art. 1º da...
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Teoria do Crime
Infração Penal
Em nosso sistema jurídico, infração penal é
gênero que se refere de forma abrangente aos
crimes/delitos (expressões sinônimas) e às
contravenções penais, como espécies.
O legislador adotou um critério meramente
formal de distinção entre crime e contravenção
(Art. 1º da Lei de Introdução ao Código Penal -
Decreto-Lei nº 3914/1941)
CRIME X CONTRAVENÇÃO
Crime é a infração penal a que a lei comina
pena de reclusão ou detenção (art. 33, CP),
quer isoladamente, quer alternativa ou
cumulativamente com a pena de multa.
Contravenção é a infração penal a que a lei
comina, isoladamente, pena de prisão simples
("sem rigor penitenciário em estabelecimento
especial art. 6º, LCP) ou de multa, ou ambas,
alternativa ou cumulativamente.
Art. 28, da Lei 11343/2006
Art. 28. Quem adquirir, guardar, tiver em
depósito, transportar ou trouxer consigo,
para consumo pessoal, drogas sem
autorização ou em desacordo com
determinação legal ou regulamentar será
submetido às seguintes penas:
I - advertência sobre os efeitos das drogas;
II - prestação de serviços à comunidade;
III - medida educativa de comparecimento a
programa ou curso educativo.
Controvérsia acerca do art. 28
1) criou uma infração penal sui generis (Houve
descriminalização formal) – não é crime nem
contravenção.
2) continua sendo crime – houve apenas
despenalização moderada (STF).
3) houve descarcerização (desprisionalização)
RE 635659, com repercussão geral.
O relator, ministro Gilmar Mendes, votou pela inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas (Lei 11.343/2006, pois a criminalização estigmatiza o usuário e compromete medidas de prevenção e redução de danos.
Destacou também que se trata de uma punição desproporcional do usuário, ineficaz no combate às drogas, além de infligir o direito constitucional à personalidade.
O relator declarou a inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei de Drogas sem redução de texto, de forma a preservar a aplicação na esfera administrativa e cível das sanções previstas para o usuário, como advertência, prestação de serviços à comunidade e comparecimento em curso educativo. Os efeitos não penais das disposições do artigo 28 devem continuar em vigor como medida de transição, enquanto não se estabelecem novas regras para a prevenção e combate ao uso de drogas.
Na sessão do dia 10/09/2015, o ministro Gilmar Mendes ajustou seu voto original para declarar a inconstitucionalidade, com redução de texto, da parte do artigo 28 que prevê a pena de prestação de serviços à comunidade, por se tratar de pena restritiva de direitos.
Nos casos de flagrante por tráfico de drogas, a fim de dar validade à prisão preventiva, será necessária a apresentação imediata do autor à presença do juiz.
Essa medida seria necessária a fim de evitar que usuários sejam presos preventivamente por tráfico sem provas suficientes, atribuindo ao juiz a função de analisar as circunstâncias do ato e avaliar a configuração da hipótese de uso ou de tráfico.
A descriminalização do uso não significa a legalização ou liberalização da droga, que continua a ser repreendida por medidas legislativas sem natureza penal, assentando que podem haver outras medidas adequadas para lidar com o problema. Quanto à opção tomada pelo legislador brasileiro na Lei 11.343/2006, que retirou do ordenamento a previsão da pena de privação de liberdade,
a manutenção do uso como tipo penal acaba tendo ainda assim efeitos nocivos para o usuário e para a política de drogas.
“Apesar do abrandamento das consequências penais da posse de drogas para consumo pessoal, a mera previsão da conduta como infração de natureza penal tem resultado em crescente estigmatização, neutralizando, com isso, os objetivos expressamente definidos
no sistema nacional de políticas sobre drogas, em relação a usuários e dependentes, em sintonia com políticas de redução de danos e prevenção de riscos.”
O uso de drogas, em seu entendimento, é conduta que coloca em risco a pessoa do usuário, não cabendo associar a ele o dano coletivo possivelmente causado à saúde e segurança públicas.
“Ainda que o usuário adquira as drogas mediante o contato com o traficante, não se pode imputar a ele os malefícios coletivos decorrentes da atividade ilícita.
Esses efeitos estão muito afastados da conduta em si do usuário.
A ligação é excessivamente remota para atribuir a ela efeitos criminais”, afirma.
O ministro Gilmar Mendes entende que a criminalização acaba interferindo no direito de construção da personalidade dos usuários, principalmente os jovens, mais sujeitos à rotulação imposta pelo tipo penal, classificados como criminosos por uma conduta que, se tanto, implica apenas autolesão.
“Tenho que a criminalização da posse de drogas para uso pessoal é inconstitucional, por atingir, em grau máximo e desnecessariamente, o direito ao desenvolvimento da personalidade em suas várias manifestações, de forma, portanto, claramente desproporcional”, afirma.
Em voto-vista apresentado ao Plenário, o ministro Fachin se pronunciou pela declaração de inconstitucionalidade do artigo 28 da Lei 11.343/2006, que criminaliza o porte de drogas para consumo pessoal, restringindo seu voto à maconha, droga apreendida com o autor do recurso. O ministro explicou que, em temas de natureza penal, o Tribunal deve agir com autocontenção, “pois a atuação fora dos limites circunstanciais do caso pode conduzir a intervenções judiciais desproporcionais”.
O ministro Roberto Barroso também limitou seu voto à descriminalização da droga objeto do RE e propôs que o porte de até 25 gramas de maconha ou a plantação de até seis plantas fêmeas sejam parâmetros de referência para diferenciar consumo e tráfico. Esses critérios valeriam até que o Congresso Nacional regulamentasse a matéria.
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME
Fato típico
• Conduta
• Tipicidade
• Relação de Causalidade
• Resultado
Ilicitude
• Estado de Necessidade
• Legítima Defesa
• Estrito Cumprimento do dever legal
• Exercício Regular de direito
Culpabilidade
• Imputabilidade
• Potencial Consciência da Ilicitude
• Exigibilidade de conduta diversa
1) TEORIA CLÁSSICA OU PSICOLÓGICA DA
CULPABILIDADE (SISTEMA CAUSAL-
NATURALISTA DE LISZT- BELING)
Conceito analítico do delito (Aspectos):
Externo (Injusto Penal) – objetivo – ação típica
e antijurídica
Interno – subjetivo – culpabilidade (vínculo
psicológico que liga o agente ao fato praticado).
A AÇÃO era o movimento humano voluntário que
causava uma alteração no mundo exterior
(resultado naturalístico).
Englobava o ato de vontade e o resultado.
O TIPO PENAL tinha a função fundamental de
descrever objetivamente as condutas, prevendo,
ainda, o resultado.
A ANTIJURIDICIDADE (natureza objetiva) era a
comprovação de que a conduta contrariava a lei
penal, sem necessidade de aferir-se o elemento
subjetivo.
As EXCLUDENTES DE ILICITUDE era aferidas
objetivamente, bastando enquadrar objetivamente
a conduta na situação definida na causa de
justificação sem perquirir a consciência e a
vontade.
Para o sistema causal-naturalista, fundado em
uma visão empírica do conhecimento, a
CULPABILIDADE compreendia o aspecto
interno do delito, nela se denunciando o
vínculo psicológico que unia o agente ao fato
praticado, por isso ficou conhecida como
teoria psicológica da culpabilidade ou sistema
clássico.
A CULPABILIDADE era o vínculo psicológico
que unia o agente ao fato por ele praticado.
Dolo e culpa eram espécies de culpabilidade.
A imputabilidade era pressuposto da
culpabilidade, para a indagação do elemento
anímico.
Problemas: omissão e culpa inconsciente.
2) TEORIA NORMATIVA (FRANK) OU
PSICOLÓGICO-NORMATIVA
(SISTEMA NEOCLÁSSICO –
METODOLOGIA NEOKANTIANA)
A AÇÃO deixa de ser absolutamente natural e
passa a admitir um sentido normativo, que permite
a compreensão da ação e da omissão.
O TIPO PENAL agrega elementos descritivos e
normativos e insere alguns elementos subjetivos
específicos (ex.: animus injuriandi).
INJUSTO PENAL – NOVA RELAÇÃO ENTRE A
TIPICIDADE E A ANTIJURIDICIDADE.
A Tipicidade deixa de ser mero indício de ilicitude
(ratio cognoscendi) e passa a ser a razão de
sua existência (ratio essendi).
A ANTIJURIDICIDADE passa a conter um juízo de desvalor material: danosidade social. Aspectos da antijuridicidade: Formal – oposição à norma. Material – danosidade social.
Ante a influência de ideias neokantianas, no
sistema neoclássico a CULPABILIDADE passa
a ser vista como um juízo de censura ou
reprovação, introduzindo-se elemento
normativo ao que tinha cunho apenas
psicológico.
Assim, para a punição, não bastava a
existência de vínculo subjetivo, mas era
necessário que se pudesse, naquelas
condições, exigir do agente uma conduta
conforme o direito.
Por agregar ao dolo e à culpa como elementos
de culpabilidade outros de natureza normativa,
esta teoria ficou conhecida como psicológico-
normativa, neoclássica ou complexa.
Assim, a CULPABILIDADE passa a ser o juízo
de desaprovação jurídica (NORMATIVA) do ato
que recai sobre o autor.
Elementos:
A IMPUTABILIDADE deixa de ser pressuposto
da culpabilidade e passa a ser seu elemento.
Imputabilidade é a possibilidade de se
responder penalmente ante a real consciência
da ilicitude e de se determinar conforme este
entendimento
Culpa é uma vontade defeituosa.
Exigibilidade de conduta diversa.
DOLO (vontade e consciência de realizar o fato
proibido) e CULPA (vontade defeituosa) – são
espécies de culpabilidade.
DOLUS MALUS – além da vontade, exige-se o
consciência da ilicitude do fato – elemento
normativo. O dolo é consciência e vontade de
realizar uma conduta, com conhecimento da
ilicitude do fato.
A INEXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA era causa geral de exclusão da culpabilidade.
3) TEORIA DA AÇÃO FINAL (WELZEL) OU
TEORIA NORMATIVA PURA (SISTEMA
FINALISTA)
A AÇÃO é o exercício de atividade final; é um agir
orientado conscientemente ao fim.
O TIPO PENAL COMPLEXO
TIPO OBJETIVO (elementos descritivos e
normativos);
TIPO SUBJETIVO:
O DOLO – é transportado da culpabilidade para
o fato típico e, afastado de sua carga
normativa, passa a ser dolo NATURAL.
O TIPO DOLOSO é a ação final dirigida à
realização de resultado socialmente
intolerável.
A CULPA é a violação do dever de cuidado
exigido no âmbito das relações.
O TIPO CULPOSO é a execução da ação final
em relação às consequências socialmente
intoleráveis que o autor pensa que não
ocorrerão (consciente) ou sequer representa
sua ocorrência (inconsciente).
A ANTIJURIDICIDADE.
Aspectos:
•objetivo.
•Subjetivo.
No sistema finalista, a CULPABILIDADE passa
a um juízo de censura endereçado ao agente,
por não ter agido conforme a norma quando
podia fazê-lo, restando-lhe apenas elementos
normativos de valoração, razão pela qual é
conhecida como teoria normativa pura.
Assim, a CULPABILIDADE conserva apenas os
elementos de natureza NORMATIVA:
•IMPUTABILIDADE.
•POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE.
•EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA
FATO TÍPICO
São elementos do fato típico:
conduta, em seu sentido jurídico
penal;
Tipicidade;
relação de causalidade (nexo
causal);
resultado.
CONDUTA
Conceito: é toda ação ou omissão
(comportamento) humana, dotada
de voluntariedade e consciência e
que tenha dado causa (dirigida
finalisticamente) à produção de um
resultado típico (jurídico).
Formas de manifestação da conduta (ação ou omissão)
Conduta comissiva - a conduta
penalmente relevante pode se manifestar
de forma ativa, quando há um movimento
qualquer do agente percebido pelo
mundo exterior (causalismo) – ação.
O agente direciona sua conduta a uma
finalidade ilícita (finalismo).
Formas de manifestação da conduta
Conduta omissiva - há uma abstenção
de uma atividade que era imposta pela
lei ao agente, ou seja, de uma atividade
juridicamente exigida.
Assim, a conduta omissiva é uma
atitude psicológica e física de não-
atendimento da ação esperada, que
devia e podia ser praticada (conduta
negativa - conceito normativo).
Crime omissivo próprio (puro ou simples)
O tipo descreve uma conduta negativa, de não
fazer o que a lei determina, consistindo a
omissão na transgressão da norma jurídica e
não sendo necessário qualquer resultado
naturalístico.
Há um dever de proteção, que pode ser
dirigido a todos indistintamente ou a pessoas
determinadas.
Ex.: art. 135, CP - omissão de socorro.
Ex.: art. 13 de lei 10826/2003.
Crime omissivo impróprio (comissivo por omissão ou omissivo qualificado) Há um dever especial de proteção.
A ação esperada é dirigida a uma pessoa
especificamente, que tenha a vinculação com
a preservação do bem jurídico.
O agente garantidor ou garante (art. 13, §2º,
CP) é quem tem o dever jurídico de agir para
evitar o resultado.
Agente garantidor art. 13, § 2º, CP
1) por força de lei tem obrigação de cuidado,
proteção ou vigilância (pais para com os filhos,
o policial para com a sociedade e etc.); ou
2) de outra forma assumiu a responsabilidade
de impedir o resultado; ou
3) de forma explícita ou por ingerência que cria
o risco.
Comportamento Humano
Conduta é comportamento humano.
A Constituição Federal de 1988 (art. 225, §3º)
fez a previsão de responsabilidade para a
pessoa jurídica, no tocante a dano ambiental
(art. 3º e 21, da lei 9605/98).
A rigor, não se fala em conduta de pessoa
jurídica, já que imputabilidade jurídico-penal
é uma qualidade inerente aos seres
humanos. Na verdade, quem pratica a
conduta são seus sócios, diretores etc.
ARTIGO 225, § 3º, CR/88
As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio
ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas,
a sanções penais e administrativas, independentemente da
obrigação de reparar os danos causados.
Ainda há controvérsia doutrinária acerca da matéria.
Parte da doutrina não admite a responsabilidade penal da pessoa
jurídica, argumentando a sua completa impossibilidade de se
adaptar à teoria do crime porque:
1)não se pode falar em vontade, em sentido psicológico, no ato de
uma pessoa jurídica;
2)não há como aferir a culpabilidade, já que a imputabilidade é
qualidade inerente à pessoa humana;
3) por força da intervenção mínima e subsidiariedade do Direito
Penal, outros ramos do Direito seriam suficientes para dar a
resposta adequada às infrações ambientais.
Sustenta-se que não se pode tipificar como ilícito penal algo que é
essencialmente de natureza civil. Desse conceito se extrai a
inadmissibilidade da pessoa jurídica praticar um crime dentro da
estrutura original do nosso Direito Penal.
De outro lado, considera-se que há responsabilidade penal para a
pessoa jurídica juntamente com as pessoas que atuam em seu
nome ou em seu benefício: TEORIA DA DUPLA IMPUTAÇÃO
Nos crimes ambientais, é necessária a dupla imputação, pois
não se admite a responsabilização penal da pessoa jurídica
dissociada da pessoa física, que age com elemento subjetivo
próprio.
RMS 27.593/SP, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS
MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 04/09/2012, DJe 02/10/2012)
A necessidade de dupla imputação nos crimes ambientais não tem
como fundamento o princípio da indivisibilidade, o qual não tem
aplicação na ação penal pública.
Aplica-se em razão de não se admitir a responsabilização penal da
pessoa jurídica dissociada da pessoa física.
(AgRg no REsp 898.302/PR,, SEXTA TURMA, DJe 17/12/2010)
INFORMATIVO 639/STF
É possível a condenação de pessoa jurídica pela prática de crime
ambiental, ainda que haja absolvição da pessoa física relativamente
ao mesmo delito.
Com base nesse entendimento, a 1ª Turma manteve decisão de
turma recursal criminal que absolvera gerente administrativo
financeiro, diante de sua falta de ingerência, da imputação da
prática do crime de licenciamento de instalação de antena por
pessoa jurídica sem autorização dos órgãos ambientais.
Salientou-se que a conduta atribuída estaria contida no tipo
penal previsto no art. 60 da Lei 9.605/98.
Reputou-se que a Constituição respaldaria a cisão da
responsabilidade das pessoas física e jurídica para efeito
penal.
RE 628582 AgR/RS rel. Min. Dias Toffoli, 6.9.2011
INFORMATIVO 714 STF (RE-548181)
É admissível a condenação de pessoa jurídica pela prática de
crime ambiental, ainda que absolvidas as pessoas físicas
ocupantes de cargo de presidência ou de direção do órgão
responsável pela prática criminosa.
Com base nesse entendimento, a 1ª Turma, por maioria, conheceu,
em parte, de recurso extraordinário e, nessa parte, deu-lhe
provimento para cassar o acórdão recorrido.
Neste, a imputação aos dirigentes responsáveis pelas condutas
incriminadas (Lei 9.605/98, art. 54) teria sido excluída e, por isso,
trancada a ação penal relativamente à pessoa jurídica.
(...) No mérito, anotou-se que a tese do STJ, no sentido de que a
persecução penal dos entes morais somente se poderia ocorrer se
houvesse, concomitantemente, a descrição e imputação de uma
ação humana individual,
sem o que não seria admissível a responsabilização da pessoa
jurídica, afrontaria o art. 225, § 3º, da CF.
Sublinhou-se que, ao se condicionar a imputabilidade da pessoa
jurídica à da pessoa humana, estar-se-ia quase que a subordinar a
responsabilização jurídico-criminal do ente moral à efetiva
condenação da pessoa física.
Ressaltou-se que, ainda que se concluísse que o legislador
ordinário não estabelecera por completo os critérios de
imputação da pessoa jurídica por crimes ambientais, não
haveria como pretender transpor o paradigma de imputação
das pessoas físicas aos entes coletivos.
Vencidos os Ministros Marco Aurélio e Luiz Fux, que negavam
provimento ao extraordinário. Afirmavam que o art. 225, § 3º, da
CF não teria criado a responsabilidade penal da pessoa jurídica.
Para o Min. Luiz Fux, a mencionada regra constitucional, ao
afirmar que os ilícitos ambientais sujeitariam “os infratores,
pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas”,
teria apenas imposto sanções administrativas às pessoas
jurídicas.
Discorria, ainda, que o art. 5º, XLV, da CF teria trazido o
princípio da pessoalidade da pena, o que vedaria qualquer
exegese a implicar a responsabilidade penal da pessoa
jurídica.
Por fim, reputava que a pena visaria à ressocialização, o que
tornaria impossível o seu alcance em relação às pessoas
jurídicas.
RE 548181/PR, rel. Min. Rosa Weber, 6.8.2013
Voluntariedade e Consciência
Se não houver vontade dirigida a uma
finalidade qualquer, não há conduta.
É voluntária a conduta em que o agir ou o não
agir tenha derivado da vontade do agente.
Assim, a conduta voluntária é aquela em que
não ocorreu qualquer força exterior que tenha
determinado a ação ou omissão.
Não há conduta nas seguintes hipóteses:
Força irresistível - A força física irresistível
pode ser proveniente de evento da natureza ou
do acaso ou da ação de terceiro (coação física
irresistível - vis absoluta).
Movimentos reflexos - Também não há
conduta voluntária do agente quando sua ação
deriva de reflexos ou impulsos naturais, que o
sujeito não possa controlar.
Estados de Inconsciência - Não haverá
conduta penalmente relevante quanto esta for
inconsciente.
Além da voluntariedade, a consciência é
requisito fundamental para existência de
conduta penalmente relevante.
Condutas praticadas em estado de
inconsciência, sendo ativas ou omissivas, não
terão sentido jurídico penal.
Ex.: sujeito sonâmbulo ou epilético ou em
estado de hipnose
TIPICIDADE PRINCÍPIO DA LEGALIDADE PENAL OU DA
RESERVA LEGAL
O tipo penal deriva basicamente do
reconhecimento do princípio da legalidade
penal. (art. 5º, XXXIX, CR/88 e art. 1º, CP)
O princípio da legalidade surge como uma
limitação ao poder estatal de punir, com a
finalidade precípua de garantia, e o tipo penal
concretiza esse princípio.
TIPICIDADE PENAL
TIPICIDADE FORMAL
Adequação do fato à norma penal
TIPICIDADE CONGLOBANTE
Antinormatividade
Tipicidade Material
1. CONCEITO DE TIPO:
é o modelo, o padrão de conduta que o Estado, por meio da lei,
visa impedir que seja praticada ou determina que seja levada a
efeito por todos.
É a descrição precisa do comportamento humano, feita pela lei
penal.
É um instrumento legal, logicamente necessário e de natureza predominantemente descritiva, que tem por função a individualização de condutas humanas penalmente relevantes (Zaffaroni).
Quando uma conduta se adapta perfeitamente ao modelo abstrato criado pela lei penal, ocorre o fenômeno chamado tipicidade.
2. ELEMENTARES DO TIPO
Elementares são dados essenciais à figura
típica, sem os quais ocorre uma atipicidade
absoluta ou uma atipicidade relativa.
Atipicidade Absoluta - se faltar a elementar,
o fato é um indiferente penal. Não há crime.
Ex.: art. 155, CP - Furto - elementar "coisa
alheia móvel" - o sujeito subtrai o próprio
celular, supondo pertencer a outrem.
Atipicidade Relativa - se faltar a elementar,
ocorre a desclassificação. Há um outro
crime.
Ex.: art. 312, CP - Peculato - elementar
"funcionário público" - se o sujeito não é
funcionário público, a figura típica é outra:
furto, estelionato, apropriação indébita.
3. ELEMENTOS QUE INTEGRAM O TIPO
ELEMENTOS OBJETIVOS
(Tipo Objetivo)
têm a finalidade de descrever a ação, o objeto da ação
e, em sendo o caso, o resultado, as circunstâncias
externas do fato e a pessoa do autor e do sujeito
passivo.
ELEMENTOS OBJETIVOS Subdividem-se em:
Elementos descritivos - têm a finalidade de traduzir o tipo penal, isto é, de evidenciar aquilo que pode, com simplicidade ser percebido pelo intérprete. ex.: matar alguém (art. 121, CP)
Elementos normativos - são aqueles para cuja compreensão se faz necessário um juízo de valor ético ou jurídico, em virtude do sentido que lhe dá a norma. ex.: "dignidade e decoro" (art. 140, CP); "sem justa causa" (art. 153, CP).
3.2 ELEMENTOS SUBJETIVOS (Tipo Subjetivo)
Os elementos subjetivos dizem respeito à
vontade do agente, ao seu elemento anímico.
O dolo é, por excelência, o elemento subjetivo
do tipo.
Considera-se que a culpa é elemento subjetivo
do tipo.
Tipo subjetivo
Às vezes, ao lado do dolo, existem elementos subjetivos especiais, como intenções ou mesmo motivações excepcionais, que também integram o tipo subjetivo.
É o chamado especial fim de agir.
Ex.: art. 159, CP "com o fim de obter qualquer vantagem”
4. ELEMENTOS ESPECÍFICOS DOS TIPOS PENAIS
4.1 NÚCLEO
4.2 SUJEITO ATIVO
4.3 SUJEITO PASSIVO
4.4 OBJETO MATERIAL
4.1 NÚCLEO é o verbo que descreve a conduta proibida
pela lei penal, com a finalidade de evidenciar
a ação que se procura evitar ou impor.
Os Tipos podem ser uninucleares (um único
núcleo - verbo - ex.: art. 121, CP: matar
alguém)
ou plurinucleares (vários núcleos - crimes de
ação múltipla ou de conteúdo variado - ex.:
art. 33, da lei 11343/06).
4.2 SUJEITO ATIVO
é aquele que pode praticar a conduta descrita
no tipo.
Crime comum - o legislador não se preocupa
em apontar o sujeito ativo, pois a infração,
por sua natureza, pode ser cometida por
qualquer pessoa. ex.: homicídio - art. 121,
CP
Crime próprio - somente pode ser praticado
por um certo grupo de pessoas em virtude de
determinadas circunstâncias pessoais. ex.:
peculato art. 312, CP; infanticídio, art. 123,
CP.
4.3 SUJEITO PASSIVO:
Formal: é o Estado, que sofre todas as vezes que suas leis são desobedecidas.
Material: é o titular do bem ou interesse juridicamente tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa (em alguns casos pode ser o próprio Estado).
Alguns tipos penais apontam o sujeito passivo (ex.: estupro - art. 213, CP - só pode ser mulher).
Dependendo da natureza da infração penal, o sujeito passivo pode ser pessoa física ou pessoa jurídica (ex.: furto - art. 155, CP).
4.4 OBJETO MATERIAL
é a pessoa ou a coisa sobre a qual recai a
conduta criminosa do agente. ex.: furto - coisa
alheia móvel; homicídio - corpo humano
Muitas vezes, o sujeito passivo coincide com o
objeto material. ex.: homicídio.
objeto material
Não se pode confundir o objeto material com o objeto jurídico, ou seja, o bem ou interesse juridicamente tutelado. ex.: estupro: objeto material = pessoa; objeto jurídico = liberdade sexual.
Nem todos os crimes têm objeto material (ex.: art. 288, CP - quadrilha ou bando), pois só tem relevância quando a consumação depende de alteração da realidade fática (crimes materiais). Todavia, sempre haverá objeto jurídico.
5. CLASSIFICAÇÕES
5.1 TIPO BÁSICO E TIPOS DERIVADOS
TIPO BÁSICO OU FUNDAMENTAL - é a forma mais simples da descrição da conduta proibida ou imposta pela lei penal
TIPOS DERIVADOS - surgem do tipo básico em virtude de determinadas circunstâncias que podem diminuir ou aumentar a reprimenda contida naquele.
ex.: homicídio - art. 121, CP
tipo básico: caput - homicídio simples - pena: reclusão de 6 a 20 anos
tipos derivados:
§1º - homicídio privilegiado - diminuição de pena: 1/6 a 1/3
§2º - homicídio qualificado - nova margem penal (mais elevada): reclusão de 12 a 30 anos.
5.2 TIPOS FECHADOS E TIPOS ABERTOS
TIPOS FECHADOS - são aqueles que possuem a descrição
completa da conduta proibida pela lei penal.
Ex.: art. 121, CP – matar alguém.
TIPOS ABERTOS - não há a descrição completa e precisa do
modelo de conduta proibida ou imposta pela lei penal, fazendo-
se necessária sua complementação pelo intérprete.
TIPOS ABERTOS Isso ocorre pela inviabilidade de o legislador
prever e descrever todas as condutas possíveis de acontecer em sociedade.
ex.: delitos culposos - devido à variabilidade das condições ou circunstâncias de sua realização, devem ser completados por uma valoração judicial, por isso não apresentam o mesmo rigor de definição legal dos crimes dolosos.
5.3 TIPOS CONGRUENTES E TIPOS INCONGRUENTES
TIPOS CONGRUENTES - são aqueles em que a
parte subjetiva (dolo) coincide com a parte
objetiva, ou seja, o elemento subjetivo se
esgota com a prática da conduta descrita no
núcleo do tipo.
ex.: homicídio, lesões corporais simples.
TIPOS INCONGRUENTES são aqueles em que a lei estende a parte
subjetiva (dolo) além da parte objetiva (delitos
de motivo, propósito e tendência) ou quando o
elemento subjetivo se restringe frente ao tipo
objetivo (crimes preterdolosos).
TIPOS INCONGRUENTES
EX.: ART. 159, CP extorsão mediante
seqüestro - especial fim de agir - obter
vantagem;
ex.: ART. 129, §3º CP - lesão corporal seguida
de morte - crimes preterdolosos - o dolo
restringe-se a um resultado parcial e para o
resultado que o excede, causado pelo autor, é
suficiente que haja culpa (dolo no antecedente
e culpa no conseqüente).
6. TIPO DOLOSO
TIPO SUBJETIVO
O tipo subjetivo, como já visto anteriormente, diz respeito a
menções ligadas à manifestação psíquica ou anímica do
sujeito.
Conceito: dolo é a vontade e consciência dirigidas a realizar a
conduta prevista no tipo penal incriminador.
DOLO
Toda ação consciente é conduzida pela
decisão da ação (consciência do que se
quer - momento intelectual) e pela decisão a
respeito de querer realizá-lo (momento
volitivo).
Ambos os momentos, conjuntamente, como
configuradores de uma ação típica real,
formam o dolo.
especial fim de agir
A parte subjetiva do tipo é composta
primordialmente pelo DOLO, mas não
unicamente.
Em alguns crimes dolosos o legislador insere
no tipo uma menção a outra situação anímica,
psíquica, que se distingue do dolo porque não
está dirigida à realização da ação típica.
especial fim de agir
A nomenclatura que a doutrina dá a essa outra
manifestação não é pacífica.
Alguns falam em dolo específico, outros falam
em especial fim de agir, ou elemento subjetivo
do tipo distinto do dolo.
O fato é que também isso se dirige à
manifestação anímica do sujeito, mas não se
confunde com o dolo porque este se dirige
basicamente ao núcleo verbal, que compõe a
ação típica e integra o tipo objetivo do crime.
especial fim de agir
A falta do dolo ou do especial fim de agir
desaguará em uma consequência idêntica, que
é a atipicidade subjetiva da conduta.
EX.: Art. 319. Retardar ou deixar de praticar,
indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo
contra disposição expressa de lei, para
satisfazer interesse ou sentimento pessoal.
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
ano, e multa.
São três os núcleos verbais: praticar, deixar de praticar ou retardar.
O dolo se dirige à realização de uma dessas três manifestações: querer praticar, querer retardar ou querer deixar de praticar.
O tipo, além de querer uma dessas três formas de manifestação de conduta, exige que uma delas seja realizada com uma finalidade especial – para satisfazer interesse ou sentimento de ordem pessoal.
O tipo exige as duas intenções. A falta de uma delas leva à atipicidade subjetiva da conduta.
6.2 ELEMENTOS DO DOLO
O dolo é composto de dois elementos:
O elemento de conhecimento (cognitivo) e
O elemento de vontade (volitivo).
A) Consciência - elemento intelectual
Para que o sujeito possa realizar o elemento
objetivo do tipo ele deve ter um conhecimento
idôneo sobre a situação fática retratada nesse
tipo objetivo.
Portanto, o elemento cognitivo do dolo
corresponde ao conhecimento idôneo que o
agente deve ter do elemento objetivo do tipo
penal.
B) Vontade - elemento volitivo
O elemento vontade é dirigido à realização do elemento objetivo do tipo que foi corretamente analisado pelo sujeito.
O sujeito quer o resultado delitivo como consequência de sua própria ação e se atribui alguma influência em sua produção.
ERRO DE TIPO
Quando o agente dirige a sua vontade ao
cometimento de uma conduta baseada em
uma análise inidônea que fez sobre uma
realidade fática, o dolo estará prejudicado
como um todo, porque o elemento cognitivo,
quando prejudicado pelo conhecimento
inidôneo, afetará o elemento volitivo.
ERRO DE TIPO
Por isso é que o erro de tipo sempre exclui o
dolo, seja evitável ou não, porque nele a
vontade é baseada em premissa inidônea à luz
do tipo penal.
Art. 20, CP: O erro sobre elemento constitutivo
do tipo legal de crime exclui o dolo, mas
permite a punição por crime culposo, se
previsto em lei.
6.3 TEORIAS DO DOLO
A) TEORIA DA VONTADE
B)TEORIA DO ASSENTIMENTO
(CONSENTIMENTO OU ASSUNÇÃO)
C) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO
D) TEORIA DA PROBABILIDADE
A) TEORIA DA VONTADE
O dolo seria tão-somente a vontade livre e
consciente de querer praticar a infração penal,
ou seja, de querer levar a efeito a conduta
prevista no tipo penal incriminador.
A) TEORIA DA VONTADE
B) TEORIA DO ASSENTIMENTO (CONSENTIMENTO OU ASSUNÇÃO)
Atua com dolo aquele que, antevendo como
possível o resultado lesivo com a prática de
sua conduta, mesmo não o querendo de
forma direta, não se importa com a sua
ocorrência, assumindo o risco de produzi-lo.
C) TEORIA DA REPRESENTAÇÃO
Há dolo toda vez que o sujeito tiver tão-
somente a previsão do resultado como
possível e, ainda assim, decidir pela
continuidade de sua conduta.
Não se deve perquirir se o agente havia
assumido o risco do resultado.
D) TEORIA DA PROBABILIDADE
Baseia-se em dados estatísticos, ou seja, se
de acordo com determinado ato praticado
pelo agente, estatisticamente, houvesse
grande probabilidade de ocorrência do
resultado, estaríamos diante de dolo
eventual.
TEORIAS ADOTADAS PELO CÓDIGO PENAL
Atenção!
O Código Penal Brasileiro adotou as teorias DA VONTADE e DO ASSENTIMENTO.
Art. 18 - Diz-se o crime:
Crime doloso
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo;
6.4 ESPÉCIES DE DOLO
A) DOLO DIRETO
Na locução "quis o resultado" há o DOLO
DIRETO.
O agente pratica a conduta dirigindo-a
finalisticamente à produção do resultado por
ele pretendido inicialmente.
DOLO DIRETO
O agente quer praticar a conduta descrita no
tipo, quer preencher os elementos objetivos do
tipo penal.
É o dolo por excelência.
A opção do legislador penal brasileiro no que
toca à classificação do dolo foi a de vincular a
vontade ao resultado.
DOLO DIRETO DE 1º E DE 2º GRAU
DOLO DIRETO DE 1º GRAU é aquele em que resultado corresponde à meta optada pelo agente, seu objetivo principal, ou seja, a finalidade precípua de seu atuar.
DOLO DIRETO DE 2º GRAU corresponde aos efeitos colaterais indispensáveis ou necessários, de acordo com os meios escolhidos para que o sujeito pudesse atingir sua meta principal.
DOLO INDIRETO
Na locução "assumiu o risco de produzi-lo" há o indicativo de DOLO INDIRETO.
No dolo indireto não há uma certeza do sujeito quanto à ocorrência do resultado, mas há uma assunção do risco de produzi-lo, ocorrendo uma manifestação de desprezo ao bem jurídico.
A doutrina distingue o dolo indireto em dolo eventual e dolo alternativo.
DOLO EVENTUAL
Ocorre quando o sujeito idealiza uma ação e antes de praticá-la cogita que dela poderá advir a produção de um resultado típico ou não.
O sujeito, embora não querendo diretamente o resultado típico, não se abstém de agir e, com isso, assume o risco do resultado que por ele já havia sido previsto e aceito.
O autor considera seriamente como possível a realização do tipo legal e se conforma com ela, manifestando indiferença.
DOLO EVENTUAL X
CULPA CONSCIENTE
O dolo eventual não pode ser confundido com
a CULPA CONSCIENTE ou CULPA COM
PREVISÃO.
Ponto de semelhança:
há uma previsão subjetiva, antes do sujeito
agir, quanto à produção do resultado.
DOLO EVENTUAL X
CULPA CONSCIENTE
Ponto de distinção:
no dolo eventual, o sujeito prevê a possibilidade de produzir o resultado e admite sua produção, manifestando desprezo pelo bem jurídico tutelado.
na culpa consciente o sujeito, apesar de admitir a possibilidade do resultado, crê que ele não irá ocorrer, por auto-confiança.
DOLO ALTERNATIVO
De acordo com parte da doutrina, o DOLO
ALTERNATIVO é aquele em que o aspecto
volitivo do agente se encontra direcionado de
maneira alternativa, seja em relação ao
resultado (OBJETIVA) ou em relação à pessoa
(SUBJETIVA) contra a qual o crime é cometido.
7. TIPO CULPOSO
O tipo do crime culposo é completamente diverso do tipo do crime doloso.
Enquanto no tipo doloso se observa claramente a distinção entre o elemento objetivo e subjetivo, no tipo culposo essa distinção não se observa.
Os crimes culposos, ao contrário do que acontece no tipo doloso, representam tipos incongruentes, pois a vontade do sujeito não se dirige à concretização do resultado, ao contrário, a definição do que seja culpa parte do pressuposto de que o sujeito não quis a produção do resultado.
A vontade no tipo culposo é voltada para a
prática de uma conduta lícita, atípica, mas o
resultado é produzido porque o sujeito se
comportou no caso concreto manifestando
FALTA DE CUIDADO frente ao bem jurídico.
O crime culposo parte do pressuposto de que
o sujeito manifesta um comportamento
socialmente indesejado por ter sido
descuidado e, por isso, algum bem valioso
para o direito penal foi atingido, sendo
lesionado.
7.2 PRINCÍPIO DA EXCEPCIONALIDADE
Os tipos culposos tutelam os bens jurídicos
mais essenciais para a sociedade.
Por isso é que o Código Penal adota, no que
toca à culpa, o Princípio da Excepcionalidade
(art. 18, §único), também chamado princípio
dos “numerus clausus”:
Art. 18, Parágrafo único - Salvo os casos
expressos em lei, ninguém pode ser punido
por fato previsto como crime, senão quando o
pratica dolosamente.
7.3 DEVER OBJETIVO DE CUIDADO
A culpa se manifesta quando o agente atua com violação de dever de cuidado e dessa violação resulta a produção de uma lesão a esses bens jurídicos.
A doutrina dominante defende que culpa decorre da violação do dever de cuidado objetivo.
Parte-se do critério da previsibilidade objetiva de ocorrência do resultado diante de determinada conduta.
7.4 ESPÉCIES DE CULPA
NA CULPA CONSCIENTE, antes de praticar a ação ou no momento do seu cometimento, o sujeito prevê a ocorrência do resultado, mas acredita que o resultado não ocorrerá, não assumindo o risco de produzi-lo por ser autoconfiante.
A CULPA INCONSCIENTE é despida de previsão subjetiva. Só há a previsibilidade objetiva – dever objetivo de cuidado. O resultado era previsível, mas o agente não o previu.
CASO FORTUITO
Se não existir a previsibilidade objetiva, haverá
um acontecimento inusitado, uma má sorte,
um azar, um acontecimento fortuito. Não há
culpa.
Ex. sujeito coloca um pneu novo no seu carro,
mas ele estoura e causa o atropelamento de
uma pessoa.
FORMAS DE MANIFESTAÇÃO DA CULPA O Código Penal fornece as modalidades de condutas que fazem com que o agente deixe de observar o seu exigível dever de cuidado:
Imprudência, negligência e imperícia
Independentemente da forma de sua manifestação, a culpa pressupõe a inobservância do dever de cuidado, portanto, uma omissão, daí porque presente sempre a negligência.
Imprudência
é prática de um ato perigoso sem os
cuidados que o caso requer.
ex.: motorista dirigindo seu carro em
excesso de velocidade, avança o sinal
fechado e atropela um pedestre.
Imperícia
É a inaptidão, momentânea ou não, para o
exercício de arte, profissão ou ofício.
Normalmente está ligada a uma atividade
profissional e deriva de uma inobservância
de regra técnica.
Ex.: cirurgião plástico, durante uma
intervenção cirúrgica atua de modo atécnico,
configurando imperícia.
Negligência
É deixar de fazer aquilo que a diligência
normal exige.
ex.: motorista não conserta os freios já
gastos de seu veículo e provoca o
atropelamento.
Ex.: artigo 13 da lei 10826/2003.
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