suicÍdio - orientaÇÕes para profissionais de psicologia

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SUICÍDIO: UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA

PERSPECTIVASPROGRESSIVASTESTE RORSCHACH

Rafael Almeida Natany Moraes

10º Psicologia

ETMOLOGIA

• SUI : SI MESMO• CAEDES : AÇÃO DE MATAR

“É o ato de matar a si mesmo” (Thomas Browne-1642)

• Sempre houve: o homem• enquanto ser pensante;

• Todos os sexos;• Todas as faixas etárias;

• Todas as classes sociais: perda do status;• Todas as civilizações e culturas.

AHISTÓRIA

A Igreja• Heresia;• Stº Agostinho (533 d.C) proíbe

homenagem;• Dá à Igreja e ao Estado os bens do

suicida;• Cria aversão e horror ao ato;• Séc. XI, São Bruno: “mártires de satã”.

ConsequênciasConsequênciasOs corpos passam a ser tratados Os corpos passam a ser tratados cruelmente nas diferentes cruelmente nas diferentes sociedades:sociedades:

Inglaterra: enterrados de bruçosInglaterra: enterrados de bruços

com estacas no peito;com estacas no peito;

França: arrastados porFrança: arrastados por

Cavalos pelas ruas daCavalos pelas ruas da

cidade. cidade.

Revolução Francesa

• Séc. 17 e 18: diminui a repressão devido a nova legislação;

• Igreja mais tolerante;

• Família tem o direito

de loucura para livrar-se

das punições.

Estudos

• Séc. 19 : Émile Durkheim (1897), as questões foram remetidas às condições sociais e não mais à moralidade.

O SUICÍDIO É UM O SUICÍDIO É UM DRAMA PESSOAL DRAMA PESSOAL QUE TRANSCORRE QUE TRANSCORRE NUM PALCO DE NUM PALCO DE RELAÇÕES RELAÇÕES INTERPESSOAIS, INTERPESSOAIS,

EM UM AMBIENTE EM UM AMBIENTE SOCIAL, POLÍTICO SOCIAL, POLÍTICO E CULTURAL.E CULTURAL.

O FENÔMENOO FENÔMENONÃO EXISTE UMA ÚNICAEXPLICAÇÃO. VÁRIOS FATORESASSOCIADOS.• Fatores psicológicos;• Fatores sociais;• Fatores ambientais;• Fatores familiares;• Fatores culturais;• Fatores genéticos.

Fatores PsicológicosFatores Psicológicos• A maioria tem um transtorno A maioria tem um transtorno

mental diagnosticável;mental diagnosticável;• O suicídio e o comportamento O suicídio e o comportamento

suicida são mais frequentes em suicida são mais frequentes em pacientes psiquiátricos;pacientes psiquiátricos;

• A maioria não procura um A maioria não procura um profissional de saúde mental.profissional de saúde mental.

DoençasDoenças• Depressão (todas as formas);• Transtorno de personalidade (anti-social,

borderline com traços de impulsividade, agressividade e freqüentes alterações do humor);

• Alcoolismo;• Esquizofrenia;• Transtornomental orgânico.

Fatores Sociodemográficos e Fatores Sociodemográficos e AmbientaisAmbientais

• Desemprego;

• Perda de status sócio-econômico;

• Profissão;

• Migração;

• Sexo;

• Idade;

• Estado civil.

Fatores FamiliaresFatores Familiares

• Problemas interpessoais (discussão com esposa, namorado, filhos);

• Rejeição (separação);• Perdas (luto, status);• Problemas com o trabalho

(demissão, aposentadoria;dificuldades financeiras);

• Mudanças na sociedade (políticas e econômicas);

• Vergonha (falência, vícios).

MITOS

• Quem fala não faz;

• Quem quer se matar, se mata;

• Suicídios ocorrem sem avisos;

• A melhora após a crise

significa que o risco passou;

• Nem todos os suicídios podem ser evitados;

• Uma vez suicida, sempre suicida.

COMPORTAMENTOSUICIDA

GRITO DE DOR

PEDIDO DE SOCORRO

EPIDEMIOLOGIAEPIDEMIOLOGIA• 1 milhão de pessoas cometeram suicídio no

ano de 2000;• A cada 40 segundos uma pessoa pratica o

ato;• A cada 3 segundos, uma atenta contra a

própria vida;• Está entre as 10 causas de morte mais

freqüente em todas as idades;• É a 3ª causa de morte entre 15 e 35 anos;• Existem 10 tentativas para cada ato

consumado;• 4 tentativas NÃO conhecidas para cada 1

registrada.

CONSEQUENCIASCONSEQUENCIAS

• Vem ocorrendo um aumento na faixa etária de 15-35 anos;

• Para cada suicídio, há em média, 5 ou 6 pessoas próximas que sofrem consequências emocionais, sociais e econômicas;

• 1,4% do ônus global ocasionado por doenças em 2002 foi devido à tentativas de suicídio.

Suicídio e Transtornos Suicídio e Transtornos MentaisMentais

Análise de 15.629 casos de suicídioAnálise de 15.629 casos de suicídio

Transtornos do humor 35.8%

Esquizofrenia10.6%

Transtornos relacionadosao uso de substâncias22.4%

Sem diagnóstico 3.2%

Transtornos depersonalidade11.6%

Bertolote e cols., 2003

97% DAS PESSOAS QUE COMETEM SUICÍDIO TÊM UM TRANSTORNO MENTAL

Depressão Transtorno de personalidade

impulsividade, agressividade variação súbitas do humor

Dependência de álcool / drogas Esquizofrenia

• O álcool diminui a crítica eO álcool diminui a crítica eaumenta a impulsividadeaumenta a impulsividade

• Cerca de um terço dos casosCerca de um terço dos casosde suicídio estão ligados àde suicídio estão ligados àdependência do álcooldependência do álcool

• 5 a 10% das pessoas dependentes de álcool 5 a 10% das pessoas dependentes de álcool terminam sua vida pelo suicídioterminam sua vida pelo suicídio

• No momento do ato suicida muitos se No momento do ato suicida muitos se encontravam alcoolizadosencontravam alcoolizados

ALCOOLISMOALCOOLISMO

ESQUIZOFRENIAESQUIZOFRENIAPERÍODOS DE MAIOR RISCOPERÍODOS DE MAIOR RISCO

• Entre as crises, quando paciente percebe e não elabora limitações acarretadas pela doença. • Durante a crise, ao responder a vozes de comando (alucinações) que o levam a se matar.• No período logo após a alta hospitalar.

PENSAMENTO

PLANO

TENTA-TIVADE

SUICÍDIO

ATENDIDOS EM

PRONTO-SOCORRO

1717

De cadaDe cada 100100 habitanteshabitantes

55

33

11

AO LONGO DA VIDA . . .AO LONGO DA VIDA . . .

O QUE FAZER?

FATORES DE FATORES DE RISCO PARA O RISCO PARA O

SUICÍDIOSUICÍDIO

História de tentativa de

suicídio

Presença de transtorno

mental

FATORES DE PROTEÇÃO PARA O SUICÍDIO

• Ter uma ocupação/emprego

• Rede social (interdependência)

• Capacidade de enfrentamento

• ReligiosidadeReligiosidade

• Proximidade com a Proximidade com a famíliafamília

• Percepção otimista da Percepção otimista da vidavida

• Gravidez e maternidadeGravidez e maternidade

AVALIAÇÃO DE PACIENTESAVALIAÇÃO DE PACIENTESCOM RISCO DE SUICÍDIOCOM RISCO DE SUICÍDIO

11 Ouvir atentamenteOuvir atentamente

22 Conhecer fatores de riscoConhecer fatores de risco

33 Fazer algumas perguntasFazer algumas perguntas

GERAIS

ESPECÍFICAS

Se eu perguntar sobre suicídio...

Posso induzir umsuicídio?

Vou ter que carregaro problema da pessoa?

FRASES DE ALERTAFRASES DE ALERTA

• ““Eu preferia estar morto”Eu preferia estar morto”

• ““Eu não posso fazer nada”Eu não posso fazer nada”

• ““Eu não agüento mais”Eu não agüento mais”

• ““Eu sou um perdedor e umEu sou um perdedor e um

peso para os outros”peso para os outros”

• ““Os outros vão ser maisOs outros vão ser mais

felizes sem mim”felizes sem mim”

AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM RISCO DE SUICÍDIO

SENTIMENTOS

4 D DESESPERANÇA

DESAMPARO

DESESPERO

DESAPEGO

AVALIAÇÃO DE PACIENTES COM RISCO DE SUICÍDIO

Ação Necessária

• Oferecer apoio emocional

• Trabalhar sobre os sentimentos suicidas

• Focalize nos aspectos positivos da pessoa

• Se você não conseguir identificar uma condição

tratável e/ou a pessoa não demonstra melhora, não

consegue refletir sobre sua condição, encaminhe-a

para um profissional de saúde mental.

• A pessoa tem pensamentos e planos, mas não tem planos de cometer suicídio imediatamente.

MÉDIO RISCO

Ação Necessária

• Oferecer apoio emocional.

• Trabalhar sobre os sentimentos suicidas.

• Focalize nos aspectos positivos da pessoa.

• Focalize os sentimentos de ambivalência.

• Explore alternativas ao suicídio.

• Faça um contrato

• Encaminhe a pessoa para avaliação de um psiquiatra

visando a necessidade de medicação.

• Peça autorização ao paciente, entre em contato com

a família, amigos e/ou colegas e reforce seu apoio.

• Oriente sobre medidas de prevenção.

Negocie com sinceridade, explique e peça o aval do paciente para todas as medidas a serem

tomadas.

• A pessoa tem um plano definido, tem os meios para fazê-lo, e planeja fazê-lo prontamente.

Muitas vezes já tomou algumas providências prévias (cartas, pagamento de contas, testamento) e parece estar se despedindo.

ALTO RISCO

Ação Necessária

• Estar junto da pessoa. Nunca deixá-la

sozinha.

• Gentilmente falar com a pessoa e remover

os comprimidos, faca, arma, venenos, etc.

• Fazer um contrato, como descrito

anteriormente, tente ganhar tempo.

Se você esgotou todas as tentativas de convencimento do paciente para uma internação

voluntária e percebe um risco de suicídio iminente, peça ajuda da família, pois uma internação

involuntária poderá ser necessária.

RESUMINDO: RESUMINDO: O QUE FAZER O QUE FAZER

• Ouvir, mostrar empatia, e ficar calmo;

• Ser afetuoso e acolhedor;

• Leve a situação a sério e verifique o grau de risco;

• Pergunte sobre tentativas anteriores;

• Explore as outras saídas, além do suicídio;

• Pergunte sobre o plano de suicídio;

• Ganhe tempo – faça um contrato;

• Identifique outras formas de dar apoio

emocional;

• Remova os meios, pelos quais a pessoa

possa se matar;

• Tome atitudes, consiga ajuda;

• Se o risco é grande, fique com a pessoa.

O QUE NÃO FAZER

• Ignorar a situação;

• Esboçar reação de descrédito, incentivo ou

apatia.

• Encarar o paciente como um problema;

• Falar que tudo vai ficar bem, prometendo algo

que vá além do setting terapêutico;

A incapacidade para experimentar ansiedade

nessas ocasiões, em decorrência de um contato

empático pobre, da falta de tempo, ou de

defesas excessivamente fortes, impedirá a

avaliação.

Um dos melhores indicadores para a avaliação do risco de suicídio

será a consciência do avaliador de sua própria ansiedade diante do

paciente.

Referências Bibliográficas

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