siqueira, leonardo - a ação de legítima defesa no direito penal

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Siqueira, Leonardo - A Ação de LegítimaSiqueira, Leonardo - A Ação de Legítima

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Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 145 A AO DELEGTIMA DEFESA NO DIREITO PENAL THE SELF-DEFENSACTION IN CRIMINAL LAW Leonardo Siqueira1 Resumo O presente trabalho visa examinar as peculiaridades surgidas do estudo da aodelegtimadefesa,principal-mente,asdenominadassituaes limites,analisando-asapartirdas finalidadesdoprprioinstituto. Com isso, passou-se a desenvolver o requisitodanecessidadededefesa, dandoproeminnciaaoprincpioda menorlesividade.Depois,analisou-se o requisito do uso moderado dos meionecessrios,partindodadifcil questodaproporcionalidadede bens,desembocandonasprincipais questesderivadasdesserequisito. Porfim,passou-seaexaminaras situaeslimites,isto,oscasos que, devido a certas condies espe-ciais,foinecessriodarumtrata-mentodiferenciado,ondetemos umarelativizaodoquesedefen-deunostpicosanteriores,oque nosignificacontradiodogmtica, esim,umaadequaoespeciala casos notadamente diferentes. 1PesquisadordoCIHJur.Professor daFaculdadeDamasdaInstruo Crist. Doutor pela UFPE. Palavras-chave:legtimadefesa;aoem legtima defesa; situaes limites. Abstract Thisstudyaimstoexaminethepeculiari-tiesarisingfromthestudyoftheactionof self-defense,socalledlimitsituations, analyzing them from of the purposes of the instituteitself.Withthat,westartedto develop the requirement of necessity defense, givingprominencetotheprincipleofmini-mumlesion.Then,weanalyzedthere-quirementoftheuseofmoderatemeans necessary,leavingthedifficultissueof proportionalityofgoods,examiningthe mainissuesarisingfromthisrequirement. Finally,westartedtoexaminethelimit situations,caseswhere,becauseofspecial conditions,itwasnecessarytotakea different approach, where we have a relativ-izationofwhatisadvocatedinprevious topics,whichdoesnotmeandogmatic contradiction,butrather,aadequacy cases markedly different. Keywords:self-defense,actioninself-defense;limits situations. 1. CONSIDERAESINICIAIS Alegtimadefesabem como todas as causas de justi-ficaoumdosinstitutos maissensveisamodificaes culturaiseaxiolgicasdeuma comunidade,eessefatoraca-bainfluindodiretamentenos seuspressupostosmaisele-146 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. mentares.Costuma-seafirmar queosculoXXfoimarcado pelastentativasdeselimitar reaoempreendidapeloa-gredidoapartirdacriaode novasdoutrinas,quesero posteriormente examinadas. Quandosefalasobrea ao de legtima defesa, deve-se,primeiramente,terbem claroasuadiferenaemrela-osituaodelegtima defesa.Asituaodelegti-madefesa,quedizrespeito aorequisitodaagressoinjus-ta(antijurdica), atual e iminen-te,opressupostonecessrio paraaexistnciadoprprio institutoenoseconfunde comareaoempregadapelo agredido.Qualquertentativa de afirmar, por exemplo, que a defesanecessriaumdos elementosdaaodelegti-madefesae,concomitante-mente,condicionantedasi-tuaodelegtimadefesa, incorre numa incoerncia lgi-co-normativa(CARVALHO, 1995,p.314315).Porcon-seguinte,deserejeitarqual-quertentativadecondicionar aaodelegtimadefesa comasituaodelegtima defesa,como,porexemplo, aspropostasdoutrinriasque s consideram a ao de leg-timadefesanecessria,caso seja proporcional agresso.Cumprefazerumaesco-lhametodolgica,ouseja, analisaraaodelegtima defesa sob um prisma objeti-voousubjetivo.Osdoutrina-doresquedefendemasubjeti-vidadedadefesaofazemsob oargumentoqueanecessi-dadedeveserprocuradano agente,nocomplexodoser organismo fsico e moral, - no seupsiquismo(VERGARA, 1990,p.160).Comisso,toda reaovaiestarsubordinada aosubjetivismodecadaindi-vduo,oquelevaaperdade umparmetromaisoumenos definidodecondutaaserse-guida,comgravesprejuzos parao indivduo. Jostericosquedefen-dem o exame a partir de crit-riosobjetivos,afirmamquea reao deve ser analisada obje-tivamenteedeformarelativa, ou seja, tomando como ponto derefernciaocasoemcon-creto, o agredido, o agressor, a gravidadeeaintensidadedo perigo.Aqui,podem-secriar regrasrelativamentedefinidas decondutaeisso,conseqen-temente,trazumaprevisibili-Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 147 dadeparaoindivduoquanto aoseuagir.Esseocaminho tomadonoestudodessepres-suposto. Porfim,esseartigofoi dividido didaticamente em trs subitens: a defesa necessria; o uso moderado dos meios; e as situaeslimites.Osdoispri-meirossubitensforamdesen-volvidoscomoumaregrage-ral,aplicadaamaioriadoscidados.Oltimopontofoi especialmentecriadopara regularalgunscasosespeciais, queemfacedoprincpio constitucionaldaigualdadee da afirmao do direito peran-teoinjusto,necessitavamde regras prprias. 2. A DEFESANECESSRIA Antesdeadentrarmos nasprincipaisquestesdesse elemento,necessriofazer-mosumaadvertnciainicial. O nosso Cdigo Penal, no seu artigo25,aodiscorrersobrea aodelegtimadefesa, afirmaqueadefesatemque sernecessriaemoderada, fazendoumadistinoinexis-tente, por exemplo, no cdigo alemo,quesfalaemdefesa necessria.Conseqentemen-te,emvirtudedalei,iremos trabalharcomessaseparao, apesar,nanossaopinio,da sua desnecessidade. A reao s pode se apre-sentarcomolcitaquandofor aestritamentenecessriapara repelirumaagressoinjusta, atualouiminente,nopoden-do deixar de levar em conside-raoagravidadeeaintensi-dadedaleso,aspossibilida-desdedefesaadisposio,a espciedobemjurdicoem questoeasrelaesexisten-tesentreaspartes.Omeio utilizadotemque,obrigatori-amente,seromenosdanoso ao agressor entre os igualmen-teidneos,pois,nessecaso, regeoprincpiodamenor lesividade. Meioidneoaqueleap-toassuasfinalidades,para fazercessarumaagresso. Numaaodelegtimadefe-savriosmeiospodemser idneosparaaconsecuo dosobjetivos,mas,issono quer dizer que todos eles sero considerados,paraefeitode legtimadefesa,necessrio. Deve-seexcluir,delogo,os meiosquepossamporem perigo bens jurdicos de tercei-148 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. rosalheios(LAVILLA,1994, p.306).Casonosejaposs-vel,nocasoemconcreto,a utilizaodeummeioques atuenaesferadeinteressedo agressor,como,porexemplo, nahiptesedeMvioterque atirarnopneudocarroutili-zadopelocriminoso,apesar dele saber que esse automvel pertenceraTcioenoao outro, para evitar que esse fuja comumobjetoseu,noesta-mosmaisnasearadalegtima defesa,esim,noestadode necessidade. A mesma soluo aplicadaquandobensde terceirossoutilizadoscomo meiodedefesa,porexemplo, nocasodoagredidovaler-se deumobjetoalheioparapra-ticarasuadefesa,destruindo-o. Mesmodepoisdeseres-tringirdefesaaosmeiosque nointerfiramnaesferade terceirosestranhos,ainda necessriofazeralgumaslimi-taes,ouseja,osmeiosque nodiminuamouevitemo perigo de leso no podem ser consideradosidneos.Da mesmaforma,sseroid-neosaquelesquesejamefica-zes, que no tragam risco para bensessenciaisdoindiv-duo(CARVALHO,1995,p. 319), uma vez que, o agredido noestobrigadoarecorrera meiosdefensivosmaisbenig-nos,porm,deeficciaduvi-dosa.Oconceitodeeficcia domeionotemumcarter absoluto,queassegureatotal eliminaodaagresso,mas relativo,quetraga,deacordo comaexperinciadeumho-memprudente(mdio),gran-des possibilidades de xito.plausvelaadvertncia feitaporRoxin,jque,esse doutrinadorafirmaquese,no caso em concreto, era possvel primeiramentesevalerde meiosdeeficciaduvidosa, como,porexemplo,umtiro deadvertncia,essedeveser utilizadocasosejapossvel, posteriormente,utilizar-sedo outromeiomaislesivo,sob a pena do meio no ser consi-deradoonecessrio(1997,p. 629). Essa considerao feita umaformaderelativizaro acima dito, que o agredido no devesevalerdosmeiosde eficciaduvidosa,pois,desde quesejapossvelseutilizar meiosduvidosos,observando asadvertnciasfeitassem riscopessoal,oagredido assim deve agir.Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 149 Semesmodepoisdesse filtroexistiremmeiosi-gualmenteidneos,oindiv-duodeveseutilizarosmeios menosincisivos(MAURACH, 1962,p.384),deacordocom oprincpiodamenorlesivida-de.Esseprincpioafirmaa obrigatoriedadedeescolhado meiomenoslesivonecessrio paraeliminarouatenuaros efeitos do ataque, sendo, dessa feita, o limite superior de toda defesa(MATHIEU,2003,p. 44 45). Agora, caso s exista numasituaofticaummeio disposio do indivduo, esse ser considerado o necessrio. Entretanto,orequisito danecessidadedareaoem-preendida no se esgota nesses aspectos,jque,necessrio averiguarasquestesqueno merecem a devida ateno por grande parte da doutrina brasi-leira, relativa obrigatoriedade ounodafuga,dasubsidiari-dade da ao de legtima defe-safaceaoauxliodasautori-dadespblicas,anecessidade doauxliodeterceirosedos dispositivos de auto proteo. Aproblemticadafuga oucommodusdiscessussem-prefoiobjetodeanlisepor partedosdoutrinadores.A fuga,comocritrioimprescin-dvelnoexamedareao,foi uma criao do direito canni-cotodaviaessaobrigatorie-dadenoseestendiaaosmili-tareseaosnobres,pois,esses nopodiamescolheradeson-ra de uma fuga. Posteriormen-te,ocommodusdiscessus deixoudeserumrequisito obrigatrio,situaoqueper-manece at os dias atuais. Adoutrinabrasileira,na suagrandemaioria,rejeitaa fuga como um pressuposto da legtimadefesa,todavia,acre-ditamos que esses tericos no dodevidaimportnciaao tema.Aprincipalargumenta-o desses autores se resume a negarafugacombaseem critrios axiolgicos, ou seja, o direitonopodeexigirqueo homemsejacovarde,empre-gandoumafugadesonro-sa(LINHARES, 1975, p. 232). simplesmenteimpens-velsustentaressaconcepo, visto que, o bem jurdico hon-ra no est no mesmo patamar deoutrosbensjurdicosfun-damentais,como,porexem-plo, a vida e a liberdade, e, por essa razo, no se pode permi-tir,numaaodelegtima defesa, que o agredido venha a 150 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. causarumprejuzoabens fundamentaisdoagressorem defesadesuahonra,quando erapossvel,nocasoemcon-creto,empregarafugasegura. Ademais,essatomadadepo-siobaseadaemumamoral extremamenteconservadora, contribuiparafrearoavano ticonecessrio(FREITAS, 2002,p.35),desumaimpor-tnciadentrodeumEstado democrtico de direito. Contudo,essanoa-nicaconcepocontrria obrigatoriedadedafugae, tambm,noamaisimpor-tante. Atualmente, o argumen-tomaisusadopeladoutrina estrangeiraeomaisbem fundamentadoodapreva-lnciadodireitoperanteo injusto2.Roxin,porexemplo, 2 Discorrer sobre a legtima defesa faz-laapartirdaanlisedesua fundamentao, da sua ratio especfi-ca.Diantedisso,nopoderiaser diferente o exame da necessidade da reao,ouseja,tomandocomo pressupostooprincpiodaafirma-ododireitoperanteoinjusto, podemos desenvolver esse elemento dessacausadejustificao.Aafir-mao do direito perante o injusto ofundamentosocialdalegtima defesa.Poresseprincpio,pode-se dizerqueaordemjurdicatemo combasenesseargumento defendeaidiaquefugano podeserconsideradaumre-quisito, uma vez que, se assim o fosse, os criminosos poderi-am expulsar todos os cidados pacficosparapoderemexer-cerosseusdomnios,oque contrariariaofundamento especficodalegtimadefe-sa(1997, p. 633). Apesardeconcordarmos comRoxinquantofunda-mentaoespecficadalegti-madefesa,noconcordamos, interessenadefesacontraagres-sesantijurdicaseatuais,pois, quem se defende, protege tambm a ordemjurdica,afirmando-aedei-xandoclaroquenohcomocon-trari-lasemriscos.Comoconse-qnciadesseprincpio,temospre-senteafinalidadepreventivageral (positivaenegativa)dalegtima defesa,oquenosencaminhaao estudo da teoria da pena. Quando se fala em preveno geral negativa a chamadaformatradicionaldeinti-midao , quer se destacar a funo dedesestimularosindivduos,no nossocaso,pormeiodareaode legtimadefesa,acometeremcrimes ouagressesantijurdicas.Jem relaoprevenogeralpositiva, essatemafunodepreservara confiananaordemjurdica,refor-ando esse sentimento no seio social (SANTOS, 2005, p. 09 10). Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 151 na ntegra, com a conseqente posiotomadaporesseau-tor.Acreditamosqueapro-blemticadocommodusdis-cessusnopodeprescindirde umaanlisedocasoemcon-creto,dosmeiosdisponveis aoagredidonomomentoda agresso.importanteressaltar quetodososelementosda legtimadefesaestosubordi-nadosasuafundamentao tantoaindividual(proteode bensjurdicos)quantoasoci-al(afirmao do direito perante o injusto) , mas, isso no leva apriori,comojfoidito,a recusadafugacomopressu-postodalegtimadefesa. Quando se afirma que o direi-tonopodecederaoinjusto, nopodemosdaraesseprin-cpioumcarterabsoluto, mas,devemosexaminarcada caso em concreto, levando em consideraoaspessoasen-volvidas,osmeiosdisposi-o,oseucartermaisou menoslesivo(princpioda menorlesividade),dentreou-trosfatores. O prprio Roxin, paradoxalmente,afirmaque noscasosdaagressoserpra-ticadaporuminimputvela afirmao do direito perante o injustomenordoqueno caso de um imputvel o que exatoe,emdecorrncia dessefator,oagredidotema obrigaode,primeiramente, procurarafuga.Todavia,ele negaanecessidadedeempre-gar fuga quando os indivduos forem imputveis, mesmo que osmeiosasuadisposiofo-rem desproporcionais em rela-oaocommodusdiscessus. Ficaevidentequequandoo commodusdiscessusforo meiomenoslesivoeooutro meioformuitomaislesivoa afirmao do direito perante o injustomenor,originandoa necessidade de utilizar a fuga. Comojfalamosanteri-ormente,aaodelegtima defesaestsubordinadaao princpiodamenorlesividade, queafirmaaobrigatoriedade doagredidoseutilizar,desde que idneo e sem risco pesso-alparaeleprprio,domeio menosdanosopossvel.Por conseguinte,se,nocasocon-creto,tiveremadisposiodo indivduo,porexemplo,dois meiosidneos,sendoumde-lesafuga,devem-seobservar opotenciallesivodecada meio.Seessesmeiosnofo-remdesproporcionalmente 152 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. lesivos,oagredidonoest adstritoescolhadafuga, entretanto,seexistirumades-proporoentreessesmeios, nessecaso,oindivduotem quesevalerdafugapois, nessa hiptese, a afirmao do direitoperanteoinjusto menor,sobpenadomeio ser considerado desnecessrio.Superadaessadivergn-cia,surgeaquestodaneces-sidadeounodoagredido recorrerintervenoestatal quandoessaforpossvel.Isso nos leva ao estudo sob o car-tersubsidiriodalegtimade-fesa.sabidoquedesdea revoluoliberalfrancesao Estadootitulardojuspuni-endi,ouseja,elequedeve aplicarasanopenalaosin-fratores.Dessaforma,aleg-timadefesatemumcarter subsidirio,isto,elaspode ser admitida nos casos em que adefesapblica,naquele momento, ineficaz para prote-gerinteressesdoscida-dos(CARRARA,1956,p. 212).Todavia,issonoquer dizerqueoindivduo,quando atuaemlegtimadefesa,passa aserotitulardodireitode punir,oqueseriaumenorme retrocesso,pois,seassimo fosse, estar-se-ia legitimando a j extinta vingana privada. Na verdade,quandooEstado, atravsdaordemjurdica, permitealegtimadefesa,ele no est abrindo mo do direi-todepunir,masestapenas reconhecendoodireitode autotuteladocidadodepre-servardireitoseuoudeou-trem diante de agresses injus-tas,atuaisouiminentes,e, dessa maneira, defender simul-taneamenteaordemjurdica e os interesses gerais. Ento,poder-se-iacon-cluir,deformaumtantoa-pressada, que o particular deve semprerecorrerautoridade pblica quando no existir um riscopessoal.Ledoengano. Existemsituaesconcretas quemesmosendopossvel, semriscopessoal,recorrer autoridadepblica,essemeio nodeveserutilizadoporser desnecessrio. imprescindvel que a in-tervenoestatalsejaomeio maiseficienteemenoslesivo pararepeliraagresso,uma vezque,seaatuaoda auto-ridadepblicaformaislesiva que um outro meio igualmente idneo,essenopoderser utilizado.importanteafir-Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 153 mar que a defesa praticada por terceiros,submete-se,tam-bm,asmesmaslimitaes como se fosse o prprioagre-didoqueatuasse.Tomemos como exemplo o caso da auto-ridade policial; se essa atua em legtimadefesadeterceiros, elaficasubordinadaaosprin-cpiosdessacausajustificante, enoaoprincpiodapropor-cionalidadedosinteresses, norteadordaatuaopolici-al(CARVALHO,1995,p. 326). Agora, se a atuao da au-toridadepblicativeromes-mo grau de lesividade da atua-odoparticular,oagredido devesevalerdessainterven-odeterceiro,pois,pore-xemplo,funodapolcia evitarocometimentodecri-mesquevenhamalesarbens jurdicosdosindivduosouda coletividade,sendoprefervel queesseatue,sempreque possvel, nessas hipteses. Definidoosquestiona-mentosrelativosaoauxlioda autoridadepblica,surgea questorelacionadaobriga-toriedadederecorreratua-o de terceiros que no sejam aautoridadepblica.Depen-dendodaposiotomada, podemoster,numamesma situaoftica,umadefesa necessriaouno,sendoim-prescindvelestudar,dentro dorequisitodanecessidade, essa problemtica. Primeiramente,emde-corrnciadoprincpiodame-nor lesividade, que tem carter puramenteobjetivo,indife-rente,emtermosdaaode legtimadefesa,apessoaque rechaaaagresso,desdeque ofaadaformamenoslesiva possvel(MATHIEU,2003,p. 64).Diantedisso,oagredido deveseutilizaroauxliodo terceiro particular quando essa ajudasetraduziremumarea-omenosdanosa;casoo agredidoassimnoproceda, eleresponderpeloexcesso. Agora,necessrioqueoa-gredido tenha o conhecimento que o auxlio do terceiro parti-cularmaiseficaz,menos lesivoenotragaperigopes-soal,paraserpossvelpuni-lo pelo excesso. Asdificuldadesseapre-sentamemsaberselcitaa defesadeterceirosquandoo agredidonoaceitaoauxlio doterceiroquerdizer,sea oposiodoagredidorele-vanteounoeconsente 154 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. com uma leso aobem jurdi-co prprio. Para resolver esse pro-blema, necessrio um exame dobemjurdicopostoem perigo.Seointeressejuridi-camentetuteladofordispon-veleoagredidoconsentena sua leso opondo-se a defesa ,nopossvelalegtima defesadeterceiros,pois,a agresso,nessahiptese, lcitaeoterceiroresponderia pelosdanoscausadosaoindi-vduo. Todavia,sealeso emfacedebensjurdicosin-disponveisemesmoqueo agredido consinta com a leso, opondo-se a defesa, possvel queoterceiroparticularatue emlegtimadefesa.Noado-tar essa posio permitir que oindivduopossadisporat daprpriavidacomgraves repercussespoltico-sociaise polticos-criminaissemcon-seqnciaspenais(aplicaoda pena)quelequeperpetrouo ato(CARVALHO,1995,p. 329).bomdeixarclaroque independentemente da hipte-se apresentada por exemplo, ofilhoestsendoagredido pelo pai e decide no reagir ou nodeixarqueumterceiro estranhocauseumdanoao seupai;ou,damesmamanei-ra,nocasodoagredido,mo-vidoporsentimentosdehon-ra,ope-seintervenodo terceiro para que ele mesmo se defenda o terceiro particular pode atuar legitimamente. Comisso,podemosa-firmarqueosdanoscausados pelaaodesdequeomeio sejaonecessrioeoseuuso moderadodoterceiroque, mesmocomaoposiodo agredido,ageemdefesado titulardobemjurdicoindis-ponvelsoconsideradoslci-tos, conforme o direito. Porfim,temosas questesrelativasaousode mecanismosdedefesaauto-matizados,como,porexem-plo,acercaeltrica.mister asseverar,emconsonnciaao j dito anteriormente, que no iremos tratar, por ser metodo-logicamenteincorreto,pois, confundeasituaodeleg-timadefesacomaaode legtimadefesa,dospontos referentesproblemticada atualidadedaagresso,quer dizer,seessesmecanismos noseconfigurariamuma legtima defesa preventiva. Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 155 Diantedisso,iremos nospreocuparapenascoma necessidadededefesanessas hipteses.Amaiorparteda doutrina tanto a ptria quan-toaestrangeirarespondem positivamente,isto,quees-sesmecanismospodemser meiosnecessriospararepelir umaagresso,nocolocando obstculosasuaadmis-so(LAVILLA,1994,p.316). Essacorrentedefendeaidia que se deve analisar o caso em concretoparadefinirseesses mecanismosforamouno necessrio para repelir a agres-so. Sem dvida essa a posi-oaserseguida,vistoque, deixaasoluoemaberto,ou seja, apenas no exame do caso emconcretopode-sedefinir seummecanismodeauto proteo foi o meio necessrio ouno.Noobstanteessa afirmao,importanteaten-tar para a advertncia feita por Roxin.Esseautorafirmaque os mecanismos perigosos para avidadoserhumanoquase nuncasomeiosnecessrios pararepeliraagresso,citan-do,porexemplo,ascercas eltricasdealtavolta-gem(1997, p. 634 635). 3. O USO MODERADO DOS MEIOSNECESSRIOS Oprimeiroquestiona-mento que surge no desenvol-vimentodesserequisitoa dvida sobre a necessidade ou no de uma proporcionalidade de bens, ou seja, se o agredido, em defesa de um bem jurdico prprio,podeprovocarou noumdanodesproporcional aosinteressesdoagressor. Valechamaraatenoparao fatodequeapsasegunda metadedosculoXX,tomou foraidiaquealegtima defesadeveriaserrestringida pormotivosticosesociais, tendo vrios autores aderido a essa nova concepo. Todavia, emvistasdametodologiaas-sumida,nsvamosfazeruma distinoentrearegrageral a grande parte da comunidade e as situaes limitesindi-vduosque,devidoacertas condiesespeciais,merecem um tratamento diferenciado , pois, dependendo da hiptese, vamostomarposiesdife-renciadas,consoanteasregras 156 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. doprincpioconstitucionalda igualdadejdesenvolvido anteriormente. Comearemosaexpora problemticadaproporciona-lidade se esse um elemento obrigatriodalegtimadefesa ,ouseja,seentreobemde-fendidoeobemsacrificado deveexistirumaproporo. Valeressaltarqueesseprinc-piorequisitoobrigatriode umaoutracausadeexcluso daantijuridicidade,oestado de necessidade.Paraumaparteaindami-noritriadadoutrina,alegti-madefesaestasubordinada, independentementedecertas condiesespeciaisdosen-volvidos,aoprincpiodapro-porcionalidade.Comisso,a aodelegtimadefesaestaria condicionada,almdaslimita-esimpostaspelanecessida-deepelamoderao,aobser-vnciadodanocausadoeo impedido. Esses autores admi-temqueoagressordevesu-portarasconseqnciasdo seuatoantijurdico,contudo, issonoautorizaumadefesa desconectadacomosinteres-sesemjogo,umavezque, umaconcepoindividualista, semapreocupaocoma pessoadoagressor,noa-propriadaaumEstadosocial democrticodedireito.Um exemplo bastante utilizado por essesdoutrinadoresparaex-plicar a irracionalidade da cor-rente que no aceita a propor-cionalidadedebens,ada defesadacaixadefsfo-ros(bem patrimonial) as custas davidadoagressor.Conse-qentemente,deve-serestrin-giradefesadoagredidopara quenoaconteamsituaes semelhantes. Umdosprincipaispro-blemasquesurgecomaado-odaproporcionalidadeco-morequisitodalegtimadefe-saasuaconfusocomo estadodenecessidade.Esses doutrinadores afirmam que no estadodenecessidadedeve-se observarumaproporcionali-dade estrita entre os bens jur-dicos postos em conflitos, j proporcionalidadeproposta paraalegtimadefesaaxio-lgica, ou seja, o que se exige umacertaracionalidadeentre aagressoeadefesaempre-endida, entre o mal evitado e o malcausado(MATHIEU, 2003, p. 86). Poroutrolado,agrande partedadoutrinarecusaa Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 157 proporcionalidadecomoum requisitoobrigatriodaleg-timadefesa.Oprincipalar-gumento3dessesautoresresi-denaprevalnciadodireito peranteoinjusto,nafunda-mentaosocialdessacausa de justificao. A ao de leg-timadefesanoestsubordi-nadaaproporcionalidadeen-treodanocausadoeoimpe-dido,umavezque,essadefe-sa,almderesguardarbens pessoais,protegeodireitona luta contra o injusto,trazendo duasconseqnciaspositivas: aprimeiraosentimentode confianaeaestabilizaoda ordemjurdica;asegundaa desestimularosindivduosa cometeremagressesabens jurdicosalheios,mostrando queexistemriscosnessaao ilcita(ROXIN, 1997, p. 632). Apesardeconcordamos comaconclusodadapela 3Semprejuzoaesseargumento, temosaquestojtratadaanterior-mente,isto,queoprincpioda proporcionalidadeumrequisito necessriodoestadodenecessidade enodalegtimadefesa.Qualquer tentativade inserir esse princpio no roldosrequisitosdalegtimadefesa errnea, pois, causaria uma confu-so nesses institutos. doutrinadominante,encon-tramosnelaalgumascontradi-esquedevemserlevanta-das, com o intuito de dar legi-timidaderecusadapropor-cionalidade. Para tanto, far-se-umbrevecomentriosobre acaracterizaodasituao de legitima defesa, quer dizer, sobre a natureza da agresso a partirdaticadessadoutrina majoritria,comoescopode demonstrarassuasincon-gruncias. Quandofalamosdanatu-rezadaagresso,estvamos nosreferindoaoseuaspecto subjetivo,aodoloeaculpa. Para a maior parte dos doutri-nadores, a agresso a ensejar a legtimadefesanonecessita serunicamentedolosa,po-dendo,tambm,serculposa. Para outros autores, a agresso no precisa ser sequer culposa, ouseja,essaanalisadauni-camentesobopontodevista objetivo.Apesardessadiver-gncia, o importante reside no fatodeambosrejeitaremanecessidadedaagressoser exclusivamentedolosa,oque os leva afirmar que uma agres-soculposaconfigurariauma situao de legtima defesa. 158 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. Ento,segundoTaipa deCarvalho,essasteoriasque desprezam a decisiva circuns-tnciadaculpadolosadoa-gressor,carecemdelegitima-otico-jurdicaparaafirma-remanoexignciadapro-porcionalidadedos bens...(1995,p.433),mesmo no caso da defesa ser necess-ria, visto que, quando o agente agesemodolo(vontadee conscincia)ofimpretendido porelelcito,enoseria justotratarmosdamesma maneira,oquelevariaaque-bradoprincpiodaisonomia, situaesjurdicasdiversas, querdizer,noexigirapro-porcionalidadedebenspara todasasagresses,tantoas dolosas quanto as culposas ou ataquelashiptesesqueo agente age sem culpa. Conseqentemente, e isso noslevaaumadistinode suma importncia, no caso das agressesnodolosas,no ficacaracterizadoalegtima defesa,mas,unicamente,o estadodenecessidade,regido pelo princpio da proporciona-lidade.Jnashiptesesde agressodolosa,ondeoautor temavontadeeaconscincia livrederealizaroselementos descritosnotipopenal,no seria eticamente e juridicamen-tecorretoexigirqueoagredi-doestivesselimitadonasua defesapeloprincpiodapro-porcionalidade, o que nos leva a concluir pela no obrigatori-edade desse princpio. Superadaaquestoda proporcionalidade,podemos nosateraosoutrosaspectos da moderao. Quando o nos-soCdigoPenalfalaemuso moderadodosmeiosnecess-riosquerinstituirumlimite defesadoagredido,pois,se essecontinuarautilizaro meionecessriomesmode-poisdejterrepelidooperi-go, o seu uso ser considerado imoderado,eoagredidores-ponderporexcessodoloso ou culposo. Paraquefiquecaracteri-zadaamoderao,necess-rioobservarumadevidapro-poronousodomeio importante atentar para a dife-renaentreaproporcionalida-dejdiscorridaeautilizada agora,ouseja,amoderao no leva em considerao se o bemdefendidotemvalorme-nordoqueobemafetado, mas a forma como o indivduo utilizouomeionecessrio,o Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 159 seuuso(LINHARES,1975,p. 238 239). Asgrandesdvidasgera-dasdainterpretaodesse elementosorelacionadasaos critriosparadefinirseouso foimoderadoouno.Como j foi dito, adotamos o critrio objetivoemdetrimentodo subjetivo,vistoque,adotaro critriosubjetivoleva,por exemplo,aumademasiada ampliaodoslimitesdaleg-tima defesa. Ao adotar o critrio obje-tivo,deve-seestaratentoa certosfatoresimportantes paraquepossamosdefinirse, nocasoemconcreto,houve ounoumadefesamoderada. Para tanto, necessrio obser-varagravidadedaagresso,o bem jurdico posto em perigo, as pessoas envolvidas na situa-o de legtima defesa, ou seja, oexamedeveserdeforma relativa,deacordocomcada caso em concreto. misterafianarquena apreciaodorequisitoda moderao, no se pode exigir umaperfeitaadequaoentre oataqueeadefesa,umavez que,quemseencontranessa situao,tendoqueatuar,em certoscasos,deimproviso, geralmentetemdificuldadede valorarclaramenteamedida moderadaderepulsa.Costu-ma-seafirmarquenopode-mosconcluirseousofoii-moderadosimplesmentepe-sando,comonumabalana,a agressoeareao,semlevar emconsideraoosoutros fatores envolvidos. Umexemplobastante significativoeamplamente divulgadopeladoutrinabrasi-leira a hiptese de um boxe-adorprofissionalsemqual-querarmaagredirfisica-menteumapessoadefraca compleiofsica,eessa,dis-pondoapenasdeumaarmae sempossibilidadedefugirou recorrerautoridadepblica ouaterceiros,disparaduas vezescontraoagressorcau-sando a sua morte. Nesse caso emespecfico,sensnole-varmosemconsideraotodo ocomplexodefatoresenvol-vidos,poder-se-iachegar concluso que o agredido agiu de forma imoderada. Contudo,quandosee-xaminamtodososfatores envolvidosnessecasoo vigorfsicodoagressor,o escassotempoparareagir,ter apenasadisposioumnico 160 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. meio,percebe-sequeoa-gredidonousoudeforma imoderadaomeionecessrio, mesmosedepoisficarcom-provadoqueapenasumtiro seriasuficienteparaterrepeli-do a agresso. Agora, isso no querdizerqueoagredido, mesmonessahiptese,pode-ria utilizar-se do meio necess-rio de qualquer forma e inten-sidade. Porfim,podemosdizer queamoderaorequerdo agredidooempregodomeio necessriodeformamenos lesivapossvel,demaneiraa repelirainjustaagres-so(BRANDO,2002a,p. 121). 4. SITUAES LIMITES Comofoiditoanterior-mente, tratamos dos requisitos danecessidadeedamodera-otomandocomopontode refernciaamaiorpartedos indivduos.Nessemomento, passaremosatratardasques-tesrelativasacertasclasses depessoas,quedevidoacer-tascondiesespeciaisneces-sita de regras diferentes. imprescindveldeixar claro que nesses casos o agres-soragecomdolo,jque,co-mofoivisto,seeleagiucom culpa imprudncia, impercia ou negligncia no subsiste a legtima defesa, mas o estado de necessidade. Mesmo agindo comdolo,necessrioimpor certasrestriesatuaodo agredido. Paratanto,foicriadaa doutrinadelimitaestico-sociais da legtima defesa, com oescopodelimitaradefesa doagredido.Essateoria,des-deasuacriao,sofrecrticas notocanteasualegalidade, pois,emprincpio,aleinada dizsobrelimitaesalegtima defesa nesses casos em espec-fico.Umaoutracrticaque surgerelaciona-secomuma supostainseguranaqueessa doutrinatrariaparaodireito de legtima defesa.Noobstanteascrticas sofridasporessaconcepo, acreditamosquecertassitua-esmerecemumtratamento diferenciado,emnomedo princpio da igualdade. certo que o Cdigo Penal brasileiro, noseuart.25,nopreviutais hipteses, mas, isso no leva a afastarmosperemptoriamente taissituaeslimites,visto que, as normas constitucionais Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 161 sodehierarquiasuperiorem relaosdemaisnormas,ou seja,asleispenaisdevemser interpretadasemconsonncia com a Constituio. Alm disso, uma interpre-taopartindodafundamen-taosocialdalegtimadefesa afirmao do direito perante o injusto permite que nesses casosespecficos,ondeaafir-maododireitoconsidera-velmentebaixa,limite-se aodelegtimadefesa.Em relaosegundacrticaadu-zida, pode-se afirmar que essas limitaessodirigidasagru-pos especficos, a saber: quan-dooagressorinculpvelou tem a culpabilidade diminuda; quandoentreoagressoreo agredidoexisterelaodega-rantia;quandoaagresso irrelevante;quandoexiste,por partedoagredido,umainicial provocao antijurdica. 4.1. Agressor inculpvel ou com a culpabilidadediminuda Primeiramente,cumpre fazerumadiferenciaoem relao a uma posio peculiar adotadaporumaparteda doutrina.Parataisautores,a culpabilidadedoagente, quandosefaladelegtima defesa,deveserobservada quandodaanlisedainjustia da agresso, ou seja, se o agen-teagesemculpabilidadeno podemosfalardelegtima defesa,mas,unicamente,de estadodenecessidade.O principalargumentodefendi-doporessacorrenteques asagressesculpveisdo ensejoafirmaododireito perante o injusto, fato que no acontececomosagressores inculpveis(BENTEZ,2004, p. 25). Aqui,apesardeacredi-tarmosqueaafirmaodo direitobemmenordoque noscasosnormais,estamos aindanarbitadalegtima defesaapesardaslimitaes impostasaodireitodedefesa doagredido.bemverdade quequandooindivduoest protegidoporumacausade exclusodeculpabilidadeo Direitoabdicadeaplicara pena,mas,mesmoassim,po-de-seaindacontinuardefen-dendoodireitoperanteoin-justodeumamaneiraredu-zida,protegendooagredido de uma agresso a bens jurdi-cosseus(ROXIN,1997,p. 162 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. 638).Mas,aaodelegtima defesadeveseguiralgunsre-quisitosquelimitamasua atuao. Ento,frenteaagresses dedoentesmentais,decrian-as,debriossemsentido,de indivduosqueatuememerro invencveloudequalquerou-trasituaoqueexcluaou diminuaaculpabilidadedo homem,oagredidodeveob-servartrsmedidasbsicase obrigatrias. Aprimeiramedida,que a menos lesiva possvel, impe queoagredidoprocureevitar oataqueempregandoafuga. Senoforpossvelafuga,o indivduodeveprocuraro auxliodeumaautoridade pblicaoudeterceiros,caso taismedidasforemmenos lesivasqueaprpriaatuao do agredido. A segunda medida, que s devesertomadacasoapri-meiranoforpossvel,afirma que o agredido deve se limitar a aparar os golpes do agressor, visandocausaromenordano possvel. Porfim,casonoseja possvel,semgravesriscos pessoaisparaoindivduo, utilizar-sedasduasmedidas anteriores,oagredidopode aplicar,aosedefender,meios deformaaatacaroagressor. Todavia,eledevecomear utilizandoosmeiosmenos lesivos,mesmoquetragaal-gum perigo para ele ou no se tenhacertezasobreasuaefi-ccia,para,gradualmente,ir usando meios mais lesivos. Comofoidito,nessashi-ptesesoagredidotemque suportarumcertograude perigo,entretanto,casote-nhamosumperigodemorte oudelesescorporaisdena-turezagrave,oagredidono temaobrigaolegaldesu-port-las,podendoutilizar-se de meios mais eficazes. Oexemplodadopela doutrinaesclareceefixame-lhoressasmedidas:Umes-trangeiroofendidocomin-sultos racistas por menores de idade, e, devido a esse insulto, esemqualquerameaaprvia outentativadeseafastardo local,dumafortetapaem umadascrianas.Deixando deladoqualquerdvidaque possa surgir no tocante atua-lidadedosinsultos,podemos afirmarqueessareaofoi excessiva, o que no acontece-riaseoagressorfosseculp-Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 163 vel.importantenotarqueo agredidonessecasodeveria, primeiramente,terprocurado seafastardolocaloupedir ajudadeterceirosospais dosmeninos,porexemplo, senofossepossvel,deveria terameaadoosmeninosa-firmandoqueseelesnopa-rassemdeinsult-loiriamre-ceberumatapa.Casonenhu-masdessasmedidasfossem suficientes, o agredido poderia dar uma leve tapa nas crianas. importantenotarquenessa hiptese citada, uma forte tapa sempreseriaexcessiva,uma vezque,aagresso,apesarde serantijurdica,notrazperi-goalgumavidaouaintegri-dadefsicadoagredido,no sendonecessrio,porconse-guinte,umalesodemaior intensidade. 4.2. Agresses marcadas por relaes de garantia Nasrelaesdegarantia, que so regidas pelas regras da omissoimprpria,quefun-damentam a posio de garan-teporexemplo,odeverde assistncia entre pai e filho ou entreoscnjuges,aafirma-o do direito perante o injus-to tambm de menor impor-tncia. Asmesmasdisposies, referentesslimitaesda defesadoagredido,desenvol-vidasnoscasosdoagressor ser inculpvel ou ter a culpabi-lidadediminuda,aplicam-se nesse caso especfico. Essas limitaes se justifi-camdevidonecessidade,de ambasaspartes,deevitarda-nosparaooutro,e,mesmo sendo possvel legtima defe-sa,essadeveserusadade forma limitada, devido o dever desolidariedaderecproco (ROXIN, 1997, p. 651). Ento, se o marido agride a sua esposa praticando leses corporais leves, essa no pode se defender, por exemplo, por meiodeumafacaoudeum revlver,mas,devesevaler dasdisposiesreferidas,ou seja,deveprocurarajudada autoridadepblicadelegacia damulheroudeterceiros, paraquepossa,posteriormen-te,utilizar-sedemeiosofensi-vos. interessanteressaltara ressalvafeitaporRoxin,pois, comoafirmaesseautor,essas restriessvalemcasoa natureza da agresso no anule 164 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. odeverdesolidariedadedo agredido,como,porexemplo, nocasodomarido,pormeio de uma agresso, por em peri-go a vida ou a integridade fsi-cadeformagravedasua esposa.Nessahiptese,amu-lher no esta obrigada a supor-tartaisperigos,podendose utilizar,casoomeiosejane-cessrio, de uma arma de fogo que,eventualmente,possa causaramortedoho-mem(1997, p. 652). Damesmaforma,noe-xistemaisodeverdesolidari-edade quando, por exemplo, o homemagride,mesmode forma leve, a sua esposa diari-amenteepormotivosinsigni-ficantes,vistoque,ningum tem o dever de suportarmaus tratoscontnuos(ROXIN, 1997,p.652).Omesmose aplica no caso dos cnjuges j terem se separado de fato, no sendorelevanteofatodeles aindaestaremjuridicamente casados. TaipadeCarvalho,ao discorrersobreahiptesede legtima defesa nos casos onde existe um dever de garantia ou quando subsiste uma provoca-oporpartedoindivduo, acaba por negar ao agredido o direito de uma defesa legtima, jque,ssubsistiriaoestado de necessidade.Elebasicamentedesen-volvetrsargumentospara afirmaresseposicionamento. Oprimeirorefere-sefuno preventiva da legtima defesa decorrnciadiretadafunda-mentao social desse instituto ,isto,nocasoondeexiste umaintensaeduradourarela-o de coabitao entre cnju-gesoupaiefilhoodoutri-nador limita-se a tais hipteses noseverificanasuapleni-tudeaprevenoge-ral(positivaenegativa)ea especial,pois,ascondies pressupostasparaqueessa funosematerialize(arecusa daproporcionalidadeeapos-sibilidadedeselesarbensdo agressor muito mais importan-tesqueosdefendido)no aceitvelticaejuridicamente nessescasos(CARVALHO, 1995,p.448).Parajustificar tal posio, o doutrinador traz vriosexemplosmostrandoa diferena entreum fato ocor-ridoapenasnoseiofamiliare omesmofatocomterceiros envolvidos,como,porexem-plo:Aspequenaseespordi-casofensasentrecnjugesou Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 165 mesmo entre pais e filhos no revestemamesmadignidade penalqueasmesmaspe-quenasofensasquandoprati-cadascontraumtercei-ro(CARVALHO,1995,p. 450). Esse , segundo o prprio autor,oseuargumentoprin-cipal, o que no deixa de exis-tiremoutros.Odoutrinador afirmaaindaqueficapatente umatensoentreoprincpio dasolidariedade(existentenas hiptesesdeintensaedura-douracoabitao,bemcomo nocasodeprovocao)eo direitodelegtimadefesaque negaoprincpiodaproporci-onalidadede bens(CARVALHO,1995,p. 451).Emrelaoaoterceiro argumento,vamosnosfurtar nomomentodeapresent-lo, visto que, ele especfico para oscasosdeprovocaopor partedoagredido.Aotratar-mosdessaquestolevantare-mos o argumento omisso. Apesardetodasasconsi-deraesfeitasporTaipade Carvalho,asuatesenopode prosperar.certoquenos casos citados pelo doutrinador necessrioumaregulao especial,contudo,nopode-mosaceitarasuaconcluso que,nessescasos,sficaria caracterizadooestadodene-cessidaderegidopeloprin-cpiodaproporcionalidade, masnuncaalegtimadefesa. Esseautorafirmaquenessas hiptesesnosubsistiriauma funopreventivadalegtima defesa tanto a geral quanto a especial e haveria um confli-toentreoprincpiodasolida-riedadeeessacausadejustifi-cao. Em relao ao princpio dasolidariedade,remetemos asconsideraesfeitaspor Roxin,ouseja,que,depen-dendodaintensidadedaa-gresso,noexistiriamaisum dever de assistncia mtua. Notocanteainexistncia da funo preventiva princi-palargumentodoautor,ele podeserelidido.Abstraindoa dificuldadedeseafirmarque umalei,porexemplo,vaiin-timidardeumamaneiramais eficaz a sociedade ou um indi-vduo,acreditamosquemes-mo nos casos citados por Tai-padeCarvalho,subsistea funopreventivadalegtima defesa,principalmenteem relaosagressesquetra-gam risco de vida para o agre-dido,vezque,nessasocasies 166 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. vivelaintimidaodetoda acomunidade,paraqueela percebaqueexistemriscos, mesmodentrodoseiofamili-ar,emperpetrartaisaes antijurdicas. 4.3.Agressesirrele-vantes Convmfazerumadis-tinoentreasagressesirre-levantes tratadas aqui e princ-pio da insignificncia. Quando estudamos o tipo penal, ns o fazemos em trs planos distin-tos:ovalorativo,odalingua-gemeodarealidade.Nopla-no valorativoexamina-se se a conduta humana violou o bem jurdicotutelado,pois,seisso noacontecerexclui-seatipi-cidade em virtude do princpio dainsignificncia(BRAN-DO, 2002a, p. 58).Poroutrolado,asagres-sestratadasnessetpicoso aquelasquedoorigemaos delitos privados, as contraven-espenais,aosfurtosdeob-jetos de pouco valor. Percebe-sequenessescasosaafirma-ododireitoaindasubsiste, apesar de ser substancialmente menor,oquefundamentaa necessidade da legtima defesa. Da mesma forma, as agresses a bens jurdicos que no sejam penalmente tutelados so con-sideradas irrelevantes. ComoafirmaRoxin,em relaosagressesirrelevan-tes,aafirmaododireito peranteoinjustonoretroce-detantocomonashipteses anteriores,queresultanades-necessidadedeprocurar,por exemplo,ajudapolicialo quenoscasosdoagressor inculpvelumrequisitoo-brigatrio,mesmoquetraga alguns riscos pessoais ao agre-dido,podendoeleprprio empregar a defesa necessria e deformamoderada(1997,p. 646).No obstante essa consta-tao, a aode legtima defe-satemlimites,pois,oagredi-do no pode com a sua defesa, porexemplo,trazerriscode vidaoudelesescorporais gravesaoagressor.Tomemos umexemplobastantedifundi-do na doutrina: Um paraltico, queapenasdispedeuma escopetanomomento,vum adultopegandoumanica maadoseupomareatira uma s vez no indivduo, cau-sandoasuamorte.Normal-mente,adoutrinautilizaesse Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 167 casoparajustificar,deforma errnea, a necessidade da pro-porcionalidadedebens,pois, diante do caso em concreto, o meiofoionecessriopara repeliraagressoinjustaea seuusofoimoderado,oque levaria, em tese, a ficar estabe-lecidalegtimadefesa.Ape-sardessadoutrinachegar corretaconcluso,vezque, nessa hiptese, no fica confi-guradoacausajustificante,o fundamentonopodesera proporcionalidade,comoj foi dito. Ofundamentopara justificar o excesso da legtima defesaamenornecessidade deafirmaododireito,nos moldejreferidos.Nocaso exemplificado,seoparaltico s dispunha daquele meio para defenderapropriedade,mas, seessetraz,inexoravelmente, um perigo vida e integrida-defsica(deformagrave),a nicasoluodeixaroindi-vduo cometer aquele pequeno furtoedepoiscomunicartal crimesautoridadescompe-tentes. 4.4. Provocao antijurdica por parte do agredido Como j foi dito e repeti-donostpicosanteriores,a provocaoantijurdicapor parte do agredido, como todas assituaeslimites,apesarde aindasuscitarumdireitode legtimadefesa,levaauma limitaonodireitodeao porpartedoindivduo.Mas, antesdeadentrarmosnos pontos especficos dessa ques-to,imperiosofrisaradife-renaexistenteentreaprovo-caotratadanobojodesse trabalho e a provocao inten-cional. Aprovocaointenci-onal aquele na qual um indi-vduo, com o fim de perpetrar, porexemplo,umhomicdio, provocauminimigoseupara queesserealizeumaagresso e ele possa reagir sob o manto dalegtimadefesa,e,conse-qentemente,nosejapunido pela ao. Umexemploelucidabem aquesto:Tcioplanejah muitotempomatarMvio, umantigodesafetoseu.Para noserpunido,elesabeque temqueprovocarMviopara 168 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. queomesmovenhaaagredi-loeelepossamataroseuini-migoemlegtimadefesa. Paratanto,Tcio,nafrente dosfamiliaresdeMvio,des-ferecontraelepalavrasde baixocaloeimputaaMvio oroubodeumbanco.Diante detalsituao,Mvioparte paraagredirfisicamenteTcio, e esse, munido previamente de umrevlver,mata-osobo pretextodeteragidoprotegi-dopelodireitodelegtima defesa. Quandoseanalisaaleg-timadefesacomoumtodo, almdosrequisitosobjetivos, tem-sequeobservaroseu requisitosubjetivo,ouseja,o animusdefendendi.Somenteage emlegtimadefesaquemtem a vontade lcita de defender os seusbensjurdicos.Nocaso citado,ficaclaroqueTcio agiucomavontadelivree conscientedepraticarum homicdioenoumadefesa jurdicadosseusbens,no ficandocaracterizadoalegti-madefesa,oquenoaconte-ceriaseoexamefosseunica-menteobjetivo.Poressemo-tivo,Tcioseriapunido,caso nohouvessenenhumacausa deexclusodeculpabilidade, porhomicdiodolosoconsu-mado. Japrovocaoquese pretendedesenvolveraquela naqualoagredido,noobs-tanteasuaprovocaoantiju-rdica,nobuscasuscitaruma agressoapesardessavira ocorrer.Dandoumexemplo diferente:Tcio,semainten-o de provocar uma agresso porpartedeMvio,injuria-o, fazendocomqueMviove-nhaaagredi-lo.Nessecaso especfico,Tciopodesede-fenderlegitimamente,emvir-tudedoataqueantijurdicode Mvio,mas,asuadefesa limitada,pois,foielequepro-vocou, mesmo sem inteno, a agresso.Feita essa distino, fica a dvidaseaprovocaoque restringeadefesadoagredido necessitaserantijurdicaou podesertambmasdesapro-vadastico-socialmente.A-creditamosqueunicamenteas provocaesantijurdicaspo-demensejarumarestrio aodelegtimadefesa,visto que,selassocapazesde ferir bens jurdicos alheios. Roxin,aodiscorrer sobreoassunto,tomaames-maposio,pois,oqueno Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 169 est proibido algo que juridi-camenteaspessoasdevem toleraroupagarnamesma moeda(1997,p.644).No casodaprovocaoqueno sejaantijurdicaoagredido podesedefenderdeumaa-gressoderivadadessaafronta semnenhumarestrio,uma vezque,nessahiptese,ele estarafirmandoodireito peranteoinjustoemtodaa sua plenitude. Porfim,paraqueapro-vocaoantijurdicavenhaa restringir a defesa do agredido, necessrioobservarolapso temporal entre a provocao e aagressoporpartedopro-vocado,ouseja,se aqueleque foi provocado vem a praticar a agressomesesapsofato, no se pode restringir a defesa do agredido sob o pretexto de umaprovocaoanterior (ROXIN, 1997, p. 644). Como j foi referido ante-riormente,TaipadeCarvalho afirmaainexistnciadalegti-madefesanoscasosonde entreoagressoreoagredido existeumaintensaeduradou-rarelaodecoabitaoenas hiptesesdeprovocaoda agressoporpartedoagredi-do.Aodiscorrermossobreos casosondeexisteumarelao degarantia,levantaram-seos doisargumentosqueso gerais,isto,paraasduashi-ptesesdefendidospelo doutrinadoremfavordaex-clusododireitodelegtima defesa.Agora,imperioso trazeratonaoterceiroargu-mento,especficoparaessa situao. Taltericoafirmaque,a-lmdosoutrosdoisargumen-tos,noscasosdeprovocao deve-seaindalevaremconsi-deraooprincpiovitimol-gico, que conduz a reduo do ilcitoedaculpadoagressor, e, destarte, surja o princpio de solidariedademnimaqueim-pe a observncia do princpio daproporcionalidade,incom-patvelcomodireitodeleg-timadefesa(CARVALHO, 1995, p. 452 453). Nonegamosquenashi-ptesesdeprovocaopor parte do agredido a sua defesa deve ser limitada, todavia, isso no leva a crer que s subsista oestadodenecessidade.J afirmamos,outrora,quesea agressotrouxerperigovida ouaintegridadefsica(defor-ma grave) desaparece qualquer princpiodasolidariedade 170 | Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. existente.Porconseguinte, rejeitamosoposicionamento defendidopelodoutrinadore reafirmamosodireitodeleg-timadefesacomassuas limitaesporpartedoa-gredido CONCLUSO Opresenteartigoteve porobjetivoprecpuoexami-naraaodelegtimadefesa emtodasassuaspeculiarida-des, tentando dar uma soluo aosproblemassuscitadose preencher as lacunas, referente aos casos limites, existentes na doutrina ptria. Nasearadaaodeleg-timadefesa,estudamos,pri-meiramente,anecessidadede defesa.Conclumosquearea-ospodeserconsiderada necessriaseessaforidnea, eficazedemenorpotencial lesivopossvel,consoanteo princpiodamenorlesividade. Damesmamaneira,defende-mosahiptesequeafuga sempreobrigatrianoscasos ondeela,emcomparao comosoutrosmeiosdispon-veis,muitosmenosdanosa para o agressor. Igualmente,tomamosa posioqueafirmaanecessi-dade,desdequesejaamenos lesivapossvelenotraga perigoao agredido,desebus-carajudadeterceirosparticu-lares. Em relao ao auxlio da autoridadepblica,vimoso cartersubsidiriodalegtima defesaqueafirmaserobriga-triaabuscaporauxlioda autoridade,desdequepreen-chaascondiesdescritas acima, isto , menor lesividade e sem perigo pessoal. A ltima questotratadanessetpico foiadosaparelhosdeauto proteo,tomandoumaposi-ointermediria,vistoque, necessrio examinar o caso em concretoparachegarauma concluso. Diante o requisito do uso moderadodosmeiosnecess-riostratamoslogodaproble-mticadaproporcionalidade. Apesardealgunsdoutrinado-resafirmaremquedeve existir umaproporcionalidadeentre odanocausadoeobemde-fendido,acreditamosqueem virtudedoprincpiodaigual-dadeedafundamentaoso-cialdalegtimadefesa,aafir-maododireitoperanteo injusto,deserecusarpro-Revista Duc In Altum - Caderno de Direito, vol. 3, n 4, jul-dez. 2011. | 171 porcionalidade comorequisito da legtima defesa. Posteriormente,desen-volvemososoutrospontos desserequisito,asquestes maisrelacionadasestritamente comamoderao,querdizer, comodefinirseareaofoi moderada.Tomamosaposi-o daqueles que afirmam que amoderaodeveseranalisa-da a partir do caso em concre-to e de forma relativa, levando emconsideraoaspessoas envolvidas,anaturezadaa-gressoeobempostoem perigo. Comisso,chegamosao ponto culminante do trabalho, oexamedassituaeslimites, que nunca tiveram, pela maior partedadoutrinabrasileira,a atenodevida.Dianteessa constatao,passamosaapre-ciarcadacasoemespecfico, mostrandosempreoporqu dessassituaeslimitesterem umtratamentodiferenciado, desde o princpio da igualdade atamenornecessidadeda afirmao do direito perante o injusto. REFERNCIAS ASA,LuisJimnez.Tratado dederechopenal,vol.4,Buenos Aires, Editorial Losada, 1952. ASA,LuisJimnez.Laleyy eldelito,Caracas,EditorialAn-drs Bello, 1945. BENTEZ,ngeladelaTor-re. Una aproximacin a los limites delalegitimadefensa,Bogot, Universidadexternadode Colmbia, 2004. BRANDO,Cludio.Teoria jurdica do crime, Rio de Janeiro, Forense, 2002a. BRANDO,Cludio.Introdu-o ao direito penal. Rio de Janei-ro, Forense, 2002b. CARRARA,Francesco.Pro-gramadedireitocriminal,vol.1, So Paulo, Saraiva, 1956. CARVALHO,AmricoA. Taipade.Alegtimadefesa, Coimbra,Coimbraeditora, 1995. 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