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PROGRAMAÇÃO SAÍDA DE CAMPO – BRASPOR 2018 Roteiro: Rio Grande a Chuí
DIA Partida – Hotel Atlântico, Cassino, 7 hs
22 SETEMBRO
SÁBADO
PONTOS DE PARADA TEMPO
PREVISTO OBSERVAÇÃO
1. Canal da Corsan 30 min
2. Taim, Capilha 45 min Parar na falésia ao Sul da Capilha
3. Porto SVP 30 min
4. Hermenegildo 45 min
5. Molhes Chuí 45 min
Hotel Atlântico - Cassino Chegada prevista para 22 hs
Nosso primeiro ponto de observação se dá sobre o viaduto sobre a linha férrea na BR 392.
Observem a disposição mais ou menos paralela entre as depressões preenchidas por água e as
partes elevadas ocupadas por vegetação rasteira de campo. Essa configuração de cavas e cristas
alternadas é o registro geomorfológico de um amplo sistema de cordões litorâneos que faz parte
da parte final da evolução da planície costeira e que vamos discutir detalhadamente na próxima
parada.
Ponto 1 – Falésia marinha – máximo transgressão holocênica / 5100 anos
Vamos refrescar a memória sobre as subdivisões do tempo geológico:
ERA
CENOZÓICO
PERÍODOS
PALEÓGENO / NEÓGENO / QUATERNÁRIO
ÉPOCAS
PLEISTOCENO E HOLOCENO
De início é adequado relembrar um pouco alguns conceitos fundamentais que se relacionam
diretamente com a evolução geológico-geomorfológica da PCRS:
Variações naturais do nível do mar são observadas em uma grande diversidade de escalas
temporais e espaciais, desde o pulso de uma maré diurna ou uma onda quebrando na praia, até
variações que ocorrem em períodos de muitos milhões de anos. A Terra é naturalmente um
sistema dinâmico formado por fortes interações que se refletem diretamente sobre as
oscilações do nível do mar, chamadas de transgressão (subida) e regressão (descida).
Em função da escala dos efeitos dos mecanismos envolvidos se classificam os processos de
variação do nível do mar em dois grandes grupos: processos eustáticos ou globais e processos
isostáticos ou relativos. Os primeiros alteram a forma e então o volume das bacias oceânicas,
influenciando o nível absoluto do mar; são causados por forçantes astronômicas, climáticas e
geológicas. Os processos isostáticos atuam em escala mais regional e as variações de nível do
mar são causadas por movimentos verticais da região emersa devido a deformações da crosta.
Causas e efeitos secundários podem ampliar ou reduzir
o nível dos mares em processos conhecidos com de
feedback (por exemplo a glacio isostasia, albedo etc.)
As variações do Nível do Mar, particularmente entre o final do Período Neógeno e durante o
Período Quaternário foram responsáveis pela configuração geomorfológica que vemos hoje na
zona costeira.
VILLWOCK, 1984 forneceu um modelo evolutivo que considera o desenvolvimento de uma
amplo Sistema de Leques Aluviais seguido da formação de uma barreira múltipla complexa que
inclui 4 sistemas Laguna-barreira.
Gelo
Fluxo de material da astenosfera
A) Última glaciação (a 21.000 anos)
B) Situação atual
Fluxo de material da astenosfera
Soerguimento da crosta
Subida eustática do nível do mar
A estruturação da Planície Costeira começou a se delinear com o transporte dos sedimentos
clásticos terrígenos, oriundos das partes mais elevadas, para o interior da Bacia de Pelotas. Aí,
sob a ação do vento, das ondas, das correntes e marés e influência da variação relativa do nível
do mar, desde o Neógeno até o Holoceno, acumularam-se em uma grande variedade de
ambientes deposicionais compondo o mosaico geomorfológico que hoje se observa nessa
região,
De acordo com Villwock (1984), a evolução paleogeográfica da Planície Costeira foi controlada
por eventos sucessivos de transgressão-regressão, a partir do grande evento transgressivo
miocênico. Durante a regressão pliocênica subsequente, grandes leques deltaicos cobriram
amplas áreas em exposição com depósitos grosseiros, associados a sistemas de canais
anastomosados, dando origem ao sistema de Leques Aluviais.
O primeiro ciclo de trangressão-regressão foi responsável pela formação de uma barreira
arenosa que isolou o sistema lagunar Guaíba-Gravataí, ao norte da Planície Costeira. Os ciclos
subsequentes gradativamente isolaram o amplo sistema lagunar Patos-Mirim, em um processo
de adição de ilhas-barreira paralelas, formando o que Villwock (op cit) denominou Barreira
Múltipla Complexa. No final do Pleistoceno (mais ou menos 17000 anos b.p.) uma grande
regressão marinha ocasiona o entalhamento da rede fluvial com forte erosão de todas as
formações.
No pico do processo transgressivo que se seguiu no Holoceno (5100 anos b.p.), o nível alto do
mar provoca a formação de uma falésia de abrasão na Barreira Múltipla Complexa, bem como
nos terraços lagunares existentes nas margens lagunares do Sistema Patos-Mirim. A regressão
subsequente, até a situação atual, foi responsável pelo fechamento total das Lagoas dos Patos
e Mirim através da adição da última barreira marinha (Barreira IV). Esse evento permitiu,
adicionalmente, a instalação de um sistema lagunar retrobarreira, cujo maior representante é a
Lagoa Mangueira, no extremo Sul da Planície Costeira.
Os amplos terraços lagunares que hoje se observam nas margens do canal de São Gonçalo, bem
como uma grande parte da porção superficial dos esporões arenosos do Sistema Patos-Mirim,
e o Sistema de Cordões Litorâneos são resultado desse último evento regressivo.
O pico transgressivo holocênico, atingido há cerca de 5100 anos atrás, erodiu a barreira marinha
pleistocênica e entalhou uma falésia de abrasão marinha a qual podemos observar neste
ponto. Com a regressão subsequente, graças à elevada disponibilidade de sedimentos arenosos
existentes na plataforma continental interna, uma barreira arenosa progradou lateralmente
durante a fase regressiva que se seguiu. Esta progradação se desenvolveu principalmente
através de cordões litorâneos regressivos (“beach ridges”) cujas características ainda podem ser
observadas nesta região.
Esta região caracteriza-se por um topografia plana ou levemente ondulada, baixa, de
constituição arenosa e sujeita a alagamentos freqüentes. Entretanto, têm uma função ambiental
importante no ecossistema que é a regulagem hidrológica, realizada pelo armazenamento de
água nas cavas dos cordões e posterior fluxo para o estuário através dos arroios. A filtragem
natural desta carga hídrica é responsável pela liberação para o estuário de uma água rica em
nutrientes, limpa e sem turbidez.
As características geológicas, ambientais, hidrológicas e geotécnicas destas áreas não são as
mais apropriadas para assentamentos urbanos densos ou industriais, devido principalmente à
topografia baixa e plana de constituição arenosa, proximidade de corpos lagunares e pouca
profundidade do lençol freático. Esta situação conflitante é a origem de vários problemas
ambientais no município.
Praia e falésia (Barreira II )
O segundo ponto de parada está localizado na praia da Capilha. Nesse ponto podemos observar
uma barreira arenosa pleistocênica formada no segundo evento transgressivo há 325 mil anos.
Essa barreira foi a responsável pelo início da formação da lagoa Mirim, portanto, a mais antiga
do sistema lagunar Patos-Mirim. Logo ao Sul desse ponto onde estamos começa uma extensa
área alagada que hoje forma o banhado do Taim. Essa região configurava uma comunicação da
Lagoa Mirim com o mar no pleistoceno e que só foi selada no Holoceno há cerca de 5 mil anos
atrás.
As variações do nível d’água na Lagoa Mirim são causadas pelo excesso de pluviosidade e
potencializadas pela atuação do vento do quadrante sul. A extensa pista para atuação do vento
favorece a elevação do nível d’ água e formação de ondas de pequena amplitude, mas de
período curto, que podem erodir a escarpa. A erosão é amplificada por ação antrópica como
abertura de vias e caminhos, pastagem do gado, etc e também pela água da chuva escoando da
barreira (pequenas vossorocas) em direção a praia.
Barreira II – escarpa de erosão
Nas margens da Lagoa nota-se concentrações de minerais pesados (minerais com densidade
maior que 2,83 g/cm3). Esses minerais, quando em grande concentração podem formar placeres
(depósitos sedimentares com importância econômica). Os minerais encontrados nas margens
são principalmente a ilmenita e magnetita (escuros/opacos que não deixam passar luz),
encontra-se também os transparentes (zircão, rutilo, cianita, hornblenda etc..). São os minerais
que podem formar placeres do tipo “pesados leves” os quais resistiram a vários ciclos
sedimentares ( subida e descida do nível do mar) e podem “viajar”grandes distâncias da área
fonte, diferente dos placeres de minerais “pesados pesados”como o ouro e a platina que
situam-se a pequena distância da área fonte.
Concentração de minerais pesados as margens da Lagoa Mirim.
Porto de Santa Vitoria do Palmar
Construído em 1938, na Enseada dos Capinchos, sobre a orla da Lagoa Mirim.
O Porto de Santa Vitória foi inagurado em 1938 e desativado em 1950. Servia, principalmente,
para escoar a produção local de lã e arroz. Em 2005 foi reativado parcialmente para transporte
de saibro e pedra . Desde Novembro de 2007 está sendo reformado. Foi re-inaugurado em
junho/2008. Em uma primeira fase abriga restaurante, museu, observatório e salas de
exposições. A próxima fase prevê a reativação da atividade portuária. Fica a apenas 6 km da
cidade e e 9 da estrada. Depois de mais de 40 anos o Porto de Santa Vitória do Palmar está sendo
utilizado novamente em benefício do desenvolvimento da região do extremo-
sul. Recentemente, uma embarcação atracou no cais do porto, trazendo 7,5 mil metros cúbicos
de saibro, vindos do município do Capão do Leão para serem utilizados no pavimentação das
ruas do município. O prefeito destacou que o transporte pela lagoa representa uma economia
de 20% em relação a última aquisição de saibro da prefeitura no Uruguai. “O carregamento de
saibro que estamos recebendo comprova a possibilidade de utilização da hidrovia da Lagoa
Mirim como um modal de transporte viável para ampliar o desenvolvimento da região,
reduzindo custos e interligando o município às demais regiões do país.”, frisou. A possibilidade
de transporte de outras cargas, a melhoria das condições do cais do porto e do calado da lagoa
foram destacados pelo prefeito.
Notar espigão rochoso para proteger das ondulações. Será efetivo ? Verificar o crescimento de
um esporão arenoso em direção ao porto, provavelmente formado com a dinâmica provinda do
vento sudoeste. ? O crescimento do esporão pode assorear o porto ?. Profundidades do Porto
? Vão ser efetuadas dragagens no mesmo. Locais de dragagem emergencial na Lagoa
Mirim:(Porto de Santa Vitória e Sangradouro (entrada do Canal do São Gonçalo na Lagoa Mirim).
Figura: Porto de Santa Vitória do Palmar: Estrutura artificial e esporão arenoso avançando em
direção ao porto.
Figura: note a presença dois esporões (um em sentido leste/sudeste e outro em sentido
nordeste).
A foto abaixo fornece uma idéia a respeito das variações de nível na Lagoa Mirim. Veja as
coberturas localizadas na praia completamente inundada em novembro de 2009 (saída de
campo).
Transecto Porto de Santa vitório - HERMENEGILDO
Seção-tipo fósseis Arroio Chuí (1 km ao norte da ponte)
33o35’26’’,39S / 053
o20’22”,11W
Praia do Hermenegildo
Erosão Costeira
Local do RS onde o problema da erosão costeira é mais grave. Causas principais: ocupação
sobre a dunas ,marés meteorológicas, concentração de energia de ondas (refração),herança
geológica e outras.
Foto : Dois dias após a passagem de um ciclone extra-tropical (note que após dois dias o nível
do mar continuava alto). Oberve a ocupação muito próxima a linha d ‘água.Taxa de erosão
(recuo da escarpa das dunas frontais : 2,5 a 3 m/ano).
Maré meteorológica que provocou intensa erosão no balneário em 1995. Centro de baixa no
oceano e centro de alta (pressão) no continente migrando paralelamente a costa. Pista de
vento longa com ventos de grande intensidade.
Diferença entre a maré prevista (astronômica) e a medida (Porto de Rio Grande) nas datas
associadas ao evento acima. Essa sobre- elevação do nível causada pelo vento e ondas é fatal
para urbanizações muito próximas a orla.
BARRA DO CHUÍ
O arroio Chuí, limite costeiro entre o Brasil e Uruguai teve sua barra fixada na década de 80.
Como o arroio migrava sazonalmente havia a necessidade de fixá-lo como marco geopolítico.
Abaixo dois levantamentos aéreos efetuados em 1964 e 1975. Nota-se nestas fotos um acumulo
maior de areia aonde o arroio chega próximo ao cordão das dunas frontais ficando assim
paralelo a praia. Ou seja, o volume de areia é maior ao sul do arroio (lado uruguaio). Este padrão
parece ter se mantido e mesmo amplificado após os molhes que o fixaram. Provavelmente o
acúmulo se deve mais ao efeito de ventos do quadrante sul os quais são mais efetivos nesta
região (conforme o Atlas Eólico do RS, existe uma diferenciação no regime de ventos entre o
litoral norte e central do RS quando comparados ao extremo sul). Adicionalmente, devemos
considerar o fato do transporte litorâneo liquido de areia ser para o norte contribuindo para
um aumento da largura. Muitas pessoas cogitam o fato da obra ter influenciado a erosão no
balneário o Hermenegildo o qual localiza-se X Km da barra. Entretanto achamos inviável uma
vez que a estrutura não ultrapassa a zona de arrebentação (na verdade atinge a linha de praia)
onde o transporte litorâneo é mais efetivo. Entre os molhes e em direção a montante existe um
banco de areia (pode-se atravessar o arroio a pé) que impossibilita a entrada mesmo de
embarcações menores. A obra foi fixada com molhes mistos constituídos por um núcleo
rochoso e um revestimento de tetrápodes (estruturas de concreto) os quais dissipam mais
efetivamente a energia das ondas e ao mesmo tempo lhe confere um maior grau de
imbricamento (aumenta a estabilidade).
Barra do Chuí 1964
Barra do Chuí, 1975
Barra do Chuí,imagem atual.
Foto Sistema ADAR-LOG/FURG 2003.Barra do Chuí.
Regime de Ventos no extremo sul (Chuí,RS—Atlas eólico do RS)
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