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As estruturas Antropológicas do Imaginário

• O regime diurno da imagem• O Cetro e o Gládio

Rubens Aparecido CamposUNIVERSIDADE PAULISTASÃO PAULO

Este capítulo trata do poder e do herói, simbolizados pelo Cetro e o Gládio. O que separa e o que aglutina, une.

É a dualidade constante da humanidade, o maniqueísmo em ação, a luz e a escuridão, a vida e a morte.

Um regime polêmico e violento que flutua no imaginário através de fenômenos simbólicos com suas antíteses dos símbolos ascensionais, especulares e diairéticos.

Durand define como axioma em que os arquétipos da estrutura antropológica do imaginário acompanham o ser humano tanto físico, psíquico e biologicamente.

O nascimento da criança é também o nascimento do imaginário, que a princípio não há uma divisão entre o corpo e o espirito.

A divisão ocorre quando a criança adquire a postura dominante vertical que separa e liberta suas mãos e visão.

Suas mãos para segurar e sentir através do tato, o gládio e o cetro, e a visão para receber a luz verticalizante do céu.

Este spaltung que irá atormentar em sua jornada.

Durand aplica como metáfora o axioma do nascimento, do sonho acordado que mostra o esquema de elevação e o arquétipo visual da luz, são complementares e que segundo Bachelard.

“É a mesma operação do espírito humano que nos leva para a luz e para as alturas”.

Símbolos ascensionais, especulares e diairéticos

Símbolos ascensionais ou de verticalizaçãosão os símbolos do desejo de ascensão, para o alto, para o céu, representados por elementos como a escada, o voo dos pássaros. Da verticalização são as montanhas, bétilos, templos, flechas, zigurates e obeliscos, muitos são objetos fálicos por excelência.

Suas antíteses estão representados na queda, no abismo, na goela abaixo.

Símbolos especulares

Representados pela luz, adquirida pela visão através da verticalidade, pela cor dourada, pelo ouro, sol, o fogo e seus arquétipos como a luz uraniana e dos deuses solares.

A luz é o gênio do fenômeno ígneo (qualidade do fogo).

O Fogo é a chama purificadora, mas também centro genital do lar patriarcal.

Suas antíteses são a escuridão, o túmulo e o labirinto.

Símbolos diairéticos (depreendimento, separação)

Símbolos da luz, da água, do sangue, do fogo e dos deuses solares.

A água e o fogo representam os arquétipos ambivalentes da pureza.

Pela castração violenta de urano surge o amor. Pela circuncisão a purificação e separação dos sexos que representam um repor da ordem pelo gládio, um derramamento violento do mau sangue.

Deus MitraSão Miguel

É o domínio das armas cortantes, luzes e raios como poderes dos deuses solares.

O herói solar é sempre um guerreiro violento.

A revolta de um prometeu do arquétipo da liberdade e do espírito.

Representação da luta entre a vida e a morte, do combate e a separação violenta e cortante entre o bem e mal.

Durand trata do maniqueísmo em ação, do spaltung, do Yin e Yang, do catarismo que desequilibra o imaginário dos indivíduos e do coletivo.

Nos símbolos diairéticos estão as batalhas violentas dos arquétipos. A luta que separa pelo gládio e ao mesmo tempo os une pelo cetro.

Regime diurno e estruturas esquizomórficas do imaginário

Aqui o arquétipo do herói, do guerreiro que pelo isomorfismo dos simbolismos ascensionais e especulares é capaz de levá-lo ao estado de esquizofrenia por visões espetaculares, pela obsessão da esquematização cartesiana e euclidiana, pelo deslocar do tempo para alcançar as luzes e as alturas.

O herói deve vencer o spaltung (separação e divisão) e as forças negativas da morte que o atormenta. Vencer os aspectos tenebrosos e maléficos do cronos que o devora.

Neste regime, as estruturas do imaginário também estão vinculadas à outras estruturas como a biológica, a físicas e as psíquicas.

Ele ultrapassa de longe o campo do imaginário e se estende sub-repticiamente a setores da representação que se pretende puro e não contaminados pela louca da casa.

Não é mais um pensamento por antítese. É pensamento contra o semantismo das trevas, da animalidade e da queda, ou seja contra cronos e o tempo mortal.

Ele corresponde ao regime de expressão e do raciocínio filosófico, da lógica, dos métodos físico-químicos.

É o regime do geometrismo exagerado, da simetria, da visão topológica, da imobilidade, da obsessão.

Também do gosto pelas regularidades que leva à doenças esquizofrênicas e às estruturas esquizomorficas do imaginário.

Bibliografia

Durand, Gilbert. As estruturas antropologicas do imaginário: introdução a arqueologia geral – 2ª ed. São Paulo. Martins Fontes, 2001.

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