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DESIGN DESUPERFÍCIE
2014/4
TÓPICOS AVANÇADOS EM DESIGN
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Participam da TAD os alunos Augusto Crespi | Carine
Rissi | Cristiana Livotto | Diogo André Machado | Eder
Francisconi |Jairo Arruda de Castro | Jean Jacó de Sou-
za Nunes | Jessica Gotardo dos Santos | Jéssica Restelli
| Juliana Manara | Maria Terezinha Scalcon | Michele Ras-
ador Perin | Pamela Cardoso da Rosa | Roberta Cristina
Redante | Stéphanie Oselame
Corpo docente : Ana Valquiria Prudêncio | Jane Toss de
Bhoni | Silvana Bastianelo
Com o objetivo de promover e aprimorar conceitos
relativos à área de Design de Superfície, a disciplina
de TAD - Tópicos Avançados em Design apresenta
possibilidades de aplicação e inserção no mercado,
tendo o foco a construção de conceitos para apli-
cação nas mais variadas superfícies, usando meto-
dologia apropriada e demonstrações técnicas, além
de conhecimento intelectual e de domínio principal-
mente do prático.
APRESENTAÇÃO
02
DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
5
HELOÍSA CROCCO
DESIGN DE SUPERFÍCIE
10 17
26
WORKSHOP
RESULTADOS
43IMPRESÃO EM
VIDRO
04
DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
SUMÁRIO
34O CHARME DOS
LADRILHOS
43
49
IMPRESÃO EM VIDRO
MALHARIA
55 70
APLICAÇÕES
PALESTRA ENCERRAMENTO
05
DESENHANDO A SUPERFÍCIE
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
DESIGN DE SUPERFÍCIE Ohomem interfereemodificaasuperfíciedosob-
jetos com os quais convive desde as civilizações pré-
históricas. Das pinturas rupestres às corporais, passando
por ornamentos encontrados nas armas de caça, vesti-
mentas, utensílios domésticos e espaços arquitetôni-
cos. O desejo pelo adorno sempre foi muito forte em
todos os estágios de civilização e em todos os povos.
08
O design de superfície é uma atividade
que consiste na criação de imagens bidimen-
sionais ou tridimensionais, projetadas es-
pecificamenteparageraçãodepadrões,que
desenvolvem-se de maneira contínua sobre
superfícies de revestimentos. É um processo
que alia criatividade e técnica na concepção
e execução de desenhos ou imagens projeta-
dos com determinada finalidade para apli-
cação em superfícies. Seu objetivo é apre-
sentar ideias funcionais e estéticas levando
em conta os diferentes métodos e materiais.
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Ele reforça a função estética dos ob-
jetos, melhora a identidade dos produtos,
seja em embalagens, coleções editoriais
ou mídias eletrônicas, e promove me-
lhor aceitação junto aos usuários, princi-
palmente nos produtos de uso individual
onde o consumidor procura uma identi-
ficaçãopersonalizada.Dessemodo,uma
superfície bem trabalhada pode garantir
uma melhor aceitação do produto e agre-
gar valor a um projeto.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
A construção de padronagens pos-
sui dois princípios básicos: o módulo e a
repetição. O módulo é, a menor área que
inclui todos os elementos ou motivos que
vão constituir o desenho. A organização
dos elementos ou motivos gera a com-
posição da imagem dentro de uma es-
trutura preestabelecida, de maneira que,
quando repetidos lado a lado e encima e
embaixo, os módulos formam um padrão
contínuo.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
A repetição é a colocação dos
módulos nos dois sentidos, compri-
mento e largura, de modo contínuo,
sem originar cortes ou interrupções
visuais no padrão gerado. Assim, o re-
sultadofinalnãoestánaconstrução
do módulo, mas em uma composição
bem sucedida na sua repetição.
A maneira pela qual um módu-
lo vai se repetir a intervalos con-
stantes é chamada de sistema de
repetição (repeat em inglês, rap-
port em francês). Esta combinação
é dada pelo designer e faz parte de
sua criação, pois variando o sistema
varia-setambémoresultadofinalda
estampa, inclusive a sua proposta
conceitual e efeitos óticos. Ou seja,
mesmo preservando o módulo, en-
caixes diferentes podem gerar resul-
tados completamente diferentes.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
As possibilidades de aplicações de
projetos de superfícies são diferenciadas
e se mostram com aspectos variados de-
pendendo do produto e de sua técnica
de produção.
O processo criativo é voltado para
aplicação na indústria, basicamente nas
áreas têxtil, de papelaria, cerâmica e ma-
teriais sintéticos, mas pode ser aplicado
emumainfinidadedeoutrosramosema-
teriais.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
HELOÍSA CROCCO
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Heloísa Crocco é umas das
maiores referências no design de su-
perfície nacional. A artista plástica e
designer, de 65 anos, formou-se em
desenho industrial em 1970 pela Uni-
versidade Federal do Rio Grande do
Sul, em Porto Alegre, cidade que re-
side até hoje. Com seu trabalho deli-
cado, Heloísa obteve, entre outros, o
Prêmio de Design do Museu da Casa
Brasileira, em 1994, e o do Salão Na-
cional de Arte do Museu da Pampulha,
em 2000.
Advinda de trabalhos artísticos
com fibra e após diversas viagens
pela América Latina , Heloísa Crocco,
responsável pelo Crocco Studio De-
sign, dedica-se a uma obra que tem
a natureza – suas cores, cheiros e dá-
divas – como maior inspiração. Seu
maior projeto, baseado nas entranhas
da madeira, recebe o nome de Topo-
morfose.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Seu trabalho começou aos 30
anos, em uma visita descompromissada
à região amazônica com nada menos
que Zanini Caldas, que catava restos
do desmatamento já desenfreado para
suas obras. Dentre todo o material que
Heloísa coletou, o que mais desper-
tou seu interesse foram as entranhas
da madeira, com seus veios e anéis de
crescimento, marcas de um verão que
se expande e de um inverno que enco-
lhe.
Durante suas pesquisas, Heloísa
cortava as madeiras longitudinalmente
e elegia um quadrado. Foram dois anos
pesquisando todas as possibilidades
que esses veios lhe ofereciam, e após
este período, percebeu que o corte em
topo resultavaemgrafismos,padrões
e texturas que começou a aplicar como
desenho.Porfim,elapercebeuqueao
jatear com areia os quadrados, a parte
dos veios que era mole se desman-
chava, e isso gerava carimbos.
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A partir disso, Heloísa passou a
aplicar seus padrões em todos os su-
portes possíveis, que iam desde pa-
pelaria, cadernos, até louças e linhas
têxteis. A artista possui seu trabalho
aplicado em empresas de renome,
como Tok Stok, Coza e Casa Rima.
Também possui uma série limitada de
pranchasemconjuntocomseufilho,
que lhe rendeu um prêmio IF, e possui
uma parceira com o estilista Ronaldo
Fraga, com aplicações em couro. A
ideia da artista é imprimir em objetos
cotidianos traços característicos de
superfícies madeiriças.
DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Outra vertente muito impor-
tante de seu trabalho é a con-
fecção de painéis a partir de aparas
de cercas de madeira. Cada painel
éúnico,possuisuaespecificidade,
e é capaz de render texturas ines-
peradas, misturas inéditas e jogos
ópticos de cor. Alguns painéis não
recebem nenhum acabamento
de pintura, é somente a madeira
natural, outros recebem um efeito
óptico, pintados com uma cor de
cada lado, e outros são pintados
inteiramente.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Heloísa possui uma forte ligação com a cultu-
ra, e busca desenhar uma face do Brasil a partir
de diferentes culturas. Atualmente, a artista está à
frente do Laboratório Piracema de Design, que é
um núcleo de pesquisas da forma na cultura bra-
sileira, e que busca a revitalização de produtos
regionais. O projeto conta com uma equipe mul-
tidisciplinar, que vai até comunidades espalhadas
em diferentes regiões do país. Seu principal foco
é a aproximação entre o design e o artesanato,
através de mudanças de comportamento e de ati-
tude diante do fazer.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
“
“ A artista acredita que o sucesso de seu
trabalho de deve a ela buscar na natureza a in-
spiraçãoeaessência.Heloísadefineoseutra-
balho como “quando a natureza sai de si mesma
e vira arte”, e acredita que são necessárias mais
pesquisas de aprofundamento na iconografia
brasileira,quenosapresentaumainfinidadede
ícones para eleger e fazer a nossa história.
A viagem na busca por inspiração deve ser para dentro do Brasil e não para fora.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
WORKSHOPA disciplina de Tópicos Avançados em Design
proporcionou aos alunos a experiência de aprofun-
dar seus conhecimentos sobre o design de super-
fície através de um workshop realizado no Crocco
Studio Design, da renomada artista Heloísa Crocco.
Foram quatro dias de workshop que proporcion-
aram uma imersão no mundo do design de super-
fície, e uma nova visão sobre a cultura, além de ter
sido uma excelente oportunidade de compartilhar
ideias em grupo, e trabalhar de forma colaborativa.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Às margens do Guaíba, a casa-
ateliê onde a artista mora e tem seu
studio, é marca de seu trabalho e ex-
pressa muito do estilo de vida que
Heloísa busca. Construída totalmente
emmadeirapinusdeáreasdereflo-
restamento, o studio mostra toda a
ligação da artista com a madeira e a
natureza. O workshop, realizado no
local, foi uma grande oportunidade
de conhecer o seu ambiente de tra-
balho e como a artista encara a vida.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Em um primeiro momento, Heloísa rece-
beu os alunos para apresentar seu trabalho, e
passar quais eram as suas intenções e as di-
retrizes do projeto. A artista buscou transpor
para o projeto as raízes de seu trabalho, e sua
forte ligação com a cultura. Assim, os alunos
deveriam buscar elementos da serra gaúcha
comoiconografiaparaoprojeto,nabuscapor
valorizar a cultura local, que sempre tem mui-
tas riquezas e histórias possíveis de serem tra-
balhadas.
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A turma foi divida em grupos, e cada
grupo deveria pensar em um ícone
para o seu trabalho, que seria o
norte de todo o projeto. Este
ícone deveria, acima de tudo,
terumsignificado,ser
patrimônio do local.
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Dentre as muitas possibilidades levantadas,
os temas que se destacaram e ficaram es-
colhidos foram: a uva, pela forte expressão
da produção de vinho na região. A araucária,
por ser uma árvore típica e pela tradição do
pinhão. E as taipas, cercas de pedra que re-
presentam a herança da colonização.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Apósdefinidosostemas,
foi realizada uma pesquisa
histórico-social do objeto de
estudo, para que compreen-
dendo a história do ícone e da
região o próprio projeto ad-
quirissemaissignificado,epu-
dessegerarumaidentificação
maior com as pessoas. A partir
das imagens coletadas, tam-
bém foi definida uma paleta
de cores para cada grupo.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD 45
A pesquisa norteou o processo de
criação, onde cada grupo buscou rep-
resentar os elementos escolhidos e
abstrai-los em módulos, sempre rece-
bendo orientação por parte dos pro-
fessores e da curadora, Heloisa.
A partir da criação do módulo,
foram geradas padronagens através
de estudos de composição, exploran-
do ampliação, redução, repetição e
rotação do módulo. As padronagens
geradas foram aplicadas em produtos
que tivessem uma conexão com a ser-
ra gaúcha, e que pudessem ser usados
em estabelecimentos da região, como
hotéis e restaurantes, ou indústrias.
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Para representar o projeto, e para que ele
pudesse ter posteriores desdobramentos, os
grupos se reuniram para pensar em um nome
e uma marca para o projeto. Através da téc-
nica de mind maping, foram elencadas ideias,
palavras, conceitos e sensações que defini-
ssem a região.
Por fim, o nome decidido foi “Nostra”,
palavra do italiano escolhida para representar
que o projeto é algo nosso, da nossa cultura. A
marca recebeu assinaturas por parte dos três
grupos, sendo as assinaturas “Pietra”, “Grano”
e“Sementi”.Amarca,alémdatipografia,re-
cebeu um símbolo que representa o relevo da
região, e as araucárias nativas.
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RESULTADOS DOS GRUPOS
RESULTADOS DOS GRUPOS
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A pedra aqui, não é só um frag-mento da natureza.Ela representa nosso empenho, nossa solidez e mostra o quanto não medimos forças para con-struir nossos lares, para erguer nossas igrejas, para demarcar nossas terras...A arte da construção intrínseca e natural, não é nem de longe o empilhamento do acaso. Ela é sim uma questão de não medir forças.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
A semente que representa a vida, antes não germinava aqui.Trouxemos conosco em nossa bagagem, junto com nossos so-nhos, a uva. Com teimosia e muito suor, fize-mos nascer aqui, entre as terras e vales íngremes, o que seria o maior símbolo de nossa vitória, as videiras e todas suas cores, formas e aromas.
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Junto com a força e a resistên-cia do imigrante italiano, veio a semente da araucária.Fonte de sustento e sobrevivên-cia para um povo guerreiro. O pinhão está presente no inver-no representando a amizade e a união da família em volta do fogão.O calor do fogo e de nossos que-ridos nos conforta no final de uma árdua jornada de trabalho.
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CONHECENDOA SUPERFÍCIE
DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
O CHARME DOS LADRILHOS
Em um antigo casarão localizado no turístico Caminhos
de Pedra, em Bento Gonçalves, a turma pode conhecer
os Ladrilhos São Pedro, uma excelente oportunidade de
entrar no ofício e ver in loco uma arte tão tradicional e
que esbanja cultura. O proprietário Sergio Viecili, com a
sua simplicidade e paciência, dá vida a um trabalho mi-
nuciosoqueteveseuapogeuentreofimdoséculoXIX
emeadosdo séculoXX, eque vinha sendoesquecido
desde o surgimento dos revestimentos tecnológicos.
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Um clássico da arquitetura de interiores,
os ladrilhos hidráulicos possuem como carac-
terística principal a exclusividade. Nenhuma
peça é igual à outra. Em um processo total-
mente ma-nual e artesanal, as peças são pro-
duzidas uma a uma, e levam quase dois dias
para ficarem prontas. As peças apresentam
pequenas diferenças de tamanho, espessura
e tonalidades, o que não tira a beleza, pelo
contrário, as transforma em algo único.
DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Os ladrilhos são resultados da habili-
dade do artesão, que prepara desde a massa
até as cores utilizadas. Produzidos da mes-
ma maneira há mais de um século, Sérgio
aprendeu o ofício há cerca de dez anos atrás
com um francês que vivia em Porto Alegre.
Foram dois anos de aprendizado, nos quais
o artesão foi adaptando o método para o seu
próprio jeito de fazer.
Nesses dois primeiros anos, Sérgio pro-
duzia as peças e dava para os turistas que
visitavam os Caminhos de Pedra. Porém, as
peças faziam tanto sucesso que ele viu ali
uma forma de transformar o hobby em um
negócio rentável, fazendo com que com o
tempoele seaposentassede suaprofissão
de pedreiro e se dedicasse somente a isso.
Atualmente Sérgio produz, em média,
cerca de 30 peças por dia, equivalente a um
metro quadrado, dependendo das condições
metereológicas.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
OcasarãoondeSérgiotemsuaoficina,tam-
bém serve como exposição para o seu trabalho
e para as estampas e cores produzidas por ele.
O artesão conseguiu fazer com que o local re-
presentasse um resgate no passado e na história
da cultura da colonização italiana. Ele distribuiu
pelo local diversos objetos antigos, característi-
cos da região, que estão expostos nos cômodos
e nas paredes e que se misturam em uma com-
posição harmoniosa com as peças, dando ainda
mais charme ao lugar.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
O artesão molda cores e for-
mas conforme o gosto do cliente. É
possível criar as mais diversas cores
e combinações, que se destacam
pela mistura dos tons quentes e a-
conchegantes com a alegria das es-
tampas. Na criação dos desenhos,
um limitador muito grande é o alto
custo dos moldes, o que dificulta
a ampliação da linha de estampas,
visto que é um trabalho que poderia
darasasainfinitasformasepadro-
nagens. Assim, no atelier são vendi-
dos somente alguns modelos, que
são aplicados como estampas con-
tínuas ou como patchwork.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Sérgio possui suas peças usa-
das em igrejas, casas e hotéis. Por
serem muito resistentes, elas po-
dem revestir paredes inteiras ou
apenas pequenas faixas. Podem ser
usadas como tapetes cheios de cor
ou como moldura para pisos. Ele
conta que as pessoas o procuram
quando querem mudar o visual do
lar. Os ladrilhos dão um toque mais
retrô ou rústico aos ambientes, com
ares nostálgicos, e ao mesmo tem-
po combinam com projetos mais
contemporâneos.
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COMO SE FAZ?
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MATERIAIS
A base do molde
é untada com óleo
de linhaça e é
colocado o molde
de ferro
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
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MATERIAISPó xADREx
CIMENTO bRANCOCIMENTO COMUM
AREIAágUA
É feita a tinta, em
uma mistura de pó
xadrex + cimento
branco + água
A tinta é espa-
lhada no molde,
onde cada cor
tem o seu espaço
específico
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7
5
8
O molde é retira-
do e são feitos os
ajustes necessári-
os
É dado o aca-
bamento nas
laterais
O ladrilho é
retirado do molde
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
6
9
É colocado uma
camada de cimento
e por cima é coloca-
da mais uma camada
de cimento + areia +
água
A mistura é
presanda
Porfim,oladrilho
ficaemrepousoporum
dia para secar, e mais
um dia mergulhado na
água para endurecer
e não rachar.
O ladrilho é
retirado do molde
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
IMPRESSÃO EM VIDRO
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
A Tecnovidro, empresa especializada em
be-neficiamento de vidro, recebeu os alunos
para lhes mostrar seu processo de produção
e de impressão em vidro. A empresa, fundada
em 1987, conta com mais de 250 funcionári-
os,possuiamaiorflexibilidadedeprodutosda
América latina, e domina todo o processo de
produção do vidro, desde a sua confecção até
a estamparia.
Além da marca Tecnovidro, a empresa se
subdivide em outras duas marcas, Saint Claire
e Casa Vitra. Sua gama de produtos conta com
linhas para a indústria moveleira, construção
civil, indústria automotiva, linha branca, portas
de alumínio, e artigos de utilidade para ambi-
entes residencial e corporativo.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Durante a visita, foi possível compreender
os diversos tipos de vidro que a empresa produz,
co-nhecer suas propriedades e sua aplicabilidade.
Porém, o grande foco da visita foi conhecer as tec-
nologias de impressão que a empresa utiliza, pen-
sando como as padronagens desenvolvidas pela
turma poderiam ser aplicadas, e explorar novas pos-
sibilidades que poderiam ser trabalhadas pela em-
presa.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
O processo de estamparia mais uti-
lizado até então pela empresa é a seri-
grafia,naqualasartessãogravadasem
telas através de fotolitos, e impressas
emmáquinasdeserigrafiaarolo.Além
deste processo, quando as chapas de
vidro são somente de uma cor chapada,
elas são pintadas através de uma pisto-
la a ar. A tinta usada nestes dois proces-
sos é uma tinta cerâmica, que quando
colocada sobre o vidro que vai ser pos-
teriormente temperado, os dois mate-
riais se fundem e a tinta não pode ser
retirada.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Atualmente, a empresa conta com um dos
processos de impressão digital mais inovadores do
mercado. A impressão é muito similar a um plotter
de impressão em lona ou adesivo, porém de quali-
dade laser. A tinta utilizada é chamada de nano pig-
mentoounanofluído,eelapenetranaspartículas
do material, se fundindo a ele. É possível imprimir
uma imagem diretamente do arquivo eletrônico
para o vidro, imprimindo até 4 cores simultanea-
mente no modelo CMYK e com uma resolução de
até 360 dpis.
A empresa possibilitou aos alunos a impressão
de suas padronagens no plotter de impressão digi-
tal, em uma amostra tamanho A4. Uma grande
vantagem deste processo é que a impressão pode
ser modulada, o que permite confecção de painéis
de qualquer tamanho, com dimensão máxima de
2.200 x 1.200 mm.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
A impressão digital permite criar projetos per-
sonalizados, reproduzindo com precisão e riqueza
decoresedetalhesqualquertipodefigura,desde
texturas até desenhos e fotos. O novo conceito traz
substanciais reduções de custos e prazos , além da
excepcional qualidade e do ga-nho em soluções ar-
quitetônicas.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
DESIGN TÊXTIL: APLICAÇÕES EM MALHARIA
O design têxtil é a maior área de aplicação do
design de superfície e com maior diversidade de
técnicas. Para conhecer um pouco mais de uma
das técnicas, a malharia retilínea, foram realiza-
dos estudos na unidade de criação de malhas no
Campus 8 da UCS, que conta com uma unidade
equipada com um tear automático.
99
A malharia é o processo pelo qual se produzem
malhas,quesãoclassificadascomomalhasdeur-
dume e malha de trama. As malhas se caracterizam
peloentrelaçamentodefiosatravésdeumsistema
de agulhas, que pode ser feito na posição vertical,
horizontal ou diagonal. As tramas são tecidas em
fiosindustriaisdediferentesfinurasegauges,ea
malha possui como características flexibilidade e
elasticidade.
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Atualmente, este seg-
mento possui uma tecnologia
de equipamentos eletrôni-
cos com grandes recursos, o
que possibilita maior varie-
dade de texturas, construções
e tramas – desde rendas tra-
balhadas, passando por tra-
mas pesadas de tranças com
pontos que se confundem
com construções artesanais,
até a meia malha simples, que
simula tecidos de malharia
circular. Também possibilita
agilidade na confecção, mini-
mizando operações de cos-
turas em linhas de montagem.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
Para as aplicações da tur-
ma, amostras tamanho 60x30
centímetros, foi escolhido o sis-
tema de tecelagem Jacquard. É
umtipoespecíficodetecelagem,
a qual utiliza mais de uma ca-
mada tanto no urdume como
na trama. Ele é controlado por
grandes cartões perfurados, e
selecionafioporfio.Seusistema
de entrelaçamento, também ga-
rante maior durabilidade, já que
aposiçãodosfios,otornamais
complexo e resistente.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Os tecidos de jacquard são uma área com-
plexa da indústria têxtil. Inventado por Joseph-
Marie Jacquard, em Lyon na França, em 1804,
representa hoje o gênero têxtil de maior possi-
bilidade de inovação no futuro da indústria eq-
uipada com as novas tecnologias. Através dele
é possível a criação de desenhos e estruturas
mais elaboradas de entrelaçamento, tanto em
tecelagem como em malharia em meia malha
dupla. Isso proporciona uma possibilidade de
resultadosinfinita,semmuitarestriçãoparaa
criação da padronagem e efeitos menores e
mais complexos para o entrelaçamento.
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APLICANDOA SUPERFÍCIE
REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
RESULTADOSINDIVIDUAISA partir dos estudos realizados no work-shop, cada aluno posteriormente bus-cou aprofundar o tema do grupo e de-senvolver seu projeto individual.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
POR DIOGO MACHADO
“Il onere toccato dal lavoro si trasforma in oro”
É inegável de que o italiano se orgulha de
sua origem, de seu sobrenome e de sua cultura.
Orgulho ainda mais inegável é o que passa ao
narrar a saga de seus antepassados.
As palavras mais usadas pra descrever
seus feitos com certeza são a bravura, honra, fé
e braço forte. Não se curvaram diante dos desa-
fiosencontradosaodesbravaraserragauchae
transformaram o fardo em glória.
Fardo sintetiza muito bem essa história.
Abandonados a própria sorte em uma região
inóspita, criaram aqui, através do trabalho e da
coragem, um próspero lar.
“O fardo tocado pelo trabalho se transforma em
ouro.”
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
POR JAIRO ARRUDA
Ruptura no sentido de romper.
Romper pedras,
romper estruturas e
romper tempos.
Transcrever técnicas
rudimentares de construção,
para transformá-las em
um ícone conteporâneo.
É uma derivação do conceito central, onde
“ruptura” é a transição do elemento estrutural,
da organização e o método da construção das
taipas. Pedras maiores e menores em cima,
relembrando uma forma triangular em um corte
lateral da taipa.
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REVISTA TAD | 2014/4 | DESIGN DE SUPERFÍCIE
As pedras ricas em história,
Contam em seu relevo um pouco dela.
Cada gota de chuva...
Cada ação do vento...
Tudo a molda.
Topos, proponha-se a converter em superfície
Um pouco dessa história.
Fazendo que um elemento
forte da cultura da serra gaúcha
possa se tornar global.
Convertendo para diversas superfícies
um signo que pouco tem acesso.
POR PAMELA ROSA
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Mais que um elemento da natureza,
mais do que uma cerca de pedras.
As taipas, conceito do projeto, deixaram
vestígios, contam a história do nosso povo.
Uma história de construção, empenho e
esforço pela busca de uma vida melhor.
Muitas memórias a serem extraídas destas
linhas de pedra que cortavam os campos e
demarcavam limites.
Na diversidade de formas e encaixes das
pedras, cada taipa é única, sólida e imponente.
POR MICHELE PERIN
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Imponentes e soberanas nas paisagens ser-
ranas, as taipas são uma memória viva de nos-
sos antepassados e de nossa história, resistindo
à ação do tempo e do vento através dos sécu-
los.
Cercas de pedra construídas para demarcar
territórios, são linhas que estendem horizonte
afora, cortando campos e indicando caminhos.
Linhas compostas por quadros abstratos e sin-
gulares, onde cada pedra é única.
Mais do que significar as linhas de pedra
quedelimitamoespaço,apalavraConfinebus-
ca representar a soberania deste ícone, que
marcam o tempo e espaço de nossas terras e
de nossa história.
POR ROBERTA REDANTE
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Com uma sonoridade pregnante e im-
ponente, a palavra Storia provém do idioma
italiano.
A palavra escolhida simboliza a origem e
tradição dos antepassadas que deram início ao
desenvolvimento da região da Serra Gaúcha.
Para a marca utilizou-se a fonte Foglihten de
caráter regular, com pequena serifa e com
posterior ajuste e prolongamento de algumas
hastes.
Associando-se diretamente com a uva,
tema principal do projeto desenvolvido, utilizou-
se símbolo de uvas estilizados fazendo alusão
ao cacho e ao fruto, tão importantes para o de-
senvolvimento da região abordada.
AUGUSTO CRESPI
POR AUGUTO CRESPI
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A uva é muito mais que sustento. Ela é sím-
bolo da sobrevivência desse povo. É cultuada
e está na tradição e no cotidiano de muitas fa-
milias ainda.
PORTARE (italiano)
ato de portar; levar consigo.
Assim como a tradição, está sempre com
quem faz parte dela.
POR JULIANA MANARA
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POR CRISTIANA LIVOTTO
Utilizando a UVA como elemento, deu-se
sequência baseando na representatividade que
ela possui em relação à família que preserva
sua tradição e produção.
Ou seja, o conceito partiu da estrutura física
da uva, por ela representar a base dessas des-
sas famílias.
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POR EDER FRASCISCONI
O nome foi criado a partir das pala-
vras vinhedo e vida.
As cores da marca foram extraídas
da paleta desenvolvida através do ama-
durecimento da uva.
O amadurecimento representa a ex-
periência.
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POR JEAN NUNES
Prima donna , primeira mulher,
assim como a primeira uva a ser culti-
vada , a uva isabel.
Tipografia com traços finos, e
arredondados, demostrando toda a
delicadeza da mulher.
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O conceito da marca CURI tem o intuito de
demonstrar as origens da araucária, assim
como sua grande importancoa para dois po-
vos, os indígenas e os imigrantes italianos,
ORIgENSCuri = origem indígena
POR CARINE RISSI
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POR JESSICA GOTARDO
A marca Arau e uma derivação da marca
- Nostra Sementi - que é responsável por dar
nome e frente a padronagens desenvolvidas a
partir da bocha do pinhão.
OnomeArauéumasimplificaçãodapala-
vra Araucária, planta responsável pela produção
do pinhão e que é ícone do inverno da região
Sul.
Ografismoépartedeumaabstraçãodas
padronagens que são assinadas pela marca.
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O Projeto Pina surge do conceito de resgatar
e difundir a beleza da serra gaúcha, transformando
em arte suas paisagens. Tem foco na exuberância
das araucárias, principalmente da bocha e do pinhão,
ícones do inverno gaúcho.
Seu nome parte da derivação da palavra Pinha,
utilizando a fonte Century Gothic. Possui a primeira
letra em caixa alta, sendo as demais em caixa baixa.
O símbolo lembra a textura da bocha do pinhão, sen-
dosimplificada.
Para as cores, usou-se o preto e o verde, este
fazendo referência as cores predominantes na planta.
POR JÉSSICA RESTELLI
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POR MARIA SCALCON
É o que nos envolve, está ao nosso redor,
nos cerca e nos protege. Uma linha inspirada
na araucária, que trás consigo traços que nos
deixam em casa, nos transmitem a sensação de
conforto por estarmos diante do que nos é fa-
miliar.
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POR STÉPHANIE OSELAME
O pinhão, semente da araucária, é uma das
iguarias do Sul do Brasil. Ele geralmente, é con-
sumido cozido apenas com água e sal ou as-
sado. Porém, há outras formas de se apreciar o
sabor da semente. Uma delas é o entrevero de
pinhão. Uma mistura de sabores, ingredientes,
temperos e acompanhamentos que levam o sa-
bor do Sul.
Com esse propósito foi criada a marca En-
trevero, buscando em cada detalhe, essa mistu-
ra de texturas, cores, elementos e padrões.
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ENCERRAMENTOHELOÍSA CROCCO
O encerramento da disciplina aconteceu com uma
palestra da artista Heloisa Crocco, aberta a todos os alu-
nos do curso.
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Durante a paletra, Heloí-
sa apresentou seu trabalho,
com foco principal em sua
ligação com o artesanato. A
artista tambem pode confe-
rir os resultados individuais
posteriores ao workshop, e
ressaltou a importância que
este trabalho teve para o
aprendizado de cada um e
para a região.
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DESIGN DE SUPERFÍCIE | 2014/4 | REVISTA TAD
Os presentes puderam con-
ferir os trabalhos desenvolvidos
individualmente e as aplicações
resultantes, que estavam expos-
tos ao longo de todo o auditório.
A apreciação por todos foi mui-
to positiva, principalmente por
parte da artista Heloísa, que se
surpreendeu com os resultados.
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CRÉDITOS
PARTICIPANTES: Augusto Crespi | Carine Rissi | Cristiana Livotto | Diogo André
Machado | Eder Francisconi |Jairo Arruda de Castro | Jean
Jacó de Souza Nunes | Jessica Gotardo dos Santos | Jéssica
Restelli | Juliana Manara | Maria Terezinha Scalcon | Michele
Rasador Perin | Pamela Cardoso da Rosa | Roberta Cristina
Redante | Stéphanie Oselame
CORPO DOCENTE Ana Valquiria Prudêncio | Jane Toss de Bhoni | Silvana Basti-
anelo
EMPRESAS PARCEIRAS: Crocco Studio Design, Tecnovidro e Ladrilhos São Pedro
REvISTA TAD: Redação, arte e edição: Roberta Cristina Redante
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