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Barreiro
Janeiro de 2011
2
Índice
I. INTRODUÇÃO ..................................................................................... 3
II. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO .......................... 3
III. DESCRIÇÃO DO PROJECTO ........................................................... 4
IV. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊNCIA ............ 9
V. IMPACTES AMBIENTAIS E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO ............ 16
VI. MONITORIZAÇÃO E MEDIDAS DE GESTÃO AMBIENTAL
DOS IMPACTES ...............................................................................
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VII. CONCLUSÕES ................................................................................. 25
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I. I�TRODUÇÃO
O presente documento constitui o Resumo Não Técnico do Estudo de Impacte Ambiental
do Projecto de Piscicultura “Portopim” a instalar na Rua Manuel Lopes Conde, lugar de
Lavouras de Portopim, Marinha, freguesia e concelho de Ovar.
Com este Projecto pretende-se levar a cabo a produção intensiva de pregado (Psetta
maxima) e linguado (Solea solea), devendo a engorda ocorrer em 52 tanques instalados
no interior de 4 pavilhões fechados devidamente equipados para a finalidade.
A capacidade produtiva instalada será de 86 toneladas/ano de pregado e de 65,6 toneladas
por ano de linguado, num total de 151,6 toneladas/ano de pescado.
As espécies serão cultivadas em tanques com uma baixa coluna de água, num processo
designado por “Shalow Raceway System” (SRS), facilitando às espécies planas em cultivo
um acesso rápido ao alimento ministrado, reduzindo-se, por esta via, o desperdício de
ração e a consequente poluição da água.
Para o tratamento da água de cultivo recorre-se a um método designado “Recycling
Aquaculture System” (RAS), cujas características mais notórias são o tratamento e
aproveitamento da água numa percentagem superior a 90%, podendo mesmo alcançar os
99%, e o controlo de qualidade sobre os seus principais parâmetros físico-químicos.
O Projecto desenvolver-se-á numa propriedade com uma área total de aproximadamente 2
ha, situada na margem interior da Ria de Aveiro, com a qual confronta, e encontra-se
actualmente em fase de Projecto de Execução.
O proponente do Projecto é Luís Filipe Aleixo de Oliveira, residente em Furadouro. O
EIA foi elaborado pela empresa Ambilab - Ensaios e Análises Técnicas, Lda. entre Junho
de 2010 e Janeiro de 2011, não tendo sido objecto de quaisquer antecedentes.
O EIA foi desenvolvido de forma a dar cumprimento aos requisitos do D.L. n.º 69/2000,
de 3 de Maio, na redacção dada pelo D.L. n.º 197/2005, de 8 de Novembro. De facto, nos
termos da alínea b) do n.º 3 do art.º 1.º e da alínea f) do n.º 1 do Anexo II, estão sujeitos a
procedimento de AIA pisciculturas intensivas que se insiram em áreas sensíveis, como é
o caso do presente Projecto, que se localiza no sítio da Rede Natura 2000 “Ria de Aveiro”
(código PTZPE0004), classificada pelo D.L. nº 384-B/99, de 23 de Setembro, ao abrigo
da Directiva Aves.
II. OBJECTIVOS E JUSTIFICAÇÃO DO PROJECTO
O objectivo do Projecto consiste na produção de pregado e linguado, espécies de elevado
valor comercial, de forma a contribuir para o abastecimento do mercado em pescado
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fresco, necessidade particularmente relevante num país altamente consumidor de pescado
per capita e num contexto de deplecção acentuada das unidades populacionais de
espécies-alvo capturadas e de necessidade de imposição de medidas de gestão dos
recursos haliêuticos cada vez mais restritivas.
A produção destas espécies em aquacultura contribui para diminuir o esforço de pesca
exercido sobre as mesmas no meio natural, permitindo igualmente reduzir a incerteza
relativamente às capturas, abastecendo-se o mercado com maior regularidade e com um
produto que responde aos requisitos do mercado.
O desenvolvimento do presente Projecto constitui um contributo para a redução da
dependência do esforço de pesca e do recurso à importação, dado que esta última tem
sido fonte considerável de abastecimento do mercado nacional. A possibilidade de
desenvolvimento desta actividade vai ao encontro das preocupações da FAO
relativamente à necessidade de garantir a conservação e exploração sustentável dos
recursos haliêuticos. A aposta na produção destas espécies permite diversificar a oferta
piscícola.
III. DESCRIÇÃO DO PROJECTO
3.1. Localização do Projecto
O Projecto “Portopim” localiza-se na Rua Manuel Lopes Conde, Lavouras de Portopim,
Marinha, freguesia e concelho de Ovar, distrito de Aveiro, conforme planta de localização
da Figura 1 anexa. A localização do Projecto beneficia de bons acessos rodoviários,
localizando-se a 3 km de Ovar, 6 km da EN109 e 11 km da A29, sendo servida
localmente pela EN531. Apresenta-se a planta geral das instalações na Figura 2 anexa.
A propriedade onde se pretende instalar este Projecto tem uma área total de
aproximadamente 2 ha e está situada na margem interior da Ria de Aveiro, com a qual
confronta. Será ocupada com edificação uma área de 1476,2 m2, inferior aos 30%
permitidos pelo PDM de Ovar, para uma área edificável de 5.000 m2.
Parte do território do concelho de Ovar, incluindo a área de intervenção do Projecto,
encontra-se no interior do perímetro da ZPE da Ria de Aveiro (PTZPE0004).
3.2. Descrição do Projecto
O Projecto Portopim destina-se à produção de duas espécies, o pregado (Psetta maxima) e
o linguado (Solea solea). Por produção entende-se, neste caso, a engorda de alevins
comprados em produtores especializados. Durante este processo de engorda as espécies
serão alimentadas com ração comercial até que atinjam os seus pesos comerciais.
Atingidos os pesos comerciais são abatidos, segundo procedimentos que visam a
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promoção da sua qualidade e a ausência de sofrimento desnecessário, embalados e
expedidos.
Neste processo produtivo serão utilizados os seguintes equipamentos e instalações, alguns
instalados no exterior e outros no interior dos 5 pavilhões previstos: tanques de cultivo e
de biofiltros; reservatório de oxigénio; ozonizador; filtro de sólidos; escumador de
proteínas; arejador de CO2; biofiltro (nitrificação da amónia); cones de dissolução de
oxigénio; tubos, válvulas e electrobombas e gerador de emergência.
No Módulo 1 serão instalados 6 tanques de quarentena, 7 electrobombas e 1 filtro de
areia. A parte restante, será social, sendo ocupada com um gabinete, uma pequena cantina
e instalações sanitárias. Existirá também um laboratório para análises da água. No
Módulo 2 serão implantados 14 tanques de cultivo. Uma parte deste módulo, dividida da
área de cultivo, é dedicada a sala de abate, embalagem e expedição. O Módulo 3 é
destinado a armazém de ração, sal, carbonato de cálcio, bicarbonato de sódio. Terá uma
área fechada, para armazenamento de produtos químicos. No Módulo 4, bem como no
Módulo 5, serão implantados 16 tanques de cultivo. Anexo a cada módulo será
implantada uma construção ligeira, coberta, onde serão instalados os quadros eléctricos e
os equipamentos de produção de ozono, excepto no módulo 1 em que será também
implantado o gerador de emergência. Nos Módulos 1, 2, 4 e 5, será implantado no
exterior, um tanque com espaço para o filtro de sólidos, biofiltro, bombas axiais de
alimentação aos tanques de cultivo, escumador e cones de dissolução de oxigénio.
Será construída uma rede enterrada de água potável para consumo humano. O
fornecimento de energia eléctrica será efectuado pela rede pública existente. Será
edificada uma construção ligeira, coberta, com 40 m2, onde serão depositados os resíduos
sólidos para compostagem (lamas).
Serão instaladas duas fossas estanques, enterradas, com 5 m3 e 18 m3 de capacidade, a
primeira para receber os resíduos sólidos urbanos, e outra para receber águas de lavagem
e chorumes provenientes dos escorrimentos da compostagem.
As espécies são cultivadas em tanques de baixa coluna de água, processo designado por
Shallow Raceway System (SRS), que facilita às espécies planas um acesso rápido à
distribuição de alimento, reduzindo o desperdício de ração e consequentemente a
poluição da água. Também beneficiam de um fluxo de água mais constante e homogéneo
evitando zonas de baixa oxigenação.
Para o tratamento da água de cultivo recorre-se a um método designado Recycling
Aqualculture System (RAS), cujas características mais notórias são o tratamento e
aproveitamento da água numa percentagem superior a 90%, podendo atingir mesmo
valores de 99%, e o controlo sobre os seus principais parâmetros físico-químicos.
O recurso a água potável para consumo humano e produção de gelo será a partir da rede
de abastecimento público. Como fonte de água para suporte de vida aquícola será
utilizado um furo de captação de água salgada.
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O volume total de água bombeado de 704,1 m3/h equivale a duas vezes a soma dos
volumes dos tanques de cultivo e dos tanques de tratamento, que é de 336 m3, e equivale
a uma recirculação de 3,7 vezes o volume dos tanques de cultivo que é de 187,2 m3.
Ambas as espécies serão alimentadas com ração granulada extrudida, estimando-se um
consumo diário de ração de 337,1 kg, correspondente a 1,5% da biomassa do efectivo,
havendo um consumo diário de 118 kg de oxigénio líquido.
A utilização de água salgada destinada ao suporte de vida será feita em circuito fechado,
designado RAS. Os módulos de cultivo e quarentena têm dedicada uma unidade integrada
de suporte de vida, constituída por um filtro de partículas sólidas, um biofiltro para
nitrificação da amónia, um arejador de CO2, um gerador de ozono para tratamento
microbiológico, um escumador de proteínas, electrobombas de circulação e filtragem e
dispositivos de dissolução de oxigénio na água.
Este circuito RAS fará o tratamento da água em contínuo, reciclando entre 90 e 99% do
seu volume total e apenas obrigando à incorporação de água nova em cerca de 1 a 10%
em cada 24 horas. A água salgada é proveniente de captação própria, a partir de um furo
existente na margem da Ria de Aveiro.
O Projecto Portopim corresponde a um investimento global estimado de € 755.813.
Previamente à construção dos pavilhões o terreno será vedado com rede plastificada e
será criado um pequeno estaleiro de obra por cada módulo em construção, que se manterá
apenas durante o período de construção. Não será reservado espaço para depósito de
materiais de construção, de inertes ou de materiais de qualquer outra natureza.
O tráfego gerado associado ao funcionamento do Projecto decorre da recepção de
matérias-primas, expedição do peixe e movimentação dos funcionários da instalação.
Espera-se o seguinte movimento de veículos: 12 viaturas pesadas por ano, 20 carrinhas
até 3500 kg por mês e 7 viaturas ligeiras por dia.
Associado ao presente Projecto não se prevê numa fase inicial quaisquer outros tipos de
Projectos complementares, nomeadamente a alteração ou beneficiação do acesso
rodoviário à área de implantação.
Quanto à localização do Projecto, trata-se de uma área que reune condições adequadas,
quer sob o ponto de vista natural, quer sob o ponto de vista do acesso a financiamento
comunitário, já que o POP 2007-2013 considera o concelho de Ovar elegível a fundos
para a aquicultura.
Além disso, o proponente não dispõe de outro terreno com a área e características do
proposto para implantação do Projecto, pelo que não é possível apresentar outra
localização alternativa.
Sob o ponto de vista das alternativas tecnológicas, foi preocupação do proponente
incorporar no Projecto as melhores tecnologias disponíveis, pelo que estas não são
apresentadas como alternativas dado que integram já o Projecto. Nesta matéria assegurou-
se a articulação necessária com a equipa do EIA. Uma das soluções adoptadas passou
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pela eliminação do sistema de lagunagem inicialmente previsto para tratamento dos
efluentes, dada a elevada eficácia do sistema RAS. A adopção deste sistema em
aquacultura representa uma vantagem em termos de gestão sustentável dos recursos
hídricos, contribuindo para minimizar de modo assinalável os consumos de água.
Prevê-se para a fase de construção um total de 48 meses, tratando-se de um Projecto
faseado. A construção de cada módulo decorre ao longo de 6 meses. Quanto à fase de
funcionamento do Projecto, estima-se que este venha a ser de 40 anos. A desactivação do
mesmo é um processo rápido, podendo demorar 2 meses.
3.3. Efluentes, Resíduos, Emissões Atmosféricas e Ruído
Durante a fase de construção podem ser geradas algumas escorrências provenientes das
operações de betonagem e da movimentação, manutenção e operação de veículos,
máquinas e equipamentos. Essas escorrências serão ricas em sólidos e poderão conter
quantidades vestigiais de hidrocarbonetos, constituintes de óleos e combustíveis. As
operações de pintura, carpintaria e acabamentos finais também podem ser geradoras de
efluentes líquidos resultantes da lavagem dos materiais. Porém, uma vez que as unidades
consistem em pavilhões pré-fabricados, estas operações serão reduzidas.
Os efluentes gerados na fase de exploração consistem nas águas residuais do processo de
cultivo e engorda, nas águas residuais resultantes da lavagem e desinfecção dos
pavilhões, nas escorrências resultantes do processo de compostagem (chorumes) e nas
águas residuais domésticas resultantes das instalações sociais e sanitárias.
Relativamente às águas residuais resultantes do processo de cultivo e engorda, a sua
composição inclui restos de alimento não consumido e excrementos metabólicos dos
peixes. Também poderá conter quantidades vestigiais de fármacos, administrados no
âmbito de um plano profilático estabelecido sob supervisão veterinária, nomeadamente
anestesiantes, antibióticos e vacinas, e de produtos de desinfecção, utilizados
esporadicamente durante a lavagem dos tanques.
O sistema de produção é um sistema em recirculação. Desta forma, as suas águas
residuais sofrem um tratamento para aproveitamento de 99% do seu caudal e reintrodução
no processo. Os restantes 1% serão descarregados na Ria. A descarga desses efluentes
será sujeita a licenciamento, após o processo de AIA, não se prevendo incumprimento às
normas de descarga dispostas no Anexo XVIII do D.L. n.º 236/98, de 1 de Agosto.
Relativamente aos restantes efluentes, estes serão encaminhados para duas fossas
estanques, uma de 5 m3 de capacidade que receberá os efluentes domésticos (oriundos de
instalações sanitárias, cantina e lavatórios) e outra com a capacidade de 18 m3 para os
efluentes resultantes das águas de lavagem e desinfecção dos módulos e dos chorumes
resultantes da compostagem.
A carga orgânica dos efluentes domésticos será de 140 g/dia. Relativamente ao chorume,
estima-se que venha a ter uma carga orgânica inferior a 3,6 mg/l. Este chorume poderá
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conter vestígios de formol e tiossulfato de sódio, utilizados para neutralização e
desinfecção de animais mortos que, eventualmente, venham a ser tratados por
compostagem.
O local de implantação do Projecto Portopim ainda não é servido por saneamento básico,
pelo que as fossas estanques serão descarregadas por intermédio de um limpa-fossas e
encaminhadas para a ETAR de Cacia (SIMRIA, S.A.. Dado os valores baixos estimados
para a carga orgânica destes efluentes, não se prevê que a sua aceitação nessas instalações
de tratamento seja recusada.
A produção de resíduos será diminuta, garantindo-se o bom armazenamento e destino
final dos resíduos produzidos, recorrendo-se nomeadamente a entidades devidamente
licenciadas como operadores de gestão de resíduos. Na gestão dos resíduos será dado
cumprimento integral às disposições do D.L. n.º 178/2006, de 5 de Setembro, que institui
o Regime Geral de Gestão de Resíduos.
Nas fases de construção e desactivação é expectável que sejam gerados resíduos do tipo
“Resíduos de Construção e Demolição”. Durante a fase de exploração serão gerados
diversos tipos de resíduos, destacando-se resíduos equiparados a urbanos, gerados na área
administrativa, tais como resíduos domésticos, papel, agrafos, elásticos, plásticos, etc.,
resíduos provenientes de limpeza, manutenção e desmatação das zonas verdes, que
constituem essencialmente resíduos compostáveis, peixe morto, cuja percentagem
máxima estimada é de 5%, resíduos gerados nos tanques, como subprodutos do
metabolismo do pescado e ração não ingerida e embalagens de esferovite (poliestireno
expandido, EPS). Estão previstas soluções adequadas de gestão para cada fluxo
específico, dando-se prioridade à sua reciclagem e valorização.
Relativamente às emissões atmosféricas e dadas as características do Projecto não é de
prever uma alteração significativa na qualidade do ar. As emissões que se prevêem estão
maioritariamente relacionadas com a fase de construção e desactivação (poeiras). Durante
a fase de exploração haverá emissões associadas ao tráfego automóvel, mas são pouco
relevantes. Não existirá nas instalações da empresa qualquer outra fonte pontual de
emissões atmosféricas, designadamente fontes de emissões que requeiram procedimentos
de monitorização ambiental, tal como estipula o D.L. n.º 78/2004, de 3 de Abril.
As fontes de ruído não são significativas. Na fase de exploração o ruído é originado pelos
equipamentos instalados, nomeadamente o gerador estacionário de emergência, o grupo
de electrobombas, e sistemas de airpumping (bomba injectora de oxigénio, ozono e
dióxido de carbono) e pelo tráfego rodoviário. O gerador, é provido de canópia
insonorizada e silenciador de escape, e funcionará dentro de contentor específico,
desenvolvido para protecção de ambientes agressivos e supressão de ruídos.
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IV. CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO DE REFERÊ�CIA
4.1. Clima
A temperatura média anual no litoral de Aveiro possui valores situados entre os 15 ºC e
os 16 ºC, sendo Janeiro o mês mais frio, com um valor médio de 10 ºC e Julho e Agosto
os meses mais quentes, registando ambos os valores médios de 19 ºC. A humidade
relativa é geralmente elevada, em regra superior a 75%. No local de implantação do
Projecto a precipitação média anual é 1364,1 mm, ocorrendo um período chuvoso que se
estende de Setembro a Maio, sendo Dezembro o mês com maior pluviosidade. Os
restantes meses caracterizam-se por serem moderados a secos, sendo Julho o mês de
menor pluviosidade. No que respeita aos ventos, predominam os de Noroeste e Norte com
uma velocidade média de 3,6 m/s.
4.2. Geologia e Geomorfologia
A área de estudo insere-se numa região litoral, denominada Orla Ocidental Portuguesa,
em plena Ria de Aveiro, caracterizada por extensas áreas aplanadas constituídas
essencialmente por aluviões actuais e areias de dunas.
Na região da Ria de Aveiro, são diminutos os recursos minerais, sendo estes constituídos
apenas por algumas explorações de caulino, diversas pedreiras, areeiros e barreiros.
Refira-se que na área de estudo não existem pedreiras licenciadas, concessões mineiras,
pedidos de concessão mineira, pedidos de prospecção e pesquisa ou contratos de
prospecção e pesquisa.
4.3. Solos e Capacidade de Uso
Os solos na área de estudo caracterizam-se por serem solos incipientes, particularmente
solos do tipo Regossolos dístricos, ou seja, solos não evoluídos, derivados de material não
consolidado, constituídos por materiais detríticos arenosos mais ou menos grosseiros,
com baixo teor em matéria orgânica. No que respeita á capacidade de uso, toda a área de
estudo se encontra inserida em solos classificados como pertencentes à classe A, ou seja,
solos com elevada aptidão agrícola.
4.4. Hidrogeologia
Em termos hidrogeológicos, a área de estudo caracteriza-se pela existência de dois
importantes sistemas aquíferos, relacionados com formações detríticas e calcárias. Assim,
a área de implantação do Projecto localiza-se no sistema aquífero do Quaternário de
Aveiro e no sistema aquífero do Cretácico de Aveiro. A área de intervenção do Projecto
não interfere directamente com nenhuma captação de abastecimento público nem com os
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seus perímetros de protecção, localizando-se as captações mais próximas a cerca de 3 km
a Norte.
Dentro da área de estudo existem duas captações de água subterrânea devidamente
licenciadas que serão utilizadas durante a fase de exploração do Projecto. Uma das
captações é de água doce e é actualmente utilizada para rega, passando durante a fase de
exploração do Projecto a ser utilizada apenas para uso nos autoclismos, lavagens e
desinfecções, prevendo-se que seja extraído um caudal de 79 m3/ano. A captação de água
salgada foi construída propositadamente para a fase de exploração do Projecto, uma vez
que será a água proveniente desta que será utilizada para o suporte da vida aquícola.
Neste caso, prevê-se que seja extraído um caudal de 39.600 m3/ano.
4.5. Recursos Hídricos Superficiais
O local de implantação do Projecto situa-se inserido na bacia hidrográfica do Vouga, na
unidade hidrográfica homogénea do Baixo Vouga - Norte. A bacia hidrográfica do Vouga
possui uma área de 3.571 km2 e é constituída pelo Rio Vouga e seus afluentes, pelo
sistema lagunar da Ria de Aveiro e por outros rios e ribeiras afluentes ao sistema lagunar.
O local de estudo encontra-se próximo de um canal do sistema lagunar da Ria que se
designa por Regueirão da Carvalhosa e que conflui com o Largo da Coroa, onde desagua
a ribeira de Caster. A ribeira de Caster é uma linha de 2ª ordem cuja bacia possui uma
área de 71 km2. Com um caudal inferior a 2 m3/s e contribui com menos de 5% da água
doce que aflui à Ria de Aveiro.
O sistema lagunar da Ria de Aveiro estende-se ao longo da costa, desde Ovar até Mira,
podendo atingir 45 km de comprimento (NNE-SSW), e possui uma largura máxima de 10
km, na sua parte central. Em termos de área, a ria ocupa, em pleno enchimento uma área
molhada de 47 km², reduzindo-se a 43 km² durante a baixa-mar. Este sistema lagunar é
constituído pelo Canal da Barra (com 350 m de largura, 1,3 km de comprimento e 20 m
de profundidade) e, no seu interior, por canais estreitos (com uma média de 1 m de
profundidade) e várias zonas intertidais com bancos de lodo e sapais, resultantes da
deposição de sedimentos.
As zonas mais recônditas da Ria são caracterizadas por uma renovação de água lenta e
por um elevado tempo de retenção dos sedimentos, com consequente acumulação de
nutrientes e da carga orgânica e possíveis situações de eutrofização. As margens da Ria
de Aveiro, incluindo toda a área em estudo, são sujeitas a inundações. Por outro lado, em
algumas situações, também podem ocorrer situações de seca.
Toda a água utilizada para abastecimento doméstico e industrial na Zona da Marinha é
proveniente de captações subterrâneas e cerca de 25% das captações destinadas à rega são
superficiais. Relativamente a outros usos não consumptivos, embora no Canal do
Regueirão que banha o terreno de implantação do Projecto, não tenha sido identificado
nenhum uso, no Sistema Lagunar a Ria de Aveiro são identificados vários locais de
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recreio náutico e de aquacultura. Para além disso, na faixa litoral, ao longo de todo o
cordão dunar, existem zonas balneares.
O Largo da Coroa, próximo da local em estudo, é sujeito a uma carga poluente
considerável, reflexo das pressões sofridas sobre os rios e ribeiras afluentes. Estas
pressões estão essencialmente relacionadas com a poluição proveniente de indústrias da
pasta de papel, químicas e agropecuárias e doméstica pública (fossas), e com o
lançamento de resíduos nas suas margens. A carga poluente, observada no Largo da
Coroa, vai diminuindo para jusante ao longo do Canal de Ovar, em frente à Torreira, e do
Canal de S. Jacinto, até atingir o Canal Principal, na Barra.
Tendo em consideração o Plano de Bacia Hidrográfica do Vouga prevê-se que a
qualidade da água nos diferentes cursos de água inseridos na bacia e na Ria de Aveiro,
incluíndo a Ribeira de Cáster, venha a melhorar significativamente.
4.6. Qualidade do Ar
Nas imediações da área de implementação do Projecto não existem fontes poluidoras
fixas nem tráfego automóvel significativo, pelo que os dados de qualidade do ar
disponíveis revelam que, em geral, existem bons indicadores de qualidade do ar.
4.7. Ambiente Sonoro
Não foram identificadas fontes de ruído permanentes. Na zona de influência do Projecto
não foi identificado qualquer estabelecimento comercial, tendo apenas sido identificadas
5 habitações. O ruído existente tem maioritariamente origem no reduzido tráfego
rodoviário.
4.8. Resíduos
O concelho de Ovar está abrangido pelo Sistema Multimunicipal de Tratamento e
Valorização de Resíduos Sólidos Urbanos do Litoral Centro, criado pelo D.L. nº 166/96,
de 5 de Setembro, com uma área geográfica correspondente a 36 Municípios (12,9% do
Continente) abrangendo uma área que se aproxima dos 7000 km2 (7,9%) e servindo uma
população de cerca de 1 milhão de habitantes (10% da população nacional). A exploração
e gestão do sistema foi, pelo mesmo diploma legal, atribuída à ERSUC – Resíduos
Sólidos do Centro S.A., tendo sido aí definidos os respectivos estatutos (ERSUC, 2010).
4.9. Fauna, Flora e Habitats
A necessidade de reconhecimento e avaliação de toda a área de intervenção no âmbito do
presente EIA levou a que se efectuassem visitas à zona de intervenção com o intuito de
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realizar observações e percorrer o local de estudo e a sua envolvente. À informação
recolhida juntou-se uma consulta bibliográfica adequada.
Consideraram-se os seguintes grupos faunísticos: peixes, aves, répteis e anfíbios e
mamíferos. Para cada um destes grupos fez-se um inventário dos espécimes
potencialmente ocorrentes em conjunto com os espécimes observados no local e
apresentou-se os seus estatutos de conservação segundo o Livro Vermelho de
Vertebrados de Portugal e as Convenções Internacionais de referência.
A avifauna constitui o grupo faunístico mais extenso e de maior valia conservacionista, o
que justifica a denominação da ZPE Ria de Aveiro. Ou seja, perante a legislação
europeia, a Ria de Aveiro recebe e acolhe um número significativo de aves com interesse
conservacionista. A ZPE Ria de Aveiro é um importante local de alimentação e
reprodução para diversas espécies de aves, sendo que a área alberga regularmente mais de
20.000 aves aquáticas, e um total de cerca de 173 espécies, com particular destaque para
o elevado número de aves limícolas. Note-se que esta ZPE suporta, regularmente, mais de
1% da população biogeográfica de alfaiate, negrola, borrelho-grande-de-coleira e de
borrelho-de-coleira-interrompida e alberga ainda concentrações significativas de outras
espécies de importância comunitária. Refira-se ainda a importância da Ria de Aveiro para
várias espécies de passeriformes migradores.
A zona de intervenção não dispõe de condições para a nidificação de avifauna pois não
possui coberto arbóreo e é uma área agrícola constantemente intervencionada. A interface
entre a zona de intervenção com a área de sapal/caniçal/juncal talvez possa albergar
alguns espécimes próprios destes habitats mas a sua abundância será necessariamente
baixa graças à artificialização das margens e à intervenção humana (agrícola/navegação/
pisoteio). Esta faixa apresenta condições para albergar, entre outros espécimes, os
seguintes: garça-vermelha, narceja-comum, galinha-de-água, frango-de-água, maçaricos,
pilritos, ostraceiro, alfaiate e borrelhos. Todavia, o uso do solo na zona de intervenção
está intimamente ligado a actividades antrópicas, como é exemplo a plantação de milho,
na actualidade, e o corte do juncal para efeitos de criação de gado, o que condiciona a
presença de espécies mais sensíveis ao Homem. A proximidade a áreas rururbanas
proporciona, por outro lado, a ocorrência de um catálogo avifaunístico de características
ubiquistas (melros, gaios, pombos, rolas, pardais, entre outros).
A Ria de Aveiro é, funcionalmente, um estuário e apresenta um catálogo ictiológico
comparável aos estuários dos grandes rios portugueses, enquanto habitat onde confluem
espécimes muito diversificados (próprios de águas doces, salobras e salgadas) e onde se
registam alterações do grau de salinidade consentâneas com o nível das marés e o maior
ou menor afastamento do mar, entre outros factores. Das espécies lagunares mais
importantes e abundantes, destacam-se as seguintes: caboz-da-areia caboz-negro caboz-
transparente marinha-comum, peixe-rei-do-mediterrâneo, solha-das-pedras, taínha-
olhalvo e várias espécies típicas de lagoas mas pouco frequentes, como a agulhinha, o
bodião-vulgar, o caboz-comum, o caboz-da-rocha, o caboz-de-belloti, a galeota-menor, a
marinha-de-focinho-grosso e a marinha. As zonas de sapal abrigam juvenis de espécies
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marinhas como o linguado-marinho, o robalo-legitimo, o rodovalho, o ruivo, o sargo-
legitimo e, mais raramente, juvenis de choupa, faneca, linguado-branco, peixe-rei, robalo-
baila, sargo-alcorraz, sargo-safia e solha-legitima. Há ainda as espécies diádromas, que
são migradoras obrigatórias, e que cruzam a Ria de Aveiro na direcção do mar ou dos
rios. Salienta-se a esganagata, a savelha, a lampreia, o sável, a tainha-de-salto, a tainha-
fataça e a enguia.
Relativamente aos anfíbios, foram cinco as espécies inventariadas, sendo que todas
apresentam um estatuto de protecção “Pouco Preocupante”, com a excepção do sapo-de-
verrugas-verdes, que tem estatuto “Não Avaliado”. Os répteis potencialmente ocorrentes
na zona de intervenção e respectiva envolvente são três. Neste caso, apenas a lagartixa-
de-carbonell apresenta um estatuto de protecção muito sensível no Livro Vermelho de
Vertebrados de Portugal, enquanto os restantes dois espécimes apresentam um estatuto de
protecção “Pouco Preocupante”.
A zona de intervenção não tem interesse conservacionista significativo para os mamíferos
inventariados. Os espécimes inventariados são frequentes em ambientes urbanos no Norte
de Portugal.
A zona de intervenção é uma área completamente desprovida de flora e vegetação
naturais, com a excepção das espécies hidrófilas/higrófilas, localizadas na sua vertente
Este e que ainda resistem ao corte/pisoteio/navegação e agriculturação promovidos pelo
Homem. A generalidade dos espécimes vegetais tem uma ocorrência justificada pela
intervenção humana, seja de forma directa ou indirecta. A maioria das áreas agrícolas é
dominada por espécies ruderais ou exóticas. Aqui predominam os espécimes: espigão,
rabão-bravo, cabacinha e o tremoceiro. A caracterização arbórea da envolvente não
urbana da zona de intervenção faz-se pelos seguintes elementos principais: eucalipto
(Eucaliptus globulus) e pinheiro-bravo (Pinus pinaster), coexistindo, por vezes, ou em
situações de plantação extreme.
Na envolvente da zona de intervenção proliferam também algumas acácias, entre elas, a
austrália e a mimosa. Noutros locais prolifera o chorão. Como é sabido, estes espécimes
têm um comportamento muito territorial, pelo que se podem designar de “pragas
vegetais”.
Na avaliação efectuada, o habitat sapal (praias de vasa e lodos) possui o Valor Ecológico
Global mais elevado, seguido pelo habitat caniçais e juncais e depois, por ordem
decrescente, os habitats águas livres (salobras), sistemas agrícolas de hortas e pomares e
áreas florestais, ex-aequo. As áreas rururbanas foram classificadas como detentoras do
menor Valor Ecológico Global.
14
4.10. Paisagem
A paisagem na área de estudo caracteriza-se por alguma diversidade paisagística e
elevada importância para a conservação e biodiversidade, situada entre o litoral atlântico
e as encostas a Este da Ria de Aveiro (classificada como Zona de Protecção Especial).
Apresenta, em geral, um relevo plano a ondulado, onde predominam as áreas de mosaico
agrícola, a par das áreas ocupadas por floresta, intercaladas por algumas áreas de mosaico
agrícola.
As propriedades são em geral de média dimensão, com os núcleos habitacionais
implantados de forma dispersa ao longo das vias de comunicação. O principal acesso a
Marinha faz-se pela EN327, e por estradas e caminhos municipais que permitem a
circulação dentro da área em análise.
4.11. Sócio-economia
O concelho de Ovar, com 147,7 km², é um dos 19 concelhos que constituem o distrito de
Aveiro.
Nesta faixa litoral, que engloba as sub-regiões estatísticas (NUT III) do Grande Porto e o
Baixo Vouga, foram consolidados três eixos de grande desenvolvimento, a saber: Gaia-
Espinho, Ovar-Águeda e Aveiro-Ílhavo. Estes são fruto do reforço das ligações rodo,
ferroviárias e marítimo/portuárias, bem como da aplicação de políticas de incentivo à
fixação industrial e de um crescimento inter-concelhio integrado, com aproveitamento
das sinergias específicas de cada concelho.
A análise comparativa entre a actividade neste concelho e as diversas unidades territoriais
(NUT) em que este se insere, permite identificar a elevada prevalência dos sectores da
indústria transformadora e do comércio. A actividade piscatória arrola menos de 1% da
população activa do concelho. A indústria de produção e transformação alimentar
representa no seu todo, menos de 5% da actividade no concelho.
A contracção económica registada nos últimos três anos, teve repercussões sócio-
económicas importantes na região, sendo a capacidade de oferta de emprego um dos
aspectos mais influenciados negativamente.
O concelho de Ovar, deve uma parte significativa do seu desenvolvimento, tal como atrás
referido, à sua integração e interacção com os concelhos limítrofes litorais, com os três
eixos Gaia-Espinho, Ovar-Águeda e Aveiro-Ílhavo.
As indústrias transformadora e de aquacultura, possuem um elevado potencial de
crescimento. A produção em regime de aquacultura cresceu, entre 1999 e 2008, de 6280
MT para 7988 MT, que corresponde a um aumento de 27,2%, sem que contudo não
represente mais que 4 % do pescado nominal.
15
4.12. Ocupação do Solo, Ordenamento do Território e Condicionantes
A parcela onde se pretende instalar o Projecto, situa-se junto da Ria de Aveiro, tem uma
área total aproximada de 2 ha e apresenta um relevo aplanado e aberto, com cotas entre os
2 e os 3 m. Será ocupada com edificação uma área de 1.476 m2 correspondente a cerca
30% de uma área edificável de 5.000 m2, a qual ficará concentrada numa faixa estreita
junto à via municipal. Na restante área da parcela não se preconiza qualquer tipo de
construção.
O território do concelho de Ovar encontra-se regulado por um conjunto de diplomas de
ordenamento. Analisando-os detalhadamente, na área de intervenção do Projecto,
verifica-se que apenas aí incidem os seguintes planos:
• Plano de Bacia Hidrográfica do Rio Vouga;
• Plano Sectorial da Rede Natura 2000, em particular a Zona de Protecção Especial
(ZPE) da Ria de Aveiro;
• Plano Intermunicipal da Ria de Aveiro;
• Plano Director Municipal (PDM) de Ovar.
Todos os planos de ordenamento do território vinculam as entidades públicas, mas só os
planos municipais de ordenamento do território e os planos especiais de ordenamento do
território vinculam directa e imediatamente os particulares. Daqui decorre, que dos planos
enunciados, no imediato, apenas as disposiçoes do PDM vinculam directamente os
particulares. As disposições da ZPE Ria de Aveiro, também têm aplicação, mas têm-no
indirectamente através das disposições do regime da REN.
De acordo com o PDM de Ovar, o espaço onde se pretende instalar o Projecto abrange
duas classes de solos. Uma parte da parcela, situada junto à via municipal, corresponde a
“Espaço urbano” e a outra, situada entre a primeira e a Ria, corresponde a “Espaço
natural protegido”. A área de “Espaço natural protegido” encontra-se sujeita ao regime da
Reserva Agrícola Nacional (RAN) e da Reserva Ecológica Nacional (REN).
A área de intervenção também é abrangida pela Servidão Militar e Aeronáutica da Base
Aeronaval do Norte de Portugal (actual Aeródromo de Manobra n.º 1). Trata-se de uma
servidão administrativa, do âmbito da Defesa Nacional, destinada a garantir a segurança
da navegação aérea e das pessoas e bens à superfície. Qualquer intervenção que se
pretenda efectuar na área da sua jurisdição, carece de verificação quanto à sua
interferência com as superfícies de desobstrução e de autorização pela entidade militar
competente, no caso concreto, a Força Aérea. Esta entidade já emitiu parecer favorável
relativamente ao Projecto.
16
4.13. Património Arqueológico, Arquitectónico e Cultural
A área de estudo encontra-se actualmente já muito fustigada pela construção habitacional,
sendo confinado para Este pela presença da Ria de Aveiro, localizando-se na margem
direita desta.
A pesquisa documental permitiu identificar oito ocorrências de valor patrimonial, ainda
que nenhuma destas se situe nas cercanias imediatas do terreno em questão. São, na sua
maioria, vestígios relacionados com actividades marítimas, como sejam os indícios de
naufrágios, um canhão e uma âncora.
Não obstante, o trabalho de campo não revelou quaisquer ocorrências de elevado valor
patrimonial, tendo-se identificado apenas manchas de dispersão de materiais cerâmicos
(pequenos fragmentos de cerâmica de construção, mas também de uso doméstico, na sua
maioria de pasta avermelhada), que poderão ser provenientes das movimentações de
sedimentos da Ria de Aveiro, dada a sua proximidade.
4.14. Evolução previsível na ausência do Projecto
Caso o Projecto não se viesse a realizar o terreno manteria as suas características
agrícolas actuais ou seria alvo de construção de habitação. Nesta perspectiva, verificar-se-
ia para a generalidade dos descritores a manutenção da situação descrita na caracterização
da situação de referência, não se verificando os impactes identificados.
Neste caso continuará a ocorrer a plantação sazonal de milho em grande parte da zona de
intervenção e o corte de junco para servir a produção de gado. Assistir-se-á seguramente à
manutenção ou crescimento do consumo de pescado com o consequente aumento do
esforço de pesca, já actualidade bastante elevado, contrariando-se por esta via a
necessidade de imprimir uma gestão sustentável dos recursos haliêuticos e da sua
exploração.
A não realização do Projecto em estudo permite manter a integridade paisagística
existente, evitando a inserção de alterações no carácter funcional e visual da paisagem,
nomeadamente na estrutura fundiária e nos recursos agrícolas que a dominam.
A não realização do Projecto não permitiria garantir os benefíciuos sócio-económicos
decorrentes da sua implementação.
V. IMPACTES AMBIE�TAIS E MEDIDAS DE MITIGAÇÃO
5.1. Clima
Dada a natureza e dimensão do Projecto, não se prevê que a sua presença física e
exploração venha a provocar alterações sobre o clima local e regional.
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5.2. Geologia e Geomorfologia
As acções geradoras de maiores alterações sobre as formações geológicas e a
geomorfologia, num projecto desta natureza, são diminutas, sendo as movimentações de
terras produzidas pelas escavações para implantação das infra-estruturas que constituem o
Projecto, aquelas que poderão produzir um impacte mais significativo. No entanto,
devido à reduzida movimentações de terras, considera-se um impacte pouco significativo
e de reduzida magnitude. Salienta-se que as terras sobrantes serão reencaminhadas para
locais de deposição devidamente licenciados para o efeito.
5.3. Solos e Capacidade de Uso
Em termos de afectação dos solos pela construção do Projecto, os principais problemas
que podem surgir são os que resultam da remoção da camada superficial do solo, da
compactação e da contaminação dos solos, principalmente durante a fase de construção.
De modo a que esta afectação seja o mais reduzida possível, recomenda-se a reposição do
coberto vegetal o mais rapidamente possível, de forma a reduzir a exposição dos solos aos
processos erosivos, recomenda-se a descompactação dos solos após os trabalhos de
construção, de modo a que estes recuperem as suas características naturais, e por fim
recomenda-se que as acções de manuseamento de óleos e produtos químicos seja
efectuada sempre em locais devidamente impermeabilizados.
5.4. Hidrogeologia
Considera-se de uma forma geral que os impactes durante a fase de construção do
Projecto, associados ás movimentações de terras, compactação dos terrenos,
impermeabilização dos terrenos bem como o manuseamento de óleos e produtos afins e a
instalação do estaleiro irão produzir impactes negativos, de reduzida magnitude e pouco
significativos. Durante a fase de exploração os principais impactes serão os associados
directamente á exploração das captações subterrâneas, principalmente à de água salgada.
Neste caso os impactes gerados consideram-se negativos, de magnitude moderada e
significativos. Para controlar os rebaixamentos dos níveis freáticos nestas captações,
prevê-se o cumprimento de um plano de monitorização que permitirá controlar os niveís
freáticos bem como alguns parâmetros químicos que se consideram mais importantes.
5.5. Recursos Hídricos Superficiais
Na fase de construção, a drenagem natural poderá ser afectada devido a alguma
impermeabilização resultante das operações de movimentação de terras, movimentação
de veículos e equipamentos e compactação de terras e da ocupação de superfície de
infiltração do solo pelo estaleiro e devido a alguma degradação do coberto vegetal.
18
Embora negativos, estes impactes são considerados negligenciáveis, dada a reduzida
dimensão da área de implantação do Projecto relativamente à área de drenagem da bacia
hidrográfica.
Na fase de construção também se prevê a ocorrência de escorrências líquidas ricas em
sedimentos e com quantidades vestigiais constituintes de óleos, tintas, colas, vernizes,
entre outros, resultantes das lavagens das instalações provisórias, materiais e
equipamentos, bem como de alguns derrames acidentais. Estas escorrências poderão
contaminar a massa de água adjacente promovendo um impacte negativo sobre a
qualidade da água dos aquíferos superficiais. Porém, estes são considerados como pouco
significativos, uma vez que representam uma carga adicional reduzida.
Na fase de exploração, os impactes sobre os recursos hídricos superficiais estarão
relacionados com a presença física dos módulos de produção e dos restantes edifícios de
apoio e com a descarga de efluentes líquidos na Ria. No primeiro caso, a superfície
construída diminuirá a área de infiltração de água no solo, favorecendo o aumento do
escoamento. No entanto, este escoamento será encaminhado através da rede das águas
pluviais, pelo que não são esperados impactes significativos sobre o balanço hídrico.
Relativamente ao impacte sobre a qualidade da água, uma vez que os efluentes rejeitados
sofrem o mesmo tratamento que a água utilizada para a engorda dos peixes, essa carga é
muito reduzida relativamente à carga já existente no meio receptor e não viola as normas
de descarga dispostas no Anexo XVIII do Decreto-Lei n.º 236/98. Desta forma, o impacte
sobre a qualidade da água na Ria de Aveiro será negativo mas pouco significativo.
Relativamente aos efluentes das instalações sanitárias e das lavagens e aos chorumes
resultantes da compostagem, que serão descarregados em duas fossas estanques, estes
poderão contaminar os aquíferos caso a capacidade das fossas seja ultrapassada ou a rede
de drenagem sofra degradação. Refira-se ainda o manuseamento, transporte e
armazenamento de produtos químicos, necessários para a limpeza e desinfecção das
instalações e tratamento das águas de cultivo. No decurso destas operações poderão
ocorrer derrames que, caso sejam no exterior das instalações, onde não existe um sistema
de recolha, podem contaminar os aquíferos. No entanto, a implementação das medidas de
prevenção e minimização propostas torna este impacte torna-se pouco significativo.
A desactivação da exploração piscícola consistirá no desmantelamento dos módulos de
produção, equipamentos e tubagens e demolição dos pequenos edifícios de apoio. Desta,
forma, os impactes nesta fase serão semelhantes aos impactes esperados para a fase de
construção.
Apesar dos impactes sobre os recursos hídricos superficiais terem sido classificados como
negligenciáveis a reduzidos estes podem ser minimizados através da aplicação das
seguintes medidas:
• Na fase de construção adoptar boas práticas na movimentação de terras, máquinas e
equipamentos de forma a afectar a menor área do solo possível; evitar, na medida do
possível, a obstrução dos percursos preferenciais de escoamento das águas
19
superficiais; evitar a degradação desnecessária de coberto vegetal; diminuir o
levantamento de poeiras;
• Diminuição do volume das escorrências através de reduzidos consumos de água na
lavagem dos materiais, equipamentos e instalações e recolha das águas residuais
recipientes próprios e encaminhamento para destino final adequado;
• Instalação de uma zona de manutenção de maquinaria e equipamentos
impermeabilizada e equipada com recipientes de recepção de subprodutos destas
operações para evitar a ocorrência de derrames para o solo;
• Gestão e armazenamento adequados dos resíduos de construção.
• Na fase de exploração, assegurar uma manutenção adequada dos equipamentos e
orgãos utilizados no tratamento da água de cultivo e das fossas, bem como das redes
de drenagem das águas pluviais e de drenagem de águas residuais.
• Monitorizar regularmente a qualidade do efluente descarregado na Ria;
• Sensibilizar os funcionários para a adopção de práticas de poupança de água e de
materiais de limpeza;
• Adopção de práticas de manuseamento e transporte de substâncias químicas de
acordo com as regras de higiene e segurança; utilização de tinas e bacias de retenção
no transporte e armazenamento de substâncias químicas perigosas e disponibilização
de meios de contenção para os casos de derrames acidentais.
5.6. Qualidade do ar
As operações associadas à movimentação de terras e deslocação de veículos na fase de
construção serão os principais responsáveis pela degradação da qualidade do ar. Na fase
de exploração não ocorrerá qualquer emissão atmosférica, excepção feita ao
funcionamento esporádico do gerador de emergência.
Decorrente da análise efectuada, sintetiza-se o impacte potencial na qualidade do ar
resultante das diversas operações nas diferentes fases, considerando-se que é um impacte
negativo; pouco significativo na fase de construção, negligenciável, na fase de exploração
e pouco significativo na fase de desactivação.
5.7. Ambiente sonoro
Tendo em conta as reduzidas operações de construção civil e a presença de apenas um
equipamento potenciador de gerar ruído de uma forma intermitente (gerador de
emergência), sintetiza-se o impacte potencial no ambiente sonoro resultante das diversas
operações nas diferentes fases, considerando-se que é um impacte negativo pouco
significativo.
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5.8. Resíduos
Durante a fase de exploração é expectável que ocorra uma produção diminuta de resíduos
uma vez que a tipologia de construção (armazéns pré-fabricados de dupla chapa metálica)
não implica a geração de quantidades significativas de resíduos.
Ao longo desta fase os resíduos gerados serão geridos por operadores licenciados
(SILOGR) e/ou integrados no sistema de gestão de resíduos da Câmara Municipal de
Ovar.
Após estas considerações, e a não esperada sobrecarga no sistema de gestão de resíduos
da CMO, considera-se que o impacte é pouco significativo nas fases de construção, de
exploração e de desactivação.
5.9. Fauna, Flora e Habitats
Os impactes identificados para a fauna na fase de construção e de exploração são
negligenciáveis, com a excepção do impacte “aumento da oferta de peixe nos mercados”,
que foi considerado significativo. Os impactes identificados para a flora e vegetação na
fase de construção e de exploração são igualmente negligenciáveis.
A avaliação de impactes para os habitats variou entre situações negligenciáveis a
situações muito significativas. Procedeu-se, igualmente, à inventariação de medidas de
mitigação ajustadas e capazes de rever, em larga medida, os impactes ambientais
negativos previstos.
Em ambas as situações elencou-se uma série de medidas de mitigação julgadas
adequadas.
5.10. Paisagem
Os principais aspectos negativos da implementação do Projecto na paisagem resultam da
localização de novas edificações e infra-estruturas e construção de acessos no interior da
propriedade.
Por outro lado, a implantação do Projecto provocará alterações significativas e de média a
elevada magnitude ao nível do coberto vegetal e na morfologia actual do terreno.
A presença destas estruturas causará uma alteração na paisagem com uma incidência
visual definitiva.
Para que esta afectação seja atenuada, o Projecto deverá ser acompanhado de uma
proposta de integração paisagística, que procure integrar os edifícios através de uma
estrutura verde de protecção e enquadramento. Deste modo, a agressão efectuada sobre a
paisagem será menor, garantindo-se, ao mesmo tempo, a recuperação da vegetação
fitoclimácica no local.
21
Para que este objectivo seja cumprido, as espécies a plantar e semear deverão pertencer,
regra geral, à flora autóctone, de modo a promover a continuidade com a paisagem
envolvente.
Foram propostas medidas de mitigação adequadas para as fases de construção,
exploração, e desactivação.
5.11. Sócio-economia
Pelas suas características os impactes relativos ao tráfego rodoviário, ao desenvolvimento
sócio-económico local e ao mercado piscícola são avaliados como significativos.
Relativamente ao impacte sobre o nível de emprego, considera-se como sendo um
impacte pouco significativo. Foram propostas medidas de minimização dos impactes
negativos e de potenciação dos impactes positivos, para as fases de construção,
exploração, e desactivação.
5.12. Ocupação do Solo, Ordenamento do Território e Condicionantes
Os impactes no uso do solo resultam de uma alteração de uso ou da alteração da
intensidade de uso existente e dos conflitos com propostas de ordenamento previstas nos
instrumentos de ordenamento do território em vigor.
As actividades de construção e operação do Projecto implicam uma alteração no uso
actual do solo na área de implantação do mesmo, em particular, no espaço para onde está
prevista a construção dos elementos edificados (1476,2 m2). Porém, atendendo a que nos
lotes contíguos já existe ocupação predominantemente dessa natureza, a referida alteração
será marginal.
O valor indicado é inferior à área máxima de construção permitida pelo PDM de Ovar e
concentrar-se-á na faixa de terreno a que corresponde a classe de “Espaço urbano” -
Categoria C (EU.C). Analisando o PDM de Ovar, considera-se que existe
compatibilidade entre as actividades previstas para esta classe de solos e a actividade de
aquicultura, prevista no presente Projecto.
Para a restante área da parcela, a de maior extensão, localizada entre a parcela
anteriormente referida e a margem da Ria, a que corresponde a classe/categoria “espaço
natural protegido”, não se prevê alteração na morfologia da superfície. Apenas se
procederá à abertura de uma única vala, que será imediatamente tapada após a colocação
das tubagens de captação de água salgada proveniente de um furo existente e de rejeição
de água residual na ria. Estudando o PDM de Ovar e a legislação que regulamenta o
regime da Reserva Ecológica Nacional, verifica-se que é possível localizar tubagens de
água para este tipo de actividades, mediante autorização da entidade competente.
22
Para minimizar os impactes, prevê-se que o Projecto de Execução da obra seja
acompanhado desde o início de um Projecto de Integração Paisagística para toda a área de
intervenção. Esta integração paisagística permitirá:
• Compatibilizar visualmente as novas infra-estruturas com o meio em que se
inserem, encobrindo parcialmente as infra-estruturas que originem maior
contraste na bacia visual e integrando as áreas de solos desnudados;
• Estabilizar as áreas de solo descoberto, instalando vegetação rasteira, de modo a
evitar a erosão e a perda de solo fértil;
• Garantir a melhoria e ou manutenção da vegetação na área do lote que não for
sujeita a intervenção, evitando também a erosão e a perda de solo fértil.
5.13. Património Arqueológico, Arquitectónico e Cultural
A identificação dos impactes foi realizada através do cruzamento da informação obtida
com base nos estudos de caracterização da situação actual e o Projecto em estudo. Assim,
os impactes previstos para as duas ocorrências identificadas foram caracterizados como
elevados, uma vez que não haverá possibilidade de recuperação, ainda que ambos se
tratem de ocorrências de um grau menor de importância. Não obstante, não se poderá
partir do princípio que outros vestígios de elevada importância não possam surgir, durante
a execução dos trabalhos arqueológicos de mitigação de impactes recomendados, para a
fase de obra.
Tendo em consideração os impactes identificados foram preconizadas algumas medidas
de minimização para cada fase do Projecto, quer de carácter geral (acompanhamento
arqueológico para as fases de movimentação de terras e/ou escavação), quer de carácter
mais específico (escavações arqueológicas, registo gráfico e fotográfico) na eventualidade
de surgirem vestígios arqueológicos no decorrer da implementação do Projecto.
5.14. Síntese Global dos Impactes
Apresenta-se no Quadro 1 uma síntese do significado dos impactes provocados pelo
Projecto ao nível de cada descritor, nas fases de construção, de exploração e de
desactivação, permitindo concluir que o Projecto não implicará, na sua globalidade,
impactes negativos significativos, tendo-se previsto as medidas de minimização
apropriadas para cada impacte negativo estimado.
23
Quadro 1: Síntese do significado dos impactes provocados pelo Projecto ao nível de
cada descritor nas diversas fases.
Significância dos Impactes do Projecto Descritor Fase de Construção Fase de Exploração Fase de Desactivação
Clima - - - Geologia e
geomorfologia Negligenciável a Pouco
Significativo Pouco Significativo Significativo
Solos e capacidade de uso
Pouco Significativo a Significativo
Pouco Significativo a Significativo
Significativo
Hidrogeologia Pouco Significativo Pouco Significativo a Significativo
Pouco Significativo a Significativo
Recursos hídricos superficiais
Negligenciável a Pouco Significativo
Negligenciável a Pouco Significativo
-
Qualidade do ar Pouco Significativo Negligenciável Pouco Significativo Ambiente sonoro Pouco Significativo Pouco Significativo Pouco Significativo Resíduos Pouco Significativo Pouco Significativo Pouco Significativo Fauna, flora e habitats Negligenciável a
Significativo Pouco Significativo a Muito Significativo
Negligenciável
Paisagem Significativo a Muito Significativo
Muito Significativo -
Sócio-economia Pouco Significativo a Significativo
Pouco Significativo a Significativo
-
Ocupação do solo, ordenamento do território e condicionantes
Negligenciável Negligenciável -
Património arqueológico, arquitectónico e cultural
Pouco Significativo Pouco Significativo -
Identificaram-se como impactes negativos muito significativos:
• relativamente ao descritor paisagem, a implantação de novas estruturas edificadas
e infra-estruturas, e a construção de novos acessos ao Projecto (aterros,
escavações e terraplanagens), na fase de construção, e
• relativamente ao descritor fauna, flora e habitats, a perturbação de habitats
aquáticos, na fase de exploração.
Identificaram-se ainda como impactes negativos significativos:
• relativamente ao descritor fauna, flora e habitats, a destruição de habitats e a
alteração do equilíbrio nos ecossistemas próximos, na fase de construção;
• relativamente ao descritor paisagem, a alteração da actual utilização e função dos
espaços, originando transformações no carácter visual da paisagem, a desmatação
do terreno e decapagem dos solos, a implantação do estaleiro e áreas de apoio à
obra, abertura de acessos à obra e circulação de veículos afectos a esta e a
extracção de inertes e depósito de materiais sobrantes, na fase de construção;
• relativamente ao descritor solos e capacidade de uso, a destruição do coberto
vegetal, fenómenos erosivos, a impermeabilização do solo, a compactação do
solo e a afectação de solos de Classe A, na fase de construção, bem como a
impermeabilização do solo, na fase de exploração;
24
• relativamente ao descritor hidrogeologia, a afectação de captações subterrâneas
privadas, na fase de exploração e
• relativamente à sócio-economia, o aumento do tráfego rodoviário, nas fases de
construção e de exploração.
Como atrás se referiu, foram propostas medidas de minimização adequadas para reduzir
estes impactes à sua forma residual, sendo esta objecto de monitorização no contexto do
Plano de Monitorização proposto.
Por outro lado, deve-se salientar que o Projecto implica igualmente impactes positivos,
tendo-se avaliado como muito significativo, relativamente ao descritor paisagem, a
recuperação de zonas afectadas através da implementação do Projecto de Integração
Paisagística, nas fases de construção e exploração, e como significativos, relativamente
ao descritor fauna, flora e habitats, o aumento da oferta de peixe no mercado, na fase de
exploração, e relativamente ao descritor sócio-economia, o desenvolvimento sócio-
económico gerado pelo Projecto, nas fases de construção e exploração, e o
desenvolvimento do mercado piscícola, na fase de exploração.
5.15. Análise de Riscos
Os principais perigos identificados relacionam-se com a fase de exploração do Projecto,
ainda que alguns se possam também fazer sentir na fase de contrução, sendo
designadamente:
• Mortandade de peixe, durante a fase de exploração;
• Falha no sistema de saneamento, durante a fase de exploração;
• Falha no fornecimento de energia eléctrica, durante a fase de exploração;
• Derrames acidentais de combustíveis e produtos químicos, durante a fase de
exploração;
• Circulação de veículos, durante as fases de construção e exploração;
• Inundação, durante a fase de exploração; e
• Incêndio, durante a fase de exploração.
Procedeu-se à caracterização dos riscos associados aos perigos identificados, com uma
estimativa da sua probabilidade de ocorrência e da sua gravidade, classificadas de acordo
com as escalas valorativas adoptadas, e tendo em consideração as características do
Projecto, bem como as medidas de resposta previstas para mitigação dos seus efeitos.
25
VI. MO�ITORIZAÇÃO E MEDIDAS DE GESTÃO AMBIE�TAL DOS
IMPACTES RESULTA�TES DO PROJECTO
Através da implementação do programa de monitorização proposto é possível determinar
a eficácia das medidas de minimização implementadas e, caso se justifique, prever
medidas adicionais que possibilitem corrigir os impactes residuais ou, eventualmente
corrigir ou alterar as medidas anteriormente adoptadas. Foram propostas medidas de
monitorização relativamente aos descritores recursos hídricos subterrâneos, recursos
hídricos superficiais, fauna, flora e habitats e património arqueológico, arquitectónico e
cultural. Foram ainda propostas medidas de gestão ambiental relativamente aos três
primeiros descritores acima referidos.
VII. CO�CLUSÕES
Ao longo do presente EIA ficou claro que o Projecto Piscicultura Portopim é exequível e
representa uma mais-valia para a região na qual se pretende implantar, tendo incorporado
na sua concepção as soluções mais modernas e inovadoras no que se refere ao processo
produtivo e à sua relação com a envolvente ambiental e humana.
De destacar, em particular, o sistema RAS, que permite uma elevadíssima taxa de
recirculação de água, permitindo simultaneamente optimizar a utilização deste recurso
escasso e minimizar as descargas de águas residuais após tratamento apropriado.
Ao localizar-se numa zona com elevado interesse conservacionista, a designada ZPE da
Ria de Aveiro, a concepção do Projecto procurou salvaguardar os elevados padrões de
exigência colocados neste domínio, adoptando as soluções mais adequadas à
compatibilização do Projecto com esse estatuto. Estas soluções estão presentes na
concepção do Projecto, na sua disposição espacial, nas soluções arquitectónicas a adoptar
e nas práticas de gestão ambiental a seguir.
Trata-se de um Projecto que materializa as orientações no domínio da Política Comum de
Pescas, ao oferecer produtos de elevado valor comercial, como são o pregado e o
linguado, alternativos aos que ainda podem ser obtidos por via de captura, constituindo
assim um contributo no sentido da gestão sustentável dos recursos haliêuticos, ao mesmo
tempo que permite aumentar a produção aquícola nacional e contribui para o
cumprimento dos objectivos estratégicos nacionais no domínio da Política de Pesca.
Verificou-se que o Projecto não apresenta impactes ambientais susceptíveis de
preocupação, registando-se impactes com significância entre o negligenciável e o pouco
significativo para a maior parte dos descritores. Ainda assim, cabe destacar alguns casos
particular, dada a sua relevância.
Identificaram-se como impactes negativos muito significativos:
26
• relativamente ao descritor paisagem, a implantação de novas estruturas edificadas
e infra-estruturas, e a construção de novos acessos ao Projecto (aterros,
escavações e terraplanagens), na fase de construção, e
• relativamente ao descritor fauna, flora e habitats, a perturbação de habitats
aquáticos, na fase de exploração.
Identificaram-se ainda como impactes negativos significativos:
• relativamente ao descritor fauna, flora e habitats, a destruição de habitats e a
alteração do equilíbrio nos ecossistemas próximos, na fase de construção;
• relativamente ao descritor paisagem, a alteração da actual utilização e função dos
espaços, originando transformações no carácter visual da paisagem, a desmatação
do terreno e decapagem dos solos, a implantação do estaleiro e áreas de apoio à
obra, abertura de acessos à obra e circulação de veículos afectos a esta e a
extracção de inertes e depósito de materiais sobrantes, na fase de construção;
• relativamente ao descritor solos e capacidade de uso, a destruição do coberto
vegetal, fenómenos erosivos, a impermeabilização do solo, a compactação do
solo e a afectação de solos de Classe A, na fase de construção, bem como a
impermeabilização do solo, na fase de exploração;
• relativamente ao descritor hidrogeologia, a afectação de captações subterrâneas
privadas, na fase de exploração e
• relativamente à sócio-economia, o aumento do tráfego rodoviário, nas fases de
construção e de exploração.
Como oportunamente se referiu, foram propostas medidas de minimização adequadas
para reduzir estes impactes à sua forma residual, sendo os impactes residuais objecto de
monitorização no contexto do Plano de Monitorização proposto no EIA.
Por outro lado, deve-se salientar que o Projecto implica igualmente impactes positivos,
tendo-se avaliado como muito significativo, relativamente ao descritor paisagem, a
recuperação de zonas afectadas através da implementação do Projecto de Integração
Paisagística, nas fases de construção e exploração, e como significativos, relativamente
ao descritor fauna, flora e habitats, o aumento da oferta de peixe no mercado, na fase de
exploração, e relativamente ao descritor sócio-economia, o desenvolvimento sócio-
económico gerado pelo Projecto, nas fases de construção e exploração, e o
desenvolvimento do mercado piscícola, na fase de exploração.
Estudo de Impacte Ambiental da
Piscicultura Portopim
Planta de Localização do Projecto
Fonte: Carta Militar de Portugal, N.º 153, IGE.
Escala: 1:25.000.
Figura 1
Data: Janeiro 2011.
PORTOPIM
Estudo de Impacte Ambiental da
Piscicultura Portopim
Planta Geral do Projecto
Autor: Luís Filipe Aleixo de Oliveira.
Escala: 1:100.
Figura 2
Data: Janeiro 2011.
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