respostas autonômicas e comportamentais ao estresse sonoro...
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i
UFRRJ
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FISIOLOacuteGICAS
DISSERTACcedilAtildeO
Respostas autonocircmicas e comportamentais ao estresse
sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de
fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio
Carla Caroline Franzini de Souza
2015
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FISIOLOacuteGICAS
RESPOSTAS AUTONOcircMICAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM
HISTOacuteRICO DE FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE
ARTIFIacuteCIO
CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA
Sob a Orientaccedilatildeo da Professora
Magda Alves de Medeiros
Dissertaccedilatildeo submetida como
requisito parcial para obtenccedilatildeo do
grau de Mestre em Ciecircncias no
Programa de poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Fisioloacutegicas
Seropeacutedica RJ
Fevereiro de 2015
iii
6367
S729r
T
Souza Carla Caroline Franzini de 1988-
Respostas autonocircmicas e comportamentais
ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Carla
Caroline Franzini de Souza ndash 2015
102 f il
Orientador Magda Alves de Medeiros
Dissertaccedilatildeo (mestrado) ndash Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro Curso de
Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas
Bibliografia f 67-76
1 Catildeo ndash Fisiologia ndash Teses 2 Catildeo ndash
Efeito do stress ndash Teses 3 Catildeo ndash
Comportamento ndash Teses 4 Stress
(Fisiologia) ndash Teses I Medeiros Magda
Alves de 1973- II Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro Curso de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas III
Tiacutetulo
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA
Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em
Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas
DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015
Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ
(Orientadora)
Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ
Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP
v
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul
(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me
encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e
inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos
de maravilhosos tempos
Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me
deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir
na pesquisa do que amo
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em
todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do
trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz
Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus
cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando
eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a
minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre
presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre
me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo
Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus
proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando
e confiando seus animais a noacutes
Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento
sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes
para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos
Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth
Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de
trabalho e amizade
A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice
que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre
transformando os momentos mais tensos em divertimento
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me
guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia
Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando
mais precisamos
Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho
Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ
E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter
sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com
muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo
ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca
vii
RESUMO
FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao
estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias
Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropeacutedica RJ 2015
O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E
apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do
estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para
o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado
emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta
num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo
considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e
fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse
Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da
anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais
Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10
a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do
municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a
intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo
foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro
consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima
de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de
frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa
CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas
gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas
diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de
manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi
capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos
como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos
comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos
submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais
significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se
Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos
proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram
correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo
significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros
comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir
Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de
induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa
ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser
utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos
Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento
fobia a sons
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
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A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
ii
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS
FISIOLOacuteGICAS
RESPOSTAS AUTONOcircMICAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM
HISTOacuteRICO DE FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE
ARTIFIacuteCIO
CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA
Sob a Orientaccedilatildeo da Professora
Magda Alves de Medeiros
Dissertaccedilatildeo submetida como
requisito parcial para obtenccedilatildeo do
grau de Mestre em Ciecircncias no
Programa de poacutes-graduaccedilatildeo em
Ciecircncias Fisioloacutegicas
Seropeacutedica RJ
Fevereiro de 2015
iii
6367
S729r
T
Souza Carla Caroline Franzini de 1988-
Respostas autonocircmicas e comportamentais
ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Carla
Caroline Franzini de Souza ndash 2015
102 f il
Orientador Magda Alves de Medeiros
Dissertaccedilatildeo (mestrado) ndash Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro Curso de
Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas
Bibliografia f 67-76
1 Catildeo ndash Fisiologia ndash Teses 2 Catildeo ndash
Efeito do stress ndash Teses 3 Catildeo ndash
Comportamento ndash Teses 4 Stress
(Fisiologia) ndash Teses I Medeiros Magda
Alves de 1973- II Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro Curso de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas III
Tiacutetulo
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA
Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em
Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas
DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015
Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ
(Orientadora)
Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ
Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP
v
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul
(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me
encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e
inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos
de maravilhosos tempos
Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me
deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir
na pesquisa do que amo
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em
todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do
trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz
Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus
cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando
eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a
minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre
presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre
me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo
Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus
proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando
e confiando seus animais a noacutes
Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento
sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes
para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos
Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth
Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de
trabalho e amizade
A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice
que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre
transformando os momentos mais tensos em divertimento
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me
guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia
Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando
mais precisamos
Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho
Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ
E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter
sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com
muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo
ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca
vii
RESUMO
FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao
estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias
Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropeacutedica RJ 2015
O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E
apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do
estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para
o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado
emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta
num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo
considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e
fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse
Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da
anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais
Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10
a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do
municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a
intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo
foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro
consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima
de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de
frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa
CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas
gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas
diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de
manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi
capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos
como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos
comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos
submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais
significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se
Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos
proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram
correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo
significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros
comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir
Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de
induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa
ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser
utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos
Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento
fobia a sons
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
iii
6367
S729r
T
Souza Carla Caroline Franzini de 1988-
Respostas autonocircmicas e comportamentais
ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Carla
Caroline Franzini de Souza ndash 2015
102 f il
Orientador Magda Alves de Medeiros
Dissertaccedilatildeo (mestrado) ndash Universidade
Federal Rural do Rio de Janeiro Curso de
Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas
Bibliografia f 67-76
1 Catildeo ndash Fisiologia ndash Teses 2 Catildeo ndash
Efeito do stress ndash Teses 3 Catildeo ndash
Comportamento ndash Teses 4 Stress
(Fisiologia) ndash Teses I Medeiros Magda
Alves de 1973- II Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro Curso de Poacutes-
Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas III
Tiacutetulo
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA
Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em
Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas
DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015
Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ
(Orientadora)
Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ
Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP
v
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul
(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me
encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e
inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos
de maravilhosos tempos
Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me
deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir
na pesquisa do que amo
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em
todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do
trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz
Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus
cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando
eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a
minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre
presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre
me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo
Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus
proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando
e confiando seus animais a noacutes
Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento
sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes
para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos
Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth
Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de
trabalho e amizade
A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice
que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre
transformando os momentos mais tensos em divertimento
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me
guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia
Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando
mais precisamos
Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho
Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ
E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter
sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com
muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo
ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca
vii
RESUMO
FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao
estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias
Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropeacutedica RJ 2015
O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E
apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do
estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para
o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado
emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta
num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo
considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e
fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse
Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da
anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais
Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10
a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do
municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a
intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo
foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro
consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima
de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de
frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa
CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas
gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas
diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de
manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi
capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos
como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos
comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos
submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais
significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se
Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos
proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram
correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo
significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros
comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir
Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de
induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa
ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser
utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos
Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento
fobia a sons
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
iv
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO DE BIOLOGIA
PROGRAMA DE POacuteS-GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA
Dissertaccedilatildeo submetida como requisito parcial para obtenccedilatildeo do grau de Mestre em
Ciecircncias no Programa de Poacutes-Graduaccedilatildeo em Ciecircncias Fisioloacutegicas
DISSERTACcedilAtildeO APROVADA EM 25022015
Magda Alves de Medeiros (Ph D) UFRRJ
(Orientadora)
Faacutebio Fagundes da Rocha (Ph D) UFRRJ
Luciene Covolan (Ph D) UNIFESP
v
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul
(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me
encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e
inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos
de maravilhosos tempos
Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me
deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir
na pesquisa do que amo
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em
todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do
trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz
Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus
cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando
eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a
minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre
presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre
me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo
Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus
proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando
e confiando seus animais a noacutes
Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento
sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes
para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos
Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth
Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de
trabalho e amizade
A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice
que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre
transformando os momentos mais tensos em divertimento
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me
guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia
Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando
mais precisamos
Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho
Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ
E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter
sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com
muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo
ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca
vii
RESUMO
FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao
estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias
Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropeacutedica RJ 2015
O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E
apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do
estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para
o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado
emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta
num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo
considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e
fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse
Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da
anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais
Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10
a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do
municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a
intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo
foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro
consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima
de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de
frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa
CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas
gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas
diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de
manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi
capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos
como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos
comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos
submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais
significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se
Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos
proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram
correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo
significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros
comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir
Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de
induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa
ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser
utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos
Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento
fobia a sons
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
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n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
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n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
v
DEDICATOacuteRIA
Dedico esse trabalho agrave Francesco (catildeo) Sarah (gata) e Myul
(gata) os animais que me acompanharam desde a infacircncia me
encantando no dia a dia com o carinho companheirismo e
inteligecircncia e que nos uacuteltimos meses nos deixaram apoacutes 15 anos
de maravilhosos tempos
Dedico tambeacutem a minha amada Universidade Rural que me
deu natildeo soacute a oportunidade de ter uma profissatildeo como a de seguir
na pesquisa do que amo
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em
todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do
trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz
Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus
cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando
eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a
minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre
presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre
me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo
Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus
proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando
e confiando seus animais a noacutes
Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento
sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes
para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos
Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth
Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de
trabalho e amizade
A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice
que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre
transformando os momentos mais tensos em divertimento
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me
guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia
Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando
mais precisamos
Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho
Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ
E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter
sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com
muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo
ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca
vii
RESUMO
FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao
estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias
Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropeacutedica RJ 2015
O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E
apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do
estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para
o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado
emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta
num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo
considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e
fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse
Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da
anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais
Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10
a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do
municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a
intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo
foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro
consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima
de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de
frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa
CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas
gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas
diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de
manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi
capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos
como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos
comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos
submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais
significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se
Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos
proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram
correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo
significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros
comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir
Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de
induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa
ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser
utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos
Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento
fobia a sons
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
vi
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo a meu amado marido Rodrigo que me apoiou incondicionalmente em
todos os momentos bons e difiacuteceis nesses dois anos de pesquisa me ajudando do
trabalho braccedilal ao apoio emocional sempre acreditando que eu era capaz
Agradeccedilo a meus familiares queridos agrave Helena que mesmo precisando de meus
cuidados e atenccedilatildeo foi compreensiva me ajudando e me dando todo o carinho quando
eu mais precisava A meus avoacutes pelo amor incondicional meus pais Carlos e Cris e a
minha irmatilde Catarine que mesmo agrave distacircncia participaram de tudo e se fizeram sempre
presentes A meus sogros queridos Anna e Aluisio e a meu cunhado Rocircmulo sempre
me apoiando e dando forccedila no dia a dia para que eu desse conta de tudo
Agradeccedilo imensamente aos catildees que foram todos maravilhosos e agrave seus
proprietaacuterios que sem medir esforccedilos ajudaram muito em nossa pesquisa colaborando
e confiando seus animais a noacutes
Agradeccedilo agrave Raquel por me ajudar nos estudos na pesquisa no experimento
sempre com muita dedicaccedilatildeo Agrave Marissa querida por dedicar muitas de suas manhatildes
para me ajudar com os catildees Agrave Julia sempre com seus conselhos saacutebios e oportunos
Agradeccedilo agraves meninas do grupo de estudo em Medicina Alternativa Beth
Morgana Giulia Alana Renata Tati que fizeram me sentir parte de um grupo de
trabalho e amizade
A meus queridos colegas de curso Raoni Bruno Debora Liacutevia Gabi e Joice
que passaram comigo momentos de muito estudo dedicaccedilatildeo e cansaccedilo sempre
transformando os momentos mais tensos em divertimento
Agradeccedilo aos professores do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas por me
guiarem no caminho do conhecimento e da ciecircncia
Agradeccedilo ao professor Argemiro pelo imenso apoio e acolhimento quando
mais precisamos
Agradeccedilo a banca pela disponibilidade em contribuir com nosso trabalho
Agradeccedilo agraves agecircncias de fomento CAPES e FAPERJ
E finalmente agradeccedilo a minha orientadora Magda por esse projeto e por ter
sido a primeira a acreditar que eu era capaz e que chegariacuteamos ateacute aqui Sempre com
muita paciecircncia me explicando explicando e explicando caminhou comigo
ultrapassando as dificuldades natildeo me deixando desistir nunca
vii
RESUMO
FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao
estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias
Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropeacutedica RJ 2015
O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E
apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do
estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para
o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado
emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta
num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo
considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e
fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse
Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da
anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais
Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10
a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do
municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a
intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo
foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro
consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima
de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de
frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa
CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas
gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas
diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de
manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi
capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos
como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos
comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos
submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais
significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se
Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos
proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram
correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo
significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros
comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir
Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de
induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa
ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser
utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos
Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento
fobia a sons
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
vii
RESUMO
FRANZINI Carla Caroline de Souza Respostas autonocircmicas e comportamentais ao
estresse sonoro agudo em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de
trovatildeo eou fogos de artifiacutecio 2015 102 p Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Ciecircncias
Fisioloacutegicas) Instituto de Biologia Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
Seropeacutedica RJ 2015
O estresse eacute a situaccedilatildeo gerada por um desafio ao qual um organismo estaacute submetido E
apesar da resposta de estresse ser fundamental para homeostase a persistecircncia do
estiacutemulo estressor ou o exagero na resposta pode provocar consequecircncias deleteacuterias para
o indiviacuteduo A fobia eacute considerada um transtorno de ansiedade onde o medo (estado
emocional em resposta a uma situaccedilatildeo de perigo) eacute persistente e excessivo o que resulta
num aumento da reatividade ao estresse Nesse contexto vaacuterios estiacutemulos satildeo
considerados estressores em catildees e a exposiccedilatildeo a estiacutemulos sonoros como trovotildees e
fogos de artifiacutecio representa uma opccedilatildeo natural para o estudo da reatividade ao estresse
Desta forma avaliamos a reatividade de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio a um modelo de estresse sonoro agudo atraveacutes da
anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e de paracircmetros comportamentais
Foram utilizados 28 catildees de companhia de diversas raccedilas de 2 a 6 anos pesando de 10
a 30 Kg sem sinais de outras doenccedilas provenientes de proprietaacuterios voluntaacuterios do
municipio de Seropeacutedica-RJ Estes foram selecionados por questionaacuterio referente a
intensidade do medo de trovatildeo e fogos de artifiacutecio dividos em grupos de foacutebicos e natildeo
foacutebicos e ainda entre os estiacutemulos som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O estiacutemulo sonoro
consistiu numa gravaccedilatildeo padronizada de 25 minutos a uma intensidade sonora maacutexima
de 103-104 dB Para a anaacutelise da VIC os intervalos RR foram registrados atraveacutes de
frequenciacutemetro (Polarreg modelo RS800CX) computados e analisados pelo programa
CardioSeries 241 Tambeacutem foram avaliados o perfil dos proprietaacuterios caracteriacutesticas
gerais (peso idade raccedila e sexo) e de manejo dos animais Natildeo foram detectadas
diferenccedilas no perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios nem caracteriacutesticas gerais ou de
manejo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos O estiacutemulo sonoro (trovatildeo ou fogos) foi
capaz produzir aumento significativo da razatildeo LFHF tanto em animais natildeo-foacutebicos
como em animais foacutebicos No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos
comportamentos de vigilacircncia tremer e se esconder Apenas animais foacutebicos
submetidos ao modelo som de fogos apresentaram respostas comportamentais
significativamente mais intensas que catildees natildeo-foacutebicos nos paracircmetros Tremer Se
Esconder Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo As respostas comportamentais descritas pelos
proprietaacuterios e as exibidas pelos catildees durante o modelo de estresse foram
correlacionadas apenas nos paracircmetros Tremer e Se Esconder Foi detectada correlaccedilatildeo
significativa entre os valores da razatildeo LFHF e os seguintes paracircmetros
comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio Arfar Tremer Se Esconder Fugir
Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto O modelo utilizado foi capaz de
induzir respostas comportamentais e autonocircmicas de estresse e se mostra uma boa
ferramenta na mensuraccedilatildeo da magnitude das respostas de estresse de animais de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e pode ser
utilizado na avaliaccedilatildeo de novos caminhos terapecircuticos
Palavras-chaves estresse em catildeo variabilidade do intervalo cardiacuteaco comportamento
fobia a sons
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
viii
ABSTRACT
FRANZINI Carla Caroline de Souza Autonomic and behavioural responses to noise
acute stress in companion dogs with phobia of thunder andor fireworks sounds 2015 p 105 Thesis (MA in Physiological Sciences) Institute of Biology Federal Rural
University of Rio de Janeiro Seropeacutedica RJ 2015
Stress is a situation caused by a challenge in which a body is subject And despite the
stress response is essential for homeostasis the persistence of the stressor stimulus or
exaggerated response can induce deleterious consequences A phobia is considered an
anxiety disorder where the fear (emotional state in response to a situation of danger) is
persistent and excessive which results in increased reactivity to stress In this context
many stimuli are considered stressors in dogs and the exposure to noise stimuli as
thunder and fireworks is a natural choice for the study of reactivity to stress Thus we
have evaluated the reactivity of companion dogs with history of phobia of the thunder
sounds andor fireworks to an acute acoustic stress model by analysing the variability
of Cardiac Interval (VCI) and behavioural parameters We used 28 companion dogs
different breeds 2 to 6 years old weighing 10 to 30 kg with no signs of other diseases
from volunteers owners of City of Seropeacutedica-RJ The dogs were selected by
questionnaire on the intensity of the fear of thunder and fireworks divided in phobic or
not phobic and between the stimuli sound of thunder or fireworks The sound stimulus
consisted of a standardized recording from 25 minutes to a maximum intensity of
sound of 103-104 dB For the analysis of VCI RR intervals were recorded through
frequency meter (Polar reg RS800CX model) stored and analysed using CardioSeries
241 sofware We also evaluated the profile of the owners general characteristics
(weight age race and gender) and handling of animals No differences were found in
the socioeconomic profile of the owners or general characteristics or animal handling
between phobic and non-phobic dogs The sound stimulus (thunder or fireworks) was
able to induce a significant increase in LF HF ratio in both non-phobic animals and
phobic animals However the magnitude of the sound-induced increase in the LFHF
was significantly higher in phobic than in non-phobic animals The acute sound stress
model produced an increase in the behaviour of surveillance trembling and hiding Only
phobic animals submitted to fireworks sound model had significantly more intense
behavioural responses than non-phobic dogs in the behaviours Shivering Hiding
Surveillance and Salivation Behavioural responses described by the owners and shown
by dogs during the stress model were correlated only in the behaviours Shivering and
Hiding Significant correlation was found between the ratio values LF HF and the
following behavioural parameters induced by sound in the laboratory Panting
Shivering Hiding Escape Shockwave Surveillance Salivation and Startle The sound
model was able to induce behavioural and autonomic responses of stress and it shown a
good tool to measure the magnitude of stress responses in the companion dogs with
history of phobia of thunder and fireworks sounds and it can be used in the study of new
therapeutic targets
Keywords stress in dogs variability of cardiac interval behaviour noise phobia
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
ix
LISTA DE TABELAS E FIGURAS
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados 31
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios 33
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos 34
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 35
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 36
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos 38
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento 47
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento 51
Figura 1Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA 8
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC 13
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional 19
Figura 4 Conexotildees nuacutecleo central da amiacutegdala 20
Figura 5 Esquema do protocolo experimental 25
Figura 6 Catildeo no momento do som 26
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX 27
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg 28
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes de
frequecircncia LF e HF a partir da FFT 30
Figura 11 Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio 40
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 41
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos ao
estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio 42
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo 44
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro agudo 45
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
x
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 49
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de companhia
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo 50
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios 53
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio
e a razatildeo LFHF 54
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
xi
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS
AC Adenilatociclase
ACh Acetilcolina
ACTH Hormocircnio adrenocorticotroacutefico
AVP Vasopressina
CCP Corpos Celulares Preacute-ganglionares
CEUA Comissatildeo de Eacutetica no Uso de Animais
CRH Hormocircnio liberador de corticotropina
dB decibeacuteis
DCF Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas
DPA Departamento de Parasitologia Animal
FC Frequecircncia Cardiacuteaca
FFT Transformada Raacutepida de Fourier
GR Receptor de Glicocorticoacuteides
HF Frequecircncia alta
HHA Eixo Hipotaacutelamo Hipoacutefise Adrenal
IRR Intervalos RR
LC Locus Coeruleus
LF Frequecircncia baixa
MR Receptor de Mineralocorticoacuteide
NAV Nodo Atrioventricular
NA Noradrenalina
NS Nodo Sinoatrial
PKA Proteiacutena quinase dependente de AMPc
PVN Nuacutecleo Paraventricular do Hipotaacutelamo
RMSSD raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre batimentos
consecutivos elevadas ao quadrado
SAM Sistema Simpato-adreno-medular
SNA Sistema Nervoso Autocircnomo
SNC Sistema Nervoso Central
SNP Sistema Nervoso Parassimpaacutetico
SNS Sistema Nervoso Simpaacutetico
xii
SRD Sem raccedila definida
STDRR Desvio padratildeo de todos os intervalos RR do segmento
UFRRJ Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro
VIC Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
xiii
SUMAacuteRIO
DEDICATOacuteRIA v
AGRADECIMENTOS vi
RESUMO vii
LISTA DE TABELAS E FIGURAS ix
LISTA DE ABREVIACcedilOtildeES SIGLAS E SIacuteMBOLOS xi
1 INTRODUCcedilAtildeO 1
11 Justificativa 3
12 Objetivos 4
121 Geral 4
122 Especiacuteficos 4
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 5
21 Estresse 5
22 Fisiologia do estresse 6
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse 10
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca 10
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) 12
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees 14
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees 16
26 Fobia em catildees 18
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS 22
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental 22
32 Animais 22
321 Consideraccedilotildees eacuteticas 23
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som 23
33 Procedimentos Experimentais 24
xiv
331 Estiacutemulo Sonoro 25
34 Grupos experimentais 26
35 Coletas de sangue 26
36 Uso do Frequenciacutemetro 27
37 Anaacutelise Espectral da VIC 27
38 Anaacutelise Comportamental 30
39 Anaacutelise Estatiacutestica 31
4 RESULTADOS 33
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais 33
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco 41
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 46
44 Correlaccedilotildees entre os dados 51
5 DISCUSSAtildeO 55
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais 55
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo 59
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som 61
54 Correlaccedilotildees entre dados 62
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees 63
6 CONCLUSOtildeES 65
7 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 67
8 ANEXOS 77
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro 77
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica 81
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia 83
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo 85
ANEXO 5 Termo de Consentimento 86
xv
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental 88
1
1 INTRODUCcedilAtildeO
Situaccedilotildees de estresse e medo fazem parte da vida de todos os animais e as
reaccedilotildees fisioloacutegicas provocadas por elas satildeo essenciais para sobrevivecircncia no meio
selvagem mas tambeacutem na vida urbana para aqueles animais que foram domesticados
acompanhando o homem em sua caminhada de vida em sociedade
A espeacutecie canina foi a que mais se envolveu com o homem tornando-se um
animal domeacutestico e dependente de cuidados sendo alvo de problemas sociais
ambientais e de sauacutede puacuteblica quando abandonados ou em vida livre pelas cidades e
comunidades
Essa relaccedilatildeo criada ao longo dos tempos entre os catildees e o homem trouxe para
os dias atuais um viacutenculo afetivo de ambas as espeacutecies modificando e ateacute selecionando
atraveacutes das raccedilas o comportamento canino acentuando caracteriacutesticas que podem estar
influenciando a forma dos catildees de lidar com as situaccedilotildees de estresse e medo no
cotidiano
A fisiologia do comportamento regula-se baseada nos estiacutemulos externos aos
quais o animal estaacute sujeito conforme suas necessidades de sobrevivecircncia e ateacute de bem
estar Dessa forma o estresse vem a ser responsaacutevel por modelar o comportamento de
um indiviacuteduo conforme seu modo de vida e sua exposiccedilatildeo a esses estiacutemulos
O estresse como mecanismo de adaptaccedilatildeo a situaccedilotildees adversas eacute extremamente
importante na manutenccedilatildeo da vida pois sem esse mecanismo qualquer situaccedilatildeo
desfavoraacutevel poderia causar morte imediata sendo a capacidade de responder
rapidamente a uma situaccedilatildeo de perigo uma importante caracteriacutestica da evoluccedilatildeo dos
seres
Mais especificamente em situaccedilotildees de estresse o organismo de um indiviacuteduo
redistribui sua energia e o sistema locomotor e sensorial satildeo priorizados em detrimento
de outros (reprodutivo digestivo e imune) fazendo assim com que a resposta
momentacircnea seja eficiente O problema comeccedila quando haacute a persistecircncia destas
situaccedilotildees e ou dessas respostas causando prejuiacutezo aos sistemas deprimidos
A influecircncia dos estiacutemulos sonoros tem demonstrado importacircncia cliacutenica na
espeacutecie canina jaacute que leva diversos indiviacuteduos a sofrerem alteraccedilotildees comportamentais e
2
neuroendoacutecrinas que podem evoluir para graves distuacuterbios comportamentais e
fisioloacutegicos como a fobia Em alguns casos de estresse crocircnico severo podem ocorrer
danos neurais doenccedilas gastrointestinais aleacutem da diminuiccedilatildeo da resposta imune
A fobia eacute descrita como um medo acentuado irracional persistente e excessivo
claramente discerniacutevel de objetos seres lugares ou situaccedilotildees de forma desproporcional
e exagerada acompanhada de comportamento de fuga esquiva antecipaccedilatildeo e intenso
sofrimento que geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase
fisioloacutegica mas que leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas
ao medo coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o
eixo Hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HPA) na liberaccedilatildeo de glicocorticoides e o sistema
nervoso simpaacutetico
Na fobia os limiares de ativaccedilatildeo dos circuitos neurais de medo estatildeo reduzidos
podendo ser observado no indiviacuteduo clara hiperexcitabilidade hipervigilacircncia e
aumento da responsividade comportamental aos estiacutemulos Idealmente os graus de
ativaccedilotildees seriam proporcionais agrave ameaccedila e uma adaptaccedilatildeo agrave situaccedilatildeo normalizaria a
resposta de estresse diminuindo-a conforme a ameaccedila desaparecesse o que natildeo ocorre
na fobia
Os criteacuterios para o diagnoacutestico de fobia em humanos costumam usar termos
que se referem a sintomas emocionais envolvendo sentimentos e estados de consciecircncia
subjetivos o que difiacuteculta a abordagem cientifica e cliacutenica nos animais Poreacutem as
alteraccedilotildees dos paracircmetros comportamentais e fisioloacutegicos dos sistemas
neuroendoacutecrinos envolvidos nesses distuacuterbios satildeo um caminho de estudo e pesquisa
Dessa forma os niacuteveis de estresse podem ser avaliados atraveacutes da mensuraccedilatildeo
de paracircmetros fisioloacutegicos e comportamentais Em vaacuterias espeacutecies o paracircmetro mais
utilizado eacute a dosagem de cortisol Aleacutem desse a anaacutelise da variabilidade do intervalo
cardiacuteaco (VIC) vem se mostrando um paracircmetro importante e natildeo invasivo para avaliar
o balanccedilo simpato-vagal em indiviacuteduos submetidos a estiacutemulos potencialmente
desafiadores As alteraccedilotildees comportamentais analisadas em conjunto com as anaacutelises
citadas a cima formam uma importante fonte de dados ainda natildeo correlacionadas nos
estudos mais recentes
Contudo o presente estudo teve como objetivo avaliar as respostas autonocircmicas
e comportamentais induzidas pelo estresse sonoro agudo em catildees de companhia com
3
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio O modelo de estresse utilizado
consiste em um meacutetodo natildeo invasivo e seguro uma vez que cada animal foi submetido
a um estiacutemulo sonoro (sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio) de curta duraccedilatildeo (25 min) a
uma intensidade sonora maacutexima de 1039 dB natildeo sendo capaz de causar efeitos
deleteacuterios para a audiccedilatildeo dos animais
Para tal foram utilizados 28 catildees de diversas raccedilas dos quais 16 eram
historicamente foacutebicos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio e 12 natildeo apresentavam
qualquer sinal de medo a esses sons Os animais foram dividos ainda entre submetidos
ao som de trovatildeo e submetidos ao som de fogos de artifiacutecio
Foram avaliados o balanccedilo simpato-vagal atraveacutes da mensuraccedilatildeo da VIC e 14
paracircmetros comportamentais aleacutem da coleta de amostras sanguiacuteneas em 6 momentos
para posterior anaacutelise dos niacuteveis seacutericos de cortisol
11 Justificativa
Animais e humanos satildeo constantemente submetidos a situaccedilotildees de estresse no
seu cotidiano Em catildees vaacuterios estiacutemulos podem ser considerados geradores de estresse
e sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio tecircm se mostrado estiacutemulos estressores importantes
devido agrave frequente ocorrecircncia de fobia a esses sons nesta espeacutecie
O tema escolhido eacute de grande importacircncia na atualidade uma vez que satildeo
necessaacuterias mais pesquisas sobre o efeito do estresse em humanos e animais Neste
sentido a avaliaccedilatildeo dos paracircmetros fisioloacutegicos em situaccedilotildees de estresse eacute uma forma
de estudar e compreender melhor os distuacuterbios relacionados ao estresse e traccedilar novos
caminhos terapecircuticos
Eacute relevante para a Medicina Veterinaacuteria e para a aacuterea de sauacutede como um todo
pois modelos de estresse sonoro agudo podem ser uacuteteis na verificaccedilatildeo da reatividade ao
estresse aleacutem de serem pouco invasivos e de relativa faacutecil execuccedilatildeo
4
12 Objetivos
121 Geral
Verificar as respostas fisioloacutegicas ao estresse sonoro agudo em catildees de
companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
122 Especiacuteficos
Avaliar o perfil socioeconocircmico dos proprietaacuterios as caracteriacutesticas gerais e
comportamentais e o manejo dos animais em catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
Avaliar a resposta autonocircmica a partir da anaacutelise espectral da variabilidade do
intervalo cardiacuteaco de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos
de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar a resposta comportamental de catildees de companhia com histoacuterico de fobia
a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre o comportamento dos animais relatado pelos
proprietaacuterios durante a ocorrecircncia natural de trovotildees ou fogos e os comportamentos
exibidos pelos catildees em resposta ao modelo de estresse sonoro em laboratoacuterio
Avaliar se haacute correlaccedilatildeo entre paracircmetros autonocircmicos e comportamentais em
catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio
submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo
5
2 REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
21 Estresse
O fisiologista Claude Bernard em 1872 definiu o conceito de meio interno pela
primeira vez como um princiacutepio do equiliacutebrio dinacircmico do meio interno essencial para
a sobrevivecircncia (FRANCI 2005)
Apesar disso foi Walter Canon em 1929 o responsaacutevel por definir esse
conceito da condiccedilatildeo de equiliacutebrio do meio interno criado por Claude Bernard com o
termo homeostase Aleacutem de ter reconhecidoos agentes desafiadores da homeostase
como fiacutesicos e emocionais e elaborado o conceito de ldquoreaccedilatildeo de emergecircnciardquo que
ocorre quando haacute um desafio capaz de ativar a liberaccedilatildeo de noradrenalina de terminais
nervosos simpaacuteticos e adrenalina da medula da adrenal (FRANCI 2005)
E mais recentemente entre 1946 e 1976 o fisiologista canadense Hans Selye
definiu ldquoa situaccedilatildeo gerada pelo desafio ao qual um organismo estaria submetidordquo com o
termo estresse E ao ocorrerem controveacutersias conceituais uma vez que natildeo se podia
distinguir a causa do efeito ele criou o termo estressor para designar o agente causador
(estiacutemulo) e manteve o termo estresse para designar a condiccedilatildeo gerada pelo estiacutemulo
desafiador (FRANCI 2005)
A resposta a um estiacutemulo estressor eacute fundamental para a homeostase de um ser
vivo e sua sobrevivecircncia Nas condiccedilotildees de estresse o organismo reage por meio da
ativaccedilatildeo e desativaccedilatildeo do mecanismo de controle de vaacuterias funccedilotildees para recuperar e
manter a homeostase No entanto essas respostas podem ser insuficientes para
restabelecer ou manter a homeostase ou podem ser exageradas representando risco de
doenccedilas Portanto o estresse pode ser definido como a soma de respostas fiacutesicas e
mentais causadas por determinados estiacutemulos externos e que permitem ao indiviacuteduo
superar determinadas exigecircncias do meio-ambiente (FRANCI 2005)
A reaccedilatildeo de estresse maximiza o gasto de energia que ajuda a preparar o corpo
para atender a uma situaccedilatildeo ameaccediladora ou desafiadora em que o indiviacuteduo tende a
mobilizar um grande esforccedilo a fim de lidar com o evento No entanto enquanto uma
certa quantidade de estresse eacute necessaacuteria para a sobrevivecircncia o estresse prolongado
pode afetar adversamente a sauacutede (BERNARD amp KRUPAT 1994)
6
Em situaccedilotildees de estresse ocorre a ativaccedilatildeo de duas principais vias o eixo
hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) atraveacutes do aumento da produccedilatildeo de cortisol e o
sistema nervoso simpaacutetico atraveacutes da liberaccedilatildeo de catecolaminas (Noradrenalina
Adrenalina)
A desregulaccedilatildeo de qualquer um desses sistemas de estresse pode levar a
distuacuterbios fisioloacutegicos de vaacuterios outros sistemas incluindo os sistemas imunoloacutegico
cardiovascular funccedilatildeo metaboacutelica e comportamento levando a maacute adaptaccedilatildeo da
resposta ao estresse (MARQUES et al 2010)
22 Fisiologia do estresse
Os estiacutemulos estressores podem ser definidos como aqueles que desafiam a
homeostase Esses estiacutemulos geram respostas que variam de acordo com a duraccedilatildeo e
intensidade e ainda com a predisposiccedilatildeo geneacutetica e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo
Os estiacutemulos causadores de estresse podem ser classificados em quatro grupos
estressores fiacutesicos e quiacutemicos (calor frio barulho radiaccedilatildeo intensa e substacircncias
toacutexicas) psicoloacutegicos (medo e frustraccedilatildeo) sociais (um ambiente hostil e rompimento de
relaccedilotildees) e os que alteram a homeostase vegetativa como em casos de exerciacutecio intenso
e hemorragias Quanto agrave duraccedilatildeo os estiacutemulos causadores de estresse podem ser ainda
classificados como agudos ou crocircnicos (PACAacuteK amp PALKOVITS 2001)
Moberg (2000) propotildee um modelo para compreensatildeo do estresse em toda
espeacutecie animal que sugere uma resposta bioloacutegica ao estresse a partir de trecircs estaacutegios
gerais
1ordm O reconhecimento de um estiacutemulo estressante
2deg A defesa bioloacutegica contra o estiacutemulo estressante
3deg As consequecircncias da resposta de estresse
Esta resposta ao estressor iraacute abranger aspectos cognitivos comportamentais e
fisioloacutegicos (MARGIS et al 2003)
Em uma situaccedilatildeo de estresse satildeo ativados o sistema simpato-adrenomedular
gerando o aumento da secreccedilatildeo de catecolaminas e logo excitaccedilatildeo raacutepida do sistema
cardiovascular ocasionando um aumento da frequecircncia cardiacuteaca e da pressatildeo arterial E
7
o outro eixo ativado eacute o hipotaacutelamo-hipoacutefise-adrenal (HHA) levando ao aumento na
produccedilatildeo de cortisol e naturalmente mobilizaccedilatildeo de energia (ULRICH-LAI amp
HERMAN 2009) (Figura 1)
As respostas de emergecircncia ativadas pelo SAM ocorrem quando o organismo se
prepara para a defesa ou ataque excretando adrenalina Entatildeoo suprimento de sangue eacute
desviado para os muacutesculos havendo elevaccedilatildeo do deacutebito cardiacuteaco total e da
redistribuiccedilatildeo sanguiacutenea aumentando a oferta de nutrientes e oxigecircnio para as estruturas
vitais A pressatildeo arterial se eleva e os bronquiolos se dilatam tornando a respiraccedilatildeo
mais raacutepida e profunda para retirada do dioacutexido de carbono excedente As funccedilotildees
digestivas e secretoacuterias diminuem aleacutem da reaccedilatildeo de aliacutevio com a liberaccedilatildeo de qualquer
excesso da bexiga e intestino A taxa metaboacutelica aumenta e a liberaccedilatildeo de endorfinas
diminue a sensibilidade agrave dor e os sentidos satildeo mantidos em estado de alerta
(ROGERSON 1997)
8
Figura 1 Ativaccedilatildeo do SAM e do eixo HHA A ativaccedilatildeo do sistema simpato-adrenomedular
(SAM) e do eixo do hipotaacutelamo hipoacutefise adrenal (HHA) como sistemas primaacuterios para a
manutenccedilatildeo e restabelecimento da homeostase A exposiccedilatildeo ao estressor resulta em ativaccedilatildeo de
neurocircnios preacute-ganglionares simpaacuteticos na coluna intermediolateral da medula espinhal
toracolombar (T1 a L2) Estes neurocircnios preacute-ganglionares se projetam para gacircnglios preacute e para
vertebrais que entatildeo terminam em oacutergatildeos alvo e nas ceacutelulas cromafins da medula da adrenal
Esta ativaccedilatildeo simpaacutetica (em ciacuterculos) representa a resposta claacutessica de luta e fuga que foi
primariamente caracterizada por Walter Cannon e colaboradores no iniacutecio do seacuteculo passado e
leva a um aumento dos niacuteveis de adrenalina (proveniente da adrenal) e de noradrenalina dos
terminais simpaacuteticos aumento da frequecircncia e da forccedila de contraccedilatildeo do coraccedilatildeo vasoconstriccedilatildeo
perifeacuterica e mobilizaccedilatildeo de energia O tocircnus parassimpaacutetico tambeacutem eacute mobilizado durante o
estresse No sistema parassimpaacutetico (em estrelas) representa a ativaccedilatildeo de nuacutecleos preacute-
ganglionares cracircnios-sacrais ativam nuacutecleos poacutes-ganglionares localizados proacuteximos aos oacutergatildeos
inervados com efeito geralmente oposto ao sistema simpaacutetico Para o eixo HHA a exposiccedilatildeo ao
estressor ativa neurocircnios hipofisiotroacuteficos no nuacutecleo paraventricular do hipotaacutelamo (PVN) que
secretam hormocircnios de liberaccedilatildeo como hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH) e
vasopressina (AVP) na circulaccedilatildeo porta da eminecircncia meacutedia Estes hormocircnios liberadores atuam
na hipoacutefise anterior para promover a secreccedilatildeo de hormocircnio adrenocorticotroacutefico (ACTH) que
atua no coacutertex da adrenal (zona fasciculata) para iniciar a siacutentese e liberaccedilatildeo dos hormocircnios
glicocorticoacuteides Os glicocorticoacuteides circulantes promovem a mobilizaccedilatildeo de energia estocada e
potencializam numerosos efeitos simpaacuteticos como a vasoconstriccedilatildeo perifeacuterica Aleacutem disso o
coacutertex da adrenal eacute diretamente inervado pelo sistema simpaacutetico que regula a liberaccedilatildeo de
glicocorticoacuteides Entatildeo a ativaccedilatildeo do sistema simpaacutetico e do eixo HHA tem accedilotildees
complementares no organismo incluindo a mobilizaccedilatildeo de energia e a manutenccedilatildeo da pressatildeo
arterial durante o estresse (Adaptado de ULRICH-LAI amp HERMAN 2009)
CRH
AVP
9
As respostas ao estresse que envolvem emoccedilatildeo passaratildeo por avaliaccedilatildeo afetiva
onde a informaccedilatildeo seraacute processada e interpretada para se estimar o potencial de ameaccedila
Esta avaliaccedilatildeo afetiva iraacute determinar o padratildeo de respostas e o tipo de defesa de acordo
com a histoacuteria pessoal aprendizado e experiecircncias preacutevias do indiviacuteduo que entatildeo faraacute
a avaliaccedilatildeo da capacidade para lidar com a situaccedilatildeo e organizaccedilatildeo da resposta
(MARGIS et al 2003)
A intensidade da resposta eacute que determina se o animal estaacute sofrendo de estresse
ou eacute meramente experimentado um episoacutedio breve em sua vida sem nenhum impacto
significativo ao seu bem-estar
Circuitos neurais espinais e supra espinais estatildeo envolvidos nas respostas de
estresse Os supra espinais processam as informaccedilotildees vindas das vias somatossensoriais
e viscerossensoriais e elaboram as respostas atraveacutes do taacutelamo hipotaacutelamo aacuterea preacute-
optica estruturas liacutembicas e sistemas amineacutergicos e natildeo amineacutergicos do tronco cerebral
Os neurocircnios do PVN secretores de hormocircnio liberador de corticotrofina (CRH)
e vasopressina com os neurocircnios catecolamineacutergicos do locus coeruleus (LC) (o nuacutecleo
com maior densidade de neurocircnios noradreneacutergicos com papel fundamental no
desencadeamento da resposta ao estresse e reaccedilotildees de fuga) inervam o hipocampo a
amiacutegdala e o neocortex aleacutem de nuacutecleos do rafe (5-HT) e grupamentos celulares da
medula e ponte compondo assim um dos principais reguladores centrais de resposta ao
estresse na ativaccedilatildeo do eixo HHA e SNS (FRANCI 2005)
O eixo HHA eacute ativado por diferentes categorias de estresse como traumaacutetico
inflamatoacuterio e psicoloacutegico E o estresse psicoloacutegico tem regulaccedilatildeo por estruturas
liacutembicas que exercem atividade modulatoacuteria sobre o eixo (ULRICH-LAI amp HERMAN
2009)
O PVN monitora sinais relacionados com o estado emocional atraveacutes de sinais
metaboacutelicos como a composiccedilatildeo plasmaacutetica O CRH o principal neurotransmissor
coordenador das alteraccedilotildees psicoloacutegicas e comportamentais relacionadas ao estresse eacute
sintetizado no PVN e liberado nos capilares da eminecircncia meacutedia juntamente com a
vasopressina (AVP) e alcanccedilam diretamente a hipoacutefise anterior via circulaccedilatildeo portal
hipotalacircmica-hipofisaacuteria que por sua vez estimula na hipoacutefise a liberaccedilatildeo do hormocircnio
adrenocorticotroacutefico (ACTH) (MORMEgraveDE et al 2006)
10
O ACTH eacute sintetizado por ceacutelulas especializadas da hipoacutefise anterior vai para a
corrente sanguiacutenea e estimula o coacutertex da glacircndula adrenal (na zona fasciculada) que
sintetiza o glicocorticoide atraveacutes de esteroides derivados do colesterol O cortisol eacute o
glicocorticoacuteide ativo do eixo para catildees gatos e humanos e a corticosterona para
paacutessaros e roedores (MORMEgraveDE et al 2006)
Esse hormocircnio final do eixo HHA interage com as ceacutelulas atraveacutes da ligaccedilatildeo a
dois receptores o receptor glicocorticoide (GR) e o receptor de mineralocorticoide
(MR) O receptor GR eacute encontrado na maioria dos tecidos do corpo incluindo a maioria
das aacutereas do enceacutefalo No rim e em outros tecidos a aldosterona liga-se ao MR durante a
regulaccedilatildeo da reabsorccedilatildeo de soacutedio mas o MR tambeacutem estaacute presente no hipocampo onde
ocorre a ligaccedilatildeo do cortisol Estes complexos esteroacuteide-receptores entatildeo interagem
com o DNA para iniciar ou para reprimir a transcriccedilatildeo de genes especiacuteficos a fim de
regular a siacutentese de proteiacutenas que provoca alteraccedilotildees fisioloacutegicas em resposta ao
estresse
O cortisol tem 10 vezes mais afinidade ao MR que ao GR Em niacuteveis baixos ou
em situaccedilotildees de ausecircncia de estresse a maior parte do cortisol liga-se aos MRs no
ceacuterebro (principalmente no hipocampo) e modula a atividade basal do eixo HHA e o
aparecimento de resposta ao estresse Com a elevaccedilatildeo dos niacuteveis de cortisol ocorre um
aumento de ligaccedilotildees nos receptores GR reduzindo a atividade do eixo HHA
(mecanismo de ldquofeed-backrdquo negativo) No entanto a ativaccedilatildeo crocircnica deste receptor
estaacute ligada a vaacuterios distuacuterbios cognitivos relativos ao estresse (DE KLOET et al 1999)
Proteger o organismo de possiacuteveis danos eacute um dos papeis principais das
respostas hormonais a situaccedilotildees de estresse E seus principais hormocircnios satildeo a
adrenalina de secreccedilatildeo raacutepida pelo envolvimento na reaccedilatildeo de luta ou fuga e o
corticosteroacuteides na restauraccedilatildeo e na reparaccedilatildeo dos sistemas agindo na segunda linha de
defesa regulando as respostas inflamatoacuteria e imune (MC EWEN 2000)
23 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco Durante o Estresse
231Regulaccedilatildeo autonocircmica da atividade cardiacuteaca
11
O Nodo Sinoatrial (NS) apresenta a frequecircncia de disparo mais intensa no
coraccedilatildeo estimulando outros locais como os nodos atrioventriculares que principiam
seus proacuteprios impulsos eleacutetricos E com a ausecircncia de influecircncias hormonais ou neurais
a frequecircncia cardiacuteaca (FC) permanece equivalente agrave frequecircncia de disparos do NS ou
seja constante (STAUSS 2007)
Os sistemas nervoso simpaacutetico (SNS) e parassimpaacutetico (SNP) estatildeo
constantemente ativados regulando a atividade cardiacuteaca com a predominacircncia de um ou
outro conforme a situaccedilatildeo Em repouso a predominacircncia eacute vagal o que em humanos
leva a respostas raacutepidas de no maacuteximo 5 segundo na FC diminuindo-a em poucos
batimentos Jaacute as respostas da ativaccedilatildeo simpaacutetica ocorrem apoacutes cinco segundos
aumentando progressivamente chegando a sua resposta maacutexima de aumento da FC
apoacutes 20 a 30 segundos (HAINSWORTH 1995)
No entanto os sistemas simpaacutetico e parassimpaacutetico atuam de forma simultacircnea
na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca onde o aumento da atividade vagal natildeo resulta tatildeo
logo na reduccedilatildeo da atividade simpaacutetica e vice-versa (VON BORELL et al 2007)
Quando o SNS eacute ativado as fibras nervosas promovem a descarga de
noradrenalina (NA) nos aacutetrios e ventriacuteculos que por sua vez juntamente com a
adrenalina liberada pela adrenal estimula os receptores β1 adreneacutergicos presentes no
coraccedilatildeo ativando atraveacutes de uma proteiacutena G excitatoacuteria (Gs) a enzima adenilato ciclase
(AC) agrave produzir AMPc Seu aumento intracelular leva agrave ativaccedilatildeo da proteiacutena quinase
dependente de AMPc aumentando as correntes de canais iocircnicos de Ca+2
e Na+
acelerando a velocidade de despolarizaccedilatildeo levando ao aumento da frequecircncia de
disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas do NA desencadeando o aumento da
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Do mesmo modo o miocaacuterdio atrial o nodo aacutetrio-ventricular e o NS satildeo
inervados pelas fibra nervosa parassimpaacutetica dos nervos vagos liberando acetilcolina
(ACh) ativando receptores M2 que estatildeo acoplados a uma proteiacutena G inibitoacuteria (Gi)
inibindo a siacutentese de AMPc intracelular reduzindo a atividade da PKA Aleacutem de a ACh
ativar uma corrente de efluxo de K+ gerando uma hiperpolarizaccedilatildeo da membrana
levando ao aumento do limiar de ativaccedilatildeo do potencial de accedilatildeo sinusal o que reduz a
12
frequecircncia de disparo de potenciais de accedilatildeo das ceacutelulas sinusais diminuindo por fim a
frequecircncia cardiacuteaca (CURI amp PROCOPIO 2009)
Existem diferenccedilas no tempo de resposta da ativaccedilatildeo dos ramos simpaacutetico e
parassimpaacutetico que ocorrem em certo modo pela liberaccedilatildeo lenta de noradrenalina nos
terminais nervosos simpaacuteticos e pelas fibras preacute-ganglionares vagais serem
mielinizadas contribuindo para uma transmissatildeo eleacutetrica mais raacutepida Aleacutem das
diferenccedilas anatocircmicas entre os ramos como eacute o caso dos corpos celulares preacute-
ganglionares do parassimpaacutetico localizados dentro do coraccedilatildeo enquanto que os corpos
celulares preacute-ganglionares simpaacuteticos se localizam no gacircnglio paravertebral (VON
BORELL et al 2007)
232 A Anaacutelise espectral da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC)
A manutenccedilatildeo da homeostase do sistema cardiovascular eacute resultado da oscilaccedilatildeo
riacutetmica de componentes regulatoacuterios da atividade cardiacuteaca onde se observa intervalos
irregulares de tempo entre os batimentos consecutivos (VON BORELL et al 2007)
A anaacutelise da variabilidade do intervalo cardiacuteaco pode ser realizada atraveacutes dos
iacutendices no domiacutenio do tempo e da frequecircncia
No domiacutenio do tempo cada intervalo entre um batimento cardiacuteaco e outro pode
ser medido em milissegundos e no domiacutenio da frequecircncia as flutuaccedilotildees riacutetmicas podem
caracterizar os estados de repouso e atividade influindo na seacuterie cronoloacutegica contida
entre os intervalos tornando possiacutevel a mensurar a atividade do SNA (HOSHI 2009
SONG et al 2006)
Os dados satildeo obtidos atraveacutes da gravaccedilatildeo dos intervalos entre batimentos
cardiacuteacos feitos por frequenciacutemetros capazes de detectar em milissegundos (ms) o
tempo entre os batimentos e armazenaacute-los (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al
2007)
A teacutecnica utilizada com esse objetivo eacute chamada de anaacutelise espectral e consiste
no uso de algoritmos matemaacuteticos como eacute o caso da transformada raacutepida de fourier
(FFT) para obter diagramas dimensionais Dispondo em um graacutefico os componentes
oscilatoacuterios de frequecircncia da VIC no eixo X e a amplitude dos componentes oscilatoacuterios
no eixo Y permitindo atraveacutes dessa teacutecnica determinar a forccedila espectral das
frequecircncias baixas e altas da VIC
13
Nesse contexto os dois Sendo assim os dois componentes de frequecircncia principais satildeo
divididos atraveacutes da anaacutelise espectral em Frequecircncia baixa (LF) caracterizado pelo
espectro de 004 a 015Hz e Frequecircncia alta (HF) situada na faixa de 015 a 04 Hz na
anaacutelise espectral (KAWASE et al 2002 VON BORELL et al 2007 PICCIRILLO et
al 2009)
Quando os IRR satildeo dispostos em uma escala de tempo um graacutefico eacute
confeccionado e as oscilaccedilotildees formadas representam a accedilatildeo dos diferentes componentes
regulam os pulsos cardiacuteacos onde as frequecircncias mais altas representam a atividade
riacutetmica resultante da ativaccedilatildeo parassimpaacutetica e as mais baixas exibem aquelas
resultantes da atividade simpaacutetica (LOMBARDI 1997 VON BORELL et al 2007)
(Figura 2)
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC
Figura 2 Anaacutelise espectral da VIC Variabilidade do intervalo cardiacuteaco em um indiviacuteduo
jovem durante o repouso e quando em movimento A seacuterie temporal de intervalos RR estaacute
Repouso Movimento
14
disposta nos graacuteficos do topo Os graacuteficos centrais ilustram a presenccedila de dois componentes
principais da densidade espectral LF e HF Durante o movimento o componente LF se torna
predominante em relaccedilatildeo ao repouso Os graacuteficos na base da figura demonstram a distribuiccedilatildeo
relativa dos dois componentes (representada pela aacuterea) (MALLIANI 1997)
A razatildeo entre os dois componentes de frequecircncia eacute calculada a partir dos valores
obtidos de LF e HF resultando em valor que representa o balanccedilo entre a atividade
simpaacutetica e parassimpaacutetica aleacutem de possibilitar a decomposiccedilatildeo dos componentes
espectrais atraveacutes do caacutelculo das frequecircncias centrais desses componentes que se
situam impliacutecitos no sinal da variabilidade (PAGANI et al 1986 LOMBARDI et
al1996 LOMBARDI 1997 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
A anaacutelise espectral da VIC natildeo acessa o tocircnus autonocircmico cardiacuteaco mas sim o
seu balanccedilo o que justifica a ocorrecircncia de alteraccedilotildees na capacidade do coraccedilatildeo de
responder a esses estiacutemulos quando haacute alteraccedilotildees crocircnicas na atividade autonocircmica
Nesses casos natildeo seria aplicaacutevel a anaacutelise espectral da VIC (STAUSS 2007
PICCIRILLO et al 2009)
Deste modo a anaacutelise espectral da VIC tem como principal utilidade a funccedilatildeo de
indicadora da atividade autonocircmica em resposta ao estresse psicoloacutegico e fiacutesico (VON
BORELL et al 2007) E quando eacute aplicada no estudo das alteraccedilotildees agudas da
atividade autonocircmica cardiacuteaca essa anaacutelise eacute utilizada de maneira a obter dados
fidedignos onde diante de uma resposta ao estresse psicoloacutegico pode ser observado um
aumento agudo na atividade cardiacuteaca simpaacutetica caracterizado pelo aumento do
componente LF com provavelmente baixa ou nenhuma alteraccedilatildeo do componente HF
(STAUSS 2007)
24 Estiacutemulo Sonoro em Catildees
O oacutergatildeo auditivo dentre outras funccedilotildees se caracteriza especialmente por seu
desempenho no reconhecimento de situaccedilotildees ameaccediladoras estando em funcionamento
ininterrupto atraveacutes da conexatildeo direta do ouvido interno com os mecanismos neurais de
ldquoluta ou fugardquo Esse sistema eacute capaz de diferenciar sons de frequecircncias e intensidades
relevantes para a sobrevivecircncia do indiviacuteduo em seu meio ambiente (WESTMAN amp
WALTERS 1981)
15
A percepccedilatildeo do som colabora no balanccedilo homeostaacutetico do sistema nervoso
central influenciando consequentemente o equiliacutebrio fisioloacutegico de forma geral atraveacutes
dos centros autonocircmicos e neuroendoacutecrinos do hipotaacutelamo variando em resposta
conforme o significado do estiacutemulo sonoro e sua intensidade previsibilidade
variabilidade e complexidade
Nesse contexto as respostas fundamentais ao som satildeo de orientaccedilatildeo reflexo de
surpresa e de defesa Sendo a resposta de orientaccedilatildeo fundamental por ser a reaccedilatildeo
comportamental de busca pela fonte sonora permitindo que o indiviacuteduo se prepare para
a resposta necessaacuteria e caso o reconhecimento do som mostre ser esse de baixa
significacircncia a habituaccedilatildeo iraacute ocorrer diminuindo o grau da reaccedilatildeo
Jaacute o reflexo de surpresa iraacute ocorrer em resposta a sons repentinos de alta
intensidade e caraacuteter assustador podendo ser atenuado quando o indiviacuteduo sabe que ele
iraacute ocorrer e podendo ser exacerbado em situaccedilotildees de tensatildeo medo e de abalo
emocional
E a resposta de defesa acontece em resposta a sons de significado intensidade e
duraccedilatildeo relacionados agrave ameaccedila onde haacute excitaccedilatildeo emocional e preparaccedilatildeo dos sistemas
para a accedilatildeo consistindo na resposta de estresse (WESTMAN amp WALTERS 1981)
Alguns sons adquirem significado particular para o indiviacuteduo representando
perigo em potencial assim como os sons de caracteriacutesticas ameaccediladoras Mas
geralmente o significado conotativo de um som potencialmente ameaccedilador estaacute no fato
de ser desconhecido e apresentar mudanccedilas raacutepidas de intensidade aleacutem das associaccedilotildees
extra-auditivas relacionadas a ele Aleacutem disso a previsibilidade desse estiacutemulo sonoro
tambeacutem poderaacute constituir um fator determinante na resposta jaacute que sons imprevisiacuteveis
caracterizam-se como um estiacutemulo estressor maior desencadeando uma reduccedilatildeo geral
de performance e uma baixa toleracircncia a frustraccedilotildees (WESTMAN amp WALTERS
1981)
Os catildees particularmente apresentam muita sensibilidade a estiacutemulos sonoros
visto que seu sistema auditivo eacute extremamente desenvolvido especialmente com a
funccedilatildeo de caccedila e guarda Poreacutem a resposta de defesa exagerada dos indiviacuteduos dessa
espeacutecie tem sido relatada principalmente aos sons de fogos de artifiacutecio trovatildeo e tiro de
16
armas de fogo Provavelmente o caraacuteter imprevisiacutevel a conotaccedilatildeo negativa que a
espeacutecie apresenta a esses sons e a intensidade proacutexima ao limiar de audiccedilatildeo possa
justificar tal reaccedilatildeo (HYDBRING et al 2004)
E eacute com base nessa reaccedilatildeo desmedida que os estiacutemulos sonoros como os sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio vecircm sendo utilizados como modelos de estresse em catildees
(HYDBRING et al 2004 ENGELAND et al 1990) Representando uma opccedilatildeo para o
estudo da reatividade ao estresse que pode ser comparada ao modelo de estresse
acuacutestico de sobressalto em ratos
25 Alteraccedilotildees comportamentais em catildees
Ao iniciar um estudo a respeito de uma espeacutecie deve-se ter em mente que cada
sujeito analisado natildeo eacute um sistema inerte e fechado mas sim um somatoacuterio de eventos
que possibilitam ter um exame mais amplo e completo das interaccedilotildees do animal com o
ambiente (SULTAN 2003 BATESON et al 2004)
Assim o estudo comportamental se mostra uma importante ferramenta pois
permite entender que processos bioloacutegicos satildeo compostos por eventos fisioloacutegicos e
psicoloacutegicos natildeo havendo exclusatildeo entre eles mas sim uma sobreposiccedilatildeo com fortes
correlaccedilotildees (HARVERBEKE et al 2008 BEERDA 1999 SPANGENBERG 2006
MONTANHA et al 2009) Conhecer a etologia canina iraacute permitir uma melhor
utilizaccedilatildeo do animal respeitando seus limites e possibilitando a manutenccedilatildeo fiacutesica e
mental dentro dos padrotildees de bem-estar da espeacutecie (SNOWDON 1999 DAWNKINS
1989 DARWIN 2004)
Com relaccedilatildeo ao bem-estar Broom amp Johnson (1993) e Broom amp Fraser (2010)
definem como o estado de um animal em relaccedilatildeo agraves suas tentativas de se adaptar ao
meio em que vive Para os animais domeacutesticos principalmente para os animais de
companhia esse eacute um conceito que muitas vezes pode ser confundido e mal aplicado
pelo homem agrave medida que esse confronta a realidade do animal com a sua proacutepria
passando a adequar paracircmetros humanos a esses animais
Os catildees satildeo marcados pela socializaccedilatildeo baseada em relaccedilotildees familiares com
organizaccedilotildees flexiacuteveis e respostas a um liacuteder aleacutem de possuiacuterem necessidade de
17
ambientes complexos e variados marcadamente importantes na vida gregaacuteria de seus
ancestrais (BROOM amp FRASER 2010)
Pensando nisso um manejo inadequado pode ter consequecircncias que variam
desde alteraccedilotildees comportamentais a quadros patoloacutegicos tendo como agravantes
alteraccedilotildees substanciais nos seus niacuteveis de bem-estar
Poreacutem o estudo do comportamento animal ainda se mostra bastante pioneiro jaacute
que as pesquisas cientiacuteficas a niacutevel cliacutenico comeccedilaram a ser realizados haacute poucas
deacutecadas em animais com problemas comportamentais
Dessa forma se faz presente a necessidade de um maior desenvolvimento de
estudos e pesquisas nesse sentido visto que os problemas comportamentais satildeo
apontados como a principal causa de abandono ou morte de animais de companhia
apresentando maior nuacutemero de relatos do que as doenccedilas infecciosas neoplaacutesicas e
metaboacutelicas concomitantes (OVERALL et al 2001)
A relaccedilatildeo homem-animal eacute muito antiga mas eacute pouco estudada E isso faz com
que o diagnoacutestico e o tratamento dos distuacuterbios comportamentais sejam dificultados
Muitas vezes a origem dos problemas comportamentais estaacute ligada ao tipo de
relacionamento existente entre o homem e o seu animal E isso acontece porque os
animais passam por processos de humanizaccedilatildeo para se adaptarem ao modo e ao estilo de
vida do seu proprietaacuterio nem que para isso tenham que modificar as suas caracteriacutesticas
naturais (OVERALL et al 2001)
Embora os catildees apresentem uma flexibilidade comportamental as exigecircncias
criadas pelos seus proprietaacuterios podem desencadear conflitos e frustraccedilotildees que levam ao
aparecimento de problemas comportamentais (OVERALL et al 2001)
Com frequecircncia o stress ou a ansiedade estatildeo relacionados com o ambiente e
mostram que o limiar entre normal e anormal varia entre indiviacuteduos (BEAVER 2005)
O rompimento da homeostase pode resultar de estimulaccedilatildeo interna externa ou
ambos E o potencial de ruptura da homeostase aumenta com a magnitude do desafio
(APPLEBY amp PLUIJMAKERS 2004) Dessa forma sendo a fobia um transtorno de
reaccedilotildees exageradas e desproporcionais ao real grau de importacircncia do estimulo
18
estressor podemos sugerir que o indiviacuteduo foacutebico eacute mais susceptiacutevel ao estresse de
forma geral reagindo com paracircmetros mais facilmente alterados
26 Fobia em catildees
Medo e ansiedade satildeo funccedilotildees adaptativas de sobrevivecircncia que sinalizam para o
organismo a presenccedila de perigo em potencial no ambiente O medo eacute a resposta
imediata acionada por um evento ou objeto potencialmente nocivo e ansiedade envolve
processos cognitivos mais complexos como antecipaccedilatildeo e preocupaccedilatildeo com
hipervigilacircncia diante de um perigo iminente no ambiente (FEINSTEIN et al 2011)
Entre as respostas comportamentais e fisioloacutegicas claacutessicas imediatas do medo
destacam-se o congelamento sobressalto aumento da frequecircncia cardiacuteaca alteraccedilotildees da
pressatildeo arterial e aumento da vigilacircncia Satildeo respostas comportamentais e perceptivas
que facilitam as respostas defensivas como a fuga e esquiva de forma apropriada afim
de reduzir o perigo ou lesatildeo (CHUDASAMA 2009)
O neurocircuito do medo envolve principalmente a amiacutegdala estrutura cerebral
responsaacutevel pela detecccedilatildeo geraccedilatildeo e manutenccedilatildeo das emoccedilotildees relacionadas ao medo e
ansiedade Eacute uma estrutura complexa pertencente ao sistema liacutembico que consiste em
aproximadamente 10 nuacutecleos que coordenam respostas apropriadas agrave ameaccedila e ao
perigo atraveacutes das respostas comportamentais cardiovasculares e endoacutecrinas ao
estresse (ROSEN amp SCHULKIN 1998)
A amiacutegdala faz ligaccedilotildees entre as aacutereas do coacutertex cerebral e recebe informaccedilotildees
de todos os sistemas sensoriais permite a integraccedilatildeo da informaccedilatildeo proveniente das
diversas aacutereas atraveacutes de conexotildees excitatoacuterias e inibitoacuterias
Os nuacutecleos basolaterais satildeo as principais portas de entrada da amiacutegdala
recebendo informaccedilotildees sensoriais e auditivas vindas do taacutelamo coacutertex sensorial e
associativo (Figura 3) Ele estaacute sob tocircnica inibiccedilatildeo GABAeacutergica e quando bloqueada
esta inibiccedilatildeo resulta em aumento do comportamento de ansiedade com ativaccedilatildeo
cardiovascular simpaticamente mediada (KESSLER et al 2005)
19
Figura 3 Vias envolvidas no processamento da informaccedilatildeo emocional A informaccedilatildeo
sensoacuteria eacute transmitida para o taacutelamo atraveacutes da via leminiscal A aferecircncia auditiva chega na
divisatildeo ventral do nuacutecleo geniculado medial e projeta-se para o coacutertex auditivo primaacuterio
enquanto outras vias extra leminiscais carreiam informaccedilotildees auditivas para outras partes do
taacutelamo como a divisatildeo medial do nuacutecleo geniculado medial e nuacutecleos intralaminares
posteriores que se projetam tanto para o coacutertex auditivo primaacuterio quanto para o coacutertex auditivo
associativo assim como para os nuacutecleos basolaterias da amiacutegdala Essa via do taacutelamo para
amiacutegdala eacute implicada na aprendizagem emocional (IVERSEN et al 2003)
A amiacutegdala ventrolateral em seres humanos eacute mais sensiacutevel aos estiacutemulos
negativos (especialmente se os estiacutemulos sinalizam informaccedilatildeo negativa iminente) E a
amiacutegdala centromedial (CMA) dorsal tem projeccedilotildees principalmente subcorticais
especialmente aquelas ligadas ao hipotaacutelamo lateral e substacircncia cinzenta periaquedutal
(PAG) Essas projeccedilotildees podem explicar em parte as respostas fisioloacutegicas associadas
ao medo com o hipotaacutelamo (Figura 4) (KESSLER et al 2005)
Kandel 2003
20
Figura 4 Conexotildees diretas entre o nuacutecleo central da amiacutegdala e uma variedade de aacutereas
hipotalacircmicas e do tronco encefaacutelico envolvidas no medo e na ansiedade (IVERSEN et al
2003)
O Locus coeruleus importante nuacutecleo com grande densidade de neurocircnios
noradreneacutergicos com papel no desencadeamento da resposta ao estresse e das reaccedilotildees de
fuga tem tambeacutem papel importante no controle do medo A desregulaccedilatildeo desse nuacutecleo
parece ter relaccedilatildeo com o aparecimento do pacircnico e fobias em humanos (CHARNEY
1984) certamente atraveacutes de sua ligaccedilatildeo ao sistema liacutembico (CHARNEY 1984)
Medos podem desenvolver-se gradualmente e pode haver variaccedilatildeo na resposta
Em contraste fobias geralmente se desenvolvem rapidamente e uma vez desenvolvidas
haacute pouca mudanccedila em sua apresentaccedilatildeo entre as seacuteries Situaccedilotildees indutoras de fobia ou
satildeo evitadas a todo custo pelo foacutebico ou se inevitaacutevel satildeo suportadas com intensa
ansiedade e sofrimento (OVERALL 2010)
A Associaccedilatildeo Norte Americana de Psiquiatria no manual de diagnoacutestico e
estatiacutestica de transtornos mentais (DSM-IV-TR 2002) e a CID-10 (1993) definem em
humanos fobias especiacuteficas como medos irracionais excessivos acentuados e
persistentes revelados pela presenccedila ou antecipaccedilatildeo de um objeto situaccedilatildeo ou
atividade foacutebica especiacutefica de forma desproporcional acompanhados de
comportamentos de fuga esquiva antecipaccedilatildeo ansiosa e intenso sofrimento
Geralmente natildeo envolvem uma ameaccedila imediata para a homeostase fisioloacutegica
mas leva o indiviacuteduo a um estresse agudo com respostas condicionadas ao medo
21
coordenadas pelo sistema liacutembico que atua ativando entre outros sistemas o eixo
HHA e o Sistema Nervoso Simpaacutetico
Em catildees natildeo haacute ateacute o momento descrito na literatura uma definiccedilatildeo oficial para
tal transtorno
As fobias satildeo transtornos de ansiedade de difiacutecil cura e geralmente a memoacuteria
de uma resposta foacutebica pode desencadear outros transtornos de ansiedade Dessa forma
o tratamento tem importacircncia natildeo soacute pela questatildeo do bem-estar e qualidade de vida
mas tambeacutem devido a seus componentes de comorbidade (OVERALL 2010)
Resposta exagerada a sons de trovatildeo estatildeo entre as doenccedilas comportamentais
mais comumente associados com pacircnico ou fobia em catildees Ocorre geralmente em
todas as raccedilas embora natildeo existam dados sobre a incidecircncia relativa destes problemas
(OVERALL et al 2001 DUNHAM amp FRANK 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
A fobia agrave sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio constitui uma classe que apresenta
resposta extrema repentina e profunda e que apesar de existir uma variaccedilatildeo consideraacutevel
nas respostas dos catildees (BEERDA SCHILDER VAN HOOFF VRIES 1997) no geral
se manifesta com comportamentos de ansiedade associados com atividades acentuadas
do sistema nervoso simpaacutetico Os comportamentos podem incluir catatonia ou mania
concomitante com diminuiccedilatildeo da sensibilidade ou capacidade de resposta agrave dor ou
estiacutemulos sociais aleacutem de fuga vocalizaccedilatildeo salivaccedilatildeo micccedilatildeo defecaccedilatildeo tremores
comportamentos autodestrutivos e ateacute convulsotildees (OVERALL 2010 SHULL-
SELCER amp STAGG 1991)
Jaacute se sabe que existe um fator hereditaacuterio para esse tipo de fobia e embora os
mecanismos pelos quais ela ocorre ainda natildeo sejam compreendidos parece estar em
alguma alteraccedilatildeo na forma como a informaccedilatildeo eacute processada entre a amiacutegdala e o coacutertex
(OVERALL 2010)
E como ansiedade medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas dos donos de catildees a falta de tratamento pode resultar no rompimento do
viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia ou ateacute mesmo eutanaacutesia do
catildeo afetado (MILLS etal 2003)
22
3 MATERIAIS E MEacuteTODOS
31 Local de Execuccedilatildeo do Trabalho Experimental
Os procedimentos experimentais foram realizados na Estaccedilatildeo experimental de
Parasitologia Veterinaacuteria do Departamento de Parasitologia Animal (DPA) da
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e no Laboratoacuterio de Fisiologia
Animal do Departamento de Ciecircncias Fisioloacutegicas (DCF) da UFRRJ Todos os
procedimentos estatildeo de acordo com a lei de bem-estar animal Instruccedilatildeo Normativa ndeg
56 de 2008 O presente experimento encontra-se aprovado pelo Comitecirc de Eacutetica na
Pesquisa da UFRRJ CEUA-IB nordm 2308347962014-14
32 Animais
Foram entrevistados 35 proprietaacuterios de catildees entre os quais foram selecionados
28 com 2 a 6 anos de idade pesando de 10 a 30 Kg doacuteceis saudaacuteveis com vacinas e
vermifugaccedilatildeo em dia do muniacutecipio de Seropeacutedica-RJ
Proprietaacuterios de animais com medo de sons de trovatildeo e fogos de artificio
interessados em participar do estudo e proprietaacuterios de animais sem medo convidados a
participar do estudo incialmente responderam a um formulaacuterio de cadastro dos
animais contendo dados gerais e histoacuterico de respostas comportamentais em geral
(Anexo 1) Em seguida os animais foram submetidos a um exame cliacutenico baacutesico que
constitiu em inspeccedilatildeo palpaccedilatildeo auscultaccedilatildeo e termometria retal e um exame
neuroloacutegico para descartar doenccedilas concomitantes (Anexo 2) Foram dispensados
animais arredios agressivos com peso ou idade fora da faixa estabelecida no criteacuterio de
seleccedilatildeo e animais doentes Os animais selecionados foram caracterizados como foacutebicos
e natildeo-foacutebicos a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e entatildeo submetidos uma uacutenica vez ao
modelo de estresse sonoro A caracterizaccedilatildeo de animais foacutebicos foi realizada conforme
as respostas dos proprietaacuterios ao questionaacuterio de reaccedilotildees comportamentais aos sons de
trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009 CROWELL-
DAVIS 2003) (Anexo 3)
23
Meios de divulgaccedilatildeo do estudo atraveacutes de folder e cartazes de divulgaccedilatildeo do projeto
veiculado pela internet e afixado em diversos estabelecimentos veterinaacuterios no
municiacutepio e pela UFRRJ (Anexo 4)
Avaliaccedilatildeo comportamental atraveacutes de entrevista com o proprietaacuterio (questionaacuterio
adaptado de OVERALL 1997) (Anexo 1)
321 Consideraccedilotildees eacuteticas
A participaccedilatildeo no estudo ocorreu somente com a autorizaccedilatildeo dos entrevistados
mediante um termo de consentimento em que se garantia plena liberdade para
interromper a participaccedilatildeo quando desejado (Anexo 5) Natildeo houve riscos agrave sauacutede fiacutesica
ou mental dos animais que participaram do projeto
322 Caracterizaccedilatildeo de fobia a som
Os catildees foram selecionados para compor os grupos conforme as respostas ao
questionaacuterio comportamental previamente preenchido pelo proprietaacuterio
O questionaacuterio especiacutefico para medo de sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
(Anexo 3) eacute composto de alguns paracircmetros comportamentais comuns em catildees foacutebicos
como atitude destrutiva eliminaccedilatildeo inadequada salivaccedilatildeo excessiva vocalizaccedilatildeo
esconder passadas arfar procurar pelo proprietaacuterio auto-trauma tremor Esses
parametros foram ainda classificados em escala de 0 (comportamento nunca observado)
a 5 (comportamento frequente e grave) (Adaptado de COTTAM amp DOGMAN 2009
CROWELL-DAVIS 2003)
Os catildees foram considerados aptos a participarem do grupo Foacutebicotrovatildeo e
Foacutebicosfogos quando
Apresentaram pelo menos trecircs dos comportamentos anteriores durante
o som de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio com escore igual ou maior que 3
ou algum item com escore maacuteximo (5)
Ou as atitudes do animal no momento do som apresentaram risco a sauacutede
e integridade fiacutesica
E quando as respostas comportamentais foram apresentadas na maior
parte do tempo durante o estiacutemulo
24
33 Procedimentos Experimentais
O protocolo experimental foi realizado individualmente iniciando-se sempre agraves
9 horas da manhatilde Um pesquisador acompanhado de um pesquisador colaborador
realizou todo o protocolo experimental sem se ausentar em nenhuma etapa do
experimento
Dias antes do experimento os animais foram submetidos a um exame cliacutenico e
os proprietaacuterios responderam a questionaacuterios (Anexo 1 e 3) referentes ao manejo e
comportamento do animal
A partir dos dados dos questionaacuterios os animais foram classificados conforme
as respostas dadas referente ao medo de trovatildeo e fogos de artiacutefiacutecio entre animais com
histoacuterico comportamental de fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Foacutebicos) e
animais historicamente natildeo foacutebicos a esses sons (Natildeo-foacutebicos)
No dia do experimento cada animal foi submetido a inserccedilatildeo de um cateacuteter de
silicone endovenoso para coleta de sangue ainda em sua moradia (amostra 1 casa) e a
colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro (Polar Pro Trainer RS800CX) Os animais permaneceram
com o frequenciacutemetro durante todo o protocolo experimental
Apoacutes a colocaccedilatildeo do frequenciacutemetro os animais permaneceram no mesmo local
por 10 minutos para adaptaccedilatildeo ao frequeciacutemetro e registro dos dados de VIC do
momento basal 1 (casa) Em seguida cada animal foi transportado para o laboratoacuterio
onde foi executado o modelo de estresse sonoro agudo O transporte foi realizado
acondicionando o animal numa caixa de transporte num carro de passeio com
ventilaccedilatildeo adequada
Apoacutes a chegada ao local do experimento os animais permaneceram na sala sem
manipulaccedilatildeo e sem interaccedilatildeo por parte dos pesquisadores por 30 minutos para registro
dos dados de VIC do momento basal 2 (laboratoacuterio) Em seguida foi coletada a
segunda amostra de sangue (amostra 2 laboratoacuterio)
O estiacutemulo sonoro consistiu numa gravaccedilatildeo de sons de trovatildeo e outra de sons de
fogos de artifiacutecio numa intensidade sonora maacutexima de 103-104 dB e duraccedilatildeo de 2
minutos e 30 segundos (MACCARIELLO 2012)
Durante e apoacutes o fim do estiacutemulo sonoro cada animal permaneceu sem qualquer
manipulaccedilatildeo A terceira coleta de sangue foi realizada 5 minutos apoacutes o teacutermino do
estresse (amostra 3) a quarta aos 15 minutos (amostra 4) a quinta aos 30 minutos
(amostra 5) e a sexta coleta aos 60 minutos apoacutes o teacutermino do estresse (amostra 6)
25
A filmagem foi realizada durante todo o experimento para registrar as reaccedilotildees
comportamentais
Apoacutes a uacuteltima coleta o polar foi retirado e o animal levado de volta para sua
casa no mesmo transporte e nas mesmas condiccedilotildees em que veio
Figura 5 Esquema do protocolo experimental
331 Estiacutemulo Sonoro
Os estiacutemulos sonoros consistiram de uma gravaccedilatildeo com duraccedilatildeo de 2 minutos e
30 segundos de sons de trovatildeo mixados alternadamente a partir de dois arquivos
sonoros no formato wave (ldquovery loud thunder close thunder crackrdquo e ldquohigh quality
stereo sound of a major thunder clap during a stormrdquo) e outra gravaccedilatildeo de sons de
fogos de artifiacutecio mixado de um arquivo sonoro no formato wave (ldquocontinuous
fireworkrdquo) adquiridos no endereccedilo eletrocircnico httpwwwsound-effectcom
O formato utilizado possui a vantagem de ser uma gravaccedilatildeo que preserva todas
as variaccedilotildees de frequecircncia do som original A intensidade do som foi padronizada
atraveacutes de um decibeliacutemetro modelo BK Precision 732A Sound Level Meters a 103-
104 dB por ser uma pressatildeo sonora capaz de aumentar as concentraccedilotildees de cortisol
seacuterico em catildees estando abaixo dos limites que possam causar danos ao aparelho
auditivo (ISING et al 1999)
O estiacutemulo sonoro foi emitido por um aparelho de som (Pioneer home theater
DVD 120w RMS) com 5 caixas de som acopladas Cada animal foi posicionado a um
metro das caixas de som Para observaccedilatildeo das reaccedilotildees comportamentais cada animal foi
contido apenas por uma guia solta de 15 m podendo reagir e se locomover
naturalmente sem intervenccedilotildees
26
Figura 6 Catildeo no momento do som Fonte fotografia da autora
34 Grupos experimentais
Vinte e oito catildees foram submetidos ao modelo de estresse sonoro agudo sendo
ao todo 16 foacutebicos e 12 natildeo foacutebicos
Os animais foram divididos entre os testes com sons de trovatildeo e com sons de
fogos de artifiacutecio
Formando os grupos
Natildeo-foacutebicotrovatildeo 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Foacutebicotrovatildeo 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de trovatildeo
Natildeo-foacutebicofogos 6 catildees considerados natildeo foacutebicos submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
Foacutebicofogos 8 catildees considerados foacutebicos a sons submetidos ao modelo de
estresse sonoro com som de fogos de artifiacutecio
35 Coletas de sangue
As coletas de sangue foram realizadas atraveacutes de cateacuteter de silicone intravenoso
22g (azul) acoplado a uma seringa de 3 ml e transportado para tubos sem heparina As
amostras foram acondicionadas sob refrigeraccedilatildeo e ao final do experimento centrifugadas
27
na velocidade 4600 RPM por 15-20 minutos O soro coletado de cada amostra foi
acondicionado em 2 ependorffs estocados em freezer a -20degC ateacute serem analisados
36 Uso do Frequenciacutemetro
Os IRR foram registrados atraveacutes de frequenciacutemetros utilizando-se um sistema
de gravaccedilatildeo moacutevel (Polarreg modelo RS800CX) ligados ao toacuterax dos catildees por uma faixa
elaacutestica A faixa possui dois eletrodos sendo um posicionado na regiatildeo preacutecordial e o
outro na posiccedilatildeo contralateral (Figura 7) Foi aplicado gel condutor para garantir a
conduccedilatildeo adequada dos pulsos cardiacuteacos O transmissor do sistema permanece adaptado
entre os dois eletrodos e capta seus sinais enviando-os para o reloacutegio do equipamento
que armazena os dados
Figura 7 Componentes do Polar modelo RS800CX A- faixa com frequenciacutemetro B-
transmissor C- reloacutegio D- manual e cd de instalaccedilatildeo do programa Polar Protrainer 5 E- Driver
Polar IrDA USB Adapter (interface de emissatildeo de infravermelho) F- cd de instalaccedilatildeo da
interface de emissatildeo de infra-vermelho Fonte acervo pessoal
37 Anaacutelise Espectral da VIC
Os dados armazenados no reloacutegio foram enviados para o programa Polar Pro Trainer
5reg (Figura 8) por meio da interface de emissatildeo de infravermelhos
A
B C
E D F
28
Figura 8 Tela inicial do programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte fotografia da autora
Os dados obtidos foram dispostos num graacutefico confeccionado a partir da FC
(bpm) em razatildeo do tempo (Figura 9)
Figura 9 Graacutefico confeccionado pelo programa Polar Pro Trainer 5reg Fonte acervo
pessoal
29
Os dados armazenados pelo programa Polar Protrainer 5 foram enviados para o
programa Microsoft Office Excel 2007 sendo gerada uma lista de valores de intervalos
RR em milisegundos (ms) A partir da lista de valores de intervalos RR foram
selecionados os segmentos a serem analisados
Basal 1 (casa) segmento de 5 minutos apoacutes 5 minutos de adaptaccedilatildeo na casa do
proprietaacuterio
Basal 2 (laboratoacuterio) segmento de 5 minutos apoacutes 15 minutos de adaptaccedilatildeo ao
laboratoacuterio
Som segmento de 25 minutos durante o estiacutemulo sonoro
Poacutes-som segmento de 5 minutos apoacutes 55 minutos do estiacutemulo sonoro
Nos arquivos de Excel foram realizadas as correccedilotildees de alguns artefatos de
leitura atraveacutes da substituiccedilatildeo dos valores de intervalos RR discrepantes pela meacutedia dos
valores dos dois IRR anteriores e dos dois posteriores (VON BORREL et al 2007) Os
segmentos foram enviados para o programa CardioSeries 241reg (Figura 10) que
permite a anaacutelise da VIC no domiacutenio da frequecircncia e no domiacutenio do tempo
Foi utilizada a Transformada Raacutepida de Fourier (FFT) para realizar a anaacutelise da
VIC no domiacutenio da frequecircncia a partir da qual se obteve os valores de LF HF e a razatildeo
entre os componentes LF e HF Essa razatildeo permite identificar o balanccedilo entre a ativaccedilatildeo
simpaacutetica e parassimpaacutetica nos momentos selecionados Os valores das variaacuteveis
utilizadas pelo programa foram padronizados da seguinte forma (PAGANI et al 1986
LOMBARDI et al1996 MALLIANI et al 1997 VON BORELL et al 2007
HARADA et al 2005)
VLFndash 0 a 004
LF 004 ndash 015
HF ndash 015 ndash 04
taxa de interpolaccedilatildeo = 4
pontos no domiacutenio da frequecircncia = 512
Aleacutem disso foi utilizado o paracircmetro a FC meacutedia e a RMSSD (raiz quadrada da
meacutedia das diferenccedilas dos intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao
quadrado) para realizar a anaacutelise da VIC no domiacutenio do tempo
30
Figura 10 Tela do programa CardioSeries demonstrando a razatildeo entre os componentes
de frequecircncia LF e HF a partir da FFT Fonte acervo pessoal
38 Anaacutelise Comportamental
As alteraccedilotildees comportamentais foram registradas atraveacutes de filmagem (camera
Sanyo digital movie C40) nos momentos basal som e poacutes-som e analisadas por um
pesquisador que desconhecia a que grupo experimental os animais pertenciam
Foram analisados 14 paracircmetros Arfar tremer postura de submissatildeo se
esconder procurar pessoas vigilacircncia inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo atitude destrutiva
salivaccedilatildeo eliminaccedilatildeo disparada fuga da sala e sobressalto A descriccedilatildeo dos paracircmetros
comportamentais analisados estaacute detalhada na tabela 1
Os paracircmetros foram classificados quanto a frequecircncia de eventos observados
em uma escala de 4 notas aonde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 =
observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo conforme
descrito por Mills et al 2003
31
Tabela 1 Descriccedilatildeo dos 14 paracircmetros comportamentais analisados
Paracircmetros Descriccedilatildeo
Arfar Aumento da frequecircncia de inspiraccedilatildeo e expiraccedilatildeo em combinaccedilatildeo com a abertura da
boca
Tremer Evidecircncia clara de tremor no corpo
Postura de
submissatildeo
Abaixar-se e permanecer abaixado durante o estiacutemulo
Se esconder Procurar locais para se abrigar como atraacutes e debaixo de moacuteveis e permanecer no
local
Procurar
pessoas
Deslocar-se deliberadamente para perto de uma pessoa parando ao seu lado ou
tentando interagir
Vigilacircncia Estado de alerta constante em relaccedilatildeo ao que estaacute acontecendo no ambiente
Inquietaccedilatildeo Estado de locomoccedilatildeo sem chegar a correr
Vocalizaccedilatildeo Emitir qualquer som vocal como latir ganir chorar rosnar
Atitude
destrutiva
Tentar cavar no ambiente ou arranhar eou morder objetos do ambiente
Salivaccedilatildeo Aumento evidente da salivaccedilatildeo ou aumento da frequecircncia de degluticcedilatildeo da saliva
Eliminaccedilatildeo Evacuar urinar ou ecircmese
Disparada Resposta exagerada de fuga correndo para qualquer direccedilatildeo
Fugir da sala Intencionalmente tentar sair do local procurando possiacuteveis acessos de saiacuteda
Sobressalto Resposta exagerada de susto levando o animal a pular para qualquer direccedilatildeo
(Adaptado de Sheppard amp Mills 2003 Beerda et al1998)
39 Anaacutelise Estatiacutestica
Os dados do perfil socioeconocircmico e das caracteriacutesticas gerais e de manejo dos
animais foram analisados comparando animais natildeofoacutebicos com foacutebicos atraveacutes do test
t no caso de dados numeacutericos (idade peso etc) e atraveacutes do teste de Fisher (quando
possiacutevel) no caso de dados qualitativos
A anaacutelise estatiacutestica dos dados de VIC (razatildeo LFHF FC meacutedia LF HF e
RMSSD) foi realizada atraveacutes da ANOVA de duas vias para medidas repetidas
considerando os fatores Grupo (Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos
e FoacutebicoFogos) Tempo (Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som) e Interaccedilatildeo seguida de
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Para analisar o efeito do fator fobia e
do tipo de estiacutemulo tambeacutem foi realizada a ANOVA de duas vias utilizando apenas o
momento som considerando os fatores Fobia (Natildeo-Foacutebico x Foacutebico) Estiacutemulo
(Trovatildeo x fogos) e Interaccedilatildeo
Para anaacutelise dos dados comportamentais do momento do experimento os
escores atribuiacutedos no momento do som foram avaliados atraveacutes do Teste de Kruskal-
Walis considerando os grupos Natildeo-Foacutebicotrovatildeo Foacutebicotrovatildeo Natildeo-FoacutebicoFogos e
FoacutebicoFogos
32
Para todas as anaacutelises e confecccedilatildeo dos graacuteficos foi utilizado o programa Graph
Pad Prisma 6
33
4 RESULTADOS
41 Perfil dos proprietaacuterios e caracteriacutesticas gerais dos animais
Atraveacutes do contato dos proprietaacuterios foram cadastrados cerca de 35 catildees dos
quais foram selecionados 28 para compor os grupos experimentais Conforme descrito
na tabela 2 foi observado que 82 dos 28 proprietaacuterios colaboradores satildeo do sexo
feminino e 1786 do sexo masculino sendo 4643 casados e 50 solteiros As
profissotildees mais frequentes entre esses proprietaacuterios foram Estudante Universitaacuterio
(50) Professor Universitaacuterio (1429) e Meacutedico Veterinaacuterio (1429)
Tabela 2 Perfil geral dos proprietaacuterios
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
ESTADO CIVIL Profissatildeo
Feminino Masculino Total Geral
Casado 12 1 13 464
Agrocircnomo 1 1 2 71
Estudante Universitaacuterio 3 3 107
Med Veterinaacuterio 4 4 142
Professor Universitaacuterio 4 4 142
Solteiro 10 4 14 50
Estudante Universitaacuterio 7 3 10 357
Med Veterinaacuterio 1
1 35
Servidor puacuteblico 2
2 71
Zootecnista 1 1 35
Viuacutevo 1 1 35
Dona de casa 1 1 35
Total Geral 23 5 28 100
8214 1786 10000
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Na comparaccedilatildeo entre animais foacutebicos e natildeo-foacutebicos podemos observar que natildeo
houve diferenccedilas significativas nos paracircmetros gecircnero dos proprietaacuterios (p=6900)
estado civil (p=05643)ou profissatildeo (p=05596) Dessa forma os dados indicam que na
34
populaccedilatildeo analisada nos bairros proacuteximos a UFRRJ natildeo haacute um perfil especiacutefico de
proprietaacuterios de animais foacutebicos (Tabela 3)
Tabela 3 Perfil dos proprietaacuterios dos catildees segundo os grupos natildeo-foacutebicos e foacutebicos
PERFIL DOS PROPRIETAacuteRIOS
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
F M total F M total
Casado 5
5 416 Casado 6 1 7 437
Agrocircnomo 1
1 83 Agrocircnomo
1 1 62
Estudante Uni 1
1 83 Estudante Uni 2
2 125
Med Veterinaacuterio 2
2 166 Med Veterinaacuterio 2
2 125
Professor Uni 1
1 83 Professor Uni 2
2 125
Solteiro 4 3 7 583 Solteiro 6 2 8 50
Estudante Uni 4 3 7 583 Estudante Uni 3 1 4 25
Total 75 25 12 100 Med Veterinaacuterio 1
1 62
Servidor UFRRJ 2
2 125
Zootecnista
1 1 62
Viuacuteva 1
1 62
Dona de casa 1
1 62
Total 812 187 16 100
Apresentando gecircnero estado civil e profissatildeo dos 28 participantes atraveacutes de contagem e
porcentagem
Em relaccedilatildeo a caracteriacutesticas gerais dos animais na comparaccedilatildeo entre animais
natildeo-foacutebicos e foacutebicos (Tabela 4) o test t natildeo detectou diferenccedila no peso (natildeo-foacutebicos=
1948plusmn2039kg e foacutebicos=1894 plusmn168kg F(11 15) =1102 p=08075) e na idade (natildeo-
foacutebicos= 283plusmn02706 anos e foacutebicos=348 plusmn03287 anos F(11 15) =11968 p=01880) O
teste de Fisher tambeacutem natildeo detectou diferenccedila entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos na
caracteriacutestica castraccedilatildeo (p=0441) e no gecircnero dos animais (p=04184) A raccedila mais
frequente em ambos os grupos foi a SRD (sem raccedila definida) (75 dos natildeo-foacutebicos e
687 dos foacutebicos) e a maioria dos animais foi originada da doaccedilatildeo de terceiros (41
dos natildeo-foacutebicos e 25 dos foacutebicos) ou adotados da rua (50 de animais dos natildeo-
foacutebicos e dos foacutebicos) Foram originados de compra (canil) apenas 83 dos animais
natildeo-foacutebicos e 125 dos animais foacutebicos
Dessa forma nossos dados indicam que entre animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos natildeo
haacute diferenccedila significativa nos fatores idade peso raccedila e origem dos animais na
populaccedilatildeo avaliada (Tabela 4)
35
Tabela 4Caracteriacutesticas gerais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
CARACTERIacuteSTICAS GERAIS DOS CAtildeES
NAtildeO-FOacuteBICOS FOacuteBICOS
SEXO CASTRADOS
F 8 666 F 13 812
NAtildeO 3 25 NAtildeO 5 312
SIM 5 416 SIM 8 50
M 4 333 M 3 187
NAtildeO 3 25 SIM 3 187
SIM 1 83 Total 16 100
Total 12 100
PESO
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
195 30 12 189 30 10
IDADE
Meacutedia Maacutex Miacuten Meacutedia Maacutex Miacuten
28 5 2 34 6 2
RACcedilA
DALMATA 1 83 BODER COLLIE 1 62
LABRADOR 1 83 LABRADOR 2 125
PIT BULL 1 83 LHASA APSO 1 62
SRD 9 75 PASTOR AUSTRALIANO 1 62
Total 12 100 SRD 11 687
Total 16 100
ORIGEM
CANIL 1 83 CANIL 2 125
DOACcedilAtildeO 5 417 CASA 2 125
RUA 6 500 DOACcedilAtildeO 4 250
Total 12 100 RUA 8 500
Total 16 100
Com relaccedilatildeo ao manejo dos animais os proprietaacuterios foram questionados se
houve no uacuteltimo ano alguma alteraccedilatildeo na rotina familiar Foi observado que 75 dos
natildeo-foacutebicos e 687 dos foacutebicos apresentaram alguma mudanccedila na rotina sendo a
mudanccedila de casa a alteraccedilatildeo de maior ocorrecircncia entre os foacutebicos com 56 e 25 nos
natildeo-foacutebicos (Tabela 5) No entanto natildeo houve diferenccedila entre os grupos (p=04351)
Vale lembrar que segundo os proprietaacuterios a mudanccedila natildeo parece ter determinado ou
interferido no aparecimento de fobia uma vez que os animais jaacute eram foacutebicos
Atraveacutes do questionaacuterio (Anexo 1) e da visita foi observado que os animais em
sua grande maioria moram em casa com quintal sendo 916 dos natildeo-foacutebicos e 875
36
dos foacutebicos contra apenas 83 dos natildeo-foacutebicos e 125 dos foacutebicos que moram em
apartamento
Foi tambeacutem observado o local onde dormem concluindo-se que a grande
maioria (50 dos natildeo-foacutebicos e 375 dos foacutebicos) dorme no quintal em aacuterea com
piso Apenas 312 dos foacutebicos e os 166 dos natildeo-foacutebicos dormem dentro de casa
Natildeo foi detectada diferenccedilas entre os grupos (p=04351)
Quanto agrave alimentaccedilatildeo dos catildees foi relatado por 100 dos proprietaacuterios na
entrevista ser composta exclusivamente de raccedilatildeo comercial
Dessa forma nossos dados sugerem natildeo haver na populaccedilatildeo aqui analisada
uma diferenccedila no manejo de animais foacutebicos que possa estar interferindo no fator fobia
Tabela 5 Caracteriacutesticas de manejo dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Para pesquisar se os animais apresentavam algum comportamento que pudesse
estar relacionado agrave ansiedade os proprietaacuterios foram questionados sobre a ocorrecircncia
frequente eou descontrolada de comportamentos considerados inadequados apesar de
serem inerentes agrave espeacutecie (Anexo 1) Neste caso estas caracteriacutesticas comportamentais
natildeo tinham necessariamente relaccedilatildeo com o momento do som de trovatildeo e fogos de
MANEJO
NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
MUDANCcedilA NA ROTINA 9 75 11 687
MORTE 2 166 3 187
DIVORCIO 0 0 0 0
CASAMENTO 0 0 1 62
NASCIMENTO 1 83 1 62
MUDANCcedilA DE CASA 3 25 9 562
OUTROS 5 416 3 187
TIPO DE MORADIA
APARTAMENTO 1 83 2 125
CASA QUINTAL 11 916 14 875
ONDE DORME
CIMENTO CANIL 1 83 1 62
CIMENTO QUINTAL 3 25 4 25
DENTRO DE CASA 2 166 5 312
PISO QUINTAL 6 50 6 375
37
artifiacutecio e poderiam ser observadas a qualquer momento No grupo de animais natildeo-
foacutebicos 100 apresentaram queixas e no grupo de foacutebicos 937 As caracteriacutesticas de
maior frequecircncia foram fugir com 583 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos cavar
com 333 dos natildeo-foacutebicos e 562 dos foacutebicos pular com 50 dos natildeo-foacutebicos e
437 dos foacutebicos Destacando-se nos foacutebicos ainda timidez e agitaccedilatildeo com 437
contra 83 e 416 dos natildeo-foacutebicos respectivamente (tabela 6) O teste do Qui-
quadrado natildeo mostrou diferenccedila na ocorrecircncia destes comportamentos entre os grupos
(p=07333)
Quando questionados sobre o iniacutecio das reaccedilotildees comportamentais exageradas ao
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio todos os proprietaacuterios dos 16 animais foacutebicos
responderam que seus catildees sempre apresentaram o comportamento de fobia a sons de
trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a
conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Dessa forma os dados demonstram que os proprietaacuterios da populaccedilatildeo analisada
de maneira geral apresentam queixas comportamentais de seus catildees natildeo sendo uma
exclusividade dos animais foacutebicos Ou seja de uma forma geral a populaccedilatildeo de
proprietaacuterios e de catildees se mostra homogecircnea natildeo havendo diferenccedilas significativas
fora o fator fobia entre os proprietaacuterios e nem entre os catildees natildeo-foacutebicos e foacutebicos
Nenhum dos animais participantes passaram por treinamento adestramento ou
tratamento comportamental ateacute o dia do experimento
O questionaacuterio referente agrave fobia a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio foi
composto de dez paracircmetros (arfar tremer se esconder procurar por pessoas
salivaccedilatildeo destruiccedilatildeo auto flagelo inquietaccedilatildeo eliminaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo) comumente
observados no momento do som em catildees foacutebicos atraveacutes de 6 notas (0-5) Os dados
produzidos pelo questionaacuterio foram analisados atraveacutes do teste de Mann Whitney
comparando as reaccedilotildees dos animais Natildeo-foacutebicos e Foacutebicos conforme descrito pelos
proacuteprios proprietaacuterios Foi detectada diferenccedila significativa nos paracircmetros Arfar (p lt
00001) Tremer (p= 00001) Se Esconder (p lt 00001) Procurar por pessoas (p=
00005) Inquietaccedilatildeo (p=0003) Vocalizaccedilatildeo (p= 00019) e Salivaccedilatildeo (p= 00011) Jaacute
os paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e Auto flagelo natildeo apresentaram diferenccedila
significativas entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos)
(Figura 11)
38
Tabela 6 Caracteriacutesticas comportamentais dos animais natildeo-foacutebicos e foacutebicos
COMPORTAMENTO
QUEIXAS
COMPORTAMENTAIS
(EXCETO FOBIA) NAtildeO-FOacuteBICOS
FOacuteBICOS
Nordm de CAtildeES 12 100 15 937
FUGIR 7 583 9 562
TIMIDEZ 1 83 7 437
ROER 1 83 6 375
AGITACcedilAtildeO 5 416 7 437
MORDER 2 166 2 125
DESOBEDIENCIA 3 25 2 125
CAVAR 4 333 9 562
LATIR 3 25 4 25
BRIGAR 2 166 0 0
AGRESSAtildeO 1 83 1 62
UIVAR 2 166 1 62
COPROFAGIA 0 0 0 0
PULAR 6 50 7 437
Dados apresentados em contagem e porcentagem
39
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
P r o c u r a r p e s s o a s
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
5
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-2
0
2
4
6
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-1
0
1
2
3
4
Es
co
re
A u to fla g e lo
N atilde o -foacute b ic o s F oacute b ic o s
-0 5
0 0
0 5
1 0
1 5
2 0
2 5
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
I J
40
Figura 11 (paacutegina anterior) Paracircmetros avaliados segundo proprietaacuterio Os dados
apresentados correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados atraveacutes de questionaacuterio
(anexo 3) contendo dez paracircmetros comumente alterados em catildees foacutebicos no momento do som
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio respondido pelos proprietaacuterios em uma escala de 5 notas O teste
de Mann Whitney detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos)
e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) nos paracircmetros A Arfar (plt00001) B Tremer (p=00001) C Se
Esconder (plt00001) D Procurar por pessoas (p=00005) E Inquietaccedilatildeo (p=0003) F
Vocalizaccedilatildeo (p=00019) e H Salivaccedilatildeo (p=00011) sem diferenccedila nos paracircmetros G
Destruiccedilatildeo I Eliminaccedilatildeo e J Auto flagelo
41
42 Anaacutelise da Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa
na razatildeo LFHF nos fatores Interaccedilatildeo (F(9 72)= 922 p lt 00001) e no fator Tempo (F(3
72)= 5835 p lt 00001) sem diferenccedila no fator Grupo O Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni detectou diferenccedila significativa entre os grupos Natildeo-foacutebicos
(Natildeo-foacutebicostrovatildeo e Natildeo-foacutebicosfogos) e os grupos Foacutebicos (Foacutebicostrovatildeo e
Foacutebicosfogos) apenas no momento som Natildeo foi detectada diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicoFogos ou entre os grupos
Natildeo-foacutebicoTrovatildeo e Natildeo-foacutebicoFogos Os grupos natildeo diferiram entre si nos momentos
basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 12)
Para confirmar o efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de
estiacutemulo (trovatildeo x fogos) os dados tambeacutem foram analisados atraveacutes da ANOVA de
duas vias considerando apenas o momento som Na razatildeo LFHF a ANOVA detectou
diferenccedila significativa no fator Fobia (F(1 24)= 4412 p lt 00001) natildeo apresentando
diferenccedila significativa no fator Estiacutemulo (F(1 24)= 122 p lt 0279) ou Interaccedilatildeo (F(1
24)= 05538 p lt 0464)
Estes resultados sugerem que tanto o estiacutemulo de som de trovatildeo quanto o som
de fogos aumentaram a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos (jaacute
que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento na razatildeo LFHF
produzida pelo som eacute significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos
Figura 12 Razatildeo LFHF de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos a sons de Trovatildeo eou Fogos de
Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo apresentados como meacutedia plusmn epm
da Razatildeo LFHF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-som indica diferenccedila
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
1
2
3
4
5
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o tro vatilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o fo g o s
LF
HF
42
significativa dos grupos FoacutebicosTrovatildeo e FoacutebicosFogos com relaccedilatildeo aos grupos Natildeo-
foacutebicosTrovatildeo e Natildeo-foacutebicosFogos
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de baixa frequecircncia (LF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 183 p = 00773) e
Grupo F(3 72)= 03314 p = 08027) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos (Figura 13)
Na avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo
(trovatildeo x fogos) no componente LF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no
fator Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 0000028 p = 09958) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 00083 p = 09282)
Natildeo apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees
Muacuteltiplas de Bonferroni
Os quatro grupos demonstraram um aumento significativo do componente LF no
momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em relaccedilatildeo aos momentos
basal 1 e basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que o componente LF
aumentou tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos (jaacute que houve efeito
do fator tempo) No entanto a magnitude do aumento de LF produzido pelo som eacute
significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos (Figura
13)
Figura 13 LF (componente de baixa frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo foacutebicos submetidos
ao estresse sonoro agudo atraveacutes de sons de Trovatildeo e Fogos de Artifiacutecio Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor LF (em unidades normalizadas) nos momentos Basal
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o sLF
(n
u)
43
1 Basal 2 Som e Poacutes-som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou significativa
no fator Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Na anaacutelise estatiacutestica dos componentes de alta frequecircncia (HF) a ANOVA de
duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3
72)= 1718 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 1431 p = 0191)
e Grupo F(3 72)= 0237 p = 0869) O Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni
natildeo detectou diferenccedila significativa em nenhum momento entre os grupos Os grupos
natildeo diferiram entre si nos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som (Figura 14) Na
avaliaccedilatildeo do efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e do tipo de estiacutemulo (trovatildeo
x fogos) no componente HF a ANOVA detectou diferenccedila significativa no fator
Fobia (F(1 24)= 600 p = 002) natildeo apresentando diferenccedila significativa no fator
Estiacutemulo (F(1 24)= 287 p = 0995) ou Interaccedilatildeo (F(1 24)= 0008 p = 0928) E natildeo
apresentando diferenccedila significativa entre os grupos no Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas
de Bonferroni
Estes resultados demonstraram uma diminuiccedilatildeo do componente HF (retirada
parassimpaacutetica) no momento som (tanto som de trovotildees quanto o som de fogos) em
relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som Os resultados sugerem ainda que
houve diminuiccedilatildeo do fator HF tanto em animais natildeo-foacutebicos como em animais foacutebicos
(jaacute que houve efeito do fator tempo) No entanto a magnitude da diminuiccedilatildeo de HF
produzido pelo som foi significativamente maior em animais foacutebicos do que em animais
natildeo-foacutebicos (Figura 14)
44
Figura 14 HF (componente de alta frequecircncia) de catildees Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos a sons de
Trovatildeo eou Fogos de Artifiacutecio submetidos ao estresse sonoro agudo Os dados satildeo
apresentados como meacutedia plusmn epm do valor de HF nos momentos Basal 1 Basal 2 Som e Poacutes-
som A Anova de duas vias para medidas repetidas detectou diferenccedila significativa no fator
Tempo (F(3 72)= 215 p lt 00001) sem diferenccedila nos fatores Interaccedilatildeo e Grupo
Os paracircmetros de VIC no domiacutenio do tempo analisados neste estudo foram
FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) e RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das
diferenccedilas de intervalos entre batimentos consecutivos elevadas ao quadrado)
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a FC meacutedia
detectou diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 284 p = 0043) sem diferenccedila
nos fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0940 p = 0495) e Grupo F(3 72)= 225 p = 0107) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa
entre os grupos (Figura 15) Com relaccedilatildeo ao fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e tipo
de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na FC meacutedia a ANOVA detectou diferenccedila significativa
no fator Fobia F(1 24)= 784 p = 0009) e natildeo detectou diferenccedila significativa nos
fatores Estiacutemulo e Interaccedilatildeo Natildeo apresentando diferenccedila significativa no Teste de
Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni Dessa forma os dados mostram que a FC meacutedia
foi significativamente maior no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos
e Natildeo-foacutebicos Natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e
fogos de artifiacutecio
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
HF
(n
u)
45
Figura 15 FC (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) dos catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados satildeo apresentados como FC meacutedia (Frequecircncia Cardiacuteaca Meacutedia) em BPM
(batimentos por minuto) plusmn epm nos momentos basal 1 basal 2 som e poacutes-som Demonstrando
diferenccedila significativa no momento som principalmente entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
natildeo havendo diferenccedila significativa entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
Figura 16 RMSSD (raiz quadrada da meacutedia das diferenccedilas entre intervalos entre
batimentos consecutivos elevadas ao quadrado) de catildees submetidos ao estresse sonoro
agudo Os dados apresentados correspondem agrave RMSSD em ms plusmn epm nos momentos basal 1
basal 2 som e poacutes-som Demonstrando diferenccedila significativa no momento som poreacutem natildeo
havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos e entre o estiacutemulo
sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
A ANOVA de duas vias para medidas repetidas com relaccedilatildeo a RMSSD detectou
diferenccedila significativa no fator Tempo (F(3 72)= 1050 p lt 00001) sem diferenccedila nos
fatores Interaccedilatildeo F(9 72) = 0762 p = 0650) e Grupo F(3 72)= 0827 p = 0491) O
Teste de Comparaccedilotildees Muacuteltiplas de Bonferroni natildeo detectou diferenccedila significativa em
nenhum momento entre os grupos No efeito do fator fobia (Natildeo-foacutebicos x Foacutebicos) e
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
8 0
1 0 0
1 2 0
1 4 0
1 6 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
BP
M
B a s a l 1 B a s a l 2 S o m P oacute s -s o m
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
N atilde o -foacute b ico tro vatilde o
F oacute b ic o s tro v atilde o
N atilde o -foacute b ico fo g o s
F oacute b ic o s fo g o s
RM
SS
D (
MS
)
46
do tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) na RMSSD a ANOVA natildeo detectou diferenccedila
significativa no fator Fobia Estiacutemulo e Interaccedilatildeo
Os dados mostram que a RMSSD foi significativamente diferente no momento
som poreacutem natildeo havendo diferenccedila significativa entre os grupos Foacutebicos e Natildeo-foacutebicos
e entre o estiacutemulo sonoro de trovatildeo e fogos de artifiacutecio (Figura 16)
43 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
A anaacutelise das alteraccedilotildees comportamentais no experimento foi feita atraveacutes de
filmagens realizadas durante o protocolo experimental onde foram avaliados 14
paracircmetros (Tabela 1) atribuindo um escore para cada alteraccedilatildeo utilizando uma escala
de notas de 0 a 3 onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2 = observado
frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo
apresentados na tabela 7 atraveacutes da meacutedia dos escores em cada paracircmetro e do nuacutemero
de animais que apresentaram reaccedilatildeo nos tempos basal 2 som e poacutes-som separado
pelos grupos experimentais
No momento basal somente no grupo Natildeo-foacutebicoTrovatildeo houve ocorrecircncia de
mais de um paracircmetro sendo eles procurar por pessoas vigilacircncia e inquietaccedilatildeo onde
foi observado apenas um animal com escore 1 em cada paracircmetro No momento som
foi observado escores maiores num maior nuacutemero animais principalmente nos
paracircmetros vigilacircncia tremer e se esconder Desta forma na anaacutelise estatiacutestica foi
avaliado somente o momento som
47
Tabela 7 Paracircmetros comportamentais avaliados no experimento
Comportamentos avaliados no nos momentos basal 2 som e poacutes som descritos por escala de 4 notas onde 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2
= observado frequentemente e 3 = observado durante todo o tempo de estiacutemulo Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos escores (meacutedia relativa ao
numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo
48
O teste de Kruskal-Wallis demonstrou que no momento do som houve diferenccedila
significativa entre os grupos nos paracircmetros Tremer (p=00007) Se Esconder
(p=00057) Vigilacircncia (p=00029) (Figura 17) e Salivaccedilatildeo (p=00068) (Figura18) O
Teste de comparaccedilotildees muacuteltiplas de Dunnrsquos demostrou que o Foacutebicofogos foi
significativamente diferente dos grupos Natildeo-foacutebicotrovatildeo e Natildeo-foacutebicofogos no
paracircmetros Tremer Vigilacircncia e Salivaccedilatildeo No paracircmetro Se Esconder o grupo
Foacutebicofogos foi diferente do grupo Natildeo-foacutebicofogos Natildeo foi detectada diferenccedila
significativa entre o grupo Foacutebicotrovatildeo e os demais grupos
Jaacute nos seguintes paracircmetros o teste de Kruskal-Wallis e o teste de comparaccedilotildees
muacuteltiplas de Dunssrsquos demonstrou natildeo haver diferenccedila significativa Arfar (p=0223)
Submissatildeo (p=01915) Procurar por pessoas (p=07421) Inquietaccedilatildeo (p=02244)
Vocalizaccedilatildeo (p=06450) (Figura 17) Disparada (p=03825) Fugir (p=01513) e
Sobressalto (p=1390) (Figura 18) entre os grupos no momento do som induzido
Quanto aos paracircmetros Destruiccedilatildeo e Eliminaccedilatildeo natildeo foram observados durante o
experimento por nenhum dos animais testados (Figura 18)
49
Figura 17 Oito dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa nos paracircmetros (B)Tremer (p=00007) (D) Se Esconder
A rfa r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
T r e m e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S u b m is s atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S e e s c o n d e r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
P r o c u r a r
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V ig ilacirc n c ia
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
In q u ie ta ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
V o c a liz a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
G H
50
(p=00057) e (F) Vigilacircncia (p=0029) indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicoFogos
Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
Figura 18 Seis dos paracircmetros comportamentais induzidos pelo som em catildees de
companhia submetidos a um modelo de estresse sonoro agudo Os dados apresentados
correspondem aos paracircmetros comportamentais avaliados somente no momento do som nos
grupos Natildeo-foacutebicos (trovatildeo e fogos) e Foacutebicos (trovatildeo e fogos ) Teste de Kruskal-Wallis
detectou diferenccedila significativa no paracircmetro (B) Salivaccedilatildeo (p=00068) indica diferenccedila
significativa do Natildeo-foacutebicoFogos Indica diferenccedila significativa do Natildeo-foacutebicotrovatildeo
D e s tr u iccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S a liv a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
E lim in a ccedil atilde o
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
D is p a r a d a
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
F u g ir
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
S o b r e s s a lto
N atilde o -foacute b ic o tro v atilde o F oacute b ic o tro v atilde o N atilde o -foacute b ic o fo g o s F oacute b ic o fo g o s
0
1
2
3
4
Es
co
re
A B
C D
E F
51
44 Correlaccedilotildees entre os dados
Utilizamos o teste de Spearman para estudar se houve correlaccedilatildeo entre
comportamento dos catildees descrito pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou
fogos e o exibido em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro Neste caso
correlacionamos os mesmos paracircmetros exemplo ldquoarfarrdquo em casa com ldquoarfarrdquo no
laboratoacuterio O paracircmetro destruiccedilatildeo no laboratoacuterio foi correlacionado com destruiccedilatildeo
em casa e com autoflagelo em casa Nesta anaacutelise apenas os paracircmetros
comportamentais que apresentaram correlaccedilatildeo significativa foram Tremer (plt00001)
e Esconder (p=00041) Enquanto os paracircmetros Arfar Procurar por pessoas
Inquietaccedilatildeo Vocalizaccedilatildeo e Salivaccedilatildeo natildeo tiveram correlaccedilatildeo significativa Os
paracircmetros Destruiccedilatildeo Eliminaccedilatildeo e a correlaccedilatildeo entre destruiccedilatildeo x autoflagelo natildeo
foram testadas porque os animais natildeo exibiram estes comportamentos em casa e
principalmente no laboratoacuterio (Figura 19)
Os dados referentes ao comportamento em casa e o exibido em laboratoacuterio estaacute
apresentado na tabela 8
Tabela 8 Correlaccedilatildeo entre paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios e
os avaliados durante o experimento
Paracircmetros
Avaliaccedilatildeo por escore segundo
proprietaacuterio (0-5)
Avaliaccedilatildeo por escore no momento som
experimento (0-3)
Trovatildeo Fogos Trovatildeo Fogos
Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8) Ntilde foacutebico (6) Foacutebico (8)
Arfar 03 (2) 225 (7) 1 (2) 31 (7) 016 (1) 1 (5) 066 (2) 125 (5)
Tremer 016 (1) 287 (7) 15 (2) 4 (8) 03 (1) 075 (4) 0 (6) 225 (8)
Esconder 05 (3) 3 (7) 2 (3) 41 (8) 016 (1) 075 (4) 05 (3) 2125 (7)
Proc pess 016 (4) 287 (7) 183 (3) 4 (7) 05 (1) 037 (2) 05 (3) 087 (3)
Inquietaccedilatildeo 03 (1) 225 (6) 183 (3) 237 (6) 05 (1) 075 (3) 016 (1) 137 (5)
Vocalizaccedilatildeo 05 (2) 225 (8) 15 (2) 135 (5) 03 (1) 025 (2) 0 (6) 025 (2)
Atit dest 0 (6) 1 (2) 083 (1) 025 (1) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Salivaccedilatildeo 0 (6) 112 (7) 06 (2) 175 (6) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 1 (6)
Eliminaccedilatildeo 016 (6) 075 (4) 05 (2) 025 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Auto destrut 0 (6) 012 (1) 0 (6) 037 (2) 0 (6) 0 (8) 0 (6) 0 (8)
Paracircmetros comportamentais avaliados pelos proprietaacuterios em questionaacuterio numa escala de 6
notas (0-5) que avaliaram o niacutevel das reaccedilotildees Os dados estatildeo apresentados pela meacutedia dos
escores (meacutedia relativa ao numero total de animais do grupo sendo natildeo-foacutebicos 6 animais e
foacutebicos 8 animais) e entre parecircnteses nos paracircmetros o numero de animais que apresentaram
reaccedilatildeo Esses paracircmetros satildeo comparados na tabela com a meacutedia dos escores do momento som
do experimento
52
A rfa r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 1 2 1
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
ioT r e m e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 6 8 1 5
p = lt0 0 0 0 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S e e s c o n d e r
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 2 5 7
p = 0 0 0 4 1
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
P r o c u r a r p e s s o a s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 0 9 6 8
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
In q u ie ta ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 1 6 8 7
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
V o c a liz a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= -0 1 1 9 3
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
D e s tr u iccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
S a liv a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 3 1 9 9
n s
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
E lim in a ccedil atilde o
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
c a s a
La
bo
ra
toacuter
io
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
A u to f la g e lo
De
str
uiccedil
atildeo
A B
C D
E F
G H
I J
53
Figura 19 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e os paracircmetros comportamentais segundo os proprietaacuterios Podemos notar
significativa nos paracircmetros Tremer e Esconder (teste de Spearman)
Para estudar se paracircmetros fisioloacutegicos apresentavam correlaccedilatildeo com paracircmetros
comportamentais correlacionamos os valores da razatildeo LFHF e com comportamentos
induzidos pelo som no laboratoacuterio Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os
paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no laboratoacuterio atraveacutes da anaacutelise de
Sperman foram significativos Arfar r= 05007 (p=00067) Tremer r= 0587
(p=00010) Se Esconder r= 05508 (p=00024) Fugir r= 0503 (p=00059)
Inquietaccedilatildeo r= 0443 (p=00181) Vigilacircncia r= 0714 (plt00001) Salivaccedilatildeo r= 0562
(p=000018) e Sobressalto r= 03909 (p=00397) Os paracircmetros Submissatildeo
Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo positiva com os
valores da VIC(Figura 20) Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo foram
analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos durante o
experimento
54
Figura 20 Correlaccedilatildeo entre os paracircmetros comportamentais induzidos pelo som no
laboratoacuterio e a razatildeo LFHF Apresentando correlaccedilatildeo significativa em Arfar (p=00067)
Tremer (p=00010) Se Esconder (p=00024) Fugir (p=00059) Inquietaccedilatildeo (p=00181)
Vigilacircncia (plt00001) Salivaccedilatildeo (p=000018) e Sobressalto (p=00397) e os paracircmetros que
natildeo foram Submissatildeo Procurar por Pessoas e Vocalizaccedilatildeo
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 5 0 0 7 p = 0 0 0 6 7A r fa r
T re m e r
S e e s c o n d e r
r= 0 5 8 7 9 p = 0 0 0 1 0
r= 0 5 5 0 8 p = 0 0 0 2 4
F u g ir r= 0 5 0 7 3 p = 0 0 0 5 9
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 4 4 3 3 p = 0 0 1 8 1In q u ie ta ccedil atilde o
V o c a liz a ccedil atilde o
V ig ilacirc n c ia
r= 0 1 0 2 3 n s
r= 0 7 1 4 1 p = lt 0 0 0 0 1
S a liv a ccedil atilde o r= 0 5 6 2 6 p = 0 0 0 1 8
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
0 2 4 6
-1
0
1
2
3
4
r= 0 2 3 6 9 n sP ro c u ra r
S u b m is s atilde o
S o b re s s a lto
r= 0 3 4 0 7 n s
r= 0 3 9 0 9 p = 0 3 9 9 7
L F H F
Co
mp
orta
me
nto
s
55
5 DISCUSSAtildeO
O objetivo principal deste estudo foi verificar as respostas fisioloacutegicas em
resposta ao estresse sonoro agudo de catildees de companhia com histoacuterico de fobia a sons
de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Para tal avaliamos o balanccedilo simpato-vagal analisado
atraveacutes da variabilidade do intervalo cardiacuteaco e 14 paracircmetros comportamentais aleacutem
da coleta de amostras sanguiacuteneas em seis momentos diferentes para posterior dosagem
do cortisol
Aleacutem disso comparamos caracteriacutesticas socioeconocircmicas dos proprietaacuterios
caracteriacutesticas gerais e de manejo de catildees foacutebicos com de catildees natildeo foacutebicos e estudamos
a correlaccedilatildeo entre os dados
51 Perfil dos proprietaacuterios e manejo dos animais
Os proprietaacuterios de catildees do municiacutepio de Seropeacutedica dos bairros das imediaccedilotildees
da UFRRJ que participaram da pesquisa foram em sua maioria pessoas com niacutevel
superior de escolaridade principalmente meacutedicos veterinaacuterios (ou graduandos em
medicina veterinaacuteria) Este perfil indica pessoas que aleacutem de terem conhecimento mais
abrangente sobre o mundo animal demonstraram se preocupar com a sauacutede e bem estar
de seus catildees aleacutem de terem interesse em colaborar com a pesquisa animal de um modo
geral
Outro aspecto importante com relaccedilatildeo aos proprietaacuterios eacute que muitos adotaram
catildees de rua e sem raccedila definida Este comportamento pode indicar um interesse com a
situaccedilatildeo atual dos catildees no municiacutepio que natildeo possui centro de controle de zoonoses e
acumula nas ruas uma grande quantidade de animais errantes eou a compaixatildeo pela
situaccedilatildeo dos animais abandonados
Natildeo foi observada diferenccedila no perfil de proprietaacuterios de animais foacutebicos e natildeo
foacutebicos Estes resultados eram esperados uma vez que nossa amostra de catildees eacute limitada
e com uma populaccedilatildeo muito homogecircnea Aleacutem disso natildeo haacute relatos na literatura que
mostrem caracteriacutesticas socioeconocircmicas especiacuteficas de proprietaacuterios de catildees com
histoacuterico de fobia
Quanto aos animais participantes as diferenccedilas de raccedila peso idade sexo e
castraccedilatildeo neste estudo natildeo parecem ter relaccedilatildeo com a fobia a sons de trovatildeo e fogos de
artifiacutecio Dessa forma nessa populaccedilatildeo avaliada natildeo foi possiacutevel traccedilar um perfil de
56
animais foacutebicos Apesar de natildeo haver na literatura dados especiacuteficos sobre a prevalecircncia
de fobia a sons em catildees eacute realmente aceito que todas as raccedilas e ambos os sexos satildeo
suscetiacuteveis a essa fobia (OVERALL et al 2001 VOITH amp BORCHELT 1985)
Nas caracteriacutesticas de manejo verificadas nesse estudo quase 100 dos catildees
tiveram mudanccedilas na rotina familiar no uacuteltimo ano em ambos os grupos natildeo
caracterizando um possiacutevel motivo para o aparecimento ou piora do quadro de fobia
segundo os proprietaacuterios
Os animais em sua maioria e sem distinccedilatildeo entre os grupos moram em casas
com quintal e dormem no quintal em aacuterea apropriada natildeo ocorrendo diferenccedilas
importantes na rotina Ou seja os animais natildeo tinham restriccedilatildeo de espaccedilo e natildeo foi
identificado nenhum tipo de estresse crocircnico que pudesse desencadear a fobia
Blackwell e colaboradores (2005) avaliaram dados de um questionaacuterio respondido por
34 proprietaacuterios sobre fobia a sons e natildeo encontraram correlaccedilatildeo significativa entre o
manejo dos catildees e o fator fobia No entanto sugerem que as interaccedilotildees do proprietaacuterio
com animal satildeo muitas vezes complexas e que esse aspecto exige mais estudos
observacionais para compreensatildeo de como o manejo poderia influenciar na reaccedilatildeo de
medo em cada catildeo
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e intensos assinalados pelos
proprietaacuterios no questionaacuterio de avaliaccedilatildeo de fobia foram arfar tremer se esconder
procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo
eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram descritos significativamente pelos proprietaacuterios no
presente estudo Estes dados diferem dos descritos anteriormente que indicaram a
destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo como comportamentos frequentes (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 DRESCHEL amp
GRANGER 2005) provavelmente pela caracteriacutestica mencionada anteriormente de
que a grande maioria dos catildees avaliados nessa pesquisa viviam em espaccedilo amplo pois
em boa parte dos casos as atitudes destrutivas estatildeo relacionadas a tentativas de fuga de
catildees contidos em um determinado espaccedilo fiacutesico Nesse contexto Mills e colaboradores
(2003) tambeacutem natildeo observaram ocorrecircncia significativa de destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e
autoflagelo num estudo onde foram avaliados alteraccedilotildees comportamentais em 48 catildees
submetidos a sons de fogos de artifiacutecio reais (festa local) na presenccedila de seus
proprietaacuterios Os catildees utilizados no estudo tinham histoacuterico de fobia a sons altos e os
paracircmetros comportamentais foram avaliados por seus donos durante o periacuteodo de
57
duraccedilatildeo dos fogos de artifiacutecio Os autores natildeo tiveram controle da intensidade e a
duraccedilatildeo do estiacutemulo sonoro a que os catildees foram submetidos Em uma escala de escores
de 0 a 3 os paracircmetros arfar tremer inquietaccedilatildeo e se esconder apresentaram meacutedia 3
em todos os catildees avaliados os paracircmetros postura de submissatildeo procurar pelo dono
vigilacircncia e sobressalto apresentaram nota 2 de meacutedia e os paracircmetros correr em
disparada e fugir meacutedia 1
Em uma pesquisa realizada no Reino Unido com mais de 3500 proprietaacuterios de
catildees recrutados on-line foram revisados a ocorrecircncia de sinais e os fatores de risco
associados com a sensibilidade a sons (IIMURA 2006) Nesta grande amostra (maior jaacute
descrita) 2577 proprietaacuterios relataram ter um catildeo com aversatildeo a sons Os tipos de sons
que induziram maiores aversotildees foram fogos de artifiacutecio (n = 836) seguido por
tempestades (n = 817) e tiros (n = 430) Uma descoberta interessante da entrevista com
os proprietaacuterios foi que os catildees com histoacuterico de fobia de iniacutecio natildeo agudo mostraram
sinais de respiraccedilatildeo ofegante agitaccedilatildeo hipervigilacircncia tremor e eliminaccedilatildeo O que
indica sinais de excitaccedilatildeo autonocircmica associadas a ansiedade ou antecipaccedilatildeo de um
evento aversivo iminente No entanto os catildees com histoacuterico de fobia com iniacutecio agudo
mostraram sinais como esconder agachar-se e inquietaccedilatildeo em resposta aos sons Esses
comportamentos sugerem um medo ostensivo e estrateacutegia de fuga Os autores sugerem
que a fobia de iniacutecio agudo parece estar associada com uma resposta de medo enquanto
que a fobia de inicio natildeo agudo parece ser associada a uma resposta de ansiedade
(IIMURA 2006 IIMURA et al 2007)
No presente estudo foi relatado pelos proprietaacuterios que seus catildees sempre
apresentaram o comportamento de fobia a sons de trovatildeo fogos de artificio ou que natildeo
sabem dizer quando comeccedilou pois passaram a conviver com catildeo jaacute depois de adulto
Isso provavelmente tem fortes relaccedilotildees com a origem dos catildees dos grupos foacutebicos
(trovatildeo e fogos) onde 50 foram recolhidos da rua 25 de doaccedilatildeo 12 de compra e
somente 12 acompanhados desde o nascimento Dessa forma diante das evidecircncias
descritas por Iimura para maior entendimento das caracteriacutesticas de medo e ansiedade
se faz necessaacuterio um estudo mais detalhado e com um maior numero de animais a fim
de avaliar o iniacutecio das reaccedilotildees exageradas ao som e seus possiacuteveis fatores
desencadeadores
O aparecimento das respostas foacutebicas a sons acredita-se estar associado ao
trauma de exposiccedilatildeo (SHERMAN amp MILLS 2008) No entanto os dados de Iimura e
58
colaboradores (2006 2007) sugerem que esta natildeo eacute a situaccedilatildeo na maioria casos Outros
possiacuteveis mecanismos para o desenvolvimento de aversatildeo ao estiacutemulo incluem a
desabituaccedilatildeo induzida pelo estresse a sensibilizaccedilatildeoe a transmissatildeo social O papel da
habituaccedilatildeo na prevenccedilatildeo de medos tem sido bem documentada em diversos estudos
(CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001 SHERMAN amp MILLS 2008) A
exposiccedilatildeo a fogos de artifiacutecio ruiacutedos de motor aspiradores de poacute vozes de crianccedilas e
outros sons do cotidiano do meio urbano parecem ter um efeito protetor ao
aparecimento de comportamentos fobicos (IIMURA 2006) Deste modo diante de
tantas possibilidades a causa ou as causas parecem estar ligadas a diversos fatores de
carater individual natildeo existindo ainda descriccedilatildeo concreta de um uacutenico fator
desencadeador
Com relaccedilatildeo agraves reaccedilotildees de fobia a som de trovatildeo Crowell-Davis (2003) e
Overall e colaboradores (2001) sugerem uma investigaccedilatildeo cautelosa pois tais reaccedilotildees
podem ocorrer natildeo pela fobia ao som mas sim dos efeitos dos diferentes fenocircmenos que
envolvem uma tempestade como nuvens escuras no ceacuteu ventos fortes alteraccedilotildees na
pressatildeo baromeacutetrica concentraccedilatildeo de ozocircno e campo eletroestaacutetico A etiologia desse
transtorno ainda natildeo eacute conhecida com precisatildeo mas Dodman (1996) propocircs que a
eletricidade estaacutetica pode em alguns casos levar a estiacutemulos dolorosos e possivelmente
transformar uma leve ansiedade em grave fobia de tempestade Outros autores contudo
acreditam que a fobia de tempestade seja essencialmente uma fobia a som e que o catildeo se
torna secundariamente condicionado a temer os outros aspectos da tempestade
(SHERMAN E MILLS 2008) Dessa forma parece ainda haver divergecircncias quanto agrave
diferenciaccedilatildeo entre a fobia de tempestade e a fobia de sons de trovatildeo e outros sons
No presente estudo averiguamos as respostas agrave fobia a sons e a formaccedilatildeo de
grupos aos dois diferentes estiacutemulos sonoros (trovatildeo e fogos) natildeo tendo a intenccedilatildeo de
reproduzir qualquer um dos outros aspectos da tempestade nem de diferenciar uma da
outra
Ansiedades medos e fobias satildeo queixas comportamentais comuns e
problemaacuteticas relatadas pelos proprietaacuterios dos catildees E a falta de tratamento pode
resultar no rompimento do viacutenculo humano-animal e posterior abandono desistecircncia
ou ateacute mesmo eutanaacutesia do catildeo afetado (SHERMAN amp MILLS 2008) Dessa maneira
estudos que colaborem para um maior conhecimento da etiologia casuiacutestica e possiacuteveis
tratamentos satildeo de grande importacircncia na atualidade
59
52 Variabilidade do Intervalo Cardiacuteaco (VIC) e o estresse sonoro agudo
Situaccedilotildees de estresse sonoro agudo satildeo capazes de desencadear comportamentos
de luta ou fuga atraveacutes de mecanismos neurais que levam agrave ativaccedilatildeo do SNA
(WESTMAN amp WALTERS 1981 PASSCHIER-VERMEER amp PASSCHIER 2000
PRIOR 2006) No presente estudo o modelo de estresse sonoro agudo utilizado em catildees
de companhia com histoacuterico de fobia a sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio teve como
um dos principais objetivos acessar e analisar as respostas autonocircmicas (atraveacutes da
anaacutelise da VIC)
Nossos resultados mostraram um aumento significativo na razatildeo LFHF no
momento do som em relaccedilatildeo aos momentos basal 1 basal 2 e poacutes-som em todos os
grupos estudados (ANOVA de duas vias para medidas repetidas foi significativa no
fator tempo) Estes dados confirmam nossos dados preacutevios onde o modelo de estresse
sonoro de sons de trovatildeo foi avaliado em catildees Beagles de experimentaccedilatildeo sem histoacuterico
de fobia (MACCARIELLO 2012) afirmando este modelo como indutor de ativaccedilatildeo
autonocircmica mesmo em catildees natildeo foacutebicos
A anaacutelise da VIC durante o estresse sonoro em catildees eacute extremamente relevante
pois permite acessar o balanccedilo autonocircmico independentemente de outros fatores que
alteram a Frequecircncia Cardiacuteaca (FC) Em catildees no repouso os efeitos vagais sobre o
coraccedilatildeo predominam sobre efeitos simpaacuteticos (LITTLE et al 1999) e quando ocorre
aumento na atividade fiacutesica haacute um incremento da ativaccedilatildeo simpaacutetica Ainda assim os
dois ramos do SNA possuem a habilidade de atuar de forma simultacircnea ou independente
um do outro na regulaccedilatildeo da atividade cardiacuteaca Sendo assim o aumento da atividade
vagal natildeo resulta instantaneamente na reduccedilatildeo da simpaacutetica e vice-versa Desse modo
natildeo eacute possiacutevel determinar as caracteriacutesticas regulatoacuterias do SNA simplesmente atraveacutes
da mensuraccedilatildeo da FC (VON BORELL et al 2007) Ainda assim a FC pode ser
considerada como um iacutendice indireto de estresse sendo importante a sua anaacutelise em
conjunto com outros paracircmetros A anaacutelise espectral da VIC tendo como paracircmetro
principal a razatildeo LFHF que permite uma determinaccedilatildeo mais precisa da regulaccedilatildeo
funcional do SNA em resposta ao estresse psicoloacutegico e fisioloacutegico jaacute que estados
psicoloacutegicos podem ter um impacto no balanccedilo simpato-vagal sem necessariamente vir
seguido de alteraccedilotildees na frequecircncia cardiacuteaca eou respiratoacuteria (STAUSS 2003)
60
Nossos dados tambeacutem mostraram que catildees foacutebicos tecircm um aumento da razatildeo
LFHF significativamente maior que catildees natildeo-foacutebicos e que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x
fogos) natildeo interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
A ausecircncia de diferenccedila na reatividade a sons de trovatildeo e de fogos pode indicar
que na populaccedilatildeo de catildees foacutebicos avaliada provavelmente os catildees apresentavam fobia a
sons e natildeo agrave tempestade como discutido por Dodman (1996) e Crowell-Davis (2003)
Vale lembrar que muito provavelmente os animais vivenciaram tempestades jaacute que
segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) a
regiatildeo sudeste do Brasil eacute a campeatilde em incidecircncia de raios e tempestades
Ao contraacuterio do que era esperado em nosso estudo a frequecircncia cardiacuteaca meacutedia
natildeo aumentou significativamente no momento do som nos grupos natildeo-foacutebicos (trovatildeo e
fogos) mas apenas nos grupos foacutebicos (trovatildeo e fogos) Poreacutem isso reforccedila a
importacircncia da anaacutelise da VIC demonstrando que nem sempre a ativaccedilatildeo autonocircmica
poderaacute ser baseada em um paracircmetro tatildeo geral como a FC meacutedia visto que esses
resultados podem estar encobertos pelo aumento da FC natildeo previsto nos momentos
basal 1 e basal 2 Jaacute os animais foacutebicos apresentam maior sensibilidade aos estiacutemulos
em geral apresentando paracircmetros mais facilmente alterados A FC meacutedia do momento
som (25 min) natildeo demostra um grande aumento instantacircneo nos primeiros segundos
do estiacutemulo sonoro e apresenta uma reduccedilatildeo na FC apoacutes o sobressalto (decorrentes da
ativaccedilatildeo parassimpaacutetica)
O paracircmetro RMSSD (que indica ativaccedilatildeo vagal) teve uma queda no momento
som indicando menor accedilatildeo vagal Demonstrando que o modelo foi capaz de promover
uma retirada vagal no momento do som poreacutem sem alteraccedilotildees significativas entre os
catildees foacutebicos e natildeo-foacutebicos
Diferente da razatildeo LFHF os paracircmetros LF e HF analisados separadamente natildeo
apresentaram diferenccedilas significativas entre os grupos Isso pode ter ocorrido devido agraves
variaccedilotildees individuais que no todo do grupo passam a natildeo ser percebidas
estatisticamente
Ateacute o presente momento natildeo foram encontrados estudos ocidentais que
avaliaram a VIC em catildees submetidos a modelos de estresse sonoro agudo fora os do
presente grupo de pesquisa com seu primeiro estudo na aacuterea feito por Maccariello
(2012) No entanto nossos resultados adicionam e confirmam evidecircncias apresentadas
61
em trabalhos anteriores onde estiacutemulos sonoros de alta intensidade tecircm sido
considerados estressores tanto em animais como no homem Estudos relatam o aumento
na frequecircncia cardiacuteaca meacutedia em animais submetidos a sons de alta intensidade
(ENGELAND et al 1990) aleacutem disso a exposiccedilatildeo aguda a sons acima de 90 dB eacute
capaz de estimular o SNS aumentando a liberaccedilatildeo de adrenalina e noradrenalina
(ISING et al 1999) Beerda e colaboradores (1998) estudaram os niacuteveis de cortisol e a
frequecircncia cardiacuteaca em catildees saudaacuteveis submetidos a um protocolo de estresse sonoro
agudo onde foi utilizada uma intensidade sonora de 110 -120 dB com duraccedilatildeo de 2
segundos repetida por trecircs vezes com intervalos de 30 segundos Este estudo
evidenciou um aumento significativo nos niacuteveis de cortisol salivar ao comparar com os
animais antes do estiacutemulo nos tempos 10 15 e 30 minutos apoacutes a exposiccedilatildeo ao som
No entanto natildeo houve diferenccedilas significativas na frequecircncia cardiacuteaca jaacute que foram
detectadas frequecircncias cardiacuteacas muito altas antes do som provavelmente devido a
condiccedilotildees preacute-estiacutemulo natildeo controladas Em outro estudo do mesmo autor foi utilizado
um som de intensidade sonora de 95 dB durante 6 12 e 18 minutos que produziu um
aumento gradativo na FC meacutedia de 25 35 e 54 respectivamente Tambeacutem foi
verificado o aumento nos niacuteveis de cortisol salivar durante o estiacutemulo demonstrando
niacuteveis gradativamente mais elevados conforme o aumento da duraccedilatildeo do som (10 14
24 mmolL) (BEERDA et al 1997)
53 Anaacutelise das reaccedilotildees comportamentais induzidas pelo som
Durante o presente estudo a maioria dos animais apresentou as reaccedilotildees
comportamentais estudadas apenas no momento do estiacutemulo sonoro O que sugere que o
ambiente onde foi realizado o experimento natildeo foi aversivo para os animais As reaccedilotildees
mais frequentes em todos os catildees foram vigilacircncia tremer e se esconder No entanto
animais do grupo foacutebicosfogos apresentaram maiores escores nos paracircmetros tremer se
esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo que os outros grupos
Nossos resultados demonstram que na anaacutelise comportamental todos os grupos
apresentaram escores aumentados no momento do som O grupo foacutebicosfogos natildeo foi
diferente estatisticamente do grupo foacutebicostrovatildeo mas apresentou diferenccedila
estatisticamente significativa com relaccedilatildeo aos grupos natildeo-foacutebicos
No estudo de Branson amp Rogers (2006) 31 catildees historicamente foacutebicos a sons
foram submetidos a sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio em seu ambiente domeacutestico
Neste caso 16 catildees foram submetidos primeiramente ao som de trovatildeo e outros 15
62
primeiramente ao som de fogos de artifiacutecio onde cada som foi reproduzido por 2
minutos a 80-100 db e filmados para posterior avaliaccedilatildeo das respostas
comportamentais Estes autores verificaram natildeo haver diferenccedila significativa entre os
dois estiacutemulos no grupo de catildees testados confirmando nossos dados
Vale ressaltar que como detectamos diferenccedilas na razatildeo LFHF tanto induzidas
pelo trovatildeo como por fogos a anaacutelise da VIC parece ser um paracircmetro mais sensiacutevel
para detectar reaccedilotildees do que a anaacutelise comportamental que apesar de ter um padratildeo por
espeacutecie pode ter respostas e reaccedilotildees muito individuais Dessa forma as avaliaccedilotildees em
conjunto se mostram ferramentas mais eficientes
54 Correlaccedilotildees entre dados
Como observado nos resultados ao correlacionar as reaccedilotildees comportamentais
dos catildees descritas pelos proprietaacuterios numa situaccedilatildeo natural de trovatildeo ou fogos de
artifiacutecio e as exibidas em laboratoacuterio durante o modelo de estresse sonoro apenas os
paracircmetros tremer e esconder apresentaram correlaccedilatildeo significativa Enquanto os
paracircmetros arfar procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo natildeo tiveram
correlaccedilatildeo significativa Demonstrando que apesar do modelo de estresse sonoro agudo
em catildees ter imensas vantagens quanto a padronizaccedilatildeo do teste e consequentemente das
respostas dos animais testados de modo geral os animais parecem natildeo demonstrar em
laboratoacuterio todos os paracircmetros significativos observados em casa Poreacutem isso pode ter
ocorrido devido ao teste ser feito com um som fantasia padronizado a uma intensidade
sonora especiacutefica talvez natildeo tatildeo alta quanto a que ocorre quando estatildeo em casa Aleacutem
de natildeo estarem na presenccedila de seus proprietaacuterios no laboratoacuterio e sendo completamente
ignorados pelos pesquisadores provavelmente diferente da forma como satildeo
normalmente tratados em suas casas nesses momentos de tensatildeo E tambeacutem devido ao
fator de opiniatildeo pessoal de cada proprietaacuterio ao ter respondido o questionaacuterio que pode
variar natildeo necessariamente relatando a realidade
Nesse sentido muitos dos autores que utilizam esses paracircmetros para avaliar as
respostas comportamentais costumam fazer filmagens no proacuteprio ambiente familiar do
animal para posterior anaacutelise das imagens (CROWELL-DAVIS 2003 MILLS et al
2003 BRANSON amp ROGERS 2006)
Para estudar se os paracircmetros autonocircmicos apresentavam correlaccedilatildeo com
paracircmetros comportamentais os valores da razatildeo LFHF foram correlacionados com
comportamentos induzidos pelo som no laboratoacuterio Os paracircmetros Arfar Tremer Se
63
Esconder Fugir Inquietaccedilatildeo Vigilacircncia Salivaccedilatildeo e Sobressalto tiveram correlaccedilotildees
significativas o que pode indicar que estes sejam paracircmetros mais fidedignos na anaacutelise
da resposta de estresse Como normalmente encontrado em estudos de correlaccedilatildeo de
dados fisioloacutegicos com comportamentais os paracircmetros Submissatildeo Procurar por
Pessoas e Vocalizaccedilatildeo natildeo foram correlacionados com a razatildeo LFHF
55 O Modelo de Estresse Sonoro Agudo em Catildees
Embora existam diferenccedilas entre a reproduccedilatildeo de uma gravaccedilatildeo de som e os
eventos reais de trovoadas e fogos de artifiacutecio esta teacutecnica tem sido utilizada em
diversas pesquisas para categorizar a reatividade de catildees para estes sons
especificamente (BRANSON amp ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003
DRESCHEL amp GRANGER 2005)
O uso da variabilidade do intervalo cardiacuteaco teste comportamental e verificaccedilatildeo
dos niacuteveis de cortisol satildeo importantes ferramentas para avaliar e monitorizar bem-estar
animal (BERGAMASCO et al 2010) e o estresse em catildees
Entre a aplicabilidade do modelo utilizado neste trabalho podemos listar como
vantagens que
O som foi padronizado a uma intensidade sonora maacutexima de 103 -104 dB por
ser uma pressatildeo sonora capaz de gerar respostas fisioloacutegicas e comportamentais
de estresse em catildees estando abaixo dos limites que poderiam causar danos ao
aparelho auditivo (ISING et al 1999)
Eacute um modelo de relativa faacutecil execussatildeo
A avaliaccedilatildeo comportamental teve ecircxito uma vez que os catildees se adaptaram bem
ao local natildeo demonstrando alteraccedilotildees no momento basal Essa padronizaccedilatildeo de
manejo possibilitou que os animais respondessem livremente ao estiacutemulo
sonoro sem a influecircncia de outros fatores como interaccedilotildees diferenciadas com os
proprietaacuterios e outros animais
O uso do frequenciacutemetro se mostrou um recurso vantajoso por ser natildeo invasivo
ser leve e natildeo incomodar o animal aleacutem de ser de baixo custo Permitindo que
os animais ficassem agrave vontade (BERGAMASCO et al 2010)
Uma vantagem importante eacute que a populaccedilatildeo de estudo eacute de faacutecil acesso uma
vez que satildeo animais domeacutesticos de companhia em geral com temperamento
doacutecil que apresentam alta casuiacutestica de problemas decorrentes do estresse
64
sonoro com ocorrecircncia em ambos os gecircneros (fecircmeas e machos) nas diferentes
raccedilas e vem sendo utilizada em vaacuterias pesquisas referentes agrave fobia a sons
atraveacutes de divulgaccedilatildeo da pesquisa e entrevista com proprietaacuterios (BRANSON amp
ROGERS 2006 CROWELL-DAVIS 2003 OVERALL et al 2001
DRESCHEL amp GRANGER 2005 SHERMAN amp MILLS 2008 COTTAM amp
DODMAN 2009 CRACKNELL amp MILLS 2007 IIMURA 2006 IIMURA
ET AL 2007)
Overall e colaboradores (2001) descrevem que os catildees apresentam distuacuterbios de
comportamento que podem ser homoacutelogos a alguns transtornos psiquiaacutetricos em
seres humanos Na presente pesquisa foi possiacutevel atraveacutes de um problema
comportamental de alta incidencia no catildeo produzir dados sobre a reaccedilatildeo ao
estresse na fobia a sons Demonstrando que esse modelo pode ser usado para o
estudo de novos caminhos terapeuticos que busquem minimizar natildeo soacute os danos
neuroendoacutecrinos ja discutidos como o bem estar emocional desses indiviacuteduos
Pode ser utilizado com diferentes estiacutemulos sonoros
65
6 CONCLUSOtildeES
Natildeo foram observadas diferenccedilas no perfil socioeconocircmico de proprietaacuterios de
animais foacutebicos e natildeo foacutebicos
Natildeo foram observadas diferenccedilas nas caracteriacutesticas gerais (raccedila peso idade
gecircnero e castraccedilatildeo) e nem nas caracteriacutesticas de manejo entre animais com
histoacuterico de fobia a sons de trovatildeofogos de artifiacutecio e animais sem histoacuterico de
fobia
Os paracircmetros comportamentais mais frequentes e com escores mais altos
relatados pelos proprietaacuterios em situaccedilotildees de trovatildeo ou fogos de artifiacutecio foram
arfar tremer se esconder procurar por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e
salivaccedilatildeo Os paracircmetros destruiccedilatildeo eliminaccedilatildeo e autoflagelo natildeo foram
descritos pelos proprietaacuterios no presente estudo
Tanto o som de trovatildeo como o som de fogos satildeo capazes de produzir aumento da
a razatildeo LFHF nos animais natildeo-foacutebicos e nos animais foacutebicos No entanto a
magnitude do aumento na razatildeo LFHF produzida pelo som eacute significativamente
maior em animais foacutebicos do que em animais natildeo-foacutebicos
Nossos dados tambeacutem mostraram que o tipo de estiacutemulo (trovatildeo x fogos) natildeo
interfere na resposta autonocircmica jaacute que natildeo houve diferenccedila entre grupos
submetidos ao trovatildeo e aos fogos
O modelo de estresse sonoro agudo produziu um aumento nos paracircmetros
vigilacircncia tremer e se esconder
Apenas animais foacutebicos submetidos ao som de fogos pelo modelo apresentaram
respostas comportamentais significativamente mais intensas que catildees natildeo-
foacutebicos nos paracircmetros tremer se esconder vigilacircncia e salivaccedilatildeo
Catildees foacutebicos submetidos ao som de trovatildeo natildeo apresentaram respostas
comportamentais significativamente diferentes de animais natildeo-foacutebicos
As respostas comportamentais descritas pelos proprietaacuterios e as exibidas pelos
catildees durante o modelo de estresse foram correlacionadas apenas nos paracircmetros
tremer e se esconder Natildeo havendo correlaccedilatildeo nos paracircmetros arfar procurar
por pessoas inquietaccedilatildeo vocalizaccedilatildeo e salivaccedilatildeo Nenhum animal exibiu os
comportamentos de eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo
66
Na correlaccedilatildeo entre os valores da razatildeo LFHF e os paracircmetros comportamentais
induzidos pelo som no laboratoacuterio foram significativos arfar tremer se
esconder fugir inquietaccedilatildeo vigilacircncia salivaccedilatildeo e sobressalto Os paracircmetros
submissatildeo procurar por pessoas e vocalizaccedilatildeo natildeo apresentaram correlaccedilatildeo
significativa com os valores da VIC Os paracircmetros eliminaccedilatildeo e destruiccedilatildeo natildeo
foram analisados uma vez que nenhum animal apresentou estes comportamentos
durante o experimento
O modelo utilizado foi capaz de gerar alteraccedilotildees comportamentais e
autonocircmicas caracteriacutesticas de estresse em catildees de companhia com histoacuterico de fobia a
sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Podendo ser empregado nas pesquisas de novos
caminhos terapecircuticos
67
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77
8 ANEXOS
ANEXO 1 Ficha geral de cadastro
IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
PPGCF- PROJETO DE MESTRADO
Identificaccedilatildeo animal 1) Nome
2) Espeacutecie
3) Raccedila
4) Pelagem
5) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
6) Data da castraccedilatildeo
7) Motivo para castraccedilatildeo
8) Idade
9) Idade de Obtenccedilatildeo
10) Origem
Identificaccedilatildeo do proprietaacuterio
1) Nome
2) Endereccedilo
3) Bairro
4) Cidade
5) CEP
6) Estado
7) Telefone
Dados familiares
1) Estado civil
2) Crianccedilas ( )SIM ( ) NAtildeO
3) Profissatildeo
4) Escolaridade ( ) 1ordm GRAU ( ) 2ordm GRAU ( ) SUPERIOR
Manejo
1) Onde dorme
2) Acesso agrave casa
3) Acesso agrave rua
4) Ambiente
5) Banho (freq local produtos etc)
6) Escovaccedilatildeo dos pecirclos
7) Dieta
Tipo ( ) Caseira ( ) comercial
Frequumlecircncia
78
Quantidade
8)Suplementaccedilatildeo ( ) SIM ( ) NAtildeO
9) Outros animais
10) Seu catildeo tem medo de sons de trovatildeo eou fogos de artifiacutecio Como ele se comporta
no momento do som
Se sim quando esse comportamento teve iniacutecio (idade)
Vocecirc se lembra de algo situaccedilatildeo ou coisa que possa ter dado iniacutecio a esse
comportamento
Ele tem mais medo um do que do outro
Assinale a seguir as caracteriacutesticas comportamentais que ocorrem de maneira
frequente e de forma exagerada trazendo transtorno mas que natildeo estatildeo
relacionadas ao momento do som de trovatildeo e fogos de artifiacutecio
1 ndash Excreccedilatildeo 4 ndash Fugir 7 ndash Agitaccedilatildeo 10 ndash Pica 13 ndash Brigar
2 ndash Pular 5 ndash Timidez 8 ndash Morder 11 ndash Cavar 14 ndash Uivar
3 ndash Agressatildeo 6 ndash Roer 9 ndash Desobedecer 12 ndash Latir 15 ndash Coprofagia
Outros _______________
Com que frequecircncia ele ocorre ( ) Frequente (diaacuterio) ( ) Ocasional
Desde quando ______
Vocecirc acha que o aparecimento do problema comportamental foi motivado por algum
fato (sons pessoas estranhas) ( ) SIM ( ) Natildeo Qual ____________
Houve mudanccedila na rotina da sua casa no ultimo ano
( ) Sim ( ) Natildeo
Se sim qual
( ) Morte de pessoa da famiacutelia
( ) Morte de animal da famiacutelia
( ) Divoacutercio
( ) Casamento
( ) Nascimento de bebecirc
( ) Animais adicionados
( ) Mudanccedila de casa
( ) Outros
79
Vocecirc acha que essa mudanccedila interferiu de alguma forma na reaccedilatildeo comportamental de
seu catildeo a eventos estressantes como sons de trovatildeo e fogos de artifiacutecio Se sim de que
forma
______________________________________________________________________
______________________________________________________________________
Porque vocecirc escolheu este catildeo da ninhada ________________________________
Porque vocecirc escolheu esta raccedila_________________________________
Vocecirc jaacute criou animais antes
( ) Sim ( ) Natildeo Qual(is)
_______________________________________
Antecedentes cliacutenicos
Algum comportamento mudou apoacutes a castraccedilatildeo________________________
Se o animal natildeo eacute castrado vocecirc planeja que ele procrie ( ) Sim ( ) Natildeo
Seu catildeo jaacute cruzou ( )Sim ( ) Natildeo
Se jaacute castrado e fecircmea quantos cios ocorreram antes da gestaccedilatildeo________
Qual a idade do 1ordm cio ___________
Que idade tinha o seu animal quando vocecirc o adquiriu__________________
O seu catildeo teve outros donos ( ) Sim ( )Natildeo
Quantos ( )1 ( )2 ( )3 ( )4 ( )Desconhece
Porque ele foi doado _______________________________
Quanto tempo vocecirc tem este animal ______________________________
Onde vocecirc adquiriu este animal
( ) Encontrado na rua
( ) Criador Canil
( ) Abrigo de animais
( ) Cria da casa
( ) Pet-Shop
( ) Amigo
( ) Outro Qual_______________
Porque vocecirc adquiriu este animal
Data da uacuteltima visita ao veterinaacuterio _____________Motivo____________
2) Vacinado ( ) SIM ( ) Natildeo Qual(is) vacinas _____________________
Vermifugado ( ) SIM ( ) Natildeo
Pulgas ( ) SIM ( ) Natildeo Carrapatos ( ) SIM ( ) NAtildeO
Faz uso de medicamento(s) ( )SIM ( ) NAtildeO Qual _______Desde ____
Jaacute fez alguma cirurgia ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Possui outros animais ( ) SIM ( ) NAtildeO Qual(is)___________________
Jaacute tentou tratar o problema comportamental ( ) SIM ( ) Natildeo
Vocecirc permite que seu catildeo
( ) Corra livre sem guia na rua
( ) Corra livre no canilquintalcasa
( ) Andar com coleira
( ) Andar sem coleira com sua supervisatildeo
( ) Soacute dentro de casa
80
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece dentro de casa__________
Qual a porcentagem do dia seu animal permanece fora de casa ___________
Qual tipo de moradia vocecirc vive
( ) Apartamento
( ) Casa na cidadeCondomiacutenio
( ) Casa com quintal pequeno
( ) Casa com quintal grande
( ) SiacutetioFazenda
Onde seu animal dorme (Cheque todas as opccedilotildees noacutes sabemos que os animais movem-
se a noite)
( ) Em cima da sua cama
( ) No canil
( ) Na cama dele no seu quarto
( ) Em outro cocircmodo
( ) No quintal
Descreva com detalhes como vocecirc prepara para sair de casa quando o animal vai ficar
sozinho Vocecirc ignora seu animal vocecirc busca por ele e se despede vocecirc demonstra um
afeto exagerado por ele
Quantas vezes seu catildeo caminha ou sai de casa por dia
Problema atual
1) Queixa Principal
2) Histoacuterico
81
ANEXO 2 Ficha Neuroloacutegica
ProprietaacuterioNome
Idade
Telefone Raccedila (M) (F) (C)
Data
QUEIXA Neuroloacutegica
Qual eacute o problema Quando comeccedilou Como evoluiu
AVALIACcedilAtildeO DA CABECcedilA
Personalidade e atividade
Histoacuterias de convulsotildees Sim Natildeo
Endocrinopatias Sim Natildeo Qual(is)
Postura da cabeccedila
Coordenaccedilatildeo da cabeccedila
NERVOS CRANIANOS
Olfativo (I)
Ameaccedila (II e VII)
Reflexo Pupilar (II e III)
Tamanho da pupila (II PS Simp)
Simetria da pupila (PS Simp)
Estrabismo (III IV VI VIII)
Nistagmo Vestibular (III IV VI VIII)
Nistagmo espontacircneo (VIII)
Reflexo do ouvido laacutebio olho (V VII)
Temporal e Masseter (V)
Vestibular especial (VIII)
Audiccedilatildeo (VIII)
Degluticcedilatildeo (IX X)
Regurgitaccedilatildeo (X)
Laringe (X)
Trapeacutezio (XI)
Liacutengua (XII)
Sinais Vitais
Avaliaccedilatildeo do modo de andar Caminhada Trote Rotaccedilatildeo
82
ALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS TORAacuteCICOS
Carrindo de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do biacuteceps E D
Reflexo do triacuteceps E D
Extensor radial do carpo E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Sensaccedilatildeo superficial
Dor no Pescoccedilo
Atrofia muscular
AVALIACcedilAtildeO DOS MEMBROS PEacuteLVICOS
Carrinho de matildeo
Pular num soacute peacute ED
Posicionamento ED
Propriocepccedilatildeo E D
Resistecircncia Extensora E D
Reflexo do patelar E D
Reflexo do tibial craniano E D
Reflexo gastrocnecircmio E D
Reflexo Flexor E D
Extensatildeo cruzada E D
Dor profunda E D
Sinal de Babinski E D
Reflexo anal
Resposta do rabo
Paniacuteculo
Niacutevel sensitivo
Atrofia muscular
83
ANEXO 3 Ficha de avaliaccedilatildeo de Fobia
UFRRJ- IB ndash DEPARTAMENTO DE CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
Animal
Responsaacutevel
Data
ESCALA DE AVALIACcedilAtildeO DE FOBIA A SOM DE TROVAtildeO
E FOGOS DE ARTIFIacuteCIO
ATITUDE DESTRUTIVA
0 1 2 3 4 5
Pequenos danos(destruir objetos pequenos) Grandes danos (destruir porta parede moacuteveis)
ELIMINACcedilAtildeO (urina fezes)
0 1 2 3 4 5
Pouco Muito
VOCALIZACcedilAtildeO uivo latido lamento
0 1 2 3 4 5
Cerca de 2 min 5-15 min 15-30min 30min ndash 1 h Mais de 1 hora
SALIVACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Uacutemido ao redor da boca Patas e pecirclo molhado
ESCONDER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
INQUIETACcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
ARFAR
0 1 2 3 4 5
84
Poucas vezes Todo o tempo
PROCURA PELO DONO
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
AUTO DESTRUICcedilAtildeO
0 1 2 3 4 5
Lambedura mordidas Ferimentos dente e ossos quebrados
TREMER
0 1 2 3 4 5
Poucas vezes Todo o tempo
85
ANEXO 4 Folder de divulgaccedilatildeo
86
ANEXO 5 Termo de Consentimento
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
I ndash DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO SUJEITO DA PESQUISA E
RESPONSAacuteVEL
A- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO PACIENTE
11) Nome do paciente _______________________________________
12) Raccedila________________ Pelagem________ _________________
13) Sexo (M) (F) Castrado ( ) SIM ( ) NAtildeO
14) Data de Nascimento____________
B- DADOS DE IDENTIFICACcedilAtildeO DO RESPONSAacuteVEL LEGAL
8) Nome__________________________________________________
9) Identidade_______________ Sexo (M) (F)
10) Endereccedilo_______________________________________________
Bairro____________________Cidade_______________________
CEP_______________ Telefone____________________________
II ndash DADOS DA PESQUISA
PROGRAMA DE POacuteS GRADUACcedilAtildeO EM CIEcircNCIAS FISIOLOacuteGICAS
A- TIacuteTULO DO PROTOCOLO DA PESQUISA
ldquoRESPOSTASS AUTONOcircMICAS ENDOacuteCRINAS E COMPORTAMENTAIS AO
ESTRESSE SONORO AGUDO EM CAtildeES DE COMPANHIA COM HISTOacuteRICO DE
FOBIA A SONS DE TROVAtildeO EOU FOGOS DE ARTIFIacuteCIOrdquo
B- PESQUISADORES
PESQUISADOR CARLA CAROLINE FRANZINI DE SOUZA ndash MESTRANDA
PESQUISADORA MAGDA ALVES MEDEIROS ndash ORIENTADORA
C- GRAU DE RISCO DA PESQUISA
SEM RISCO
IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS
DO SUJEITO DA PESQUISA
87
A - Acesso a qualquer tempo agraves informaccedilotildees sobre procedimentos riscos e benefiacutecios
relacionados agrave pesquisa inclusive para dirimir eventuais duacutevidas
B - Liberdade de retirar seu consentimento a qualquer momento e de deixar de participar
do estudo
C - Salvaguarda da confidencialidade sigilo e privacidade
V INFORMACcedilOtildeES DE NOMES E TELEFONES DOS RESPONSAacuteVEIS PELO
ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA PARA CONTATO EM CASO DE
INTERCORREcircNCIAS CLIacuteNICAS
Mestranda Med Vet Carla C F Souza Profordf Drordf Magda Alves Medeiros
Cel (21) 8184-6997 Cel (21) 8222-6869
E-mail carlacarolvetgmailcom E-mail magdamedeirosgmailcom
VI - CONSENTIMENTO POacuteS-ESCLARECIDO
Declaro que apoacutes convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que foi explicado consinto que meu animal participe do presente Protocolo de Pesquisa
Rio de Janeiro _____ de _____________ de 20014
__________________________________
Assinatura do responsaacutevel legal
__________________________________
Assinatura do pesquisador
88
ANEXO 6 Ficha de Protocolo Experimental
Data Pesquisadores
Experimento
Prop Nome Idade Peso Sexo
Temperamento
Exame cliacutenico
Temperatura Mucosas Ausculta
Otoloacutegico
Protocolo experimental
Basal casa Transporte Chegada Basal sala Coleta 2 SOM Coleta 3 Coleta 4 Coleta 5 Coleta6
Escore comportamental
COMPORTAMENTO NOTA
1 arfar
2 tremer
3 postura de submissatildeo
4 se esconder
5 procurar por pessoas
6 vigilacircncia
7 inquietaccedilatildeo
8 vocalizaccedilatildeo
9 atitude destrutiva
10 salivaccedilatildeo
11 eliminaccedilatildeo
12 disparada
13 fugir da sala
14 sobressalto
Escala de quatro notas 0 = natildeo observado 1 = observado algumas vezes 2= observado frequentemente e 3 =
observado durante todo o tempo de estiacutemulo
Observaccedilotildees
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