resoluÇÃo 1778 2012.odt

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DE 5 DE SETEMBRO DE 2011. Regulamenta o art. 26 da Lei n.º8.625/93, disciplinando, no âmbito doMinistério Público do Estado do Rio deJaneiro, a instauração e tramitação doprocedimento investigatório criminal. O PROCURADOR-GERAL DEJUSTIÇA DO ESTADO DO RIO DEJANEIRO, no uso de suas atribuiçõeslegais, CONSIDERANDO o disposto no art.127, caput, e no art. 129, incisos I, II,VIII e IX, da Constituição da República, CONSIDERANDO o disposto no art. 26da Lei nº 8.625/93 e no art. 4º,parágrafo único, do Código deProcesso Penal; CONSIDERANDO a edição daResolução n.º 13/2006, do ConselhoNacional do Ministério Público (CNMP),que disciplinou, no âmbito do MinistérioPúblico Brasileiro, a instauração e atramitação do procedimentoinvestigatório criminal; CONSIDERANDO a necessidade deregulamentar, no âmbito do MinistérioPúblico do Estado do Rio de Janeiro, ainstauração e tramitação doprocedimento investigatório criminal; CONSIDERANDO a necessidade deefetivar o combate à criminalidade,primando pelo resguardo do poderpunitivo estatal; e CONSIDERANDO, por fim, o queconsta nos autos do Proc. MPRJ201100471874, R E S O L V E Capítulo I DA DEFINIÇÃO E FINALIDADE Art. 1º- O procedimento investigatóriocriminal é instrumento de naturezaadministrativa e inquisitorial, instauradoe presidido pelo membro do MinistérioPúblico com atribuição criminal, e terácomo finalidade apurar a ocorrência deinfrações penais de natureza pública,servindo como preparação eembasamento para o juízo depropositura, ou não, da respectiva açãopenal. Parágrafo único- Oprocedimento investigatório criminalnão é condição de procedibilidade oupressuposto processual para oajuizamento de ação penal e não excluia possibilidade de formalização deinvestigação por outros órgãoslegitimados da Administração Pública. Capítulo II DA INSTAURAÇÃO Art. 2º- Em poder de quaisquer peçasde informação, o membro do MinistérioPúblico poderá: I - promover a ação penal cabível; II - instaurar procedimentoinvestigatório criminal; III - encaminhar as peças para oJuizado Especial Criminal, caso a

infração seja de menor potencialofensivo; IV - promover fundamentadamente orespectivo arquivamento; V - requisitar a instauração de inquéritopolicial. Art. 3º- O procedimento investigatóriocriminal poderá ser instaurado deofício, por membro do MinistérioPúblico, no âmbito de suas atribuiçõescriminais, ao tomar conhecimento deinfração penal, por qualquer meio,ainda que informal, ou medianteprovocação. § 1º- O procedimento deverá serinstaurado sempre que houverdeterminação do Procurador-Geral deJustiça, diretamente ou por delegação,nos moldes da lei, em caso dediscordância da promoção dearquivamento de peças de informação. § 2º- A designação a que se refere o §1º deverá recair sobre membro doMinistério Público diverso daquele quepromoveu o arquivamento. § 3º- A distribuição de peças deinformação deverá observar as regrasinternas previstas no sistema de divisãode serviços. § 4º- No caso de instauração de ofício,o membro do Ministério Público poderáprosseguir na presidência doprocedimento investigatório criminal atéa distribuição da denúncia ou promoçãode arquivamento em juízo. § 5º- O membro do Ministério Público,no exercício de suas atribuiçõescriminais, deverá dar andamento, noprazo de 30 (trinta) dias a contar de seurecebimento, às representações,requerimentos, petições e peças deinformação que lhes sejamencaminhadas. § 6º- O procedimentoinvestigatório criminal poderá serinstaurado por grupo de atuaçãoespecial composto por membros doMinistério Público, cabendo suapresidência àquele que o ato deinstauração designar. Art. 4º- O procedimento investigatóriocriminal será instaurado por portariafundamentada, devidamente registradae autuada, com a indicação dos fatos aserem investigados e deverá conter,sempre que possível, o nome e aqualificação do autor da representaçãoe a determinação das diligênciasiniciais. Parágrafo único- Se, durante ainstrução do procedimentoinvestigatório criminal, for constatada anecessidade de investigação de outrosfatos, o membro do Ministério Públicopoderá aditar a portaria inicial oudeterminar a extração de peças parainstauração de outro procedimento. Art. 5º- Da instauração doprocedimento investigatório criminal far-

se-á comunicação imediata e escrita aoProcurador-Geral de Justiça ou aoórgão a quem incumbir por delegação,nos termos da lei. Capítulo III DA INSTRUÇÃO Art. 6º- Sem prejuízo de outrasprovidências inerentes à sua atribuiçãofuncional e legalmente previstas, omembro do Ministério Público, nacondução das investigações, poderá: I - fazer ou determinar vistorias,inspeções e quaisquer outrasdiligências; II - requisitar informações, exames,perícias e documentos de autoridades,órgãos e entidades da AdministraçãoPública direta e indireta, da União, dosEstados, do Distrito Federal e dosMunicípios; III - requisitar informações edocumentos de entidades privadas,inclusive de natureza cadastral; IV - notificar testemunhas e vítimas erequisitar sua condução coercitiva, noscasos de ausência injustificada,ressalvadas as prerrogativas legais; V - acompanhar buscas e apreensõesdeferidas pela autoridade judiciária; VI - acompanhar cumprimento demandados de prisão preventiva outemporária deferidas pela autoridadejudiciária; VII - expedir notificações e intimaçõesnecessárias; VIII - realizar oitivas para colheita deinformações e esclarecimentos; IX - ter acesso incondicional a qualquerbanco de dados de caráter público ourelativo a serviço de relevância pública; X - requisitar auxílio de força policial. §1º - Nenhuma autoridade pública ouagente de pessoa jurídica no exercíciode função pública poderá opor aoMinistério Público, sob qualquerpretexto, a exceção de sigilo, semprejuízo da subsistência do carátersigiloso da informação, do registro, dodado ou do documento que lhe sejafornecido. § 2º- O prazo mínimo para resposta àsrequisições do Ministério Público seráde 10 (dez) dias úteis, a contar dorecebimento, salvo hipótese justificadade relevância e urgência e em casos decomplementação de informações. § 3º- Ressalvadas as hipóteses deurgência, as notificações paracomparecimento devem ser efetivadascom antecedência mínima de 48 horas,respeitadas, em qualquer caso, asprerrogativas legais pertinentes. § 4º - A notificação deverá mencionar ofato investigado, salvo na hipótese dedecretação de sigilo, e a faculdade donotificado de se fazer acompanhar poradvogado. § 5º- As correspondências, notificações,

requisições e intimações do MinistérioPúblico quando tiverem comodestinatário o Governador do Estado,membros do Poder Legislativo oudesembargadores, serãoencaminhadas pelo Procurador-Geralde Justiça. § 6º- As autoridades referidas noparágrafo 5º poderão fixar data, hora elocal em que puderem ser ouvidas, sefor o caso. § 7º- O membro do Ministério Públicoserá responsável pelo uso indevido dasinformações e documentos querequisitar, inclusive nas hipóteseslegais de sigilo. Art. 7º- O autor do fato investigado seránotificado a apresentar, querendo, asinformações que consideraradequadas, facultado oacompanhamento por advogado. Art. 8º- As diligências serãodocumentadas em autocircunstanciado. Art. 9º- As declarações e depoimentosserão tomados por termo, podendo serutilizados recursos áudio-visuais.. Art. 10 - As diligências que devam serrealizadas fora dos limites territoriais daunidade em que se realizar ainvestigação, serão deprecadas aorespectivo órgão do Ministério Públicolocal, podendo o membro do MinistérioPúblico deprecante acompanhar a(s)diligência(s), com a anuência domembro deprecado. § 1º- A deprecaçãopoderá ser feita por qualquer meio hábilde comunicação, devendo serformalizada nos autos. § 2º- O disposto neste artigo não obstaa requisição de informações,documentos, vistorias, perícias aórgãos sediados em localidade diversadaquela em que lotado o membro doMinistério Público. Art. 11- A pedido da pessoainteressada será fornecidacomprovação escrita decomparecimento. Art. 12- O procedimento investigatóriocriminal deverá ser concluído no prazode 90 (noventa) dias, permitidas, porigual período, prorrogações sucessivas,por decisão fundamentada do membrodo Ministério Público responsável pelasua condução. § 1º- O membro do Ministério Públicodo Estado, manterá, paraconhecimento dos órgãos superiores,controle atualizado, preferencialmentepor meio eletrônico, do andamento deseus procedimentos investigatórioscriminais. § 2º- O controle referido no parágrafoanterior poderá ter nível de acessorestrito ao Procurador-Geral de Justiça,mediante justificativa lançada nosautos.

Capítulo IV DA PUBLICIDADE Art. 13- Os atos e peças doprocedimento investigatório criminalsão públicos, nos termos destaResolução, salvo disposição legal emcontrário ou por razões de interessepúblico ou conveniência dainvestigação. Parágrafo único- A publicidadeconsistirá: I - na expedição de certidão, medianterequerimento do investigado, da vítimaou seu representante legal, do PoderJudiciário, do Ministério Público ou deterceiro diretamente interessado; II - no deferimento de pedidos de vistaou de extração de cópias, desde querealizados de forma fundamentadapelas pessoas referidas no inciso I ou aseus advogados ou procuradores compoderes específicos, ressalvadas ashipóteses de sigilo; III - na prestação de informações aopúblico em geral, a critério dopresidente do procedimentoinvestigatório criminal, observados oprincípio da presunção de inocência eas hipóteses legais de sigilo. Art. 14- Opresidente do procedimentoinvestigatório criminal poderá decretaro sigilo das investigações, no todo ouem parte, por decisão fundamentada,quando a elucidação do fato ouinteresse público exigir; garantida aoinvestigado a obtenção, por cópiaautenticada, de depoimento que tenhaprestado e dos atos de que tenha,pessoalmente, participado. Capítulo V DA CONCLUSÃO E DOARQUIVAMENTO Art. 15- Se o membro do MinistérioPúblico responsável pelo procedimentoinvestigatório criminal se convencer dainexistência de fundamento para apropositura de ação penal pública,promoverá o arquivamento dos autosou das peças de informação, fazendo-ofundamentadamente. Parágrafo único- A promoção dearquivamento será apresentada aojuízo competente, nos moldes do art.28do CPP. Art. 16- Se houver notícia de outrasprovas novas, poderá o membro doMinistério Público requerer odesarquivamento dos autos,providenciando-se a comunicação aque se refere o artigo 5º destaResolução. Capítulo VI DAS DISPOSIÇÕES ESPECIAIS Art. 17- é admitida a atuaçãosimultânea no mesmo procedimentoinvestigatório de mais de um membrodo Ministério Público ou de grupodesignado pelo Procurador-Geral de

Justiça. Art. 18 - Incumbe ao Procurador-Geralde Justiça: I - instaurar e presidir o procedimentoadministrativo investigatório,pessoalmente ou mediante delegação,quando a autoridade noticiada ouinvestigada gozar de prerrogativa deforo em razão da função, conformedisciplinado na Constituição daRepública e na Constituição Estadual; II - expedir e encaminhar as requisiçõese notificações, quando tiverem comodestinatários: a) Chefe do Poder Executivo da Uniãoou dos Estados; b) Ministros de Estado ou SecretáriosEstaduais; c) membros do Congresso Nacional oudas Assembléias legislativas; d) membros dos Tribunais de Contasda união e dos Estados; e) membros doSupremo Tribunal Federal ou dosTribunais Superiores, ou ainda dosórgãos do Poder Judiciário em segundograu de jurisdição. Capítulo VII DAS DISPOSIÇÕES FINAIS ETRANSITÓRIAS Art. 19 - No procedimentoinvestigatório criminal serãoobservados os direitos e garantiasindividuais consagrados naConstituição da República Federativado Brasil, aplicando-se, no que couber,as normas do Código de ProcessoPenal e a legislação especialpertinente. Art. 20- Os membros do MinistérioPúblico do Estado do Rio de Janeirodeverão promover a adequação dosprocedimentos de investigação emcurso aos termos da presenteResolução, no prazo de 90 (noventa)dias a partir de sua entrada em vigor. Art. 21- Esta Resolução entra em vigorna data de sua publicação. Rio de Janeiro, 5 de setembro de 2011. Cláudio Soares Lopes Procurador-Geral de Justiça

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