relatÓrio das visadas do conjunto urbanÍstico …
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Estudo topográfico da bacia do Lago Paranoá considerando a visibilidade do conjunto
urbanístico tombado de Brasília
Felipe Santos Araújo1, 2
Marcone Martins Souto2
1 Universidade de Brasília – UnB/IG/LSRAE
Campus Universitário Darcy Ribeiro, CEP 70910-900
Brasília/DF, Brasil
feijao007@gmail.com
2 Secretaria de Habitação, Regularização e Desenvolvimento Urbano do DF –
SEDHAB/SIURB
SCS quadra 6 Bloco A Edifício SEDHAB 1º andar, CEP 70306-918
Brasília/DF, Brasil
felipe.araujo@sedhab.df.gov.br
marcone.souto@sedhab.df.gov.br
Abstract. Brasilia is a modernist city considered by UNESCO a Cultural Heritage of Humanity, because of this
condition will be edited a preservation plan called Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília –
PPCUB. This study came to assist the development of this preservation plan, detailing the conditions of visibility
of urban core of Brasília with reference to the basin of Lake Paranoá where the town is situated. In order to meet
the visibility requirements of this core tumbled and so assist in the development of PPCUB was that tried to
understand the topography of that basin. To do this we developed a digital terrain model of the basin and
topographic profiles drawn based on this model. After analyzing these laboratory outputs were made some in the
field test to confirm the computer outputs. With this study you could understand the visibility condition of all
preservation area of Brasilia both in the sense of the inside of the basin as the edge of basin to your urban core.
Concluded that the western boundary of the basin cannot be seen due to the geomorphology of the area studied
now the eastern boundary of the basin has almost complete visibility of the urban core.
Palavras-chave: urban planning, applied gis, digital terrain model planejamento urbano, geoprocessamento
aplicado, modelo digital de terreno
Anais XVI Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto - SBSR, Foz do Iguaçu, PR, Brasil, 13 a 18 de abril de 2013, INPE
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1. Introdução
Brasília é uma cidade modernista que foi declarada patrimônio cultural da humanidade
pela Organização das nações unidas para a educação, a ciência e a cultura – UNESCO em
1987. Desde então a cidade deve tomar algumas medidas para preservas as características de
seu plano inicial. Uma dessas medidas está sendo realizada pelo Governo do Distrito Federal
– GDF, que é a elaboração e publicação do Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de
Brasília – PPCUB.
Esse estudo visou auxiliar a elaboração desse plano de preservação detalhando a
topografia da bacia hidrográfica do Lago do Paranoá, bacia essa onde está situado o conjunto
urbanístico tombado de Brasília.
O objetivo desse estudo foi analisar a visibilidade do referido conjunto, considerando
tanto a visibilidade do conjunto urbanístico tombado a partir da linha de cumeada da bacia
quanto a partir do seu interior em relação ao horizonte definido pelo divisor de águas.
Para alcançar esse objetivo foi analisada a topografia da bacia do Lago Paranoá, foram
realizados estudos utilizando tecnologias de geoprocessamento e visitas de campo.
Foi desenvolvido um modelo digital de terreno – MDT para a bacia do Lago Paranoá a
partir das curvas de nível e pontos cotados provenientes do Sistema Cartográfico do Distrito
Federal – SICAD, com escala de restituição de 1:10.000. A partir desse MDT foi estabelecido
alguns perfis topográficos.
Com base nesse material, foi realizada no dia 03/11/2010 uma saída de campo que
resultou no estabelecimento de uma rede de pontos relevantes à verificação das interferências
do relevo nas linhas de visibilidade.
1.1 Caracterização da Área
A área tombada do conjunto urbanístico de Brasília encontra-se na bacia hidrográfica do
Lago do Paranoá que é composta de cinco sub-bacias: Santa Maria/Torto, Bananal, lago
Paranoá, riacho Fundo e ribeirão do Gama, conforme demonstrado nas figuras 1 e 2, a seguir.
Figura 1. Mapa das bacias hidrográficas do DF.
Quanto à geologia, a bacia do lago Paranoá mostra uma feição semidômica,
condicionando o padrão de drenagem semi-anular, apresentado pelo rio Paranoá e seus
afluentes. Um domo é uma estrutura de deformação consistindo de anticlinais, com contorno
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circular ou oval. Neste caso, o topo do domo de Brasília, área com maior altitude dentro da
bacia do Paranoá, localiza-se a Praça do Cruzeiro.
Quanto à geomorfologia, Novaes (1993) denomina como “Depressão do Paranoá situada
no Núcleo Semidômico do Paranoá, com uma área deprimida de cerca de 700 km² e uma
variação topográfica suave acima da cota de 1.000 m, essa unidade está circundada pela
chapada da Contagem a nordeste, norte e oeste, e pela chapada de Brasília a sul e sudeste,
apresentando, como única saída, o vale do rio Paranoá”, conforme demonstrado na figura 2.
Figura 2. Mapa de Geomorfologia do DF. Fonte NOVAES (1993).
Quanto à ocupação do solo na bacia, encontra-se em sua porção central o conjunto
urbanístico tombado de Brasília, conforme figura 3.
Figura 3. Mapa de localização da área do conjunto tombado de Brasília.
2. Metodologia
Buscando alcançar o objetivo desse estudo foi aplicadas ferramentas de
geoprocessamento e utilizado softwares de Sistemas de Informação Geográfica – SIG.
Foi desenvolvido um modelo digital de terreno – MDT para a bacia do Lago Paranoá a
partir das curvas de nível e pontos cotados provenientes do Sistema Cartográfico do Distrito
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Federal – SICAD, com escala de restituição de 1:10.000. Para elaborar esse MDT foi utilizado
a técnica de grade triangular irregular – TIN, com a triangulação de Delaunay, que segundo
Namikawa et al. (2003), é a triangulação mais utilizada em SIGs.
Como dados básicos para a elaboração do TIN foram usados os seguintes dados, em
formato ESRI Shapefiles, o polígono da bacia hidrográfica do Lago do Paranoá, as curvas de
nível com equidistância de 5 metros e pontos cotados, todos obtidos no Sistema Cartográfico
do Distrito Federal – SICAD, na escala 1:10.000.
No pré-processamento do TIN foram feitos duas ações primeiro a área da bacia foi
extrapolada por um BUFFER de 1000 metros, no intuito de se evitar erros de borda no TIN,
criando-se um novo polígono. Esse novo polígono foi usado para cortar as curvas de nível e
de pontos cotados deixando apenas os restritos à nova área.
A partir da geração do TIN foram traçados, inicialmente, 4 perfis topográficos indicados
na figura 4: perfis topográficos que serviram de base para os estudos e definição dos pontos
de saídas de campo.
As saídas de campo realizaram-se todas no mesmo dia iniciando-se as 9 horas e
finalizando às 17 horas. A saída buscou comprovar a impossibilidade de visibilidade indicada
pelos perfis topográficos.
O software de SIG utilizado para o processamento e análise do TIN e dos perfis
topográficos foi o ArcGis 9.3 e sua extensão 3D Analyst. Especificamente para os perfis
topográficos utilizou-se a ferramenta Create Profile Grafic.
Figura 4 TIN com a sobreposição da indicação dos primeiros perfis topográficos traçados.
Os quatro primeiros perfis topográficos identificados estão indicados abaixo.
Figura 5 perfil topográfico sentido N-S.
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Figura 6 perfil topográfico sentido W-E.
Figura 7 perfil topográfico sentido NE-SW.
Figura 8 perfil topográfico sentido NW-SE.
Tomando por base esse material, foi realizada uma saída de campo com o objetivo de
identificar os pontos de visada relevantes ao estabelecimento de novos perfis topográficos
requeridos para a análise em questão, de acordo com figura 9.
Figura 9 Indicação dos pontos de visada e perfis topográficos traçados desses pontos.
Relação dos pontos de visada:
P1 – Torre de TV;
P2 – Praça do Cruzeiro;
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P3 – Eixo Rodoviário Sul;
P4 – via Estrutural;
P5 – via Pistão Sul;
P6 – Catetinho;
P7 – Capetinga/Taquara;
P8 – descida da Ponte JK;
P9 – Taquari; e
P10 – Colorado.
Perfis topográficos traçados a partir dos pontos de visada indicados.
Figura 10 perfil topográfico P1-P10 sentido Torre de TV – Colorado.
Figura 11 perfil topográfico P1-P8 sentido Torre de TV – Ponte JK.
Figura 12 perfil topográfico P1-P9 sentido Torre de TV – Taquari.
Figura 13 perfil topográfico P7-P3 sentido Capetinga/Taquara – Eixo Rodoviário Sul.
Figura 14 perfil topográfico P7-P1 sentido Capetinga/Taquara – Torre de TV.
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Figura 15 perfil topográfico P6-P1 sentido Catetinho – Torre de TV.
Figura 16 perfil topográfico P4-P2 sentido Via Estrutural – Praça do Cruzeiro.
Figura 17 perfil topográfico P4-P3 sentido Via Estrutural – Eixo Rodoviário Sul.
Figura 18 perfil topográfico P5-P2 sentido Via Pistão Sul – Praça do Cruzeiro.
Figura 19 perfil topográfico P5-P3 sentido Via Pistão Sul – Eixo Rodoviário Sul.
Figura 20 perfil topográfico P5-P1 sentido Via Pistão Sul – Torre de TV.
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3. Análise e resultados
A primeira observação relevante, a partir dos 4 primeiros perfis apresentados na figura 4 é
a presença marcante do semidomo de Brasília como pesquisado por Novaes (1993), situado
entre as cotas 1126 a 1170 e que serve como divisor de águas das sub-bacias do Bananal,
riacho Fundo e do lago Paranoá.
Os eixos norte e sul do Plano Piloto desenvolvem-se longitudinalmente na base do
semidomo, tendo cota média 1050 m caracterizando plena visibilidade na direção leste em
contrapartida apresenta bloqueio visual na direção oeste.
Outra constatação foi que via EPIA se desenvolve ao longo de uma pequena depressão a
oeste entre a cota mais alta do semidomo localizada na Praça do Cruzeiro e uma outra
elevação cujo ponto mais alto situa-se nas proximidades do Regimento de Cavalaria de
Guarda do Exército. Assim sendo as áreas situadas nas sub-bacias do riacho Fundo e do lago
Paranoá não apresentam condições topográficas de intervisibilidade. Conforme pode ser
constatados nos perfis: W-E, NW-SE, NE-SW e P4-P2.
Da observação dos perfis P1-P7, P1-P8, P1-P9 e P1-P10, que representam um leque de
visadas a partir do semidomo na direção sul até nordeste, podemos verificar condições
topográficas de plena visibilidade do conjunto urbanístico tombado em direção à linha de
cumeada da porção leste do divisor de águas da bacia do lago Paranoá e vice-versa.
Outra observação é que da linha de cumeada da porção oeste do divisor de águas da bacia
do lago Paranoá conforme perfis P4-P2 e P5-P2, pode-se constatar que a topografia não
favorece a visibilidade do conjunto urbanístico tombado.
Por fim, a distância do centro geométrico da área do conjunto urbanístico tombado em
relação ao divisor de águas a oeste da bacia do lago Paranoá é praticamente o dobro da
distância ao divisor de águas a leste. Dessa forma, além do divisor de águas a oeste não ser
visível de todos os pontos da cidade em função do semidomo, mesmo dos pontos favoráveis
esta linha de cumeada encontra-se muito distante e diluída em função da topografia suavizada
em rampa conforme perfil P4-P2, P4-P3, P5-P2, P5-P1, P5-P3 e P6-P1.
4. Conclusão
Devido à assimetria da bacia do lago Paranoá, com a presença do semidomo e pelos
processos de dissecação que resultaram nos vales do riacho Fundo e do Bananal que
condicionaram à criação do lago Paranoá, a visibilidade da linha de cumeada da porção leste
da bacia é mais relevante em relação à porção oeste mais afastada e caracterizada por um
relevo mais suave.
5. Referências Bibliográficas Academia GIS. Análise Espacial com ArcGIS Apostila Teoria – Imagem, São Paulo 2009.
Novaes Pinto, Maria. Cerrado: caracterização, ocupação e perspectivas. 2ª edição, Editora Universidade de
Brasília, Brasília, 1993.
Namikawa, L.M.; Felgueiras, C.A.; Mura, J.C.; Rosim, S.; Lopes, E. S. S. Modelagem numérica de terreno e
aplicações. São José dos Campos, 2003. 158 p. (INPE-9900-PUD/129). Disponível em: <http://mtc-
m12.sid.inpe.br/col/sid.inpe.br/marciana/2003/03.10.11.36/doc/publicacao.pdf> acessado em 20 de outubro de
2010.
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