queime todos os que que deixou sua raiva-fogo incendiar o ... bruxa nao vai … · &...

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“bruxa!”, nos xingam eles.ou pensam que xingam.toda bruxa é uma mulher que deixou sua raiva-fogoincendiar o mundo ao seu redor.

no clarão das chamasque se alastramrapidamente,vemos o caminhoa seguir.

a história das mulheresse escreveu em meioao cheiro de queimadopor séculos& séculos.

agora, não mais!essa é a lutade todas as que venceram as chamas do preconceito e da opressão& descobriram comoamar profundamentea si mesmas,do jeito que são.

amanda lovelace adora histórias de fadas e de bruxas, escritas de uma maneira bem peculiar e com finais inesperados.ela mora em nova jersey, mas você pode encontrá-la como ladybookmad no twitter, instagram & tumblr.

leya.com.br

9 788544 107010

ISBN 978-85-441-0701-0

queimetodos os quetentaremqueimarvocê.

amanda lovelacetradução

izabel aleixo

abruxanão vai paraa fogueiraneste livro

Título original: The witch doesn't burn in this oneCopyright © 2018 Amanda Lovelace© desta edição 2018, Casa da Palavra/LeYa

Todos os direitos reservados e protegidos pela Lei 9.610, de 19.02.1998.É proibida a reprodução total ou parcial sem a expressa anuência da editora e da autora.

Revisão: Anna Beatriz SeilheIlustração de capa e diagramação: Leandro LiporageAdaptação de capa: Leandro Dittz

Todos os direitos reservados àEDITORA CASA DA PALAVRA Avenida Calógeras, 6 | sala 70120030-070 — Rio de Janeiro — RJwww.leya.com.br

Lovelace, Amanda A bruxa não vai para a fogueira neste livro / Amanda Lovelace ; tradu-ção de Izabel Aleixo. –- Rio de Janeiro : LeYa, 2018. 208 p. (As mulheres têm uma espécie de magia)

ISBN: 978-85-441-0701-0Título original: The witch doesn’t burn in this one

1. Poesia norte-americana 2. Autorrealização (Piscologia) em Mulheres – Poesia 3. Mulheres – Poesia 4. Feminismo I. Título II. Aleixo, Izabel

CDD 811.618-0298

dasérie

as mulheres têm uma espécie de magia:

a princesa salva a si mesma neste livro (#1)a bruxa não vai para a fogueira neste livro (#2)

para a garota em chamas.obrigada por me inspirar a

delicadamente inflamar o mundo.você pode ter

um vestido de fogo,mas esse mesmo fogo

corre em minhasveias.

&

para todas asprincesas,

para todas asdonzelas,

para todas asrainhas.

vocês já resgatarama si mesmas

tantas e tantasvezes agora

& euadmiro todas

vocês.

alerta inicial

este livrocontém

material sensívelrelacionado a:

abuso de crianças,abuso cometido por um parceiro,

estupro,distúrbios alimentares,

trauma,morte,

assassinato,violência,

fogo,menstruação,

transfobia& mais.

lembre-se de praticaro cuidado consigo mesmoantes, durante & depois

da leitura.

sumário

o julgamento .......................................................... 27

a queima ................................................................ 58

a tempestade de fogo ...................................... 99

as cinzas ...............................................................163

I.

II.

III.

IV.

aviso I:

esta histórianão é um conto de fadas bruxas.

não hábruxas.

não hácaça às bruxas.

não háos caras dos fósforos.

não háfogueiras.

não háuma revolução de fogo.

esta é uma históriasimples

na qual as mulhereslutam contra

a estruturacriada pelos homens,

que permaneceumuito mais tempo

do que devia.

15

17

aviso II:

nenhuma misericórdiaà frente.

19

“escreva seus medos.”

foi isso queme disseram.

então pegueia caneta de novo

& tracei meu caminhopor essas

feridasabertasfechadasabertas

até que o mapa de tintame levasse direto

àqueles que as abriram.

depois respireibem fundo

& invoqueiuma tempestade

toda minha.

21

me conteuma coisaaqui entre nós:

você nunca desejou

poderdançar

em cima das cinzasde todos aqueles que

sempre duvidaramdo seu valor

& debocharamdas suas palavras?

(shhh,tudo bem,não conto para ninguém.)

23

profecia Inão vou sobreviver a esse inverno. os carascom um punhado de fósforos estão

batendobatendobatendo à portada minha casa. as bruxas

podem pegar fogo, mas os caras dos fósforosnão podem tirar a forma de coração

dos lábios do meu amor quando ela sussurra meunome na escuridão. os caras dos fósforos

não podem tirar as históriasde mãe para filha que vão escorregar pelas línguas

raivosas das minhas descendentes pelosséculos que virão. os caras dos fósforos

não podem tirar das mulheres erradasa ira de ártemis, deusa da

caça(ndo aqueles que vêm para cima de mulheres como eu com olhos cheios de raiva). posso

não sobreviver aos fósforos, mas meufogo de vadia vai sobreviver a todos eles.

profecia IIo que acontecequando vocêlançaseu fósforo,

mas aa bruxa caçada pelo maridosimplesmente se recusa apegar fogo?

o que acontecequando vocêlançasua pedra,

mas aesposa acusada de adultériosimplesmente se recusa asangrar?

o que acontecequando vocêlançaseu punho (de novo),

mas suanamorada que fala a verdadesimplesmente se recusa a ficar ferida?

24

25

no correrdos séculosos animais evoluem para sobreviver ao meio ambiente,

entãoo que vai acontecerquando as mulheresfinalmente

aprenderemtambéma revidar?

(isso.)(isso.)(isso.)(isso.)

& assim a história segue...

I. o julgamento

28

os caras que passam o dia inteiro com fósforos entre os dedos nos colocam em fila & enfiam entre nossos dentes minúsculas flores amarelas com pontos pretos da erva que obriga a dizer a verdade. um a um, eles nos perguntam se sabe-mos de que crime somos culpadas. depois de uma breve pausa para pensar, falamos: “a única coisa de que somos culpadas é de sermos mulheres.” essa é, ao mesmo tempo, a reposta certa & errada. para os caras dos fósforos, nossa existência é a forma mais negra de magia, normalmente punida com a morte.

eles não sabem o que vem por aí. que fofos.

nós não devemos ter medo deles.

não não não.

eles é que devem ter medo de nós.

– a primeira lição de fogo.

29

nós damos podera tudo quequeremos,

mas também podemostirá-lonovamente,

assim.desse.jeito.

a escolhaé inteiramentenossa

& elesqueremacabar conosco

antes que nóstenhamos a chancede acabar com eles.

– o segredo mais bem guardado.

30

sinto muitomas devo confessar

que herdeia raiva de minha mãe

& araiva das mães

que vieram antes dela

& toda araiva das mães

que correupelos galhos

da nossa árvore genealógicaemaranhada.

– nada pode me extinguir.

31

paratodosque disseram que minhabisavótinha,sim, um quê de bruxa:

ela nãose comparaa mim.

– & eu só estou começando.

32

o chão...que pega fogoonde quer queuma mulherencoste neleseu pé

& sevocê não tomarcuidado,

exatamentea mesmacoisapodeacontecercom você.

– alguma destruição é bela.

33

esta éuma carta de amorhá muito devidapara cada uma& toda mulherque percorreuesses camposantes de mim&fez o caminhosuave o bastantepara que euo atravessasse echegasse ao ladoaonde eles não poderiamnunca ir.

por issodevo muito a vocês.

– mas devo algumas coisas a mim mesma também.

34

existeuma linha tênue

entreser

egoístae ser

altruísta&na maioria dos dias

posso dizerde que

ladoestou

& na maioria dos dias?

eu nãoligo.

– existem algumas coisas que tenho que fazer por mim.

35

é isso mesmo,

soua mulhercom o coração incendiáriosobre a qual todos os seus paislhe advertiram

&

quandouma árvorepega fogo,não demora muitopara quetoda a floresta

esteja em chamas.

– ainda assim nunca me importo com quem se machuca.

36

pelos deuses, espero que eu consiga apavorar você.

37

fiquede olho

emtodas essas

mulheresdesgrenhadas e

silenciosamentedespreocupadas.

você sabeque não pode

deterum incêndio,

não sabe?

– encrenca encrenca.

38

mulheres:nós podemos

fazero u r o

dol i x o.

– um feitiço.

3939

mulheres:nós podemoscriar

f o g odo

a r.

– um feitiço II.

4040

algumas vezesas mulheres sangram;

algumas vezesnão.

nãopodemos ser

assim tão facilmentedivididas

em caixaspré-fabricadas,

embrulhadascom laços e fitas cor-de-rosa.

– toda mulher é autêntica.

4141

as mulheres sãoconsideradas

possesantes de sermos

consideradasseres humanos,

& se nossas portas& nossas janelas

forem arrombadaspor homens perversos,

então somos julgadassem valor...

excluídas,desprezadas.

então nos mudamos dosnossos bairros

& criamos laresem cada uma de nós.

– fechamos aquelas portas & comemos aquelas chaves.

4242

as mulheresaprendem

a pressentircom o que quem

o perigose parece

apenaspercebendo

o olhar de uma mulher

do outro ladode uma sala

lotada.

– sobrevivência.

4343

as mulherestransmitem umas às outrasinstruçõessobre comosaber senossas bebidasestão batizadas& sempre se oferecerpara ficar de guardanas portas frágeis dos banheiros públicosumas para as outras.

– sobrevivência II.

4444

oúnico momentoem que seio queestar segurasignifica

é quandoestou numasalatransbordandode luz

& o risode mulherespreenche todo o ambiente,do chão ao teto,com cheiro de lavanda

& criauma portacom uma trancaque nenhum homempodejamais arrombar.

– segurança nunca foi nosso privilégio.

4545

nós sabemos comomanter as mulheres a salvo

das garras afiadas dos

velhos dragões de olhos apertados e insinuadores

& quando não somos rápidas o bastante para agir

sabemos exatamente o quetemos que fazer:

caminhar pelafogueira crepitante

& nadar porquilômetros de fossos

& escalar astorres cintilantes

& fazer as ferasimplorarem por nossa misericórdia.

– predadores.

4646

finalmente nos recusamosa ser vistas apenas como

corpos destinadospara o uso&consumodos homens,

então incendiamosas nuvens parafazê-los balançar,

para mostrar a elesque podemos coexistirmaravilhosamente,

maseles escolheramtomar isso como uma ameaça

& nunca nos perdoaramcompletamente

por reclamara porção do céuque sempre foi nossa por direito.

– quando aspirar ao céu é inconveniente.

4747

quando nossas habilidadesse tornaram muitas,

eles tentaramnos trancar

na escuridãosem ao menos

uma velapara nos guiar.

mal sabiam

que o nossofogo-raiva de mulher

iluminaria nosso caminho para casa

muito bem.

– você é o seu próprio farol.

4848

o homem com aquela expressão de matador de bruxas nos olhos bebe com vontade da xícara lilás lascada e, com as mãos tremendo, a faz tilintar no pires quando a coloca de volta. meu estômago revira quando o líquido escuro escorre pelo queixo dele, formando linhas. ansiosamente o homem empurra a xícara e o pires na minha direção pela mesa velha e pouco firme & rapidamente viro a xícara no pires para tirar o excesso de líquido. quando a desviro, vejo a borra de folhas marrom & pretas encharcadas, de vários tamanhos e formas, que fica no fundo. observo--as por um momento & imediatamente desvio o olhar, esfregando nervosamente as mãos na minha saia. não há nenhuma dúvida sobre o que isso significa.

“e então? o que está dizendo aí?”, pergunta ele.

eu continuo olhando para baixo. “as folhas dizem que você vai... pagar caro.”

“o-o quê?”, balbucia ele, com os olhos que quase trans-bordam de terror.

“elas dizem que... você vai pagar caro”, sussurro.

– as folhas não mentem jamais.

4949

ser umamulheré estar

pronta para a guerra,s a b e n d o

que todas as probabilidadesestão

contra você.

– & nunca desistir apesar disso.

5050

batom vermelho:um sinal externo

do fogointerno.

– nós tentamos avisar você.

batom vermelho:grito de guerra.grito de guerra.grito de guerra.

– nós tentamos avisar você II.

51

52

eles riscaram issodos livros de história,

mas em todasas grandes invenções

você encontrarámarcas de queimado

no formato dasmãos

magníficas de uma mulher.

não esqueça:precisamos seros livros de históriaagora.

– as mulheres são bibliotecas prestes a explodir.

53

as mulheresaguentamnão apenas porquesomos capazes disso;

não,

as mulheres aguentamporque não temosnenhuma outraopção.

– eles nos queriam fracas e nos obrigaram a ser fortes.

54

eles nos assistiriam queimar

antes queachássemos

que podemos sero que somos,

antes queachássemos

que somos capazes de qualquer coisa

muito maisdo que eles são.

– a triste, triste verdade.

55

elesvão tentarroubarsua luz

& usá-la comouma armacontravocê mesma.

mas háumaboanotícia:

eles não têmperseverança paracontrolá-la

como você tem.

56

“não há motivopara ter medo”,

os caras dos fósforosnos dizem bem antesde jogar

montes& montesde fósforos.

“não seja tão dramática, porra”,

os caras dos fósforosnos dizem enquanto nossa pelecai pelo chão.

“você é sempre exagerada”,

os caras dos fósforosdizem para os reflexosdeles nas poças.

– eles só queriam que fosse assim desse jeito.

57

sempre coloque a si mesma em primeiro lugar.sacrifique-se por sua própria

decisão.

– 1º mandamento das bruxas.

II. a queima

59

“a única coisa de que somos culpadas é de sermos mulhe-res”, dizemos a eles,

& isso é tudo que eles ouvem.

isso é tudo o que eles precisam ouvir antes de nos atacarem. isso é tudo o que eles precisam ouvir antes de nos juntarem como gado, mulheres adultas e crianças da mesma forma. isso é tudo o que eles precisam ouvir antes de mostrarem as cordas que escondem atrás das costas. isso é tudo o que eles precisam ouvir antes de nos amarrarem no mesmo carvalho, nos forçando a dar as mãos umas às outras em busca de conforto. (“vamos d-dar a meia-volta, v-volta e meia vamos dar...”)

isso é tudo o que eles precisam ouvir antes de levantar os pés e riscar os fósforos na sola das suas botas.

– a segunda lição de fogo.

60

paraos homens,

as mulheressão como

botões de rosadelicados.

até mesmoo jeito

que elesnos esmagam

embaixo deseus pés zangados

os deixamexcitados.

– murchar antes de florescer.

61

eles nos dizemmais uma & mais uma& mais umavezque as mulheresprecisamficar

pequenas/finas/muito magras/diminutas.

assimsomosfacilmentecolocadas no bolsopara ser usadas& jogadas foramaistarde.

curvas& gordura& pneussão um colossal“foda-se”aopatriarcado...

nossa rebeliãoinesperada.

– meu corpo rejeita seus desejos.

62

ela temtanto medo

deocuparespaçoque mesmo

o pesode seus

ossosàs vezes

parecemuito.

– a garota oca.

63

&elacomeça a seperguntarse beijostêm calorias& quantotempo levaparaqueimá-las.

– a garota oca II.

64

I. água.II. café&chá.III. adoçante zero caloria.IV. lanchinhos de cem calorias.V. um corpo tão sem peso que ninguém mais pode possuí-lo.

– a lista de compras da garota oca.

65

“estou gorda”,eu disse.

“não,você está linda.

você émaravilhosa,

esplêndidaextraordinária”,

ele respondeu.

masserá que

você não entende que

posso ser todasessas coisas

ao mesmo tempo?

penseimas não disse.

– palavras como punhais.

66

nas nossas barrigas:fogo fogo fogo

& às vezesquase mais

nada.

– esses são os jogos vorazes da vida real.

67

nas nossas mãos:brasas brasas brasasapenas esperandouma oportunidadede pegar fogo.

– pegar fogo é tão, tão fácil.

68

oshomens

nos fazemdançar

para

elesaté que

nossos péssangrem

&então

eles nosdizem apenas

para trocarnossas pantufas

de rosapara

vermelho.

– a boneca dançarina predileta deles.

69

quando a namorada delesai de cena à esquerdatodos os aldeões depravadosse reúnem & reúnem,

o cochicharcochicharcochicardo mar dos homens mortosenquanto ele recebe a tão esperada permissãodas sombras

& estica a mãopara meu cabelo preto como a água à noite,e o torce como uma corda em voltado seu punho que não perdoa,

meu pescoço jogado para trásigual ao caule do lírio brancologo antes desuspirar & quebrar.

ele se inclinapara me beijar com suaboca linda de motosserra, manchada de sangue,

& na manhã seguinte,todas as moças da aldeiatêm seu tom de sangue favoritoescorrendo da marca de batom

que leva o meu nome.

– o abuso não deve ser romantizado.

70

dizer quenem todos os homenstêmmás intenções

não me ajuda ame sentirsegura.

depois que eudeixar vocênada terámudado.

eu aindaterei medo desair de casadepois do pôr do sol,

aindasentirei confortocom as chaves na mãocomo uma arma,

aindavou questionaras intençõesde cada homem que conhecer,

aindavou me perguntarquando metornarei

71

uma históriafeita para alertaras filhasde outras pessoas,

& aindavou chorar quando ligar a televisãoe ver

mais uma vezoutro homemse safar de...

bem,do que elessempre parecemse safar.

eu não souaquela quetem que mudara maneira de pensarou de agir.eles é que têm.

– expectativas vs. realidade.

72

engulominha línguapor medotantas vezesqueo sangueencontrouumlarpermanentenosespaçosentremeus dentes.

– esse é o gosto de ser mulher.

73

fomosforçadas apassar por cimados fósforosainda incandescentesque eles usarampara eliminar nossasancestrais

&nósaindas u s s u r r a m o sas desculpasesperadasquando nossos pés

ficam chamuscados.

– um arrependimento congênito.

74

as primeiras palavras de uma mulher:

“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”

75

as últimas palavras de uma mulher:

“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”“me desculpe.”

76

eles tentamnos convencerde que nossos estupradoresserão apenas

estranhosà espreita nos arbustosna escuridão danoite escura,

que devemosterspray de pimentae canivetes

bemarrumadinhos dentrode nossas bolsaso tempo todo

(porqueaparentementemesmo o atode tentar

77

não ser estupradadeve pareceradorável& feminino),

entãoquandonossos estupradoressão

nossos avôs/pais/irmãos/tios/primos/melhores amigos/namorados/maridos,

não temos palavraspara dizer isso& ninguém está disposto anos ajudar a acender nossas tochas.

– tudo é uma distração.

78

o que a cultura do estupro faz:

me enche de um alívio fugazquando descubroque escapeido meu ex-namoradoantes de ele se tornarum estuprador

& não depois.

– o veneno se infiltrou em tudo.

79

nós passamos vidas inteirasà procura de nosso caminhopor campos de trevosescassos,

esperando, rezando,braços, olhospés & pernasfechados

que nós não sejamosaquela 1 em 6que terminoude mãos vazias,

&nós nunca somoscapazes de perdoara nós mesmas por ser

aquela que colhea esperança em tons de ametista verdeantes que as mãos de uma outraapenas v a r r a m o ar delicado.

– segurança & sorte de mãos dadas uma com a outra.

80

eunão melembrode aceitarser umafatalidadedessesdesastresprovocados pelo homem.

– ciclone.

81

n inguém deveter que carregaro insuportávelp e s o d e u m colchão pesadonas costas pela v i d a i n t e i r a .

– para emma sulkowicz.

8282

estou tendo pesadelos de novo. aquele em que o bosque retorcido ganha vida & o homem-árvore com os galhos afiados e nodosos se desenraiza do solo & vem se arras-tando para cima de mim. eu reconheceria o rosto dele em qualquer lugar. é o rosto que eles desenharam pelo fluxo das minhas palavras trêmulas de 11 anos de idade. depois de todos esses anos ele finalmente se desenraiza porque homens perversos raramente são punidos por muito tempo. seu latido é seco & áspero & seus frutos expostos apodrecem por dentro & não consigo pedalar minha bicicleta amarela para longe o suficiente. as rodas ficam presas na lama grossa da primavera & de repente estou afundando & ele exala vingança & sei que nada vai detê-lo dessa vez porque homens perversos não param até punir qualquer uma que tente lhes dizer que o mundo não está ao seu dispor enquanto o vento lhes sussurra: “pegue-a, pegue-a, pegue-a.”

– é com isso que as mulheres sonham.

8383

os homens,eles estão mea r r a s t a n d oparaa floresta de sombrasaonde nem mesmoos lobosousam ir.

eles usammeu corpocomo os homensusam os corposdas mulheres& quando elesfinalmente terminamcomigo

cortamminha língua

meus peitosminhas mãos

meus pés

& não deixampara trás nenhuma linhapara que eucosturea mim mesmade novo.

– é com isso que as mulheres sonham II.

8484

I.II.III.IV.V.VI.VII.VIII.IX.X.XI.XII.XIII.XIV.XV.

– como evitar uma violência sexual.

8585

I. não estupre.II. não estupre.

III. não estupre.IV. não estupre.V. não estupre.

VI. não estupre.VII. não estupre.

VIII. não estupre.IX. não estupre.X. não estupre.

XI. não estupre.XII. não estupre.

XIII. não estupre.XIV. não estupre.XV. não estupre.

– como evitar cometer uma violência sexual contra alguém.

8686

mase seo demônioé apenasuma mulherque foi banidapara o infernopara alimentaras chamascomocastigoporter enfrentadoos homens?

– lilith.

8787

eledisse a elapara nãobrincarcom o seupobrecoração-zinhoentão elao poupouindo e m b o r a

&foiquando elerouboutodos ossorrisos dela& jogou-osnaságuasescuras&geladasde dezembro.

– às mulheres que perderam a batalha, que descansem em paz.

8888

algunspaisvão q u e b r a ros dentesde suasfilhascom dedosesfolados

&

quandoo punhodo seu namoradovierna sua direçãoela vaioferecer a eleum sorrisocom o lábio aberto.

“é igualzinho lá em casa”,ela dirá.

– ela nem teve que bater os pés como dorothy.

89

nossoser mesmo

é consideradouma inconveniência,

nossos corpos,casas desocupadas

envoltas por camadasde fita amarela,

nossas pernas,portas duplas

para um homem(& apenas um homem)

forçar a entrada parapoder nos invadir

& colocar lá seusmóveis,

sem nuncanos perguntar

o que achamosdas cortinas.

– eles nos amam vazias, vazias, vazias.

90

às vezes seus demôniosserão homens

que mostram covinhasquando dizem “obrigado”

& abrem as portas para qualquermulher que se aproxime

& lhe mandammensagens de bom-dia/boa-noite

& se lembramdo nome de solteira da sua mãe

& surpreendem você com um bom caféem todos os seus dias ruins.

& com a mesma vozque usa para dizer

que ama você,ele contará

como sonhouem matá-la

de várias maneiras diferentesnoite passada

& acordoudesejando muito isso.

– é com isso que os homens sonham.

91

&os homensvão sempre sentar(muito) pertode você

&alegar que elessó queremser aquecidospelo seu fogo

&eles vãosorrir enquantoengarrafamsuasfagulhas

& mais tarde vãocontar a todo mundoque sabem comofazer uma fogueira bem grande& terrível

completamentesozinhos.

– as mulheres sempre nascem durante um eclipse.

92

elesacham que podem escrevernossas histórias

porque

suas mãesos deixarampercorrer com a ponta do dedoa palma das mãos delas

mas

suas palavrasnitidamentenunca exalarãofumaça.

– você realmente acha que tem que chorar pela casa em que colocou fogo?

93

eu não preciso de vocêpara escrever minha história.

eu a escrevotodos os dias

& você não podenem traduzir

a porra dapontuação.

– ela.

94

pronto para umaverdade dura?

as mulheresnão precisamda sua validação.

nósjá temosa nossa própria.

– meu próprio valor não deveria parecer um ato de coragem.

95

os homensmuito frequentemente alegamque somos

romances de mistériocomum simbolismo coletivo

ao mesmo tempomuito frívolo & muito difícil

para que elessequer sonhemem nos entender,

então em vez deperderem tempo desvendandonossos enredos complexos,

eles escolhema saída mais fácil...e jogam gasolina em nós,

lançam fósforos sobreseus ombros,

& riem enquantovão embora.

– chamem-nos de alexandria.

96

seguindoospassosdotoloícaro,

os homensforamtentadosa resvalar com a ponta dos dedosnossas chamasimpressionantes

& tiverama ousadiade ficar surpresosquando suas asas de cerafabricadas

d e

r r

e t

e r

a m.

– mas tente não reagir exageradamente, querido.

97

você não sabe quea aflição de uma mulherpode causare x p l o s õ e sem outrasdimensões?

– se não sabe, vai descobrir.

98

queime todos os que tentarem queimar você.

– 2º mandamento das bruxas.

III. a tempestade de fogo

100

os fósforos acesos caemcaemcaem em cima de nós & param bruscamente bem antes que as chamas famintas lambam nossos pés. fechamos nossos olhos bem apertados, nos preparando para o fim violento. o ar espesso reverbera com “amo você” & “vamos nos encontrar outra vez”, mas a única coisa que se segue é o silêncio. relutantemente nos forçamos a ficar de olhos abertos quando ouvimos os caras dos fósforos gritando enfurecidos ao fundo.

“nunca sonharíamos em deixar os caras dos fósforos nos usarem para machucar você”, a fumaça murmura suavemente para nós. “shhh, não se preocupe. vamos fazê-los pagar por isso”, sussurra de novo e envolve nossos corpos até que sejamos consumidas por uma barreira de proteção cinza.

usamos nossos poderes combinados para fazer os fósforos irem noutra direção.

os caras dos fósforos não são rápidos o bastante para nós.

– a terceira lição de fogo.

101

eles podemnos oferecervestidos transpassados.

eles podemnos presentear comasas virgens.

eles podem nos forçara usar o nome deles.

eles podemnos trancarem quartos pequenos.

eles podemroubarnossas palavras.

eles também podemtentar tirarnossas escolhas,

mas a única coisaque eles não podemnunca roubar?

essadeterminaçãoferoz.

– o que june me ensinou.

(homenagem a O conto da aia, de Margaret Atwood)

102

a sociedadecolocouum espartilhoem nós,

puxou os cadarços& nos amarroubem apertado

como se afinasseum violinonovo,

&até que os cortemosfora

&mostremososossos

nuncavamos descobrirquem nósrealmente somos.

– desaprender esse ódio a si mesma habitual.

103

nós podemosser muito magras& nós podemosser feliz,

mas

ser muito magrasnão é a mesma coisaque ser feliz.

– temos que voltar para casa dessa batalha perpétua.

104

eu aprecio:

cada pneuzinho.cada cicatriz.cada marca de acne.cada quilo extra.cada estria.cada cabelo esquisito.cada celulitezinha.o único corpo que eu tenho.

– coisas que ainda luto para dizer & tudo bem.

I.II.

III.IVV.

VI.VII.

VIII.

105

sevocê não podeadubar suas própriasraízes,

nãocorteforasua árvore

parapunirochão.

não...respire,dê um passo atrás& abra para si mesma

o espaçonecessáriopara florescer.

– do livro de feitiço das bruxas verdes.

106

não háproblemaalgum

emacordarcom umimpulso irresistívelde cobrirtodos os espelhos.

o amor-próprionão éuma evoluçãoinstantâneanemdo dia para a noite,

masao menos tenteabriras janelaspara deixar a brisa entraràs vezes, de vez em quando.

– uma bruxa sabe que os espelhos às vezes mentem.

107

sorvao elixirlustrosodas minhasmãosem concha.

vá em frente,pegue o tantoou o poucoque precisar.

deixe-oguiá-laa umesplêndidocaso de amorconsigo mesma

até queesse amorse torne suasegunda naturezae você não precisemais dele.

aí,beberemos juntas.tim-tim.

– uma poção de amor-próprio.

108

você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.

109

você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.você tem que comer. você tem que comer. você tem que comer.

(homenagem a Garotas de vidro, de Laurie Halse Anderson)

110

comer.encha a si mesma

de energia,de luz do sol.

trate o seu corpocom ternura &

lavanda.

– precisamos de você aqui & inteira.

111

euvou ser

aquela vozque diz a você

para cobrir seus braçoscom pétalas de flores

em vez de.

– seu inverno vai chegar ao fim.

prato:

mulher

ingredientes:

I. açúcarII. malevolênciaIII. tudo que não é muito legal

modo de fazer:

I. pré-aqueça o caldeirão a 200 graus.II. misture os ingredientes num recipiente de médio para grande.III. adicione mais malevolência se necessário. (& ah, será necessário.)IV. deixe ferver de 10 a 12 minutos.V. coma. repita as duas&três&quatro vezes que sempre lhe negaram. lamba os dedos depois.

– do livro de receitas das bruxas.

112

113113

“eu nãouso maquiagem para os outrosda mesma maneiraque não

decorominha casa para os outros.aqui é o meular

&tudo que façoé paramim.”

– tweet de 28 de setembro de 2016.

114114

o quequero dizercom issoé

perditantose tantosanos

da minha vidaestandomuito

exausta/cansada de fome/deprimida/triste demaispara sairda cama...

sem terescolhaa não ser ficar olhando fixopara as paredes

onde rasgueitodo o papelde parede com floresempoeirado

em tiras finascom unhasquebradas...

115115

paradeixar você acreditarque eu apenas me leveia

obsessões/ casca de ferida/números/ hematomaspara poderpintar um

pequeno mural na porta do jardimpara você & para vocêapenas.

– não tenho vergonha de dizer que sou minha primeira prioridade.

116116

realizaros

desejos delenão

éo

objetivodestavida.

– há muito mais esperando por nós.

117117

nãoimportao que elesdizem a você,nãoésua obrigaçãosereducadacom ninguémquenão éeducadocom vocêprimeiro.

– levante-se, você não é o capacho de ninguém.

118118

tu és

o ás da sortedo baralho,

uma flechaardente

penetrandopelo pseudo

oco queeles odeiam.

tu. és.

– aceitar(ás).

119119

pintesuas unhasde preto,

coloque glitterno seu rosto,

façamuitasselfies,

cumprimentetodas as suasirmãs

(não,não apenasas suas cis-ters)

& lance um feitiçoem todohomem

queassobiarpara você.

– uma mensagem minha rabiscada no seu espelho.

120120

“meu corpoé uma cidade histórica

& sou a únicacom permissão para

incendiaras construções.”

– reivindique a si mesma.

121121

“vadia”, cospe ele.

“bruxa”, zomba ele.

& eu respondo:“na verdade, sou as duas.”

– reivindique tudo.

122122

não,mulheresnão sãovasos aserem

enchidoscom seusdesejos.

mulheres:únicas,

originais,criativas,adoráveis,humanas.

então não énunca possível

copiar nem colaraqui.

– nada de personagem coadjuvante meio doidinha.

123123

eu não souuma recordaçãoque você pode enfiar naestanteentreo bukowski& o thoreau.

eu não souuma margarida secaque você pode guardarnuma caixinha& deixá-la bemacima da suacabeça que dorme.

eu não souseu troféu de participaçãoda gentilezanem nadaque você possuaorgulhosamente.

às vezesa amizade é aporra doprêmio,então agradeçapor eu deixar você entrarpelo menos.

– A FRIENDZONE NÃO EXISTE.

124124

roteiropara quando

elediz que

você ébonita:

“eu sei.”

– confiança não é egocentrismo.

125125

roteiropara quandoele dizpara vocêsorrir:

“vá se ferrar.”

– confiança é saudável.

126126

quando ele disserque você não seria nadasem ele,

vou lhe dartodos os recursosnecessários.

primeiro,despeje carvãopela sua garganta.

depois,persiga-o comseu fósforo aceso.

então você podese sentir segura quandodisser a ele

que o limpoude si mesma, do seu corpo& alma,

& será que você consegue verisso?

você está muito bemsemele.

– o corpo se regenera sempre que você quiser.

127127

eles não queremque sejamos

maria-vai-com-as-outrasmas

eles não queremque sejamos

antipáticastampouco.

isso colocaa questão:

será que eles querem que existamos

fora das suas fantasiasde altas horas?

– não sou sua boneca de papel, nem sua boneca inflável.

128128

seja amulherprotagonistaantipática

(sinônimos:vadia,realista,igual a um desses heróis típicos)

da qual todos os homensamamreclamar.

– é muito mais divertido desse jeito, não é?

129129

nesse romancea mulher protagonista

afirma que ela não écomo as outras

não porque acheque a feminilidade delas

é um insulto ouuma fraqueza, não...

é porque

ela sabeque todas as mulheres têm

sua magia própriae única

que não pode ser replicada por ela

ou nenhuma outramulher.

– a reviravolta do enredo que todas estávamos esperando.

130130

nãoháapenasumcorpode mulher.

nós somossimplesmentemulheresque por acasotêmcorpos...

abrigosconstruídos paraproteger nossaraiva-fogo de mulherdos furacões.

– toda mulher é autêntica II.

131131

ser mulhernão tem que significaressa competiçãotorta.

vamoscultivara ideia de ser mulheraté que ela cresçae se torne irmandade.

espalharemossementes de lavandasobre nossasvelhas feridasaté que fiquemos finalmente

c u r a d a s.

– suas irmãs não são suas inimigas.

132132

temos que ajudar umasàs outras a nos levantar acima

das chamas.

– mulheres apoiando mulheres.

133133

definitivamente,deixe seus julgamentosmorrerem na fogueira.

– mulheres apoiando mulheres II.

134134

repitacomigoagora:

“eu sou uma mulhereu sou um ser humano

& eu sou importantesem nenhuma outra

condição exigida.

você pode nãover o meu valor,

mas eu vejo.eu vejo.”

– queridas mulheres.

135135

repitacomigoagora:

“as mulheresnão medevemnada.

absolutamente nada.

masnada

mesmo.”

– queridos homens.

136136

“meninos serão meninos”

até o dia em queeducarmos nossos filhos

a praticaremexatamente a mesma

responsabilidade,obrigação

&maturidade

que exigimos das nossasfilhas

antes de escolherseus nomes.

– nós não ensinamos, eles não aprendem.

137137

(não) sinto muitoem desapontarvocê,

mas seusorriso sedutor

não vai maisdesculpar

o mal que vocêinflige.

138138

tentenão sevangloriara si mesmoachandoque podeme q u e b r a rquandoeu sou aheroínaque sempreteve quesalvartodos os seussuper-heróisfavoritosde criança.

– diana & eu nos tratamos pelo primeiro nome.

139139

me chame devadia.

me chame de vilã.

me chame delobismulher.

me chame demau augúrio.

me chame deseu pior pesadelo

sorrindocom lábios vermelhos.

– melhor ainda, me chame pelo meu nome.

140140

não vim aqui para ser civilizada.

não vim aquipara me sentar com você

com uma xícara de chá& um muffin de mirtilo

para dividir enquantotento convencê-lo

a respeitar queminha existência é essencial.

você teve muitaschances

mas não estavanem um pouco a fim toda vez,

então venho aquipara assistir à sua raiva crescer

até que você finalmentee n t r e e m c o m b u s t ã o.

– vou usar o clarão para ler.

141141

esqueça-sede ser como uma moça

(seja lá o queissosignifique)

& permitaa si mesma

mostrarao mundoapenas como

com muita raiva sem nenhum arrependimento

essadesigualdadedeixa você.

deixe tudo isso

i r.

– lance chamas como uma mulher.

142142

mulheres,eu imploro:ateiem fogo.

apenas finjamque estão ajudandoos homensa sobreviver até a primaveracomo fomoscriadas para fazer.

deixem que eles fiquembem & relaxados

até queseus pulmõestenham maisfumaçado quear

&eles não tenhamcomo gritarporsocorro.

143143

queridos caras dos fósforos,

vocês conhecemtodas aquelas mulheres diabólicas

que vocês executaram entre1692 & 1693?

bem, elas asseguraramque nós herdássemos seus poderes

injetando centelhasdireto em nossas veias

& colocando chamasna ponta dosnossos dedos

& incrustandopalavras na ponta dasnossas línguas:

“entre em erupção.”

– o único desejo de katniss.

144144

vocêgentil(vírgula)forte(vírgula)resiliente(vírgula)criaturamortal(vírgula)você(ponto)

– você é uma força incontrolável.

145145

estoubem certa de quevocê tem f e i t i ç o scorrendoporsuas v e i a s.

– as mulheres têm uma espécie de magia II.

146146

toda vezque você “faz piada” com seus outrosamigos estupradoresde mãos vermelhas

que não é estupro sevocês avisam a elasantes...

toda vez quevocê pressionasua mãocheia de calos

sobre a boca“não por favor não”,de batom cor de limonada rosadela...

toda vez que você pensa em colocaralguma coisa sem gosto & que provoca sonona bebida dela...

aviste-nosnos céusvoando à noitee aterrissando atrás de você sem fazer barulho.

nós vamosesperar(im)pacientemente, com espadasenfiadas nas mangas dos nossos vestidos

147147

&ferrões manchados de sangueenfiados nasnossas botas.

(ah, vão,cabeças vãocair. cair. caindo. & r o l a n d o.)

os cavaleirosda távola redondase ajoelham pornós.

arthur,escancare seu peito & morra de ciúmes.

brienne,aqui está nosso cartão de visitas.vamos esperarsua ligação.

– a gangue de mulheres bruxas.

148148

misoginia(do gr. μισογυνία, misogynía)

subst. fem.

1. desprezo, aversão pelas mulheres.2. apenas a maneira como as coisas são.

149149

misandria(do gr. μισανδρία, misandría)subst. fem.

1. ódio pelos homens, uma reação de autopreservação.2. de algum modo, isso está indo longe demais.

150150

na minhaversãoda históriado conto de fadas,

todocolchãoespontaneamentese incendeia

toda vezque nossos “nãos”,toda vez que nossos silêncios

são tratadoscom a resistênciaensinadas pelos pais

de mãossobre nossas bocas& em volta do pescoço

& braçosque sãogaiolas de aço.

o mesmo fogoque nos alimenta,que nos nutre

151151

nunca barganhacom aculpa

& nóssempreiremos emborasem nos queimar.

– essa é a conta.

152152

de acordocom o jornal,a mulher encontrouo marido

tocandoa filha delescom suasmãos de gelo,

entãoenquanto ele dormia,tão seguro& tão profundamente

quantoa filha delesnunca maisdormiria,

a mulherpensou na armaescondida debaixoda cama,

mas decidiuque as balas eramum castigomuito, muito

suavepelo queeletinha feito.

153153

em vez disso,ela pegou sua tocha& lhe deu um grandebeijo de boa-noite.

“é anoite perfeitapara uma fogueira”,observou ela

para si mesmaenquanto se sentava& bebericava seuvinho.

– essas são as novas condenações à fogueira.

154154

primeiro,

desmembrei vocêcomo uma menina de cinco anos sozinha

com sua primeira boneca de plástico,fascinada pela maneira com que

somos todos tão facilmentedesmontados,

mas não tão facilmentemontados de volta.

depois,

espalhei seus membros porsobre toda a mesa da cozinha,

sempre com cuidado para nãomanchar a madeira perfeitamente polida.

dentro da minha cabeça,eu sabia que estaria tudo bem se isso acontecesse.

sangro doze semanas num ano,então sei uma ou duas coisas sobre manchas de sangue.

(seus membros mutilados e embaralhadoseram frios ao toque mais dos que as palavras geladas

que você despejou sobre mimnaquela última noite.)

155155

finalmente,

enterrei algumas das suas partesno jardim onde apenas coisas verdes crescem;

enterrei algumas das suas partesnas paredes com teias de aranha

do ático abandonado;queimei algumas das suas partes...

e a fumaça amaldiçoao céu iluminado de prata...

antes de espalhar suas cinzasno mar nauseante.

(não me considerouma mulher rancorosa, rançosa, ranzinza,

mas se eu nunca mais for inteira outra vez,então você também não vai.)

– foi assim que me livrei de você.

156156

eladesejou que

ele queimasse& ah, como esse

filho da mãequeimou

&

ah, comoera deliciosa a

nova vida queela criou dos

ossosenegrecidos dele.

– nunca mais desamparada.

(homenagem ao musical Hamilton, de Lyn-Manuel Miranda)

157157

aproximem-se, aproximem-se.

vocês estão confortáveis?

ótimo. porque esse poema vai para todos os caras dos fósforos que erroneamente me consideraram uma garota bobinha, indigna de sua verdade, indigna do seu amor & indigna do seu respeito. saibam que toda vez que vocês acordarem sobressaltados, caindo, fui eu que empurrei vocês dos seus sonhos das 3 da manhã. & saibam que toda vez que vocês sentirem aquele arrepio subindo e descendo pela sua coluna num dia quente de verão, sou eu dançando sobre o túmulo de vocês. & saibam que toda vez que vocês perceberem uma sombra ao seu lado, sou apenas eu, me certificando de que vocês nunca mais vão machucar outra mulher de novo.

é uma vergonha que vocês tenham que finalmente aprender que existem consequências por tratar as mulheres como se elas não fossem n a d a .

vocês podem ter ido embora, mas um pedaço de mim os seguirá para sempre.

ora, isso não é romântico?

– vingança é o novo seguindo em frente.

158158

talvezeu não seja a“ex-namorada maluca”

talvezeu seja apenas uma pessoareagindo racionalmente

ao fato de as mulheresserem abusadas& desprezadas

que a sociedadede alguma maneira

nos convenceuser algo completamentenormal.

– me recuso a continuar fingindo.

159159

você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?você ainda me odeia?

160160

seatéa ideiade ficar de pépor mim mesmaassusta vocêentãodane--seacho queo poderque você pensavaque tinhasobre mimnão era tãogrande assimemprimeiro lugar.

– masculinidade frágil.

161161

masestou divagando.

o que tenhotentado dizer

esse tempo todoé que

quando vocêerrou comigo

estavaesperando que eu

o perdoassecomo uma

boa e bem-educadamulher,

mas na verdadevocê finalmente

ficou conhecendoo gosto que o fogo tem.

– & não, não tem gosto de uísque.

162162

não peça desculpas; não aceite desculpas.

– 3º mandamento das bruxas.

IV. as cinzas

164164

eis a história inteira como ela me foi contada. as bruxas tomaram o fogo que deveria erradicá-las & o usaram contra os seus assassinos. você acredita que eles nunca imaginaram que elas fossem escapar dessa? eu sei, eu sei. agora lhe dou um punhado de centelhas, minha audaciosa. tenha para com eles a mesma misericórdia que eles tiveram para com as nossas ancestrais no passado. (nenhuma, nenhuma, nenhuma.) deixem-nos escrever a história delas nas cinzas dos seus inimigos & então nós vamos finalmente terminar o que elas começaram.

pelo que mais não seja, vamos nos certificar de que eles nunca mais terão a oportunidade de nos silenciar de novo.

não tenha medo. mesmo que você não acredite em si mesma, eu acredito. eu sempre acreditei em você.

você sabe o que fazer.

– a última lição de fogo.

165165

elesdisseram a poesiaestá morta,entãoas mulherescansadasmas sempre determinadastomaram issocomo umdesafio&se unirampara dar à luzseu encantamentode ressurreição.

– necromantes.

166

eu sou uma poeta& porra,eu seidisso.

sente-se&presteatenção

enquantopegoseunome

& o arrastoparaas chamas

que vocêacendeu pensandoem me destruir.

– não vou repetir novamente.

167167

tenho que alertar você, meu amor. os homens vão tentar convencê-la de que roubamos a poesia deles. eles vão acender aqueles fósforos curtos & tentar jogá-los em nós mais uma vez, mas vão perder & não serão felizes. ah, não mesmo. nem. um. pouco. “devolvam-na!”, eles nos gritam até que suas gargantas comecem a sangrar. eles querem dizer devolvê-la para os homens mortos que pensavam que iam levar a poesia com eles para o túmulo, os mesmos homens mortos que foram tão ingênuos de pensar que as palavras não iriam escorregar das suas mãos firmes depois que a pele tivesse se decomposto e seus ossos começassem a parecer. a ironia? foram os nossos homens que nos pediram para sair e cuidar dos girassóis, nunca, nem uma vez, sonhando com a possibilidade de que iríamos passear pelo cemitério.

– achado não é roubado.

168168

abraa peleem volta das minhas bordas

&você vai acharos ossosroubados do túmulo

de todasas mulheres poetasenganadas pelos homens.

elasnão ousariamnunca sesatisfazer em morrer.

elas continuam a escreverpela minhamão

& a irade uma mulhernão é nadasenão imortal.

– escrevendo com nenhuma luz.

169169

eu seisobreaquela vozdentrode você.

sim,eu seitudo sobreamulher

que temgritadoa vidainteira

pelachancede serouvidapor alguém.

pegueessa canetade mim& liberte- -a.

– você deve isso a si mesma.

170170

vocêachaque seu corpo é,em sua maior parte,composto deágua,

masna verdadeseu corpo é,em sua maior parte,composto depoesia.

aonde quer que vávocê deixa para tráspoças depalavrasno seudespertar.

junte ospedaçosde si mesma&chame as palavras de volta.

você merece ser inteira de novo.

– o sinal pelo qual você estava esperando II.

171171

nós precisamosdas suas palavras.

nós precisamosdas suas experiências,

nós precisamosdos seus traumas

nós precisamosda sua raiva,

nós precisamosda sua culpa,

nós precisamosdas suas paixões,

nós precisamosda história

que você acha que ninguémvai querer ouvir.

nós precisamos dessaraiva-fogo de mulher

que só vocêpode prover, então

escreva.escreva.escreva.

– o sinal pelo qual você estava esperando III.

172172

escreva o poema.(escreva a dor)

queime o poema.(queime a dor)

– sopre as cinzas nos olhos deles.

173173

a poesiaseráo quenoslevaráa essarevolução

&

a poesiaseráo quenostrarácuidadosamentede volta.

– a resistência é uma arte.

174174

silêncio → ilêncio → iolência →violência

175175

protesto → proteste → poete →poético → poeta

poesia

176176

duas mãosem concha ao redorda terra,abertaao meio,& vertendo seuconteúdonumburaco negro.

nenhuma luz...apenas aescuridãosufocante, sem some sem saída.

essaé aúnica maneiraque conheço paradescrever

a a g o n i a .

– 20/1/17

177177

quando vocêdecidesozinhopolitizarcorpos humanos&odireito decontinuar respirandosem pagarum preço exorbitantedepois,não finjaficar chocadoquando começarmosa tomar a políticacomo algo pessoal.

– como você mesmo nos diz, “agora aguente”.

178178

21 de janeiro de 2017.lembrem-se dessa data.

foi o dia em que maisde 3,3 milhões de mulheres

pegaram o fogoque lambeu

suas peles duras&maciaspor séculos

& lançaram toneladas delena velha casa

construída com feixes depalitos de fósforos brancos.

– a marcha das mulheres.

179179

em resposta,os caras dos fósforos

trancaram todas as janelas& todas as portas

para nos silenciar, o que apenas fez comque gritássemos mais alto.

ah, como o céu desabou&desaboupor dias depois disso...

alguns acreditam que eram as lágrimas das nossas ancestrais

que tiveram que assistir mas não puderamimpedir que isso acontecesse.

– a marcha das mulheres II.

180180

&quando issotudo estiver acabado,nós nosreuniremos& levantaremosnossos rostos –os olhos fechados –na direçãodo céu.

um grito/um pleito/um obrigadaàs mulheresque lutaram paramanter nosso fogovivomas foramempurradasno fossoem vez disso.

obrigadapor acreditaremque podemos ser mais do quecinzas desbotadas.

– para hillary.

181181

lutar incansavelmentepelas suas irmãs

& não se esquecerde oferecer a mão para

todos os empurrados tão para foradas margens

do papelque estão b

alançando

nabeirinha.

– tem bastante espaço para todos nós.

182182

o fogofoi

criadoparapôr

murosabaixo.

– ele tentará nos dividir.

183183

murosdevemser levantadosapenaspara mantertiranosinflamadosdo lado de fora.

– & vamos garantir que ele fracasse.

184184

umacoroa pesada

pintada de spray douradocontudo se quebrará

quando levaruma dura

queda,

queda,

queda.

– o rei tortuoso.

185185

não há nadapara eles governarem

se nós

– demolição.

virarmos esse reinode cabeça

para baixo.

186186

foda-sea ideia deficar calma.

não existeessa coisa de umlevante gentil.

não existem“por favor”nem “obrigadas”

nemjustiçasem gritos.

– a paciência é uma virtude que não podemos nos permitir.

187187

asmulheres

bem gordas, as mulheres velhas,as mulheres pobres,e as mulheres trans,as mulheres sapatas,as mulheres judaicas,e as mulheres negras,e as mulheres do islã,as mulheres inválidas,as mulheres indígenas,

as mulheres doentes mentais,as mulheres doentes crônicas,as mulheres neurodivergentes,

& todas as pessoasàs margens

desta página.

juntas & somente juntasiremos finalmente

SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.SURGIR. SURGIR.

SURGIR.

– nenhuma de nós será deixada nos cantos escuros e empoeirados.

188188

apontesuas mãos dourado-avermelhadaspara osdomínios do rei.

derreta-os. derreta-os. derreta-os.

ressusciteos domínios da rainhano lugardeles...

um santuárioprotegido ondefinalmentesejamos iguais.

nãoouseesperar por permissão.

ela nuncanos levoua lugar algum,levou?

– eles tiveram a vez deles.

189189

eiso que é complicadoem relação ao fogo:

ele permanece suavemesmo quandodestrói

tudoem seucaminho,

masdependede você

assegurarqueele

nãoqueime o bom

junto como podre.

– não podemos perder a empatia.

190190

noesconderijo escuro docastelodas rainhas-bruxas

celebramosuma guerra vencida.

sucos de laranja com sangueescorrem pelosnossosqueixos&pescoços,

e línguas gulosasos provam.

morangosmanchamnossos dedosaté as juntas

e bocas que gemem os limpam.

framboesasficam presasem nossastranças,

e dentes que doemas colhem.

191191

& frutas híbridas meio mordidascaem nosnossos colos,

e mãos de primeira viagemas buscam.

– ela amou o banquete.

(homenagem ao poema “O mercado dos duendes”, de Christina Rossetti)

192192

não deixe ninguémfazer você acreditar

que não é legalsentir raiva

quando você é maltratadavezes & vezes seguidas,

mas o que acontecena manhã seguinte

quando você vai atéa janela

e deixa o solaquecer seu rosto

& vislumbraa maneira como os raios

iluminam o mundoque você pretende consertar

mas deixaem destroços

em vez disso?

– temos que ser melhores que eles.

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quandofinalmenteessa guerra acabar,

siga-mede voltapara

osilêncio dodia,

&com suasmãos cansadas

em conchajunte um monte decascalhos,

lamente enquantoeles escorrem porentre seus dedos,

& entãocontinue andando.há muito trabalho a ser feito.

– reconstrução.

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rainhasnão precisamfazer reverências diantede ninguém.

rainhasnão precisamde beijos delicados nascostas de suas mãos.

rainhasnão precisamse desculpar antesde fazer exigências.

rainhasnão precisampedir a aprovaçãode ninguém.

&neste castelofeito dofogo das bruxassomos todasumas rainhasfilhas da puta.

– & elas beberam vinho & riram para todo o sempre.

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comorainha,

você tem duas escolhas:

pode ser malévola

& assegurarnosso fim,

ou

pode serbenevolente

& amareste mundo

e fazê-lo voltarà vida.

– um novo capítulo à espera, rainhas-bruxas.

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você nãosabeque podehaver

estantese maisestantese maisestantesde livros

escritossobresua força?

– como sempre, as mulheres salvam a si mesmas neste livro.

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saiba que essa raiva tem limites& aja adequadamente.

– 4º mandamento das bruxas.

& o silêncio.

hojevocê éo fogo

& amanhãvocê será

o mar

& eles nãoterão escolha

a não ser ouvir seu canto de sereia.

– amanda lovelace

atéa próxima:

brilhe intensamentepara que os homens pensem

que você os guia parauma outra vida.

– você é invencível.

agradecimentos especiais

I. cyrus parker – obrigada por você ter tido paciência comigo enquanto o processo de escrita deste livro me dilacerou por meses. nunca serei capaz de expressar completamente minha gratidão por tudo que você fez por mim todos esses anos. você é verdadeiramente a melhor metade de mim, meu marido-poeta. <3

II. christine day – bambi, minha melhor amiga, a líder da torcida para que eu escreva & minha alma gêmea companheira... agradeço a você eternamente por ter lido cada um & todos os rascunhos desta coletânea & por ter me convencido que esta história valia a pena ser contada, mesmo quando era a mais lamacenta das lamas. eu não seria escritora sem você.

III. minha família – minhas irmãs, meu pai, minha madrasta & todo o resto. eu estava apavorada de que vocês não apoiassem meu primeiro livro de poemas por causa dos muitos demônios que exorcizei na frente de todo mundo. estou tão aliviada de vocês terem provado que meus medos irracionais estavam errados. foi por causa do orgulho sem fim que vocês têm pelas minhas

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realizações que me senti confiante o suficiente para continuar minha jornada de escritora.

IV. aaron kent – obrigada por escrever o incentivo que inspirou “profecia I”, que, por sua vez, inspirou este livro. (esse poema foi originalmente escrito para o site do projeto de poesia do aaron, “entrevistas poéticas” [poeticinter-views.wordpress.com], onde apareceu pela primeira vez. foi incluído neste livro mediante autorização.

V. meus primeiros leitores – mira, danika, shauna, megan, liv, mason, summer & trista. eu não teria me sentido à vontade de mostrar este livro ao mundo se ele não tivesse passado pelas suas mãos primeiro. obrigada, obrigada e obrigada por cuidarem da minha bruxinha infantil e impetuosa.

VI. minhas colegas poetas – alicia cook, k.y. robinson, gret-chen gomez, sophia elaine hanson, jennae cecelia, kat savage, j.r. rouge, lang leav & todas que estão sempre na minha cabeça. obrigada por me darem boas-vindas tão calorosas a essa linda comunidade de mulheres poetas. o constante derramar de apoio que vocês oferecem foi essencial para a realização deste livro.

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205205

VII. patty rice – você é a melhor editora que uma mulher pode almejar. de algum modo você conseguiu mudar minha vida com um único e-mail. obrigada pelo amor que mostrou por minhas palavras & tudo o que fez para realizar meus sonhos.

VIII. a meus leitores – este livro é para vocês. eu não o escrevi, nós o escrevemos. mal posso esperar para ver a arte que vocês vão colocar no mundo. nunca parem de criar. precisamos disso mais do que nunca.

escreva seu nome aqui:

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sobre a autora

como cresceu devoradora de palavras & amante ávida de contos de fada, era natural que amanda lovelace come-çasse, em algum momento, a escrever seus próprios livros, & foi isso que ela fez. quando não está lendo ou escre-vendo, ela pode ser encontrada esperando por um café com especiarias para aquecê-la & assistindo a episódios de gilmore girls um atrás do outro. (antes que você pergunte: torcendo sempre para jess.) poeta e contadora de histórias a vida inteira, amanda mora atualmente em nova jersey com seu marido, o gato-coelho deles & uma coleção de livros, dela e dele, tão grande que já, já vai precisar de uma casa só para eles. ela tem B.A. em literatura de língua inglesa com especialidade em sociologia. seu primeiro livro, a princesa salva a si mesma neste livro, venceu o prêmio goodreads choice de melhor livro de poesia de 2016. esta é a sua segunda coletânea de poemas.

1ª edição Abril de 2018 papel de miolo Pólen Soft 70g/m2

papel de capa Cartão Supremo 250g/m2

tipografia Palatino gráfica

“bruxa!”, nos xingam eles.ou pensam que xingam.toda bruxa é uma mulher que deixou sua raiva-fogoincendiar o mundo ao seu redor.

no clarão das chamasque se alastramrapidamente,vemos o caminhoa seguir.

a história das mulheresse escreveu em meioao cheiro de queimadopor séculos& séculos.

agora, não mais!essa é a lutade todas as que venceram as chamas do preconceito e da opressão& descobriram comoamar profundamentea si mesmas,do jeito que são.

amanda lovelace adora histórias de fadas e de bruxas, escritas de uma maneira bem peculiar e com finais inesperados.ela mora em nova jersey, mas você pode encontrá-la como ladybookmad no twitter, instagram & tumblr.

leya.com.br

9 788544 107010

ISBN 978-85-441-0701-0

queimetodos os quetentaremqueimarvocê.

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“bruxa!”, nos xingam eles.ou pensam que xingam.toda bruxa é uma mulher que deixou sua raiva-fogoincendiar o mundo ao seu redor.

no clarão das chamasque se alastramrapidamente,vemos o caminhoa seguir.

a história das mulheresse escreveu em meioao cheiro de queimadopor séculos& séculos.

agora, não mais!essa é a lutade todas as que venceram as chamas do preconceito e da opressão& descobriram comoamar profundamentea si mesmas,do jeito que são.

amanda lovelace adora histórias de fadas e de bruxas, escritas de uma maneira bem peculiar e com finais inesperados.ela mora em nova jersey, mas você pode encontrá-la como ladybookmad no twitter, instagram & tumblr.

leya.com.br

9 788544 107010

ISBN 978-85-441-0701-0

queimetodos os quetentaremqueimarvocê.

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