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Instituto de Economia da UFRJ
PUBLICAÇÕES: ESTUDOS EM COMÉRCIO EXTERIOR
MONOGRAFIA:NATHALIA THEODOROCurso de Pós-GraduaçãoLato Sensu em Comércio ExteriorMBA/E ECEX-UFRJ
Pós-graduação em Comércio Exterior – Monografias selecionadas 2014/2015 ISSN 1413-7976
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2. IMPORTAÇÃO DE MEDICAMENTOS: Análise das principaisdificuldadesnoprocessode importaçãodemedicamentos emcidadesdepequenoporte.
Autora:NathaliaTheodorodeSouza
Orientador:Prof.IgorThiagodeAndradeCesar
NOVEMBRO,2015
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RESUMO
SOUZA, Nathalia Theodoro. IMPORTAÇÃO DE MEDICAMENTOS –Análise das principais dificuldades no processo de importação demedicamentos em cidades de pequeno porte. Rio de Janeiro, 2015.Monografia(EspecializaçãoemComércioExterior)– InstitutodeEconomia,UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro,RiodeJaneiro,2015.
Oatodeimportarmedicamentoséumdireitodequalquerpessoafísicaou jurídica, só é necessário que algumas etapas sejam seguidas. Odetalhamento desse processo e a elaboração de formas para viabilizar aimportação de medicações para lugares sem um órgão oficial voltado aoComércio Exterior são a base do projeto. De acordo com as referênciasbibliográficas constata-se que não se pode ter pressa na hora de importaralgum produto, já que os órgãos gestores anuentes no comércio exteriorpossuem seus próprios prazos, sobretudo a Anvisa, que apresenta umrigoroso controle para a dispensação demedicamentos. Logo, é necessárioqueopedidosejafeitocomaantecedêncianecessáriaparanãoprejudicarnocursodotratamento.Comomuitascidadesnãopossuemumórgãocentraldecomércioexterior,serãoindicadassoluçõesparaqueascidadesrealizemasimportaçõesdeformaobjetiva.Apesquisafoielaboradadeformaqualitativa,apresentando a forma precisa de como por em prática o objetivo damonografia.
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SÍMBOLOS,ABREVIATURAS,SIGLASECONVENÇÕESAnvisa AgênciaNacionaldeVigilânciaSanitáriaApogen Associação Portuguesa de medicamentos genéricos ebiossimilaresDI DeclaraçãodeImportaçãoIE InstitutodeEconomiaLI LicenciamentonãoAutomáticodeImportaçãoRDC ResoluçãodaDiretoriaColegiadaRFB ReceitaFederaldoBrasilSiscomex SistemaIntegradodeComércioExteriorUFRJ UniversidadeFederaldoRiodeJaneiro
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SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO..................................................................................................................25
2.IMPORTAÇÃO–PASSOAPASSO.....................................................................................252.1MODALIDADESDEHABILITAÇÃO...............................................................................262.2 SISCOMEXNAIMPORTAÇÃO..................................................................................272.2.1LICENÇADEIMPORTAÇÃO(LI)...................................................................................282.2.2DECLARAÇÃODEIMPORTAÇÃO.................................................................................29
2.3DESPACHOADUANEIRO.............................................................................................30
3.OMERCADOFARMACÊUTICOBRASILEIRO......................................................................313.1IMPORTAÇÃODEMEDICAMENTOS............................................................................333.2SISCOMEXNAIMPORTAÇÃODEMEDICAMENTOS.....................................................34
4.REGULAÇÃOBUROCRÁTICANAÁREADECOMÉRCIOEXTERIOR......................................36
5.CONCLUSÃO....................................................................................................................37
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1.INTRODUÇÃO
Segundoodicionário, importação é o processo comercial e fiscal queconsiste em trazer uma carga ou produto do exterior para o país dereferência.Amesmatendeaseradquiridavianacionalizaçãodoproduto,queocorre a partir de procedimentos burocráticos ligados à receita do país dedestino,bemcomodaalfândega,duranteodescarregamentodaentrega,quepodesedarporviaaérea,marítima,rodoviáriaouferroviária.Quandomaisdeumtipodetransporteéutilizadoparaentrega,édenominadotransportemultimodal.
De acordo com o site “Exame” – Campeões de comércio (2015), em2013oBrasilfoia21ªeconomiamundialquemaisimportou,apresentandoumcrescimentode7%.Eapesardosavançosqueopaís vemrealizando, aindústria farmacêutica ainda não oferece total cobertura em relação aosmedicamentos. Por essa razão este trabalho tem por objetivo analisar asetapasdaimportaçãoemsolobrasileiro,analisandoasexigênciasemrelaçãoàentradademedicamentosnãoproduzidosnopaís.
Ocapítulo2versasobreopassoapassodasetapasdeimportaçãodeprodutos, seja por pessoa física ou jurídica, de acordo com suasregulamentações e burocracia. O capítulo 3 fala sobre o mercadofarmacêuticoeasexigênciasdaAnvisaparaaimportaçãodemedicamentos.Por fim,o capítulo4 indicará sugestõespara cidadesquenãopossuemumórgãocentraldecomércioexterior,decomoresolveressaquestãoeatenderàdemandadapopulação.
2.IMPORTAÇÃO–PASSOAPASSO
DeacordocomVIEIRA(2015:33),aimportaçãopodeserdefinidacomoato de inserção no país de produtos ou serviços vindos do exterior, esseintercâmbio entre países é denominado como mercado globalizado. Essaprática é eficaz para as empresas brasileiras, pois impulsiona a adoção denovas tecnologias, gerando a modernização do setor industrial e preçoscompetitivos,destinadosàfabricaçãodemateriaiscommaiorprodutividadeequalidade.
A InstruçãoNormativadaSecretariadaReceitaFederalestabeleceosprocedimentos de habilitação de importadores para operar no Siscomex,alémdocredenciamentodeseusparticipantesparaaspráticasdeatividadesdestinadasaodespachoaduaneiro,segundoVIEIRA(2015:33)
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A importação é o ingresso seguido de internalização de mercadoriaestrangeira no território aduaneiro. Em termos legais, a mercadoria só éconsiderada importada após o seu ingresso no país, pormeio da etapa dedesembaraçoaduaneiroedorecolhimentodostributosexigidosemlei.Parao site “BrasilExport – definição de importação” (2015), o processo deimportaçãopodeserdivididoemtrêsfases:administrativa,fiscalecambial.
A fase administrativa refere-se aos procedimentos e exigências deórgãos de governo prévios à efetivação da importação e variam de acordocomo tipo de operação e demercadoria, ocasionando o licenciamento dasimportações.
A fase fiscal compreende o tratamento aduaneiro, por meio dodespachode importação, que é oprocedimentoonde se verifica a exatidãodos dados declarados pelo importador em relação às mercadoriasimportadas, aos documentos apresentados e à legislação específica, deacordo com o desembaraço aduaneiro. Essa etapa ocorre em recintospróprios, logo após a chegada da mercadoria no Brasil, e inclui orecolhimento dos tributos devidos na importação. Após a finalização dodesembaraço aduaneiro, amercadoria é considerada importada e pode serliberadaparaomercadointerno.
Já a fase cambial diz respeito à operação de compra de moedaestrangeira destinada a efetivação do pagamento das importações (quandoháessepagamento) sendoprocessadapor instituição financeiraautorizadapeloBancoCentraldoBrasilaoperaremcâmbio.
2.1MODALIDADESDEHABILITAÇÃO
As modalidades de habilitação são descritas por dois tipos deimportadores:pessoafísicaoupessoajurídica.DeacordocomVieira(2015:35), a habilitação da pessoa física deve ser solicitada mediante umrequerimento apresentado a qualquer unidade da Secretaria da ReceitaFederalcontendo:
-Cópiadodocumentodeidentificaçãocomfoto;
- Procuração de representante e cópia de seu documento – senecessário;
-Notafiscaldeprodutorrural–senecessário;
-Cópiadacarteiradeartesão–senecessário.
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Apessoafísicapoderárealizaroperaçõesdecomércioexteriorparaarealização de atividades profissionais, importação para seu uso e consumopróprio;erecebimentoparacoleçõespessoais.
Ahabilitaçãodapessoajurídicadevesersubmetidadeacordocomasseguintesformas:
• Sociedadeanônimade capital aberto, comaçõesnegociadasembolsa de valores ou no mercado de balcão, bem como suas subsidiáriasintegrais;
• Pessoa jurídica autorizada a utilizar o Despacho AduaneiroExpresso–LinhaAzul,quesegundoositedoMinistériodaFazenda(2015),buscamaximimaroaproveitamentodosrecursoslimitadosdaadministraçãopúblicaemoposiçãoaocrescentevolumedecomércioexterior.Comisso,aadministração aduaneira busca excelência no trato com a administraçãopública, de forma que a Aduana possa liberar recursos para áreas eoperaçõesdemaiorrisco;
• Empresapúblicaousociedadedeeconomiamista• Órgãos da administração pública direta, autarquia e fundação
pública, órgão público autônomo, organismo internacional e outrasinstituiçõesextraterritoriais;
• Pessoa jurídica habilitada para fruir dos benefícios fiscais, sejaela ilimitada (de capacidade financeira superior a USD 150.000,00) oulimitada(decapacidadefinanceiraigualouinferioraUSD150.000,00).
A habilitação da pessoa jurídica deve ser solicitada mediante umrequerimento apresentado a qualquer unidade da Secretaria da ReceitaFederalcontendo:
o Cópia do documento de identificação do responsável legal pelapessoa jurídica e do signatário do requerimento, caso sejam pessoasdistintas;
o Instrumento de outorga de poderes para representação dapessoajurídica,senecessário;
o Cópia do ato de designação do representante legal de órgão daadministração pública direta, de autarquia, de fundação pública, de órgãopúblico autônomo, de organismos internacionais, bem como dacorrespondenteidentificaçãopessoal,senecessário.
2.2 SISCOMEXNAIMPORTAÇÃO
Conforme relatado por VIEIRA (2015: 36), o Siscomex é o programaque permite processar os registros dos documentos eletrônicos nas
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operaçõesdeimportaçãoeexportação.Essesoftwareinterligaimportadores,exportadores, despachantes, transportadores, agências bancárias àSecretariadeComércioExterior(Secex),àSecretariadaReceitaFederaleaoBanco Central. Foi implantado em 1993, com o intuito de agilizar edesburocratizarasoperaçõesdeexportação,eem1997,começouafuncionartambémparaostrâmitesdeimportação.
A implantação do Siscomex contribuiu para a redução no prazo dedesembaraçodemercadorias,diminuindotambémocustoeotrânsitofísicodedocumentosdentreosváriosórgãos,alémdecontrolarapossibilidadedefraudenesseprocesso.
OsprincipaisdocumentosdeimportaçãoefetuadospeloSiscomexsão:
-LicenciamentonãoAutomáticodaImportação(LI);
-RegistrodeOperaçõesFinanceiras(ROF);
-DeclaraçãodeImportação(DI);
-ComprovantedeImportação(CI);
-ComunicadodeCompra(CCO)–usadoparaimportaçãodeprodutosquepossuempreçoscotadospelaBolsadeMercadorias&Futuros.
2.2.1LICENÇADEIMPORTAÇÃO(LI)
SegundoVIEIRA(2015:37),aLIéumdocumentoeletrônico,registradono Siscomex, utilizado para licenciar as importações de produtos cujanatureza ou tipo de operação está sujeita a controle de órgãosgovernamentais. Conforme o site do Ministério do Desenvolvimento,Indústria e Comércio Exterior (2015), a LI contém informações acerca damercadoria a ser adquiridaedaoperaçãode importaçãodemaneirageral,tais como importador,exportador,paísdeorigem,procedênciaeaquisição,regimetributário,coberturacambialeinformaçõesadicionais.
Para obtê-la, o importador ou representante legal formula a LI noSiscomex e a transmite para uma base central, recebendo uma numeraçãoespecífica, ficando dependente do respectivo órgão para aprovação ouautorização de embarque. Ela tem validade de 60 dias, desde a data dodeferimento ou autorização para embarque. Tendo presente aregulamentaçãoeo tratamento administrativo, a importaçãoédividida emdoistipos:permitidaenãopermitida.
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Aimportaçãopermitidatemolicenciamentoautomáticoqueégeradono momento da Declaração de Importação. Algumas vezes, mesmo amercadoria estando sujeita ao licenciamento automático é necessárioverificar os casos de procedimentos especiais, tais como os produtos deorigemvegetalouanimal(sujeitosàsexigênciasdoMinistériodaAgriculturae Abastecimento); borracha natural, sintética ou artificial (sujeita àsexigências estabelecidas pelo Ibama); e produtos para amianto, defensivosagrícolas,produtos farmacêuticos,perfumariaedeáreahospitalar(sujeitosàsexigênciasdaAnvisa).
Na importação permitida de licenciamento não automático, oimportador deve prestar informações mais detalhadas sobre o produto. Amercadoria é liberada para embarque somente com autorização do órgãoanuente.
Deacordocomosite“BrasilExport–sistema-administrativo”(2015),aimportação não permitida ocorre em decorrência ao país de origem damercadoria (por razões econômica, política, social ou em função derecomendações de organismos internacionais) ou em relação à próprianaturezadamercadoria,tendoemvistapreservaromeioambiente,asaúdepública,entreoutros.
2.2.2DECLARAÇÃODEIMPORTAÇÃO
Segundo VIEIRA (2015:39), a DI é um dos documentos maisimportantes, visto que por meio dele que é efetuada a nacionalização damercadoria. É nesse procedimento que o importador fornece à ReceitaFederal dados como: especificação completa da mercadoria, forma depagamento, meio de transporte, classificação aduaneira e eventuaisbenefíciosfiscais.
O registro da DI no Siscomex só é concretizado com as seguintesregras:
-Situaçãocadastraldoimportadorregular;
- Após da LI, a verificação do atendimento estiver de acordo com asnormaiscambiais;
- Posterior a chegada da carga na aduana, exceto na modalidade deregistroantecipadodaDI;
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- Após a confirmaçãodobanco sobre a aceitaçãododébito referenteaostributos,contribuiçõesedireitosdevidos,dentreelasataxadeutilizaçãodoSiscomex;
- E se caso não for constatada qualquer irregularidade impeditiva doregistro.
Comaconclusãodoregistro,aconteceaanálisefiscalemqueocorreaconferênciaaduaneira.Oscanaissãodenominados:verde,amarelo,vermelhoecinza(verANEXOA–página25).
No canal verde é dispensado o exame documental e a verificação damercadoria,poisoSiscomexregistraodesembaraçodeformaautomática.
No canal amarelo ocorre um exame documental. Caso não sejaconstatadanenhumairregularidade,odespachoaduaneiroérealizadosemanecessidadedaverificaçãodamercadoria.
No canal vermelho acontece o exame documental e a verificação damercadoria,antesdodesembaraço.
E no canal cinza, além do exame documental e verificação damercadoria,é feitoumprocedimentoespecialdecontroleaduaneiro,comoobjetivodeverificarpossíveisfraudes.
ADIconsolidaasinformaçõescambiais,tributárias,fiscais,comerciaiseestatísticasdaoperação,representandooiníciododespachoaduaneiro.
2.3DESPACHOADUANEIRO
O despacho aduaneiro é o conjunto de atos praticados pelo fiscal daReceita Federal, que tem por finalidade o desembaraço aduaneiro, com ointuitodaautorizaçãodaentregadamercadoriamedianteasuaconferência,cumprimentodalegislaçãotributáriaeidentificaçãodoimportador.
Odespachoaduaneirodeverespeitarosprazosde45,60e90dias,afim de evitar que o produto importado ocupe o espaço físico do recintoalfandegado.SegundoVIEIRA(2015:45),casoesseprazosejaultrapassado,o produto é considerado abandonado, resultando para o importador a suaperda.
Deacordocomalegislaçãoemvigor,odespachoaduaneiroédivididoemtrês:admissão,consumoeinternação.
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Odespachoaduaneiroparaadmissãotemcomoobjetivooingresso,emcaráter transitório, para permanecer no território aduaneiro por prazodeterminado.Comoexemplo:obrasparaexposiçõesartísticaseculturais.
O despacho aduaneiro para consumo ocorre quando a mercadoria éimportada em caráter definitivo, ou seja, é nacionalizada. Como exemplo:matérias-primas,bensdeproduçãoeprodutosintermediários,destinadosàcomercialização.
Sãoincluídosnodespachoparaconsumoosprodutos:
-ingressadosnopaísatravésdodrawback1;
-destinadosàZonaFrancadeManauseàÁreadeLivreComércio;
-procedentesdaZonadeProcessamentodeExportaçãonostermosdalegislaçãoespecífica;
-contidosemremessapostalinternacionalouconduzidaporviajante,seaplicadooregimedeimportaçãocomum;
-antesadmitidosemregimesuspensivode tributação,quevenhamaserdestinadosaoregimecomumdeimportação.
Já o despacho aduaneiro para internação tem por finalidade aintrodução do produto procedente da Zona Franca deManaus ou Área deLivreComércio,subordinadoaoregistrodaDInoSiscomex.
Odesembaraçoaduaneiroéo ato finaldodespachoaduaneiro,nessemomentoocorreaentregadamercadoriaaoimportadorapósoregistrododesembaraço no Siscomex, pela autoridade aduaneira. A autoridade fiscalemite um Comprovante de Importação, documento que prova o ingressolegal da mercadoria no país. Esse comprovante é o documento oficial danacionalizaçãodoproduto.
3.OMERCADOFARMACÊUTICOBRASILEIRO
O consumo de medicamentos no varejo é um indicador muitosignificativo do tamanho domercado farmacêutico. De acordo comNUNES(2015), cercade70%de todaamovimentaçãodo setorvemapartirdesta
1Segundo Vieira (2015:79), o drawback é um regime aduaneiro especial de estímulo às exportações, que permite às empresas brasileiras importarem insumos, com preços internacionais e desonerados de impostos, que serão utilizados na fabricação, aperfeiçoamento ou modernização do produto exportado. Com isso, ocorrerá a redução do custo final, aumentando a competitividade do produto no mercado internacional.
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fonte.Nosúltimosquatroanos,épossívelverumcrescimentode45,6%dofaturamentodocomérciofarmacêuticopelocanalfarmácia.
Omercadofarmacêuticobrasileiroédinâmico.Em2015,espera-sequeoBrasilocupea6ªposiçãoemrelaçãoaoconsumomundialdemedicamento,conformeprevistopelosite “SaúdeBusiness” (2011).Entre1997e2009,osrendimentosdavendademedicamentoscresceram11,4%aoano(emvaloratual),atingindoR$30,2bilhões(US$17,6bilhões),dosquais15%vieramdavendademedicamentosgenéricos.
Em 2010, tínhamos R$ 28,7 bilhões de faturamento e, em 2014, onúmeropassouparaR$41,8bilhões,demonstrandooaumentodoconsumopela população. Ainda de acordo com NUNES (2015), essa elevação foipercebidatantonaáreademedicamentosdereferênciaquantodesimilarese genéricos. As porcentagens de participação de cada medicamento, noentanto,mudaram. Osmedicamentos de referência sofreram uma baixa de5%,sendoatualmentede39%eosmedicamentosbiossimilares2 tiveramoaumentoequivalente,recebendoataxade5%,totalizando48%.Osgenéricosmantiveramamesmataxa,de13%.
O crescimento no mercado de biossimilares pode ser observado emdiversas especialidades médicas e em todo o mundo, mas, segundo a IMSHealth, conseguimos ver mais crescimento em câncer, diabetes e artritereumatóide.NoBrasil,estecrescimentopodeserexemplificadopelaparceriado Ministério da Saúde e do complexo farmacêutico “PharmaPraxis” paracriaçãodecercade25medicamentosbiossimilaresnopaís.
Como retalado por NUNES (2015), em entrevista ao EmpreenderSaúde, o Dr. Eduardo Cruz, fundador da Axis Biotec, apresentou quais asintenções da indústria brasileira na criação deste tipo de medicamento.Pretende-se criar “não apenas biossimilares, mas “biobetters” que são osmedicamentos biológicos inovadores e melhores.” De acordo com o Dr.Eduardo, o governo federal acertou em “estimular a nacionalização e aconsequente redução de custo desses e de outros produtos”, tornando omercadovantajosoepassíveldecrescimentoaindamaior.
ARelaçãoNacionaldeMedicamentosEssenciaisasseguraoacessoeousoracionaldemedicamentos,oqueresultaemumamaiordespesapública,um melhor acesso a medicamentos e uma política bem-sucedida de
2 O medicamento biossimilar é um medicamento biológico desenvolvido para ser similar a um medicamento biológico existente. É autorizado é utilizado na mesma dose para o tratamento das mesmas doenças, de acordo com o site Apogen (2015).
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medicamentos genéricos, embora o acesso universal a produtosfarmacêuticosaindanãotenhasidoalcançado,conformeALMEIDA(2011).
O Ministério da Saúde promoveu a produção de medicamentosgenéricos e busca reduzir a importação de outros medicamentos pelofortalecimento de empresas farmacêuticas brasileiras de modo a produzirprodutos essenciais para o SUS dentro do Brasil até 2013. Por exemplo, oantirretroviral Zidovudina tem sido produzido no Brasil desde 1994 e hálaboratóriosqueproduzemEfavirenzdesde2007.
Mesmocomtodooinvestimentoeavançonaáreafarmacêutica,opaísainda não consegue oferecer uma total cobertura em relação à vastavariedadedemedicamentos.Com isso,a importaçãose tornaomeioviávelparaaobtençãodemedicaçõesnãoproduzidasemsolobrasileiro.
3.1IMPORTAÇÃODEMEDICAMENTOS
Mesmo sendo possível importar remédios de outros países, apenaspodementraremsolonacionalosfármacosqueestiveremhomologadospelaAnvisa. Para isso, deve-se fazer uma pesquisa no site<http://www7.anvisa.gov.br/datavisa/Consulta_Produto/consulta_medicamento.asp> para a constatação legal da importação, conforme explicado porZAMPARONI (2014).Osmedicamentos liberadosseguemaPortariano344,de 12 demaio de 1998. A Anvisamantém essa listagem atualizada e nelapodemconterremédiosquenãotenhamregistronoBrasilequecontenhamsubstâncias consideradas proibidas, onde será analisada a sua importânciaparaasaúdedopaciente.
Para a importação de medicamentos é necessário obedecer àsrespectivasnormasdaAnvisa,emconformidadecomoregulamentotécnicodebenseprodutosimportados–RDCnúmero81/2008.
Tipodeimportador:pessoafísicaoupessoajurídica.
Tipodemodalidade:Siscomex,remessaexpressaouremessapostal.
Tipo de finalidade: comercial, industrial, pesquisa científica, pesquisaclínica,pesquisademercado,controledequalidadeoudoação.
Deacordocomamodalidadedehabilitação:
- para pessoa física: exclusivo para uso pessoal, sendo aquantidade compatível com o tratamento; apresentação da prescrição dareceitaelaudomédico,indicandonomeedomicíliodopaciente,mododeuso
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doproduto,data,assinaturadoresponsável,registronoconselhodeclasse,eendereçoprofissional.
-parapessoajurídica:nafinalidadedepesquisacientíficaéfeitaa solicitação prévia ao desembaraço, em que a importação não possui finslucrativos;parapesquisacientíficarealizadaporterceiros.
Em conformidade às modalidades somente poderão serimportados os produtos (medicamentos) destinados à pessoa física oujurídica, para uso próprio, em quantidade e frequência que não tenhamdestinocomercial.3
3.2SISCOMEXNAIMPORTAÇÃODEMEDICAMENTOS
OprimeiropassoparaseteracessoaoSiscomexImportação(LIeDI)éacriaçãodeumcertificadodigital,ouseja,oe-CPFouoe-CNPJ;escolhadaAutoridadeCertificadoraHabilitadapelaRFB;eenviodasolicitação.
Na sequência, é apresentado um formulário, em que o seupreenchimento correto é primordial para o recebimento da medicaçãoimportada.PelofatodeaAnvisaestabelecerumrigorosocontrolenaentradade produtos, a petição de importação contém três páginas (ver ANEXOB –página26)eanalisadeformadetalhadaadescriçãodoprodutorequerente.
______________________
3 Decreto no 79.094/77: “Art. 10. É vedada a importação demedicamentos, drogas, insumos farmacêuticos e demais produtos de quetrata esta Lei, para fins industriais e comerciais, sem prévia e expressamanifestaçãofavoráveldoMinistériodaSaúde.”
Emseguida,ocorreopedidodaLI.Apesardaminuciosidadedositens, a Anvisa disponibilizou um auxílio nos principais registros dessedocumento. Como ilustração, seguem alguns modelos de assistência aousuárioparaaregularizaçãodeprodutos.
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Figura1
Figura2
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Figura3
4.REGULAÇÃOBUROCRÁTICANAÁREADECOMÉRCIOEXTERIOR
De acordo com o site “Pravda – os desafios do comércio exteriorbrasileiro” (2011), nos últimos anos, o Brasil conquistou um lugar dedestaque no comércio exterior e está classificado entre os trinta maioresimportadoreseexportadores.Apesardessecrescimento,aáreadecomércioexterior ainda é ausente emmuitas cidades do Brasil. Isso faz com que osmunicípios compremprodutosmais caros de empresas brasileiras pornãoteremumórgãovoltadoàimportaçãodeprodutos.
Como exemplo, temos a cidade de Teresópolis (localizada na regiãoserrana do Rio de Janeiro), que por não ter um órgão aduaneiro, adquiremedicações importadas (voltadas ao atendimento de paciente de ordensjudiciais) de revendedores do próprio país, o que aumenta o custo final,retardaachegadadetalmedicação,e,muitasvezes, ficaàesperaquandooproduto solicitado não é encomendado ou ocorre um atraso no prazo deentrega.
Para resolver tal problema, é indicado que seja criado um órgão ouSecretariaquecuidedosassuntosrelacionadosàimportaçãoeexportaçãode
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produtos necessários à cidade. Isso ocasionaria na contratação de novosfuncionários para o setor, um repasse de verba para suprir a demandaexigida e um controle mensal do pedido do material importado. Além dotreinamentoecapacitaçãodosservidoresnoSiscomex.Porém,essasoluçãonãoéamaisviávelparacidadesemqueademandaépequena,logoacriaçãode umnovodepartamentopoderia ser considerada supérflua em relação àrealcarênciadomunicípio.
Com isso, outrapropostaque sedeveanalisar é a contrataçãodeumdespachante para a retirada da mercadoria recém-chegada na aduana. DeacordocomositedaReceitaFederal(2015),aprincipalfunçãodessecargoéaformulaçãodadeclaraçãoaduaneiradeimportaçãooudeexportação,quenadamaiséqueaproposiçãodadestinaçãoaserdadaaosbenssubmetidosao controle aduaneiro, indicando o regime aduaneiro a aplicar àsmercadorias e comunicando os elementos exigidos pela Aduana paraaplicaçãodesseregime.Essasoluçãoéamaiseconômica,vistoqueoprodutoseria pago através de ordens de compra e a remuneração de somente umfuncionário seria suficiente para atender às necessidades de cidadespequenas.
Omundoglobalizadotornoupossívelaaproximaçãodasnações,ondequalquer produto/material pode ser adquirido segundo as leis edeterminações vigentes.Há que se analisar a formamais viável de envio erecebimentodopedidoeestudaramelhorsoluçãoparaareduçãodetempoedespesasgastasnesseprocesso.
5.CONCLUSÃO
Apósminuciosa investigação, chega-seà conclusãodeque importarédireitodetodoseogovernoproporcionameiosparaqueocidadãoadquiraseu produto (no caso, medicamento) para consumo próprio. Deve-seinicialmente providenciar a documentação exigida para conseguir aimportaçãodeformalegal,sejaatravésdapessoafísicaoujurídica,seguindoopreenchimentocorretodosformuláriosparaanacionalizaçãodomaterialeoavalparaaaprovaçãosanitáriadaAnvisa.
Aindaquesejaumatopossível,acargaburocráticaéampla,tornandoafiscalização aduaneira demorada e os prazos para a entrega do produtoimportado longos (entre 45 e 90 dias), ou seja, não se pode esperar que amedicaçãocheguedeformarápidaouatémesmoimediata.
Comisso,énecessárioquesefaçaumplanejamentosobreaquantidadede medicamento a ser importada, para que o tratamento não seja
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interrompido devido a algum atraso ou demora no recebimento. Essaimportação é necessária visto que as indústrias farmacêuticas brasileirasaindanãodispõemdeumatotalcoberturademedicamentos,acarretandoaausênciadesimilaresougenéricos.
Além disso, apesar da evolução da área do Comércio Exterior nosúltimosanos,muitascidadesaindanãopossuemumórgãovoltadoparaestaárea.Logo, taismunicípiosacabamporcomprarmedicações importadasderevendedores do próprio país, essa saída torna-se mais cara e os deixa àmercêdessasempresasjáquemuitasvezesocorrematrasosnaentregaouocancelamentodopedido.
Assim,estetrabalhosugereacriaçãodeumaSecretariavoltadaparaaoperacionalização do Comércio Exterior. Esse novo setor contratariafuncionáriosresponsáveispelocontroledomaterialimportado,atendendoacarência do município, seja para a obtenção de medicamentos ou outrosprodutos destinados à necessidademensal. Caso a demanda seja pequena,essa solução pode ser considerada supérflua tendo como base a realprimordialidadeda cidade. Logo, outrapossibilidadeviável é a contrataçãopúblicadeumdespachanteaduaneiroparaaretiradadomaterialimportado,visto que um servidor seria capaz de realizar as atividades mensais naaduana,diminuindoogastofinalnaadmissãodeapenasumfuncionário.
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