psicoterapia breve grupal

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Resumo do que é a psicoterapia breve em grupo

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Cap. 05 - Psicoterapia Breve Grupal

A proposta de psicoterapia grupal surgiu no inicio deste século, com os trabalhos do norte- americano Joseph Pratt com pacientes portadores de tuberculose.

A própria conceituação do que vem a ser Psicoterapia Breve Grupal encontra uma série de obstáculos com muitos autores deixando que o termo Breve signifique apenas um período mais curto de tempo. A estimativa desse tempo de duração constitui o cerne da diferença entre a Psicoterapia de Grupo Breve e o que os autores chamam de Psicoterapia de Grupo.

Diante de pesquisas de vários autores, a afirmação mais encontrada diz que os pacientes que entram em uma experiência terapêutica grupal visam obter redução ou eliminação de sintomas, mudanças expressivas na personalidade e ampliação da possibilidade de insight. Este processo, geralmente, consome meses ou anos e envolve todos aqueles que, dentro de um programa regular, voluntariamente frequentem um encontro contratado de pacientes com um terapeuta treinado para o proposito de despertar e facilitar a expressão de conflitos internos e relacionais, aceitando a “doença” e “trabalhando” seus potenciais mais saudáveis, em uma experiência emocionalmente corretiva, interacional, reeducativa e prospectiva, focalizando dinâmicas individuais e relacionais em um espirito de confiança, mutualidade e confidencia.

A psicanalise se prende tentando adaptar o método de associação livre e da interpretação do setting individual para o grupal, e por este motivo encontra uma serie de dificuldades e são inúmeros os trabalhos psicanalíticos que tentam explicar o uso dessa metodologia para este procedimento.

A afirmação feita com frequência pelos psicanalistas é a de que os pacientes submetidos a uma terapia breve, seja ela individual ou grupal, recebem, no melhor dos casos, uma terapia de apoio, ou ainda, de forma jocosa, chegam a afirmar que o que se faz é uma “transposição de sintomas”, enquanto a verdadeira psicoterapia tem de ser, necessariamente, longa e exploratória, visando sempre a uma completa reformulação do indivíduo.

Há que se considerar, no entanto, que a proposta psicanalítica surgiu e continua sendo adequada para um contexto notadamente da clínica particular e não institucional.

Na instituição, o que se exige, cada vez mais, são métodos de ação terapêuticos, ágeis e eficazes, a curto prazo, pois o paciente institucional, como é demostrado em vários trabalhos, recorre á instituição apenas em caráter emergencial, pois é preciso “tocar a vida”. Nesse contexto o foco de ação deve ser o paciente e não a teoria, como na própria psicanalise já afirmava Freud.

A proposta básica que se apresenta, então, é a de um tratamento breve e/ ou intermitente, baseado na reabilitação, estabilização e retorno á atividade produtiva

profissional, associado a outras formas de tratamento, como medicação e terapia familiar.

Como atender a um enorme número de pacientes mantendo – se a qualidade do serviço, a agilidade e rapidez, se a metodologia clássica não oferece possibilidades?

Os grandes estudos desenvolvidos por J.L. Moreno, pode responder essa questão. O psicodrama, esse já nasceu grupal e breve (ou focal), desde os primeiros trabalhos deste autor.

Em suas ideias originais, Moreno não podia compreender o individuo isolado de seu meio, principalmente o familiar. Em um de seus trabalhos ele mostrou as influencias que um desajuste pessoal causa no grupo de convivência e como os desajustes do grupo levam a desorganizações pessoais.

Moreno deixa claro em seus “protocolos” que o psicodrama propõe um trabalho psicoterapêutico de curto prazo e acentuadamente focal.

Somente a partir do conceito de protagonista criado por Moreno é que se pode organizar um processo focal de psicoterapia grupal. Isso porque, ao se compor um grupo psicoterapêutico, deve-se ter em mente que a evolução do tratamento só se dará favoravelmente se, a cada sessão, todos os integrantes do grupo estiverem, de fato, se tratando.

Podemos classificar as Psicoterapias Breves grupais da mesma forma que as individuais, ou seja, em: apoio, mobilização e resolução.

A Psicoterapia Breve de Apoio constitui-se em excelente abordagem para pacientes clínicos ou cirúrgicos, tendo-se aqui um cuidado maior nos aspectos psicodinâmicos que surjam no decorrer do processo. O tempo definido é de um a dois meses de duração e o objetivo determinado clareamento e esclarecidamente acerca de sua doença e os procedimentos médicos cirúrgicos que serão ou estão sendo administrados aos pacientes, caracterizam a Psicoterapia Breve, sendo que o enfoque básico é mesmo psicopedagógico.

Psicoterapia Breve de Mobilização: O procedimento é muito, mas suave e planejado, pois e realizado com pessoas reconhecidamente resistente, o que se deve avaliar é o grau de fragilidade egóica, o processo deve começar pelo contrato com o paciente, exercícios simples de relaxamento e vivencias internas, e sempre ter em esclarecimento e clareamento do que é uma psicoterapia e demonstrar a técnica e o desenvolvimento do processo. A duração deve restringir de seis ou oito encontros.

Psicoterapia Breve Resolutiva: O objetivo é ir atrás da resolução da problemática que é apresentada pelos pacientes. Em um grupo com temática predefinida o foco é no tema proposto e nas ramificações psicodinâmicas e sociodinâmica e para cada sessão elege um protagonista que expresse o grama grupal na quais todos possam se identificar. E no

final de cada sessão ter o comentário compartilhado do clássico “Sharing”. O tempo de duração é em cerca de três meses por volta de doze sessões.

A psicóloga Vannúzia Peres, afirmou a importância de cada instituição encontrar a melhor forma de atender a demanda de seus pacientes por meio de uma pesquisa prévia com essas pessoas sob a suas reais necessidades.

A forma de desenvolvimento aos atendimentos das instituições se dá de início após uma triagem que avalia as reais possibilidades de participação de um programa de Psicoterapia Breve Grupal, após os pacientes são encaminhados para o início do processo. Ao final desse processo os pacientes podem ser enquadrados em três possibilidades:

1- Alta2- Recontrato para mais um grupo de PB.3- Encaminhamento para Psicoterapia prolongada

Kurt Lewin é considerado, como o precursor dos chamados grupos de encontros a partir de suas experiências na realização de um painel de debates entre líderes de comunidade sob uma situação inter-racial.

Psicoterapia Breve Grupal, além de apoio, mobilização e resolução que se pode chamar de psicoterapia breve de suporte, o termo suporte está sendo empregado com um sentido muito mais amplo do que seu sinônimo, apoio, além de compreender esse tipo de ação, tem um caráter muito mais abrangente dar apoio à pessoa necessitada, amplia seus horizontes pessoais e relacionais, mobilizando-a para uma reflexão interna e facilitando seu desenvolvimento na didática da relação ajudado-ajudador.

Cap. 06 – Farmacopsicoterapia

Uma possibilidade de ação para os novos tempos

A psiquiatria e psicoterapia, presa a conceitos, a maioria datados no máximo na primeira metade deste século XX, tal qual está nitidamente em plena mudança, tais como o fato de que a psiquiatria é chamada de biologia e ocupada a maior parte dos espaços em congressos específicos, já a psicoterapia é mais reservada a pequenos espaços com frequência elevada, com seus velhos discursos e poucos resultados.

Fonseca Filho (1996), afirma que a psicoterapia em seu sentido genérico, uma prática que se propõe a ajudar pessoas com sofrimentos psicológicos, mesmo que com distúrbios orgânicos, se adaptará às novas ordens científica, cultural e econômica. Entre elas existe a tendência de comprovação científica de resultados, esta é uma pressão que, apesar dos protestos em contrário, implantará na psicoterapia do século XXI uma política de resultados.

Os conhecimentos filosóficos, tecnológicos, psicológicos e biológicos devem permitir a possibilidade de tratar o ser humano como um todo indissolúvel. Ao tratarmos de

pessoas em seus sofrimentos mentais, não podemos incorrer no mesmo erro de muitas especialidades médicas que se esquecem do indivíduo para centrar sua atenção em seus órgãos ou patologias; é preciso redimensionar o pensamento para a equação etiológica, cuja a resultante será sempre a função de diferentes vetores: os constitucionais, os emocionais e os ambientais.

Assim a verdadeira ação terapêutica é aquela que visa encontrar um caminho no sentido de oferecer ajuda a quem lhe recorre. Por tanto, não é viável que esteja presa a modelos políticos, econômicos ou mercadológicos.

O terapeuta moderno, o verdadeiro agente de” ajuda”, deve estar atento e ciente da variedade técnica, incorporando esse arsenal em prol de seu paciente, desenvolvendo seu próprio estilo de relacionamento com cada um de seus pacientes, ajudando-o a conscientizar-se das várias microestruturas responsáveis pelo seu comportamento, sentimentos, desejos e reações. Devem aprender juntos a maneja essas diferentes peças de uma estrutura extremamente complexa, que necessitam ser equilibradas em seu benefício.

O princípio biológico reza ser o fenótipo o resultado da interação do genótipo com o meio ambiente. Um ou outro predomina em uma ou outra situação, mas sempre estão presentes os dois.

Na teorização de minha prática psicoterápica, vejo a farmacoterapia (agindo no biológico) e a psicodinâmica (agindo no psicológico) exatamente como duas retas paralelas: não se encontram no mesmo momento, porém caminham na mesma direção e sentido, e há um ponto no infinito em que se cruzam. Enquanto vasculho a alma da pessoa em suas dinâmicas e defesas, procuro dar suporte basal á sua estrutura caracterológica ou de temperamento, através da ação de medicamentos de uso controlado e temporário, que não só facilitam o desenvolvimento do processo, quanto permitem alcançar da forma mais rápida e eficaz os pontos de equilíbrio necessários.

O uso da medicação não pode ser aleatório e indiscriminado, obviamente. É preciso estar atento para as reais indicações, não apenas no sentido farmacodinâmico, mas também psicodinâmico.

Como no clássico” modelo médico”, o tratamento só se impõe após o diagnóstico do mal que acomete o paciente, avaliando todos os efeitos positivos e negativos da terapêutica em cada caso particular.

Quero encerrar esse capítulo fazendo apenas uma citação de Peter Kramer (1994) que, acredito, sintetiza meu pensamento sobre isso tudo:

Talvez seja melhor imaginar que estejamos numa fase de transição. Nossa angústia e melancolia flutuante parecem-se cada vez menos com sinais de nosso dilema existencial. Mas, nada do que possamos aprender sobre nossa neurofisiologia ou nossa natureza animal negará a possibilidade de transcendência do homem. Continuamos naufragados, talvez mais perdidos do que nunca, precisamente porque somos menos

capazes de sentir nosso afeto como um guia para nosso estado moral. Apesar de nossa noção de suas limitações, podemos nos voltar mais do que nunca para a psicoterapia, introspecção ou espiritualidade.

Cap. 07 – Protocolo clínico

Caso Fernanda

Fernanda, 31 anos, divorciada, decidida a se mudar para a Europa, mas algumas questões estão lhe atrapalhando em relação a mudança, devido a isso resolveu procurar um psicólogo com intuito de que a psicoterapia irá te ajudar com essas questões.

De início Fernanda fez vários relatos sobre sua vida e seu passado, e através desses relatos e do emocional alterado, com muita ansiedade e nervoso em suas mãos, foi possível perceber que umas das questões que impedem Fernanda de se mudar para a Europa é o vínculo que possui com a mãe, onde está presente manipulação das duas partes. E isso faz com que Fernanda tenha um obstáculo emocional que a impede de seguir sua vida da forma que planeja. Sendo assim o psicólogo sugeriu a Fernanda um trabalho de Psicoterapia breve durante dois meses, antes dela partir, com realização de duas sessões por semana com cinquenta minutos de duração cada uma.

Com as informações dadas por Fernanda a princípio na entrevista, foi sistematizado um quadro de diagnóstico global, onde se pode ver que ela necessita de uma psicoterapia breve. Mas o primeiro de tudo foi formulado um diagnóstico clínico devido as alterações físicas dela, alta ansiedade, causando assim uma crise. Devido ela não ter sintomas de neurose ou psicose, foi diagnosticado o quadro reativo situacional. Foi constatado também seu nível de intelectualização, elaboração, comunicação, e expressões de conteúdo internos, sendo capaz de expressar atos no ambiente externo onde confirma-se que sua mente é uma parte saudável. Mas embora tenha traços de insatisfação e somatização como defesa, caracteriza no psicodrama, a organização parcial do ingeridor. Sendo assim foi possível observar através dos primeiros diagnósticos que Fernanda está bem saudável e isso ajudará bastante na aliança psicoterapeuta. Ao realizar o terceiro diagnóstico, o psicodinâmico, foi descoberto o “foco” a ser trabalhado com Fernanda, pelos aspectos gerais, é necessário a terapia breve onde a mesma foi informada através da devolução, e a questão dos passos do acolhimento, que na prática significa dar orientação para a pessoa poder se expressar livremente, a relação empática, onde fez com a ansiedade de Fernanda diminuísse onde se causa a crise devido ela se sentir sozinha e não ter quem a compreenda.

Na segunda Sessão Fernanda passou maior parte do tempo relatando fatos de seu progresso, e foi de suma importância para o vínculo terapêutico, para fortalecer a relação do acolhimento para que ela permita uma “Experiência Emocional Corretiva”.

Na terceira sessão Fernanda reclamou de “dor na nuca”, e disse que havia melhorado depois de umas séries de massagens relaxantes feitas por uma amiga. Sendo assim o

profissional propôs que fizessem uma série de relaxamento. Pediu lhe que escolhesse qualquer lugar da sala que se sentisse bem, Fernanda escolheu deitar-se num canto com várias almofadas onde pode relaxar com as técnicas pronunciadas. Por fim declarou que se sentiu bem melhor como nunca havia se sentido antes. A técnica de relaxamento ajudou Fernanda a diminuir a ansiedade e influenciou novamente no passo de acolhimento.

Na quarta sessão Fernanda chegou dizendo que teve uma discussão muito esquisita com a mãe, no qual sentiu uma série sentimentos, como raiva, amor, desprezo, ressentimento, culpa e muita ansiedade. Sendo assim o psicólogo pediu para que Fernanda deita-se no mesmo lugar da terapia anterior e começasse a relatar a discussão, onde utilizou a técnica do psicodrama, colhendo então situações passadas da relação de Fernanda com a mãe, onde Fernanda diz que aos nove anos de idade, seus pais se separaram e ela foi consequentemente separada da presença da mãe devido ela ter tido uma forte depressão e ter ficado internada em um sanatório. Assunto no qual fez Fernanda chorar muito na terapia.

Comentário sobre a sessão

Na quarta sessão Fernanda permitiu-se a experiência emocional corretiva através do psicodrama interno. A personalidade dela havia desenvolvido um “falso eu” cujas origens se revelavam na ausência de cuidados maternos, sofridos na infância. Devido a uma internação da mãe em um sanatório causado por uma depressão profunda. Na teoria dos papeis, Fernanda tinha uma necessidade compulsiva de se utilizar do papel de “cuidadora” com a mãe.

A partir dessa sessão Fernanda teve um insight sobre o papel dela, o qual deixou de sentir-se tão responsável pela mãe, ao ponto de não viver a própria vida.

A abordagem focal trouxe apenas os resultados paliativos deixando evidente que estruturas, como a do falso eu (ou pseudo self) não foi de fato, trabalhada na extensão que o fenômeno exige. Porém, essa abordagem requer justamente essa capacidade do terapeuta de assimilar a frustração, de não realizar um trabalho classicamente mais completo, no entanto, permite-lhe a satisfação de executar um trabalho com resultados em curto prazo.

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