prevalÊncia de lesÕes em adultos praticantes de …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO
PREVALÊNCIA DE LESÕES EM ADULTOS PRATICANTES DE FUTEBOL
AMERICANO NA CIDADE DE NATAL – RN
HEITOR LUIS DE MEDEIROS VARELA
NATAL/RN
DEZEMBRO/2020
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HEITOR LUIS DE MEDEIROS VARELA
Trabalho de Conclusão de Curso
Monografia apresentada como trabalho de conclusão de curso do curso de Educação Física – Bacharelado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Professor orientador: Ricardo Santos Oliveira
NATAL
DEZEMBRO/2020
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SUMÁRIO
1. RESUMO ................................................................................................. 5
2. ABSTRACT ............................................................................................. 6
3. INTRODUÇÃO ........................................................................................ 7
3.1 Problema ............................................................................................ 9
4. JUSTIFICATIVA .................................................................................... 10
5. OBJETIVOS .......................................................................................... 11
5.1 Objetivo Geral .................................................................................. 11
5.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 11
6. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................. 12
6.1 Futebol Americano ........................................................................... 12
6.1.1 Regras e o jogo ..................................................................... 12
6.1.2 Exigências e demandas do esporte ....................................... 13
6.1.3 Treinamento para o futebol americano .................................. 15
6.2 Lesão esportiva ................................................................................ 16
6.2.1 Lesões no futebol americano ................................................. 17
7. METODOLOGIA ................................................................................... 19
7.1 Caracterização do estudo ................................................................ 19
7.2 População e amostra ....................................................................... 19
7.3 Instrumentos .................................................................................... 19
7.4 Tratamento dos dados ..................................................................... 20
8. RESULTADOS ...................................................................................... 21
9. DISCUSSÃO ......................................................................................... 26
10. CONCLUSÃO ....................................................................................... 30
11. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 31
12. APÊNDICES ......................................................................................... 39
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1. RESUMO
O futebol americano tem origem nos Estados Unidos, no século XIX e vem
ganhando popularidade ao redor do mundo. O esporte vem crescendo bastante
no Brasil nos últimos anos, contando com mais de 100 equipes registradas. Ele
é consideravelmente novo no nosso país, sendo um esporte agressivo e
altamente lesivo fisicamente para seus adeptos, na medida em que é um esporte
amador, traz consigo suas dificuldades na falta de investimento e preparação no
âmbito geral e isso acaba por aumentar os índices de lesão e a sua gravidade
nos atletas. O estudo teve como objetivo principal de identificar a prevalência de
lesões desportivas que acometem os atletas amadores de futebol americano na
cidade de Natal/RN. Foi utilizada como método uma pesquisa quantitativa de
objetivo descritivo, no qual, teve como base coletora de dados o questionário:
“Inquérito de morbidade referida” adaptada para o futebol americano, realizado
de forma online pela plataforma Google Forms. A investigação foi aplicada na
equipe do Bulls Potiguares que disputa a primeira divisão, com 37 atletas
referente a temporada 2019. Observou-se uma prevalência de lesões de 39% no
total da amostra. Os locais mais acometidos foram os joelhos, tornozelo, ombro
e coxa posterior. As posições de linebacker (60%) e wide receiver (57%)
registraram a maior proporção, na medida em que a maioria das lesões ocorre
durante o contato entre tackleador (que derruba o atleta com a bola) e tackleado
(que possui a bola e recebe o tackle). No entanto não foi encontrado efeito
relacionado à idade, peso, tempo de treinamento semanal e experiência de anos
jogados no esporte nas lesões dos atletas. Foi concluído que a prevalência de
lesão foi baixa se comparada a outros estudos que compararam atletas na
mesma liga, com apenas 39% dos jogadores reportando lesão e a maior parte
delas foi de moderada a grave quanto ao tempo perdido após o acometimento.
Palavras-chave: Futebol americano, lesões, atletas amadores
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2. ABSTRACT
American football (AM) originated in the United States in the 19th century and
is gaining popularity around the world. In Brazil, AM has increased considerably in
in recent years, with more than 100 teams playing in the national league. AM is
considered an aggressive and physically demanding sport in which there may be
a high likelihood of injuries and the amateur reality of sport increases the rates and
severity of injuries in AM. The main objective of the study was to identify the
prevalence of injuries in amateur football players in Natal / RN. A quantitative
research with a descriptive characteristic was used. For this, an online
questionnaire “inquérito de morbidade referida”, adapted to AM was applied using
Google Forms. The investigation was conducted in a team that disputes the first
division (BFA), with 37 athletes who played in the 2019 season. The results
showed a prevalence of injuries of 39% in the total sample. The most affected body
parts were the knees, ankles, shoulders, and posterior thighs. Linebackers (60%)
and wide receivers (57%) where the positions that registered the largest
proportion. The majority of occurrences occur during a contact between the tackler
and the tackler. No effect of age, weight, weekly training time and experience of
years played in the sport on injuries was observed. We concluded that the
prevalence of injury was low when compared to other studies that compared
athletes in the same league, with 39% of the players reporting injury and most of
them were moderate to severe in terms of time lost after being affected.
Keywords: American Football, Injuries, amateur athletes
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3. INTRODUÇÃO
O futebol americano tem origem nos Estados Unidos, no século XIX, Ele
“nasceu” em 1869 com a partida entre as universidades de Rutgers e Princeton,
que se parecia mais uma bagunça com regras parecidas com a do rugby e
futebol. Nas décadas seguintes, as regras do futebol americano foram mais bem
definidas, se distanciando dos seus “primos” rugby e futebol, em 1876 Walter
Camp escreveu o primeiro livro de regras, ele é conhecido como o pai do esporte
(NFL, 2013; KELLY, 2017). Desde então, o esporte mudou radicalmente as suas
regras e formato, se distanciando do rugby e futebol, com a adoção e de várias
regras, entre elas: o sistema de downs (jogadas que param e depois reiniciam
após os times se organizarem), 11 atletas por jogada em cada equipe, o uso dos
equipamentos como capacetes e shoulder pads (ombreiras), a invenção do
passe para frente e outras regras que tornaram o jogo mais aberto e com maior
uso do campo (KELLY, 2017).
O futebol americano vem ganhando popularidade ao redor do mundo, com
a copa do mundo sendo realizada desde 1999, contando com cinco edições. Em
países como Alemanha, Japão, México e França, o esporte está em estado
avançado, exportando atletas para universidades e ligas profissionais nos EUA
e Canadá (AMERICAN FOOTBALL INTERNATIONAL, 2018).
O Esporte chegou ao Brasil na década de 80, nas praias do Rio de
Janeiro, com uma bola trazida dos EUA e pessoas que acompanhavam o esporte
pela televisão ou vinham de intercambio nos Estados Unidos. Em 2000, no
mesmo local, ocorre o campeonato de futebol americano mais antigo do Brasil,
o Carioca Bowl. A Confederação Brasileira de Futebol Americano (CBFA) foi
criada em 2013 (COSTA, BUENO e RODRIGUES, 2018) e hoje conta com mais
de 100 equipes registradas e 32 na primeira divisão (a BFA).
A maioria dos times brasileiros possui um aspecto em comum: o
surgimento com um grupo de amigos que assistem futebol americano, começa
a praticar de forma recreativa e, logo depois, formam uma equipe. A maioria
absoluta dos atletas dessas equipes são amadores. Eles jogam por diversão,
pela emoção da competição, treinam nos finais de semana e estudam, ou
possuem um emprego fixo por fora do esporte (COSTA, BUENO e RODRIGUES,
8
2018). O cenário brasileiro é diferente dos EUA, onde o esporte é
profissionalizado e movimenta bilhões de dólares anualmente e está enraizado
na cultura norte-americana.
Uma equipe para competições nacionais no Brasil possui em média 60
atletas nos elencos, a temporada acontece entre julho e dezembro, com
intervalos de 2 a 3 semanas entre as partidas, que ocorrem aos sábados e
domingos. Uma partida possui 4 quartos de 12 minutos, durando em média 3
horas, devido aos intervalos. O número total de snaps (jogadas) varia entre 130
a 170 a cada jogo (CBFA, 2019).
No que diz respeito às demandas físicas, o esporte tem característica
acíclica, e tem como fonte enérgica principal a creatina-fosfato e sistema
glicolítico anaeróbico. Possuindo como principais exigências a força, velocidade
e principalmente potência anaeróbica, sendo notável que os atletas não
possuem um sistema cardiovascular tão desenvolvido quanto o de outros
esportes (PINCIVEIRO e BOMPA, 1997).
Dessa forma, o treinamento visando o aumento do desempenho é feito
utilizando vários movimentos de potência multi-articular, integrando a parte
superior e inferior do corpo. Exemplos de exercícios utilizados são o Power
Clean, Snatch, saltos com contra movimento, sprints com sleds, supino reto,
agachamento livre, entre outros (SMITH et. al, 2013). Vários estudos reportaram
que a melhora da força, tamanho e potência podem predizer o sucesso dentro
de campo (BLACK e ROUNDY, 1994).
O esporte pode apresentar altos índices de lesão, devido à natureza de
um esporte de colisão. No nível universitário, foi estimado o número de 9.2
lesões por 100 atletas (KERR et. al, 2015). Um estudo encontrou uma
prevalência de 46.6% de lesões em atletas dentro de 1 ano de participação
dentro do nível universitário nos EUA (CANALE et. al, 1981). Alguns estudos
recentes verificaram a presença de lesões em atletas de futebol americano no
nosso país até o presente momento, e um deles encontrou a incidência de 1,67
lesões por jogador e que 49% tiveram lesões (COMERLATO FILHO, 2019) e
outro 1,20 lesões por jogador e 69% da amostra possuindo lesões (HENGLES
et al., 2016).
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Um estudo realizado pelo Football Outsiders relacionou os índices de
lesões com a posição que o jogador atua, e encontrou que a principal lesão que
faz os jogadores de todas as posições perderem jogos, é a de rompimento no
LCA ou outro problema no joelho. Já entre os jogadores de linha, as mais
comuns são as lesões nas costas e tornozelos. Para os recebedores são as
lesões de posteriores de coxa e ombro (BINNEY, 2015).
As posições em que os atletas atuam, exigem movimentos e
composições corporais diferentes o que pode levar a diferente prevalência de
lesões entre os jogadores. Sendo os jogadores de linha com movimentos mais
de empurrar e segurar o adversário em distâncias curtas, com um peso a alturas
elevadas (1,85m/130kg). Enquanto os corredores e recebedores atuam correndo
em alta velocidade com menor tamanho em campo aberto (DEMARTINI et. al,
2011). Um estudo feito com atletas finlandeses mostrou que os atacantes
possuem maiores índices de lesão que os defensores, e que as posições mais
perto do meio (Linhas, Running Backs e Linebackers) eram as mais sujeitas a
sofrerem lesões (KARPAKKA, 1993).
3.1 Problema
O presente trabalho busca verificar o perfil das lesões esportivas e a
prevalência delas dentro dos atletas amadores praticantes de futebol americano
na cidade de Natal/RN.
Adamczyk e Luboiñski (2002), definem a lesão esportiva como um termo
para todos os tipos de dano recebido durante uma atividade esportiva, que cause
a ausência em treinos ou jogos, sucedido da necessidade de tratamento médico.
Prevalência de lesões é o número que representa a quantidade de indivíduos
que reportam uma lesão e a proporção de lesões é o número de atletas que
reportaram terem sofrido lesões dividido pelo total de participantes do grupo
(BUENO et.al, 2018).
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4. JUSTIFICATIVA
O presente estudo se justifica nos grandes relatos de lesões no esporte
reportado na literatura internacional e nacional. As altas taxas de lesão acabam
colocando a temporada das equipes em risco, uma vez que atletas lesionados,
por não treinarem/jogarem acabam por afetar o desempenho das respectivas
equipes nos campeonatos. Entender esse fenômeno no contexto brasileiro se
faz importante sendo que foram realizados poucos estudos no Brasil que
objetivaram investigar leões no futebol americano e nenhum foi feito no estado
do Rio Grande do Norte. Tal entendimento é importante uma vez que os atletas
brasileiros se diferenciam bastante dos que atuam nos EUA devido a realidade
amadora do esporte em terras nacionais. Entender melhor como acontecem e
quais as características das lesões é crucial para trabalhar um plano de redução
das mesmas.
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5. OBJETIVOS
5.1 Objetivo Geral
Descrever a prevalência de lesões nos atletas de Futebol Americano da cidade
de Natal.
5.2 Objetivos Específicos
Verificar a influência da posição dos jogadores sobre as lesões;
Verificar os fatores associados as lesões como tempo de treino e idade;
Identificar se as lesões são reincidentes;
Analisar quais as regiões do corpo são mais acometidas por lesões;
Estabelecer qual o mecanismo mais causador de lesões.
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6. REVISÃO DE LITERATURA
6.1 Futebol americano
O futebol americano é um esporte de colisão, caracterizado por períodos
de esforços de alta intensidade, separados por breves períodos de recuperação
(WARD et. al, 2018).
No começo do século XX o esporte era conhecido por ser muito violento
e na maioria das vezes o jogo era visto com vários atletas em um curto espaço,
sem muito dinamismo, essa forma levaram a várias mortes no começo do século
XIX, o que levou a mudanças bruscas nas regras, visando a continuidade do
esporte. O passe para frente e mudanças nas regras de alinhamento, tornaram
o jogo mais aberto e o uso da velocidade e táticas em detrimento somente à
força. Nas décadas seguintes o jogo foi evoluindo até se tornar o favorito dos
EUA e alcançar o topo dos índices de audiência dos anos 70 em diante (NFL,
2013).
6.1.2 Regras e o Jogo
Hoje o jogo no nível profissional e universitário possui 4 quartos de 15mim
(no Brasil, são 4 de 12mim). O objetivo principal do jogo é a conquista de território
do adversário. A pontuação máxima é o Touchdown, quando a equipe entra na
área final do adversário com a posse de bola, e por esse feito, ela conquista 6
pontos. O jogo pode ser definido e separado com uma campanha de jogadas.
Na medida em que cada equipe possui a posse de bola e deve conquistar 10
jardas em no máximo 4 tentativas para poder manter a posse e atingir a zona de
pontuação ou devolver a bola para a outra equipe caso não consiga avançar. A
bola pode ser avançada através do passe para frente ou da corrida (quando é
passada para trás ou entregue a um companheiro) ( KELLY, 2017).
Os jogadores atuam ou no ataque ou na defesa, raramente atuando nos
dois (HOFFMAN, 2008). A defesa evita o avanço do ataque ao: derrubar o
atacante que possui a bola (ação conhecida como tackle) ou empurrá-lo para
fora de campo, impedir que um passe para frente seja completo ao desviar ou
interceptar ou por roubar a bola da mão de um carregador da bola. O papel dos
atacantes que não estão com a bola é de bloquear os defensores e permitir
assim o avanço de quem está com ela.
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São 11 jogadores em cada time dentro de uma jogada, na medida em que
cada uma delas dura em média, 5 a 6 segundos (HOFFMAN, 2008). Existem
vários esquemas ofensivos e defensivos que possuem o objetivo de avançar no
caso do ataque, criando ou atacando espaços dentro do campo e de neutralizar
o avanço no caso da defesa, que deseja fechar esses espaços.
6.1.3 Exigências e Demandas do Esporte
O futebol americano é um esporte de colisão, onde uma equipe possui o
objetivo de bloquear e avançar a bola pelo campo do adversário e a outra de
derrubar quem a possui. Devido à essas demandas, ele exige essencialmente
grande massa e boa composição corporal para a execução das atividades
(HOFFMAN, 2008; VITALE et, al., 2016) sendo bem semelhante ao rugby nesse
quesito (SOARES, SILVA e LIBERALINO, 2017).
Graças à natureza do esporte que se caracteriza pela disputa por espaço,
quem percorre esse espaço com maior velocidade ou chega primeiro, tem
vantagem dentro do jogo sendo crucial a força de membros superiores e
inferiores e principalmente potência (IGUCHI et. al, 2018). Uma das capacidades
mais valorizadas e importantes é a taxa de desenvolvimento de força, pois o
esporte requer a execução de rápidos movimentos, mas com tempo limitado para
tal, devido a necessidade de fazer isso antes que o adversário (SUCHOMEL;
NIMPHIUS, STONE, 2016).
A natureza intrínseca de contato dentro do esporte, é claramente refletida
pelos níveis de creatina quinase (CK) (marcador de dano muscular) que se
elevam bastante após os jogos ou períodos de treinamento. No entanto, dentro
do decorrer da temporada os níveis de CK é reduzida, demonstrando uma
adaptação fisiológica dos atletas frente aos repetidos contatos, o que permite
que eles suportem a prática de vários jogos dentro do período competitivo
(HOFFMAN, 2008).
O esporte exige muita movimentação de todos os envolvidos, seja para
atacar e avançar a bola ou para impedir esse avanço. Um estudo encontrou que
as distâncias médias percorridas pelos atletas de futebol americano dentro de
um treino (2938m) são bem menores que a de esportes semelhantes como o
rugby e futebol australiano (DEMARTINI et. al, 2011).
14
Mas diferentes posições requerem diferentes demandas, e o estudo de
DeMartini e colaboradores (2011) encontrou que os jogadores de linha
percorrem menores distâncias com uma velocidade reduzida devido a sua
responsabilidade no esporte, que é de bloquear e empurrar o oponente e isso
ocorre em um curto espaço. No entanto, esses jogadores executam um maior
número de movimentos específicos ou técnicas (WARD et. al, 2017). Enquanto
os não linhas percorrem maior distância total e com velocidades mais altas,
devido a necessidade de correrem para receber ou marcar (DEMARTINI et. al,
2011; WARD et. al, 2017).
Os wide receivers (recebedores) e defensive backs (defensores que
marcam os recebedores) são os grupos que alcançaram as maiores velocidades
máximas, número de sprints e esforços de aceleração/desaceleração em
comparação as outras posições do jogo no nível universitário, indicando a
necessidade de especificidade no treinamento posicional para esses grupos em
relação à velocidade (WELLMAN, 2016).
No esporte, cada grupo posicional possui demandas fisiológicas e
biomecânicas diferentes, sendo relacionadas diretamente com aspectos
técnicos e exigências táticas (HOFFMAN, 2008). Onde diante da característica
do esporte de possuir rápidos e intensos esforços (2 a 5 segundos) e um
reduzido período de recuperação (25 a 35 segundos), os sistemas que possuem
maior contribuição para gerar energia são o da Creatina Fosfato e a glicólise
anaeróbica (PINCIVERO e BOMPA, 1997; HOFFMAN, 2008) se distanciado de
esportes como o futebol que dependem mais da capacidade aeróbica (PRAÇA,
MORALES e GRECO, 2017).
Em consequência à natureza do jogo, os melhores jogadores possuem
maior massa corporal e potência em relação aos mais inferiores (GILLEN et
al.,2019). Um estudo comparou atletas amadores de futebol americano na Itália
com os atletas da NFL e todos possuíam pior composição corporal, força,
velocidade, peso e altura em relação aos da NFL com dados medidos pelo
combine (VITALE et, al., 2016). Jogadores de linha tradicionalmente têm mais
de 120kg e 1,90m de altura dentro dos níveis universitário e profissional nos
EUA, o que reflete novamente a sua responsabilidade dentro do jogo.
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Uma das baterias de testes mais famosas para se avaliar as capacidades
físicas dos atletas é o Combine, na medida em que tradicionalmente os
treinadores se utilizam das medidas de peso, altura, velocidade e potência para
selecionarem seus atletas. Ele consiste de testes como o tiro de 40 jardas para
verificar a velocidade e aceleração linear em uma curta distância, salto vertical e
horizontal para analisar a potência relativa dos membros inferiores, supino reto
para força de membros superiores e testes como o shuttle para verificar a
mudança de direção (VITALE et, al., 2016; KUZMITS e ADAMS, 2008). O
desempenho nesses testes permite aos treinadores analisar os atletas que
possuem maior chance de ter destaque no esporte (HEDLUND, 2018).
6.1.4 Treinamento para o Futebol Americano
A periodização do treinamento para desenvolvimento das capacidades
físicas dentro do futebol americano possui um perfil bem característico. A
temporada de jogos é bem curta em comparação ao período de pré-temporada
e fora de temporada (COMERLATO FILHO, 2019).
Durante muito tempo a melhor forma de realizar a periodização para o
treinamento era a forma linear (KRAEMER et al., 2015) visando atingir o pico de
desempenho durante o período de jogos com o aumento gradual da intensidade
e diminuição do volume ao longo da temporada. No entanto, como os treinos
exigem constantes colisões e disputas com alto nível de exigência física, a
preparação não poderia ser focada com o ápice apenas no período competitivo.
Pois se colocaria em risco a integridade dos atletas dentro dos treinamentos.
Com isso, a abordagem de periodização ondulatória surge atualmente como
uma das melhores formas de trabalhar esses atletas (KRAEMER et al., 2015).
É desejado que os atletas aumentem sua massa muscular para aguentar
as colisões intrínsecas do esporte, então em algumas fases do treinamento, é
incentivado o uso de alto volume visando a hipertrofia como consequência
secundária. Isso é bem diferente de outros esportes como o futebol e lutas onde
se deseja que os atletas sejam mais fortes e potentes, mas sem alterar bastante
sua composição e massa corporal (IGUCHI et. al, 2018).
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No Brasil, o esporte vem crescendo exponencialmente ano a ano, assim
como o perfil de quem pratica, no começo a realidade era de lazer e recreação
para todos os praticantes, mas nos últimos anos, algumas equipes vêm contando
com atletas que se dedicam exclusivamente para o esporte (COSTA, BUENO e
RODRIGUES, 2018). No entanto, a maioria absoluta dos clubes e jogadores é
amadora e assim a preparação deles é feita de forma aleatória, sem existir uma
sistematização por profissionais capacitados ou dentro de ambientes
estruturados de treinamento. Essa realidade amadora acaba por criar um
ambiente bastante propício para o desenvolvimento e agravamento de lesões no
esporte, pois o treinamento físico específico e o tratamento dos atletas são bem
pobres, como bem evidenciado em estudos nacionais (COMERLATO FILHO,
2019; HENGLES et al., 2016; SANTOS, MACENA e SIMÕES, 2019).
6.2 Lesão Esportiva
Uma lesão esportiva é definida como todos os tipos de dano recebido
durante uma atividade esportiva, que cause a ausência em treinos ou jogos,
sucedido da necessidade de tratamento médico (ADAMCZYK e LUBOIÑSKI,
2002). Partindo do princípio de que o futebol americano se trata de um esporte
de colisão, a definição de Fuller e colaboradores (2007, p.2) para o que seria
lesão em esportes de colisão como o rugby:
Qualquer reclamação física causada por uma transferência de energia que
excedeu a capacidade do corpo de manter sua integridade estrutural e/ou
funcional, sofrida por um jogador durante uma partida de rugby ou treinamento
de rugby, independentemente da necessidade de atenção médica ou perda de
tempo no esporte. Uma lesão que resulta em um jogador recebendo assistência
médica é referida como uma lesão de 'medical-attention' e uma lesão que resulta
em um jogador incapaz de participar completamente no treinamento de Rugby
ou partida como lesão de "time loss".
Nos esportes coletivos, os esportes com maiores índices e severidade de
lesões são os coletivos com contato físico em comparação com os esportes
individuais (PARVEEN, 2018), onde o futebol americano é o esporte onde as
lesões são mais comuns em relação a outros esportes (BUSAFI, JUFAILI e
WARDI, 2018), um estudo encontrou em atletas amadores de futebol americano
17
na Alemanha que 54,7% das lesões ocorrem nos treinamentos e 46,1% em jogos
(GEßLEIN et al., 2019).
É importante avaliar o cenário amador e principalmente no nosso país com
relação a outros esportes para tentarmos traçar um paralelo. Um estudo com
atletas amadores de futebol mostrou que a prevalência de lesões ficou em 73%
(PINTO, 2018) e em outro variou de 64% a 53% (GONÇALVES et al., 2015) com
lesões acontecendo mais nos membros inferiores, fato este que acontece
também no basquetebol, que um estudo com atletas sub-23 e amadores,
apresentou que os joelhos e tornozelos são os locais mais acometidos (NETO,
TONIN e NAVEGA, 2013).
No rugby, que possui condições bem semelhantes ao futebol americano
no que se refere as colisões dentro do jogo, foram encontrados uma prevalência
de 58,3% (SOARES, SILVA e LIBERALINO, 2017) e 56,5% (TOLEDO,
EJNISMAN e ANDREOLI, 2015) dentro do cenário amador nacional e que a
maioria delas ocorrem após o contato com outro atleta ou no ato do tackle
(derrubar o oponente com a bola).
6.2.1 Lesões no Futebol Americano
Devido as características inatas ao esporte, o futebol americano conta
com altos índices de lesões, onde lesões derivadas de contato com outro atleta
são responsáveis por 47-57% das lesões nos membros inferiores. E as lesões
sem contato representam de 14 a 30% das lesões em competição e
treinamentos, respectivamente (KERR et. al, 2016). No entanto, lesões de
tornozelo em ações sem contato, representam os maiores índices nessa região
do corpo em atletas universitários e do ensino médio (CLIFTON et, al., 2016).
Um estudo investigou a força isocinética de atletas de futebol americano
no Brasil, e encontrou altos níveis de desequilíbrio muscular. Além disso, o
mesmo estudo mostrou que os brasileiros estão abaixo dos norte-americanos
em termos de capacidade na produção de torque nos músculos da coxa
(SILVEIRA et. al, 2017) o que aumenta a probabilidade de desencadear lesões
nos membros inferiores em situações sem contato (CROISIER et. al, 2008).
18
Outros estudos encontraram que atletas mais fortes nos membros inferiores,
possuem menores índices de lesões em esportes coletivos em comparação aos
atletas mais fracos e maior nível de desempenho (SUCHOMEL; NIMPHIUS e
STONE, 2016; LEHANCE et. al, 2008) e que os atletas que se preparam
fisicamente, possuem menores índices de lesões em comparação aos que não
se preparam (COMERLATO FILHO, 2019).
A principal diferença entre os atletas da primeira e segunda divisão do
futebol americano universitário no Japão, foi em questão de massa corporal e
força (IGUCHI et. al, 2018), resultados semelhantes foram encontrados nos
Estados Unidos, onde a habilidade para escapar de um tackle e a execução de
algumas habilidades, requerem potência e força muscular de membros
superiores (HRYSOMALLIS, 2010).
Vários estudos analisaram lesões no futebol americano em diferentes
níveis (TYLER et al., 2006; SAMPSON et al., 2018; CLIFTON et al., 2016),
relacionando com o tempo de prática (MCCUNN et al., 2017) e também com a
posição em que atuam (MCCUNN et al., 2017). Uma revisão produzida por
Teixeira e colaboradores em 2017 verificou que os membros inferiores são os
mais acometidos (TEIXEIRA et al, 2017) e que as partes mais prejudicadas por
lesões são joelhos, pés, quadris, ombro e mãos (WANG et al., 2018). Os joelhos,
tornozelos, ombros e posteriores de coxa são as partes anatômicas mais
acometidas pelas lesões e que a maioria das lesões são leves ou moderadas
(CANALE et, al., 1981).
Nos últimos anos a maioria dos estudos vem procurando lesões cerebrais
decorrente das pancadas sofridas no jogo e seus efeitos (REALMS et al., 2017;
LYNALL et al., 2017). O estudo de Krill e colaboradores (2018) investigou o efeito
de concussões cerebrais em lesões em membros inferiores de jogadores
universitários, e encontrou diferenças na resposta entre diferentes posições.
19
7. METODOLOGIA
7.1 Caracterização do Estudo
Esse foi um estudo transversal que objetivou descrever o percentual de
atletas amadores de futebol americano que se lesionaram. Para isso, as lesões
foram investigadas usando um questionário em jogadores amadores desse
esporte da cidade de Natal com referência da temporada de 2019.
7.2 População e Amostra
A amostra foi composta de atletas atualmente ativos de futebol americano
na cidade de Natal no estado do Rio Grande do Norte, com a equipe que disputa
a Liga Nacional da modalidade na primeira divisão (Bulls Potiguares), com idade
entre 18 e 36 anos, todos do gênero masculino.
A pesquisa foi aprovada pelo comitê de ética em pesquisa da UFRN, com
o CAAE de 35194119.5.0000.5537.
7.3 Instrumentos
Foi aplicado um questionário: o inquérito de morbidade referida, adaptado
para o futebol americano (RAVAZI, VENÂNCIO e GOIS, 2018), para saber os
locais de lesão, como ocorreu a lesão e o tempo que a lesão ocorreu até que o
atleta se recuperasse. Considerando lesão para o estudo, aquela que cause a
ausência em treinos ou jogos, sucedido da necessidade de tratamento médico.
Para aplicação do questionário foi utilizada a plataforma eletrônica Google
Forms. Para isso, o questionário e termos de consentimento foram inseridos na
plataforma. Sigilo foi obtido e os participantes fizeram a assinatura do termo livre
e esclarecido de forma online quando tomaram conhecimento dos objetivos do
estudo (apresentados nos termos). Nome e data de nascimento foram obtidos
para identificação única dos participantes. A planilha de análise, no entanto,
contém apenas um código aleatório gerado pelo responsável pela pesquisa.
Para recrutamento para participação, a pesquisa foi divulgada em redes sociais
e contato com o clube participante.
Com o objetivo de investigar os determinantes das associações obtidas,
os seguintes dados foram coletados: idade em anos, altura e massa corporal
20
auto relatada. Além disso, o tempo de prática em anos e o total de treino semanal
foram obtidos visando investigar a ocorrência de lesões por horas praticadas.
7.4 Tratamento dos Dados
Médias, desvio padrão e frequências foram usadas para caracterização da
amostra. A prevalência de lesões foi obtida usando medidas de proporção. O
teste de Shapiro-Wilk foi usado para verificar a normalidade dos grupos (com e
sem lesão) com o intuito de verificar o tipo de lesão, efeito da idade e efeito do
tempo de prática. Foi aplicado o teste t para realizar a comparação dos grupos
para os dados normais e o teste de Mann-Whitney para os dados com
distribuição assimétrica. Para a comparação dos grupos de tempo de prática e
horas de treino semanal relativo às categorias, foi utilizado o teste do chi-
quadrado. As análises foram feitas em software estatístico Bio-estat 5.0. Para a
avaliação estatística, se utilizou o valor de p<0,05 como nível de significância.
21
8. RESULTADOS
A amostra contou com 37 atletas amadores praticantes de futebol
americano na cidade de Natal/RN. O perfil dos atletas é apresentado na tabela
1.
Tabela 1. Perfil dos atletas selecionados na amostra.
Média Desvio Padrão Máximo Mínimo
Idade (anos) 26,20 5,01 40,00 19,00
Estatura (metros) 1,78 0,07 1,95 1,63
Massa corporal (quilos) 90,00 21,06 153,00 65,00
Frequência de treino (dias) 2,40 0,91 6,00 1,00
Em relação aos relatos de lesão esportiva, 15 relataram ter sofrido lesão
dentro da temporada, sendo assim 39% da amostra e 22 (61%) não relataram ter
sofrido. Dentre esses 15 foram informadas 36 lesões de acordo com os locais
anatômicos, na medida em que cada atleta só podia relatar no máximo cinco
lesões, dentre eles os mais comuns foram: joelho, ombro, lombar e posterior de
coxa (mostrados na figura 1).
Figura 1. Quantidade de lesões por região anatômica.
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
Ombro Joelho Lombar Tornozelo CoxaPosterior
Punho Outros
Po
rcen
tage
m d
e re
lato
s re
lati
vo a
o n
úm
ero
to
tal d
e le
sões
22
A figura 2 mostra a quantidade de lesões por posições. Duas posições
não contaram com lesões relatadas (kicker/punter que são os chutadores e os
quarterbacks (QB), que lançam a bola no ataque).
Figura 2. Número de atletas lesionados por posição
Já quanto ao mecanismo lesivo, o principal foi o de contato na ação de
dar ou receber o tackle (derrubar o atleta com a bola), seguido pelo jogo de
contato entre as linhas ofensivas e defensivas, como mostrado na figura 3.
DB DL K/P LB OL QB RB WR
Nú
mer
o d
e at
leta
s
Possuíam lesões Não se lesionaram
23
Figura 3. Mecanismo causador das lesões
As lesões foram classificadas em leve, moderadas e graves, como
mostrado na figura 4:
Figura 4. Porcentagem em relação à gravidade das lesões.
Em relação a reincidência, mostrou-se que 44% das lesões voltaram a
acontecer em um momento posterior e 56% não aconteceram novamente entre
os sujeitos (figura 5).
0%
5%
10%
15%
20%
25%
30%
35%
40%
45%
Contato no tackle Campo aberto Linhas Outros Sem contato
Po
rcen
tage
m d
e re
lato
s
36%
42%
22%
Leves Moderadas Graves
24
Figura 5. Porcentagem relativa à reincidência das lesões.
Comparando os atletas que sofreram lesão com os que não sofreram,
comparamos as medidas de idade, peso, tempo de treinamento, frequência
semanal e horas de treino por semana. Elas são mostradas na tabela 2:
Tabela 2. Comparação de dados entre o grupo que relataram lesão e dos
que não relataram.
Grupo com
Lesão (n=15)
Grupo sem
lesão (n=22) p
Idade (anos) 27 ± 5,49 25,8 ± 4,30 0,60
Tempo de treinamento
Entre 1 e 3 anos
Entre 3 e 5 anos
Mais de 5 anos
27% (4)
40% (6)
33% (5)
60% (13)
22% (5)
18% (4)
0,99
Frequência semanal (dias) 2,53 ± 1,32 2,36 ± 0,63 0,28
Horas de treino por semana
Entre 1h – 2h
Entre 2h – 4h
Mais de 4h
20% (3)
33% (5)
47% (7)
28% (6)
54% (12)
18% (4)
0,94
Peso (quilos) 94,5 ± 24,2 87,3 ± 19,41 0,15
44%
56%
Reincidentes Não reincidentes
25
Não houve diferença (p = 0,61) estatística entre os grupos dos atletas que
possuíram lesão com os que não relataram ter sofrido para a relação à idade.
Também não houve diferença (p = 0,29) para a frequência semanal. Da mesma
forma, não houve diferença para a prevalência de lesões (p = 0,99) entre os
grupos de tempo de treino e horas de treino por semana (p = 0,94).
26
9. DISCUSSÃO
O objetivo do estudo foi verificar o perfil das lesões em atletas de futebol
americano de Natal/RN. Os principais achados do estudo foram: que os
principais tipos de lesão ocorrem nos membros inferiores e ombro. Na medida
em que o principal mecanismo causador de lesão é o contato direto entre o
tackleador e o tackleado seguido pelo jogo nas linhas. Outro achado foi que não
existiu diferença com relação à idade nos grupos lesão com o não lesão. E por
último achamos que as posições possuem uma influência com relação aos
índices de acometimento, visto que os recebedores e os linebackers possuíram
os maiores números em comparação aos corredores, lançadores e chutadores.
É interessante destacar a prevalência de atletas lesionados dentro do
nosso grupo de atletas, que ficou em 39%, abaixo dos níveis encontrados em
outros estudos, na medida em que um encontrou a prevalência de 49% em
atletas amadores na Bahia (COMERLATO FILHO, 2019) e outro registrou 69%
da amostra com atletas nacionais apresentando lesões (HENGLES et al., 2016).
Esses dados representam um espectro bem amplo em diferentes estados do
Brasil, com possíveis diferentes realidades de treino e competição. Os achados
do nosso estudo levam aos treinadores do nosso estado a evitarem que a
prevalência de lesões aumentarem além dessa faixa dentro de suas equipes,
podendo utilizar esse valor como limiar. Indicando assim uma revisão no
programa de prevenção de lesões caso o número esteja acima, diferentemente
de outros locais que possuem uma prevalência maior.
Nossos achados mostram que as regiões anatômicas mais acometidas
foram joelhos, tornozelos, ombro e coxa posterior, indo na mesma linha que
indica que as principais lesões no futebol americano são nos membros inferiores
(joelho, tornozelo e coxa) e ombros (TEIXEIRA et al, 2017; BEAULIEU-JONES
et, al., 2017). Isso está diretamente ligado aos contatos que são feitos nessa
região, além das fortes mudanças de direção e sprints repetidos, que estressam
os membros inferiores, sendo bem relacionado a outros estudos nacionais que
verificaram esses locais como os de maior acometimento (COMERLATO FILHO,
2019; HENGLES et al., 2016). É importante utilizar esses dados para os
preparadores físicos construírem os programas de treinamento físico que visem
reduzir os riscos de lesões. Pois os mesmos devem focar nos membros
27
inferiores, principalmente joelhos e tornozelos principalmente no que se diz
respeito à estabilidade dessas articulações durante o contato com outros atletas.
No nosso estudo, verificou que o valor total das lesões sem contato ficou
em 15%, em paralelo ao estudo de Kerr e colaboradores (2017) que se verificou
que lesões sem contato representam de 14 a 30% das lesões em competição e
treinamentos, respectivamente. No presente estudo, todos os atletas que se
machucaram sem contato pertencem aos grupos de velocistas, como os
recebedores (wide receivers), corredores (running backs) e os que marcam os
recebedores (defensive backs). Isso indica que a preparação desses atletas
deve ter um grande foco na mudança de direção e capacidade de suportar
cargas repetidas de sprints, além na técnica de aterrissagem pós saltos.
Quanto à gravidade, nossa amostra trouxe 36% relatando lesões leves.
Esse achado é menor que o reportado com atletas universitários que revelou que
72% das lesões foram leves (CANALE et, al., 1981). Já as lesões graves
representaram 22% no nosso e 9,3% no estudo de Canale e colaboradores
(1981). Os dois estudos delimitaram a gravidade da mesma forma, sendo leve
com menos de 7 dias de ausência de atividades, e mais de 21 dias como sendo
grave. Um fator que pode explicar isso é a falta de preparação e cuidados pós
lesão dos atletas amadores do Brasil. Esses muitas vezes não conseguem
treinar e seguir de fato uma rotina de recuperação por falta de um treinador
específico para a parte física e um departamento médico. Assim, quando se
lesionam passam mais tempo sem poder retornar as atividades, pois o
tratamento da lesão foi feito de maneira mais lenta ou as vezes nem foi feito e o
dano foi mais grave.
As posições que tiveram maior prevalência de lesões dentro da nossa
amostra foram os linebackers (60%) e recebedores (com 57%), isso corrobora
em partes com um estudo feito com atletas finlandeses que mostrou que os
atacantes (setor dos recebedores) possuem maiores índices de lesão que os
defensores, e que as posições mais perto do meio (linhas, running backs e
linebackers) eram as mais sujeitas a sofrerem lesões (KARPAKKA, 1993). Os
nossos achados foram divergentes aos de atletas baianos na temporada 2018,
o quais os dois grupos mais acometidos foram os running backs e linha defensiva
(COMERLATO FILHO, 2019). Como a amostra foi pequena dentro das posições,
28
não conseguimos encontrar de fato uma associação entre as posições e os
índices de lesão. Mas podemos traçar o paralelo dos recebedores estarem entre
os principais, pois o estilo de jogo no Nordeste passa pela grande participação
dos recebedores para avançar com a bola através do jogo aéreo e assim, eles
entram mais em campo e acabam por tocar mais vezes na bola em comparação
aos corredores e assim, possuem uma maior exposição ao contato. Já os
linebackers estão no meio das linhas e sofrendo intensas colisões (bloqueios dos
atacantes) e possuindo a responsabilidade de derrubar os corredores (o maior
mecanismo lesivo de acordo com nosso estudo).
Outro grupo com bastante relato foi o dos defensive backs, sendo um
resultado bem semelhante a outro estudo que avaliou atletas alemães, que
possuem uma realidade semelhante quanto à rotina de treinos e jogos (com
atletas amadores) a da nossa amostra (GEßLEIN et al., 2019) e isso pode ser
atribuído a alta velocidade e constantes mudanças de direção para marcar os
recebedores e aos impactos, por possuírem a responsabilidade de derrubar
jogadores muitas vezes maiores que eles.
A comparação dos grupos lesão contra não lesão traz dados
interessantes. Os dados referentes à idade e frequência semanal de treino, não
encontraram diferença estatística relacionado a influência desses fatores no
grupo que possuiu lesão no teste do chi-quadrado, algo que pode ter influenciado
esse resultado foi o baixo número de atletas na amostra. Mesmo se esperando
que tivesse uma influência devido à relação com o tempo de prática, pois atletas
mais velhos possuem mais tempo de exposição as pancadas e fatores de risco.
Pois isso foi verificado em outro estudo com atletas universitário os que mostrou
diferença significativa quanto ao tempo de prática e experiência no esporte
(MCCUNN et al., 2017). Os fatores associados a isso são que esses atletas como
possuem mais experiência, são muitas vezes titulares e assim, participam mais
das jogadas da equipe e possuem maior exposição dentro do jogo (MCCUNN et
al., 2017). Os atletas mais experientes tendem a serem titulares e esse grupo
possui uma maior participação e motivação para a prática pois como são
titulares, eles têm uma aderência aos treinamentos em comparação aos mais
novos e reservas que acabam faltando mais.
29
O nosso estudo não mostrou diferença estatística quanto às horas de
treinamento por semana entre os grupos lesão e não lesão. Isso vai a
contraponto de outros estudos onde o grupo que possui lesão, tem maior índices
de lesões devido ao tempo maior de exposição por semana às colisões e fatores
de risco (WARD et al., 2018).
O nosso estudo está entre os pioneiros no país quanto a investigação de
lesões em atletas de futebol americano. Sendo apenas o segundo até hoje na
região nordeste. E nos forneceu importantes informações sobre a características
das lesões, como os principais locais e posições afetadas, mostrando que os
atletas potiguares possuem um perfil semelhante ao de outras populações de
atletas desse esporte.
O estudo teve como limitações o número de participantes que fizeram
parte do estudo, que foi considerado baixo, cerca de 40% do elenco da equipe.
Outro fator limitante foi a falta de conhecimento dos participantes sobre o
conceito de lesão e assim se ele entende que sofreu ou não uma. A
inconsistência quanto à frequência nos treinos é outro fator limitante, pois se
trata de uma equipe amadora e assim os atletas são muito heterogêneos quanto
ao tempo e preparação destinados ao esporte.
30
10. CONCLUSÃO
Concluímos que a prevalência de lesão foi baixa se comparada a outros
estudos que compararam atletas na mesma liga, com apenas 39% dos jogadores
reportando lesão e a maior parte delas foi de moderada a grave quanto ao tempo
perdido após o acometimento.
Os principais locais anatômicos que foram acometidos ficaram nos joelhos,
tornozelos, ombros e coxa posterior e que a maioria das lesões ocorre durante
o contato entre tackleador (que derruba o atleta com a bola) e tackleado (que
possui a bola e recebe o tackle).
Os atletas que treinam mais e há maior tempo não possuem maior chance
de se lesionar de acordo com os dados estatísticos, assim como a idade e peso
não se relacionam com o acometimento.
É importante destacar, que as posições possuíram influência nos índices
lesivos, onde algumas delas tinham maiores relatos, como wide receivers e
linebackers em comparação com outras posições. Isso nos leva a discutir
futuramente a planejar melhor a carga de trabalho desses atletas dentro do
treinamento, no tocante ao tempo dentro de jogadas com colisões e quantidade
de repetições dos jogadores dessas posições.
Por último, o estudo nos fornece um entendimento a respeito das
características das lesões dos atletas amadores na cidade de Natal, levando os
preparadores físicos a focarem no fortalecimento dos membros inferiores,
principalmente nas articulações como joelho e tornozelo e que o tempo de
contato nos treinos de algumas posições devem ser controladas (linebackers e
wide receivers). Estudos futuros devem ser realizados com uma amostra maior
de atletas, junto a investigação do desempenho físico dos mesmos e dados mais
qualitativos da composição corporal, procurando especificar melhor o perfil
deles.
31
11. REFERÊNCIAS
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39
12. APÊNDICES
APÊNDICE 1. Inquérito de Morbidade Referida adaptado para o Futebol
Americano
Identificação:
Idade:
Estatura: Massa corpórea: IMC:
Tempo de Treinamento: Frequência semanal:
Horas de treino por semana:
Posicionamento ( ) 1 – Ataque ( ) 2 – Defesa ( ) 3 - Especialista
Subclasse do Ataque: ( ) Quarteback ( ) Running Back ( ) Offensive Lineman
( ) Wide Receiver ( ) Tight-End.
Subclasse Defesa: ( ) Defensive Lineman ( ) Linebacker ( ) Defensive Back
Nesta temporada, você parou ou modificou seu treino em algum momento por
lesão sofrida na prática desportiva:
( ) Sim ( ) Não
Se a última resposta foi SIM
No quadro abaixo, escreva sobre as informações da lesão (local anatômico,
mecanismo, momento, gravidade, retorno às atividades normais e recidivas),
com a respectiva identificação numérica, presente no segundo quadro.
Características das Lesões
Informações 1 2 3 4 5
A - Local Anatômico
B - Mecanismo de Lesão
C - Momento da Lesão
D - Gravidade da Lesão
E – Retorno às atividades normais
F – Recidivas
Codificação das Variáveis
A - Local Anatômico
B - Mecanismo de Lesão
C - Momento da Lesão
1- Ombro 1 - Contato Direto 1 – Treinamento
2 - Braço a) Tackleador 2 – Competição
3 - Cotovelo b) Tackleado
4 - Antebraço c) Open Field D - Gravidade da Lesão
5 - Punho d) Jogo nas linhas 1 - Leve (1 a 7 dias)
40
6 – Mão
e) Colisão na cabeça 2 - Moderada (8 a 21 dias)
7 - Coxa Anterior f) Queda 3 - Grave (> 21 dias)
8 - Coxa Posterior g) Outros
9 - Joelho 2 - Sem Contato
10 – Perna E - Retorno às atividades normais
11 – Panturrilha 1 - Assintomático
12 – Tornozelo 2 – Sintomático
13 – Pé 3 - Não Retornou
14 – Tórax
15 – Abdômen F – Recidiva
16 – Cabeça 1 – Não
17 - Coluna Cervical 2 – Sim
18 - Coluna Lombar
19 - Cintura Pélvica
20 – Outro
41
APÊNDICE 2. TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO –
TCLE
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: Relação Entre as Posições
no Futebol Americano e Lesões Musculoesqueléticas, que tem como
pesquisador responsável o Prof. Dr. Ricardo Santos Oliveira.
Esta pesquisa pretende verificar a relação entre as diferentes posições no futebol
americano e a incidência de lesões nas respectivas posições.
O motivo que nos leva a fazer este estudo é a alta incidência de lesões no
esporte, que acabam colocando a temporada das equipes em risco. Atletas
lesionados, por não treinarem/jogarem acabam por afetar o desempenho das
respectivas equipes nos campeonatos.
Caso decida participar, serão aplicados dois questionários: o OSTRC Overuse
Injury Questionnaire traduzido e validado em português buscando verificar
melhor as lesões em membros inferiores. O segundo sendo o inquérito de
morbidade referida, adaptada para o futebol americano, que possuem duração
de menos de 5 minutos de preenchimento para cada.
Durante a realização da pesquisa poderão ocorrer eventuais desconfortos e
possíveis riscos de Tomar o tempo do sujeito ao responder ao
questionário/entrevista ou responder a questões sensíveis com relação ao tipo
de lesão. Esses riscos poderão ser minimizados na medida em que será
garantindo um local reservado e liberdade para não responder questões
constrangedoras.
Como benefícios da pesquisa você verá quais as lesões mais comuns para a
sua posição e assim procurar melhores formas de prevenção.
Em caso de algum problema que você possa ter relacionado com a pesquisa,
você terá direito à assistência gratuita que será prestada pelo pesquisador, que
estará disponível para tirar todas as dúvidas que possam a existir.
Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para
um dos colaboradores da pesquisa, Heitor Luis de Medeiros Varela (84 99861-
1418).
Você tem o direito de se recusar a participar ou retirar seu consentimento, em
qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.
Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados
apenas em congressos ou publicações científicas, sempre de forma anônima,
não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe identificar. Esses dados
serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local
seguro e por um período de 5 anos.
42
Alguns gastos pela sua participação nessa pesquisa, eles serão assumidos pelo
pesquisador e reembolsado para vocês.
Se você sofrer qualquer dano decorrente desta pesquisa, sendo ele imediato ou
tardio, previsto ou não, você será indenizado.
Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê
de Ética em Pesquisa – instituição que avalia a ética das pesquisas antes que
elas comecem e fornece proteção aos participantes das mesmas – da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, nos telefones (84) 3215-3135 /
(84) 9.9193.6266, através do e-mail cepufrn@reitoria.ufrn.br Você ainda pode ir
pessoalmente à sede do CEP, de segunda a sexta, das 08:00h às 12:00h e das
14:00h às 18:00h, na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Av. Senador
Salgado Filho, s/n. Campus Central, Lagoa Nova. Natal/RN.
Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com
o pesquisador responsável o Prof. Dr. Ricardo Santos Oliveira.
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como
os dados serão coletados nessa pesquisa, além de conhecer os riscos,
desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os
meus direitos, concordo em participar da pesquisa: Relação Entre as Posições
no Futebol Americano e Lesões Musculoesqueléticas, e autorizo a divulgação
das informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas
desde que nenhum dado possa me identificar.
Natal (RN), 08 de novembro de 2019.
Assinatura do participante da pesquisa
Declaração do pesquisador responsável
Como pesquisador responsável pelo estudo Relação Entre as Posições no
Futebol Americano e Lesões Musculoesqueléticas, declaro que assumo a inteira
responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e
direitos que foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo,
assim como manter sigilo e confidencialidade sobre a identidade do mesmo.
Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido
estarei infringindo as normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do
Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as pesquisas envolvendo
o ser humano.
Natal (RN), 08 de novembro de 2019
43
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