presente perfeito a. d. feldman · mar-estrela imensidão infinita celeste luzes de um mar...

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Presente PerfeitoA. D. Feldman

Encontramo-nos em algumlugar de um pequeno planeta e

observamos a beleza fria e ao mesmotempo arrebatadora do infinito em sua

profundeza impenetrável.Lá a morte e a vida se fundem em

uma unidade, e não há nenhum tornar-see nenhum destino, há somente o ser.

Albert Einstein

I • GÊNESE

• Antes do Tempo• (poesia sem título)• Espelho• Terra Incógnita• Mar-estrela

II • EXISTIR

• A rosa• As estrelas• O ódio• O relógio• Sensações

III • INSTANTES

• Infância• Fotografia• Maturidade• Instante• Claridade• Os medos• Brinquedos celestes

(título sem poesia)

IV • METAFÍSICA

• Metafísica• Retorno à solidão• Retrogênese• Homenagem

I • GÊNESE

8

ANTES DO TEMPO

A luz da escuridãoDa noite que era eternaA primeira vida

O som iluminadoNo vazio inconscienteUm futuro a surgir

O antes que era infinitoAntes da realidade...

A música não pararáA luz será ouvidaNo brilho silencioso da escuridão.

9

Azul escuro infinitoSolidão rebuscada de silêncioBrilhos celestes viventesVaguear, movimento em negrito

O tudo que nos olhaCom o nada que espelhaOs olhos que não vemos

Vigilante secretoMedo dormenteGirar no vazioSem olhos vendo

10

ESPELHO

Espumas do mar,Lágrimas do céu.Estrelas do céu,Águas do mar.

Silêncio do mar,Movimento do céu.Ondas do mar,Luzes do céu.

Águas do mar,Estrelas do céu.Lágrimas do céu,Espumas do mar.

11

TERRA INCÓGNITA

Ouçam...Ouçam...Ouçam o silêncio...Na cidade de cimaA profundidade sem fimAs luzinhas.

Ouçam...A dança ritmadaDas claridadesE das sombras.

Ouçam...O cheiro vazioO medo solitário

O girarO girarOuçam...

12

MAR-ESTRELA

Imensidão infinita celesteLuzes de um mar desconhecidoSem ondas, apenas vida.

No vazio o amordo sentirNo amor o vaziodo silêncio

Semblante de solidão...

Mar-estrela quero te viverMergulhar n’alma tuae ser na eternidade do passaralegria de esperanças

13

II • EXISTIR

14

A ROSA

A flor por mais belaSem raíz é morta

Mesmo que as pétalas abramMesmo que agradem aos olhosSão morte

Como um corpo que resiste um diaà falta do espíritoA flor fora do jardim é falsa

A água alivia a torturada obrigação de existirA dor da flor é meu coraçãomortoesquecido

O som do violino afinado ao ouvidoé o choro de alma da flor que as pessoasnão percebem

A flor por mais belaSem raíz é morta

15

Mesmo que seja coloridaMesmo que seja de presente

A flor sem raíz é mortaComo as pessoas

Minh’alma é águaMinha vida um vaso

A flor por mais mortaé bela

O tempo a ressecaE o vento espalha a morte invisívelno infinito existir

16

AS ESTRELAS

Luzes de estrelas chegam mortasna retina.Reflexo longínquo do passado geométricoNo olhar o último existir do vivermorrem nos olhos vida e luz.

17

O ÓDIO

Vermelho rio dos homens

sem margens

18

O RELÓGIO

Antes-depois do agoraO instanteArma do assassinoFilicidaPara quem a humanidade reza.

19

SENSAÇÕES

A cor do vento,O silêncio d’águaA morte da vidaA vida da morte.

...

infinito para dentro

20

III • INSTANTES

21

INFÂNCIA

Sorrisos não codificados socialmente,liberdade de ser.imaginaçãofaz de conta de viver

Esperança sem espera.Tempo com prazer.O sempre brincar de viver

Planos do silênciodo que todos já sentiram

bolarodamundo

azul...arco-íris

22

FOTOGRAFIA

À direita o passadoÀ esquerda os amigosAtrás a parede e o pianoMãe, pai, irmãos, irmãsParentesA festa

(...)

À frente o agora que olhaum instante congelado

23

MATURIDADE

O primeiro inverno sem infância é maisfrio.Com ventochuvamedo.Com solidãofrioe silêncio.

A segunda gênese sem parto é maisdolorosaSem ventocom lágrimase silêncio.

O primeiro instante sem infância émergulhoNo ilimitado livre pensamento do existir

24

INSTANTE

Um piscar de olhos,Um sorriso.Não sei seu nome,Nunca mais a vi.

25

CLARIDADE

Mergulha em meus olhoso sol e o azul do céuo vermelho da maçã.Mergulha em minha almaos vapores das brancas nuvenso brilho diamante da poça d’água,o verde.Mergulha em meus olhoso vento, o toque e osilêncio das cores...

26

OS MEDOS

No passar de dois medosEntre as vidasO futuro a estarA sombra assustadaMedonha e pesadaDo incerto sem palavrasNo intervalo entre dois medosTudo continua a passar

Se o silêncio existirNele quero abrigo.

27

BRINQUEDOS CELESTES

28

IV • METAFÍSICA

29

METAFÍSICA

Espaço

de sinestesia

Águas e luzes iguais sempre outras

30

RETORNO À SOLIDÃO

Na terrana florAos céus viaja o vento

A solidão antes do princípioO vazio vazio existente

na terrao homemno antessolidão

31

RETROGÊNESE

Morrer no silêncio deliciosoapodrecido dos pensamentosRespirar a vida decompor

Vazio.

32

HOMENAGEM

Silêncio!Silêncio.Silêncio...Silêncio?

Presente Perfeito é a seqüênciada vida que parte de um

ponto desconhecido – Gênese– a outro – Metafísica –,

cujos rastros são sensações eexperiências – Existir eInstantes. Através dessa

divisão o autor A. D. Feldmanleva o leitor a visualizar um

caminho comum quetodos nós seguimos.

Sem querer esgotar aspossibilidades que a poesia

proporciona Presente Perfeitoé ironicamente sutil ao lembrarque apenas o silêncio contém

todas as palavras.

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