por que o brasil cresce pouco?economia disfuncional e com baixa capacidade de crescimento 15 causa...

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Por que o Brasil cresce

pouco?

Samuel Pessoa baseado no livro

de Marcos Mendes

1

INSPER e iFHC

3 de abril de 2018

DECOMPOSIÇÃO DE CRESCIMENTO

3

PIBPROD. DO

TRABALHOJORNADA

TAXA DE

EMPREGOPEA % PIA PIA % POP POP

1982-2016 2,4 0,5 -0,4 -0,2 0,7 0,5 1,4

1982-1993 2,2 -0,7 -0,7 -0,3 1,6 0,4 2,0

1993-2002 2,7 0,5 -0,2 -0,2 0,5 0,6 1,5

2002-2010 4,0 2,4 -0,4 0,1 0,3 0,4 1,1

2010-2014 2,3 1,5 -0,4 0,7 -0,8 0,5 0,8

2014-2016 -3,8 -2,2 -0,2 -3,0 0,4 0,5 0,7

EVOLUÇÃO DA PRODUTIVIDADE DO TRABLAHO (PRODUTO

POR HORA TRABALHADA EM R$ DE 2014)

4

Causas imediatas do baixo

crescimento 1) alto e sempre crescente gasto público

2) elevada carga tributária

3) baixa poupança agregada

4) legislação trabalhista complexa e de alto custo

5) regulação econômica deficiente: agências reguladoras frágeis

6) infraestrutura ruim

7) economia fechada ao comércio internacional

8) Judiciário caro, lento e imprevisível

9) baixo nível educacional

10) empresas muito pequenas, informais e ineficientes

5

Desde a redemocratização, em 1985, o

Brasil cresce muito abaixo da média

internacional PIB per capita: taxa média anual de crescimento para países

selecionados (1985-2010)

0,30,7 0,9 1,0 1,0 1,1 1,2 1,3 1,3 1,6 1,8 1,9 1,9 2,1 2,2 2,3 2,4

2,93,4 3,4 3,5 3,6

4,2 4,45,0 5,0

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6,0

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6

O Brasil é e sempre foi muito desigual

Gini Coefficient of Income Inequality: international

comparison

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0,50

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BRAZIL

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0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

7

Participação dos 1% mais ricos

na renda total

8

Fontes: Brasil - Medeiros, Souza e Castro (2014). Outros países: http://piketty.pse.ens.fr/files/capital21c

6% 7%8% 8% 9% 9% 9% 10%

11% 11% 12%13%

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sil (

20

12

)

ARGUMENTO

• A história nos legou enorme desigualdade

• A redemocratização, ao criar uma

sociedade aberta, gerou pressão

fortíssima por aumento do gasto público

• Duas dinâmicas de escolha social:

– Eleitor mediano

– Grupo de pressão (Mancur Olson): difícil

saber por que nosso sistema político é tão

pouco imune à lógica da ação coletiva 9

ARGUEMTO

10

Fonte: Ajuste inevitável, de Marcos Lisboa, Mansueto Almeida e Samuel Pessoa

https://mansueto.files.wordpress.com/2015/07/o-ajuste-inevitc3a1vel-vf_2.pdf

ARGUEMTO

11

Fonte: Manoel Pires, post no blog do Ibre, http://blogdoibre.fgv.br/posts/o-ajuste-possivel-3-o-

debate-sobre-o-salario-minimo

ARGUMENTO

• Muitas vezes por intermédio do judiciário e

do legislativo nos transformamos em uma

sociedade caçadora de renda – Gasto público com judiciário como % do PIB é no

Brasil um múltiplo do que em outras sociedades

• Exemplo: bolsa ditadura e política de criação de municípios

nos anos 90

– Há inúmeras formas de ganhar a vida sem produzir

produto social

– A redemocratização nos distanciou do ideal de

Douglas North: alinhamento entre os retornos sociais

e os retornos privados que resultam das ações dos

indivíduos 12

ARGUMENTO

• Comportamento defensivos de todos:

– Economia muito fechada

– Indústrias infantis há sessenta anos

– Enorme complexidade na estrutura de impostos

indiretos – ICMS, PIS-Cofins, IPI – com inúmeros

regimes especiais

– Forte comportamento defensivo de toda a categoria

dos servidores públicos: estabilidade, excesso de

greves, etc.

– Etc.

13

14

A desigualdade e suas consequências sobre

a economia e a sociedade • Desigualdade cria sistema político, judiciário e regulatório a favor dos ricos

(Glaeser et al – 2003; Engerman e Sokoloff – 2002, Acemoglu e Robinson - 2011)

• Na presença de desigualdade os direitos de propriedade são mal regulados, com viés a favor dos ricos (Gradstein – 2007, Sonin - 2003)

• Aumentos da desigualdade elevam os crimes violentos (Fajnzylber, P. et al - 2002)

• Polarização de interesses abre espaço para: populismo; movimentos revolucionários de esquerda; golpes contra-revolucionários – ou seja, instabilidade política e social, baixa coesão social e risco para os investidores. (Thorbercke, E., Charumilind, C. – 2000)

• Os pobres são um contingente numeroso de eleitores e não podem ser deixados de lado – Mediano < Médio (Alesina e Rodrik - 1994; Person e Tabellini – 1994);

• Baixa coesão social leva a baixo grau de confiança no próximo, prevalência do “esperto”, percepção de que as regras não são iguais para todos: baixo capital social e alta burocracia levam a baixa produtividade e perda de oportunidade de negócios (Stiglitz, 2013)

Apesar de nossa alta desigualdade, o Brasil

tem conseguido manter uma democracia

com razoável estabilidade ao longo de

quase trinta anos.

O custo disso é que geramos uma

economia disfuncional e com baixa

capacidade de crescimento

15

Causa profunda do baixo crescimento

Democracia = governo suscetível a pressões políticas

Desigualdade= sociedade formada por grupos muito diferentes entre si, com diferentes dotações de capital humano, renda

e riqueza, e que demandam do governo políticas muito diferentes

Para evitar uma crise política e preservar a democracia nascente, o governo lança mão de diversas políticas de

gasto público e regulação econômica que distribuem renda e patrimônio em favor dos diferentes grupos. Criou-se o

MODELO DE REDISTRIBUIÇÃO PARA TODOS:

a) Os ricos

b) Os pobres

c) Classe média 16

17

Redistribuição para todos:

atendendo aos ricos

• Política de campeões nacionais (presente) e “hospital de empresas” (passado);

• Acesso de grupos politicamente conectados aos recursos dos fundos de pensão das estatais e aos contratos das estatais;

• Proteção à competição internacional seletiva a setores com conexões e poder de lobby (substituição de importações desde os anos 40);

• Sucessivos perdões a dívidas agrícolas de grandes produtores;

• Fundos de desenvolvimento regional capturados por grandes empresas e elites locais;

• Captura dos recursos de royalties de petróleo pelas elites municipais.

18

Tabela 3.6 - Desembolsos do Sistema BNDES por porte de empresa (2012)

R$ bilhões % do PIB Particip. %

Micro 23,9 0,5% 15%

Pequena 12,5 0,3% 8%

Média 13,7 0,3% 9%

Média-Grande 8,2 0,2% 5%

Grande 97,7 2,2% 63%

TOTAL 156,0 3,5% 100% Fonte: BNDES. Elaborado pelo autor.

Tabela 3.5 - Taxas médias de juros para operações de crédito nos mercados direcionado e

livre – média de março 2011 a setembro 2013 (% ao ano) DIRECIONADO % ao ano

Total 8,54

Pessoas jurídicas 8,98

Pessoas jurídicas - Crédito rural total 8,68

Pessoas jurídicas - Capital de giro com recursos do BNDES 9,82

Pessoas jurídicas - Financiamento de investimentos com recursos do BNDES 8,82

Pessoas físicas - Financiamento imobiliário 15,16

LIVRE % ao ano

Total 29,54

Pessoas jurídicas - Total 21,89

Pessoas jurídicas - Desconto de duplicatas 31,13

Pessoas jurídicas - Capital de giro total 19,04

Pessoas físicas - Total 38,07

Pessoas físicas - Crédito pessoal não consignado 73,45 Fonte: Banco Central do Brasil – Sistema de Séries Temporais.

Elaborado pelo autor.

19

Redistribuição para todos:

atendendo aos pobres • Necessidade de votos para sobreviver em uma

democracia leva os políticos a expandir as políticas sociais;

• Antes da redemocratização: estatísticas sociais “africanas”

• Depois da redemocratização: grande força do eleitor mediano

• Face mais visível da expansão do gasto público corrente: elevação do salário-mínimo real, benefícios de prestação continuada (BCP), aposentadorias rurais, Bolsa Família, Abono Salarial, maiores gastos em educação e saúde, etc.

Despesa com programas de transferência monetária para os pobres: 2002 vs. 2012

2002 2012 Total Per Capita

Bolsa Família (A) (1)

0,11 0,48 606 535

Benefícios aos idoso e aos deficientes de baixa renda (LOAS) (2)

0,23 0,66 382 334

Benefíicios previdênciarios urbanos = 1 SM(3)

0,80 1,26 165 138

Benefícios previdenciários rurais = 1 SM(3)

1,12 1,53 130 107

Sub-total de despesas com impacto redistributivo (A) 2,27 3,93 179 151

Abono e Seguro Desemprego (B) 0,49 0,88 206 175

Total das despesas com impacto redistributivo e vinculadas ao SM (C) = (A)+(B) 2,75 4,81 183 155

Total da despesa primária (D) 15,72 18,28 96 77

(A) / (D) 14,4% 21,5%

(C) / (D) 17,5% 26,3%

% do PIB Variação Real 2002-2012 (%)

Fontes: Secretaria do Tesouro Nacional – Resultado primário do Governo Central, e Ministério do

Desenvolvimento Social.

(1) Valor de 2002 corresponde ao somatório dos programas assistenciais incorporados pelo Bolsa Família em 2004.

(2) Valor de 2002 informado pelo MDS (http://www.mds.gov.br/relcrys/bpc/indice.htm)

(3) Calculado aplicando-se a participação percentual dos benefícios urbanos e rurais na despesa total de 2011 à

despesa total de 2012.

Deflator: IPCA

20

21

Tabela 4.2 - Gasto público em educação básica: 2001 vs. 2011 (% do PIB)

2001 2011 Total Per Capita

Educação básica (educ. infantil ao ensino médio) (A) 3,30 4,39 125 102

Carga Tributária (B) 31,87 33,51 78 60

(A)/(B) 10,4% 13,1%

% do PIB Variação Real 2001-2011(%)

Fontes: INEP-MEC e Receita Federal do Brasil.

Deflator: IPCA.

Elaborado pelo autor.

Tabela 4.5 - Despesa da União com a função saúde: 2002 vs. 2011 (% do PIB)

2002 2011

% da desp.

primária em

2011

Atenção básica e prevenção1 (A) 0,35 0,43 2,5%

Assist. Hospitalar e Ambulatorial (B) 0,96 0,88 5,0%

Outras (C) 0,41 0,43 2,5%

Total (D) = (A)+(B)+(C) 1,72 1,74 10,0%

Total da despesa primária (E) 15,72 17,48

(D)/(E) 10,9% 10,0% Fonte: SIAFI – Sistema Siga Brasil.

(1) Inclui: atenção básica a saúde, saneamento básico rural e urbano, vigilância epidemiológica e

vigilância sanitária.

Elaborado pelo autor.

22

Redistribuição para todos: atendendo à

classe média • Sistema previdenciário regressivo, caro e

insustentável (consumindo 11% do PIB)

• Remuneração e aposentadoria privilegiadas

para os servidores públicos

• Ensino superior gratuito para os estudantes das

classes média e alta

• Estatuto do Idoso

• Sindicato de trabalhadores formais bloqueando

reforma da previdência e das leis do trabalho

23

Tabela 5.2 - Gasto público em educação por aluno em relação ao PIB per capita, por nível

de ensino – vários países (2008)

Fundamental Médio Superior Superior/Fundamental Superior/Médio

(A) (B) (C) (D)=(C)/(A) (E)=(C)/(B)

Índia 8,9 16,2 55,0 6,2 3,4

Brasil 18,0 13,4 93,2 5,2 7,0

México 13,4 13,8 35,4 2,6 2,6

Uruguai 8,5 10,4 18,1 2,1 1,7

França 17,1 26,6 33,5 2,0 1,3

Irlanda 15,0 22,8 26,4 1,8 1,2

Reino Unido 22,1 27,3 29,2 1,3 1,1

Portugal 22,4 34,0 28,8 1,3 0,8

Espanha 19,4 24,0 23,5 1,2 1,0

Estados Unidos 22,2 24,6 25,4 1,1 1,0

Argentina 13,2 20,3 14,2 1,1 0,7

Chile 11,1 12,4 11,5 1,0 0,9

Japão 21,9 22,4 19,1 0,9 0,9

Coréia do Sul 17,2 22,2 9,5 0,6 0,4 Fonte: Veloso (2011).

24

Tabela 5.5 - Total de greves e horas paradas nas esferas pública e privada (2012)

Número (A) % Número (B) %

Funcionalismo público 380 43,7 65.393 74 172

Empresas estatais 28 3,2 1.434 2 51

Setor privado 461 53,0 21.223 24 46

TOTAL 869 100,0 88.050 100 101

Greves Horas Paradas Média de Horas

Paradas (C) =

(B)/(A)

Fonte: DIEESE (2012). Elaborado pelo autor.

25

Gráfico 5.2 - Incidência do Imposto de Renda Pessoa Física por Percentil de Renda (2009)

0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,1 0,4 1,6

6,3

91,6

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

70,0

80,0

90,0

100,0

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Fonte: Siqueira, Nogueira e Souza (2012).

Tabela 5.7 - Projetos apresentados no Congresso Nacional entre Janeiro de 2011 e

Novembro de 2013 com objetivo de conceder benefícios fiscais, no âmbito do Imposto de

Renda Pessoa Física (IRPF)

Quantidade % do Total

TOTAL 215 100%

Origem Executivo 4 2%

Origem Legislativo 211 98%

Grupos beneficiados

Pacientes 51 24%

Domésticos 22 10%

Idosos 19 9% Fonte: Senado e Câmara dos Deputados. Elaborado pelo autor.

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• Deficiência visual

• Deficiência mental severa

• Deficiência metal profunda

• Autismo

• Manguito Rotator

• Artrose

• Doenças degenerativas

26

27

Potencialização da disputa

redistributiva e do rent-seeking

• Com a entrada no jogo dos grupos de renda baixa e intermediária após à redemocratização, multiplicam-se as demandas por privilégios; os interesses cruzados e conflitantes; o impacto sobre as finanças públicas (Lisboa e Latif, 2013).

• Os ricos, antes em posição privilegiada, passam a ter que pagar parte da conta por meio de tributação alta, crescente e distorciva. – Saída: regimes tributários especiais

• Os mecanismos redistributivos se multiplicam de tal forma, que fica difícil saber quem é ganhador ou perdedor líquido.

• Difícil obter consenso para reformas (Fernandez e Rodrik, 1991; Rajan, 2006) – só crises agudas induzem reformas.

Rent-Seeking e perda de

produtividade: • Financiamento para investimentos nas mãos dos mais

influentes e não dos mais produtivos;

• Perde-se tempo disputando riqueza já existente e com atividades defensivas (o suborno, a barganha política, segurança privada, etc.), o que poderia ser alternativamente investidos em bens e serviços mais produtivos;

• O governo é usado como um instrumento para transferir/proteger rendas, em vez de ser um provedor de serviços públicos.

28

ARGUMENTO

• A ideologia atua como elemento

complicador do processo – Sonho dos economista heterodoxos brasileiros com o

moto perpétuo:

• Ideologia que esconde e minimiza o conflito distributivo no

interior do orçamento

– Interpretação esdrúxula do processo de

desenvolvimento dos tigres asiáticos sustenta

intervencionismo desastrado por cá

– Cooptação da política econômica pelos grupos de

pressão: agenda Fiesp

29

ARGUMENTO • Leitura otimista:

– Houve nesse período de baixíssimo crescimento forte evolução

de nossas instituições

• Leitura de Carlos Pereira, Marcus Melo, Bernard Muller e

Lee Alston e também de Mailson da Nóbrega

• Conseguimos construir uma arcabouço institucional de país

rico (de uma sociedade de livre acesso):

– Democracia

– Mecanismos de controle independentes (MP, Judiciário,

etc.)

– Imprensa independente

• Leve queda da desigualdade sugere que a agenda do eleitor

mediano pode mudar

• O desastre da crise recente foi um cisne negro

• Aos trancos e barrancos o aprendizado ocorre e avançamos

• O impedimento da presidente Dilma faz parte desse

aprendizado e foi positivo 30

31

Um ciclo virtuoso em direção ao

consenso da classe média? • Queda da desigualdade reduz heterogeneidade dos

grupos sociais: menor conflito e maior espaço para reformas no futuro. (Banerjee e Duflo – 2003; Easterly – 2001)

• Educação (Saint Paul e Verdier – 1993)

• Redução da restrição ao crédito (Banerjee e Newman - 1993, Galor e Zeira - 1993, Ghatak e Jiang -2002)

• Aumento do horizonte de planejamento e das aspirações dos pobres (Banerjee e Duflo – 2011; Ray 2006)

Boa notícia: a desigualdade caiu

32

Índice de Gini para distribuição da renda domiciliar per capita

Fonte: www.ipeadata.gov.br (PNAD/IBGE)

62,5

58,8

63,6

58,3

60,4

58,9

57,2

56,3

54,6

53,1

52,7 52,0

54,0

56,0

58,0

60,0

62,0

64,0

19

77

19

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19

79

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81

19

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20

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12

20

13

A pobreza extrema também

33

Número de Indivíduos Extremamente Pobres - Linha da Pobreza Baseada em Necessiddes Calóricas

Fonte: www.ipeadata.gov.br

9,0

11,0

13,0

15,0

17,0

19,0

21,0

23,0

25,0

27,0

20

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20

11

20

12

20

13

ARGUMENTO

• Leitura pessimista:

– O agravamento da crise e a fortíssima reação coorporativa gera

por todos os lados ações defensivas

• As corporações de servidores bloquearam as contrapartidas na negociação

das dívidas dos Estados com a União em julho de 2016

– A crise nos Estados e o gravíssimo problema dos direitos

concedidos acima das possibilidades do país e a

desorganização dos serviços públicos apontam no agravamento

da crise

– O salve-se quem puder nos coloca em uma direção de

polarização e violência e cada vez menos capacidade do setor

público se organizar e centralizar as ações

– Tudo isso em meio à piora da polícia e ao agravamento das

ações do crime organizado

– Cenário de desorganização 34

35

Um ciclo vicioso?

• Desigualdade estabilizando-se em nível elevado (Souza e Medeiros, 2013);

• Indicador de pobreza extrema parou de cair (IPEA, 2014)

• Ex-pobres vulneráveis tendem a voltar para a pobreza em caso de deterioração macroeconômica (Ferreira et al, 2013);

• Próximos indicadores oficiais já devem mostrar reversão da tendência com mais clareza;

• Intensificação do conflito em ambiente de crise: farinha pouca, meu pirão primeiro.

36

Referências citadas Acemoglu, Daron, Robinson, James A. (2011) Why Nations Fail: The Origins of Power, Prosperity and Poverty. Princeton University Press.

Alesina, Alberto, Rodrik, Dani (1994) Distributive Politics and Economic Growth. The Quarterly Journal of Economics, V. 109, Nº 2, 465-490

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Muito obrigado

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