patrimônio pré colonial de garopaba e imbituba

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PATRIMÔNIO PRÉ-COLONIAL DE SANTA CATARINA(Com foco no patrimônio arqueológico de Imbituba e Garopaba)

Profº Viegas Fernandes da Costa

Sambaqui em LagunaFonte: Herança expressão visual do brasileiros antes da influência do europeu

Empresas Dow

Guilherme TiburtiusArqueólogo amador, nascido na Alemanha e falecido aos 93 anos, em 1985. Escavou diversos sítios no Paraná e em Santa Catarina. Sua coleção deu origem ao Museu Arqueológico do Sambaqui em Joinville.

João Alfredo Rohr

João Alfredo Rohr, (Arroio do Meio, RS, 18 de junho de 1908 – Florianópolis, SC, 21 de julho de 1984), jesuíta, professor e arqueólogo. Criador do Museu do Homem do Sambaqui, no Colégio Catarinense. Pela extensão de seu trabalho é conhecido como o “maior escavador brasileiro” e “pai da arqueologia catarinense“.

TRADIÇÕES UMBU E HUMAITÁ

Umbu: Caçadores, coletores e pescadores. Os mai antigos moradores do Sul do Brasil (10.000 – 1.000 A.P.). Viviam em pequenos grupos, próximos a pequenos rios ou em abrigos rochosos. Seus instrumentos eram feitos em pedra lascada e em ossos. Faziam gravuras nos abrigos que ocupavam.

Humaitá: Caçadores, pescadores e coletores das florestas. Habitaram a região Sul entre 8.000 a 1.000 A.P. Viviam em pequenos grupos, em acampamentos temporários e próximos a pequenos rios. No Oeste de Santa Catarina habitaram abrigos sob rochas. Seus instrumentos eram produzidos em pedra lascada.

(Adaptado do prospecto “Museu do Homem do Sambaqui”)

Tradição Umbu

Artefatos líticos lascados. Acervo: Museu do Homem do Sambaqui. Foto: Renato Hexsel)

Maquetes de sambaquianos. Museu arqueológico de Joinville. Foto: João Henrique Quoos.

Sambaquiano / Sambaquieiro

Sepultamento. (Acervo: Museu do Homem do Sambaqui. Foto: Renato Hexsel)

A ossada de uma criança sepultada de mãos entrelaçadas com as de um esqueleto adulto chamou atenção dos pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Educação Patrimonial e Arqueologia da Unisul. Foram localizados 23 sepultamentos pré-históricos nas escavações do sítio arqueológico Cabeçudas, às margens da BR-101, em Laguna, onde serão fixados os pilares da Ponte Anita Garibaldi, sobre o Canal de Laranjeiras. A maioria dos esqueletos é de adultos. Fonte: Portal Rede Catarinense de Rádios, 03/10/2012.

Sepultamento de criança. Acervo: Museu do Homem do Sambaqui. Foto: Celi Zamboni.

Sepultamento infantil. Acervo: Museu do Homem do Sambaqui. Foto: Celi Zamboni.

Vértebra perfurada por flecha. Acervo: Museu do Homem do Sambaqui. Foto: Renato Hexsel.

Sítio Arqueológico

Os sambaquianos ou sambaquieiros alimentavam-se de frutos silvestres, moluscos, pequenos animais entre outros alimentos. Análises químicas revelaram que a dieta desses grupos também era bastante rica em peixes e por isso mesmo é possível levantar a hipótese de que eles eram pescadores-coletores e tinham uma vida sedentária.

Acumulavam os restos de comida para utilizá-los como adornos no corpo e também nas moradias. Os sepultamentos eram realizados no próprio Sambaqui, com o passar do tempo o terreno era aplainado e rearrumada a camada superior do monte.

Diversas atividades do dia a dia desse povo eram feitas longe do lugar em que eles moravam. Além disso, podemos subentender que esse povo fabricava os seus próprios objetos. Foram encontrados raspadores de conchas e facas de pedra nos Sambaquis. Outros materiais utilizados eram madeira, fibra e couro.

Foram encontrados vestígios de batedores, suportes de pedra, lasquinhas e outras evidências que sugerem trabalho de fabricação dos objetos de uso próprio, bem como foram encontrados restos de fogueira o que sugere que esse povo tinha o hábito de preparar os seus alimentos, aquecendo-os.

Os mortos eram enfeitados com os objetos que conseguiam resistir ao tempo. É comum encontrar esqueletos com adornos de dentes e vértebras de animais como macacos, tubarões, porcos-do-mato etc. Também foram encontradas pontas de osso, lâminas de machado e outros objetos junto aos mortos.

O enterro das pessoas era uma atividade que exigia bastante cuidado e preparação, pois era necessário preparar a cova, em geral forrando-a com argila, areia, corantes, madeira e outros cuidados.

Dentre os principais materiais se destacavam ossos de animais, quartzo, conchas, gnaisse e outros.

(Adaptado de: http://meioambiente.culturamix.com/natureza/sambaquis-uma-montanha-que-conta-historia)

Modelo de sambaqui do Museu de Arqueologia e Etnologia da Universidade de São Paulo

Oficina lítica

Batedores de pedrasFonte: Museu Anita Garibaldi - Laguna- SC - Foto: Leide Patrícia Nascimento

Anzol em osso de baleiaFonte: Museu de Antropologia da UFSC - Foto: Rodrigo P. Medeiros

Pontas de lanças em osso de baleiaFonte: Museu de Antropologia da UFSC - Foto: Rodrigo P. Medeiros

Raspadores

Fonte: Anais do Museu de Antropologia da UFSC.

Pontas com estrias

Fonte: Anais do Museu de Antropologia da UFSC.

Prato de pedra polidaFonte: Herança: a expressão visual do brasileiro antes da influência do europeu

Empresas Dow

Objetos líticos.

Fonte: Museu Anita Garibaldi Laguna - Foto: Leide P. Nascimento.

ZoolitoFonte: Herança a expressão visual do brasileiro antes da influência do europeu.

Empresas Dow.

Zoolito. (Acervo: Museu do Homem do Sambaqui. Foto: Renato Hexsel)

Zoolito de Baleia. Museu Arqueológico de Joinville. Foto: João Henrique Quoos.

Peixe em diabásio marrom / ImaruíFonte: Herança a expressão visual do brasileiro antes da influência do europeu.

Empresas Dow.

Zoolito representando cópula.Museu Arqueológico de Joinville. Foto: João Henrique Quoos.

Colar em osso de peixeFonte : Museu Anita Garibaldi - Laguna - Foto: Leide P. Nascimento.

Vaso em osso de baleia. (Acervo: Museu do Homem do Sambaqui. Foto: Renato Hexsel)

TRADIÇÃO ITARARÉ

Segundo Aguiar (2002) os itararé teriam sido uma sociedade intermediária, precursora do grupo Jê (Kaingang). Desenvolviam a pesca, a caça e a coleta de forma associada. Produziram instrumentos de pedra e osso, bem como cerâmica de caráter utilitário. Os mortos eram sepultados sob suas habitações, em posições fletidas ou estendidas.

Sobre a cerâmica: vasilhames pequenos e finos com pouca variação nas formas, geralmente sem decoração e apresentando cores entre marrom escuro, cinza e negro . (Araujo, 2007).

BRUNIDORES RUPESTRES

“Amoladores e/ou polidores, chamados de oficina lítica, conhecidos dos antigos pescadores como ‘pratos ou moinhos de bugres’, feitos na maioria das vezes em lajedos e pedras isoladas de diabásio, bem próximos ao mar (...).Foram sendo usados na confecção de alicerces em casas, galpões, muros, escadarias etc, e existem muitos que estão enfeitando jardins e casas ao longo do nosso litoral, restando hoje apenas alguns que estão em grandes rochas e lajedos e não puderam ser carregados. Existem em várias formas, sendo mais comuns os circulares e longitudinais. Os circulares são de dois tipos: uns com parte central convexa e outros com essa parte côncava. Os longitudinais são formados por sulcos que eram usados para afiar pontas em instrumentos.Temos também a sua importância geográfica e histórica, pelo fato de em certos lugares apresentarem nítidas evidências de grandes tempestades, ciclones, ou mesmo cataclismas, que se abateram num passado bem remoto sobre os moradores ali radicados. Fato evidenciado pelo movimento de grandes massas de rocha com brunidores rupestres que foram amontoados e arremessados contra escarpas rochosas, ficando em posição impossível de terem sido usados como estão atualmente. (...) Não se sabe ao certo se eram usados apenas para amolar e polir e depois deixados de lado, ou se os aproveitavam para secar algum tipo de alimento.”

(Keller, Lucas. 1996, p. 104)

“Em Garopaba a destruição foi feita pela prefeitura em 1975, que mandou quebrar a

marretadas os amoladores do Costão da Casqueira, para aproveitar as pedrinhas negras

no calçamento da praça central.”Keler Lucas, 1996, p. 109

OFICINAS LÍTICAS EM GAROPABA E IMBITUBA

Amolador/Brunidor. Porto Novo, Imbituba. Foto: João Henrique Quoos

Amolador. Porto Novo, Imbituba. Foto: João Henrique Quoos

Amolador. Porto Novo, Imbituba. Foto: João Henrique Quoos

Amoladores. Porto Novo, Imbituba. Foto: Lamark Souza Macedo

Condutor Ambiental dando informações sobre as oficinas líticas e a presença humana pré-colonial no litoral catarinense. Porto Novo, Imbituba. Foto: João Henrique Quoos.

Oficinas Líticas Barra/Ferrugem - Garopaba

Amoladores. Foto: Juliani Walotek

Amoladores. Foto: Juliani Walotek

Amoladores. Foto: Juliani Walotek

Amoladores. Foto: Juliani Walotek

Turistas caminham sobre a oficina lítica. O local não dispõe de informações e segurança. Foto: Juliani Walotek (janeiro de 2014)

Amoladores. Foto: Juliani Walotek

Guaiúba – Foto: Júlio Cesar Valente

Guaiúba – Foto: Júlio Cesar Valente

OFICINAS LÍTICAS – VIGIA - GAROPABA

Amoladores. Foto: João Henrique Quoos

Amoladores. Foto: João Henrique Quoos

Gnômon (Relógio de sol) – Vigia – Garopaba. Foto: Viegas Fernandes da Costa

“O Observatório Astronômico de Pedra da vigia foi feito em 2007, e é uma réplica do observatório astronômico de pedra que Germano Bruno Afonso identificou na Barrinha (desmontado e remontado nos anos 70 por Ludowic Wolfgang Rau). Queríamos levar o conhecimento do céu praticado aqui para visitação pública sem colocar em risco o original, ai fizemos a réplica” – Zeno Castilho, via rede social, ao autor desta aula.

Keller Lucas (1996) apresenta a hipótese de que os sítios onde podemos encontrar inscrições rupestres eram tidos como locais sagrados:

“Na Praia do Santinho, em Florianópolis, até o ano de 1946 os pescadores locais faziam oferendas e rezavam, pedindo proteção e boa pescaria, em frente a uma arte rupestre com o formato de um pequeno santo, que era a figura de um antropomorfo com a cabeça constituída por um círculo concêntrico. Tal “Santinho”, que deu nome à praia, foi arrancado do lugar pelos padres que achavam que aquilo era um sacrilégio e nunca mais foi encontrado. É um caso raro em que um símbolo sagrado pré-histórico continuo sendo sagrado até os dias de hoje.” (p.16)

INSCRIÇÕES RUPESTRES

Fonte: Comerlato, 2015.

André Prous (1992) aponta que a “tradição litorânea catarinense” (de petroglifos) “não pode ser comparada com nenhum outro conjunto rupestre conhecido atualmente; trata-se certamente de uma tradição local.” (p. 513).

Segundo Aguiar (2002), “a Ilha de Santa Catarina foi ocupada por três culturas distintas, em diferentes períodos. Qualquer uma destas culturas (ou até mesmo as três) poderia ter gravado aquelas mensagens.” (p.30).

Os três grupos aos quais refere-se Aguiar são: caçadores e coletores, itararés, guaranis.

Keller Lucas (1996) defende o princípio da universalidade para o simbolismo geográfico visto nas inscrições rupestres em Santa Catarina. Argumenta que existem três símbolos básicos, dos quais derivam os demais: círculos (representações celestes e das forças primordiais), quadrados (materialização das energias, criação da vida), triângulos (ligação dos dois símbolos anteriores).

Formas predominantes nas pinturas rupestres do litoral catarinense.

Desenho: Leide Patrícia do Nascimento

INSCRIÇÕES RUPESTRES EM GAROPABA (Silveira). Fonte: Lucas, Keler. 1996, p. 76.

Praia da Silveira (Garopaba) – Inscrições na Pedra do Galeão:

Lugar respeitado pelos antigos pescadores, por estar ligado a mitos e tabus. A maioria das sinalizações encontra-se nas paredes de uma rachadura no paredão de diabásio, lugar úmido e de difícil acesso. As inscrições estão bastante danificadas.

Fonte (imagem e informações): Lucas, Keler. 1996. p. 75.

Inscrições rupestres na Pedra do Galeão (Garopaba/SC). À esquerda grafismo pré-colonial e, à direita, a inscrição de um touro, ato de vandalismo recente neste importante sítio arqueológico. (Crédito da foto: João Henrique Quoos/IFSC, 2014).

ILHA DO CORAL

“Encontra-se em alto mar, entre as praias da Pinheira ao norte e Garopaba ao sul. É de difícil acesso (...). Possui dois sítios importantes. Um pelo famoso ‘letreiro’, painel com 183 cm de altura e 220 cm de comprimento com 55 sinalizações e o outro pelo fato de ter sido explodido e ainda restarem 26 sinalizações localizadas na face da rocha antes da área explodida e mais 3 na face após a área explodida. (...) Essa destruição aconteceu antes da década de 60. A partir de 1963 foi morar na ilha o senhor João Zeca e família, sendo ele o responsável pela preservação da arte rupestre.”

(Lucas, Keler. 1996, p. 79-80)

Ilha do Coral. Fonte: Lucas, Keler. 1996, p. 78.

Inscrição rupestre na Ilha do CampecheFonte: Herança: Empresas Down

Desenho em baixo relevo - Sítio Arqueológico Ilha da Aranha – SC. Fonte: André Gustavo Ferreira.

Ilha do CampecheFoto: Ana Cecília Berto

Barra da Lagoa - Florianópolis

Ilha dos Corais - Florianópolis

Esfinge na Praia da Silveira (Garopaba) com 9 metros de altura. Provavelmente produzida por ação do intemperismo.

Foto:http://kelerlucas.com.br/sc/garopaba.html

CARIJÓS

Os guaranis do litoral de Santa Catarina ficaram conhecidos como Carijós, foram os índios que tiveram contato com o europeu colonizador. Pouco se sabe sobre esta tradição antes da colonização.

Acredita-se que os Carijós chegaram à região vindos da área do atual Paraguai. Dominavam a agricultura e conheciam a fabricação da cerâmica.

Os Carijós chamavam a Ilha de Santa Catarina de Jurerêmirim, que quer dizer boca pequena. Cultivavam a mandioca e o cará, explorando paralelamente a caça, pesca e coleta.

Conheciam a fauna, a flora e os acidentes geográficos.

Urna Funerária com restos mortais Fonte: Museu Anita Garibaldi- Laguna - Foto: Leide P. Nascimento.

Urna FuneráriaFonte: Museu Anita Garibaldi - Laguna - Foto: Leide P. Nascimento

Vasos Guaranis. Acervo: Museu do homem do sambaqui. Foto: Renato Hexsel.

Cerâmica utilitáriaFonte: Museu de Antropologia da UFSC - Foto: Rodrigo P. Medeiros

Urna de cerâmicaFonte: Museu de Antropologia da UFSC - Foto: Rodrigo P. Medeiros.

Cerâmica Guarani. Acervo: Museu do homem do sambaqui. Foto: Renato Hexsel.

INSTITUTO FEDERAL DE SANTA CATARINACampus Garopaba

Patrimônio pré-colonial de Santa Catarina

Profº Viegas Fernandes da Costa Data: 12/08/2014.

BIBLIOGRAFIA Aguiar, Rodrigo L. S. de. Manual de arqueologia rupestre: uma introdução ao estudo da arte rupestre na Ilha de Santa Catarina e ilhas adjacentes. Florianópolis: Ioesc, 2002. Araujo, Astolfo Gomes de Mello. A tradição cerâmica Itararé-Taquara: características, área de ocorrência e algumas hipóteses sobre a expansão dos grupos Jê no sudeste do Brasil. Revista de Arqueologia, 20. p. 09-38, 2007. Costa, Viegas Fernandes da. A vandalização do patrimônio arqueológico de Santa Catarina. EXPRESSÃO UNIVERSITÁRIA, Blumenau, julho de 2014, p. 5. Gaspar, Madu. Sambaqui: arqueologia do litoral brasileiro. Rio de Janeiro: Zahar, 2000. Gomes, Angela A. de Oliveira. Perspectivas interpretativas no estudo das esculturas zoomórficas pré-coloniais do litoral sul do Brasil. Curitiba: UFPR, 2012 (Dissertação de Mestrado em Antropologia Social).Lucas, Keler. Arte rupestre em Santa Catarina. Florianópolis: Rupestre, 1996. Prous, André. Arqueologia brasileira. Brasília: UnB, 1992Rohr, João Alfredo. O sítio arqueológico do Pântano do Sul SC – F – 10. Florianópolis: Governo do Estado de Santa Catarina, 1977.

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