palmito pupunha
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7/28/2019 Palmito Pupunha
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Colombo, PRNovembro, 2007
143
ISSN 1517-5278
Autor
Cultivo da Pupunheira para Palmito nasRegies Sudeste e Sul do Brasil
1. Introduo
O Brasil considerado um dos maiores produtores e consumidores de palmito no
mundo. Todo palmito consumido produzido no Pas. Entretanto, as tcnicas
extrativistas colocaram em extino algumas das espcies produtoras de palmito,
colaborando para a degradao do meio ambiente.
Recentemente, nos estados da Bahia, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo,
Paran e Santa Catarina, a pupunheira (Bactris gasipaes Kunth. var.gasipaes
Henderson) vem sendo cultivada para a produo de palmito. Essa palmeira, comocorrncia natural desde Honduras, na Amrica Central, at Venezuela, Colmbia,
Guianas, Peru, Equador, Bolvia e Regio Norte do Brasil, alm de ser uma planta
perene, apresenta algumas vantagens para seu cultivo destinado produo de
palmito como: precocidade de corte, rusticidade, perfilhamento abundante, boa
palatabilidade, ausncia de oxidao do palmito produzido (escurecimento) e alta
produtividade.
No Estado do Paran, a regio litornea apresenta-se como um habitat potencial para
o plantio da pupunheira para palmito (Figura 1), devido s suas condies climticas
serem favorveis ao estabelecimento e desenvolvimento da espcie. No final de 2004,
nessa regio, o nmero de mudas plantadas de pupunheira, em pequenas propriedadesrurais, girava em torno de 1 milho, o equivalente a uma rea de 200 ha. No incio de
2007, esse nmero era de aproximadamente 1,9 milho de mudas plantadas, o
equivalente a uma rea cultivada de 380 ha, o que representa um aumento de 90 %
da rea cultivada.
Figura 1. Plantio de pupunheira para palmito localizado no litoral do Paran.
Edinelson JosMaciel Neves
Embrapa Florestaseneves@cnpf.embrapa.br
lvaro Figueredodos Santos
Embrapa Florestasalvaro@cnpf.embrapa.br
Honorino RoqueRodigheri
Embrapa Florestashonorino@cnpf.embrapa.br
Cirino Corra JniorEmater, PR
plamed@emater.pr.gov.br
Sebastio BellettiniEmater, PR
bellettini@emater.pr.gov.br
Dauri Jos TessmannUniversidade Estadual
de Maringdjtessmann@uem.br
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2 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
Por ser espcie nativa de regio tropical onde ocorrem
altas temperaturas e elevado ndice pluviomtrico
durante todo o ano, a pupunheira quando cultivada
para a produo de palmito em reas de clima sub-
tropical, sem restries hdricas, como as localizadasno litoral do Estado do Paran, deve ser plantada em
reas abertas, com bastante incidncia de luz, e
submetida a um sistema de manejo sustentvel que
possibilite rotao de, no mnimo, dez a doze anos de
cultivo. Esse tipo de manejo preconiza o uso de
fertilizantes que promovam a produo de creme
elevada; densidade ideal de plantas por unidade de
rea; nmero adequado de perfilhos por touceira e a
escolha de uma idade de corte que evite a competio
entre plantas, principalmente, por luz e nutrientes.
Pelo exposto, este trabalho tem como objetivo
apresentar as recomendaes tcnicas que
possibilitem, aos pequenos e mdios produtores rurais,
o cultivo da pupunheira para palmito de forma
sustentvel.
2. Clima e Solo
O clima ideal para o cultivo da pupunheira o tipo Af
tropical supermido, segundo a classificao de
Keppen, sem estao seca. A precipitao
pluviomtrica mdia anual deve ser superior a 2.000
mm, bem distribuda ao longo do ano, sendo que a do
ms mais seco deve ser sempre superior a 60 mm de
gua. A temperatura mdia ideal em torno de 21 C,
sendo que a umidade relativa do ar deve oscilar entre
80 % e 90 %. Caso o cultivo da espcie seja em reas
com incidncia de fortes ventos, conveniente que o
plantio receba a proteo de barreiras de quebra-vento
que podem ser feitas com o uso de bananeiras ou com
espcies florestais.
A pupunheira se adapta satisfatoriamente em
diferentes classes de solo. Quando plantada em solos
cidos, recomendvel a correo da acidez mediante
calagem e, posteriormente, a aplicao de fertilizantes
visando suprir a deficincia, principalmente, de
nitrognio (N), fsforo (P), potssio (K) e boro (B).
Cuidados especiais devem ser dados ao fluxo de gua
no solo. Apesar de a espcie necessitar de bastante
gua, a pupunheira no tolera solos encharcados.
Plantios em solos com essa caracterstica apresentam
baixa produtividade, devido reduo do nmero de
plantas aptas para corte.
Produtividades elevadas so obtidas quando a espcie
cultivada em solos profundos, bem drenados, ricos
em matria orgnica, com textura mdia a argilosa,
relevo plano a ligeiramente ondulado e com nvel de
fertilidade de mdia a alta.3. Produo de Mudas
3.1. Obteno de sementes
A disponibilidade de sementes melhoradas , ainda, o
grande fator limitante enfrentado pelos pequenos e
mdios produtores, para o cultivo da pupunheira.
Atualmente, a quase totalidade das sementes
disponibilizadas so procedentes de Benjamin Constant,
estado do Amazonas, e/ou de Yurimaguas, no Peru.
Recomenda-se o uso de sementes procedentes doPeru, devido s mudas produzidas serem superiores s
produzidas com sementes de Benjamin Constant, em
relao ausncia de espinhos e precocidade.
Em seu habitat natural, as rvores da pupunheira
produzem, em mdia, de seis a oito cachos por ano.
Cada cacho apresenta at 350 frutos. As sementes
so recalcitrantes e hipgeas, apresentando grande
variao de forma, tamanho e peso, sendo que 1 kg
contm de 300 a 500 unidades. Normalmente, a
frutificao da espcie ocorre de dezembro a maio. Acoleta das sementes acontece de janeiro a maro e de
setembro a outubro (safrinha). importante que a
coleta ocorra quando os frutos esto maduros. As
sementes devem ser retiradas manualmente dos frutos
to logo sejam coletadas.
3.2. Semeadura e germinao de sementes
Para a semeadura, utilizam-se canteiros com substrato
de areia e serragem curtida na proporo de 1:1 ou,
somente com areia. Os canteiros so, em geral,construdos com dimenses de 1 m de largura x 18 cm
a 20 cm de altura x comprimento desejado. Devem ser
construdos em locais com boa drenagem e levemente
inclinados, visando evitar encharcamento por ocasio
das regas.
A semeadura feita espalhando-se as sementes sobre
o substrato utilizado. Em seguida, cobrem-se as
sementes com o mesmo tipo de substrato, de modo
que fiquem sob uma camada de 2 cm a 3 cm de
profundidade. importante que no se deixemsementes descobertas. Esse procedimento evita a
perda de umidade. A quantidade de sementes
semeadas pode variar de 3 kg a 4 kg por metro
quadrado do canteiro utilizado.
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3Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
importante que a sementeira, aps as regas, seja
coberta com sombrite, ou com folhas de palmeira ou
de bananeira, de modo que evite a entrada de muita
luz solar. Esse cuidado evita o ressecamento do
substrato, principalmente se for constitudo somentede areia, e a exposio direta das sementes s
chuvas.
A germinao ocorre entre 60 e 120 dias aps a
semeadura. Nesse perodo, a mesma chega em torno
de 70 % do nmero de sementes semeadas.
Dificilmente essa porcentagem ultrapassa aos 80 %.
Plntulas germinadas aps 150 dias da semeadura
devem ser descartadas, pois do origem a indivduos
inferiores em desenvolvimento e em produo.
3.3. Transplante das mudas
O transplante ou repicagem das plntulas da
sementeira para o viveiro deve ocorrer quando a parte
area atingir de 5 cm a 10 cm de altura ou, antes da
abertura das folhas. No se deve fazer poda de razes.
A seleo das plantas com e sem espinhos no pecolo/
rquis deve ser feita durante essa atividade. Aquelas
com espinhos devem ser descartadas devido s
dificuldades de manejo que apresentam quando
adultas. Outra seleo que se deve fazer nessa
atividade o descarte de plntulas albinas,malformadas e as oriundas de germinao tardia.
No viveiro, as mudas podem ser formadas em sacos
plsticos com dimenso de 10 cm x 15 cm, para uma
permanncia de 8 a 10 meses. Usar como substrato
terra de superfcie de floresta ou uma mistura de trs
partes de terra para uma de matria orgnica.
3.4.Tratos culturais no viveiro
O viveiro requer ateno, principalmente para o
controle de plantas daninhas, que pode ser feito
manualmente, e na observao de ocorrncia de
pragas e doenas. As pragas mais comuns so os
ataques de gafanhotos, lagartas, vaquinhas,
cochonilhas e caros. O controle feito com a
aplicao de inseticida especfico. No caso da
ocorrncia de formigas cortadeiras, o controle deve
ser feito com iscas.
Quanto s doenas, a que pode aparecer a
antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum
gloeosporiodes. Quando isso ocorre, recomendado
que se diminua a irrigao e se aumente o
espaamento entre mudas. Caso se faa uso de
fungicida especfico, as aplicaes devem ser feitas
uma vez por semana. Deve-se, tambm, estar atento
ocorrncia do fungo Phytophthora palmivora. Alm da
incidncia de pragas e doenas, as mudas em viveiro
sofrem o ataque de animais silvestres como lebres,pacas, capivaras e pres. Neste caso, o uso de telas ou
cercas de fundamental importncia proteo das
mudas.
3.5.Adubao em viveiro
Caso o substrato utilizado seja uma mistura de terra
com matria orgnica, torna-se desnecessrio fazer
adubao. Porm, se preciso, 60 dias antes do plantio
pode-se aplicar via foliar 40 g de uria; 60 g de
superfosfato triplo; 20 g de cloreto de potssio; 20 g
de sulfato de magnsio, dissolvidos em 20 litros degua. Essa quantidade suficiente para pulverizar 200
mudas. Alguns minutos aps a aplicao,
recomendvel que se proceda aplicao de gua nas
folhas, para evitar possveis queimas.
3.6. Seleo e rustificao de mudas
Deve-se priorizar as mudas que apresentem maior
dimetro na base do caule e com maior nmero de
folhas vivas. Esses critrios apresentam relao direta
com a precocidade e, conseqentemente, com aproduo de palmito. Nessa seleo, deve-se descartar
as mudas que apresentem nanismo, m formao,
despigmentao e ataque severo de doenas.
O processo de rustificao, adaptao das mudas s
oscilaes da radiao solar, de vital importncia
para se garantir o maior ndice de sobrevivncia do
plantio em campo. O mesmo deve ser feito por um
perodo entre 15 a 30 dias, sob condies de pleno sol,
pouco antes das mudas estarem aptas para o plantio
definitivo. O local de permanncia deve ser arejado ecom boa incidncia de luz. A altura ideal das mudas
nessa ocasio deve variar entre 20 cm e 30 cm.
4. Plantio no Campo
Deve ser feito em reas abertas com bastante
incidncia de luz. A pupunheira pode ser plantada a
partir da segunda quinzena de outubro at, no mximo,
final de fevereiro. Plantios realizados durante a
primavera propiciam s plantas maior perodo com
incidncia de luz e, conseqentemente, maior perodopara crescimento at a chegada do inverno, com
elevado ndice de sobrevivncia. Plantios realizados
durante o ms de fevereiro correm o risco de
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4 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
apresentar elevada mortalidade de plantas, em funo
das altas temperaturas. Quando jovem, a pupunheira
no tolera geada.
importante que nas primeiras semanas aps o plantio
se faa vistoria de campo para quantificar o nmero demudas necessrias para o replantio e para se verificar
possveis ataques de pragas e doenas.
4.1. Escolha da rea
Deve-se levar em considerao os critrios
mencionados nos itens referentes a clima e solo. Os
plantios de pupunheira quando estabelecidos em solos
de textura arenosa a mdia, devem ser feitos em cova
com dimenses de 40 cm x 40 cm x 40 cm. Nos de
textura argilosa, alm das covas, pode-se usar sulcos.Solos de textura muito argilosa ou compactados devem
ser evitados, visto que dificultam o crescimento das
razes.
4.2. Preparo de solo
O mtodo de preparo da rea depende da topografia e
das caractersticas fsicas do solo. Nos que apresentam
topografia plana a ligeiramente ondulada, de textura
mdia, recomenda-se fazer arao (Figura 2) e
gradagem. O objetivo dessas operaes mecanizadas
tornar o solo revolvido e nivelado, respectivamente,
para a atividade de plantio. Caso o solo apresente
textura que varie de mdia a pesada, aps as
operaes de arao e gradagem, recomenda-se que
as linhas de plantio (Figura 3) sejam abertas com o uso
de um sulcador, sendo o garfo regulado para uma
profundidade entre 40 cm e 50 cm. Esse procedimento
facilitar a abertura de cova e, conseqentemente,
maior eficincia no tempo da mo-de-obra utilizada.
imprescindvel que, antes do preparo da rea,
algumas amostras de solo sejam coletadas dos
Figura 2. Preparo de rea com o uso de arado.
primeiros 20 cm de profundidade. De acordo com os
resultados obtidos, verifica-se a necessidade do uso de
calagem e da aplicao de fertilizantes.
Figura 3. Preparo de rea com as linhas de plantio feitas com uso de sulcador.
4.3. Calagem
Caso necessrio, a mesma deve ser feita pelo menos
30 a 45 dias antes do plantio. recomendvel o uso de
calcrio dolomtico, devido ao mesmo fornecer ao solo
clcio e magnsio. Quando possvel, este deve ser
misturado ao solo, aplicando-se metade antes da
arao e metade aps, e incorporado com a gradagem.
O clculo da necessidade de calagem deve ser feito
por profissionais das reas Agronmica e/ou Florestal.
Normalmente, o mesmo feito para elevar a saturao
de base 50 % ou mais.
4.4. Espaamento
Para uma produo sustentvel de palmito, um
aspecto que estar sempre presente nas discusses
a densidade ideal de plantas por unidade de rea.
Nesse sentido, deve-se levar em considerao o tipo de
fertilidade natural do solo, a distribuio de chuvas, a
luminosidade, a temperatura, o uso de fertilizantes, a
variabilidade gentica e o mercado a ser atendido.
Nos plantios densos, o inconveniente que a produo
decai com o tempo em razo do sombreamento e da
elevada competio entre plantas que, alm de limitar
o desenvolvimento dos perfilhos, aumenta a demanda
por luz, gua e nutrientes. J nos plantios com baixa
densidade de plantas, o problema passa a ser a baixa
produtividade inicial.
Visando ao cultivo da pupunheira para palmito de
forma sustentvel, experimentos foram conduzidos no
litoral do Paran, em solos classificados como
transio do tipo Glei Pouco Hmico para Cambissolo e
Cambissolo Hplico distrfico. Nessas reas, a
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5Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
pupunheira foi plantada em quatro diferentes
espaamentos: 3 m x 1 m (3.333 plantas/ha); 2 m x 1
m (5 mil plantas/ha); 2 m x 1 m x 1 m (6.666 plantas/
ha) e 1,5 m x 1 m x 1 m (8 mil plantas/ha) (Figura 4).
O primeiro corte foi efetuado com os plantios tendo 24meses de idade, o segundo com 39 meses e o terceiro
com 48 meses ps-plantio. Os resultados obtidos
indicam que o espaamento de 2 m x 1 m (entrelinhas
x entre plantas), com densidade de 5 mil plantas por
hectare, o mais adequado para a regio do litoral do
Paran.
Figura 4. Plantio de pupunheira para palmito sob diferentes espaamentos.
4.5. Adubao qumica
Deve ser feita em funo dos resultados obtidos com a
anlise qumica do solo. Nas diferentes regies do
Brasil, para uma produtividade esperada de 1 a 4 t/ha
de creme de palmito, as recomendaes com
aplicaes anuais parceladas em pelo menos cinco
vezes, variam de 110 a 300 kg/ha de nitrognio, at
80 kg/ha de fsforo na forma de P2O
5, de 20 a 160
kg/ha de potssio na forma de K2O, de 20 a 50 kg/ha
de enxofre e de 1 a 2 kg/ha de boro. Em funo daelevada adubao nitrogenada aplicada no cultivo,
recomendada a correo do solo a cada quatro anos,
mediante o uso de calcrio dolomtico. Especificamente
para a regio do litoral do Paran, a pupunheira para
palmito exigente em N; K; P, em ordem decrescente.
4.6. Adubao orgnica
As exigncias nutricionais da pupunheira podem ser
supridas com o uso de cama de avirio em conjunto
com a incorporao de biomassa foliar (adubao
verde) produzida mediante plantio de leguminosascomo Ervilhaca peluda (ervilhaca), Crotolaria
spectabilis (crotolria), e Mucuna aterrina (mucuna
preta), entre outras.
Essas aes requerem o seguinte planejamento: aps
as atividades de preparo da rea, deve-se proceder o
plantio da(s) leguminosa(s) selecionada(s). As sementes
podem ser semeadas a lano e a quantidade a ser
usada por hectare, depender do tamanho da semente.Quatro meses aps a semeadura, pode-se fazer a
roagem para usar a biomassa produzida em forma de
mulch, na superfcie do solo.
O plantio da pupunheira ocorrer logo aps a roagem
da leguminosa. Por ocasio do plantio, pode-se aplicar
5 kg de cama de avirio por metro linear. Recomenda-
se que essa quantidade seja dividida da seguinte forma:
2 kg por ocasio do plantio; 1,5 kg trs meses aps o
plantio e 1,5 kg seis meses aps o plantio. A
quantidade total necessria desse adubo ser em tornode 12,5 t/ha.
4.7. Tratos culturais
No primeiro ano de plantio, a pupunheira exige intensos
tratos culturais para o controle de plantas daninhas.
Para seu controle, a principal prtica a roagem
manual ou mecanizada. O uso da capina deve ser
evitado, devido pupunheira apresentar sistema
radicular superficial.
Em reas onde h ocorrncia de temperaturas altas eregime intenso de chuvas, o crescimento de plantas
daninhas extremamente rpido, principalmente nas
estaes de primavera e vero. Nessas reas,
conveniente que o produtor proceda a roagem de
forma mecanizada. Essa opo pode significar reduo
de custo e de mo-de-obra utilizada. O uso de herbicida
eficiente. Entretanto, devido aos problemas
ambientais, seu emprego deve ser limitado. Outros
mtodos alternativos como o uso de papelo tratado
(Figura 5) com sulfato de cobre na dosagem de 0,3 g/
litro de gua, embebido por um perodo de 24 horas,apresenta resultados satisfatrios no controle de
plantas invasoras.
O uso de cobertura morta outra atividade que pode
ser usada nos plantios da pupunheira para palmito.
Quando da roagem (Figura 6), os resduos vegetais
produzidos podem ser utilizados em torno da planta e,
tambm, nas entrelinhas de plantio. Esse tipo de
manejo, alm de promover a incorporao ao solo dos
nutrientes existentes no material roado, ajuda a
manter a sua umidade.
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6 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
Figura 5. Papelo tratado em plantios de pupunheira para controle de plantas
daninhas.Figura 6. Roagem mecanizada em plantios de pupunheira para palmito no
litoral do Paran.
Uma boa alternativa para o controle de plantas
invasoras o uso do amendoim forrageiro (Arachis
pintoi) (Figuras 7 e 8). Porm, devem-se ter alguns
cuidados ao seu crescimento agressivo em relao aos
perfilhos e, tambm, ao tipo de acesso usado. O
plantio dessa espcie pode ser feito a lano ou por
mudas. Quando feita a lano, as sementes deA. pintoi
devem ser semeadas logo aps o preparo do solo para
a implantao dos plantios de pupunheira para palmito.
Neste caso, as operaes de arao e de gradagem
contribuiro para a eliminao de plantas daninhas e,
conseqentemente, para que as sementes tenhamcontato direto com o solo. Este fato proporcionar
condies para um bom desenvolvimento das razes e
rpido fechamento do solo.
5. Colheita
5.1. Idade e altura de corte
A idade ou poca ideal de corte dos plantios de
pupunheira para palmito determinada em funo do
tipo de mercado pretendido e, necessariamente,
combinada com a poca de plantio, a densidade de
plantas, o programa de adubao e o modelo de corte
a ser adotado.
Nos plantios feitos durante a primavera, entre a
primeira quinzena de novembro at a primeira quinzena
de dezembro, o primeiro corte pode ocorrer no incio
do vero do ano subseqente, a partir dos 15 meses de
idade ps-plantio. O segundo e terceiro corte podem
ser realizados com intervalo de dois meses, a partir do
primeiro, at o ms de junho. Esse modelo de cortes
escalonados permite que a somatria de plantas
cortadas nos primeiros 18 meses atinja valores em
torno de 50 % das plantas inicialmente cultivadas.
Esse tipo de manejo, alm de proporcionar reduo na
poca de corte, promover abertura significativa do
dossel, permitindo a entrada satisfatria de luz e,
conseqentemente, maior revitalizao no crescimento
dos perfilhos. Cortes tardios no s prejudicam o
crescimento dos perfilhos (tempo de recuperao)
como tambm alteram o desenvolvimento dos mesmos
por falta de luminosidade.
As plantas podem ser cortadas com altura a partir de
1,65 m, medida da superfcie do solo at a insero
da primeira folha aberta (Figura 9), ou com dimetro
ao nvel do solo de aproximadamente 12 cm.
Figura 9 - Esquema representativo da tomada de altura em
plantas de pupunheira aptas para corte.
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7Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
6. Manejo de Perfilhos
O manejo das touceiras nos plantios de pupunheira
para a produo de palmito fundamental para a sua
longevidade, por existir uma relao direta do manejo
sustentvel com a intensidade de corte, a densidade de
plantio, a longevidade da planta e a produo de
palmito, entre outras.
Devido relao existente entre a intensidade de poda
e a densidade de plantio, os cultivos da pupunheira
para palmito com elevada densidade de plantas devem
contemplar menor nmero de perfilhos, enquanto que
os cultivos com baixa densidade o nmero de perfilhos
requerido deve ser maior.
Resultados de pesquisa apontam que a tendncia nose manejar os perfilhos nos plantios de pupunheira com
densidade de plantas inferior a 5 mil por hectare, como
comumente realizado (Figura 10). Nos plantios com
densidade de plantas entre 5 mil e 6.666 por hectare,
a tendncia se manejar deixando-se quatro perfilhos
por touceira e nos com densidade superior a 6.666
plantas por hectare, dois perfilhos por touceira.
Figura 10. Manejo de perfilhos em plantio de pupunheira para palmito
localizado no litoral do Paran.
7. Indicadores de Custos, Produtivi-dade e Rentabilidade
No cultivo da pupunheira, os maiores custos ocorrem
no primeiro ano. Esses custos referem-se ao preparo
da rea, mudas, plantio, insumos e mo-de-obra.
Na Tabela 1, so apresentados indicadores mdios de
plantios de pupunheira na regio do litoral do Estado do
Paran. Esta tabela apresenta indicadores de operao
de cultivos, coeficientes tcnicos, nveis de preos
pagos e recebidos, uso de mo-de-obra, densidade de
plantios (5 mil plantas/ha), produtividade mdia de bons
cultivos que podem servir de base para que tcnicos
ou produtores rurais calculem seus custos e receitas
de acordo com a tecnologia usada, a produtividade
obtida e os preos praticados na propriedade ou regio.
Em mdia, a produtividade da pupunheira de 2.500
cabeas de palmito por hectare no Ano 2 e de 3 mil
cabeas de palmitio por hectare nos Anos 3, 4 e 5
(Tabela 1).
Em funo dos altos custos de implantao e
manuteno, a pupunheira para palmito apresenta
fluxo de caixa (receitas menos custos operacionais
acumulados) positivo de R$ 2.590,00 no Ano 4 e de
R$ 4.990,00 no Ano 5 (Tabela 1).
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8 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
Tabela 1. Indicadores mdios de custos operacionais, produtividade e valor da produo/ha de pupunheira para palmito no litoral do E
Variveis UnidadeValor unitrio.
(R$)Ano 1 Ano 2 Ano 3 An
Qde. Total Qde Total Qde. Total Qde
1. Preparo da rea Hora/trator 75,00 5 375,00 --- --- --- --- ---
. Arao II II 3 225,00 --- --- --- --- ---
. Gradagem II II 2 150,00 --- --- --- --- ---
2. Insumos --- --- --- 8.535,00 --- 2.030,00 --- 2.000,00 ---
. Calcrio T 120,00 2 240,00 --- --- --- --- 2
. Mudas (+ 15 % replantio) Unidade 1,00 5.750 5.750,00 --- --- --- --- ---
. Fertilizante qumico Kg 1,00 1.500 1.500,00 1.500 1.500,00 1.500 1.500,00 1.500
. Esterco curtido T 100,00 10 1.000,00 5 500,00 5 500,00 5
. Herbicida L 15,00 3 45,00 2 30,00 --- --- ---
3. Mo-de-obra Dia/Homem 30,00 52 1.560,00 25 750,00 20 960,00 19
. Marcao das linhas Dia/Homem II 3 90,00 --- --- --- --- ---
. Abertura das covas Dia/Homem II 10 300,00 --- --- --- --- ---
. Adubao qumica Dia/Homem II 2 60,00 2 60,00 2 60,00 2
. Adubao orgnica Dia/Homem II 8 240,00 4 120,00 4 120,00 ---
. Calagem Dia/Homem II 5 150,00 --- --- --- --- 2
. Plantio e replantio Dia/Homem II 12 360,00 --- --- --- --- ---
. Aplicao de herbicida Dia/Homem II 2 60,00 2 60,00 --- --- ---
. Coroamento Dia/Homem II 7 210,00 5 150,00 --- --- ---
. Roada nas entrelinha Dia/Homem II 3 90,00 3 90,00 --- --- ---
. Adubao de cobertura Dia/Homem II --- --- 2 60,00 3 90,00 3
. Corte dos palmitos Dia/Homem II --- --- 7 210,00 11 330,00 12
4. Custo total (1+2+3) --- --- --- 10.470,00 --- 2.780,00 --- 2.600,00 ---
5. Produtividade e valor da
produo
Unid. e R$ 2,50 --- --- 2.500 6.250,00 3.000 7.500,00 3.000
6. Fluxo de caixa R$/ha --- --- -10.470,00 --- -7.000,00 --- -2.100,00 ---
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9Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil
Literatura Complementar
EMBRAPA. Centro Nacional de Pesquisa de Solos. SistemaBrasileiro de Classificao de Solos. Braslia, DF: EmbrapaProduo de Informao; Rio de Janeiro: Embrapa Solos,1999. 412 p.
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YUYAMA, K. Sistemas de cultivo para produo de palmito dapupunheira. Horticultura Brasileira, v. 15, p. 191-198, 1997.Suplemento.
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Reviso de texto: Mauro Marcelo BertNormalizao bibliogrfica: Elizabeth Cmara Trevisan,
Lidia Woronkoff
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