palmito pupunha

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  • 7/28/2019 Palmito Pupunha

    1/9

    Colombo, PRNovembro, 2007

    143

    ISSN 1517-5278

    Autor

    Cultivo da Pupunheira para Palmito nasRegies Sudeste e Sul do Brasil

    1. Introduo

    O Brasil considerado um dos maiores produtores e consumidores de palmito no

    mundo. Todo palmito consumido produzido no Pas. Entretanto, as tcnicas

    extrativistas colocaram em extino algumas das espcies produtoras de palmito,

    colaborando para a degradao do meio ambiente.

    Recentemente, nos estados da Bahia, Esprito Santo, Rio de Janeiro, So Paulo,

    Paran e Santa Catarina, a pupunheira (Bactris gasipaes Kunth. var.gasipaes

    Henderson) vem sendo cultivada para a produo de palmito. Essa palmeira, comocorrncia natural desde Honduras, na Amrica Central, at Venezuela, Colmbia,

    Guianas, Peru, Equador, Bolvia e Regio Norte do Brasil, alm de ser uma planta

    perene, apresenta algumas vantagens para seu cultivo destinado produo de

    palmito como: precocidade de corte, rusticidade, perfilhamento abundante, boa

    palatabilidade, ausncia de oxidao do palmito produzido (escurecimento) e alta

    produtividade.

    No Estado do Paran, a regio litornea apresenta-se como um habitat potencial para

    o plantio da pupunheira para palmito (Figura 1), devido s suas condies climticas

    serem favorveis ao estabelecimento e desenvolvimento da espcie. No final de 2004,

    nessa regio, o nmero de mudas plantadas de pupunheira, em pequenas propriedadesrurais, girava em torno de 1 milho, o equivalente a uma rea de 200 ha. No incio de

    2007, esse nmero era de aproximadamente 1,9 milho de mudas plantadas, o

    equivalente a uma rea cultivada de 380 ha, o que representa um aumento de 90 %

    da rea cultivada.

    Figura 1. Plantio de pupunheira para palmito localizado no litoral do Paran.

    Edinelson JosMaciel Neves

    Embrapa Florestaseneves@cnpf.embrapa.br

    lvaro Figueredodos Santos

    Embrapa Florestasalvaro@cnpf.embrapa.br

    Honorino RoqueRodigheri

    Embrapa Florestashonorino@cnpf.embrapa.br

    Cirino Corra JniorEmater, PR

    plamed@emater.pr.gov.br

    Sebastio BellettiniEmater, PR

    bellettini@emater.pr.gov.br

    Dauri Jos TessmannUniversidade Estadual

    de Maringdjtessmann@uem.br

  • 7/28/2019 Palmito Pupunha

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    2 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    Por ser espcie nativa de regio tropical onde ocorrem

    altas temperaturas e elevado ndice pluviomtrico

    durante todo o ano, a pupunheira quando cultivada

    para a produo de palmito em reas de clima sub-

    tropical, sem restries hdricas, como as localizadasno litoral do Estado do Paran, deve ser plantada em

    reas abertas, com bastante incidncia de luz, e

    submetida a um sistema de manejo sustentvel que

    possibilite rotao de, no mnimo, dez a doze anos de

    cultivo. Esse tipo de manejo preconiza o uso de

    fertilizantes que promovam a produo de creme

    elevada; densidade ideal de plantas por unidade de

    rea; nmero adequado de perfilhos por touceira e a

    escolha de uma idade de corte que evite a competio

    entre plantas, principalmente, por luz e nutrientes.

    Pelo exposto, este trabalho tem como objetivo

    apresentar as recomendaes tcnicas que

    possibilitem, aos pequenos e mdios produtores rurais,

    o cultivo da pupunheira para palmito de forma

    sustentvel.

    2. Clima e Solo

    O clima ideal para o cultivo da pupunheira o tipo Af

    tropical supermido, segundo a classificao de

    Keppen, sem estao seca. A precipitao

    pluviomtrica mdia anual deve ser superior a 2.000

    mm, bem distribuda ao longo do ano, sendo que a do

    ms mais seco deve ser sempre superior a 60 mm de

    gua. A temperatura mdia ideal em torno de 21 C,

    sendo que a umidade relativa do ar deve oscilar entre

    80 % e 90 %. Caso o cultivo da espcie seja em reas

    com incidncia de fortes ventos, conveniente que o

    plantio receba a proteo de barreiras de quebra-vento

    que podem ser feitas com o uso de bananeiras ou com

    espcies florestais.

    A pupunheira se adapta satisfatoriamente em

    diferentes classes de solo. Quando plantada em solos

    cidos, recomendvel a correo da acidez mediante

    calagem e, posteriormente, a aplicao de fertilizantes

    visando suprir a deficincia, principalmente, de

    nitrognio (N), fsforo (P), potssio (K) e boro (B).

    Cuidados especiais devem ser dados ao fluxo de gua

    no solo. Apesar de a espcie necessitar de bastante

    gua, a pupunheira no tolera solos encharcados.

    Plantios em solos com essa caracterstica apresentam

    baixa produtividade, devido reduo do nmero de

    plantas aptas para corte.

    Produtividades elevadas so obtidas quando a espcie

    cultivada em solos profundos, bem drenados, ricos

    em matria orgnica, com textura mdia a argilosa,

    relevo plano a ligeiramente ondulado e com nvel de

    fertilidade de mdia a alta.3. Produo de Mudas

    3.1. Obteno de sementes

    A disponibilidade de sementes melhoradas , ainda, o

    grande fator limitante enfrentado pelos pequenos e

    mdios produtores, para o cultivo da pupunheira.

    Atualmente, a quase totalidade das sementes

    disponibilizadas so procedentes de Benjamin Constant,

    estado do Amazonas, e/ou de Yurimaguas, no Peru.

    Recomenda-se o uso de sementes procedentes doPeru, devido s mudas produzidas serem superiores s

    produzidas com sementes de Benjamin Constant, em

    relao ausncia de espinhos e precocidade.

    Em seu habitat natural, as rvores da pupunheira

    produzem, em mdia, de seis a oito cachos por ano.

    Cada cacho apresenta at 350 frutos. As sementes

    so recalcitrantes e hipgeas, apresentando grande

    variao de forma, tamanho e peso, sendo que 1 kg

    contm de 300 a 500 unidades. Normalmente, a

    frutificao da espcie ocorre de dezembro a maio. Acoleta das sementes acontece de janeiro a maro e de

    setembro a outubro (safrinha). importante que a

    coleta ocorra quando os frutos esto maduros. As

    sementes devem ser retiradas manualmente dos frutos

    to logo sejam coletadas.

    3.2. Semeadura e germinao de sementes

    Para a semeadura, utilizam-se canteiros com substrato

    de areia e serragem curtida na proporo de 1:1 ou,

    somente com areia. Os canteiros so, em geral,construdos com dimenses de 1 m de largura x 18 cm

    a 20 cm de altura x comprimento desejado. Devem ser

    construdos em locais com boa drenagem e levemente

    inclinados, visando evitar encharcamento por ocasio

    das regas.

    A semeadura feita espalhando-se as sementes sobre

    o substrato utilizado. Em seguida, cobrem-se as

    sementes com o mesmo tipo de substrato, de modo

    que fiquem sob uma camada de 2 cm a 3 cm de

    profundidade. importante que no se deixemsementes descobertas. Esse procedimento evita a

    perda de umidade. A quantidade de sementes

    semeadas pode variar de 3 kg a 4 kg por metro

    quadrado do canteiro utilizado.

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    3Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    importante que a sementeira, aps as regas, seja

    coberta com sombrite, ou com folhas de palmeira ou

    de bananeira, de modo que evite a entrada de muita

    luz solar. Esse cuidado evita o ressecamento do

    substrato, principalmente se for constitudo somentede areia, e a exposio direta das sementes s

    chuvas.

    A germinao ocorre entre 60 e 120 dias aps a

    semeadura. Nesse perodo, a mesma chega em torno

    de 70 % do nmero de sementes semeadas.

    Dificilmente essa porcentagem ultrapassa aos 80 %.

    Plntulas germinadas aps 150 dias da semeadura

    devem ser descartadas, pois do origem a indivduos

    inferiores em desenvolvimento e em produo.

    3.3. Transplante das mudas

    O transplante ou repicagem das plntulas da

    sementeira para o viveiro deve ocorrer quando a parte

    area atingir de 5 cm a 10 cm de altura ou, antes da

    abertura das folhas. No se deve fazer poda de razes.

    A seleo das plantas com e sem espinhos no pecolo/

    rquis deve ser feita durante essa atividade. Aquelas

    com espinhos devem ser descartadas devido s

    dificuldades de manejo que apresentam quando

    adultas. Outra seleo que se deve fazer nessa

    atividade o descarte de plntulas albinas,malformadas e as oriundas de germinao tardia.

    No viveiro, as mudas podem ser formadas em sacos

    plsticos com dimenso de 10 cm x 15 cm, para uma

    permanncia de 8 a 10 meses. Usar como substrato

    terra de superfcie de floresta ou uma mistura de trs

    partes de terra para uma de matria orgnica.

    3.4.Tratos culturais no viveiro

    O viveiro requer ateno, principalmente para o

    controle de plantas daninhas, que pode ser feito

    manualmente, e na observao de ocorrncia de

    pragas e doenas. As pragas mais comuns so os

    ataques de gafanhotos, lagartas, vaquinhas,

    cochonilhas e caros. O controle feito com a

    aplicao de inseticida especfico. No caso da

    ocorrncia de formigas cortadeiras, o controle deve

    ser feito com iscas.

    Quanto s doenas, a que pode aparecer a

    antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum

    gloeosporiodes. Quando isso ocorre, recomendado

    que se diminua a irrigao e se aumente o

    espaamento entre mudas. Caso se faa uso de

    fungicida especfico, as aplicaes devem ser feitas

    uma vez por semana. Deve-se, tambm, estar atento

    ocorrncia do fungo Phytophthora palmivora. Alm da

    incidncia de pragas e doenas, as mudas em viveiro

    sofrem o ataque de animais silvestres como lebres,pacas, capivaras e pres. Neste caso, o uso de telas ou

    cercas de fundamental importncia proteo das

    mudas.

    3.5.Adubao em viveiro

    Caso o substrato utilizado seja uma mistura de terra

    com matria orgnica, torna-se desnecessrio fazer

    adubao. Porm, se preciso, 60 dias antes do plantio

    pode-se aplicar via foliar 40 g de uria; 60 g de

    superfosfato triplo; 20 g de cloreto de potssio; 20 g

    de sulfato de magnsio, dissolvidos em 20 litros degua. Essa quantidade suficiente para pulverizar 200

    mudas. Alguns minutos aps a aplicao,

    recomendvel que se proceda aplicao de gua nas

    folhas, para evitar possveis queimas.

    3.6. Seleo e rustificao de mudas

    Deve-se priorizar as mudas que apresentem maior

    dimetro na base do caule e com maior nmero de

    folhas vivas. Esses critrios apresentam relao direta

    com a precocidade e, conseqentemente, com aproduo de palmito. Nessa seleo, deve-se descartar

    as mudas que apresentem nanismo, m formao,

    despigmentao e ataque severo de doenas.

    O processo de rustificao, adaptao das mudas s

    oscilaes da radiao solar, de vital importncia

    para se garantir o maior ndice de sobrevivncia do

    plantio em campo. O mesmo deve ser feito por um

    perodo entre 15 a 30 dias, sob condies de pleno sol,

    pouco antes das mudas estarem aptas para o plantio

    definitivo. O local de permanncia deve ser arejado ecom boa incidncia de luz. A altura ideal das mudas

    nessa ocasio deve variar entre 20 cm e 30 cm.

    4. Plantio no Campo

    Deve ser feito em reas abertas com bastante

    incidncia de luz. A pupunheira pode ser plantada a

    partir da segunda quinzena de outubro at, no mximo,

    final de fevereiro. Plantios realizados durante a

    primavera propiciam s plantas maior perodo com

    incidncia de luz e, conseqentemente, maior perodopara crescimento at a chegada do inverno, com

    elevado ndice de sobrevivncia. Plantios realizados

    durante o ms de fevereiro correm o risco de

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    4 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    apresentar elevada mortalidade de plantas, em funo

    das altas temperaturas. Quando jovem, a pupunheira

    no tolera geada.

    importante que nas primeiras semanas aps o plantio

    se faa vistoria de campo para quantificar o nmero demudas necessrias para o replantio e para se verificar

    possveis ataques de pragas e doenas.

    4.1. Escolha da rea

    Deve-se levar em considerao os critrios

    mencionados nos itens referentes a clima e solo. Os

    plantios de pupunheira quando estabelecidos em solos

    de textura arenosa a mdia, devem ser feitos em cova

    com dimenses de 40 cm x 40 cm x 40 cm. Nos de

    textura argilosa, alm das covas, pode-se usar sulcos.Solos de textura muito argilosa ou compactados devem

    ser evitados, visto que dificultam o crescimento das

    razes.

    4.2. Preparo de solo

    O mtodo de preparo da rea depende da topografia e

    das caractersticas fsicas do solo. Nos que apresentam

    topografia plana a ligeiramente ondulada, de textura

    mdia, recomenda-se fazer arao (Figura 2) e

    gradagem. O objetivo dessas operaes mecanizadas

    tornar o solo revolvido e nivelado, respectivamente,

    para a atividade de plantio. Caso o solo apresente

    textura que varie de mdia a pesada, aps as

    operaes de arao e gradagem, recomenda-se que

    as linhas de plantio (Figura 3) sejam abertas com o uso

    de um sulcador, sendo o garfo regulado para uma

    profundidade entre 40 cm e 50 cm. Esse procedimento

    facilitar a abertura de cova e, conseqentemente,

    maior eficincia no tempo da mo-de-obra utilizada.

    imprescindvel que, antes do preparo da rea,

    algumas amostras de solo sejam coletadas dos

    Figura 2. Preparo de rea com o uso de arado.

    primeiros 20 cm de profundidade. De acordo com os

    resultados obtidos, verifica-se a necessidade do uso de

    calagem e da aplicao de fertilizantes.

    Figura 3. Preparo de rea com as linhas de plantio feitas com uso de sulcador.

    4.3. Calagem

    Caso necessrio, a mesma deve ser feita pelo menos

    30 a 45 dias antes do plantio. recomendvel o uso de

    calcrio dolomtico, devido ao mesmo fornecer ao solo

    clcio e magnsio. Quando possvel, este deve ser

    misturado ao solo, aplicando-se metade antes da

    arao e metade aps, e incorporado com a gradagem.

    O clculo da necessidade de calagem deve ser feito

    por profissionais das reas Agronmica e/ou Florestal.

    Normalmente, o mesmo feito para elevar a saturao

    de base 50 % ou mais.

    4.4. Espaamento

    Para uma produo sustentvel de palmito, um

    aspecto que estar sempre presente nas discusses

    a densidade ideal de plantas por unidade de rea.

    Nesse sentido, deve-se levar em considerao o tipo de

    fertilidade natural do solo, a distribuio de chuvas, a

    luminosidade, a temperatura, o uso de fertilizantes, a

    variabilidade gentica e o mercado a ser atendido.

    Nos plantios densos, o inconveniente que a produo

    decai com o tempo em razo do sombreamento e da

    elevada competio entre plantas que, alm de limitar

    o desenvolvimento dos perfilhos, aumenta a demanda

    por luz, gua e nutrientes. J nos plantios com baixa

    densidade de plantas, o problema passa a ser a baixa

    produtividade inicial.

    Visando ao cultivo da pupunheira para palmito de

    forma sustentvel, experimentos foram conduzidos no

    litoral do Paran, em solos classificados como

    transio do tipo Glei Pouco Hmico para Cambissolo e

    Cambissolo Hplico distrfico. Nessas reas, a

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    5Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    pupunheira foi plantada em quatro diferentes

    espaamentos: 3 m x 1 m (3.333 plantas/ha); 2 m x 1

    m (5 mil plantas/ha); 2 m x 1 m x 1 m (6.666 plantas/

    ha) e 1,5 m x 1 m x 1 m (8 mil plantas/ha) (Figura 4).

    O primeiro corte foi efetuado com os plantios tendo 24meses de idade, o segundo com 39 meses e o terceiro

    com 48 meses ps-plantio. Os resultados obtidos

    indicam que o espaamento de 2 m x 1 m (entrelinhas

    x entre plantas), com densidade de 5 mil plantas por

    hectare, o mais adequado para a regio do litoral do

    Paran.

    Figura 4. Plantio de pupunheira para palmito sob diferentes espaamentos.

    4.5. Adubao qumica

    Deve ser feita em funo dos resultados obtidos com a

    anlise qumica do solo. Nas diferentes regies do

    Brasil, para uma produtividade esperada de 1 a 4 t/ha

    de creme de palmito, as recomendaes com

    aplicaes anuais parceladas em pelo menos cinco

    vezes, variam de 110 a 300 kg/ha de nitrognio, at

    80 kg/ha de fsforo na forma de P2O

    5, de 20 a 160

    kg/ha de potssio na forma de K2O, de 20 a 50 kg/ha

    de enxofre e de 1 a 2 kg/ha de boro. Em funo daelevada adubao nitrogenada aplicada no cultivo,

    recomendada a correo do solo a cada quatro anos,

    mediante o uso de calcrio dolomtico. Especificamente

    para a regio do litoral do Paran, a pupunheira para

    palmito exigente em N; K; P, em ordem decrescente.

    4.6. Adubao orgnica

    As exigncias nutricionais da pupunheira podem ser

    supridas com o uso de cama de avirio em conjunto

    com a incorporao de biomassa foliar (adubao

    verde) produzida mediante plantio de leguminosascomo Ervilhaca peluda (ervilhaca), Crotolaria

    spectabilis (crotolria), e Mucuna aterrina (mucuna

    preta), entre outras.

    Essas aes requerem o seguinte planejamento: aps

    as atividades de preparo da rea, deve-se proceder o

    plantio da(s) leguminosa(s) selecionada(s). As sementes

    podem ser semeadas a lano e a quantidade a ser

    usada por hectare, depender do tamanho da semente.Quatro meses aps a semeadura, pode-se fazer a

    roagem para usar a biomassa produzida em forma de

    mulch, na superfcie do solo.

    O plantio da pupunheira ocorrer logo aps a roagem

    da leguminosa. Por ocasio do plantio, pode-se aplicar

    5 kg de cama de avirio por metro linear. Recomenda-

    se que essa quantidade seja dividida da seguinte forma:

    2 kg por ocasio do plantio; 1,5 kg trs meses aps o

    plantio e 1,5 kg seis meses aps o plantio. A

    quantidade total necessria desse adubo ser em tornode 12,5 t/ha.

    4.7. Tratos culturais

    No primeiro ano de plantio, a pupunheira exige intensos

    tratos culturais para o controle de plantas daninhas.

    Para seu controle, a principal prtica a roagem

    manual ou mecanizada. O uso da capina deve ser

    evitado, devido pupunheira apresentar sistema

    radicular superficial.

    Em reas onde h ocorrncia de temperaturas altas eregime intenso de chuvas, o crescimento de plantas

    daninhas extremamente rpido, principalmente nas

    estaes de primavera e vero. Nessas reas,

    conveniente que o produtor proceda a roagem de

    forma mecanizada. Essa opo pode significar reduo

    de custo e de mo-de-obra utilizada. O uso de herbicida

    eficiente. Entretanto, devido aos problemas

    ambientais, seu emprego deve ser limitado. Outros

    mtodos alternativos como o uso de papelo tratado

    (Figura 5) com sulfato de cobre na dosagem de 0,3 g/

    litro de gua, embebido por um perodo de 24 horas,apresenta resultados satisfatrios no controle de

    plantas invasoras.

    O uso de cobertura morta outra atividade que pode

    ser usada nos plantios da pupunheira para palmito.

    Quando da roagem (Figura 6), os resduos vegetais

    produzidos podem ser utilizados em torno da planta e,

    tambm, nas entrelinhas de plantio. Esse tipo de

    manejo, alm de promover a incorporao ao solo dos

    nutrientes existentes no material roado, ajuda a

    manter a sua umidade.

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    6 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    Figura 5. Papelo tratado em plantios de pupunheira para controle de plantas

    daninhas.Figura 6. Roagem mecanizada em plantios de pupunheira para palmito no

    litoral do Paran.

    Uma boa alternativa para o controle de plantas

    invasoras o uso do amendoim forrageiro (Arachis

    pintoi) (Figuras 7 e 8). Porm, devem-se ter alguns

    cuidados ao seu crescimento agressivo em relao aos

    perfilhos e, tambm, ao tipo de acesso usado. O

    plantio dessa espcie pode ser feito a lano ou por

    mudas. Quando feita a lano, as sementes deA. pintoi

    devem ser semeadas logo aps o preparo do solo para

    a implantao dos plantios de pupunheira para palmito.

    Neste caso, as operaes de arao e de gradagem

    contribuiro para a eliminao de plantas daninhas e,

    conseqentemente, para que as sementes tenhamcontato direto com o solo. Este fato proporcionar

    condies para um bom desenvolvimento das razes e

    rpido fechamento do solo.

    5. Colheita

    5.1. Idade e altura de corte

    A idade ou poca ideal de corte dos plantios de

    pupunheira para palmito determinada em funo do

    tipo de mercado pretendido e, necessariamente,

    combinada com a poca de plantio, a densidade de

    plantas, o programa de adubao e o modelo de corte

    a ser adotado.

    Nos plantios feitos durante a primavera, entre a

    primeira quinzena de novembro at a primeira quinzena

    de dezembro, o primeiro corte pode ocorrer no incio

    do vero do ano subseqente, a partir dos 15 meses de

    idade ps-plantio. O segundo e terceiro corte podem

    ser realizados com intervalo de dois meses, a partir do

    primeiro, at o ms de junho. Esse modelo de cortes

    escalonados permite que a somatria de plantas

    cortadas nos primeiros 18 meses atinja valores em

    torno de 50 % das plantas inicialmente cultivadas.

    Esse tipo de manejo, alm de proporcionar reduo na

    poca de corte, promover abertura significativa do

    dossel, permitindo a entrada satisfatria de luz e,

    conseqentemente, maior revitalizao no crescimento

    dos perfilhos. Cortes tardios no s prejudicam o

    crescimento dos perfilhos (tempo de recuperao)

    como tambm alteram o desenvolvimento dos mesmos

    por falta de luminosidade.

    As plantas podem ser cortadas com altura a partir de

    1,65 m, medida da superfcie do solo at a insero

    da primeira folha aberta (Figura 9), ou com dimetro

    ao nvel do solo de aproximadamente 12 cm.

    Figura 9 - Esquema representativo da tomada de altura em

    plantas de pupunheira aptas para corte.

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    7Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    6. Manejo de Perfilhos

    O manejo das touceiras nos plantios de pupunheira

    para a produo de palmito fundamental para a sua

    longevidade, por existir uma relao direta do manejo

    sustentvel com a intensidade de corte, a densidade de

    plantio, a longevidade da planta e a produo de

    palmito, entre outras.

    Devido relao existente entre a intensidade de poda

    e a densidade de plantio, os cultivos da pupunheira

    para palmito com elevada densidade de plantas devem

    contemplar menor nmero de perfilhos, enquanto que

    os cultivos com baixa densidade o nmero de perfilhos

    requerido deve ser maior.

    Resultados de pesquisa apontam que a tendncia nose manejar os perfilhos nos plantios de pupunheira com

    densidade de plantas inferior a 5 mil por hectare, como

    comumente realizado (Figura 10). Nos plantios com

    densidade de plantas entre 5 mil e 6.666 por hectare,

    a tendncia se manejar deixando-se quatro perfilhos

    por touceira e nos com densidade superior a 6.666

    plantas por hectare, dois perfilhos por touceira.

    Figura 10. Manejo de perfilhos em plantio de pupunheira para palmito

    localizado no litoral do Paran.

    7. Indicadores de Custos, Produtivi-dade e Rentabilidade

    No cultivo da pupunheira, os maiores custos ocorrem

    no primeiro ano. Esses custos referem-se ao preparo

    da rea, mudas, plantio, insumos e mo-de-obra.

    Na Tabela 1, so apresentados indicadores mdios de

    plantios de pupunheira na regio do litoral do Estado do

    Paran. Esta tabela apresenta indicadores de operao

    de cultivos, coeficientes tcnicos, nveis de preos

    pagos e recebidos, uso de mo-de-obra, densidade de

    plantios (5 mil plantas/ha), produtividade mdia de bons

    cultivos que podem servir de base para que tcnicos

    ou produtores rurais calculem seus custos e receitas

    de acordo com a tecnologia usada, a produtividade

    obtida e os preos praticados na propriedade ou regio.

    Em mdia, a produtividade da pupunheira de 2.500

    cabeas de palmito por hectare no Ano 2 e de 3 mil

    cabeas de palmitio por hectare nos Anos 3, 4 e 5

    (Tabela 1).

    Em funo dos altos custos de implantao e

    manuteno, a pupunheira para palmito apresenta

    fluxo de caixa (receitas menos custos operacionais

    acumulados) positivo de R$ 2.590,00 no Ano 4 e de

    R$ 4.990,00 no Ano 5 (Tabela 1).

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    8 Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    Tabela 1. Indicadores mdios de custos operacionais, produtividade e valor da produo/ha de pupunheira para palmito no litoral do E

    Variveis UnidadeValor unitrio.

    (R$)Ano 1 Ano 2 Ano 3 An

    Qde. Total Qde Total Qde. Total Qde

    1. Preparo da rea Hora/trator 75,00 5 375,00 --- --- --- --- ---

    . Arao II II 3 225,00 --- --- --- --- ---

    . Gradagem II II 2 150,00 --- --- --- --- ---

    2. Insumos --- --- --- 8.535,00 --- 2.030,00 --- 2.000,00 ---

    . Calcrio T 120,00 2 240,00 --- --- --- --- 2

    . Mudas (+ 15 % replantio) Unidade 1,00 5.750 5.750,00 --- --- --- --- ---

    . Fertilizante qumico Kg 1,00 1.500 1.500,00 1.500 1.500,00 1.500 1.500,00 1.500

    . Esterco curtido T 100,00 10 1.000,00 5 500,00 5 500,00 5

    . Herbicida L 15,00 3 45,00 2 30,00 --- --- ---

    3. Mo-de-obra Dia/Homem 30,00 52 1.560,00 25 750,00 20 960,00 19

    . Marcao das linhas Dia/Homem II 3 90,00 --- --- --- --- ---

    . Abertura das covas Dia/Homem II 10 300,00 --- --- --- --- ---

    . Adubao qumica Dia/Homem II 2 60,00 2 60,00 2 60,00 2

    . Adubao orgnica Dia/Homem II 8 240,00 4 120,00 4 120,00 ---

    . Calagem Dia/Homem II 5 150,00 --- --- --- --- 2

    . Plantio e replantio Dia/Homem II 12 360,00 --- --- --- --- ---

    . Aplicao de herbicida Dia/Homem II 2 60,00 2 60,00 --- --- ---

    . Coroamento Dia/Homem II 7 210,00 5 150,00 --- --- ---

    . Roada nas entrelinha Dia/Homem II 3 90,00 3 90,00 --- --- ---

    . Adubao de cobertura Dia/Homem II --- --- 2 60,00 3 90,00 3

    . Corte dos palmitos Dia/Homem II --- --- 7 210,00 11 330,00 12

    4. Custo total (1+2+3) --- --- --- 10.470,00 --- 2.780,00 --- 2.600,00 ---

    5. Produtividade e valor da

    produo

    Unid. e R$ 2,50 --- --- 2.500 6.250,00 3.000 7.500,00 3.000

    6. Fluxo de caixa R$/ha --- --- -10.470,00 --- -7.000,00 --- -2.100,00 ---

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    9Cultivo da Pupunheira para Palmito nas Regies Sudeste e Sul do Brasil

    Literatura Complementar

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    EMBRAPA. Servio Nacional de Levantamento e Conservaode Solos. Levantamento de reconhecimento dos solos do litoraldo Estado do Paran (rea 11): informe preliminar. Curitiba:EMBRAPA/SNLCS; IAPAR/PLS, 1977. 128 p. (EMBRAPA-SNLCS. Boletim tcnico, 54; IAPAR-PLS. Boletim tcnico, 9).Convnio: SUDESUL - EMBRAPA - Governo do Estado doParan/IAPAR.

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    MARTINS, E. G.; NEVES, E. J. M.; SANTOS, A. F. dos;FERREIRA, C. A. Papelo tratado: alternativa para controle de

    plantas daninhas em plantios de pupunheira (Bactris gasipaesKunth). Colombo: Embrapa Florestas, 2004. (EmbrapaFlorestas. Comunicado tcnico, 123).

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    NEVES, E. J. M.; SANTOS, A. F. dos; LAVORANTI, O. J.;

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    ROJAS, E. M. Suelos, nutricin mineral y fertilizacin. In:MORA-URP, J.; GAINZA ECHEVERRA, J. (Ed.). Palmito depejibaye (Bactris gasipaes Kunth): su cultivo y industrializacin.San Jos, Universidad de Costa Rica. 1999. p. 7894.

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    YUYAMA, K. Sistemas de cultivo para produo de palmito dapupunheira. Horticultura Brasileira, v. 15, p. 191-198, 1997.Suplemento.

    Exemplares desta edio podem ser adquiridos na:

    Embrapa Florestas

    Endereo: Estrada da Ribeira Km 111, CP 319

    Fone / Fax: (0**) 41 3675-5600

    E-mail: sac@cnpf.embrapa.br

    1a edio

    1a impresso (2007): conforme demanda

    Presidente: Luiz Roberto Graa

    Secretrio-Executivo: Elisabete Marques Oaida

    Membros:lvaro Figueredo dos Santos,

    Edilson Batista de Oliveira, Honorino R. Rodigheri,

    Ivar Wendling, Maria Augusta Doetzer Rosot,

    Patrcia Pvoa de Mattos, Sandra Bos Mikich,

    Srgio Ahrens

    Superviso editorial: Luiz Roberto Graa

    Reviso de texto: Mauro Marcelo BertNormalizao bibliogrfica: Elizabeth Cmara Trevisan,

    Lidia Woronkoff

    Editorao eletrnica: Mauro Marcelo Bert

    Comit depublicaes

    Expediente

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    CGPE 6672

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