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Cristiane Maria Galvão Barbosa Tecnologista FUNDACENTRO-CRBA
cristianebarbosa@fundacentro-ba.gov.br
Avaliação cardiovascular e respiratória em um grupo de
cortadores de cana-de-açúcar queimada no estado de São
Paulo
Painel: Saúde e trabalho
Cana de açúcar no Brasil
Brasil – Maior produtor mundial
São Paulo – 64% produção nacional
Setor Sucroalcooleiro Setor em forte expansão
Crescimento da Mecanização www.unica.com.br
Processo de corte
Manual (queimada prévia)
Predomina no país
Mecanizada
SP – Protocolo ambiental
Poluentes
Calor
Carga de trabalho
Ergonômicos
Acidentes
Corte manual: riscos
Material particulado Metais, NO2, SO2, CO, Cancerígenos – HPA
Queima- impacto a saúde a população
residente próxima
Maioria dos estudos sobre efeitos respiratórios
↑ % (IC95%) internação asma para um aumento de 10 µg/m³ de
poeira total em suspensão- Araraquara
(Arbex MA, et al. JECH, 2007)
↑ admissão hospitalar por D. Respiratórias em Crianças durante
a queima- Piracicaba (Cançado JED, et al. EHP, 2006)
Estudo recente: Efeito cardiovascular
Aumento da admissão hospitalar por hipertensão arterial no
período da safra- Araraquara
(Arbex MA, et al, 2010)
Queima - Impacto na saúde dos cortadores
Exposição a Cancerígenos
Hidroxipireno urinário 9 vezes maior em cortadores vs grupo controle.
Bosso RMV, et al. Sc
Total Environment, 2006.
Justificativas do estudo
Relato de óbitos não esclarecidos:
Trabalhadores jovens: 24-50 anos
Causa mortis genéricas/inespecíficas:
(Parada cardíaca, insuficiência Respiratória)
Ausência de estudos esclarecedores
Hipóteses – Combinação de Fatores
Temperatura
Estresse físico e mental
Poluentes
Doença e Óbito
Alimentação/Moradia Cuidados inadequados
de saúde
Objetivo
Avaliar ocorrência e possíveis causas de
alterações cardiovasculares e respiratórias
em um grupo de trabalhadores cortadores
de cana-de-açúcar queimada, no Estado de
São Paulo
População
Usina Interior de SP
Entre 20-45 anos
Sem doença
cardiopulmonar
Sem uso de medicamentos
para o sistema
cardiorrespiratório
Estudo de painel, exploratório, prospectivo, com medidas repetidas
Safra
10-11/2007
n- 31
Entressafra
03-04/2008
n- 28
Estudo aprovado pelo Comitê
de Ética FAMED/USP
Tipo de estudo
Visita ambiente de trabalho
Análise de atividades
Screening e dados de estudos do grupo
Indíce de sobrecarga Térmica (IBUTG)
Análise de fuligem
• Material Particulado diametro 2,5 (MP2,5)
Marcadores
Cardiovasculares Marcadores sanguíneos
Variabilidade da Frequência Cardíaca (VFC) - ECG 24 hs
Pressão arterial – MAPA 24 hs
Atividade simpática- Microneurografia
Reatividade vascular- Petismografia de Oclusão Venosa
Ergoespirometria
Respiratórios Prova de Função Pulmonar Completa (PFP) e
Broncoprovocação TCAR de Tórax Teste de sacarina Ergoespirometria
Marcadores sanguíneos
Exames gerais + Hemograma (terceiro dia)
Enzimas antioxidantes - Análise em eritrócitos
GPX- Glutationa peroxidase
GST- Glutationa transferase
GR- Glutationa redutase
SOD- Superóxido desmutase (Flohé & Gunzle, 1984; Calberg & Mannervik, 1975)
Peroxidação lipídica – Análise no plasma
MDA- Malondialdeído Cromatrografia líquida de alta eficiência (HLPC)
Pressão Arterial Sistêmica e ECG 24 hs
MAPA 24 hs
Medições: 10’ diurno (5-22hs)
Medições: 20’ noturno (22-5h)
Avaliação pressão arterial
Sistólica
Diastólica
Média
IV Diretrizes Brasileira de MAPA, 2004
VFC – ECG 24 hs Domínio do tempo
SDNN
SDANN
rMSSD
Domínio da Frequência
LF
HF
L/H
Task Force of European and North
American Society, 1996
Atividade nervosa simpática muscular
Método Microneurografia
Unidade de Fisiologia do
Exercício e Rehabilitação -
INCOR
* * * *
* *
* Impulsos/min
Negrão CE, et al. 2006
Reatividade vascular
Método Pletismografia de
Oclusão Venosa
Medição de fluxo
sanguíneo muscular
Unidade de Fisiologia do
Exercício e Rehabilitação -
INCOR
ml/min/100ml
Negrão CE, et al. 2006
Exercício físico
Handgrip 30% CVM
Basal Exercício Isométrico (30% CVM) Rec
3 6 9
Tempo (minutos)
0
Medições Repouso e Exercício
ANSM
Fluxo sanguíneo muscular
PA
FC
Ergoespirometria
Teste incremental
Protocolo rampa
Carga: 20wats/min
Variáveis
Metabólicas
Ventilatórias
Cardiovasculares
ATS, 2003
PFP completa
Predito Espirometria – Pereira, 2007
Volumes pulmonares e
difusão - Neder, 1999
Raw e Gaw- Dubois, 1956
ATS, 2005
Broncoprovocação
Agente
Metacolina
ATS, 2000
TCAR do Tórax
Aparelho multislice Toshiba Cortes 1mm Inspiração e expiração 2 leitores, 30 leitor se discordância Índice de Kappa
Análise Mucociliar Nasal
Tempo de transporte mucuciliar -Teste de Sacarina
Trindade SHK, et al. 2007
Análise estatística
Análise Descritiva
Variaveis categóricas (No. e %)
Variáveis contínuas (M e DP; Me e IIQ)
Teste T pareado e Wilcoxon Signed Rank Test
Regressão linear pelo modelo das equações de
estimativas generalizadas (GEE)
Controle: Idade, tabagismo, IMC, Tempo de trabalho
Avaliação do efeito dos indicadores da VFC e da ANSM sobre
a pressão
Safra
Caracterização do trabalho
Esforço físico intenso
Ritmo acelerado
Corte: 7-14 toneladas/dia
Roupas sobrepostas (calor)
Fuligem no local Jornada: 8:20 hs
Ingestão : 5-10 litros água/dia
Entressafra
Caracterização do trabalho
64,3% continuaram no trabalho de
cana
Rítmo menos intenso (Salário fixo)
Atividades diversificadas
Ausência de fuligem
Carpição
Corte de cana crua Plantio
Parametros de medições ambientais
PM2,5 : 53,2 µg/m³ (14,8)
PM2,5 : 84,7 µg/m³ (23,9)
Temp: 290C (4,9)
URar: 50,4% (13,0)
Temp: 280C (3,2)
URar: 64,8% (10,2)
Entressafra Safra
IBUTG- até 28.43 (11-12hs)
Características da população estudada
N (28) Média DP
Idade (a) 31 6,5
T. Trab contínuo (a) 6,6 5,4
T. Trab Total (a) 9,9 7,6
Ñ Fumantes 19 (68%)
Fumantes 09 (32%)
Sintomas
Sintomas Safra
N %
Entressafra
N %
p
Rinite 16 57,1 04 14,3
<0,01
Tosse seca 07 25,0 01 3,6 0,02
Câimbras 10 35,7 03 10,7 0,03
Dados gerais
Variável Safra Entressafra p
Peso (Kg)* 64,50
(61-69,5)
67
(62-73,5)
< 0,001
IMC (kg/m2)** 22,6 ± 2,7 23,4 ± 2,9 ≤ 0,001
Circ abd (cm)* 80
(75-84)
83
(78-87,5)
0,002
PAS (mmHg)** 125,4 ±14,8 118,1±17,8 0,017
PAD (mmHg)** 78,0 ±13,0 70,6± 13,9 0,003
* Mediana e IIQ
** Média e DP
Dados laboratoriais
Variável Safra Entressafra p p GEE
Sódio (mEQ/L)*
139,6
(138-141)
140,6
(140-142)
0,046 0,074
Cálcio (mg/dL)** 9,1 ± 0,4 9,3 ± 0,3 0,013 0,006
DHL (U/L)** 156,8 ± 22,0 148,1 ± 23,9 0,028 0,007
CPK (U/L)*
165,0
(108,5-216)
129,9
(72,5-170,5)
≤ 0,001 0,0001
* Mediana e IIQ
** Média e DP
GPX e Malondialdeído
0
10
20
30
40
50
60
70
80
GP
X (
Ug
/Hb
)
Safra Entressafra
*
*p = 0,001
0
0,01
0,02
0,03
0,04
0,05
0,06
0,07
0,08
0,09
0,1
MD
A (
µm
/ml)
EntressafraSafra
*
*P = 0,003
GPX MDA
Safra Entressafra
Ug
/Hb
Safra Entressafra
µg
/ml
55,1±11,8
39,5±9,5
0,08 ±0,5 0,07 ±0,6
MAPA e VFC
Safra Entressafra p p GEE
MAPA 24 horas
PAS (mmHg) 24 hs* 118
(112,5-127,5)
116
(109,5-125)
0,110 0,047
PAM(mmHg) Vigilia** 90,6 ± 10,9 88 ± 8,2 0,103 0,0489
PAS sono** 111,3 ±11,2 107,6±11,0 0,043 0,0254
ECG 24 Horas
SDNN noturno (ms)** 114,6 ± 36,5 103,1 ± 28,9 0,047 0,0536
SDANN 24 hs (ms) 161,6 ± 30,4 149,0 ± 34,0 0,006 0,0184
* Mediana e IIQ
** Média e DP
VFC e ANSM – Efeitos na pressão arterial
Pressão arterial registrada no MAPA
Modelo de Regressão linear
Redução de 10 ms no SDNN ↑ 0,73 mmHg PAS *
↑0,62 mmHg PAD *
Aumento de 10 impulsos/min na ANMS ↑ 1,8 mmHgPAS *
↑1,6 mmHgPAD *
* p< 0,005
TCAR de tórax
(Concordância de 2 leitores)
Achados Presente
No % Linfonodos aumentados 15 48,4
Placa Pleural 01 3,2
Micronodulos centrolobulares 22 71,0
Espes. parede brônquica 16 51,6
Mosaico 01 3,2
Aprisionamento aéreo 11 35,5
Ergoespirometria
Safra
Média ± DP
Entressafra
Média ± DP
p p GEE
VO2 pico (ml/Kg/min) 40,4 ± 6,9 36,5 ± 6,3 0,005 0,0077
PAS Pico (mmHg) 176,6 ± 29,2 157,5 ± 20,6 0,001 0,00
PAD Pico (mmHg) 98,3 ± 17,1 90,4 ± 13,0 0,009 0,0001
PulsoO2 (ml/min/bat) 16,3 ± 3,0 14,9 ± 3,2 0,009 0,0007
Teste de Sacarina
0
5
10
15
20
25
30
35
40
TM
CN
(m
in.)
Safra Entressafra*P= 0,01
*
23,4 14
15,9 6,7
*p=0,01
Safra – Condições de trabalho
Esforço físico excessivo e ritmo acelerado
Ganho por produção
MP2,5 durante a safra foi maior do que na entressafra Queima
Resultados sugestivos de sobrecarga térmica
Coincide com outros estudos (Laat EF,et al. 2009: cortadores
Piracicaba)
Legislação Brasileira – Necessidade de pausas
Sintomas respiratórios aumentados
Efeito irritante de poluentes (Tarlo SM. 2006)
Sintomas de câimbras e perda de peso
Sugestivo de sobrecarga física
Citado outros autores (Alves F, 2006. Langowski E, 2007)
Redução do clearance mucociliar nasal
Coincide com outros estudos - Poluentes
(Naclerio RM , et al. 2005);(Stanley OS, et al. 1986)
SAFRA
Avaliação Laboratorial
Queda de Sódio e Cálcio Evidência de distúrbio
hidroeletrolítico
Hiperhidratação (Garigan TP, et al. 1999)
Aumento de CPK e DHL
Exercício intenso / Lesão Muscular
(Brancaccio P, et al. 2007)
Maioria dentro da
normalidade Diferenças significantes
nos períodos
Aumento de enzimas
antioxidantes e MDA Concomitância: defesa X
danos celulares
Exercício extenuante (Souza JR, et al. 2005)
Efeito poluição (Mills
NL, et al.2007)
SAFRA
VO2 Max maior na safra (40
vs 36 ml/Kg/min)
Semelhante a sedentários (37),
inferior a atleta de alto nível (69) (Barros Neto TL, et al. 2006)
Semelhante a cortadores
colombianos (45,3 4,7)
(Spurr GB, et al. 2007)
Ergoespirometria
Pouco sensível na
população estudada
Adultos jovens,
saudáveis
Não fumantes ou
com baixa carga
tabágica
Período de
whashout
Alterações dentro da
faixa de variação do
método
Prova de Função Pulmonar
TCAR de Tórax
Achados micronódulos e espessamento
brônquico
Poluentes da biomassa (?)
o Exposição a queima de biomassa
(cozinhar), detecção de alterações
precoces em TCAR (Kara M, et al,
2003)
Maiores níveis na safra durante repouso e exercício (PAS e PAD)
Associação com poluentes
Stress oxidativo (Sun Q, et al. 2005)
Desbalanço do SNA (Brook RA, et al. 2009)
Associação com exercício físico extenuante no
calor
Desbalanço hidroeletrolítico (Alperovich A, et al. 2009)
Resposta da Pressão Arterial
Aumento da PA
Repouso e exercício
Calor Exercício Poluentes
Distúrbio
Hidroeletrolítico
Stress
Oxidativo SNA
Possíveis mecanismos envolvidos no ↑ da
Pressão Arterial
(Alperovich A, et al.2009)
(Brook RA, et al.2009)
(Sun Q, et al. 2005)
Ausência grupo controle
Efeito trabalhador sadio
Tempo prolongado após final de jornada para dosagem
laboratorial (uma única análise)
Limitações
Safra : Condições de trabalho adversas
Exposição: Esforço físico extenuante
Poluentes
Sobrecarga térmica
Repercussão na saúde do trabalhador:
Geral: Sinais de desgaste físico
Efeito agudo – Mortalidade
Específicos
Efeitos respiratórios
Aumento de queixas respiratórias na safra
Alta prevalência de alteração de imagens entre os cortadores
Diminuição do clearance mucociliar nasal
Aumento da resposta Cardiovascular
Aumento da Pressão arterial (PAS e PAD) Sugestivo de comprometimento do SNA
Relação com ↓ VFC e ↑ANSM
Necessidade de políticas públicas voltadas
para melhoria de condições de trabalho
Intervenção na organização do trabalho
Pagamento por produção
Extensão a outras categorias expostas a condições
semelhantes
Trabalhador agrícola, mineiros, portuários
Estudos futuros – repercussão pressão arterial
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