os riscos ocupacionais da equipe de enfermagem no Âmbito hospitalar2
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Os Riscos Ocupacionais da Equipe de Enfermagem no ambito hospitalar
INTRODUÇÃO
Os riscos ocupacionais (RO) que estão sujeitos o pessoal da equipe de
enfermagem têm sido objeto de estudo de muitos pesquisadores, dada a
relevância do tema, e pelas repercussões pessoais, sociais e econômicas que
esses eventos trazem para os trabalhadores.
Ao iniciar a referida carreira profissional, a maioria dos profissionais da equipe
de enfermagem, não tem a exata noção dos RO envolvidos no exercício da
profissão.
Essa revisão visa o trabalho do profissional de enfermagem e sua relação com
os RO que se apresentam no contexto hospitalar. A escolha dessa temática
ocorreu devido a questionamentos importantes diante da escolha por essa
formação profissional e da ainda, pouca vivência de atuação frente à realidade
enfrentada nessas instituições, levando à necessidade de conhecer melhor os
riscos à saúde envolvidos na prática dos profissionais.
A situação de trabalho nas instituições hospitalares apresenta-se problemática
frente a inexistência de condições laborais satisfatórias, pelo fato de no hospital
existir ambientes considerados insalubres, com pacientes de diversas
patologias e fatores de riscos outros, deletérios à saúde, o que acaba
comprometendo a dos seus trabalhadores (SILVA, 1998).
A enfermagem exerce papel central e de grande importância no atendimento
ao paciente/cliente, estando assim exposta aos fatores de riscos, acidentes e
doenças relacionadas ao trabalho, entre outras situações, pelo fato de
permanecer maior parte de seu tempo ao lado do cliente e em contato íntimo
com a insalubridade ambiental (SILVA, 1998).
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Esse problema ocasiona aos profissionais de enfermagem o afastamento de
suas atividades, elevando o índice de absenteísmo nas instituições, com
repercussões na qualidade de vida do trabalhador, na organização dos
serviços e no atendimento ao usuário. As ocorrências de doenças ocupacionais
constituem um dos principais problemas que acometem os trabalhadores de
instituições hospitalares em geral e os de enfermagem em particular
(MENDES, 1999).
1.1 Objetivos
1.1.1 Geral
Identificar os principais riscos ocupacionais aos quais estão expostos os
trabalhadores de enfermagem no ambiente hospitalar.
1.1.2 Específicos
Relatar se os profissionais de enfermagem identificam os agentes
propiciadores de RO no ambiente de trabalho hospitalar;
Analisar a relação do trabalho de enfermagem com os RO que são
submetidos;
Caracterizar os RO existentes no trabalho de enfermagem no ambiente
hospitalar.
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2.REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Trabalho e Processo Saúde-Doença em Instituições Hospitalares
Entende-se por trabalho “... uma atividade coordenada, de caráter físico e/ou
intelectual, necessária à realização de qualquer tarefa, serviço ou
empreendimento...” (FERREIRA, 2001). “... É a aplicação das atividades físicas
e intelectuais; serviço, esforço...” (ROCHA & PIRES, 2000).
Japiassu & Marcondes (1993 apud COCCO, 2002), relatam que, na
antiguidade, enquanto os gregos consideravam o trabalho como expressão da
miséria do homem, os latinos opunham o otium (lazer, atividade intelectual) ao
vil negotium (trabalho, negócio).
Arendt (1993) explica que a era moderna trouxe consigo a glorificação teórica
do trabalho, e resultou na transformação efetiva de toda a sociedade em uma
sociedade operária, sendo o trabalho fundamental para a manutenção.
Ressalta-se que essa modificação no modo de entender o trabalho, surgiu
diante da necessidade de se ter mão de obra trabalhando, de maneira
fragmentada e alienada, sem realizar grandes questionamentos, o que
aconteceu em decorrência da revolução industrial e implementação do jeito de
pensar capitalista. Assim, de a logo vil e direcionado aos escravos, a partir de
dessa nova ideologia, o trabalho passou a ser encarado como atividade
importante (ARENDT, 1993).
Quanto à saúde, sabe-se que há a clássica definição da Organização Mundial
de Saúde (OMS) que preconiza ser uma situação não apenas de ausência de
doença, mas a condição de perfeito bem-estar físico, mental e social. A saúde
é entendida como qualidade do que é sadio ou são; bom estado do organismo,
cujas às funções estão regulares (ROCHA & PIRES, 2000). Ferraz & Segre
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(1997) sugerem que a saúde pode ser entendida como estado de razoável
harmonia entre o sujeito a sua própria realidade.
No caso da doença, percebe-se que “... é a falta de saúde, moléstia ou
enfermidade” (Rocha & PIRES, 2000, p. 102). Historicamente, foi entendida e
interpretada de várias maneiras, com o passar dos anos e diante da
multiplicidade de diferenças culturais.
A situação entre o trabalho e a saúde/doença – constatada desde a
antiguidade e exacerbada a partir da Revolução Industrial – nem sempre se
constituiu em foco de atenção. Afinal, no trabalho escravo ou no regime servil,
inexistia a preocupação em preservar a saúde dos que eram submetidos ao
trabalho (SILVA, 1998).
(...) Atualmente entende-se que melhorar a qualidade das condições de saúde no trabalho significa identificar os problemas, em cada situação, com a participação efetiva dos sujeitos do processo de trabalho e replanejá- lo, envolvendo para tal, um processo de negociação (...) (LAURELL & NORIEGA, 1989, p. 89).
A situação de trabalho nas instituições hospitalares apresenta-se problemática
frente a inexistência de condições laborais satisfatórias, pelo fato de no hospital
existir ambientes considerados insalubres, e com pacientes de diversas
patologias e fatores de riscos outros, deletérios à saúde, o que acaba
comprometendo a dos seus trabalhadores (SILVA, 1998).
2.2 A Enfermagem e o Seu Trabalho
A enfermagem surgiu no século XIX, na Inglaterra, como prática para
possibilitar a recuperação do indivíduo. Institucionalizou-se, no movimento do
nascimento da clínica, juntamente com a transformação do hospital enquanto
instrumento de cura (ALMEIDA & ROCHA, 1997).
Segundo Almeida & Rocha (1997) a função peculiar da enfermagem é prestar
assistência ao indivíduo sadio ou doente, família ou comunidade, no
desempenho de atividades para promover, manter ou recuperar a saúde.
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O trabalho de enfermagem é realizado por uma equipe ou grupo, formados de
trabalhadores profissionais de formação de níveis técnico e superior, tendo o
enfermeiro (nível superior) o papel de detentor do saber e de controlador do
processo de trabalho da enfermagem, cabendo aos demais trabalhadores de
enfermagem (nível técnico) a função de serem executores de tarefas
delegadas (LEOPARDI et al, 1999).
(...) Até certo tempo atrás, confusos pela concepção idealizada da profissão, os trabalhadores de enfermagem não manifestavam os seus problemas, talvez PR entendê-los com inerentes à mesma ou por percebê-los como resultados adversos decorrentes de alguma ação que não deveria ter cometido e que poderia comprometer-lhes a competência profissional. Certamente os problemas ainda não são entendidos como situações decorrentes da maneira como é organizado o trabalho ou devido aos riscos ocupacionais presentes no ambiente laboral (...) (ROBAZZI & MARZIELE, 1999, p.181).
A enfermagem é responsável pelo cuidado ao paciente/cliente, em toda sua
integralidade como ser biológico e social. É “cobrada” pelos médicos, pelos
pacientes, por familiares e pela administração. No entanto, seu poder decisório
é pequeno, depende de outros setores e regras de funcionamento da
instituição que delimitam as suas possibilidades de ação (LEOPARDI et al,
1999).
Lopes, Meyer e Waldow, (2001), afirmam que a equipe de enfermagem deve
modificar sua atitude frente ao trabalho, no sentido da formação da consciência
acerca dos RO nos locais onde executam atividades, em especial nos
estabelecimentos da saúde, pois, por mais paradoxal que possa parecer, existe
um descaso com a saúde do trabalhador de enfermagem no mesmo contexto
em que esse promove o bem-estar físico e mental do paciente. Sabe-se que é
uma constante esse descaso, entretanto, percebe-se que o próprio trabalhador
não se protege e despreocupa-se com a sua própria saúde, possivelmente
porque existem algumas situações que o deixam desestimulado, tais como a
baixa remuneração, insatisfação no trabalho pela falta de realização pessoal,
as condições inadequadas de trabalho, podendo aumentar a sua exposição
aos riscos, possibilitando o acontecimento de Acidentes de Trabalho (AT) e/ou
enfermidades.
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Assim sendo, faz-se necessário que os trabalhadores de enfermagem sejam
estimulados a desenvolver suas atividades em condições adequadas de
trabalho, participando de um processo de educação continuada (SILVA,1998).
2.3 Riscos Ocupacionais Relacionados ao Trabalho de Enfermagem
A palavra risco origina-se do latim risicus, do verbo resecare - cortar; significa
perigo, inconveniente, dano ou fatalidade eventual, provável, às vezes até
previsível. No ambiente de trabalho podem ser ocultos, quando o trabalhador
não suspeita de sua existência; latentes, quando causam danos em situações
de emergência; reais quando conhecidos por todos, mas com pouca
possibilidade de controle, quer pelos elevados custos exigidos, quer pela
ausência de vontade política para solucioná-los (BULHÕES, 1994).
Os RO são fatores nocivos do ambiente e as condições físicas,
organizacionais, administrativas ou técnicas existente nos locais de trabalho,
que propiciam a ocorrência de AT e/ou adoecimentos (HAAG, 2001).
Fator de risco é todo fator ambiental que pode causar lesão, doença ou
inaptidão ou afetar o bem estar do trabalhador e o da comunidade
(BURGUESS, 1997).
O conjunto de fatores, também conhecido como RO, favorece o acontecimento
de acidentes, sofrimentos e doenças prejudicando a saúde dos trabalhadores
pela exposição ocupacional aos agentes que lhe são prejudiciais (BULHÕES,
1994; MARZIALE, 1995; LOPES, et al, 1996).
Os fatores de riscos químicos, físicos, biológicos, psicossociais e as situações
antiergonômicos são considerados os principais responsáveis pelas situações
insalubres, as quais os profissionais de enfermagem encontram-se expostos
(BORSOI e CODO, 1995).
Por influência do modelo de Medicina Social (no século XIX) que utilizava na
Europa, em que fortalecimento do Estado, proteção da cidade e a atenção aos
pobres e força laboral passara a ter valor, aqui começaram a surgir
preocupações que determinadas instituições como hospitais, fábricas e outros
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pudessem oferecer riscos devido a sua localização desordenada. Começa a se
falar em planejamento urbano (NUNES, 1989 apud MENDES, 1996).
Em relação aos trabalhadores da área de saúde, desde a década de 80, os
vinculados à área assistencial foram motivados pelo surgimento da epidemia
da AIDS, a iniciar a discussão sobre os RO relacionados com suas atividades
profissionais. Esse tema também surgiu nos anos 90 entre os profissionais que
lidam com controle da tuberculose, devido ao enfoque dado à doença com
risco de transmissão hospitalar (BEJGEL e BARROSO, 2001).
A questão envolvendo a segurança, a higiene e a medicina do trabalho foi
definida no Brasil como matéria de direito constitucional: é direito do
trabalhador exercer sua função em ambiente de trabalho seguro e sadio,
conforme o inciso XXII do artigo 7º da Constituição Federal vigente que prevê
ainda a proteção ao trabalhador em face da automação, através do inciso
XXVII daquele artigo. Desta forma busca-se garantir a redução dos riscos por
meios de normas de saúde, higiene e segurança (BRASIL, 2002c).
Ainda que exista legislação prevendo a proteção à saúde do trabalhador
através de um ambiente de trabalho seguro, existe a insalubridade no ambiente
de trabalho hospitalar (PIRES, 2000).
Segundo Pires (2000) a incorporação e utilização de novos equipamentos
modificam o processo de trabalho da enfermagem, aumentou a pressão sobre
o trabalhador no desempenho de algumas atividades e exigiu mais capacidade
mental e psíquica, além de muitas vezes força muscular.
O fato de ter como objeto de trabalho o corpo do indivíduo doente, que sofre,
que sente dor e morre, envolve os trabalhadores de enfermagem numa
situação causadora de ansiedade, tensão e sofrimento, potencializando as
cargas psíquicas decorrentes do ambiente hospitalar (SILVA, 1998).
Para Bulhões (1994) a permanência contínua neste tipo de ambiente pode
tornar-se fonte de risco profissional, em especial, do estresse, que pode levar a
sérios acidentes e/ou doenças ocupacionais.
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(...) O risco pode ser considerado um perigo ou a possibilidade de perigo (...) (FERREIRA, 2001). (...) Significa um perigo e probabilidade ou possibilidade de existir o dano ou perigo (...) (ROCHA & PIRES, 2000,p.81).
O risco é todo o fator ambiental que pode ocasionar lesão, doença ou inaptidão
ou afetar o bem estar dos trabalhadores (BURGUESS, 1997). Dessa forma, as
substâncias químicas tóxicas, poeira, ruído, vibração, calor ou frio excessivo,
as radiações, os microorganismos, as posturas viciosas do trabalho, a tensão,
os movimentos repetitivos e a monotonia que acontece em decorrência do
trabalho são considerados RO ou “cargas de trabalho”, segundo a expressão
utilizada por Laurell & Noriega (1989).
O processo de enfermagem dentro da saúde do trabalhador consiste em
promoção de cuidados e proteção aos trabalhadores, torná-los conscientes dos
riscos a que estão expostos e fazer com que participem do seu auto -cuidado.
Com isso pretende-se minimizar os RO ( BULHÕES,1994).
No Brasil, o Ministério da Saúde (BRASIL, 1995), através da publicação
“Segurança no Ambiente Hospitalar”, considera um arsenal de variáveis que
podem interferir na saúde dos trabalhadores destas Instituições, classificando
os RO em: físicos, químicos, biológicos e mecânicos. A referida publicação
aponta, também, conceitos gerais para o desenvolvimento de uma nova política
peculiar na área de segurança em instituições hospitalares, contemplando
orientações aos trabalhadores que culminam em ações protetoras a eles
mesmos, aos usuários dos serviços e aos visitantes.
Digno de nota é que os riscos nas unidades hospitalares são decorrentes, de
maneira especial, da assistência direta prestada pelos profissionais de saúde a
pacientes em diversos graus de gravidade, assistência esta que implica no
manuseio de equipamentos pesados e materiais perfurantes e/ou cortantes
muitas vezes contaminados por sangue e outros fluidos corporais, na
responsabilidade pelo preparo e administração de medicamentos e
quimioterápicos, no descarte de materiais contaminados no lixo hospitalar, nas
relações interpessoais de trabalho e produção, no trabalho em turnos, no
trabalho predominantemente feminino, nos baixos salários, na tensão
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emocional advinda do convívio com a dor, o sofrimento e, muitas vezes, da
perda da vida, entre outros (BULHÕES 1994; BARBOSA, 1989).
É importante ressaltar que os acidentes de trabalho, decorrentes da exposição
à materiais biológicos, tão corriqueiros no dia-a-dia das unidades hospitalares,
constituem-se preocupação de todos os profissionais expostos aos fatores de
riscos decorrentes do contato direto ou indireto com sangue e outros fluidos
corporais, especialmente no que se refere à Síndrome da Imunodeficiência
Adquirida (AIDS) e à hepatite B ou C, doenças cujos agravos trazem
conseqüências bastante nocivas à saúde dos trabalhadores (ROWE e
GIUFFRE, 1991).
Barbosa (1989) discorrendo a respeito de riscos advindos do trabalho e que
atingem os profissionais que atuam em unidades hospitalares, aborda os riscos
físicos tais como aqueles provenientes da eletricidade, dos pisos
escorregadios, ruídos, umidade, calor má iluminação radiações, ventilação
inadequada. Quanto aos riscos ergonômicos a autora destaca os riscos de
fadiga psíquica, física e o trabalho noturno. Associa, ainda, estes fatores como
causa ou conseqüência de outros, como gastrites, úlceras, dores variadas,
palpitações, agravamento da hipertensão arterial, transtornos de
personalidade, entre muitos outros. Com respeito aos riscos químicos, a
mesma levanta que tanto podem causar efeitos à saúde dos trabalhadores
como também provocar efeitos teratogênicos e abortogênicos nas mulheres
expostas. Relata a ainda a importância da exposição crônica à baixas doses,
que pode constituir um risco para câncer, relatada por vários autores.
Os trabalhadores de enfermagem, durante a assistência ao paciente, estão
expostos a inúmeros RO causados por fatores químicos, físicos, mecânicos,
biológicos, ergonômicos e psicossociais, que podem ocasionar doenças
ocupacionais e acidentes de trabalho. O contingente de trabalhadores de
enfermagem, particularmente o que está inserido no contexto hospitalar,
permanece 24 horas junto ao paciente, em sua grande maioria executa o
“cuidar” dentro da perspectiva do “fazer” e, conseqüente, expõe-se a vários
riscos, podendo adquirir doenças ocupacionais e do trabalho, além de lesões
em decorrência dos acidentes de trabalho (BULHÕES, 1994).
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Os riscos químicos referem-se ao manuseio de gases e vapores anestésicos,
antissépticos e esterelizantes, drogas citostáticas, entre outros. A exposição
aos riscos químicos está relacionada com a área de atuação do trabalhador,
com o tipo de produto químico e tempo de contato, além da concentração do
produto. Isso pode ocasionar sensibilização alérgica, aumento da atividade
mutagênica e até esterilidade (JANSEN, 1997).
Os riscos do ambiente de trabalho são em real (de responsabilidade do
empregador), suposto (quando se supõe que o trabalhador conhece as causas
que o favorecem) e residual (de responsabilidade do trabalhador). Os riscos
físicos referem-se à temperatura ambiental (elevada nas áreas de esterelização
e baixa em centro cirúrgico), radiação ionizante, ruídos e iluminação em níveis
inadequados e exposição do trabalhador a incêndios e choques elétricos
(MARZIALE, 1995).
Dentre os riscos psicossociais, está a sobrecarga advinda do contato com o
sofrimento de pacientes, com a dor e a morte, o trabalho noturno, rodízios de
turno, ritmo de trabalho, realização de tarefas múltiplas, fragmentadas e
repetitivas, o que pode levar à depressão, insônia, suicídio, tabagismo,
consumo de álcool e drogas e fadiga mental (Estryn-Behar,1996).
Dentre os riscos mecânicos, estão as lesões causadas pela manipulação de
objetos cortantes e penetrantes e as quedas. O freqüente levantamento de
peso para movimentação e transporte de pacientes e equipamentos, a postura
inadequada e flexões de coluna vertebral em atividades de organização e
assistência podem causar problemas à saúde do trabalhador, tais como
fraturas, lombalgias e varizes. Tais fatores causais estão relacionados a
agentes ergonômicos (SILVA, 1998).
Os fatores ergonômicos são aqueles que incidem na adaptação entre o
trabalho-trabalhador. São eles o desenho dos equipamentos, do posto de
trabalho, a maneira como a atividade laboral é executada, a comunicação e o
meio ambiente. Quanto aos riscos biológicos, eles se referem ao contato do
trabalhador com microorganismos (principalmente vírus e bactérias) ou material
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infecto contagiante, os quais podem causar doenças como: tuberculose,
hepatite, rubéola, herpes, escabiose e AIDS (JANSEN, 1997).
O contato com microorganismos patológicos oriundo de acidentes ocasionados
pela manipulação de material perfurocortante, ocorre, com grande freqüência,
na execução do trabalho de enfermagem. A exposição ocupacional por material
biológico é entendida como a possibilidade de contato com sangue e fluidos
orgânicos no ambiente de trabalho, e as formas de exposição incluem
inoculação percutânea, por intermédio de agulhas ou objetos cortantes, e o
contato direto com pele e/ou mucosas. O maior risco para os trabalhadores da
área da saúde é o acidente com material perfurocortante, que expõe os
profissionais a microorganismos patogênicos, sendo a hepatite B a doença de
maior incidência entre esses trabalhadores (FIGUEIREDO, 1992).
Afinal,
“A complexidade da área de Saúde do Trabalhador, traz a necessidade de estudos, compromisso com capacitação, pesquisas, estudos na área, e sobretudo ações através de políticas de saúde que busquem a atenção à saúde. Atenção que não se sujeita meramente a socorros fracionados destinados ao trabalhador doente”. (MENDES e DIAS, 1999, p.431).
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3. METODOLOGIA
3.1 Abordagem Teórica
A pesquisa terá como abordagem teórica uma análise qualitativa dos dados,
diante da complexidade que representa o problema e da dinâmica do sujeito
com o mundo, utilizando coleta de dados de artigos disponíveis sobre os riscos
ocupacionais e sua relação com a incidência destes.
3.2 Hipóteses
Quais as condições do trabalho de enfermagem frente os riscos
ocupacionais?
O que representa os riscos ocupacionais à saúde do trabalhador de
enfermagem?
Qual a percepção dos trabalhadores de enfermagem sobre os riscos
ocupacionais?
3.3 Amostra
Serão pesquisados artigos publicados em periódicos nacionais, no período de
1999 a 2008. Serão utilizados os seguintes descritores: “Saúde Ocupacional”,
“Saúde do trabalhador”, “Doença Ocupacional”, “Riscos Ocupacionais”, e
“Enfermagem”.
3.4 Estratégias para Coletas de Dados
Como se trata de uma pesquisa de revisão de artigos científicos da
Enfermagem, acerca da temática “riscos ocupacionais no trabalho de
enfermagem”, serão pesquisados todos os artigos na comunidade científica
confiável disponível.
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3.5 Estratégias para Análise de Dados
Diante dos artigos que serão encontrados, criaremos um banco de dados, o
qual será empregado um processo de análise e comparação dos títulos,
segundo os RO identificados em seu ambiente laboral e sua categorização.
Adotando um caráter interpretativo, o qual se refere aos dados obtidos.
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4. REFERÊNCIAS
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