opas - organizaÇÃo pan-americana da saÚde · léo heller . saneamento e saúde resumo a...
Post on 10-Nov-2018
220 Views
Preview:
TRANSCRIPT
OPAS - ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE
SANEAMENTO E SAÚDE
Léo Heller
Saneamento e saúde
RESUMO
A relação entre o saneamento e a saúde á abordada sob diversas perspectivas, visando apresentar o ainda incipiente entendimento dessa relação, tal como apreendido da literatura especializada. O trabalho inicia-se com a descrição da evolução histórica desta relação, desde a Antigüidade até os marcos teóricos atuais. Os marcos conceituais propostos são em seguida expostos, para as diversas ações de saneamento - o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza pública e as práticas higiênicas. Apresenta-se a classificação ambiental das enfermidades infecciosas vinculadas à água, aos excretas e ao lixo. Os indicadores de impacto das intervenções em saneamento, em especial a diarréia, são criticamente analisados, bem como os delineamentos epidemiológicos aplicáveis em estudos na área de saneamento. A aplicabilidade de tais estudos é, em seguida, discutida. Por fim, através de uma extensa revisão de literatura, procura-se situar a tendência manifestada por 256 estudos epidemiológicos publicados, avaliando sua distribuição geográfica e temporal, as variáveis de saneamento e os indicadores de saúde selecionados e os delineamentos epidemiológicos empregados. O trabalho permite a visualização: (1) do atual estado da arte da compreensão sobre a relação entre o saneamento e a saúde, (2) das tendências metodológicas vislumbradas nos estudos dessa relação e (3) das lacunas existentes, sobretudo para a realidade brasileira e, mais amplamente, latino-americana.
ABSTRACT As is found in the literature, the relationship between sanitation and health is clearly shown under several points of view. The book begins with a description of the historic evolution of this relationship, from ancient times to modern days, through different historical periods. Conceptual frameworks are presented for different areas of sanitation; drinking water supply, sewage, public hygiene, etc. The document describes an environmental classification for water, excreta and solid wastes related diseases. Impact indicators, especially diarrhea, are critically analyzed, as well as the epidemiological guideline to produce and develop studies on sanitation issues. Finally, through an extensive bibliographic revision, compiling 256 documents, it is intended to obtain the trends of sanitation variables and indicators according to geographic and temporal distributions. As a whole, this book gives a view of: 1) the state of the art in the understanding of the sanitation-health relationship, 2) methodological trends in the study of such relationship, and 3) the flaws and deficiencies, particularly when analyzing the Brazilian, and in a wider scope, the Latin-American reality.
RESUMEN
La relación entre el saneamiento y la salud, es abordada sobre diversas perspectivas, tratando de presentar el entendimiento que hoy se tiene de la misma. El libro se inicia con una descripción de la evolución histórica de esa relación, desde la antigüedad hasta los momentos actuales. Se exponen a continuación, los marcos conceptuales para las diversas acciones de saneamiento: el abastecimiento de agua, los desagües, la limpieza urbana y las
Saneamento e saúde
enfermedades infecciosas vinculadas al agua, a las excretas y a los residuos sólidos. Los indicadores de impacto de las intervenciones en saneamiento, en especial la diarrea, son críticamente analizados, así como las directrices epidemiológicas aplicables a los estudios en el área del saneamiento. Por último y a través de una extensa revisión de 256 documentos, se procura determinar la tendencia en las variables de saneamiento y de los indicadores de salud selecionados; teniendo en cuenta las distribuciones geográficas y temporales. En suma, el trabajo permite la visualización de: 1) el estado del arte en la comprensión de la relación saneamiento-salud, 2) las tendencias metodológicas en el estudio de esa relación y 3) las lagunas existentes, sobretodo, para la realidad brasileña, y más aun para la latinoamericana.
Saneamento e saúde
PREFACIO Os maiores problemas sanitários que afetam a população mundial têm profunda relação com o meio ambiente. Como exemplo típico desta afirmação vale mencionar as diarréias, que com causalidade de mais de 4 bilhões de casos por ano é a doença que mais aflige, atualmente, a humanidade. São várias as causas que contribuem para tão alta incidência, porém é inegável que as condições do meio ambiente, assim como as do saneamento do meio estão entre as variáveis mais importantes. É normal supor que ações de correção dos problemas relacionados com o saneamento básico terão, de algum modo, que modificar as condições de saúde humana. Isto é uma realidade. No entanto, os dados coletados, estatísticos e epidemiológicos das relações existentes entre as medidas de saneamento e seu impacto sobre a saúde não são fáceis de medir. Existem uma quantidade de outras variáveis que também participam do impacto mencionados, e que muitas vezes estão ligadas à incorporação das medidas de saneamento, tais como: informação, educação, higiene, participação comunitária, etc.. Por esse motivo, os trabalhos de pesquisa que têm se desenvolvido, tratando de mostrar e quantificar, com algum grau de precisão, a relação saneamento-saúde, e o impacto do primeiro sobre o segundo, nem sempre têm sido claros ou tenham dado seus resultados definitivos. Desta forma criou-se um sentimento de confusão nos profissionais de saúde, sobre o tema. Ante este quadro generalizados, a OPAS/OMS tenta levar um raio de luz sobre o tema, apresentando este documento, que não é senão uma cuidadosa, difícil e laboriosa pesquisa bibliográfica, que resgata o estado de arte na busca epidemiológica da verdade sobre a relação saneamento e saúde. Para tanto contou-se com o inestimável apoio do Dr. Léo Heller, um destacado especialista do tema, quem, por muitos anos vem dedicando-se à pesquisa e ao ensino na área de saúde ambiental, com especial ênfase no campo da interface entre o saneamento e saúde pública. Atualmente o Dr. Heller, que é engenheiro civil e sanitarista, com doutorado em epidemiologia, vem se desempenhando como professor do Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental da Universidade Federal de Minas Gerais. Felipe Solsona Assessor em Saúde Ambiental OPAS/OMS
Saneamento e saúde
APRESENTAÇÃO O interesse pelas relações entre o saneamento e a saúde tem sido despertado em alguns militantes do setor do saneamento no Brasil, a partir sobretudo de meados da década de 80. A constatação de que as políticas públicas do setor se afastaram definitivamente desse enfoque nos últimos 25 anos, aliada a uma provável inquietude científica, talvez tenha sido o principal motor desse interesse. E de fato, política e ciência são ingredientes necessários para uma visão conseqüente da questão. Não apenas política, porque as formulações arriscam-se a mostrarem-se destituídas de consistência e frágeis em sua sustentação. E também não apenas ciência: a ausência de engajamento das pesquisas as impossibilita de exercerem - ou contribuírem para - um papel de transformação. Com esses marcos em mente, nos últimos anos têm se verificado algumas abordagens sobre essa relação no Brasil, nos Congressos, nos periódicos e em trabalhos de pós-graduação. O presente texto certamente insere-se no referido contexto. Representa um esforço de pesquisa bibliográfica, cuja pretensão é a de sistematizar o atual conhecimento acumulado sobre a compreensão da relação entre o saneamento, entendido em seu sentido lato, e a saúde das populações. Em coerência com o relatado movimento em marcha no Brasil, parte do pressuposto de que conhecimento é condição indispensável para ações transformadoras, na direção correta e com acerto metodológico e institucional. Acredita-se ainda que as preocupações subjacentes a esta produção não sejam exclusividade da situação brasileira. A literatura internacional é rica em exemplos, que não deixam dúvidas quanto à pertinência e à relevância da investigação sobre a relação saneamento-saúde para o conjunto dos países em desenvolvimento. Mesmo que a realidade africana e dos países pobres da Ásia apresentem singularidades, que às vezes distinguem seus problemas daqueles ditados pela realidade brasileira, certamente há uma realidade latino-americana que guarda semelhança intrínsecas. Tais bases comuns possibilitam vislumbrar a formulação de uma problemática latino-americana, passível de abordagem e esforços comuns.
Léo Heller Junho de 1997
Saneamento e saúde
SUMÁRIO 1- INTRODUÇÃO ................................................................................................ 13 2- EVOLUÇÃO HISTÓRICA: DA PRÁTICA INTUITIVA À BASE CIENTÍFICA ..... 15 3- MARCOS CONCEITUAIS ............................................................................... 20 3.1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS ................................................................. 20 3.2- ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO ............. 20 3.3- LIMPEZA PÚBLICA ............................................................................... 25 3.4- PRÁTICAS HIGIÊNICAS ....................................................................... 28 3.5- MODELOS DE CARÁTER GERAL ......................................................... 30 4- A CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS ENFERMIDADES INFECCIOSAS...... 32 5- INDICADORES DE IMPACTO DAS INTERVENÇÕES EM SANEAMENTO .... 36 5.1- APLICABILIDADE .................................................................................. 36 5.2- MORBIDADE POR ENFERMIDADES DIARRÉICAS .............................. 37 5.2.1- Definição .............................................................................. 37 5.2.2- Importância no âmbito da saúde pública ................................ 37 5.2.3- Etiologia ............................................................................... 39 5.2.4- Determinantes ...................................................................... 43 5.3- OUTROS INDICADORES ...................................................................... 47 6- DELINEAMENTOS EPIDEMIOLÓGICOS......................................................... 51 7- APLICABILIDADE DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS NA ÁREA DE SANEAMENTO ....................................................................................................... 54 8- ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS: UMA REVISÃO ........................................... 57 8.1- METODOLOGIA DA PESQUISA E UNIVERSO DOS ESTUDOS REVISADOS ......................................................................................... 57 8.2- CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS .................................................... 59 8.2.1- Distribuição geográfica e temporal ......................................... 59 8.2.2- Variável de saneamento avaliada ........................................... 61 8.2.3- Indicador de saúde ................................................................ 63 8.2.4- Delineamento epidemiológico ................................................ 658.3- RESULTADOS QUANTITATIVOS .................................................................. 678.4- O PAPEL DA MODIFICAÇÕES DE EFEITO ................................................... 69 9- CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................ 72 10- ANEXOS 10.1- ANEXO I: ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS CONSULTADOS - SÍNTESE DESCRITIVA ......................................................................... 74
10.1- ANEXO I: ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS REFERIDOS - SÍNTESE DESCRITIVA ......................................................................... 80 11- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 90
Saneamento e saúde
LISTA DE FIGURAS
pág.1. EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE POR FEBRE TIFÓIDE E DO ATENDIMENTO
POR ABASTECIMENTO DE ÁGUA - MASSACHUSETTS (1855-1940) ............. 17
2. EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE E MELHORIAS NOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO - FRANÇA (SÉC. XIX) ........................................................................................................ 17
3. EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE POR DIARRÉIA E POR GASTROENTERITE E DO ATENDIMENTO POR ABASTECIMENTO DE ÁGUA - COSTA RICA (1940-1980) ......................................................................................................
18
4. REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA TEORIA DO LIMIAR-SATURAÇÃO: EFEITO DO SANEAMENTO SOBRE A SAÚDE, EM FUNÇÃO DO NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO ....................................................................................... 21
5. SIMULAÇÃO DA TRANSMISSÃO FECO-ORAL DE AGENTES PATOGÊNICOS ............................................................................................... 22
6. EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO SOBRE A SAÚDE: ESQUEMA CONCEITUAL 24
7. ESQUEMA DAS VIAS DE CONTATO HOMEM-LIXO ........................................ 26
8. LIMPEZA PÚBLICA E SAÚDE: MODELO CAUSAL .......................................... 27
9. MODELO CAUSAL DA MORTALIDADE INFANTIL NO SRI-LANKA ................ 30
10. MARCO CAUSAL DA DIARRÉIA EM BETIM-MG .............................................. 31
11. VARIÁVEIS DETERMINANTES DA TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES EXCRETADAS ................................................................................................. 34
12. RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA PARA DIARRÉIA EM UMA COMUNIDADE EXPOSTA A PATOGÊNICOS ENTÉRICOS - MODELO ESQUEMÁTICO ......... 46
13. TRÍADE COMPOSTA PELA DIARRÉIA, DESNUTRIÇÃO E INFECÇÃO - MODELO CONCEITUAL ................................................................................... 48
14. MODELO SÓCIO-ECOLÓGICO DOS DETERMINANTES DA DIARRÉIA .......... 49
15. CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS ............................. 52
16. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS DE ESTUDOS SEGUNDO A DÉCADA DE PUBLICAÇÃO ......... 60
17. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DO ESTUDOS POR CONTINENTE ........................................................................ 60
18. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS POR CONTINENTE E POR DÉCADA DE PUBLICAÇÃO ................ 61
19. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO A VARIÁVEL DE SANEAMENTO AVALIADA ............... 62
20. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO A VARIÁVEL DE SANEAMENTO E O RESULTADO .... 63
21. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O INDICADOR DE SAÚDE ........................................... 64
Saneamento e saúde
22. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO A VARIÁVEL DE SAÚDE E O RESULTADO ............... 65
23. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O MÉTODO EPIDEMIOLÓGICO .................................. 66
24. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O MÉTODO EPIDEMIOLÓGICO E A DÉCADA DE PUBLICAÇÃO .................................................................................................. 66
25. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O MÉTODO EPIDEMIOLÓGICO E O RESULTADO ...... 67
Saneamento e saúde
LISTA DE TABELAS
pág.1. SIMULAÇÃO DO EFEITO DA ELIMINAÇÃO DE DIFERENTES VIAS DE
TRANSMISSÃO SOBRE A INCIDÊNCIA DE UMA ENFERMIDADE .................... 22
2. ASSOCIAÇÃO ENTRE FATORES DE RISCO E DIARRÉIA, SEGUNDO DIFERENTES NÍVEIS DE SIGNIFICÂNCIA ........................................................ 29
3. CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS INFECÇÕES RELACIONADAS COM A ÁGUA ................................................................................................................. 33
4. CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS INFECÇÕES RELACIONADAS COM OS EXCRETAS ........................................................................................................ 35
5. CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS ENFERMIDADES TRANSMISSÍVEIS RELACIONADAS COM O LIXO .......................................................................... 34
6. MORBIDADE E MORTALIDADE POR DIARRÉIA AGUDA EM BELO HORIZONTE-MG - JULHO/1991 A JULHO/1992 ................................................. 38
7. FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS NAS FEZES DE PORTADORES DE DIARRÉIA, SEGUNDO NOVE DIFERENTES ESTUDOS .... 39
8. PERCENTUAL DE OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS NAS FEZES DE PORTADORES DE DIARRÉIAS, SEGUNDO NOVE DIFERENTES ESTUDOS .. 40
9. ORDEM DE FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS NAS FEZES DE PORTADORES DE DIARRÉIA, PARA DIVERSAS FAIXAS ETÁRIAS ........................................................................................................... 42
10. INTERVENÇÕES POTENCIAIS PARA A REDUÇÃO DA MORBIDADE E DA MORTALIDADE POR DIARRÉIA EM CRIANÇAS DE ATÉ CINCO ANOS ........... 44
11. REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE POR DIARRÉIA ATRIBUÍDA A MELHORIAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA OU NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO - SISTEMATIZAÇÃO DE 1985 ........................................................ 67
12. REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE OU NA INFECÇÃO POR PATOGÊNICOS DIVERSOS, ATRIBUÍDA A MELHORIAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA OU NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO ................. 68
13. REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE POR DIARRÉIA, ATRIBUÍDA A MELHORIAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA OU NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO - SISTEMATIZAÇÃO DE 1991 ........................................................ 68
14. REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE E MORTALIDADE POR DOENÇAS SELECIONADAS, ATRIBUÍDA A MELHORIAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA E NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO ................... 69
15. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: SINTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS CONSULTADOS ...................................................................... 75
16. ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE: SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS ............................................................................ 81
Saneamento e saúde
13
1- INTRODUÇÃO
A ausência de instrumentos de planejamento relacionados à saúde pública constitui importante lacuna em programas governamentais no campo do saneamento no Brasil. Essa limitação tem sido objeto de reconhecimento por parte de técnicos (CYNAMON, 1986; FREITAS et al., 1990; ROMANE, 1993) e do próprio Poder Público. Neste último particular, um exemplo nítido das manifestações legais e institucionais é representado pela disposição da Constituição do Estado de Minas Gerais de 1989), em seu artigo 192, onde é estabelecido que "a execução de programa de saneamento básico, estadual ou municipal, será precedida de planejamento que atenda aos critérios de avaliação do quadro sanitário e epidemiológico". Ainda na mesma direção, a Lei Estadual n.º 11.720, de 28/12/94, relativa à política estadual de saneamento, determina que esta política considerará "a adoção de indicadores e parâmetros sanitários, epidemiológicos e sócio-econômicos como norteadores das ações de saneamento básico". Essas definições introduzem-se em um âmbito nacional, no Brasil e possivelmente refletindo a realidade passada e futura da maior parte dos países latino-americanos. Neste contexto, reclama-se por uma diferente postura na gestão das políticas públicas, em que a participação popular, o controle social e o exercício da democracia mostram-se componentes indispensáveis. Aí, a compreensão das diversas facetas da relação do saneamento com a saúde pública revela-se um pressuposto fundamental para a efetiva orientação das intervenções em saneamento, no sentido da otimização de sua eficácia. E eficácia, nesse caso, englobando as diferentes dimensões do saneamento, como a garantia de níveis de conforto às populações e o desempenho econômico-financeiro dos serviços, mas privilegiando o seu impacto sobre a saúde - objeto primordial das ações. Nesse quadro, portanto, onde se verifica um conjunto de conhecimentos acumulados sobre a relação saneamento-saúde, embora ainda não se constituindo uma compreensão acabada e definitiva sobre o tema, que se insere a presente publicação. Almeja-se divulgar, de forma sistematizada, o estado da arte do tema, na perspectiva de se socializar informações e de nivelar entendimentos. Subjacente a esse propósito, há a convicção de a informação representar exigência para o posterior avanço dos setores de saneamento e de saúde, rumo à sua integração. Procurou-se estruturar o texto em blocos, de forma a se abordarem os diferentes ângulos da relação saneamento-saúde, tal como são visualizados na atualidade. No capítulo 8 são apresentados, descritivamente, 254 estudos epidemiológicos versando sobre saneamento,
Saneamento e saúde
14
publicados na literatura especializada, o que permite inferir tendências quanto ao conhecimento da associação entre saneamento e saúde e quanto ao formato de tais estudos. O corpo do texto procura apresentar respostas às seguintes questões referentes à relação saneamento-saúde:
capítulo 2: como a compreensão dessa relação vem evoluindo historicamente?
capítulo 3: como a relação se dá conceitualmente?
capítulo 4: como as doenças são transmitidas nas diversas situações de ausência de condições de saneamento?
capítulo 5: como (com quais indicadores) medir o impacto sobre a saúde das
ações de saneamento?
capítulo 6: que delineamentos epidemiológicos empregar nos estudos de avaliação de impacto?
capítulo 7: quais são os limites da aplicabilidade dos estudos epidemiológicos?
capítulo 8: o que os estudos epidemiológicos vêm demonstrando?
Saneamento e saúde
15
2- EVOLUÇÃO HISTÓRICA: DA PRÁTICA INTUITIVA À BASE CIENTÍFICA
O reconhecimento da importância do saneamento e de sua associação com a saúde do homem remonta das mais antigas culturas. Ruínas de uma grande civilização, que se desenvolveu ao norte da Índia há cerca de 4.000 anos atrás, indicam evidências de hábitos sanitários, incluindo a presença de banheiros e de esgotos nas construções, além de drenagem nas ruas (ROSEN, 1994). É igualmente de grande significado histórico a visão de saneamento de outros povos, como o registro da preocupação com o escoamento da água no Egito, os grandes aquedutos e os cuidados com o destino dos dejetos na cultura creto-micênica e as noções de engenharia sanitária dos quíchuas (ROSEN, 1994). O próprio Velho Testamento apresenta diversas abordagens vinculadas às práticas sanitárias do povo judeu, como, por exemplo, sobre a importância do uso da água para limpeza: “roupas sujas podem levar a doenças como a escabiose”; “sujeira pode levar à insanidade”. Em função desta visão, cuidados como a garantia de que os poços fossem mantidos tampados, limpos e distantes de possíveis fontes de poluição e de árvores, são mencionados naquela obra (KOTTEK, 1995). Existem relatos, do ano 2.000 antes de Cristo, de tradições médicas, na Índia, recomendando que "a água impura deve ser purificada, pela fervura sobre um fogo, pelo aquecimento no sol, mergulhando um ferro em brasa dentro dela, ou pode ainda ser purificada por filtração em areia ou cascalho, e então resfriada" (USEPA, 1990). Alguns autores chegam a afirmar que a saúde pública iniciou quando o homem se apercebeu que da vida em comunidade resultavam perigos especiais para a saúde dos indivíduos e foi descobrindo, consciente e inconscientemente, meios de reduzir e evitar esses perigos. Assim, a experiência prática evoluiu para medidas e hábitos; estes para regras e leis e, finalmente, para a construção de um esboço, mesmo incipiente, de uma atuação coletiva, constituindo a saúde pública (FERREIRA, 1982). No desenvolvimento da civilização greco-romana, por outro lado, são inúmeras as referências às práticas sanitárias e higiênicas vigentes e à construção do conhecimento relativo à associação entre esses cuidados e o controle das doenças. Significativo, nesse aspecto, constituem os escritos hipocráticos, a partir do século IV a.C., como o livro Ares, águas e lugares, considerado um tratado sobre ecologia humana (CAPRA, 1982). Nele, localiza-se o primeiro esforço sistemático para apresentar as relações causais entre fatores do meio físico e doença. Essa obra forneceu o sustentáculo teórico para a compreensão das
Saneamento e saúde
16
doenças endêmicas e epidêmicas, permanecendo suas postulações sem mudanças fundamentais até o século XIX (ROSEN, 1994). Segundo DUBOS (1968), citado por CAPRA (1982), "a importância das forças ambientais para os problemas da biologia, da medicina e da sociologia humanas nunca foi formulada com maior amplitude ou com visão mais penetrante do que na aurora da história científica". O avanço das práticas sanitárias coletivas, a par do aludido desenvolvimento conceitual do tema, encontrou sua expressão mais marcante na Antigüidade nos aquedutos, banhos públicos, termas e esgotos romanos, tendo como símbolo histórico a conhecida Cloaca Máxima de Roma. Na trajetória mais recente da saúde pública, SNOW (1990), em sua histórica pesquisa concluída em 1854, já comprovava cientificamente a associação entre a fonte de água consumida pela população de Londres e a incidência de cólera. A despeito dessa demonstração, influentes sanitaristas, como Chadwick, já defendiam a importância do saneamento, fundamentados na teoria miasmática. A investigação de Snow ocorreu cerca de 20 anos antes do início da Era Bacteriológica, com Pasteur, Koch e outros cientistas (ROSEN, 1994). Além de investigações pontuais, o próprio processo de implantação de sistemas coletivos de saneamento, iniciado no século passado, tem apontado para um progressivo reflexo positivo sobre a saúde, independente de um respaldo científico para as conclusões. No Estado de Massachusetts (Estados Unidos), o decréscimo da mortalidade por febre tifóide e a diminuição da parcela populacional sem acesso ao abastecimento de água apresentaram uma tendência histórica, no período 1885-1940, com impressionante similaridade, conforme reproduzido na FIG. 1 (FAIR et al., 1966, segundo McJUNKIN, 1986). Da mesma forma, PRESTON & WALLE (1978), segundo BRISCOE (1987), mostraram que, na França do século XIX, verificou-se um incremento na esperança de vida, nas cidades de Lyon, Paris e Marselha, em um período imediatamente posterior à melhoria dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário locais (FIG. 2). Em Costa Rica, REIFF (1981), segundo McJUNKIN (1986), inferiu uma associação entre a involução da taxa de mortalidade por diarréia e por gastroenterite e a evolução da cobertura populacional por abastecimento de água, a partir da década de 40 (FIG. 3).
Saneamento e saúde
17
FONTE: FAIR et al. (1966), apud McJUNKIN (1986)
FIGURA 1
EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE POR FEBRE TIFÓIDE E DO ATENDIMENTO POR ABASTECIMENTO DE ÁGUA - MASSACHUSETTS (1855-1940)
FONTE: PRESTON & WALLE (1978), apud BRISCOE (1987)
FIGURA 2
EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE E MELHORIAS NOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO - FRANÇA (SÉC. XIX)
Saneamento e saúde
18
FONTE: REIFF (1981), apud McJUNKIN (1986)
FIGURA 3
EVOLUÇÃO DA MORTALIDADE POR DIARRÉIA E POR GASTROENTERITE E DO ATENDIMENTO POR ABASTECIMENTO DE ÁGUA - COSTA RICA (1940-1980)
Em prosseguimento aos estudos que buscavam relacionar os benefícios do saneamento sobre a saúde, na década de 60 verificou-se uma certa perplexidade diante da constatação quanto às dificuldades em se detectar esses benefícios e até mesmo perante algumas dúvidas quanto à sua existência (CAIRNCROSS, 1989). Segundo BRISCOE (1987), em meados da década de 70 predominava a visão de que avanços nas áreas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário nos países em desenvolvimento resultariam na redução das taxas de mortalidade, a exemplo do ocorrido nos países industrializados no século passado. No entanto, a política para a área de saúde, emanada dos órgãos internacionais de fomento a partir daí, excluiu dos programas de atenção primária à saúde tais intervenções. Esta deliberação baseou-se no falacioso argumento de que o custo de cada disfunção infantil, prevenida através de programas de abastecimento de água e esgotamento sanitário, configura-se muito superior ao custo correspondente ao de outras medidas de atenção primária, como a terapia de reidratação oral, vacinas, o tratamento contra a malária e o aleitamento materno.
Saneamento e saúde
19
A argumentação econômica, empregada para privilegiar essas outras ações em detrimento das intervenções ambientais, equivocadamente considera os custos brutos dos programas de abastecimento de água e esgotamento sanitário e não seus custos líquidos. A comparação econômica correta seria obtida deduzindo-se, dos custos brutos dos sistemas de saneamento, os valores já tradicionalmente pagos pelo serviço por parte da população, na forma de tarifas e taxas (BRISCOE, 1984b). Contudo, apenas a partir da Década Internacional do Abastecimento de Água e do Esgotamento Sanitário, declarada pela Organização das Nações Unidas como o período 1981-1990, que se construiu uma compreensão mais aprofundada da relação entre condições sanitárias e saúde (HUTTLY, 1990). Com essa motivação, estudos foram desenvolvidos a partir do início da década de 80, buscando formular mais rigorosamente os mecanismos responsáveis pelo comprometimento das condições de saúde da população, na ausência de condições adequadas de saneamento. Lamentavelmente, quase a totalidade das pesquisas voltou-se para as áreas contempladas pela Década Internacional - o abastecimento de água e o esgotamento sanitário -, mantendo ainda bastante obscuros os mecanismos envolvidos com a limpeza urbana, a drenagem pluvial e a presença de vetores, por exemplo. Mesmo com relação a essas áreas mais estudadas, alguns autores apontam questões ainda não esclarecidas, a exemplo das seguintes afirmativas (CAIRNCROSS, 1989):
"Clarear nosso entendimento sobre as relações entre o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, por um lado, e doenças infecciosas, por outro, enfaticamente não é uma questão de 'sintonia fina'... É surpreendente que ainda não haja um consenso científico sobre se o abastecimento de água afeta a enfermidade diarréica endêmica como um todo e, se o faz, através de qual intervenção isto ocorre: melhorias na qualidade da água, em sua quantidade ou em ambas... Com relação à disposição de excretas, nossa ignorância é também muito grande."
Saneamento e saúde
20
3- MARCOS CONCEITUAIS 3.1- CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES Alguns modelos têm sido propostos para explicar a relação entre ações de saneamento e a saúde, enfocando distintos ângulos da cadeia causal. Conforme já acentuado, as formulações têm privilegiado a compreensão sanitária do abastecimento de água e do esgotamento sanitário, em detrimento das outras ações de saneamento, o que tem sido reconhecido por alguns autores. Nessa perspectiva, CAIRNCROSS (1989) reconhece a importância da drenagem pluvial e da disposição de resíduos sólidos, salientando que o próprio Banco Mundial e outros bancos de desenvolvimento regional, embora venham aplicando recursos consideráveis nessas áreas, têm suportado minimamente pesquisas sobre os temas. Considera, por exemplo, que a pesquisa sobre tecnologia apropriada nesses campos, nas linhas desenvolvidas nos últimos dez anos para o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, simplesmente iniciou. Tais modelos não guardam uma mesma lógica em sua formulação, encontrando-se desde modelagens basicamente biologicistas até explicações que privilegiam uma visão mais sistêmica, com ênfase para os determinantes sociais. Em todos os casos, porém, aspectos da relação saneamento-saúde procuram ser elucidados. Apresentam-se, a seguir, os principais modelos encontrados na literatura, os quais, em seu conjunto, contribuem para a compreensão da supracitada relação. 3.2- ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO SHUVAL et al. (1981) desenvolveram a teoria do limiar-saturação para explicar a influência do nível sócio-econômico da população sobre a relação entre as condições de saneamento e a saúde. A FIG. 4 reproduz graficamente o modelo proposto, o qual obteve uma validação preliminar a partir de dados agregados, relativos a 65 países em desenvolvimento, referentes ao ano de 1962. Conforme pode-se inferir da formulação proposta, em populações com condições sócio-econômicas extremamente baixas ou extremamente elevadas, o efeito de intervenções em saneamento provocaria um impacto desprezível sobre a saúde. A teoria do limiar-saturação induziu, na década de 80, a se preterirem os investimentos em saneamento, em favor da priorização de outras ações de atenção primária à saúde, tendo por justificativa o impacto desprezível daquelas ações em países com reduzido nível de
Saneamento e saúde
21
desenvolvimento. Tal alegação, no entanto, não é respaldada por estudos epidemiológicos realizados em diversos países pobres, especialmente africanos e asiáticos, que demonstraram importantes impactos sobre indicadores diversos de saúde a partir de intervenções em saneamento.
FONTE: SHUVAL et al. (1981)
FIGURA 4 REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA TEORIA DO LIMIAR-SATURAÇÃO
EFEITO DO SANEAMENTO SOBRE A SAÚDE, EM FUNÇÃO DO NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICO
BRISCOE (1984a) elaborou um importante raciocínio para a compreensão do efeito obtido após a eliminação de apenas parte das múltiplas vias de transmissão de uma determinada doença. Segundo seu modelo, em doenças que apresentam uma relação dose-resposta log-linear, como a diarréia, a obstrução de uma importante via de transmissão pode redundar em uma redução muito inferior à esperada, na probabilidade de infecção. A teoria adere de forma satisfatória aos estudos sobre a transmissão da cólera em Bangladesh. BRISCOE (1987), a partir dessa simulação, defende que as intervenções em abastecimento de água e em esgotamento sanitário são "necessárias mas não suficientes", reforçando a importância dessas ações, mesmo quando os estudos epidemiológicos demonstram reduzido impacto sobre a saúde de programas que prevêem medidas isoladas de saneamento. O diagrama apresentado na FIG. 5 ilustra uma situação hipotética, cujos resultados são os visualizados na TAB. 1.
Saneamento e saúde
22
Infectados SusceptíveisVia B
Via A
Via C
Organismos transmitidos
%
28
2
70
FONTE: BRISCOE (1987) FIGURA 5
SIMULAÇÃO DA TRANSMISSÃO FECO-ORAL DE AGENTES PATOGÊNICOS
TABELA 1 SIMULAÇÃO DO EFEITO DA ELIMINAÇÃO DE DIFERENTES VIAS DE TRANSMISSÃO
SOBRE A INCIDÊNCIA DE UMA ENFERMIDADE
VIAS DE EXPOSIÇÃO
ORGANISMOS QUE CONTINUAM
TRANSMITINDO (%)
CASOS QUE CONTINUAM
OCORRENDO (%) (1) Vias A + B + C
100 100
(2) Eliminação unicamente da via A
30 74
(3) Eliminação da via B, mantendo a via A
72
93
(4) Eliminação da via B, após a eliminação da via A
2
15
FONTE: BRISCOE (1987) Pode-se observar que, assumindo por hipótese a via A como uma medida de saneamento, responsável por 70% dos organismos transmitidos, sua eliminação implicaria na redução de apenas 26% da incidência da doença. Esta situação ocorre, em função da relação log-linear verificada entre a carga de patogênicos e a incidência da doença. BRISCOE (1985) postula ainda que intervenções ambientais sistêmicas, como o abastecimento de água e o esgotamento sanitário, apresentam efeitos a longo prazo sobre a saúde substancialmente superiores aos de intervenções médicas. Baseado em uma simulação de dados demográficos de Lyon (França), entre 1816 e 1905, prevê que as intervenções ambientais podem prevenir cerca de quatro vezes mais mortes e elevar a expectativa de vida sete vezes mais, que as intervenções de natureza biomédica. O mesmo autor (BRISCOE, 1987) afirma que tal comportamento sugere um efeito multiplicador dos programas de abastecimento de água e esgotamento sanitário.
Saneamento e saúde
23
CVJETANOVIC (1986), estabelecendo uma nova ótica para a questão, caracteriza como estreitos os modelos que relacionam as ações de saneamento com um grupo definido de doenças, como as enfermidades diarréicas. Afirma que tal enfoque ignora o caráter amplo da definição de saúde formulada pela Organização Mundial da Saúde, ao avaliar impactos sobre doenças e não sobre a saúde propriamente. Reconhece, entretanto, os formidáveis obstáculos metodológicos para uma abordagem holística, que privilegie sobretudo os fatores sócio-econômicos. Esquematicamente, a FIG. 6 ilustra o modelo proposto pelo autor, no qual prevê-se que ações de abastecimento de água e de esgotamento sanitário proporcionam benefícios gerais sobre a saúde da população segundo duas vias: através de efeito direto e através de efeitos indiretos, resultantes primordialmente do desenvolvimento da localidade atendida. Observe-se que, embora pleiteando uma explicação causal mais sistêmica, o modelo de Cvjetanovic não inclui o papel dos determinantes sociais.
Saneamento e saúde
24
Investimento em abastecimento de água e esgotos
sanitários
- Desenvolvimento econômico
- Aumento da produção
- Comercialização
Abastecimento de água seguro
e disposição de excretas
Manutençãoe
ampliação
Benefícios à saúde provenientes de:- melhoria da nutrição - higiene pessoal e da comunidade - interrupção da transmissão das
doenças relacionadas com a água
Capacidade de trabalho
Conhecimento
QualidadeQuantidade
Efeitos Indiretos
Efeitos Diretos
FONTE: CVJETANOVIC (1986)
- Alimentação- Educação - Instalações
sanitárias
FIGURA 6
EFEITOS DIRETOS E INDIRETOS DO ABASTECIMENTO DE ÁGUA E DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO SOBRE A SAÚDE:
ESQUEMA CONCEITUAL
Saneamento e saúde
25
3.3- LIMPEZA PÚBLICA No campo da limpeza pública, localizam-se algumas referências, que contribuem para iniciar a formulação de um modelo causal, ainda a ser construído e validado. TCHOBANOGLOUS et al. (1977) consideram bastante clara a relação entre a saúde pública e o acondicionamento, a coleta e a disposição dos resíduos sólidos. As autoridades sanitárias dos Estados Unidos estabeleceram uma relação entre 22 doenças e o inadequado manuseio dos resíduos sólidos (HANKS, 1967, segundo TCHOBANOGLOUS et al., 1977). NAJM (s.d.) propõe um esquema das vias de contato lixo-homem (FIG. 7) que, sinteticamente, explica as trajetórias através das quais pode ocorrer transmissão de doenças oriundas da disposição inadequada dos resíduos sólidos urbanos. Note-se que, dada a diversidade de vias e, especialmente, a ação dos vetores - biológicos e mecânicos - o raio de influência e os agravos sobre a saúde mostram-se de difícil identificação.
Vetores biológicos(Mosquitos,
roedores, suínos, moscas*, baratas*)
LIXOContato indireto
(Ar, Água,Solo)
Contato direto
Vetores mecânicos(Moscas, baratas, roedores, suínos)
HOMEM
Alimentos
FONTE: NAJM (s.d.) * introduzido pelo autor
FIGURA 7 ESQUEMA DAS VIAS DE CONTATO HOMEM-LIXO
Saneamento e saúde
26
Avaliando precisamente a ocorrência de vetores, DANIEL et al. (1989) pesquisaram espécies de artrópodes, nos dois pontos de disposição final de lixo no Cairo (Egito). Foram identificadas 56 espécies, tendo sido destacadas as seguintes, por sua importância epidemiológica: • pulgas (Xenopsylla cheopis e Ctenocephalides felis) em roedores (Rattus norvegicus); • carrapatos (Rhipicephalus sanguineus); • moscas sinantrópicas (Musca domestica vicina, Musca sorbens e Piophila casei). ELLIOTT et al. (1993) desenvolveram um estudo em Ontário (Canadá) sobre efeitos psicossociais provocados pela proximidade de moradias a pontos de disposição final de resíduos sólidos urbanos. O trabalho conclui por uma significativa influência da distância ao local onde se processa o lixo, sobre variáveis relacionadas ao stress ambiental, definido como "um processo através do qual eventos ambientais ameaçam, prejudicam ou desafiam o bem estar ou a existência de um organismo e através do qual o organismo responde a essa ameaça" (BAUM et al., citado por ELLIOTT et al., 1993). Na cadeia causal determinada pela referida pesquisa, o estado geral de saúde do indivíduo representa um elo intermediário entre variáveis externas, como características individuais e exposição ao lixo, e os efeitos. A FIG. 8 propõe um modelo esquemático, relacionando a solução para as diversas etapas do manejo dos resíduos sólidos domésticos com os risco à saúde.
Saneamento e saúde
27
Acondicio-namento
Disposição local
Disposição final
Freqüência
COLETA PÚBLICA
Lixo exposto Lixo não exposto
Não exposto(aterrado)
Exposto
AltaBaixa
Sanitária e ambientalmente
adequada
Sanitária e ambientalmente
inadequada
Fatores de risco à saúde
eliminados
VETORESContaminação água, ar e solo
LOCAL
VETORESContaminação água, ar e soloNA DISPOS.
FINAL
CATADORES
FIGURA 8LIMPEZA PÚBLICA E SAÚDE - MODELO CAUSAL
Saneamento e saúde
28
3.4- PRÁTICAS HIGIÊNICAS A higiene pessoal e domiciliar, incluindo um amplo rol de medidas, tem sido investigada enquanto fator de risco para doenças redutíveis pelo saneamento. FEACHEM (1984) desenvolveu uma extensiva avaliação do efeito da higiene pessoal e domiciliar sobre o controle da diarréia infantil, a partir de estudos realizados em hospitais, centros de saúde e comunidades. O hábito higiênico mais estudado é a lavagem das mãos. O autor avaliou três estudos de caso mais significativos, para a inferência de valores quantitativos: o primeiro em Bangladesh, o segundo nos Estados Unidos, ambos analisando lavagem das mãos, e o terceiro na Guatemala, este referente à melhoria de diversos aspectos da higiene doméstica e pessoal. Concluiu, a partir dos três estudos, que a melhoria dos hábitos higiênicos pode reduzir a morbidade por diarréia em 14 a 48%. E, além disto, que essa melhoria pode ser atingida mediante programas de educação sanitária. ESREY et al. (1991) avaliaram seis estudos de caso, relacionados com a melhoria na higiene, incluindo, entre outras medidas, a lavagem das mãos, a disposição de resíduos e o local empregado para defecar. Concluíram por uma redução esperada de 33% na morbidade por diarréia, mediante o aperfeiçoamento das práticas higiênicas. LONERGAN & VANSICKLE (1991) investigaram um conjunto de medidas sanitárias e de hábitos higiênicos, enquanto fatores de risco para a diarréia na Malásia. Após um estudo seccional, composto por inquérito em 268 moradias, concluíram pela existência de associação entre diversas variáveis e a diarréia, segundo diferentes níveis de significância, conforme exposto na TAB.2. Tal investigação permite identificar numerosos fatores associados à diarréia, na realidade estudada, embora não seja adequada a consideração do valor do nível de significância para o estabelecimento de uma ordenação dos riscos envolvidos.
Saneamento e saúde
29
TABELA 2 ASSOCIAÇÃO ENTRE FATORES DE RISCO E DIARRÉIA,
SEGUNDO DIFERENTES NÍVEIS DE SIGNIFICÂNCIA
ALTAMENTE SIGNIFICATIVO
(α = 0,001)
SIGNIFICATIVO
(α### = 0,01)
LIGEIRAMENTE SIGNIFICATIVO
(α = 0,05)
NÃO SIGNIFICATIVO
(α > 0,05)
• Raça* • Água tratada • Torneira em casa
• Número de pessoas na casa
• Freqüência de fervura da água
• Fonte de água tratada
• Torneira na cozinha
• Cidade
• Tipo de vaso • Quintal livre de lixo
• Pessoa que cuida da criança
• Fonte de água para higiene
• Freqüência de falta de água
• Limpeza da cozinha
• Hábito de defecar de forma indiscriminada.
• Limpeza da criança
• Freqüência de inundação
• Criança brincando em lugar sujo
* a associação é determinada por um fator de confusão, representado pela origem diferenciada da água, entre chineses e malásios, comparados com indianos.
FONTE: LONERGAN & VANSICKLE (1991) ITTIRAVIVONGS et al. (1992), em estudo seccional desenvolvido na Tailândia, compuseram uma variável de exposição, constituída por score qualitativo determinado a partir de um conjunto de características higiênicas, distribuídas por sete grandes grupos: • abastecimento de água; • características e conservação das fossas; • disposição de resíduos sólidos; • higiene alimentar; • controle de insetos e roedores; • higiene da habitação; • disposição das águas servidas. Foram investigadas 2.690 moradias. Estas foram categorizadas, segundo cada grupo de variáveis, em higiênicas ou não higiênicas, caso apresentassem um score respectivamente superior ou inferior a 60% de atendimento aos ítens componentes dos grupos. Todos os grupos individualmente mostraram-se significativamente associados com parasitas nas fezes. Quanto à presença de bactérias patogênicas nas fezes, apenas higiene das habitações, individualmente, e todos os grupos agregados mostraram-se significativamente associados.
Saneamento e saúde
30
3.5- MODELOS DE CARÁTER GERAL Estudo desenvolvido no Sri-Lanka (WAXLER et al., 1985) conduziu a um modelo causal da mortalidade infantil, composto por uma teia de determinantes, na qual atuam preditores culturais, sócio-econômicos e médicos (FIG. 9). Nota-se que a situação de saneamento, representada pelo atendimento por fossa, localiza-se em uma etapa mais terminal do ciclo de relações, em um sentido sendo determinada por fatores econômicos, culturais e educacionais e em outro determinando a mortalidade infantil. Na conclusão desse estudo, explica-se a mortalidade infantil em Sri-Lanka da seguinte forma:
"O status dos grupos minoritários resulta em pobreza, o que impede a família de possuir instalações sanitárias seguras, causando morte infantil. A mortalidade infantil em Sri-Lanka não é, portanto, simplesmente um problema médico, para ser assumido pelos programas de saúde pública, nem tampouco é um problema econômico, que possa ser resolvido pela criação de empregos, mas é melhor que seja encarada como um problema da estrutura de toda a sociedade."
Cultura:grupos étnicos
Educação: escolaridadede mulheres
Condição econômica: posse de
cinco ítens
Nutrição: alimentação
protéica
Esgoto:tipo de fossa
Mortalidade Infantil
FONTE: adaptado de WAXLER et al. (1985)
FIGURA 9 MARCO CAUSAL DA MORTALIDADE INFANTIL NO SRI-LANKA
Por outro lado, estudo epidemiológico realizado na sede urbana de Betim-MG (HELLER, 1995), cidade de porte médio com população de aproximadamente 160.000 habitantes, permite inferir o marco causal da diarréia em crianças de até 5 anos, a partir de determinantes relacionados ao saneamento. A FIG. 10 exibe o modelo possível de ser extraído daquele estudo.
Saneamento e saúde
31
DISPOSIÇÃO DE LIXOAcondicionamentoDisposiçãoDisposição fraldas
ESGOTAMENTO SANITÁRIOEsgotos escoando na via pública
PRESENÇA DE VETORESBaratasMoscas (?)
HÁBITOS HIGIÊNICOSPreparo de alimentos
ESTRUTURA FAMILIARNúmero crianças na casaIdade da criançaReligião da mãe
ÁGUA PLUVIALInundação do lote
ABASTECIMENTO DE ÁGUAExistência de reservatório domiciliar
NÍVEL SÓCIO-ECONÔMICOPosse de geladeira
DIARRÉIA INFANTIL
FIGURA 10MARCO CAUSAL DA DIARRÉIA EM BETIM-MG
Saneamento e saúde
32
4- A CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS ENFERMIDADES INFECCIOSAS
No final da década de 70, esforços foram iniciados no sentido de se estudarem as doenças infecciosas, sob o enfoque das estratégias mais adequadas para seu controle. Nessa visão, as doenças são classificadas tendo por base suas vias de transmissão e seu ciclo, distintamente da classificação biológica clássica, que agrupa as doenças segundo o agente: vírus, bactéria, protozoário ou helminto (FEACHEM et al., 1983a). Assim, a partir dessas classificações, o entendimento da transmissão das doenças relacionadas com o saneamento passa a constituir um instrumento de planejamento das intervenções, com vistas à otimização de seu impacto sobre a saúde. A classificação ambiental das infecções relacionadas com a água, segundo CAIRNCROSS & FEACHEM (1990), origina-se da compreensão dos mecanismos de transmissão, que se agrupam em quatro categorias: • transmissão hídrica: ocorre quando o patogênico encontra-se na água que é ingerida; • transmissão relacionada com a higiene: identificada como aquela que pode ser
interrompida pela implantação de higiene pessoal e doméstica; • transmissão baseada na água: caracterizada quando o patogênico desenvolve parte de
seu ciclo vital em um animal aquático; • transmissão através de um inseto vetor: na qual insetos, que procriam na água ou cuja
picadura ocorre próximo a ela, são os transmissores. Em função da caracterização dos mecanismos de transmissão, a classificação ambiental das doenças relacionadas com a água prevê quatro categorias, conforme apresentado na TAB. 3.
Saneamento e saúde
33
TABELA 3 CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS INFECÇÕES RELACIONADAS COM A ÁGUA
CATEGORIA
INFECÇÃO
1. Feco-oral (transmissão hídrica ou relacionada com a higiene)
Diarréias e disenterias Disenteria amebiana Balantidíase Enterite campylobacteriana Cólera Diarréia por Escherichia coli Giardíase Diarréia por rotavírus Salmonelose Disenteria bacilar Febres entéricas Febre tifóide Febre paratifóide Poliomielite Hepatite A Leptospirose Ascaridíase Tricuríase
2. Relacionada com a higiene (a) Infecções da pele e dos olhos (b) Outras
Doenças infecciosas da pele Doenças infecciosas dos olhos Tifo transmitido por pulgas Febre recorrente transmitida por pulgas
3. Baseada na água (a) Por penetração na pele (b) Por ingestão
Esquistossomose Difilobotríase e outras infecções por helmintos
4. Transmissão através de inseto vetor (a) Picadura próximo à água (b) Procriam na água
Doença do sono Filariose Malária Arboviroses Febre amarela Dengue Leishmaniose*
* introduzido pelo autor FONTE: CAIRNCROSS & FEACHEM (1990) Com o mesmo raciocínio, foi desenvolvida a classificação ambiental das infecções relacionadas aos excretas. Nessa classificação, parte-se do conceito de que, na transmissão de uma doença originária de excretas, as seguintes variáveis influenciam o processo:
Saneamento e saúde
34
LATÊNCIA
CARGA EXCRETADA
PERSISTÊNCIA DOSE INFECCIOSA
MULTIPLICAÇÃO
FONTE: FEACHEM et al. (1983) FIGURA 11
VARIÁVEIS DETERMINANTES DA TRANSMISSÃO DAS INFECÇÕES EXCRETADAS A TAB. 4 reproduz a caracterização das seis categorias que compõem a classificação ambiental das infecções relacionadas aos excretas. Com relação à classificação das enfermidades transmissíveis relacionadas aos resíduos, MARA & ALABASTER (1995) propõem duas categorias, conforme TAB. 5.
TABELA 5 CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS ENFERMIDADES TRANSMISSÍVEIS
RELACIONADAS COM O LIXO
CATEGORIA DOENÇAS CONTROLE 1. Doenças relacionadas com
insetos vetores Infecções excretadas
transmitidas por moscas ou baratas.
Filariose. Tularemia.
Melhoria do acondicionamento e da coleta do lixo.
Controle de insetos.
2. Doenças relacionadas com vetores roedores
Peste. Leptospirose. Demais doenças
relacionadas com a moradia, a água e os excretas e cuja transmissão ocorre por roedores.
Melhoria do acondicionamento e da coleta do lixo.
Controle de roedores.
FONTE: MARA & ALABASTER (1995)
Saneamento e saúde
35TABELA 4
CLASSIFICAÇÃO AMBIENTAL DAS INFECÇÕES RELACIONADAS COM OS EXCRETAS
CATEGORIA CARACTERÍSTICA EPIDEMIOLÓGICA
INFECÇÃO VIA DOMINANTE DE
TRANSMISSÃO
PRINCIPAIS MEDIDAS DE CONTROLE
1. Doenças feco-orais não bacterianas
Não latentes Baixa dose infecciosa
Enterobíase Infecções enteroviróticas Hymenolepíase Amebíase Giardíase Balantidíase
Pessoal Doméstica
Abastecimento doméstico de água
Educação sanitária Melhorias habitacionais Instalação de fossas
2. Doenças feco-orais bacterianas
Não latentes Média ou alta dose
infecciosa Moderadamente persistentes Capazes de se multiplicarem
Febre tifóide e paratifóide Salmonelose Disenteria bacilar Cólera Diarréia por E.coli Enterite campylobacteriana
Pessoal Doméstica Água Alimentos
Abastecim. doméstico de água Educação sanitária Melhorias habitacionais Instalação de fossas Tratamento dos excretas antes
do lançamento ou do reuso 3. Helmintos do solo Latentes
Persistentes S/ hospedeiro intermediário
Ascaridíase Tricuríase Ancilostomíase
Jardim Campos Culturas agrícolas
Instalação de fossas Tratamento dos excretas antes
da aplicação no solo 4. Teníases Latentes
Persistentes C/ hospedeiro intermediário
Teníases Jardim Campos Pastagem
Instalação de fossas Tratamento dos excretas antes
da aplicação no solo Cozimento, inspeção de carne
5. Helmintos hídricos Latentes Persistentes C/ hospedeiro intermediário
Esquistossomose e outras doenças provocadas por helmintos
Água Instalação de fossas Tratamento dos excretas antes
do lançamento na água Controle do reservatório animal
6. Doenças transmitidas por insetos
Insetos vetores relacionados aos excretas
Filariose e todas as infecções listadas nas categorias 1 a 5, das quais moscas e baratas podem ser vetores
Vários locais contaminados por fezes, nos quais insetos procriam
Identificação e eliminação dos locais adequados para procriação
FONTE: FEACHEM et al. (1983a)
Saneamento e saúde
36
5- INDICADORES DE IMPACTO DAS INTERVENÇÕES EM SANEAMENTO
5.1- APLICABILIDADE A escolha de uma variável ou de um indicador, que reflita o estado de saúde de um grupo populacional, deve conciliar o compromisso entre a necessidade de efetivamente expressar a condição de saúde coletiva, por um lado, e a sua adequação à pesquisa em questão, conforme PEREIRA (1995) através de sua validade, reprodutibilidade, representatividade, obediência a preceitos éticos, oportunidade, simplicidade, facilidade de obtenção e custo compatível, por outro. Com relação ao primeiro aspecto, FREIJ & WALL (1977) julgam que o conceito de saúde constitui uma abstração, podendo ser visualizado como um conjunto de componentes, de natureza biológica, fisiológica, social e outras, cada qual com sua dimensão "saúde-doença". Citando SULLIVAN (1966), defendem haver pouca justificativa para a hipótese de que um continuum unidimensional esteja subjacente e relacione todos os indicadores de condições de saúde, em diferentes contextos. Particularmente quanto à saúde infantil, lembram a necessidade de abordá-la como um fenômeno ecológico, em um sistema complexo de fatores de caráter médico e sócio-ambiental inter-relacionados. DUBOS (1965), na mesma direção, define saúde como o resultado do equilíbrio dinâmico entre o indivíduo e o meio ambiente. O emprego do indicador morbidade por enfermidades diarréicas tem sido referendado por trabalhos que estabelecem roteiros metodológicos para os estudos de impacto de saneamento. A adoção dessa variável tem sido defendida em função de: (1) sua importância sobre a saúde pública; (2) a validade e a confiabilidade dos instrumentos empregados na sua determinação; (3) a sua capacidade de resposta a alterações nas condições de saneamento e (4) o custo e a exeqüibilidade demonstrados na sua determinação (BRISCOE et al., 1986). Na presente revisão, optou-se por discutir mais detalhadamente aquela variável e apenas referir às demais, o que não pretende configurar uma desqualificação destas últimas, quanto ao seu emprego como indicadores de saúde em estudos epidemiológico na área de saneamento.
Saneamento e saúde
37
5.2- MORBIDADE POR ENFERMIDADES DIARRÉICAS 5.2.1- DEFINIÇÃO Diarréia é usualmente definida como a passagem de três ou mais movimentos intestinais líquidos - assumindo a forma do recipiente - em 24 horas. Um episódio de diarréia, por outro lado, é convencionalmente definido como aquele que se inicia no primeiro período de 24 horas, no qual se verifica a definição de diarréia, e termina no último dia anterior a pelo menos dois dias consecutivos, em que não ocorre o evento da definição (LIMA & GUERRANT, 1992). Segundo FINE et al. (1989), citados por PHILIPP et al. (1993), diarréia está presente quando uma ou mais das seguintes ocorrências estejam presentes: (1) acréscimo anormal no peso diário das fezes; (2) acréscimo anormal na liquefação das fezes; (3) acréscimo anormal na freqüência de evacuação. Muitas vezes, é acompanhado pela urgência, desconforto anal ou incontinência, ou ainda uma combinação dos três. PHILIPP et al. (1993), testando as percepções e reações da população a essa definição, em indivíduos entre 16 e 70 anos residentes na Inglaterra, concluíram que há uma ampla variação quanto à percepção individual da diarréia. Mais da metade dos 400 entrevistados consideram que um único episódio de fezes amolecidas caracteriza diarréia. Quase um terço dos entrevistados define como diarréia um acréscimo na freqüência de evacuação. É importante salientar que diarréia constitui o sintoma de diversas diferentes etiologias, cada qual com seus respectivos fatores de risco. Entretanto, o estudo das enfermidades diarréicas e seus determinantes tem sido habitual, dado ao seu significado em termos de saúde pública e a possibilidade do desenvolvimento de estratégias comuns de controle para a diarréia, independente da etiologia. 5.2.2- IMPORTÂNCIA NO ÂMBITO DA SAÚDE PÚBLICA Doenças diarréicas são a causa principal de morbidade na maioria dos países em desenvolvimento (BRISCOE et al., 1986). Em 1976, de 24 países da América Latina, em cinco deles (21%) as enfermidades diarréicas constituíam a primeira causa de morte, em dez (42%) a segunda e em três (13%) a terceira (MATA, 1987). Mesmo nos países desenvolvidos, a morbidade e a mortalidade por essas enfermidades ainda constituem importantes problemas de saúde pública, permanecendo os mesmos fatores de risco básicos quanto à sua transmissão (SAVARINO & BOURGEOIS, 1993).
Saneamento e saúde
38
Em uma compilação clássica realizada em 1982, SNYDER & MERSON estimaram que, no início da década de 80, a morbidade por doenças diarréicas em crianças menores de cinco anos equivalia anualmente a 744 milhões a um bilhão de episódios, correspondendo a uma incidência de 2,2 episódios/criança.ano, na África, Ásia (excluindo a China) e América Latina. Esse estudo foi atualizado dez anos após (BERN et al., 1992), conduzindo a uma incidência média de 2,6 episódios de diarréia por criança.ano. Quanto à mortalidade, o estudo de SNYDER & MERSON estimou cinco milhões de óbitos anuais por doenças diarréicas, decorrentes de uma taxa média de 13,6 mortes/1000 crianças < 5 anos . ano. O trabalho de BERN et al., por outro lado, encontrou valor inferior para a mortalidade - 3,3 milhões de morte (1,5 - 5,1 milhões) -, com uma taxa de 19,6 mortes/1000 crianças.ano e de 4,6 mortes/1000 crianças.ano, respectivamente para crianças menores de 1 ano e entre 1 e 4 anos. Em levantamento realizado em Belo Horizonte, RODRIGUES et al. (1993) encontraram os seguintes valores para doença diarréica aguda, segundo notificação na rede hospitalar pública e privada, entre julho/1991 e julho/1992:
TABELA 6
MORBIDADE E MORTALIDADE POR DIARRÉIA AGUDA EM BELO HORIZONTE-MG - JULHO/1991 A JULHO/1992
FAIXA ETÁRIA INCIDÊNCIA
(episódio/ criança.ano) MORTALIDADE
(óbito/1000 crianças.ano) < 1 ano 0,107 2,042
1 - 4 anos 0,046 0,038 até 4 anos 0,059 0,462
FONTE: RODRIGUES et al. (1993) Saliente-se que os valores obtidos para Belo Horizonte, pela distinta metodologia de obtenção, não são comparáveis com as estimativas mundiais anteriormente apresentadas. O trabalho de RODRIGUES e outros baseia-se em notificações de morbidade e em declarações de óbito, enquanto que as demais estimativas são provenientes da compilação de estudos longitudinais em comunidades, nos quais o registro de morbidade e de mortalidade são obtidos através de visitas domiciliares, com freqüência mínima quinzenal para morbidade e mensal para mortalidade.
Saneamento e saúde
39
5.2.3- ETIOLOGIA Pesquisas sobre a etiologia da diarréia passaram a apresentar respostas mais abrangentes, em concomitância com o desenvolvimento de técnicas analíticas para a determinação dos diversos patogênicos nas fezes. Enquanto que na década de 70 a diarréia era considerada uma "síndrome impenetrável" (BRISCOE et al., 1986), atualmente já há um conhecimento acumulado a respeito do problema, capaz de elucidar os agentes etiológicos envolvidos em sua transmissão. Na TAB. 8 são apresentadas nove importantes investigações sobre a presença de
patogênicos em fezes de portadores de diarréia e a TAB. 7 mostra os organismos mais
freqüentes, segundo aquelas investigações. Deve-se considerar, na TAB. 7, a diversidade
de situações pesquisadas, com diferentes locais, faixa etária, persistência da diarréia,
metodologia de obtenção da amostra e outros fatores.
TABELA 7 FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS NAS FEZES DE PORTADORES DE DIARRÉIA, SEGUNDO NOVE DIFERENTES ESTUDOS
MICRORGANISMO NÚMERO DE VEZES EM QUE APARECE NA COLOCAÇÃO: 1ª 2ª 3ª 4ª S.R.(1)
- Rotavírus 4(2) - 2 2 - - ECET(4) 2(2) 4 1 - - - Giardia lamblia 3 - 1 - 1 - Campylobacter jejuni 1 1(3) - 2 2 - ECEP(5) - 3 2 - 2 - Shigella - 2(3) - 3 - (1) S.R.: sem registro. (4) ECET: Escherichia coli enterotoxigênica. (2) mesma freqüência na 2ª colocação. (5) ECEP: Escherichia coli enteropatogênica. (3) mesma freqüência na 3ª colocação. FONTES: BLACK et al. (1980), BLACK et al. (1989), LOENING et al. (1989), HUILAN et al.
(1991), CHUNGE et al. (1992), HENRY et al. (1992), REGUA MANGIA et al. (1993), MOLBAK et al. (1994), OGUNSANYA et al. (1994).
Saneamento e saúde
40 TABELA 8
PERCENTUAL DE OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS NAS FEZES DE PORTADORES DE DIARRÉIAS, SEGUNDO NOVE DIFERENTES ESTUDOS
ESTUDO
CARACTE- RÍSTICA
BLACK et al.
(1980)
BLACK et al.
(1989)
LOENING et al.
(1989)
HUILAN et al.
(1991)
CHUNGE et al.
(1992)
HENRY et al.
(1992)
REGUA MANGIA et al. (1993)
MOLBAK et al.
(1994)
OGUNSANYA et al.
(1994) País Bangladesh Peru África do Sul Multicêntrico(4) Quênia Bangladesh Brasil Guiné-Bissau Nigéria Faixa etária até 9 anos até 1 ano até 6 anos até 3 anos até 5 anos até 6 anos até 3 anos até 4 anos até 5 anos Tamanho da amostra 9320 153 373 3640 200 363 crianç.(5) 406 1219 215 Microrganismo: - Rotavírus 34 2,5* 15,4* 16 7,5 3,9 11,6 2,8* 22,3 - ECET(1) 24 7,4 1,6 16 2,5 8,8 21,2 12,4 14,4 - ECEP(2) S.R.(3) 6,1* 8,8* 9 17,9 S.R. 16,5 3,8* 10,7 - Shigella 6 2,0* 3,8 11 1,4 9,7 0,5 1,5 5,1 - Campylobacter jejuni S.R. 10,1 3,5* 11 6,3 1,0 9,9 3,1 S.R. - Salmonella <1 0,8 1,9 3 0,6 0,4 1,5 2,6 3,3 - Adenovírus S.R. S.R. S.R. 4 S.R. S.R. 2,0 S.R. S.R - Agente Norwalk S.R. S.R. S.R. 3 S.R. S.R. S.R. S.R. S.R. - Giardia lamblia <4 0,7 6,4 3 19,8 9,9 S.R. 19,1 0,5 - Vibrio cholerae 12 0,1 0,3 1 S.R. 0,1 S.R. 0,6 S.R. - Entamoeba histolytica 5 S.R. 0,3 0,3 5,2 0,7 S.R. 4,1 0,5 - Cryptosporidium S.R. S.R. 2,5 S.R. 1,3 S.R. S.R. 5,7* S.R. - Outros >8 0,8 S.R. S.R. 2,0 8,8 S.R. 13,8 14,4(6) - Negativo S.R. 58,7 S.R. 19-41 S.R. S.R. S.R. 50,0 S.R. (1) ECET: Escherichia col enterotoxigênica. (5) Incluídos apenas episódios de diarréia c/ duração inferior a (2) ECEP: Escherichia coli enteropatogênica. 14 dias. (3) S.R.: sem registro. (6) Outros grupos de Escherichia coli. (4) Estudo multicêntrico envolvendo China, Índia, México, * Proporção superior à de grupo controle, em nível Myanma e Paquistão. estatisticamente significativo.
Saneamento e saúde
41 É importante destacar que a presença em maior ou menor freqüência do organismo nas fezes não permite associá-lo diretamente como agente etiológico, já que são encontrados também em fezes de indivíduos sem diarréia, como demonstram vários estudos que empregam grupo controle. Em estudos como o de MOLBAK et al. (1994), onde foi procedida uma comparação entre a presença de microrganismos em fezes de 1219 episódios de diarréia e de 511 controles assintomáticos, é possível se inferir quanto a agentes etiológicos. Naquela pesquisa, apenas rotavírus, Escherichia coli enteropatogênica, espécies de Cryptosporidium e Strongyloides stercoralis mostraram freqüências estatisticamente superiores, a um nível de significância de 5%, nos casos com relação aos controles. Similarmente, rotavírus, Escherichia coli enteropatogênica e Shigella, no estudo de BLACK et al. (1989), e rotavírus, Escherichia coli enteropatogênica e Campylobacter jejuni, no estudo de LOENING et al. (1989), mostraram-se significativamente superiores em casos de diarréia, comparados com controles. Um outro fator relevante a ser avaliado é o diferencial da distribuição dos organismos por idade, conforme ilustrado na TAB. 9. Verifica-se que a tese de maior freqüência de rotavírus nas fezes de crianças de menor faixa etária (GRACEY, 1987) não é confirmada em todos os estudos, embora isso se manifeste nas investigações de BLACK et al. (1980), de HUILAN et al. (1991), que corresponde a um grande estudo multicêntrico, e, de certa forma, de LOENING et al. (1989) e de MOLBAK et al. (1994).
Saneamento e saúde
42
TABELA 9 ORDEM DE FREQÜÊNCIA DA OCORRÊNCIA DE MICRORGANISMOS NAS FEZES DE PORTADORES DE DIARRÉIA, PARA DIVERSAS
FAIXAS ETÁRIAS
MICRORGANISMO
BLACK et al. (1980)
LOENING et al. (1989)
HUILAN et al. (1991)
REGUA MANGIA et al. (1993)
MOLBAK et al. (1994)
< 2 anos
2-9 anos
< 6 meses
7-12 meses
13-24 meses
> 24 meses
< 11 meses
12-23 meses
24-35 meses
< 5 meses
6-11 meses
12-36 meses
< 5 meses
6-11 meses
1 ano 2-3 anos
- Rotavírus 1 4 2 1 1 2 1 4 4 3 4 2 2 4 5 7 - ECET(1) 2 2 - 5 5 - 2 3 2 2 1 1 - - - -
- Giardia lamblia - 7 4 3 2 3 - - - - - - 4 1 1 1 - Campylobacter jejuni - - 3 4 3 4 3 2 3 4 2 3 5 6 4 4 - ECEP(2) - - 1 2 3 1 - - - 1 3 4 3 3 3 5 - Shigella 3 5 - - - - 4 1 1 7 - 5 - - - -
(1) ECET: Escherichia coli enterotoxigênica. (2) ECEP: Escherichia coli enteropatogênica.
Saneamento e saúde
43
5.2.4- DETERMINANTES
Os determinantes da diarréia são múltiplos e configuram uma complexa cadeia causal.
Diversos autores procuraram desenvolver modelos explicativos, os quais, se por um lado
contribuem para consolidar o entendimento sobre a teia de mecanismos presentes, por
outro apenas amplificam a multicausalidade envolvida e a decorrente dificuldade de se
compreender de forma simplista a transmissão da diarréia.
FEACHEM et al. (1983c), avaliando as intervenções potenciais para o controle da
morbidade por diarréia, em crianças de até cinco anos de idade, propõem o conjunto de
medidas apresentado na TAB. 10.
ESREY et al. (1985), por sua vez, construíram um modelo de associação entre dose de
patogênicos entéricos ingeridos e incidência de diarréia infantil, reproduzido na FIG.12.
Segundo a hipótese desenvolvida, a diarréia branda e a diarréia severa apresentam
comportamentos diferenciados em crianças, para cada faixa de dose de patogênicos
entéricos ingerida. Conforme o esquema, a incidência de diarréia branda:
• em baixos níveis de ingestão (A-B), permanece em um patamar apreciável, devido a um
mínimo irredutível de diarréia infecciosa e de diarréias não provocadas por patogênicos
entéricos;
• apresenta-se crescente, à medida que aumenta a dose ingerida (B-D), através de uma
relação dose-resposta ignorada (linha tracejada);
• atinge uma saturação, sendo que a partir desse nível de dose ingerida (ponto D), para
um acréscimo na dose não se verifica uma elevação da incidência.
Saneamento e saúde
44
TABELA 10
INTERVENÇÕES POTENCIAIS PARA A REDUÇÃO DA MORBIDADE E DA MORTALIDADE POR DIARRÉIA EM CRIANÇAS ATÉ CINCO ANOS
Através da ação sobre o caso A. Terapia de reidratação oral 1. Administração da reidratação oral na moradia. 2. Administração da reidratação oral nas instituições médicas. B. Terapia de reidratação não oral 1. Administração da reidratação por via intravenosa ou outras
vias, em instituição médica. C. Alimentação apropriada 1 Promoção da alimentação apropriada da criança, durante a
doença e a convalescença. D. Quimioterapia 1. Administração de agentes terapêuticos na moradia. 2. Administração de agentes terapêuticos numa instituição
médica. Através do aumento da resistência do hospedeiro à infecção e/ou à doença e/ou à morte
A. Nutrição materna 1. Melhoria da nutrição pré-natal para reduzir a incidência de baixo peso ao nascer.
2. Melhoria da nutrição pré- e pós-natal para melhorar a qualidade da amamentação.
B. Nutrição da criança 1. Promoção de amamentação exclusiva até idade de 4-6 meses e amamentação parcial a partir daí.
2. Melhoria das práticas de desmame para crianças entre 4 e 18 meses.
3. Alimentação suplementar para a melhoria do estado nutricional em crianças entre 6 e 59 meses.
4. Promoção do uso de gráficos de crescimento pelas mães, como um auxílio para a adequada nutrição e atenção infantil.
C. Imunização 1. Imunização ao rotavírus e/ou à cólera (na eventual disponibilidade de vacinas efetivas e testadas) da criança e/ou da mãe.
D. Quimioprofilaxia 1. Quimioprofilaxia de crianças sob risco especial, para redução da incidência e/ou severidade da doença.
Saneamento e saúde
45
TABELA 10 (continuação) INTERVENÇÕES POTENCIAIS PARA A REDUÇÃO DA MORBIDADE E DA MORTALIDADE POR DIARRÉIA EM CRIANÇAS ATÉ CINCO
ANOS Através da redução da transmissão dos agentes patogênicos
A. Abastecimento de água e disposição de excretas
1. Construção de abastecimento de água, que melhore a qualidade e a disponibilidade de água para fins domésticos e melhoria das instalações de disposição de excretas, proporcionando o necessário suporte educacional para assegurar o uso e a manutenção dessas instalações.
B. Higiene pessoal e doméstica 1. Promoção de práticas específicas de higiene pessoal e doméstica, como lavagem das mãos, através de campanhas educacionais apropriadas.
C. Higiene dos alimentos 1. Promoção de práticas melhoradas para a preparação e o armazenamento de alimentos, tanto no comércio quanto nas moradias, enfatizando especialmente a preparação higiênica de alimentação de desmame.
D. Controle de vetores 1. Controle da infecção de animais domésticos e de fazendas por patogênicos causadores de diarréia no homem.
E. Controle de moscas 1. Controle de moscas, especialmente daqueles que procriam em associação com fezes humanas ou animais.
Através do controle e/ou prevenção de epidemias de diarréia
A. Vigilância, investigação e controle de epidemias
1. Melhoria da habilidade em identificar e investigar uma epidemia com antecedência e da capacidade de implementar atividades de controle efetivas.
FONTE: FEACHEM et al. (1983c)
Saneamento e saúde
46
FONTE: ESREY et al. (1985)
FIGURA 12
RELAÇÃO DOSE-RESPOSTA PARA DIARRÉIA, EM UMA COMUNIDADE EXPOSTA A PATOGÊNICOS ENTÉRICOS - MODELO ESQUEMÁTICO
Por sua vez, a incidência da diarréia severa - definida pela taxa de evacuação, volume das fezes, duração, grau de desidratação e outras manifestações - é inferior à da diarréia branda. Porém, representa uma proporção crescente da incidência total de diarréia, conforme a ingestão de patogênicos se eleva a partir do nível C até o nível E (FIG. 12). Além disto, a incidência permanece constante na faixa A-C, eleva-se no trecho C-E e novamente mantém-se constante entre E e F. Nota-se, na figura, uma defasagem para a direita dos pontos de inflexão C e E - correspondentes às diarréias severas -, em relação a B e D - referentes às diarréias brandas. Tal deslocamento explica-se a partir da hipótese de que, para um único patogênico, a produção de diarréia severa demanda uma maior dose ingerida que a produção de diarréia branda. Existem confirmações dessa hipótese para a Escherichia coli enterotoxigênica, para o Vibrio cholerae e para a Salmonella. Os autores defendem ainda que o modelo apresentado na FIG. 12 pode ser adaptado para dois outros enfoques. Primeiramente, substituindo diarréia branda por incidência total de diarréia e diarréia severa por mortalidade por diarréia. Em segundo lugar, substituindo diarréia branda por incidência de etiologias com baixa DI50 (dose infecciosa 50) e diarréia severa por incidência de etiologias com elevada DI50. Esse último modelo é consistente com o panorama apresentado pelos países desenvolvidos (faixa A-C), onde ocorre uma baixa proporção de cólera e de diarréia provocada por Escherichia coli enterotoxigênica -
Saneamento e saúde
47
elevadas DI50 -, uma alta proporção de diarréia por rotavírus - baixa DI50 - e uma proporção intermediária de infecção por Shigella - DI50 média. Visando à construção de um modelo causal abrangente, COETZER & KROUKAMP (1989) desenvolveram um diagrama explicativo, no qual interage uma tríade entre diarréia, desnutrição e infecção (FIG. 13). Com preocupação similar, LONERGAN & VANSICKLE (1991), avaliando fatores de risco para a diarréia em Port Dickson - Malásia, propuseram um modelo, denominado de sócio-ecológico, que considera a interação, em um sistema dinâmico complexo, de diversos determinantes ambientais, sociais e comportamentais (FIG. 14). Em ambas as propostas, observa-se a visão da natureza complexa dos determinantes da diarréia, com causas multifatoriais. Verifica-se o papel das condições de saneamento, interagindo com outros determinantes. 5.3- OUTROS INDICADORES Embora com menor freqüência, outros indicadores, além da morbidade por enfermidades diarréicas vêm sendo empregados nos estudos epidemiológicos de ações de saneamento, cada qual com suas particularidades inerentes e com aplicabilidade muitas vezes associada ao delineamento epidemiológico empregado e à medida de saneamento em análise. BRISCOE et al. (1986) relatam os seguintes indicadores adicionais: • Mortalidade por enfermidades diarréicas Constitui uma variável de indiscutível importância para a saúde pública, porém com limitações na confiabilidade e na validade dos dados obtidos quer nas estatísticas oficiais, quer através de inquéritos domiciliares. • Estado nutricional A variável apresenta um potencial para emprego na avaliação epidemiológica de ações de saneamento, através dos índices antropométricos peso/altura ou peso/idade. Importante vantagem da variável é a de que são determinações objetivas, as quais independem de informações.
Saneamento e saúde
48
DIARRÉIAE. coli enterotoxigênicaEntamoeba histolytica
Giardia lambliaVibrio choleraeCampylobacter
SalmonellaRotavirusShigella
INFECÇÕESInfecções respiratóriasParasitas intestinaisEsquistossomose
MaláriaTuberculoseCoqueluche
SarampoHerpesAIDS
DESNUTRIÇÃOCarência de proteína
Deficiência de vitamina ADeficiência de vitamina CDeficiência de vitamina D
Pelagra
FATORES MATERNOSInfestação por ancilóstomoAlcoolismo crônicoCório-amniosePielonefriteDesnutriçãoTuberculoseDiarréiaDisenteriaMalariaAnemia
Baixo peso ao nascer:Deficiência no crescimentoBaixa imunidade
FATORES POLÍTICOS E SÓCIO-ECONÔMICOSAumento das despesas com forças armadas e altos investimentos de capitalRedução das despesas com saúde, agricultura e educaçãoPouca ênfase à atenção primária à saúdeMiigração populacional e desempregoFalta de vontade política e socialDesigual distribuição de recursosSubsistência econômica e pobrezaDoenças sexualmente transmissíveisCrime e desestruturação famíliar Urbanização aceleradaDeficiência na educação da mulherAbuso de álcool e drogasDoenças do estilo de vidaBaixo status das mulheresInstabilidade políticaProstituiçãoDesemprego
ABASTECIMENTO DE ÁGUA E ESGOTAMENTO SANITÁRIO INADEQUADOS
Leite mateno:Contém todos os nutrientes necessáriosCausa menos reações alérgicasContém fatores antimicrobianosÉ barato e acessívelTem efeito contraceptivoÉ praticamente estéril
CARÊNCIA NA AMAMENTAÇÃO
Desinteresse na utilização de práticas preventivasIncapacidade de controlle do ambienteIncapacidade de influenciar os outrosPráticas de desmame insatisfatóriasNutrição pobreDesempregoPobreza
FALTA DE EDUCAÇÃO DAS MULHERES
ANOMALIAS DA GRAVIDEZGravidez acima dos 35 anosMais de 4 criançasGravidez na adolescênciaCurto período de gestação
Maior incidência de infecçãoPequeno desenvolvimento intelectualDepleção maternaElevado risco obstétricoAnomalias congênitasNegligência e abuso com a criançaComplicações obstétricasFamílias de mãe solteiraBaixa nutrição e retardo no desenvolvimentoAnemia maternaPobreza
Infecção infantilSubnutrição materna
AIDSFATORES AMBIENTAISDesastres naturaisDesertificaçãoDesmatamentoSuperprodução agrícola Excesso de pastagensSeca
Degradação ambientalPoluiçãoPobrezaFome
Deficiência na higiene pessoal Contaminação da águaDoenças transmitidas pelo contato com a águaDoença de veiculação hídrica
FONTE: adaptado de COETZER & KROUKAMP (1989)
FIGURA 13
TRÍADE COMPOSTA PELA DIARRÉIA, DESNUTRIÇÃO E INFECÇÃO MODELO CONCEITUAL
Saneamento e saúde
49
Nível sócio-econômico
Característicasdemográficas
Característicassócio-culturais
Familiaridadecom a diarréia
Serviços de saúde da comunidade
Estrutura social da comunidade
Estruturafísica dacomunidade
Crenças sobre os sintomas da diarréia
Crenças sobre as causasda diarréia
Crenças sobre o meio físico
Intento quanto aocomportamento:
Uso do sistema de esgotosUso da água Higiene do alimento Assistência à infância
Comportamento:
Uso do sistema de esgotosUso da águaHigiene do alimentoAssistência à infância
Conse-qüência:
Taxa de diarréia na comunidade
INFLUÊNCIA DIRETA
FEEDBACK E MODIFICAÇÃO
VARIÁVEIS EXTERNAS
CRENÇAS CONSE-QÜÊNCIAINTENTOS COMPOR-
TAMENTOS
FONTE: LONERGAN & VANSICKLE (1991)
FIGURA 14 MODELO SÓCIO-ECOLÓGICO DOS DETERMINANTES DA DIARRÉIA
Saneamento e saúde
50
• Nematódeos intestinais Pode revelar-se importante na análise do impacto de intervenções no campo do esgotamento sanitário, através do emprego da prevalência da infecção ou, caso se deseje categorizar grupos diferenciados de indivíduos, da intensidade da infecção, medida pelo número de ovos nas fezes. • Enfermidades oculares Tracoma representa uma doença infecciosa da conjuntiva e da córnea, de significativa importância para a saúde pública e associada à higiene inadequada. Constitui, portanto, potencial indicador do efeito do acréscimo da quantidade da água e da melhoria de hábitos higiênicos, em áreas endêmicas. • Enfermidades dermatológicas São associadas especialmente ao abastecimento de água, na medida em que hábitos higiênicos são fatores preventivos a algumas enfermidades, notadamente a escabiose, mas também outras piodermites (doenças de pele com pus) causadas por bactérias, fungos, vírus ou parasitas. Há um conhecimento ainda imperfeito da epidemiologia dessas doenças, o que dificulta seu emprego nos estudos.
Saneamento e saúde
51
6- DELINEAMENTOS EPIDEMIOLÓGICOS Na atualidade, a Epidemiologia Analítica constitui-se em uma disciplina ou uma ciência (ALMEIDA FILHO, 1991), com um corpo de princípios sistematizado e consolidado, embora tal fortalecimento metodológico tenha ocorrido sobretudo a partir das últimas três décadas (ROTHMAN, 1986). Na origem do conhecimento científico, sistematizado sob os princípios da metodologia científica, localiza-se como paradigma os chamados estudos experimentais, nos quais o investigador intervem nos fatores suspeitos de alterarem o fenômeno em estudo (SCHLESSELMAN, 1982). A experimentação científica foi a raiz também dos estudos epidemiológicos. Entretanto, a Epidemiologia recorre ainda aos estudos não experimentais, os quais são planejados para "simular o que seria apreendido se um experimento tivesse sido conduzido" (ROTHMAN, 1986). Tais estudos encontram hoje uma grande aplicabilidade, em vista de algumas desvantagens dos estudos experimentais, como a necessidade de uma amostra demasiadamente grande em algumas situações, sua longa duração, as limitações éticas e outras restrições (SCHLESSELMAN, 1982). O delineamento epidemiológico, portanto, representa o conjunto de métodos, baseados em metodologia experimental ou não, adotados para a investigação de um determinado agravo à saúde. A definição precisa das características fundamentais dos diversos métodos epidemiológicos, bem como dos princípios através dos quais estes se diferenciam entre si, estão bem desenvolvidos nos textos clássicos da Epidemiologia (MACMAHON & PUGH, 1970; LILIENFELD & LILIENFELD, 1980; KLEINBAUM et al., 1982; MAUSNER & KRAMER, 1985; KELSEY et al., 1986; ROTHMAN, 1986; LILIENFELD & STOLLEY, 1994). Na FIG. 15, apresenta-se um fluxograma explicativo, que procura estabelecer a diferenciação básica entre os diversos métodos epidemiológicos. Neste, incluiu-se o estudo ecológico, o qual não é referido em todos os textos clássicos, mas já é atualmente considerado como um método situado no mesmo patamar dos demais (MORGENSTERN, 1982; SCHWARTZ, 1994). Com relação aos estudos epidemiológicos mais especificamente relacionados à avaliação de intervenções em saneamento, tem sido recomendado, com muita ênfase, o emprego do método caso-controle (BRISCOE et al., 1985; BRISCOE et al., 1986) e, em algumas circunstâncias, o estudo seccional (BRISCOE et al., 1986).
Saneamento e saúde
52
Controle estatístico
Grupo comparativo
Estudos experimentais
Método de seleção dos indivíduos do
grupo
Experimental verdadeiro
Quase experimental
Unidade de análise
Estudos Ecológicos
Coorte
Relação temporal da
exposição para doença
Estudos Seccionais
Estudo Caso-
Controle
Seqüência da investigação
Não aleatório IndivíduosAleatório
Diferentes momentos
De exposição para doença
Doença em relação ao início da investigação
Coorte histórico
Posterior
Coorte concorrente
Único momentohistórico
De doença para
exposição
FONTE: adaptado de BRISCOE et al. (1986)
Agregadospopula-cionais
Estudos não experimentais
Anterior
Métodode controle
das variáveispotencialmente
confundíveis
FIGURA 15 CARACTERIZAÇÃO DOS MÉTODOS EPIDEMIOLÓGICOS
Saneamento e saúde
53
O primeiro delineamento, quando comparado com os estudos experimentais, quase-experimentais, de coorte ou seccionais, caracteriza-se por: amostras de menor dimensão, maior rapidez e facilidade na sua realização, menos problemas de ordem ética e por uma possível maior validade na identificação da enfermidade e das exposições. Permite, no entanto, a avaliação de apenas um indicador de saúde por estudo. O estudo seccionais, por sua vez, pode mostrar-se conveniente quando a variável de saúde empregada apresente manifestação relativamente comum, permitindo o estudo simultâneo de múltiplas manifestações sobre a saúde.
Saneamento e saúde
54
7- APLICABILIDADE DOS ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS NA ÁREA DE SANEAMENTO
Estudos epidemiológicos na área de saneamento potencialmente podem ser aplicados tanto com o objetivo de identificação de fatores etiológicos, quanto para a avaliação de programas ou o planejamento de ações de saúde pública. A aplicabilidade de tais estudos, com qualquer dos objetivos, tem sido objeto de debates. Questionamentos têm sido apresentados quanto à viabilidade econômica e operacional de tais estudos, à possibilidade de se comprovarem associações e à superação dos problemas metodológicos a eles inerentes. Em 1975, um painel de especialistas convocado pelo Banco Mundial concluiu que "estudos longitudinais, de longa duração, grande tamanho e dispendiosos, são provavelmente a única maneira através da qual existe alguma chance de se isolar uma relação quantitativa específica entre abastecimento de água e saúde" (WORLD BANK, 1976, segundo BRISCOE et al., 1986). O mesmo painel recomendou, à luz da conclusão anterior, que tais estudos não fossem realizados, "dados os seus elevados custos, sua limitada possibilidade de sucesso e a aplicação restrita de seus resultados". BLUM & FEACHEM (1983) realizaram uma avaliação metodológica de estudos desenvolvidos. Constataram que, até a época coberta por sua análise, existiam mais de 50 estudos publicados no idioma inglês sobre a relação entre o abastecimento de água e/ou o esgotamento sanitário e algum indicador de saúde. Foram examinados 44 desses estudos, os quais consideram a diarréia como indicador de saúde, tendo sido identificados, em quase todos, um ou mais dos seguintes problemas de metodologia: (1) ausência de grupo controle ou problema de compatibilidade do grupo controle; (2) comparação de uma comunidade com outra comunidade, caracterizando comparação
"um a um", com ausência de validade estatística; (3) controle inadequado de variáveis de confusão; (4) baixa confiabilidade na recuperação de informação sobre a ocorrência de diarréia,
quando se indaga membros de uma família sobre episódios ocorridos no passado; (5) definição imprecisa do indicador de saúde em análise, mais particularmente, do
significado de diarréia no estudo em realização; (6) falha na análise por faixa etária, considerando-se as características específicas da
diarréia infantil; (7) falha na análise do uso das instalações de saneamento, considerando-se que não
devem ser esperados impactos positivos de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário que não sejam adequadamente utilizados;
Saneamento e saúde
55
(8) ausência de ajustamento por sazonalidade, em vista das particularidades temporais da manifestação da diarréia e da utilização das instalações de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
HEBERT & MILLER (1984), porém, discutem alguns aspectos da análise metodológica efetuada. Quanto ao problema (2) - comparação "um a um" - argumentam que, sendo a variável dependente de interesse a morbidade por diarréia em indivíduos e sendo a investigação realizada em indivíduos, estes, por definição, seriam as unidades de medida, e não cada comunidade. No tocante ao problema (3) - controle de variáveis de confusão -, julgam que esse controle pode ser assegurado mediante o uso de técnicas analíticas mais sofisticadas. Em 1983, foi realizado um workshop internacional em Bangladesh, sob o título "Medindo o impacto sobre a saúde de programas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário", no qual nova compreensão sobre o problema e novas diretrizes foram estabelecidas (BRISCOE et al., 1986). Sobretudo, definiu-se que, ao contrário da conclusão do painel de 1975, é possível se estabelecer uma metodologia para estudos de avaliação de impacto sobre a saúde de medidas de saneamento, isenta das limitações apontadas naquela ocasião. O workshop recomendou que os estudos devem ser realizados quando satisfizerem as seguintes condições: • Conveniência Condição definida como um favorável balanço entre os benefícios da informação obtida
e os custos demandados pelo estudo. Como benefícios incluem-se contribuições tanto para um acúmulo global de conhecimentos, quanto para uma aplicação específica, nesse último caso objetivando subsidiar decisões sobre investimentos a serem aplicados.
• Sensibilidade Significando a capacidade do estudo em identificar um impacto mensurável sobre a
saúde. • Viabilidade Referindo-se à disponibilidade dos recursos científicos e financeiros necessários.
Quanto aos recursos científicos, devem ser considerados: a) métodos para o controle do efeito de variáveis de confundimento; b) o tamanho requerido da amostra; c) o efeito de
Saneamento e saúde
56
informações sobre a exposição e a enfermidade, com baixas validade e confiabilidade, e d) o efeito de vieses, ou erros sistemáticos, na seleção dos objetos do estudo.
Indicou ainda o workshop um protocolo potencialmente adequado para a realização dos estudos de impacto, no qual sugere-se que a variável relativa à saúde seja a morbidade por diarréia e o delineamento o caso-controle (BRISCOE et al., 1985; BRISCOE et al., 1986). Após os desenvolvimentos resultantes do workshop, foi verificada uma maior receptividade dos organismos internacionais, sobretudo o Banco Mundial e a Organização Mundial da Saúde, quanto à realização dos estudos de impacto (CAIRNCROSS, 1989). Contudo, persistem ainda, por parte de alguns autores, dúvidas quanto ao desenvolvimento dos estudos. Nesse sentido, CAIRNCROSS (1989) recomendou à Comissão de Pesquisa em Saúde para o Desenvolvimento - um organismo internacional independente - que endossasse a realização de estudos de impacto de intervenções em abastecimento de água e em esgotamento sanitário sobre a saúde. O mesmo CAIRNCROSS (1991), entretanto, após revisar estudos realizados, postulou que:
"Estudos de impacto sobre a saúde não são uma ferramenta operacional para a avaliação de projetos, ou intervenções para 'sintonia fina', no setor de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Os resultados são imprevisíveis e algumas vezes surpreendentes, na medida em que não oferecem uma interpretação firme... Porém, não obstante sua imprevisibilidade, tomados em conjunto, fornecem uma firme evidência que o abastecimento de água, a disposição de excretas e a educação sanitária podem ter um impacto significativo nas doenças diarréicas."
Saneamento e saúde
57
8- ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS: UMA REVISÃO 8.1- METODOLOGIA DA PESQUISA E UNIVERSO DOS ESTUDOS REVISADOS Conforme salientado, identificam-se na literatura diversos estudos epidemiológicos sobre condições de saneamento, desenvolvidos em vários contextos, antes e após cada um dos marcos metodológicos descritos. A despeito de eventuais questionamentos, um número importante deles mostra associação entre condições de saneamento e indicadores de saúde. Objetivando posicionar um panorama sintético e compreensivo dos mais recentes estudos epidemiológicos disponíveis na literatura, foram consultados os trabalhos passíveis de obtenção, os quais foram avaliados, na perspectiva de identificar a evolução histórica, seu comportamento e suas tendências. Duas fontes de consulta foram adotadas na pesquisa: (1) Artigos publicados a partir de 1985, tendo como principal base de dados para a
identificação dos textos o “Index medicus”, além de periódicos e outras fontes brasileiras. Esta pesquisa possibilitou o obtenção de 86 artigos (ver Anexo I);
(2) Trabalhos de revisão de literatura, onde são referenciados estudos epidemiológicos
(Anexo II). Nessa fonte, as dez referências seguintes foram empregadas: 1. Measuring the impact of water supply and sanitation investments on diarrhoeal
diseases: problems of methodology (BLUM & FEACHEM, 1983): Trata-se de um trabalho pioneiro, que estabeleceu importante marco metodológico, ao
analisar cuidadosamente os vieses de metodologia recorrentes em estudos epidemiológicos selecionados, relativos ao abastecimento de água e esgotamento sanitário. Apresenta referências de 44 estudos.
2. Abastecimento de água em pequenas comunidades: aspectos econômicos e
políticos nos países em desenvolvimento (SAUNDERS & WARFORD, 1983): Corresponde a publicação no campo institucional, avaliando as questões do
saneamento para a realidade dos países em desenvolvimento. Os autores eram economistas do Banco Mundial. Para subsidiar as considerações apresentadas no livro, são consultados 28 trabalhos que associam ações de saneamento e indicadores de saúde diversos, com inclusão de uma síntese de cada um deles.
Saneamento e saúde
58
3. Interventions for the control of diarrhoeal diseases among young children: promotion of personal and domestic hygiene (FEACHEM, 1984):
Corresponde a um artigo de análise do efeito da higiene sobre a diarréia infantil. É proposto um modelo de associação, baseado no resultado de 21 estudos, 18 deles relativos à avaliação da lavagem das mãos e três sobre o impacto de programas de educação sanitária na transmissão da diarréia.
4. Evaluating health impact: water supply, sanitation and hygiene education
(BRISCOE et al., 1986): Foi o importante marco metodológico, que registrou as conclusões do workshop
realizado em Bangladesh em 1983. No texto, apresentam-se os resumos de 25 trabalhos apresentados no evento.
5. Epidemiologic evidence for health benefits from improved water and sanitation
in developing countries (ESREY & HABICHT, 1986): Artigo que sistematiza resultados de 72 estudos epidemiológicos. 6. Agua y salud humana (McJUNKIN, 1986): Livro que representou uma abordagem pioneira sobre a relação do abastecimento de
água e o esgotamento sanitário e diversas doenças infecciosas e parasitárias, baseada em uma extensiva revisão da literatura.
7. Water supply, sanitation and health education programmes in developing
countries: problems of evaluation (LINDSKOG et al., 1987b): Refere-se a artigo, publicado no Scandinavian Journal of Social Medicine, que discute
vieses de metodologia em estudos epidemiológicos na área do abastecimento de água, esgotamento sanitário e educação em saúde. Reporta 15 diferentes estudos.
8. Water, trachoma and conjunctivitis (PROST & NÉGREL, 1989): Sistematiza conclusões de 16 estudos sobre tracoma e de cinco sobre conjuntivite,
analisando a influência do fornecimento de água sobre estas enfermidades oculares. 9. Health benefits from improvements in water supply and sanitation: survey and
analysis of the literature on selected diseases (ESREY et al., 1990): Corresponde à mais completa coleta e análise de artigos sobre a epidemiologia do
abastecimento de água e do esgotamento sanitário, compreendendo a avaliação de 144 estudos. O trabalho insere-se nas atividades do programa WASH - Water and
Saneamento e saúde
59
sanitation for health, patrocinado pela USAID - agência para o desenvolvimento internacional do governo dos Estados Unidos.
10. A review of environmental health impacts in developing country cities (BRADLEY
et al., 1992): Refere-se a uma revisão, realizada sob encomenda do Programa de Gerenciamento Urbano do Banco Mundial, na qual são discutidos determinantes urbanos da saúde nos países desenvolvidos. 22 dos estudos revisados reportam-se a doenças infecciosas e parasitárias e identificam questões sanitárias na origem das suas causas.
A compilação das informações disponíveis nos dez trabalhos de revisão referidos, cobrindo trabalhos publicados entre 1929 e 1989, conduziu, após a eliminação das duplicidades, à identificação de 170 estudos. O universo pesquisado, portanto, totaliza 256 estudos diretamente consultados ou referidos, sobre a associação entre condições de saneamento e de saúde. Nas FIG. 14 a 23 são apresentadas distribuições de freqüências das diversas características dos 256 estudos. Cumpre salientar que o levantamento das diversas características algumas vezes conta com um grau de imprecisão e de incerteza, em vista da forma como as informações estão disponíveis. Uma dessas falhas reside na possibilidade de o relato de uma mesma pesquisa ser publicado mais de uma vez, o que nem sempre é possível se identificar. Entretanto, a caracterização apresentada permite uma visão geral dos estudos epidemiológicos já desenvolvidos no campo do saneamento. 8.2- CARACTERIZAÇÃO DOS ESTUDOS 8.2.1-DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA E TEMPORAL A distribuição geográfica e temporal dos estudos é apresentada nas FIG. 16 a 18. Podem ser observados: • a tendência crescente, ao longo das décadas, de incremento do número de estudos,
antevendo-se que serão bastante numerosos na presente década, haja visto que o levantamento abrangeu praticamente apenas os cinco anos iniciais do período;
• o predomínio de estudos nos continentes asiático e africano, embora sejam quantitativamente equivalentes ao número de estudos no continente americano como
Saneamento e saúde
60
um todo, lembrando-se porém que o levantamento realizado favorece a obtenção de trabalhos desenvolvidos na América do Sul e, em menor grau, na América Central, provocando um viés na comparação;
• uma possível tendência de elevação dos estudos no continente americano, observação referendada estatisticamente pelos dados da TAB. 16, que revelam, ao se comparar o número de estudos anteriores à década de 80 com os posteriores, um incremento significativo, pelo teste do qui-quadrado (p=0,025), dos estudos na América do Norte, Central e do Sul, comparados com os africanos e asiáticos.
41 45
21
3747
64
1 1
21
3747 46
1
105
0
20
40
60
80
100
120
20-50 60 70 80 90 Nãoident.DÉCADA
NÚ
MER
O D
E ES
TUD
OS
Artigos consultados Artigos revisados TOTAL
FIGURA 16
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DAS CATEGORIAS DE ESTUDOS SEGUNDO A DÉCADA DE
PUBLICAÇÃO
3326 24
4 4
19
7175
0
10
20
30
40
50
60
70
80
ÁSI
A
AM
ÉRI
CA
DO
NO
RT E
AM
ÉRI
CA
CEN
TR
AL
OC
EA NIA
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
FIGURA 17
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE
Saneamento e saúde
61
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS POR CONTINENTE
2
5
17
30
13
24
14
0 0 0 10 1 0 1
35
15
5
10 13
5
8
11
7
3
73 4
5
3
0
3
20
5
10
15
20
25
30
35
20-5
0 60 70 80 90DÉCADA
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
ÁSIAÁFRICAAMÉRICA DO NORTEAMÉRICA CENTRALAMÉRICA DO SULEUROPAOCEANIA
FIGURA 18
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS POR CONTINENTE E POR DÉCADA DE PUBLICAÇÃO
8.2.2- VARIÁVEL DE SANEAMENTO AVALIADA A FIG. 19 exibe a distribuição dos estudos segundo a variável de saneamento avaliada e segundo seu resultado. Pode-se verificar um predomínio de estudos que visam a avaliar medidas e programas de abastecimento de água, em primeiro lugar, e de esgotamento sanitário, em segundo, enquanto outras variáveis ainda são pouco contempladas.
Saneamento e saúde
62
198
107
44
4 12 7
0
20
40
60
80
100
120
140
160
180
200
Aba
ste
c. á
gua
Esgo
ta m.
sani
t.
Hig
ien
e /
Educ
.sa
nit. Lixo
Div
ers
asex
posi
ções
Out
ros
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
FIGURA 19
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO A VARIÁVEL DE SANEAMENTO AVALIADA
Na FIG. 20, é visualizada a distribuição dos estudos por variável de saneamento empregada e pelo resultado verificado. Nessa distribuição, assumiu-se, nos estudos que avaliam múltiplas intervenções, o lançamento do resultado para cada intervenção, permitindo, portanto, que cada estudo pudesse entrar na distribuição mais de uma vez. Assumiu-se, além disso, a consideração de que os estudos com resultados positivos estatisticamente não significativos fossem lançados na categoria resultado negativo. A análise da distribuição pelo teste do qui-quadrado indica que, em termos globais, não há diferença estatisticamente significativa dos resultados em função da variável de saneamento avaliada. Quando se comparam as variáveis de saneamento duas a duas, verifica-se uma superioridade de resultados positivos para higiene/educação sanitária, quando comparada com abastecimento de água (p=0,031), esgotamento sanitário (p=0,031) e qualidade da água consumida (p=0,033). Cabe ressaltar, por outro lado, que a comparação de resultados dos estudos pode carregar o vício resultante da hesitação, por parte de alguns pesquisadores, em publicar trabalhos onde a hipótese formulada não se vê confirmada.
Saneamento e saúde
63
118
26 21
72
43
4
44
135
28
6 310
0 013
2 20
20
40
60
80
100
120
140
Aba
st.
água
Qua
lidad
e da
água
Qua
nti
dade de
água
Esgo
tam
ento
sani
tár
io
Hig
ien
e /
Educ
.sa
nit. Lixo
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
PositivoNegativoNão identificado
FIGURA 20
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO A VARIÁVEL DE SANEAMENTO
E O RESULTADO 8.2.3- INDICADOR DE SAÚDE
Quanto ao indicador de saúde, os estudos investigados apresentaram a seguinte
distribuição, na qual pode-se observar a maior freqüência de emprego da morbidade ou
mortalidade por diarréia dentre os indicadores, sendo que a diarréia infantil é empregada na
maioria dos casos.
Saneamento e saúde
64
105
48
27 25 2213
8
29
6
0
20
40
60
80
100
120
Dia
rréi
a
Hel
min
tos
es
Mor
tali
dade
infa
ntil
Trac
om a
Índi
ces
antr
opo
m.
Gia
rdía se
Am
ebía se
Doe
nça s
derm
at ol.
Out
ros
Não
iden
tifi
cado
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
FIGURA 21
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O INDICADOR DE SAÚDE
A FIG. 22 expõe a distribuição dos estudos segundo o indicador de saúde e o respectivo
resultado. Como alguns estudos apresentam resultados diversos para o mesmo indicador,
dependendo da exposição considerada, ou para indicadores diferentes, o somatório dos
valores para cada indicador de saúde não coincide com o valor correspondente da FIG. 21.
Teste de hipótese pelo método do qui-quadrado, realizado nos valores da FIG. 22 indicou
ausência de associação entre indicador de saúde e resultado.
Saneamento e saúde
65
38
22 19 20
6
44
30
179 7 10
4
156 5
0 0 05 1
93
010
2030
405060
7080
90100
Dia
rréi a
Hel
mi n
tose
s
Mor
tali
da-d
ein
fant
il
Doe
nç asof
talm o
Índi
ce san
trop o
Gia
rdí
ase/
Am
ebí
ase
Out
ros
NÚ
MER
O E
STU
DO
S PositivoNegativoNão identificado
FIGURA 22 ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE
DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO A VARIÁVEL DE SAÚDE E O RESULTADO
8.2.4- DELINEAMENTO EPIDEMIOLÓGICO
Nos estudos, a distribuição de freqüência dos métodos epidemiológicos empregados, por
grupo de estudos identificados, por período de tempo e por resultado, é apresentada nas
FIG. 23, 24 e 25, respectivamente.
Apesar das dificuldades verificadas na identificação dos métodos nos diversos tipos de estudos, seja pela ausência de uma menção explícita, seja pela ocorrência de estudos com delineamentos híbridos, a distribuição realizada permite algumas observações. Inicialmente, a constatação da maior incidência dos estudos prospectivos, em primeiro lugar, e seccionais, em segundo.. Além disso, nota-se o início do emprego do método caso-controle a partir da década de 80, certamente como reflexo das recomendações do já referido workshop de Bangladesh, em 1983, que recomendou seu emprego. A análise estatística das distribuições - teste do qui-quadrado - revela: • distribuição não homogênea dos métodos epidemiológicos ao longo do tempo, sendo
que a proporção entre estudos com delineamento caso-controle e demais delineamentos é significativamente superior (p=0) na década de 90 se comparada com o período anterior;
Saneamento e saúde
66
• proporção de resultados positivos inferior no delineamento caso-controle, quando comparado com os outros delineamentos (p=0,041).
40
27
0
17 1624 26 24
8 70
53
24 25 23
69 6964
0
10
20
30
40
50
60
70
80P
ros
pect
iv o
Sec
cion
al
Cas
o-co
ntro le
Qua
seex
peri
men
ta l
Eco
lógi
co
Não
iden
tifi
cO
utro
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
TRABALHOS REFERIDOS TRABALHOS CONSULTADOS TOTAL
FIGURA 23
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O MÉTODO EPIDEMIOLÓGICO
20
8
5
1012
25
12
696
0 00
16
2
5
8
553
10
7
30
5
10
15
20
25
20-5
0 60 70 80 90DÉCADA
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
ProspectivoSeccionalCaso-controleQuase experimentalEcológico
FIGURA 24
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O MÉTODO EPIDEMIOLÓGICO E A
DÉCADA DE PUBLICAÇÃO
Saneamento e saúde
67
46
1922
171821
15
4 4
20
49
0 1 1 0
5754
0
10
20
30
40
50
60
Pros
pec-
tivo
Secc
iona
l
Cas
o-co
ntro le
Qua
se-
espe
rim
enta
l
Ecol
óg ico
Não
iden
tif.
/Out
ro
NÚ
MER
O E
STU
DO
S
PositivoNegativoNão identificado
FIGURA 25
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE DISTRIBUIÇÃO DOS ESTUDOS SEGUNDO O MÉTODO EPIDEMIOLÓGICO
E O RESULTADO 8.3- RESULTADOS QUANTITATIVOS Alguns autores revisaram estudos de caso publicados, com o intuito de quantificar o efeito sobretudo do abastecimento de água e do esgotamento sanitário sobre a saúde. Nesse sentido, ESREY et al. (1985), revisando 67 estudos de caso, inferiram os resultados agregados expostos nas TAB. 11 e 12.
TABELA 11 REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE POR DIARRÉIA ATRIBUÍDA A MELHORIAS
NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA OU NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO - SISTEMATIZAÇÃO DE 1985
TIPO DE INTERVENÇÃO NÚMERO DE PERCENTUAL DE REDUÇÃO
RESULTADO
S
Mediana Faixa
Todas as intervenções 53 22 0 - 100 Melhoria na qualidade da água 9 16 0 - 90 Melhoria na disponibilidade de água 17 25 0 - 100 Melhoria na qualidade e na dispon. De água 8 37 0 - 82 Melhoria no esgotamento sanitário 10 22 0 - 48
FONTE: ESREY et al. (1985)
Saneamento e saúde
68
TABELA 12 REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE OU NA INFECÇÃO POR PATOGÊNICOS
DIVERSOS, ATRIBUÍDA A MELHORIAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA OU NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO
DOENÇA OU INFECÇÃO NÚMERO DE PERCENTUAL DE REDUÇÃO RESULTADOS Mediana Faixa
Vibrio cholerae 11 41 0 - 91 Shigella 27 48 0 - 81 Entamoeba histolytica 17 2 0 - 80 Giardia lamblia 10 0 0 - 20
FONTE: ESREY et al. (1985) Posteriormente, ESREY et al. (1991) verificaram a redução de enfermidades selecionadas e particularmente da diarréia, a partir da consulta a 144 estudos (TAB. 13 e 14).
TABELA 13
REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE POR DIARRÉIA, ATRIBUÍDA A MELHORIAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA OU NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO -
SISTEMATIZAÇÃO DE 1991
INTERVENÇÃO TODOS OS ESTUDOS
ESTUDOS MAIS RIGOROSOS
n(1) Redução mediana (%)
n(1) Redução mediana (%)
Abastecim. de água e esgotam. sanitário 7/11 20 2/3 30 Esgotamento sanitário 11/30 22 5/18 36 Qualidade e quantidade de água 22/43 16 2/22 17 Qualidade da água 7/16 17 4/7 15 Quantidade de água 7/15 27 5/10 20 FONTE: ESREY et al. (1991) (1) Número de estudos para os quais é possível a determinação da redução da morbidade /
Número total de estudos
Saneamento e saúde
69
TABELA 14 REDUÇÃO PERCENTUAL NA MORBIDADE E MORTALIDADE POR DOENÇAS
SELECIONADAS, ATRIBUÍDA A MELHORIAS NO ABASTECIMENTO DE ÁGUA E NO ESGOTAMENTO SANITÁRIO
DOENÇA TODOS OS
ESTUDOS ESTUDOS MAIS
RIGOROSOS
n Redução
mediana(1) (%)
n
Redução mediana(1)
(%) Ascaridíase 11 28 (0-83) 4 29 (15-83) Doenças diarréicas Morbidade Mortalidade
49
3
22 (0-100) 65 (43-79)
19
-
26 (0-68) -
Ancilostomíase 9 4 (0-100) 1 4 ( - ) Esquistossomose 4 73 (59-87) 3 77 (59-77) Tracoma 13 50 (0-91) 7 27 (0-79) Mortalidade infantil 9 60 (0-82) 6 55 (20-82) FONTE: ESREY et al. (1991) (1) Os números entre parênteses correspondem à faixa de variação. Tais agregações quantitativas esbarram por vezes em elevada dispersão dos resultados, o que é presumível, dada a diversidade de realidades estudadas. Contudo, ainda assim são valiosas, na medida em que configuram valores medianos, os quais, mesmo imprecisos, contribuem para uma visão inicial para o estabelecimento de políticas. 8.4- O PAPEL DAS MODIFICAÇÕES DE EFEITO Modificação de efeito ou interação é um conceito epidemiológico, cujo significado, segundo diversas referências (PEREIRA, 1995) é a interdependência entre dois ou mais fatores para alterar a magnitude de um dado efeito. Revela-se extremamente importante o estudo das modificações de efeito na área do saneamento e da higiene, pois, assim, pode-se avaliar o efeito conjunto da implantação de mais de uma ação nesse campo, ou ainda de uma dessas ações associada a outro tipo de medida, relacionada por exemplo à educação, à nutrição ou à assistência médica. No entanto, tal análise demanda estudos de elevado custo e duração, em função sobretudo do tamanho da amostra requerido.
Saneamento e saúde
70
Localiza-se importante referência na literatura nesse sentido, relatando estudo desenvolvido nas Filipinas, que investigou, através de um delineamento prospectivo, 2.355 crianças. A investigação, de grande porte, identificou as seguintes modificações de efeito: (1) Entre melhoria na qualidade da água e melhoria no esgotamento sanitário
(VANDERSLICE & BRISCOE, 1995)
O estudo demonstra que o impacto positivo da melhoria da qualidade da água é maior em famílias com adequadas condições de esgotamento sanitário quando comparado com a mesma intervenção em famílias com inadequada solução para a disposição dos esgotos. Em locais onde se encontravam condições muito precárias de esgotamento sanitário, a melhoria da qualidade da água não apresentou qualquer efeito sobre a redução da diarréia, enquanto que nos locais com adequada disposição de esgotos, a redução da concentração de coliformes fecais na água - de 100 organismos / 100 ml para 1 organismo / 100 ml - conduziu a 40% de redução na diarréia infantil.
(2) Entre amamentação e saneamento (VANDERSLICE et al., 1994)
No estudo, verificou-se que: • o uso de amamentação complementada com administração de água contaminada,
mesmo em pequena proporção, conduz a um riso de diarréia duas vezes superior ao uso de amamentação exclusiva;
• a amamentação exclusiva apresenta maior efeito protetor em crianças que vivem em áreas de elevada aglomeração e com ambiente altamente contaminado.
A identificação de modificação de efeito entre componentes do saneamento determina algumas conclusões de natureza estratégica (VANDERSLICE & BRISCOE, 1995): • O impacto de uma intervenção isolada, como melhoria apenas da qualidade da água,
pode revelar-se pouco sensível ou mesmo imperceptível aos estudos epidemiológicos. Tal conclusão pode não significar ausência de impacto daquela intervenção, mas que esta pode ser necessária mas não suficiente. Ou seja, estudos de impacto de uma intervenção isolada com resultados negativos, não significam necessariamente inexistência de impacto e que a intervenção não deva ser implementada, dado que a ausência de efeito pode ser atribuída a interações.
Saneamento e saúde
71
• Estudos epidemiológicos que não consideram modificações de efeito, certamente a grande maioria das situações, tendem a identificar reduzido impacto das intervenções iniciais, ao analisar apenas seu efeito isolado, e elevado impacto das posteriores, pois captam nesse caso a modificação de efeito. Como, em geral, a seqüência dos serviços é a de inicialmente se implantarem obras de abastecimento de água e posteriormente de esgotamento sanitário, os estudos epidemiológicos tendem a subestimar o efeito dos primeiros e a superestimar o dos últimos, dificultando inclusive o estabelecimento de prioridades de intervenção.
O estudo das modificações de efeito no campo do saneamento apenas inicia-se, com a referida pesquisa nas Filipinas, trazendo importantes hipóteses, conforme descrito. A confirmação de tais hipóteses pode efetivamente conduzir a uma alteração no conhecimento da relação entre saneamento e saúde pública, podendo levar especialmente à modificação da interpretação dos estudos epidemiológicos desenvolvidos, no que se refere à avaliação da seqüência de implantação dos serviços e do conseqüente efeito isolado ou interativo das intervenções.
Saneamento e saúde
72
9- CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente texto, ao procurar descrever o atual estágio de conhecimento acerca da relação
entre o saneamento e a saúde, sob seus diversos ângulos, acena também para as lacunas
e carências persistentes nesse campo. Em vista disso, procura-se, em seu capítulo final,
sistematizar os principais desenvolvimentos identificados como ainda necessários na área, a
luz do conhecimento acumulado:
• Os estudos realizados já permitem afirmar, com segurança, que intervenções em
abastecimento de água e em esgotamento sanitário provocam impactos positivos em
indicadores diversos de saúde. Ainda mostra-se necessário o aprofundamento dessa
compreensão para situações particularizadas, em termos da natureza da intervenção, do
indicador medido, das características sócio-econômicas e culturais da população
beneficiada e do efeito interativo das intervenções em saneamento e destas com outras
medidas relacionadas à saúde.
• O entendimento da relação com a saúde de outras intervenções associadas ao
saneamento ainda revela-se incipiente. Destacam-se, nesse particular, a limpeza
pública, a drenagem pluvial, o controle de vetores e a educação sanitária. Com relação a
esta última, os estudos sugerem a grande importância da melhoria dos hábitos
higiênicos para a melhoria das condições de saúde, como medida complementar à
implantação das instalações de saneamento. Pouco foi avaliado ainda sobre a eficácia
das diferentes metodologias educacionais e sobre a persistência do efeito dos
programas de educação sanitária ao longo do tempo.
• Especificamente quanto à realidade latino-americana, com toda a sua diversidade,
necessita-se de um maior número de estudos, visando a captar suas particularidades.
• Apresenta-se ainda necessária a melhoria do entendimento sobre em que situações
estudos epidemiológicos na área de saneamento devem ser realizados. Obviamente, as
diversas lacunas no conhecimento sobre a relação saneamento-saúde serão supridas a
partir da realização de um número cada vez maior de estudos. Porém, a concepção de
estudos que possam instrumentalizar ações e políticas de saneamento e de saúde deve
ser desenvolvida. Ênfase necessita ser colocada em protocolos que permitam
estabelecer prioridades de intervenção, seja dentre diversas medidas de saneamento,
seja entre medidas de saneamento e outras ações de saúde pública.
Saneamento e saúde
73
• Quanto aos indicadores de saúde medidos, o emprego da diarréia infantil tem se
mostrado como adequado para identificar impactos. Observa-se ainda uma carência de
manejo mais sistemático de outros potenciais indicadores de morbidade, de mortalidade
ou antropométricos. Uma melhor avaliação nesse sentido possibilitará definir indicadores
mais apropriados ao método epidemiológico empregado e à intervenção estudada.
• A tendência para emprego de métodos epidemiológicos de menor custo e duração,
como o caso-controle, vem firmando-se como uma abordagem adequada.
Adicionalmente, a exploração do potencial dos estudos ecológicos verifica-se
importante. Nesse caso, o emprego de dados estatísticos secundários pode simplificar
os estudos e tornar dinâmica a sua realização. Além disso, a adoção da ferramenta dos
sistemas de informação geográfica pode fazer incorporar esses estudos à rotina da
administração pública.
• Por fim, a compreensão dos marcos conceituais dessa relação, estabelecendo o papel
dos diferentes determinantes, sobretudo os sociais, deve ser objeto de uma permanente
retroalimentação, a partir dos subsídios oferecidos pelos diversos estudos. Devem-se ter
claras as particularidades a serem contempladas, sob os pontos de vista das diversas
intervenções, dos indicadores e das características culturais e geográficas.
Saneamento e saúde
74
10.1- ANEXO I
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS CONSULTADOS
SÍNTESE DESCRITIVA
Saneamento e saúde
75 TABELA 15 (1ª parte)
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS CONSULTADOS
CITAÇÃO MÉTODOEPIDEM.(1)
VARIÁVEL SAÚDE(2) VARIÁVEL SANEAMENTO(3)
RESULTADO(4) PAÍS (CONTINENTE)
ALAM et al. (1989) QEX DIA HIG POS BANGLADESH AULIA et al. (1994) CCO DIA HIG POS INDONÉSIA AYÇAGUER & MACHO (1990) ECO MIN AAG POS (AMÉRICA) AZIZ et al. (1990a) PRO DIA AAG, ESG, HIG POS BANGLADESH AZIZ et al. (1990b) QEX DIA/IAN/PAR AAG/ESG/HIG POS(DIA,ascarid.)/NEG(IAN) BANGLADESH BALTAZAR & SOLON (1989) CCO DIA DFZ POS(N.S.) FILIPINAS BALTAZAR et al. (1988) CCO DIA AAG / ESG NEG / POS(N.S.) FILIPINAS BALTAZAR et al. (1993) CCO DIA HIG POS FILIPINAS BARCELLOS & MACHADO (1991)
ECO gastroenterite e hepatite infecciosa
AAG/AAG-QUAL/ESG POS (gastro x AAG; gastro x ESG; hepat. x AAG-QUAL)
BRASIL
BARTLETT et al. (1992) PRO DIA (persistente) HIG POS GUATEMALA BATEMAN & SMITH (1991) ECO IAN AAG/ESG POS GUATEMALA BERSH & OSORIO (1985) ECO DIA AAG-QUAL POS COLÔMBIA BILE et al. (1994) SEC hepatite E AAG-QUAL POS SOMÁLIA BIRKHEAD & VOGT (1989) SEC GIAR AAG-QUAL POS EUA BLAKE et al. (1993) CCO DIA AAG-QUAL, HIG POS BRASIL BRÜSSOW et al. (1993) SEC DIA variáveis antropométricas,
nutricionais e sanitárias POS (AAG-QUAL; ESG; LIXO)
EQUADOR
BUTZ et al. (1984) PRO MIN AAG/ESG POS MALÁSIA CAIRNCROSS & CLIFF (1987) SEC OFT AAG-QUANT POS MOÇAMBIQUE CARVALHO et al. (1990) CCO DIA AAG-QUAL NEG BRASL CHAMBERS et al. (1989) SEC infecções entéricas AAG-QUAL POS CANADÁ CHUTE et al. (1987) CCO GIAR AAG-QUAL POS EUA CLEMENS & STANTON (1987) CCO DIA HIG / lixo + ESG + HIG POS / NEG BANGLADESH COUSENS et al. (1990) SEC IAN AAG/ESG/HIG POS(ferv.água x alt/idade) SRI-LANKA DANIELS et al. (1990a) CCO DIA ESG POS LESOTO DANIELS et al. (1990b) SEC IAN ESG POS LESOTO EKANEM et al. (1991) CCO DIA AAG POS NIGÉRIA ESREY et al. (1988) PRO IAN AAG-QUAL POS LESOTO
TABELA 15 (2ª parte) ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS CONSULTADOS
Saneamento e saúde
76
CITAÇÃO MÉTODOEPIDEM.(1)
VARIÁVEL SAÚDE(2) VARIÁVEL SANEAMENTO(3)
RESULTADO(4) PAÍS (CONTINENTE)
ESREY et al. (1989) CCO GIAR AAG-QUANT/AAG-QUAL/ESG POS / NEG / NEG LESOTO ESREY et al. (1992) PRO IAN AAG/ESG POS LESOTO FEACHEM et al. (1983b) SEC PAR AAG/ESG POS (Ascaris/ZÂMBIA) Botsuana, Gana,
Zâmbia FERLEY et al. (1986) PRO doenças gastrointestinais AAG-QUAL POS FRANÇA FIGUEROA et al. (1985) SEC PAR AAG/ESG/LIXO POS(helm.xESG)/
NEG(protoz.;helm.xAAG, lixo) CHILE
FOGARTY et al. (1995) SEC doenças gastrointestinais AAG-QUAL POS IRLANDA FRASER & COOKE (1991) SEC/CCO GIAR AAG-QUAL POS NOVA ZELÂNDIA GARRIDO et al. (1990) CCO MIN ESG POS MÉXICO COURBOT et al. (1990) PRO infecção p/Campilobacter AAG POS Repúbl. Centro-
Africana GORTER et al. (1991) CCO DIA AAG-QUANT/AAG-QUAL/ESG POS / NEG / NEG NICARÁGUA GREENLAND et al. (1981) ECO estado doente em geral AAG/ESG NEG COLÔMBIA GROSS et al. (1989) SEC DIA/PAR AAG/ESG POS/NEG
(segundo variável saúde) BRASIL
GUERRANT et al. (1983) PRO DIA AAG/ESG POS BRASIL HAGGERTY et al. (1994) QEX DIA EDSAN POS ZAIRE HAN & MOE (1990) PRO DIA contaminação fecal da moradia POS MYANMA HASAN et al. (1989) SEC IAN AAG/ESG NEG BANGLADESH HEBERT (1985a) PRO IAN ESG/HIG POS:18-36m(HIG);36m(ESG) ÍNDIA HEBERT (1985b) PRO IAN AAG POS: <3a(AAG-QUAL);
>3a(AAG-QUANT) ÍNDIA
HELLER (1995) CCO DIA diversas diversos BRASIL HENRY & RAHIM (1990) PRO DIA AAG/ESG POS(AAG+ESG;AAG-
QUANT)/NEG(AAG-QUAL) BANGLADESH
HENRY et al. (1990) PRO DIA contaminação da água e de alimentos
NEG BANGLADESH
HUTTLY et al. (1990) SEC/PRO DIA/dracunculíase/IAN AAG/ESG POS(exceto dracunc.-SEC) NIGÉRIA ITTIRAVIVONGS et al. (1992) SEC bactérias e parasitas nas
fezes score qualitativo de 7 grupos de cuidados sanit.
POS TAILÂNDIA
TABELA 15 (3ª parte) ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS CONSULTADOS
Saneamento e saúde
77
CITAÇÃO MÉTODOEPIDEM.(1)
VARIÁVEL SAÚDE(2) VARIÁVEL SANEAMENTO(3)
RESULTADO(4) PAÍS (CONTINENTE)
KING et al. (1989) SEC epidemia de febre tifóide variáveis sociais e sanitárias POS (AAG) FORMOSA LABORDE et al. (1993) PRO DIA contaminação fecal mãos,
torneiras e pias (centros saúde) POS EUA
LAPHAM et al. (1987) PRO GIAR AAG-QUAL NEG EUA LINDSKOG et al. (1987a) PRO IAN AAG NEG MALAUI LINDSKOG et al. (1988) PRO MIN AAG/IAN POS:IAN / POS(N.S.):AAG MALAUI LONERGAN & VANSICKLE (1991)
SEC DIA variáveis sócio-econômicas e sanitárias
POS(AAG-QUAL;ESG;fonte água;HIG;LIXO)/NEG(falta água)
MALÁSIA
MAGNANI et al. (1993) SEC IAN AAG/ESG POS (1º ano de vida) FILIPINAS MAHFOUZ et al. (1995) QEX DIA/PAR AAG-QUAL POS ARÁBIA SAUDITA MANUN'EBO et al. (1994) PRO DIA variáveis demográficas, socio-
econômicas e sanitárias POS (AAG-QUAL; ESG) ZAIRE
MASON et al. (1986) SEC PAR AAG POS (helm.)/ NEG (protoz.) ZIMBÁBUE MATHIAS et al. (1992) CCO GIAR AAG NEG CANADÁ MENON et al. (1990) CCO DIA por rotavírus AAG-QUANT/ESG/índice
saneamento ambiental NEG/POS/POS EUA (população
apache) MERRICK (1985) ECO MIN AAG POS BRASIL MERTENS et al. (1990b) CCO DIA AAG POS SRI-LANKA MERTENS et al. (1992) CCO DIA ESG POS SRI-LANKA MOREN et al. (1991) CCO epidemia de cólera AAG POS MALAUI ONI et al. (1991) PRO DIA exist. cozinha independ. POS NIGÉRIA PARSONNET et al. (1989) CCO epidemia de DIA AAG-QUAL POS EUA PAYMENT & FRANCO (1994) PRO incidência de vírus Norwalk
em sangue humano AAG-QUAL NEG CANADÁ
PERINI (1988) QEX mortalidade por causas redutíveis por saneamento
AAG NEG BRASIL
PINFOLD (1990) QEX contamin.água/limpeza pratos/contamin. dedos
EDSAN POS TAILÂNDIA
RINCÓN et al. (1989) SEC PAR HIG / saneamento POS (protozoário x HIG) CUBA TABELA 15 (4ª parte)
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS CONSULTADOS
CITAÇÃO MÉTODOEPIDEM.(1)
VARIÁVEL SAÚDE(2) VARIÁVEL SANEAMENTO(3)
RESULTADO(4) PAÍS (CONTINENTE)
Saneamento e saúde
78 RYDER et al. (1985) PRO DIA/DERM AAG NEG / POS PANAMÁ STANTON & CLEMENS (1987) QEX DIA EDSAN POS BANGLADESH U et al. (1992) CCO DIA variáveis sócio-
econômicas e sanitárias MYANMA
VANZO (1988) ECO MIN AAG/ESG POS MALÁSIA VATHANOPHAS et al. (1986) SEC DIA AAG-QUAL/HIG/mosquitos NEG / POS / NEG TAILÂNDIA VERWEIJ et al. (1991) SEC DIA AAG NEG ÁFRICA DO SUL VICTORA et al. (1988) CCO MIN causada por diarréia AAG-QUANT/AAG-QUAL/ESG POS / NEG / NEG BRASIL WAXLER et al. (1985) SEC MIN variáveis sócio-
econômicas e sanitárias POS (posse de latrina: o mais significativo)
SRI-LANKA
WEST et al. (1989) SEC OFT (tracoma) AAG POS(distância)/NEG (presença;AAG-QUANT)
TANZÂNIA
WEST et al. (1995) QEX OFT (tracoma) HIG POS TANZÂNIA WRIGHT et al. (1991) SEC DIA fonte água/dist.água/ESG/HIG POS/NEG/POS/POS EGITO YOUNG & BRISCOE (1987) CCO DIA AAG+ESG POS (N.S.) MALAUI ZENG-SUI et al. (1989) SEC disenteria bacilar;
hepatite A; cólera e DIA AAG NEG/POS/POS/POS
(segundo variável saúde) CHINA
ZMIROU et al. (1987) PRO doenças gastrointestinais AAG-QUAL POS FRANÇA ZUMRAWI & DIMOND (1988) PRO IAN AAG/ESG POS SUDÃO
Saneamento e saúde
79
TABELA 15
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS CONSULTADOS
CONVENÇÕES: (1) CCO estudo caso-controle ECO estudo de correlação ecológica PRO estudo prospectivo QEX estudo quase-experimental SEC estudo seccional (2) DERM enfermidades dermatológicas DIA diarréia GIAR giardíase IAN índice antropométrico MIN mortalidade infantil OFT enfermidade oftalmológica PAR parasitas nas fezes (3) AAG abastecimento de água AAG-QUAL qualidade da água AAG-QUANT quantidade de água consumida DFZ disposição de fezes das fraldas EDSAN educação sanitária ESG esgotamento sanitário HIG hábitos higiênicos IAN índice antropométrico (4) NEG associação negativa POS associação positiva N.S. resultado estatisticamente não significativo
Saneamento e saúde
80
10.2- ANEXO II
ESTUDOS EPIDEMIOLÓGICOS REFERIDOS
SÍNTESE DESCRITIVA
Saneamento e saúde
81
TABELA 16 (1ª parte)
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
CITAÇÃO MÉTODO EPID.(1)
VARIÁVEL SAÚDE (2) VARIÁVEL SANEAM.(3)
RESUL-TADO(4)
PAÍS/ (CONTINENTE)
REFERÊNCIA DA CONSULTA(5)
ADRIANZÉN & GRAHAM (1974) PRO IAN AAG POS PERÚ McJUNK ANKER & KNOWLES (1980) n. ident. n. ident. ESG/AAG POS QUÊNIA ESREY ARFAA et al. (1977) n. ident. PAR (ascarid./ancilost.) AAG/ESG POS/
NEG(ancil.)IRÃ WASH
ARRIAGA & DAVIS (1969) ECO MORTALIDADE AAG/ESG POS Diversos McJUNK ASSAAD et al. (1969) SEC OFT (tracoma) AAG POS FORMOSA WASH/McJUNK AZURIN & ALVERO (1974) QEX DIA (cólera) AAG/ESG POS FILIPINAS ESREY/SAUND/McJUNK/
BLUM/BRADLEY/ LINDSK BAHL (1976) ECO DIA (febre tifóide) AAG NEG ZÂMBIA ESREY/McJUNK/BLUM/
LINDSK BANNAGA & PICKFORD (1978) n. ident. AAG-QUANT POS SUDÃO ESREY BAPAT & CROOK (1984) SEC MORBIDADE ESG POS ÍNDIA BRADLEY BARBOSA et al. (1971) PRO PAR (esquistossomose) AAG/ESG POS BRASIL WASH/SAUND BECK et al. (1957) SEC DIA ESG/AAG POS/NEG GUATEMALA ESREY/BLUM BERG & MOWERY (1968) QEX enferm. entéricas/dermat. AAG/ESG POS EUA McJUNK BHATNAGAR & DOSAIJ (1986) SEC DIA ESG/
cond.sanit. POS ÍNDIA BRADLEY
BHATT & PALAN (1978) n. ident. PAR (dracunculíase) AAG POS ÍNDIA WASH BLACK et al. (1981) QEX DIA HIG POS EUA FEACHEM BLACK et al.(b) (1989) n. ident. DIA AAG-QUAL/
HIG POS PERU BRADLEY
BROOKE et al. (1963) SEC PAR (amebíase) AAG/ESG n. ident. EUA BLUM BROOKE et al. (1954) (1954) SEC PAR (amebíase) ESG n. ident. EUA BLUM BRUCH et al. (1963) PRO DIA ESG/AAG POS/NEG GUATEMALA ESREY/McJUNK BRUNSER et al. (1986) PRO DIA AAG/ESG NEG CHILE BRISCOE/LINDSK BURR (1978) n. ident. DIA AAG-QUANT POS n. ident. ESREY CARTER L. (1968) SEC OFT (tracoma) AAG POS Ilhas Ryukyu,
Pacífico OcidentalMcJUNK
CDC (1978) SEC DIA/enferm. Derm AAG-QUANT POS HAITI McJUNK TABELA 16 (2ª parte)
Saneamento e saúde
82
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
CITAÇÃO MÉTODO EPID.(1)
VARIÁVEL SAÚDE (2) VARIÁVEL SANEAM.(3)
RESUL-TADO(4)
PAÍS/ (CONTINENTE)
REFERÊNCIA DA CONSULTA(5)
CHANDLER (1954) QEX PAR (ascarid./ancilost.) ESG+AAG+ mosq.+LIXO
POS EGITO WASH/BLUM
CHRISTIANSEN et al. (1975) n. ident. IAN AAG/ESG POS n. ident. ESREY CORT et al. (1929) n. ident. PAR (ancilostomíase) ESG POS PANAMÁ WASH COSTA et al. (1985) n. ident. PAR (esquistossomose) AAG POS BRASIL WASH COSTA et al. (1987) n. ident. PAR (esquistossomose) AAG POS BRASIL WASH CURLIN et al. (1977) PRO DIA AAG NEG BANGLADESH ESREY/BLUM CVJETANOVIC (1980) PRO DIA AAG POS ÍNDIA McJUNK DAWSON et al. (1976) n. ident. OFT (tracoma) AAG POS TUNÍSIA WASH DELON (1958) n. ident. OFT (tracoma) AAG NEG INDONÉSIA PROST DHARMALINGAM (1986) PRO MIN AAG/ESG NEG ÍNDIA BRISCOE EDUNGBOLA et al. (1988) n. ident. PAR (dracunculíase) AAG POS NIGÉRIA WASH EL KARIM et al. (1985) n. ident. n. ident. AAG-QUANT POS SUDÃO ESREY ESREY & HABICHT (1983) n. ident. MIN ESG/AAG POS MALÁSIA ESREY ESREY et al. (1987) (1987) n. ident. DIA/IAN AAG POS (IAN) LESOTO WASH EYLES et al. (1953) SEC PAR (ascaridíase) ESG/AAG POS/NEG EUA WASH/BLUM FAROOQ et al. (1966) n. ident. PAR (esquistossomose) AAG POS EGITO WASH FASHUYI (1988) SEC PAR HIG/drenagem POS NIGÉRIA BRADLEY FEACHEM et al. (1978) ECO DIA AAG-QUAL NEG LESOTO ESREY/McJUNK/BLUM FENWICK (1966) QEX DIA/diversas AAG POS QUÊNIA ESREY/SAUND/McJUNK FREIJ & WALL (1977) PRO DIA ESG/AAG POS ETIÓPIA ESREY/BLUM GAYMANS (1986) PRO PAR/DERM AAG/ESG POS INDONÉSIA BRISCOE GHANNOUM et al. (1981) n. ident. n. ident. AAG-QUAL NEG LÍBIA ESREY GORDAN et al. (1964) PRO DIA AAG/ESG/HIG n. ident. GUATEMALA BLUM GROSSE (1980) ECO esperança de vida AAG POS 65 países em
desenvolvimentoMcJUNK
HABICHT et al. (1988) n. ident. MIN AAG/ESG POS MALÁSIA WASH HAINES & AVERY (1982) n. ident. MIN ESG POS COSTA RICA ESREY HAM & HLAING (1989) n. ident. DIA HIG POS BURMA WASH
TABELA 16 (3ª parte)
Saneamento e saúde
83
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
CITAÇÃO MÉTODO EPID.(1)
VARIÁVEL SAÚDE (2) VARIÁVEL SANEAM.(3)
RESUL-TADO(4)
PAÍS/ (CONTINENTE)
REFERÊNCIA DA CONSULTA(5)
HARDY et al. (1967) n. ident. OFT (tracoma) HIG POS AUSTRÁLIA WASH HELLER (1976) ECO MIN ESG/AAG POS MALÁSIA ESREY/McJUNK HENDERSON et al. (1988) n. ident. PAR (dracunculíase) AAG POS UGANDA WASH HENRY (1981) QEX PAR (ascaridíase) AAG/ESG POS SANTA LUCIA WASH/McJUNK/BLUM/ LINDSK HOFFMAN et al. (1979) ECO Hepatite A AAG/ESG POS EUA McJUNK HOLLISTER et al. (1955) PRO DIA (shigelose) AAG-QUANT POS EUA ESREY/SAUND/McJUNK/BL
UM HUGHES et al. (1982) PRO DIA (cólera) AAG-QUAL POS BANGLADESH ESREY/McJUNK/BLUM HUTTLY et al. (1987) (1987) n. ident. DIA AAG-QUAL
LIXO/ESG/HIG POS(LIXO)/NEG(demais)
NIGÉRIA WASH
JARRETT (1970) ECO MIN AAG/ESG POS (AMÉRICA DO SUL e CENTRAL)
SAUND
JEFFERY (1960) PRO PAR (helmintos e protozoários)
ESG n. ident. EUA BLUM
JOHNSON & JOSHI (1982) n. ident. PAR (dracunculíase) AAG POS ÍNDIA WASH JORDAN et al. (1982) QEX PAR (esquistossomose) AAG/HIG POS SANTA LUCIA WASH/SAUND KAHN et al. (1981) ECO DIA (cólera) AAG n. ident. BANGLADESH BLUM KAHN (1982) PRO DIA (shigelose) HIG POS BANGLADESH LINDSK KHALIL (1931) n. ident. PAR (ascarid./ancilost.) HIG NEG EGITO WASH KHAN (1986) PRO DIA/PAR/cólera AAG/ESG/HIG POS( AAG+
ESGxcólera; HIGxDIA)
BANGLADESH BRISCOE/McJUNK
KHAN & CURLIN (1977) n. ident. DIA AAG/ESG POS n. ident. ESREY KHAN (1982) QEX DIA (shigelose) HIG POS BANGLADESH FEACHEM KLEEVENS (1966) SEC PAR AAG/ESG/LIXO n. ident. SINGAPURA BLUM KOOPMAN (1978) SEC DIA AAG/ESG POS COLÔMBIA ESREY/McJUNK/BLUM KOOPMAN (1981) SEC IAN HIG POS COLÔMBIA McJUNK KOURANY et al. (1971) SEC bactérias entéricas
patogências ESG/AAG NEG PANAMÁ ESREY/SAUND/McJUNK/BL
UM KUMAR et al. (1970) QEX DIA ESG POS ÍNDIA ESREY/BLUM
TABELA 16 (4ª parte)
Saneamento e saúde
84
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
CITAÇÃO MÉTODO EPID.(1)
VARIÁVEL SAÚDE (2) VARIÁVEL SANEAM.(3)
RESUL-TADO(4)
PAÍS/ (CONTINENTE)
REFERÊNCIA DA CONSULTA(5)
KUPKA et al. (1968) n. ident. OFT (tracoma) AAG NEG MARROCOS WASH KUTSUMI (1969) QEX PAR ESG n. ident. JAPÃO BLUM LENZ (1988) SEC DIA AAG/HIG POS INDONÉSIA BRADLEY LEVINE et al. (1976) ECO DIA (cólera) AAG NEG BANGLADESH ESREY/BLUM LIVINGSTONE-BALBOTIN (1976)
n. ident. MIN ESG/AAG POS CHILE ESREY
LOGAN (1983) n. ident. PAR (esquistossomose) AAG POS SUAZILÂNDIA WASH LYONS (1972) n. ident. PAR (dracunculíase) AAG POS GANA WASH MACKIE et al. (1956) SEC PAR (amebíase) AAG/ESG/
LIXO n. ident. EUA BLUM/BRADLEY
MAGNANI et al. (1984) PRO DIA ESG/ AAG-QUANT
POS FILIPINAS ESREY/LINDSK
MAJCUK (1966) n. ident. OFT (tracoma) HIG POS SUDÃO WASH MARSHALL (1968) n. ident. OFT (tracoma) AAG POS EUA WASH MASON et al. (1986) n. ident. PAR (esquistossomose) AAG POS ZIMBÁBUE WASH MATHUR & KAUR (1972) SEC PAR (amebíase) AAG/ESG/HIG n. ident. ÍNDIA BLUM MATHUR & SHARMA (1970) n. ident. OFT (tracoma) AAG/HIG POS ÍNDIA WASH McCABE & HAINES (1957) QEX DIA ESG POS EUA ESREY/SAUND/BLUM/ LINDSK MEEGAMA (1980) n. ident. MIN ESG/AAG POS SRI-LANKA ESREY MESLET (1989) OUT Desnutrição HIG POS NÍGER BRADLEY MILLER et al. (1980) n. ident. PAR
(ascar./ancilost./esquist.) ESG AAGxesquist.
POS/NEG (ancil.)
EGITO WASH
MISRA (1975) QEX OFT (tracoma) AAG POS ÍNDIA WASH MISRA (1971) PRO DIA AAG POS ÍNDIA McJUNK MONTEIRO & BENÍCIO (1989) n. ident. MIN AAG/ESG POS BRASIL BRADLEY MOORE et al. (1965) PRO DIA ESG NEG COSTA RICA ESREY/SAUND/McJUNK/
BLUM MOORE et al. (1965a) n. ident. PAR (ascarid./ancilost.) ESG/AAG POS/NEG COSTA RICA WASH MOORE et al. (1965b) n. ident. PAR (amebíase) AAG POS COSTA RICA BRADLEY
TABELA 16 (5ª parte)
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
Saneamento e saúde
85
CITAÇÃO MÉTODO
EPID.(1) VARIÁVEL SAÚDE (2) VARIÁVEL
SANEAM.(3) RESUL-TADO(4)
PAÍS/ (CONTINENTE)
REFERÊNCIA DA CONSULTA(5)
NEGRON-APONTE & JOBIN (1979)
n. ident. PAR (esquistossomose) AAG POS PORTO RICO WASH
NORMAN (1979) ECO Esperança de vida AAG POS 69 países McJUNK OTTO & SPINDLER (1930) SEC PAR ESG n. ident. EUA BLUM OTTO et al. (1931) SEC PAR ESG n. ident. EUA BLUM PATEL (1980) ECO MIN ESG/AAG NEG SRI-LANKA ESREY/McJUNK PETERSEN & HINES (1960) SEC Doenças gastrointestinais AAG-QUAL POS EUA ESREY/McJUNK/BLUM PICKERING (1985) OUT DIA/IAN/MIN ESG/AAG NEG/POS
(AAGxMIN)GAMBIA ESREY/BRADLEY
PICKERING et al. (1986) n. ident. MIN AAG POS GAMBIA WASH PIMENTEL et al. (1961) n. ident. PAR (ascaridíase) ESG POS PORTO RICO WASH PITCHFORD (1970) PRO PAR (esquistossomose). AAG POS ÁFRICA DOS
SUL SAUND
PONTES et al. (1971) ECO MIN AAG POS BRASIL McJUNK POPKIN (1980) n. ident. IAN AAG NEG n. ident. ESREY PORTNEY & HOSHIWARA (1970)
n. ident. OFT (tracoma) AAG/ESG NEG EUA WASH
PRATT-JOHNSON & WESSELS (1958)
n. ident. OFT (tracoma) AAG POS ÁFRICA DO SUL WASH
PUFFER &SERRANO (1973) ECO MIN AAG POS 10 países da América
McJUNK
PUFFER et al. (1971) ECO MIN AAG POS (AMÉRICA DO SUL E CENTRAL)
SAUND
RAHAMAN (1979) PRO DIA (disenteria) AAG/ESG n. ident. BANGLADESH BLUM RAHAMAN et al. (1977) SEC DIA (disenteria) AAG/ESG n. ident. BANGLADESH BLUM RAHAMAN et al. (1983) n. ident. DIA/IAN AAG/ESG POS BANGLADESH ESREY/LINDSK RAHAMAN et al. (1985) n. ident. MIN ESG/AAG POS/NEG BANGLADESH ESREY RAJASEKARAN et al. (1977) PRO DIA (shigelose) AAG POS ÍNDIA ESREY/McJUNK RAMAN et al. (1978) OUT Doenças gastrointestinais AAG NEG ÍNDIA ESREY/BLUM
TABELA 16 (6ª parte)
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
Saneamento e saúde
86
CITAÇÃO Delinea-mento
VARIÁVEL SAÚDE VARIÁVEL SANEAMENTO
RESUL-TADO
PAÍS/ CONTINENTE
REFERÊNCIA DA CONSULTA
REDDY et al. (1969) n. ident. PAR (dracunculíase) AAG POS ÍNDIA WASH RICHARDSON et al. (1968) PRO DIA (salmonelose e
shigelose) AAG NEG ÁFRICA DO SUL McJUNK/BRADLEY/
LINDSK Royal Australian College of Ophtalmologists (1980)
n. ident. OFT (tracoma) AAG-QUANT/ ESG
POS AUSTRÁLIA PROST
RUBENSTEIN et al. (1969) ECO DIA AAG POS EUA ESREY/SAUND/McJUNK/ BLUM/ LINDSK
s/ identificação de autor PRO DIA/DERM/OFT AAG POS ÍNDIA SAUND SAHBA & ARFAA (1967) n. ident. PAR (ascaridíase) ESG/AAG POS IRÃ WASH SCHLEISSMANN et al. (1958) PRO PAR (ascarid./ancilost.) AAG/ESG POS EUA WASH/SAUND/McJUNK/
BLUM SCHLIESSMAN (1959) n. ident. DIA ESG/AAG POS EUA ESREY SCOTT & BARLOW (1938) n. ident. PAR (ascarid./ancilost.) ESG NEG EGITO WASH SHAFFER et al. (1979) SEC DIA/OFT (tracoma)/PAR AAG n. ident. QUÊNIA BLUM SHIFFMAN et al. (1978) QEX DIA/DERM/OFT AAG/ESG/HIG NEG GUATEMALA ESREY/BLUM/LINDSK SIEBEL (1968) SEC PAR (esquistossomose) AAG POS NIGÉRIA SAUND SKODA et al. (1977) PRO DIA AAG POS BANGLADESH ESREY/McJUNK SOMMER & WOODWARD (1972) PRO DIA (cólera) AAG-QUANT POS BANGLADESH ESREY/BLUM SPIRA et al. (1980) PRO DIA (cólera) AAG POS BANGLADESH ESREY/McJUNK/BLUM SRIVASTAVA et al. (1986) PRO MIN/DIA/OFT/DERM AAG NEG/POS/
POS/POS ÍNDIA BRISCOE
STEPHENSON et al. (1983) n. ident. PAR (ascarid/ancil./esquist.)
ESG NEG/POS (esquist.)
QUÊNIA WASH
STEWART et al. (1955) PRO DIA (shigelose) AAG-QUANT/ AAG-QUAL
POS/NEG EUA ESREY/SAUND/McJUNK/ BLUM
STRUDWICK (1962) PRO DIA (doença gastr-intest.) AAG-QUANT/ AAG-QUAL
POS QUÊNIA LINDSK
SUBRAHMANYAN (1951) PRO DIA (cólera) AAG/ESG/HIG POS ÍNDIA SAUND SUTTER & BALLARD (1983) n. ident. OFT (tracoma) HIG POS ÁFRICA DO SUL WASH
TABELA 16 (7ª parte)
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
Saneamento e saúde
87
CITAÇÃO MÉTODO EPID.(1)
VARIÁVEL SAÚDE (2) VARIÁVEL SANEAM.(3)
RESUL-TADO(4)
PAÍS/ (CONTINENTE)
REFERÊNCIA DA CONSULTA(5)
SWEET et al. (1929) n. ident. PAR (ascarid./ancilost.) ESG NEG/POS PANAMÁ WASH TAMIM (1986) PRO DIA/PAR (esquist.) AAG/ESG/HIG POS SUDÃO BRISCOE TAYLOR et al. (1985) n. ident. OFT (tracoma) HIG/AAG POS
(lavagem do rosto)
MÉXICO WASH
TEDESCO (1980) n. ident. OFT (tracoma) AAG-QUANT POS AUSTRÁLIA PROST THACKER et al. (1980) n. ident. n. ident. AAG-QUANT POS HAITI ESREY TIELSH et al. (1988) n. ident. OFT (tracoma) AAG/ESG/ HIG POS MÁLAUI WASH TIMAEUS & HILL (1985) SEC MIN HIG/AAG-QUAL POS TURQUIA BRADLEY TOMPKINS et al. (1978) PRO IAN AAG-QUANT POS NIGÉRIA ESREY/McJUNK TORÚN (1982) QEX DIA HIG POS GUATEMALA FEACHEM TORUN et al. (1986) PRO Doenças de veiculação
hídrica AAG NEG PANAMÁ BRISCOE
TRIVEDI et al. (1971) PRO Doenças de veiculação hídrica
AAG-QUAL POS ÍNDIA ESREY/McJUNK/LINDSK
UDONSI (1987) n. ident. PAR (dracunculíase) AAG POS NIGÉRIA WASH USDHEW (1968) PRO Doenças entéricas/DERM AAG/ESG POS/NEG
(DERM) EUA SAUND
VAN ZIJL (1966) SEC DIA AAG POS 7 países ESREY/McJUNK/BLUM VAN ZIJL et al. (1966) PRO DIA AAG POS VENEZUELA McJUNK VICTORA & BLANK (1980) n. ident. MIN ESG NEG BRASIL ESREY WATT et al. (1953) PRO DIA AAG-QUANT POS EUA ESREY/SAUND/McJUNK/
BLUM WEIR (1952) n. ident. n. ident. AAG/ESG NEG EGITO ESREY WHITE et al. (1972) QEX DIA AAG POS países do Leste
africano ESREY/SAUND/McJUNK/ BLUM
WHO (1960) SEC DIA AAG POS MAURITIUS SAUND
TABELA 16 (8ª parte) ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
Saneamento e saúde
88
CITAÇÃO MÉTODO EPID.(1)
VARIÁVEL SAÚDE (2) VARIÁVEL SANEAM.(3)
RESUL-TADO(4)
PAÍS/ (CONTINENTE)
REFERÊNCIA DA CONSULTA(5)
WHO (1961) SEC DIA AAG/HIG NEG EGITO SAUND WHO (1965) QEX DIA AAG POS VENEZUELA SAUND WHO (1966a) PRO DIA AAG/ESG POS VENEZUELA SAUND WHO (1966b) QEX DIA AAG-QUANT/
ESG POS SUDÃO SAUND
WILSON et al. (1987) n. ident. OFT (tracoma) HIG NEG MÉXICO WASH WOLFF et al. (1969) PRO DIA AAG/ESG n. ident. VENEZUELA BLUM WRAY (1978) n. ident. DIA AAG NEG n. ident. ESREY YEE (1984) n. ident. IAN ESG/AAG POS FIJI ESREY ZAHEER et al. (1962) ECO DIA (mortalid. cólera, febre
tifóide, diar.) AAG-QUAL POS ÍNDIA ESREY/McJUNK
ZEBEC et al. (1980) PRO Mortalidade geral AAG/ESG POS CROÁCIA McJUNK
Saneamento e saúde
89
TABELA 16
ASSOCIAÇÃO ENTRE SANEAMENTO E SAÚDE - SÍNTESE DESCRITIVA DOS ESTUDOS REFERIDOS
CONVENÇÕES: (1) ECO estudo de correlação ecológica PRO estudo prospectivo QEX estudo quase-experimental SEC estudo seccional (2) DERM enfermidades dermatológicas DIA diarréia GIAR giardíase IAN índice antropométrico MIN mortalidade infantil OFT enfermidade oftalmológica PAR parasitas nas fezes (3) AAG abastecimento de água AAG-QUAL qualidade da água AAG-QUANT quantidade de água consumida DFZ disposição de fezes das fraldas EDSAN educação sanitária ESG esgotamento sanitário HIG hábitos higiênicos IAN índice antropométrico (4) NEG associação negativa POS associação positiva (5) BLUM BLUM & FEACHEM (1983) BRADLEY BRADLEY et al. (1992) BRISCOE BRISCOE et al. (1986) ESREY ESREY & HABICHT (1986) FEACHEM FEACHEM (1984) LINDSK LINDSKOG et al. (1987b) McJUNK McJUNKIN (1986) SAUND SAUNDERS & WARFORD (1983) PROST PROST & NÉGREL (1989) WASH ESREY et al. (1990) n. ident. não identificado
Saneamento e saúde
90
11- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1- ALAM, N., WOJTYNIAC, B., HENRY, F.J., RAHAMAN, M.M. Mother's personal and domestic hygiene and diarrhoea incidence in young children in rural Bangladesh. International Journal of Epidemiology, v.18, n.1, p.242-247, Mar. 1989.
2- ALMEIDA FILHO, N. O estatuto científico da epidemiologia. Revista Saúde Pública, v.25, n.5, p.339-340, 1991.
3- AULIA, H., SURAPATY, S.C., BAHAR, E. et al. Personal and domestic hygiene and its relationship to the incidence of diarrhoea in South Sumatera. Journal of Diarrhoeal Diseases Research, v.12, n.1, p.42-48, Mar. 1994.
4- AYÇAGUER, L.C.S., MACHO, E.D. Mortalidad infantil y condiciones higienico-sociales en las Américas. Un estudio de correlación. Revista Saúde Pública, v.24, n.6, p.473-480, 1990.
5- AZIZ, K.M.A., HOQUE, B.A., HASAN, K.Z. et al. Reduction in diarrhoeal diseases in children in rural Bangladesh by environmental and behavioural modifications. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.84, p.433-438, 1990a.
6- AZIZ, K.M.A., HOQUE, B.A., HUTTLY, S.R.A. et al. Water supply, sanitation and hygiene education; report of a health impact study in Mirzapur, Bangladesh. Washington: World Bank, 1990b. 91p. (Water and Sanitation - Program Report Series, 1).
7- BALTAZAR, J., BRISCOE, J., MESOLA, V. et al. Can the case-control method be used to assess the impact of water supply and sanitation on diarrhoea? A study in the Philippines. Bulletin of the World Health Organization, v.66, n.5, p.627-635, 1988.
8- BALTAZAR, J.C., SOLON, F.S. Disposal of faeces of children under two years old and diarrhoea incidence: a case-control study. International Journal of Epidemiology, v.18, n.4(supp.2), p.S16-S19, 1989.
9- BALTAZAR, J.C., TIGLAO, T.V., TEMPONGKO, S.B. Hygiene behaviour and hospitalized severe childhood diarrhoea: a case-control study. Bulletin of the World Health Organization, v.71, n.3/4, p.323-328, 1993.
10- BARCELLOS, C., MACHADO, J.H. Seleção de indicadores epidemiológicos para o saneamento. Bio, v.3, n.4, p. 37-41, out./dez. 1991.
11- BARTLETT, A.V., HURTADO, E., SCHROEDER, D.G., MENDEZ, H. Association of indicators of hygiene behavior with persistent diarrhea of young children. Acta Paediatrica, v.suppl.381, p.66-71, 1992.
12- BATEMAN, O.M., SMITH, S. A comparison of the health effects of water supply and sanitation in urban and rural Guatemala. Washington: WASH, 1991. 31p. (WASH Field Report nº 352).
Saneamento e saúde
91
13- BAUM, A., FLEMING. R., SINGER, J.E. Understanding environmental stress: strategies for conceptual and methodological integration. In: Advances in environmental psychology (v.5). New Jersey: Erlbaum Associates, 1985 apud ELLIOT, S.J., TAYLOR, S.M., WALTER, S. et al. Modeling psychosocial effects of exposure to solid waste facilities. Social Science and Medicine, v.37, n.6, p.791-804, Sept. 1993.
14- BERN, C., MARTINES, J., ZOYSA, I., GLASS, R.I. The magnitude of the global problem of diarrhoeal disease: a ten-year update. Bulletin of the World Health Organization, v.70, n.6, p.705-714, 1992.
15- BERSH, D., OSORIO, M.M. Studies of diarrhoea in Quindio (Colombia): problems related to water treatment. Social Science & Medicine, v.21, n.1, p.31-39, 1985.
16- BILE, K., ISSE, A., MOHAMUD, O. et al. Contrasting roles of rivers and wells as sources of drinking water on attack and fatality rates in a hepatitis E epidemic in Somalia. American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.51, n.4, p.466-474, 1994.
17- BIRKHEAD, G., VOGT, R.L. Epidemiologic surveillance for endemic "Giardia lamblia" infection in Vermont; the roles of waterborne and person-to-person transmission. American Journal of Epidemiology, v.129, n.4, p.762-768, 1989.
18- BLACK, R.E., MERSON, M.H., RAHMAN, A.S.M.M. et al. A two-year study of bacterial, viral, and parasitic agents associated with diarrhea in rural Bangladesh. Journal of Infectious Diseases, v.142, n.5, p.660-664, Nov. 1980.
19- BLACK, R.E., ROMAÑA, G.L., BROWN, K.H. et al. Incidence and etiology of infantile diarrhea and major routes of transmission in Huascar, Peru. American Journal of Epidemiology, v.129, n.4, p.785-799, 1989.
20- BLAKE, P.A., RAMOS, S., MacDONALD, K.L. et al. Pathogen-specific risk factors and protective factors for acute diarrheal disease in urban Brazilian infants. Journal of Infectious Diseases, v.167, n.3, p.627-632, Mar. 1993.
21- BLUM, D., FEACHEM, R.G. Measuring the impact of water supply and sanitation investments on diarrhoeal diseases: problems of methodology. International Journal of Epidemiology, v.12, n.3, p.357-365, 1983.
22- BRADLEY, D., STEPHENS, C., HARPHAM, T., CAIRNCROSS, S. A review of environmental health impacts in developing country cities. Washington: The World Bank, 1992. 58p. (Urban Management Program Discussion Paper).
23- BRISCOE, J. Abastecimiento de agua y servicios de saneamiento; su funcion en la revolucion de la supervivencia infantil. Boletin de la Oficina Sanitaria Panamericana, v.103, n.4, p.325-339, Oct. 1987.
24- BRISCOE, J. Evaluating water supply and other health programs: short-run vs long-run mortality effects. Public Health, v.99, n.3, p.142-145, May 1985.
Saneamento e saúde
92
25- BRISCOE, J. Intervention studies and the definition of dominant transmission routes. American Journal of Epidemiology, v.120, n.3, p.449-455, 1984a.
26- BRISCOE, J. Water supply and health in developing countries: selective primary health care revisited. American Journal of Public Health, v.74, n.9, p. 1009-1013, Sept. 1984b.
27- BRISCOE, J., FEACHEM, R.G., RAHAMAN, M.M. Evaluating health impact; water supply, sanitation, and hygiene education. Ottawa: International Development Research Centre, 1986. 80p.
28- BRISCOE, J., FEACHEM, R.G., RAHAMAN, M.M. Measuring the impact of water supply and sanitation facilities on diarrhea morbidity; prospects for case-control methods. Genebra: WHO, 1985. 71p.
29- BRÜSSOW, H., RAHIM, H., BARCLAY, D. et al. Nutritional and environmental risk factors for diarrhoeal diseases in Ecuadorian children. Journal of Diarrhoeal Diseases Research, v.11, n.3, p.137-142, Sept. 1993.
30- BUTZ, W.P., HABICHT, J.P., DaVANZO, J. Environmental factors in the relationship between breastfeeding and infant mortality: the role of sanitation and water in Malaysia. American Journal of Epidemiology, v.119, n.4, p.516-525, 1984.
31- CAIRNCROSS, S. Developing evaluation guidelines for studying hygiene practices. Waterlines, v.10, n.1, p.2-5, July 1991.
32- CAIRNCROSS, S. Water supply and sanitation: an agenda for research. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.92, p.301-314, 1989.
33- CAIRNCROSS, S., CLIFF, J.L. Water use and health in Mueda, Mozambique. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.81, p.51-54, 1987.
34- CAIRNCROSS, S., FEACHEM, R.G. Environmental health engineering in the tropics: an introductory text. 4.ed. Chichester: John Wiley & Sons, 1990. 283p.
35- CAPRA, F. O ponto de mutação. 14ed. São Paulo: Cultrix, 1982. 445p.
36- CHAMBERS, L.W., SHIMODA, F., WALTER, S.D. et al. Estimating the burden of illness in an Ontario community with untreated drinking water and sewage disposal problems. Canadian Journal of Public Health, v.80, n.2, p.142-148, Mar./Apr. 1989.
37- CHUNGE, R.N., SIMWA, J.M., KARUMBA, P.N. et al. Comparative aetiology of childhood diarrhoea in Kakamega and Kiambu districts, Kenya. East African Medical Journal, v.69, n.8, p.437-441, Aug. 1992.
38- CHUTE, C.G., SMITH, R.P., BARON, J.A. Risk factors for endemic giardiasis. American Journal of Public Health, v.77, n.5, p.585-587, May 1987.
Saneamento e saúde
93
39- CLEMENS, J.D., STANTON, B.F. An educational intervention for altering water-sanitation behaviors to reduce childhood diarrhea in urban Bangladesh. I. Application of the case-control method for development of an intervention. American Journal of Epidemiology, v.125, n.2, p.284-291, 1987.
40- COETZER, P.W.W., KROUKAMP, L.M. Diarrhoeal disease - epidemiology and intervention. S. Afr. Med. J., v.76, p.465-472, Nov. 1989.
41- COUSENS, S.N., MERTENS, T.E., FERNANDO, M.A. The anthropometric status of children in Kurunegala district in Sri Lanka: its relation to water supply, sanitation and hygiene practice. Trop. Med. Parasit., v.41, p.105-114, 1990.
42- CVJETANOVIC, B. Health effects and impact of water supply and sanitation. World Health Statistics Quarterly, v.39, p.105-117, 1986.
43- CYNAMON, S.E. Política de saneamento; proposta de mudança. Cadernos de Saúde Pública, v.2, n.2, p. 141-149, abr./jun. 1986.
44- DANIEL, M., SIXL, W., KOCK, M. Problems of housing and health of people utilizing the garbage in Cairo from the viewpoint of medical entomology. Journal of Hygiene, Epidemiology, Microbiology and Immunology, v.33, n.4-suppl, p.568-576, 1989.
45- DANIELS, D.L., COUSENS, S.N., MAKOAE, L.N., FEACHEM, R.G. A case-control study of the impact of improved sanitation on diarrhoea morbidity in Lesotho. Bulletin of the World Health Organization, v.68, n.4, p.455-463, 1990a.
46- DANIELS, D.L. COUSENS, S.N., MAKOAE, L.N., FEACHEM, R.G. A study of the association between improved sanitation facilities and children's height in Lesotho. European Journal of Clinical Nutrition, v.45, p.23-32, Apr. 1990b.
47- DUBOS, R. Man adapting. New Haven: Yale University Press, 1965 apud PEREIRA, M.G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. 583p.
48- DUBOS, R. Man, medicine and environment. Nova York: Praeger, 1968 apud CAPRA, F. O ponto de mutação. 14ed. São Paulo: Cultrix, 1982.
49- EKANEM, E.E., AKITOYE, C.O., ADEDEJI, O.T. Food hygiene behaviour and childhood diarrhoea in Lagos, Nigeria: a case-control study. Journal of Diarrhoeal Diseases Research, v.9, n.3, p.219-226, Sept. 1991.
50- ELLIOT, S.J., TAYLOR, S.M., WALTER, S. et al. Modeling psychosocial effects of exposure to solid waste facilities. Social Science and Medicine, v.37, n.6, p.791-804, Sept. 1993.
51- ESREY, S.A., COLLETT, J., MILIOTIS, M.D. et al. The risk of infection from "Giardia lamblia" due to drinking water supply, use of water, and latrines among preschool children in rural Lesotho. International Journal of Epidemiology, v.18, n.1, p.248-253, 1989.
Saneamento e saúde
94
52- ESREY, S.A., FEACHEM, R.G., HUGHES, J.M. Interventions for the control of diarrhoeal diseases among young children: improving water supplies and excreta disposal facilities. Bulletin of the World Health Organization, v.63, n.4, p.757-772, 1985.
53- ESREY, S.A., HABICHT, J.-P. Epidemiologic evidence for health benefits from improved water and sanitation in developing countries. Epidemiologic Reviews, v.8, p.117-128, 1986.
54- ESREY, S.A., HABICHT, J.-P., CASELLA, G. The complementary effect of latrines and increased water usage on the growth of infants in rural Lesotho. American Journal of Epidemiology, v.135, n.6, p.659-666, 1992.
55- ESREY, S.A., HABICHT, J.-P., LATHAM, M.C. et al. Drinking water source, diarrheal morbidity, and child growth in villages with both traditional and improved water supplies in rural Lesotho, Southern Africa. American Journal of Public Health, v.78, n.11, p.1451-1455, Nov. 1988.
56- ESREY, S.A., POTASH, J.B., ROBERTS, L., SHIFF, C. Effects of improved water supply and sanitation on ascariasis, diarrhoea, dracunculiasis, hookworm infection, schistosomiasis, and trachoma. Bulletin of the World Health Organization, v.59, n.5, p.609-621, 1991.
57- ESREY, S.A., POTASH, J.B., ROBERTS, L., SHIFF, C. Health benefits from improvements in water supply and sanitation: survey and analysis of the literature on selected diseases. Washington: WASH, 1990. 73p. (WASH Technical Report nº 66).
58- FAIR, G.M., GEYER, J.C., OKUN, D.A. Water and wastewater engineering. Nova York: Wiley, 1966. v.1 apud McJUNKIN, F.E. Agua y salud humana. México: Editorial Limusa, 1986. 231p.
59- FEACHEM, R.G. Interventions for the control of diarrhoeal diseases among young children: promotion of personal and domestic hygiene. Bulletin of the World Health Organization, v.62, n.3, p.467-476, 1984.
60- FEACHEM, R.G., BRADLEY, D.J., GARELICK, H., MARA, D.D. Sanitation and disease: health aspects of excreta and wastewater management. Chichester: John Wiley, 1983a. 501p.
61- FEACHEM, R.G., HOGAN, R.C., MERSON, M.H. Diarrhoeal disease control: reviews of potential interventions. Bulletin of the World Health Organization, v.61, n.4, p.637-640, 1983c.
62- FERLEY, J.P., ZMIROU, D., COLLIN, J.F., CHARREL, M. Etude longitudinale des risques liés à la consommation d'eaux non conformes aux normes bactériologiques. Rev. Epidém. et Santé Publ., v.34, p.89-99, 1986.
63- FERREIRA, F.A.G. Moderna saúde pública. 5ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982. V.1. 721p.
Saneamento e saúde
95
64- FIGUEROA, L., PUGA, S., SCHWEIKART, A., FRANJOLA, R. Enteroparasitosis en escolares de la localidad de Chonchi y su relácion con algunos factores de saneamiento básico. Chiloé insular, X Región, Chile. Bol. Chil. Parasitol., v.40, p.94-96, 1985.
65- FINE, K.D., GUENTER, J.K., FORDTRAN, J.S. Diarrhea. In: SLEISENGER, M.H., FORDTRAN, J.S. (Ed.). Gastrointestinal disease; pathophysiology; diagnosis; management. 4ed. Filadélfia: W. B. Saunders, 1989 apud PHILIPP, R., WOOD, N., HEATON, K.W., HUGHES, A.O. Perceptions and reactions of the public to diarrhoea. J. Roy. Soc. Health, p.128-131, June 1993.
66- FOGARTY, J., THORNTON, L., HAYES, C. et al. Illness in a community associated with na episode of water contamination with sewage. Epidemiol. Infect., v. 114, n.2, p. 289-295, 1995.
67- FRASER, G.G., COOKE, K.R. Endemic giardiasis and municipal water supply. American Journal of Public Health, v.81, n.6, p.760-762, June 1991.
68- FREIJ, L., WALL, S. Exploring child health and its ecology. Acta Paediatr. Scand.(suppl), v.267, p.1-180, 1977.
69- FREITAS, I.C.C., PESSANHA, J.E.M., HELLER, L. A epidemiologia aplicada ao planejamento e à avaliação das ações de saneamento básico. Revista Bio, v.3, n.1, p. 61-66, jan./mar. 1991.
70- GARRIDO, F., BORGES, G., CÁRDENAS, V. et al. Mortalidad postneonatal por diarreas: un estudio de casos y controles. Salud Pública de Mexico, v.32, n.3, p.261-68, mayo-jun. 1990.
71- GEORGES-COURBOT, M.C.G., BERAUD, A.M.C., GOUANDJIKA, I. et al. A cohort study of enteric campylobacter infection in children from birth to two years in Bangui (Central African Republic). Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.84, p.122-125, 1990.
72- GORTER, A.C., SANDIFORD, P., SMITH, G.D., PAUW, J.P. Water supply, sanitation and diarrhoeal disease in Nicaragua: results from a case-control study. International Journal of Epidemiology, v.20, n.2, p.527-533, June 1991.
73- GRACEY, M. (Ed.). Enfermidad diarreica y desnutrición. Buenos Aires: Editorial Médica Panamericana, 1987. 224p.
74- GREENLAND, S., NEUTRA, R.R., GALAN, R. An attempt at measuring the impact of sanitation and economics on health: a reanalysis of the Colombian national health survey. Public Health, v.95, n.5, p.264-272, Sept. 1981.
75- GROSS, R., SCHELL, B., MOLINA, M.C.B. et al. The impact of improvement of water supply and sanitation facilities on diarrhea and intestinal parasites: a Brazilian experience with children in two low-income urban communities. Revista Saúde Pública, v.23, n.3, p.214-220, 1989.
Saneamento e saúde
96
76- GUERRANT, R.L., KIRCHHOFF, L.V., SHIELDS, D.S. et al. Prospective study of diarrheal illnesses in Northeastern Brazil: patterns of disease, nutritional impact, etiologies, and risk factors. Journal of Infectious Diseases, v.148, n.6, p.986-997, Dec. 1983.
77- HAGGERTY, P.A., MULADI, K., KIRKWOOD, B.R. et al. Community-based hygiene education to reduce diarrhoeal disease in rural Zaire: impact of the intervention on diarrhoeal morbidity. International Journal of Epidemiology, v. 23, n.5, p.1050-1059, 1994.
78- HAN, A.M., MOE, K. Household faecal contamination and diarrhoea risk. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.93, p.333-336, 1990.
79- HANKS, T. G. Solid waste/disease relationships. Cincinnati: USPHS,1967 apud TCHOBANOGLOUS, G., THEISEN, H., ELIASSEN, R. Solid wastes: engineering principles and management issues. Nova York: McGraw-Hill, 1977. 621p.
80- HASAN, K.Z., BRIEND, A., AZIS, K.M.A. et al. Lack of impact of a water and sanitation intervention on the nutritional status of children in rural Bangladesh. European Journal of Clinical Nutrition, v.43, n.12, p.837-843, Dec. 1989.
81- HEBERT, J.R. Effects of components of sanitation on nutritional status: findings from south Indian settlements. International Journal of Epidemiology, v.14, n.1, p.143-152, Mar. 1985a.
82- HEBERT, J.R. Effects of water quality and water quantity on nutritional status: findings from a south Indian community. Bulletin of the World Health Organization, v.63, n.1, p.143-155, 1985b.
83- HEBERT, J.R., MILLER, D.R. Water supply and sanitation: effect on diarrhoeal diseases. International Journal of Epidemiology, v.13, n.4, p.543-544, Dec. 1984.
84- HELLER, L. Associação entre cenários de saneamento e diarréia em Betim-MG: o emprego do delineamento epidemiológico caso-controle na definição de prioridades de intervenção. Belo Horizonte: Escola de Veterinária da UFMG, 1995. 294p. (Tese, Doutorado em Ciência Animal).
85- HENRY, F.J., HUTTLY, S.R.A., PATWARY, Y., AZIZ. K.M.A. Environmental sanitation, food and water contamination and diarrhoea in rural Bangladesh. Epidemiology & Infection, v.104, p.253-259, 1990.
86- HENRY, F.J., RAHIM, Z. Transmission of diarrhoea in two crowded areas with different sanitary facilities in Dhaka, Bangladesh. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.93, p.121-126, 1990.
87- HENRY, F.J., UDOY, A.S., WANKE, C.A., AZIZ, K.M.A. Epidemiology of persistent diarrhea and etiologic agents in Mirzapur, Bangladesh. Acta Paediatrica, v.81(suppl), p.27-31, 1992.
Saneamento e saúde
97
88- HUILAN, S., ZHEN, L.G., MATHAN, M.M. et al. Etiology of acute diarrhoea among children in developing countries: a multicentre study in five countries. Bulletin of the World Health Organization, v.69, n.5, p.549-555, 1991.
89- HUTTLY, S.R.A. The impact of inadequate sanitary conditions on health in developing countries. World Health Statistics Quarterly, v.43, p.118-126, 1990.
90- HUTTLY, S.R.A., BLUM, D., KIRKWOOD, B.R. et al. The Imo State (Nigeria) drinking water supply and sanitation project, 2. Impact on dracunculiasis, diarrhoea and nutritional status. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.84, p.316-321, 1990.
91- ITTIRAVIVONGS, A., KASORNKUL, C., SOYRAYA, R. et al. Assessment of sanitation conditions by qualitative sanitation measurement. Southeast Asian Journal of Tropical Medicine and Public Health, v.23, n.2, p.212-218, June 1992.
92- KELSEY, J.L., THOMPSON, W.D., EVANS, A.S. Methods in Observational Epidemiology. New York: Oxford University Press, 1986. 366p. (Monographs in Epidemiology and Biostatistics, 10)
93- KING, C.-C., CHEN, C.-J., YOU, S.-L. et al. Community-wide epidemiological investigation of a typhoid outbreak in a rural township in Taiwan, Republic of China. International Journal of Epidemiology, v.18, n.1, p.254-260, Mar. 1989.
94- KLEINBAUM, D.G., KUPPER, L.L., MORGENSTERN, H. Epidemiologic research; principles and quantitative methods. New York: Van Nostrand Reinhold, 1982. 529p.
95- KOTTEK, S.S. Gems from the Talmud: public health I - water supply. Israel Journal of Medical Sciences, v. 31, n.4, p.255-256, April 1995.
96- LABORDE, D.J., WEIGLE, K.A., WEBER, D.J., KOTCH, J.B. Effect of fecal contamination on diarrheal illness rates in day-care center. American Journal of Epidemiology, v.138, n.4, p.243-255, 1993.
97- LAPHAM, S.C., HOPKINS, R.S., WHITE, M.C. et al. A prospective study of giardiasis and water supplies in Colorado. American Journal of Public Health, v.77, n.3, p.354-355, Mar. 1987.
98- LILIENFELD, A.M., LILIENFELD, D.E. Foundations of Epidemiology. 2 ed. New York: Oxford University Press, 1980. 375p.
99- LILIENFELD, D.E., STOLLEY, P.D. Foundations of epidemiology. 3 ed. New York: Oxford University Press, 1994. 371p.
100- LIMA, A.A.M., GUERRANT, R.L. Persistent diarrhea in children: epidemiology, risk factors, pathophysiology, nutritional impact, and management. Epidemiologic Reviews, v.14, p.222-242, 1992.
Saneamento e saúde
98
101- LINDSKOG, U., LINDSKOG, P., CARSTENSEN, J. et al. Childhood mortality in relation to nutritional status and water supply - a prospective study from rural Malawi. Acta Paediatr. Scand., v.77, p.260-268, 1988.
102- LINDSKOG, U., LINDSKOG, P., GEBRE-MEDHIN, M. Child health and household water supply: a longitudinal study of growth and its environmental determinants in rural Malawi. Human Nutrition: Clinical Nutrition, v.41C, n.6, p.409-423, Nov. 1987a.
103- LINDSKOG, U., LINDSKOG, P., WALL, S. Water supply, sanitation and health education programmes in developing countries: problems of evaluation. Scandinavian Journal of Social Medicine, v.15, n.3, p.123-130, 1987b.
104- LOENING, W.E.K., COOVADIA, Y.M., ENDE, J.V.D. Aetiological factors of infantile diarrhoea: a community-based study. Annals of Tropical Paediatrics, v.9, n.4, p.248-255, Dec. 1989.
105- LONERGAN, S., VANSICKLE, T. Relationship between water quality and human health; a case study of the Linggi river basin in Malaysia. Social Science and Medicine, v.33, n.8, p.937-946, 1991.
106- MACMAHON, B., PUGH, T.F. Epidemiology: principles and methods. Boston: Little, Brown and Company, 1970. 361p.
107- MAGNANI, R.J., MOCK, N.B., BERTRAND, W.E., CLAY, D.C. Breast-feeding, water and sanitation, and childhood malnutrition in the Philippines. Journal of Biosocial Science, v.25, p.195-211, Apr. 1993.
108- MAHFOUZ, A.A.R., ABDEL-MONEIM, M., AL-ERIAN, R.A.G., AL-AMARI, O.M. Impact of chlorination of water in domestic storage tanks on childhood diarrhea: a acommunity trial in the rural areas of Saudi Arabia. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.98, p.126-130, 1995.
109- MANUN'EBO, M.N., HAGGERTY, P.A., KALENGAIE, M. et al. Influence of demographic, socioeconomic and environmental variables on childhood diarrhoea in a rural area of Zaire. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.97, p.31-38, 1994.
109- MARA, D.D., ALABASTER, G.P. Na environmental classification of housing-related diseases in developing countries. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.98, p.41-51, 1995.
110- MASON, P.R., PATTERSON, B.A., LOEWENSON, R. Piped water supply and intestinal parasitism in Zimbabwean schoolchildren. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.80, p.88-93, 1986.
111- MATA, L. Importancia global de las enfermidades diarreicas y de la desnutrición. In: GRACEY, M. (Ed.). Enfermidad diarreica y desnutrición. Buenos Aires: Editorial Médica Panamericana, 1987. 224p. p. 15-28.
Saneamento e saúde
99
112- MATHIAS, R.G., RIBEN, P.D., OSEI, W.D. Lack of an association between endemic giardiasis and a drinking water source. Canadian Journal of Public Health, v.83, n.5, p. 382-384, Sept./Oct. 1992.
113- MAUSNER, J.S., KRAMER, S. Mausner & Bahn epidemiology; an introductory text. 2ed. Filadélfia: W. B. Saunders Co., 1985. 361p.
114- McJUNKIN, F.E. Agua y salud humana. México: Editorial Limusa, 1986. 231p.
115- MENON, S., SANTOSHAM, M., REID, R. et al. Rotavirus diarrhoea in Apache children: a case-control study. International Journal of Epidemiology, v.19, n.3, p.715-721, Sept. 1990.
116- MERRICK, T.W. The effect of piped water on early childhood mortality in urban Brazil, 1970 to 1976. Demography, v.22, n.1, p.1-24, Feb. 1985.
117- MERTENS ,T.E., FERNANDO, M.A., COUSENS, S.N. et al. Childhood diarrhoea in Sri Lanka: a case-control study of the impact of improved water sources. Trop. Med. Parasit., v.41, p.98-103, 1990b.
118- MERTENS, T.E., JAFFAR, S., FERNANDO, M.A. et al. Excreta disposal behaviour and latrine ownership in relation to the risk of childhood diarrhoea in Sri Lanka. International Journal of Epidemiology, v.21, n.6, p.1157-1164, Dec. 1992.
119- MINAS GERAIS. Constituição do Estado de Minas Gerais. Belo Horizonte: Livraria Del Rey, 1989.
120- MINAS GERAIS. Lei n. 11.720 - 28 dez. 1994. Dispõe sobre a política estadual de saneamento básico e dá outras providências. Minas Gerais, Belo Horizonte, 29 dez. 1994. p.2-3 (parte I).
121- MOLBAK, K., WESTED, N., HOJLYNG, N. et al. The etiology of early childhood diarrhea: a community study from Guinea-Bissau. Journal of Infections Disease, v.169, p.581-587, Mar. 1994.
122- MOREN, A., STEFANAGGI, S., ANTONA, D. et al. Practical field epidemiology to investigate a cholera outbreak in a Mozambican refugee camp in Malawi, 1988. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.94, p.1-7, 1991.
123- MORGENSTERN, H. Uses of ecologic analysis in epidemiologic research. American Journal of Public Health, v.72, n.12, p.1336-1344, Dec. 1982.
124- NAJM. A.C.M. Aspectos Epidemiológicos. In: CETESB. Gerenciamento de Sistemas de Resíduos Sólidos. São Paulo: CETESB, s.d. (Mimeogr.).
125- OGUNSANYA, T.I., ROTIMI, V.O., ADENUGA, A. A study of the aetiological agents of childhood diarrhoea in Lagos, Nigeria. Journal of Medical Microbiology, v.40, n.1, v.10-14, Jan. 1994.
Saneamento e saúde
100
126- ONI, G.A., SCHUMANN, D.A., OKE, E.A. Diarrhoeal disease morbidity, risk factors and treatments in a low socioeconomic area of Ilorin, Kwara state, Nigeria. Journal of Diarrhoea Diseases Research, v.9, n.3, p.250-257, Sept. 1991.
127- PARSONNET, J., TROCK, S.C., BOPP, C.A. et al. Chronic diarrhea associated with drinking untreated water. Annals of Internal Medicine, v.110, n.12, p.985-991, June 1989.
128- PAYMENT, P., FRANCO, E, FOPUT, G.S. Incidence of Norwalk virus infections during a prospective epidemiological study of drinking water related gastrointestinal illness. Canadian Journal of Microbiology, v.40, n.10, p.805-809, Oct. 1994.
129- PEREIRA, M.G. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1995. 583p.
130- PERINI, E. Abastecimento de água e saúde; contribuição para o desenvolvimento de metodologia de avaliação epidemiológica utilizando dados oficiais. Belo Horizonte: Instituto de Ciências Biológicas da UFMG, 1988. 81p. (Dissertação, Mestrado em Parasitologia)
131- PHILIPP, R., WOOD, N., HEATON, K.W., HUGHES, A.O. Perceptions and reactions of the public to diarrhoea. J. Roy. Soc. Health, p.128-131, June 1993.
132- PINFOLD, J.V. Faecal contamination of water and fingertip-rinses as a method for evaluating the effect of low-cost water supply and sanitation activities on faeco-oral disease transmission. II. A hygiene intervention study in rural north-east Thailand. Epidemiology & Infection, v.105, p.377-389, May 1990.
133- PRESTON, S.H., WALLE, E.V. Urban French mortality in the nineteenth century. Population Studies, v.32, n.2, p.275-297, 1978.
134- PROST, A., NÉGREL, A.D. Water, trachoma and conjunctivitis. Bulletin of the World Health Organization, v.67, n.1, p.9-18, 1989.
135- REGUA-MANGIA, A.H., DUARTE, A.N., DUARTE, R. et al. Aetiology of acute diarrhoea in hospitalized children in Rio de Janeiro City, Brazil. Journal of Tropical Pediatrics, v.39, n.6, p.365-367, Dec. 1993.
136- REIFF, P. Personal communication. Washington: OPAS, 1981 apud McJUNKIN, F.E. Agua y salud humana. México: Editorial Limusa, 1986. 231p.
137- RINCÓN, V.R.L, SANJURJO, E., POZO, M.D., GARCIA, M. Estudio de las condiciones socioeconomicas y de los habitos higienicos de los miembros de una comunidad rural en la provincia La Habana. Revista Cubana de Medicina Tropical, v. 41, n.1, p.443-455, set./dic. 1989.
138- RODRIGUES, C.S., EVANGELISTA, P.A., GESTEIRA E MATOS, S. Doença diarréica aguda no município de Belo Horizonte. Boletim Epidemiológico, v.3, n.1, p.1-5, Nov./Dec. 1993.
Saneamento e saúde
101
139- ROMANE, A. Ainda é tempo (entrevista com Rodolfo Costa e Silva). Revista BIO, v.5, n.2, p.31-39, mar./abr. 1993.
140- ROSEN, G. Uma história da saúde pública. São Paulo: HUCITEC, 1994. 423p. (Saúde em debate; 74).
141- ROTHMAN, K.J. Modern epidemiology. Boston: Little, Brown and Company, 1986. 358p.
142- RYDER, R.W., REEVES, W.C., SINGH, N. et al. The childhood health effects of an improved water supply system on a remote Panamanian island. American Journal of Tropical Medicine & Hygiene, v.34, n.5, p.921-924, 1985.
143- SAUNDERS, R.J., WARFORD, J.J. Abastecimento de água em pequenas comunidades; aspectos econômicos e políticos nos países em desenvolvimento. Rio de Janeiro: ABES, 1983. 251p.
144- SAVARINO, S.J., BOURGEOIS, A.L. Diarrhoeal disease: current concepts and future challenges; Epidemiology of diarrhoeal diseases in developed countries. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.87, n.(suppl)3, p.7-11, Dec. 1993.
145- SCHLESSELMAN, J.J. Case-control studies; design, conduct, analysis. Nova York: Oxford University Press, 1982. 354p. (Monographs in Epidemiology and Biostatistics, 2)
146- SCHWARTZ, S. The fallacy of the ecological fallacy: the potential misuse of a concept and the consequences. American Journal of Public Health, v.84, n.5, p.819-824, May 1994.
147- SHUVAL, H.I., TILDEN, R.L., PERRY, B.H., GROSSE, R.N. Effect of investments in water supply and sanitation on health status: a threshold-saturation theory. Bulletin of the World Health Organization, v.59, n.2, p.243-248, 1981.
148- SNYDER, J.F., MERSON, M.H. The magnitude of the global problem of acute diarrhoeal disease: a review of active surveillance data. Bulletin of the World Health Organization, v.60, n.4, p.605-613, 1982.
149- SNOW, J. Sobre a maneira de transmissão do cólera. 2ed. São Paulo: HUCITEC-ABRASCO, 1990. 249p.
150- STANTON, B.F., CLEMENS, J.D. An educational intervention for altering water-sanitation behaviors to reduce childhood diarrhea in urban Bangladesh. II. A randomized trial to assess the impact of the intervention on hygienic behaviors and rates of diarrhea. American Journal of Epidemiology, v.125, n.2, p.292-301, 1987.
151- SULLIVAN, D.F. Conceptual problems in developing an index of health. Vital and Health Statistics, v.2, n.17, 1966 apud FREIJ, L., WALL, S. Exploring child health and its ecology. Acta Paediatr. Scand.(suppl), v.267, p.1-180, 1977.
Saneamento e saúde
102
152- TCHOBANOGLOUS, G., THEISEN, H., ELIASSEN, R. Solid wastes: engineering principles and management issues. Nova York: McGraw-Hill, 1977. 621p.
153- U, K.M., KHIN, M., WAI, N.N. et al. Risk factors for the development of persistent diarrhea and malnutrition in Burmese children. International Journal of Epidemiology, v.21, n.5, p.1021-1029, Oct. 1992.
154- UNITED STATES ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY - USEPA. Environmental pollution control alternatives: drinking water treatment for small communities. Cincinnati: EPA, 1990. 82p.
155- VANZO, J. Infant mortality and socioeconomic development: evidence from Malaysian household data. Demography, v.25, n.4, p.581-595, Nov. 1988.
156- VANDERSLICE, J., BRISCOE, J. Environmental interventions in developing countries: interactions and their implications. American Journal of Epidemiology, v.141, n.2, p.135-144, 1995.
157- VANDERSLICE, J., POPKIN, B., BRISCOE, J. Drinking-water quality, sanitation and breast-feeding: their interactive effects on infant health. Bulletin of the World Health Organization, v.72, n.4, p.589-601, 1994.
158- VATHANOPHAS, K., INDRASUKHSRI, T., BUNYARATABANDHU, P. et al. The study of socioeconomic, behavioural and environmental factors related to diarrhoeal diseases in children under 5 in congested areas of Bangkok Metropolis. Journal of the Medical Association of Thailand, v.69, n.suppl.2, p.156-162, Oct. 1986.
159- VERWEIJ , P.E., EGMOND, M., BAC, D.J. et al. Hygiene, skin infections and types of water supply in Venda, South Africa. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene, v.85, p.681-684, 1991.
160- VICTORA, C.G., SMITH, P.G., VAUGHAN, J.P. et al. Water supply, sanitation and housing in relation to the risk of infant mortality from diarrhoea. International Journal of Epidemiology, v.17, n.3, p.651-654, Sept. 1988.
161- WAXLER, N.E., MORRISON, B.M., SIRISENA, W.M., PINNADUWAGE, S. Infant mortality in Sri Lankan households: a causal model. Social Science & Medicine, v.20, n.4, p.381-392, 1985.
162- WEST, S., LYNCH, M., TURNER, V. et al. Water availability and trachoma. Bulletin of the World Health Organization, v.67, n.1, p.71-75, 1989.
163- WEST, S., MUÑOZ, B., LYNCH, M. et al. Impact of face-washing on trachoma in Kongwa, Tanzania. The Lancet, v.345, n.8943, p.155-158, Jan. 1995.
164- WORLD BANK. Measuring of the health benefits of investments in water supply. Washington: World Bank, 1976. 13p (Report n. PUN 20) apud BRISCOE, J., FEACHEM, R.G., RAHAMAN, M.M. Evaluating health impact; water supply, sanitation, and hygiene education. Ottawa: International Development Research Centre, 1986. 80p.
Saneamento e saúde
103
165- WRIGHT, C.E., ALAMY, M.E., DUPONT, H.L. et al. The role of home environment in infant diarrhea in rural Egypt. American Journal of Epidemiology, v.134, n.8, p.887-894, 1991.
166- YOUNG, B., BRISCOE, J. A case-control of the effect of environmental sanitation on diarrhoea morbidity in Malawi. Journal of Epidemiology and Community Health, v.42, p.83-88, Sept. 1987.
167- ZENG-SUI, W., SHEPARD, D.S., YUN-CHENG, Z. et al. Reduction of enteric infectious disease in rural China by providing deep-well tap water. Bulletin of the World Health Organization, v.67, n.2, p.171-180, 1989.
168- ZMIROU, D., FERLEY, J.P., COLLIN, J.F. et al. A follow-up study of gastro-intestinal diseases related to bacteriologically substandard drinking water. American Journal of Public Health, v.77, n.5, p.582-584, May 1987.
169- ZUMRAWI, F.Y., DIMOND, H. Determinants of growth in the first 6 months of life among the urban poor in Sudan. Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v.91, p.139-146, 1988.
Saneamento e saúde
104
(TEXTO PARA A CONTRACAPA) O livro apresenta a relação entre o saneamento e a saúde; a qual é abordada sob diversas perspectivas, visando apresentar o ainda incipiente entendimento dessa relação. O mesmo, inicia-se com a descrição da evolução histórica dessa relação, desde a Antigüidade até os marcos teóricos atuais. Os marcos conceituais propostos são em seguida expostos, para as diversas ações de saneamento: o abastecimento de água, o esgotamento sanitário, a limpeza pública e as práticas higiênicas. Apresenta-se a classificação ambiental das enfermidades infecciosas vinculadas à água, aos excretas e ao lixo. Os indicadores de impacto das intervenções em saneamento, em especial a diarréia, são criticamente analisados, bem como os delineamentos epidemiológicos aplicáveis em estudos na área de saneamento. Por fim, através de uma extensa revisão de literatura, procura-se situar a tendência manifestada por 256 estudos epidemiológicos publicados, nas variáveis de saneamento, nos indicadores de saúde estudados e nos delineamentos epidemiológicos empregados. Em suma, o trabalho permite a visualização: (1) do atual estado de arte sobre a relação entre o saneamento e a saúde, (2) das tendências metodológicas vislumbradas no aprofundamento desses estudos e (3) das lacunas existentes, sobretudo para a realidade brasileira e, mais amplamente, latino-americana.
top related