o submundo dos quadrinhos underground · marvel comics e dc comics ganharam força na década de...

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O submundo dos quadrinhos underground

Henrique  Magalhães  

Origem dos quadrinhos no jornalismo no século XIX. Incursões na Europa e no Brasil. As aventuras de Nhô-Quim ou impressões de uma viagem à Corte, de Angelo Agostini, em 1869. Quadrinhos humorísticos, com forte crítica política e social, aproximando-se da charge e do cartum. Precursor da tira diária, surgida no início do século XX.

Nhô-Quim, de Angelo Agostini, pioneirismo nos quadrinhos

Novos gêneros nas primeiras décadas do século XX. Criação dos syndicates. Aventura histórica, aventura nas selvas, histórias infantis, ficção científica, histórias policiais, super-heróis, histórias de guerra.

Revistas em quadrinhos eram consumidas avidamente

Década de 1950, consolidação como produto da indústria cultural. Com grandes tiragens, papel barato e preço módico, as revistas se popularizaram. Revistas de terror, ficção científica, guerra e super-heróis: histórias com sangue e mortes trágicas.  

As revistas em quadrinhos atingiam um público indiscriminado

Grandes autores despontaram na época: Jack Davis,Wallace Wood, Harvey Kurtzman, Steve Ditko, que em seguida criaria o Homem Aranha, além de Ray Bradbury, da literatura fantástica.

Universos fantásticos dominavam os quadrinhos

Contra essa onda avassaladora de quadrinhos com teor sórdido e pessimista foi criado o código de ética, pelo Senado dos EUA, em 1956. O psiquiatra Frederick Wertham, com o livro Seduction of the innocent, atribuía aos quadrinhos o poder de seduzir os jovens e induzi-los ao crime e ao suicídio.

Revistas de horror e fantasia assustaram pais e educadores

A Mad conseguiu burlar a censura e o código de ética

Com a proibição das revistas de terror, crime, guerra, eróticas e de ficção científica, algumas editoras mudaram sua linha editorial. Surge a revista Mad, editada por Bill Gainnes, que influencia autores e publicações pelo mundo. Participação de grandes artistas: Jack Davis, Bill Elder, Harvey Kurtzman, Wallace Wood, Sérgio Aragonés, Don Martin, Al Jaffe.

Marvel Comics e DC Comics ganharam força

na década de 1960

O código de ética favoreceu a expansão dos super-heróis. Consolidação das editoras DC Comics e Marvel Comics, com histórias bem comportadas. Mais ênfase nos personagens que nos autores. Rodízio de roteiristas e desenhistas próprio ao processo industrial.

Zap Comix, lançada por Crumb em 1967: pedra fundamental dos quadrinhos underground

No bojo do movimento de contestação ao sistema surgem os quadrinhos underground. Expressão de uma cultura contestatória e irreverente, à margem do mercado editorial.

Shelton no ato de criação e ao lado de Crumb, na

Flip, em 2010

Robert Crumb, Gilbert Shelton, Bill Griffith, Victor Moscoso e Richard Corben lançam suas próprias revistas desafiando a censura imposta ao mercado.

Para Román Gubern, Crumb foi o expoente máximo do movimento. Trabalho fecundo que originaria comics revolucionários que não almejavam o lucro nem a popularidade dos autores, mas o protesto libertário, com recursos à extravagância, à escatologia e ao erotismo desaforado.

Robert Crumb é ainda hoje uma figura lendária

O traço “sujo” e grotesco de Robert Crumb

É próprio dos comix o grafismo agressivo e pouco tranquilizador, batizado como feísmo. Na Zap Comix circularam personagens exóticos e pornográficos, como Mr. Natural e Fritz the Cat, de Crumb.

Mr. Natural era uma espécie de guru hippie que gozava com o próprio movimento. Pregava a desobediência civil com princípios filosóficos orientais, mas sem abrir mão dos prazeres carnais.

A irreverência de Crumb não poupava nem a contracultura

O Traço sujo e personalizado de Crumb, marca dos quadrinhos underground

Fritz the Cat, gato com ideias revolucionárias e orgiásticas, no clima da liberação sexual da época. Esse personagem chegou a ter um filme longa-metragem de animação realizado por Ralf Bakshi em 1972, tornando-se um clássico do gênero.

Cena com a personagem Fritz

Gilbert Shelton foi outro protagonista dos quadrinhos underground, criador dos Freak Brothers, em 1967. Sua legenda: se vive melhor sem dinheiro e com erva (maconha) que com dinheiro e sem erva.

Acima, autoretrato de Shelton; ao lado, os Freak Brothers

Personagens ícones do movimento underground

A única atividade dos irmãos era a busca frenética da droga; Frenética mas descontraída, pois recheada de muito humor.

Na Grilo, o melhor dos quadrinhos europeus e estadunidenses

Os quadrinhos underground espalharam-se pelo mundo. No Brasil foram publicados na revista Grilo, com quadrinhos intelectualizados para um público adulto. A Grilo influenciou toda uma geração de autores, que produziram suas próprias revistas “marginais”.

Os underground tinham como tema a sexualidade, a violência, os hippies, a droga e a ecologia. Ficaram conhecidos por comix, num contraponto aos enquadrados comics. Revistas independentes em preto e branco, papel barato, contato direto entre o autor e o público.

Traço hachureado, marca dos quadrinhos underground

Estilos variados, estética caricatural e realista, aspecto sujo, carregado de traços e hachuras. Expressão da sensibilidade do autor. Domínio sobre a obra, mesmo quando seu trabalho é publicado por editoras comerciais.

Luciano Irrthum é uma das expressões dos quadrinhos

underground nacionais

Influência sobre a geração que editou a revista Balão. Autores que se consagrariam nas artes gráficas brasileiras: Laerte, irmãos Caruso. Favorecimento às experimentações, preferência às expressões pouco usuais. Na Europa, os fanzines e revistas independentes levam os quadrinhos ao status de arte.

Balão foi o banco de ensaio de toda uma geração de quadrinistas

Precursores dos quadrinhos underground: Nos Estados Unidos, os famosos dirties comics, ou Tijuana-Bibles, na década de 1920. Chegaram à década de 1950, produzidos por artistas anônimos.

Precursores dos quadrinhos underground

Revistas pornográficas com paródia aos astros do cinema e personagens dos quadrinhos.

Revistas explicitamente pornográficas

Na década de 1960, proliferaram no Brasil os “catecismos” de Carlos Zéfiro. Pequenas publicações com impressão barata e formato de bolso semelhante à literatura de cordel. Venda camuflada, conteúdo abertamente pornográfico.

Carlos Zéfiro promoveu a “educação” sexual do

jovens

Desenhos toscos, imagens decalcadas dos quadrinhos comerciais e adaptadas para as situações eróticas. Carlos Zéfiro, pseudônimo de Alcides Caminha, revelado pelo quadrinista Ota em 1991.

Carlos Zéfiro embalou as fantasias eróticas dos leitores

Clandestinidade como estratégia para evitar represálias ao seu emprego no Rio de Janeiro. Os “catecismos” pulularam em todo o país com reproduções não autorizadas ou em novas histórias.

Ousadia que rompia com a censura às publicações da época

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