o gênero textual crônica

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Questão de gênero: O gênero textual crônica

Adaptado de texto homônimo disponível em https://www.escrevendoofuturo.org.br/conteudo/biblioteca/no

ssas-publicacoes/revista/artigos/artigo/1235/questao-de-genero-o-genero-textual-cronica

A palavra “ crônica”, em sua origem, está associada à palavra grega “khrónos”, que significa tempo.

No latim existia a palavra “chronica”, para designar o gênero que fazia o registro dos acontecimentos históricos.

Como se comprova pela origem de seu nome, a crônica é um gênero textual que existe desde a Idade Antiga e vem se transformando ao longo do tempo.

A crônica contemporânea é um gênero que se consolidou por volta do século XIX. A partir dessa época, os cronistas, além de fazerem o relato em ordem cronológica dos grandes acontecimentos históricos, também passaram a registrar a vida social, e o cotidiano do seu tempo.

Os autores que escrevem crônicas como gênero literário, recriam os fatos que relatam e escrevem de um ponto de vista pessoal, buscando atingir a sensibilidade de seus leitores. As que têm esse tom chegam a se confundir com contos e apresentam também características jornalísticas.

As características atuais do gênero, porém, não estão ligadas somente ao desenvolvimento da imprensa. Também estão intimamente relacionadas às transformações sociais e à valorização da história social e da singularidade dos acontecimentos miúdos do cotidiano.

Ao escrever as crônicas contemporâneas, os cronistas organizam sua narrativa em primeira ou terceira pessoa, quase sempre como quem conta um caso, em tom intimista e envolvem seus leitores em reflexões sobre a vida social.

Assim, uma forte característica do gênero é ter uma linguagem que mescla aspectos da escrita com outros da oralidade.

SELEÇÃO SEM POVO [18.06.2007] - Ruy Castro

De 1958 a 1982, o Brasil teve um caso de amor com sua seleção de futebol. E ela fazia por onde: venceu três Copas do Mundo, jogou partidas memoráveis no Maracanã e no Morumbi e consagrou três gerações de jogadores. Havia mais craques na praça do que vagas no time, e nada superava a honra de uma convocação.

Fora da seleção, esses jogadores entravam em campo todos os domingos por seus clubes - nossos clubes. Podiam ser amados ou odiados no fragor doméstico, mas, no que vestiam a camisa amarela, cessava o vodu. A seleção tinha até torcedores próprios, e não apenas entre os que só se ligam em futebol na Copa por um vago ardor patriótico.

Mas isso acabou. A seleção é, há muito, um feudo de jogadores que atuam no exterior, defendendo camisas com as quais nada temos a ver. Por vários motivos, também não a assistimos em nossos estádios - há sete anos, por exemplo, ela não joga no Rio. E, como aconteceu na última Copa, a seleção, convocada na Europa, não veio ao Brasil nem para pedir a bênção do povo que representava. Deu no que deu.

As razões são muitas, mas o fato é que a seleção se divorciou do povo. Não é mais o Brasil. Reduziu-se a uma legião estrangeira que, mecanicamente, canta o hino antes do jogo. Ex-ídolos nacionais como Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Robinho preferem jogar por seus milionários clubes que pela seleção. E estão certos: só quem vai à Europa sabe o que eles representam em paixão para os torcedores desses times. São deuses em Milão, Barcelona, Madri.

Vem aí uma opaca Copa América. Os craques a desprezam e a torcida brasileira, com razão, também não está nem aí. Qualquer campeonato local envolvendo o Arapiraca, o Botucatu ou o Cascavel será mais emocionante, se um desses for o nosso clube de coração. A camisa precisa estar perto do peito.

(http://www1.folha.uol.com.br/folha/publifolha/409390-leia-a-cronica-selecao-sem-povo-de-ruy-castro.shtml)

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