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O POEMA

O QUE É POESIA?

POEMA

Soneto de Fidelidade

De tudo, ao meu amor serei atentoAntes, e com tal zelo, e sempre, e tantoQue mesmo em face do maior encantoDele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momentoE em louvor hei de espalhar meu cantoE rir meu riso e derramar meu prantoAo seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procureQuem sabe a morte, angústia de quem viveQuem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):Que não seja imortal, posto que é chamaMas que seja infinito enquanto dure.

Vinicius de Moraes

O VERSO E A ESTROFE

O verso representa cada linha da poesia, que juntas, formam a estrofe.

O conjunto de versos é chamado de estrofe, sendo que o número de versospode variar em cada estrofe. Assim, de acordo com número de versos quecompõem as estrofes, elas são classificadas em:

Monóstico: estrofe de 1 verso

Dístico: estrofe de 2 versos

Terceto: estrofe de 3 versos

Quarteto ou Quadra: estrofe de 4 versos

Quintilha: estrofe de 5 versos

Sextilha: estrofe de 6 versos

Septilha: estrofe de sete versos

Oitava: estrofe de 8 versos

Nona: estrofe de 9 versos

Décima: estrofe de 10 versos

Irregulares: estrofe com mais de 10 versos

MÉTRICA

É denominada métrica a medida do verso de

uma poesia.

A contagem das sílabas poéticas é um processo

que torna as palavras ligadas mais intimamente

umas às outras, dando ao texto o ritmo desejado e

a melodia pretendida pelo poeta.

RITMO

O ritmo de um poema é determinado pela

“alternação uniforme de sílabas tônicas (fortes) e

não tônicas (fracas), dispostas em cada verso de

uma composição poética, bem como pelos recursos

utilizados pelo poeta e pela forma como ele os

organiza dentro de seu texto”.

RIMA

A rima “se caracteriza pela semelhança sonora

das palavras, podendo ser retratada no final ou

no interior dos versos e em posições variadas”

ALTERNADAS (ABAB):

Lembrança de morrer (Álvares de Azevedo)

Se uma lágrima as pálpebras me inunda,

Se um suspiro nos seios treme ainda,

É pela virgem que sonhei!... que nunca

Aos lábios me encostou a face linda!

INTERPOLADAS OU CRUZADAS (ABBA):

Soneto de fidelidade (Vinícius de Moraes)

De tudo, ao meu amor serei atento A

Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto B

Que mesmo em face do maior encanto B

Dele se encante mais meu pensamento A

[...]

EMPARELHADAS (AABB) E MISTAS

Vagueio campos noturnos A

Muros soturnos A

Paredes de solidão B

Sufocam minha canção B

Ferreira Gullar

FIGURAS DE SOM

ALITERAÇÃO

Repetição de sons consonantais.

Exemplo: O rato roeu a roupa do rei de Roma.

O peito do pé de Pedro é preto.

[A Aliteração está na repetição do “p”]

Um tigre, dois tigres, três tigres.

[Aqui se repete a consoante “t” e o encontro consonantal “gr”]

Quem com ferro fere, com ferro será ferido.

[A Aliteração está representada pela repetição da letra “f”]

Três pratos de trigo para três tigres tristes.

[Aqui temos o “tr” repetido]

Jorge Ben Jor, abusa do “ch” em sua música Chove

Chuva. Quase nos faz ouvir o barulho da chuva, com a

repetição simultânea do som do ch.

Observe:

Chove Chuva

(Em www.vagalume.com.br/jorge-ben-jor/chove-chuva)

Chove chuva, chove sem parar

Chove chuva, chove sem parar

Por favor chuva …

Outra amostra nos dá Caetano Veloso com a música:

Qualquer Coisa

(Em www.letras.mus.br/caetano-veloso)

Mexe […] dentro, doida

…coisa, doida, dentro mexe

[…],

Deixe de manha, ‘xe de manha,

Sem essa aranha, sem essa aranha, sem essa aranha!

Nem a sanha arranha o carro

… o sarro arranha a Espanha

Meça: tamanha!

(A Aliteração se evidencia com o insistente uso das

consoantes “d”, “x” e o grupo “nh” (dígrafo).

ASSONÂNCIA

Repetição de sons vocálicos.

Exemplo: "O que o vago e incógnito desejo

de ser eu mesmo de meu ser me deu." (Fernando

Pessoa)

Essa desmesura de paixão

É loucura do coração

Minha foz do Iguaçu

Pólo sul, meu azul

Luz do sentimento nu

(Linha do Equador – Djavan)

Nesse exemplo, o compositor produz assonância duas

vezes: a primeira utilizando o som “ão” (paixão,

coração) e a segunda repetindo o som de “u” (Iguaçu,

sul, azul, luz, nu).

“Juro que não acreditei, eu te estranhei/Me

debrucei sobre teu corpo e duvidei/E me arrastei e te

arranhei/E me agarrei nos teus cabelos” (Atrás da

Porta – Chico Buarque) – repetição das vogais “ei”.

“Meu amor/O que você faria/Se só te restasse esse

dia?/Se o mundo fosse acabar/Me diz o que você faria”

(O que você faria – Lenine) – repetição das vogais “ia”.

Vilarejo

Há um vilarejo ali

Onde areja um vento bom

Na varanda, quem descansa

Vê o horizonte deitar no chão

Pra acalmar o coração

Lá o mundo tem razão

Terra de heróis, lares de mãe

Paraíso se mudou para lá

Por cima das casas, cal

Frutas em qualquer quintal

Peitos fartos, filhos fortes

Sonhos semeando o mundo real

PARONOMÁSIA

Repetição de palavras cujos sons são parecidos.

Exemplo: O cavaleiro, muito cavalheiro,

conquistou a donzela. (cavaleiro = homem que

anda a cavalo, cavalheiro = homem gentil)

PARALELISMO

Paralelismo é uma sequência de expressões com

uma estrutura paralela, ou seja, simétrica. Há

paralelismo quando há um encadeamento

harmonioso e lógico entre as diferentes partes da

oração e do texto.

“Vem que eu te quero fraco

Vem que eu te quero tolo

Vem que eu te quero todo meu.”

Sem Fantasia - Chico Buarque

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