o debate historiogrÁfico sobre a gÊnese do sistema mundial

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O DEBATE HISTORIOGRÁFICO

SOBRE A GÊNESE DO

SISTEMA MUNDIAL

História das Relações Internacionais

Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni

Aula

Universidade Federal de São Paulo

Relações Internacionais

História das Relações Internacionais

Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni

Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

CONTATOS:

Rodrigo Medina Zagni

E-mail:

rodrigo.medina@unifesp.br

Home-pages:

www.forum-historiae.com.br

rodrigomedinazagni.academia.edu

Grupo de pesquisa:

www.massacres-e-genocidios.com.br

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

BIBLIOGRAFIA DA AULA:Leitura obrigatória:

ARRIGHI, Giovanni. O longo séc. XX. Rio de Janeiro:

Contraponto; São Paulo: UNESP, 1996, pp. 27-85

(“As três hegemonias do capitalismo histórico”).

Leitura complementar:

BRAUDEL, Fernand. Civilização material, economia e

capitalismo: séculos XV-XVIII – O tempo do mundo.

São Paulo: Martins Fontes, 2009, pp. 11-74 (“As

divisões do espaço e do tempo na Europa”)

COX, Robert. Approaches to world order. Cambridge:

Cambridge University Press, 1996, pp. 124-143

(“Gramsci, hegemony, and international relations: an

essay in method”)

WALLERSTEIN, Immanuel. El moderno sistema

mundial: la agricultura capitalista y los teórico de la

teórico – mundo europea em el siglo XVI. México:

Siglo Veinteuno, 1979, pp. 7-18; 489-502 (“Sobre el

estúdio del cambio social”; “Repaso teórico”)

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MATERIAIS COMPLEMENTARES:

Vídeos:

Aula: “Formação e funcionamento do sistema

mundial: estados, hegemonias e impérios”, José

Luis Fiori; Curso “O poder americano”, Instituto de

Economia da Unicamp, fev. 2017.

Link:

https://www.youtube.com/watch?v=Ht5Gvxz6rGY

Entrevista: “Entrevista com Giovanni Arrighi” (em

italiano), Curso “Capitalismo, guerra, movimentos

anti-sistêmicos”, organizado pela Universidad

Nómada, Madri, Jun./Jul. 2005.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=-

7kQhXDaT9M&t=47s

Entrevista: “Immanuel Wallerstein e a crise do

capitalismo”, Programa Milênio, Mar. 2012.

Link: https://www.youtube.com/watch?v=RqZsCe-

tPXo

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

CONTRIBUIÇÕES DO DOCENTE AO TEMA:

ZAGNI, Rodrigo Medina. Identidades em guerra:

imperialismo e cultura nas relações entre

Estados Unidos e América Latina durante a

Segunda Guerra Mundial (os casos de Brasil,

Argentina e México). Curitiba: CRV, 2015, pp.

63-130 (“Capítulo 1 – Mapeando conceitos”)

Acesse no link:

https://drive.google.com/file/d/1dtcJj7M4YZNRn

z8t3iu6W4jQexEPqiRJ/view?usp=sharing

ZAGNI, Rodrigo Medina. Sangue que não seca:

o Estado Islâmico, a crise de hegemonia e as

novas estratégias do imperialismo. Curitiba:

CRV, 2018, pp. 17-31 (“Capítulo I – Os termos

da incursão”)

Acesse no link:

https://drive.google.com/file/d/1QD12HMi_cB6T

6qEQrQb_-Qg0L2a2X-ge/view?usp=sharing

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HEGEMONIAS E SISTEMA MUNDIAL

ARRIGHIWALLERSTEINBRAUDEL

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ORIGEM DO CONCEITO DE HEGEMONIA...

ANTONIO GRAMSCI E OS ESCRITOS CARCERÁRIOS

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OS CADERNOS DO CÁRCERE

1929-1937

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BALIZAS CRONOLÓGICAS PARA UMA HISTÓRIA

DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS

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PROBLEMAS INICIAIS

Quando têm início as relações internacionais?

• relações interestatais (sentido restrito)

• relações sistêmicas entre Estados

Perguntas subsequentes:

O que é o Estado?

Max Weber: O Estado é a instituição máxima de

organização da vida social que detém o monopólio

do uso legítimo da força ou da ameaça do uso da

força

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PROBLEMAS INICIAIS

Quando surge o Estado?

Por volta de 3 mil a.C. (Egito e Mesopotâmia)

Por que parte da literatura aponta o período entre os séc. XV e XVII?

De que tipo de Estado estamos falando?

3 mil a.C. Estados teocráticos (despótico-religiosos)

Séc. XV ao XVIII – Estados modernos (protonacionalismo)

Séc. XIX – Consolidação dos Estados Nacionais (fruto do movimentos

nacionalistas)

Estado => Nação = povo + território

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PROBLEMAS INICIAISO que é um sistema de Estados?

Significado epistemológico / Conceito de sistema:

Conjunto formado por unidades assimétricas,

vetorizado por relações de interdependência,

nas quais modificações promovidas em um de seus

elementos, repercutem na transformação de todos os

elementos do sistema.

O que é a sociedade internacional?

Raymond Aron; “Últimos anos do século”

Resultado do desenvolvimento sistêmico das relações

internacionais.

Pergunta decorrente:

A partir de quando passam a existir um sistema

internacional e uma sociedade internacional? (em

termos mundializados)

Resposta recorrente: Séc. XVII – Tratado de Vestfália

(1648)

ORDEM DE VESTFÁLIA: decorreria a normatização

do moderno sistema interestatal

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PROBLEMAS INICIAISVIA EXPLICATIVA:

Capitalismo como sistema mundial

Origens = séc. XV

Objeto da História (École des Annales – 1920):

A compreensão dos processos de transformação social pelos quais passam as

sociedades humanas.

Como compreender as transformações que se operaram neste período?

(Idade Moderna e Contemporânea)

Precisamos de uma:

Teoria da História e / ou Filosofia da História

Teorias dos sistemas-mundo – Immanuel Wallerstein

Teoria dos ciclos hegemônicos – Giovanni Arrighi

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SISTEMA-MUNDO

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SISTEMA-MUNDO

Wallerstein

1974 - “Modern World System”

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SISTEMA-MUNDO

Grandes divisões na História da humanidade:

• revolução neolítica ou agrícola;

• criação do mundo moderno.

A maior parte das teorias das ciências sociais contemporâneas têm este evento

como central, ocupando-se dos seguintes subtemas:

• as características que definem os tempos modernos

• suas balizas temporais

• o debate acerca dos princípios motores das transformações que neste

período se operaram

Só é possível tratar de mudanças sociais em sistemas sociais.

O único sistema social válido é o sistema mundial, isso porque as mudanças

operadas no limite dos Estados soberanos são consequência das

transformações e interações do sistema mundial.

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CARACTERÍSTICAS DO SISTEMA-MUNDIAL

- Sua vida é resultado das forças conflitivas que o mantém unido por tensão

a medida que cada grupo tenta remodela-lo para seu benefício

- Tem as características de um organismo

Suas características mudam em determinados períodos e permanecem estáveis

em outros

- Suas estruturas são fortes ou débeis em momentos diferentes

- contém em seu cerne uma multiplicidade de culturas

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VARIEDADES DE SISTEMA-MUNDIAL

Até o momento houve apenas duas variedades de sistemas-mundiais:

1) impérios-mundo

Existe um único sistema político sobre a maior parte da área

A estrutura política tende a relacionar a cultura à ocupação

2) economia-mundo

Não existe um único sistema político sobre a maior parte da área

A estrutura política tende a relacionar a cultura à localização geográfica

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O SISTEMA-MUNDIAL COMO SISTEMA-MUNDO

CAPITALISTA

Há um sistema mundial, com dada unidade, apenas a partir da era moderna

Antes da era moderna as economias-mundo eram estruturas altamente

instáveis, tendiam a converter-se em impérios ou a se desintegrar.

A moderna-economia-mundo é e só pode ser uma economia-mundo capitalista

Capitalismo – permitiu que a economia-mundo contivesse em seus limites

múltiplos sistemas políticos

Peculiaridade do sistema-mundial moderno:

Uma economia-mundo que sobrevive por mais de 500 anos sem que tenha se

transformado em um império-mundo

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DIVISÃO DAS ECONOMIAS-MUNDO

Estados centrais

– Integração: criação de um forte aparato de Estado

unido a uma cultura nacional

(máscara ideológica para dissipar disparidades)

Áreas periféricas

- situação colonial – o Estado não existe ou é débil

- situação neocolonial – escasso grau de autonomia

Áreas semiperiféricas – gravitam entre o centro e a periferia

O processo em curso em uma economia-mundo tende a aumentar as distâncias

econômicas e sociais entre suas distintas áreas em seu processo de

desenvolvimento.

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ÉPOCAS FUNDAMENTAIS

Elementos determinantes do sistema mundial moderno, divididos em quatro

partes / épocas fundamentais:

1) 1450-1640 – origens e condições primitivas do sistema-mundial

Até tornar-se um sistema mundial europeu

2) 1640-1815 - consolidação do sistema

3) 1815-1917 - conversão da economia-mundo em um empreendimento global

Possível graças às transformações tecnológicas do industrialismo moderno

A expansão foi tão grande e repentina que o sistema teve que ser recriado

4) 1917-tempo presente - consolidação da economia-mundo capitalista

Tensões revolucionárias

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TEORIA DOS CICLOS HEGEMÔNICOS

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TEORIA DOS CICLOS HEGEMÔNICOS

Giovanni Arrighi

1994 - “O longo século XX”

1999 - “Caos e governabilidade no

moderno sistema mundial”

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TEORIA DOS CICLOS HEGEMÔNICOS

Ciclos hegemônicos:

Genovês Holandês Britânico Estadunidens

e

Séc. XV-

XVII

Séc. XVII- XIX Séc. XIX-XX Séc. XX-?

Guerra

dos 30

anos

Guerras

Napoleô

nicas

Longas

guerras

eurasia

nas

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O DEBATE SOBRE A ASCENSÃO E QUEDA DAS

HEGEMONIAS

1970 – Declínio do poder mundial dos EUA

Efervescência do debate sobre a ascensão e queda das hegemonias

Como fenômeno histórico recebeu distintas designações:

• Hegemonia – Antonio Gramsci; Immanuel Wallerstein

• Estados hegemônicos centrais – Christopher Chase-Dunn

• Potências mundiais ou globais – George Modelski; Edward Thompson

• Núcleos – Robert Gilpin

• Grandes potências – Paul Kennedy

Características comuns a esses estudos:

• Hegemonia equivale a dominação

• A ênfase se dá sobre o desenvolvimento sistêmico no qual o poder de uma nação se eleva e decai

Problema: Quais são os mecanismos básicos a partir dos quais aumenta e declina o poder no sistema

interestatal?

A invariância desses mecanismos é um dos aspectos centrais do sistema interestatal

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TEORIA DOS CICLOS SISTÊMICOS DE

ACUMULAÇÃO DO CAPITALISMO MUNDIAL

Conceitos:

Hegemonia mundial: capacidade de um Estado exercer funções de liderança e

governo sobre um sistema de nações soberanas.

Não se trata apenas da gestão desse sistema; historicamente, o governo de um

sistema de Estados soberanos sempre implicou na transformação do modo de

funcionamento do próprio sistema.

Poder hegemônico mundial ≠ dominação

= dominação + poder ampliado pela liderança intelectual e moral dos demais

elementos do sistema (Gramsci)

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

O CONCEITO GRAMSCIANO DE HEGEMONIA

Antonio Grasmci – conceito de hegemonia no plano nacional:

Manifestação da supremacia de um grupo social:

Como dominação

• domina os grupos antagônicos que pretende liquidar ou subjugar

• como liderança intelectual e moral (lidera os grupos afins ou aliados)

Antes de conquistar o poder governamental, um grupo social já pode (ou deve)

exercer liderança (precede a tomada de poder).

Ela se torna dominante durante o exercício do poder, mas deve seguir liderando.

Reformulação da concepção de Maquiavel sobre o poder:

Combinação de consentimento e coerção

• Coerção = uso da força ou ameaça do uso da força

• Consentimento = liderança moral

“O PRÍNCIPE DEVE SER AMADO OU TEMIDO?”

Dicotomia na qual não há espaço para o instrumento característico do poder

capitalista: o controle dos meios de pagamento

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CONCEPÇÃO GRAMSCIANA DE PODER

COERÇÃO <-> ÁREA CINZENTA<-> CONSENTIMENTO

- CORRUPÇÃO/FRAUDE

(situações em que

É difícil exercer a função hegemônica

E o uso da força é arriscado demais)

Para Arrighi – Entre coerção e consentimento, não reside nenhuma fonte

autônoma de poder mundial.

Dominação – fundamentada na coerção

Hegemonia – poder adicional conquistado por um grupo dominante capaz de

alçar ao plano “universal” as questões geradoras de conflito.

A alegação do grupo dominante de representar o interesse geral é sempre mais

ou menos fraudulenta, quando é totalmente fraudulenta:

= situação de fracasso de hegemonia

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

A TRANSPOSIÇÃO DO CONCEITO DE

HEGEMONIA PARA A ANÁLISE DE RELAÇÕES

INTERNACIONAISTransposição do conceito de hegemonia social de Gramsci

Das relações intra-estatais para as relações interestatais: Giovanni Arrighi,

Robert Keohane.

Dois problemas advindos dessa transposição:

1) Duplo sentido de liderança, quando aplicado a relação entre Estados

• Tipo de liderança que torna o Estado dominante hegemônico

• Quando lidera o sistema de Estados numa direção desejada, sendo percebido

como buscando o interesse geral

2) É mais difícil definir um interesse geral no nível do sistema interestatal

(interesse internacional), do que no plano dos Estados considerados

individualmente (interesse nacional).

O poder pode aumentar para um grupo pequeno de nações, às expensas das

demais.

Resultado: hegemonias regionais ou de coalizão ≠ hegemonia mundial

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HEGEMONIAS MUNDIAIS

Podem emergir quando a busca dos Estados pelo poder no sistema interestatal

não é o único objetivo da ação estatal; aliado a isso deve estar a maximização

do poder perante os cidadãos

• força motriz de uma expansão geral de poder coletivo dos governantes

perante os indivíduos.

• ou por ser capaz de afirmar que a expansão de seu poder é de interesse geral

dos cidadãos

(“fardo do homem branco” – Inglaterra do séc. XVIII e XIX)

(“Destino Manifesto” – EUA séc. XIX e XX)

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

CAOS SISTÊMICOCAOS ≠ ANARQUIA

Anarquia = ausência de um governo central .

Ex.: Sistemas anárquicos (moderno sistema de nações soberanas)

Anarquias ordenadas / Ordens anárquicas: possuem princípios, normas, regras,

procedimentos.

Ausência de um governo central ≠ falta de organização => o conflito tende a gerar a ordem

Caos / Caos sistêmico = situação de falta total de organização (aparentemente

irremediável); ocorre em razão da escalada do conflito no qual se opõem forças

contraditórias:

• um novo conjunto de normas e regramentos imposto (argumento progressista)

• ou um conjunto mais antigo de regras e normas (argumento restaurador)

• ou por uma combinação das duas circunstâncias

A medida em que aumenta o caos sistêmico (ausência de ordem), aumenta a demanda por

ordem (velha ordem ou nova ordem) por parte de governantes e governados.

Qualquer Estado ou grupo de Estados capaz de atender a essa demanda tem condições

de se tornar mundialmente hegemônico.

Historicamente: os Estados que tiveram êxito em aproveitar este tipo de oportunidade o

fizeram reconstituindo o sistema mundial em bases novas e mais amplas, restabelecendo

medidas de cooperação interestatal.

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

RELAÇÕES ENTRE O MODERNO SISTEMA

INTERESTATAL E O DESENVOLVIMENTO

CAPITALISTA

Reestruturações: fenômenos característicos do moderno sistema de governo

que emergiu da desintegração do sistema de governo da Europa medieval.

Determinação: associação entre:

• moderno sistema de governo

• desenvolvimento do capitalismo como sistema de acumulação em escala

mundial

Immanuel Wallerstein:

Moderno sistema mundial = economia mundial capitalista

A ascensão e expansão do moderno sistema interestatal foi a principal causa e o

efeito da interminável acumulação de capital.

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

VÍNCULO HISTÓRICO ENTRE CAPITALISMO E O

MODERNO SISTEMA INTERESTATAL

Na teoria de Arrighi, o capitalismo e os Estados nacionais nasceram juntos,

dependeram um do outro.

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

O CONFLITO PERENE ENTRE TERRITORIALISMO

E CAPITALISMO

Modos opostos de governo e de lógica de poder:

Governantes territorialistas:

• identificam o poder com a extensão e a densidade populacional de seus

domínios

• a riqueza/capital são meios ou subproduto da busca de expansão territorial

• tendem a aumentar seu poder expandindo suas dimensões territoriais

Governantes capitalistas:

• identificam o poder com a extensão de seu controle sobre os recursos

escassos

• aquisições territoriais são um meio e um subproduto da acumulação de

capital

• tendem a aumentar seu poder acumulando riqueza dentro de um pequeno

território

História das Relações Internacionais

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Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

LÓGICAS CAPITALISTA E TERRITORIALISTA DE

PODERAntinomia entre a lógica capitalista de poder e a lógica territorialista de poder.

Estratégias alternativas de formação dos Estados:

Estratégia territorialista:

• objetivo da gestão do Estado e da guerra: o controle do território e da

população

• meios: controle do capital circulante

Estratégia capitalista:

• objetivo da gestão do Estado e da guerra: o controle do capital circulante

• meios: controle do território e da população

Esta antinomia não implica na intensidade da coerção empregada na busca do

poder.

Historicamente: tendência mais acentuada para a expansão territorial

(capitalismo político da Europa); enquanto a sede do império territorialista mais

desenvolvido e mais bem sucedido era a China. A discrepância não se deve a

diferença de capacidade, mas a opções políticas distintas

História das Relações Internacionais

Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni

Aula – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

EXPANSIONISMO EUROPEU

Desde a segunda metade do séc. XV

Problemas interligados:

1) Por que esse expansionismo sem precedentes começou quando começou?

2) Por que prosseguiu, sem ser impedido pela queda de um Estado ocidental

após outro, até que quase a totalidade da superfície terrestre fosse

conquistada por povos de ascendência europeia?

3) Como esse fenômeno se relacionou com a formação e a expansão do

capitalismo como sistema mundial de acumulação e governo?

História das Relações Internacionais I – História Moderna

Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni

Aula 4 – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

PERGUNTAResponda no Fórum: No que consiste o conceito gramsciano de

hegemonia e quais os desafios para a sua utilização no campo de análise

das relações internacionais?

História das Relações Internacionais I – História Moderna

Prof. Dr. Rodrigo Medina Zagni

Aula 4 – O debate historiográfico sobre a gênese do sistema mundial

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