nos caminhos do pão

Post on 24-Jul-2015

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Carlos Paixão

Nos Caminhos do Pão

Nos Caminhos do Pão

“Nos caminhos do Pão” é uma viagem

ilustrada que nos conduz pelas searas, em

direção ao moinho e daí a casa da senhora

Maria e ao forno do Zé, até que nos sentemos

à mesa e saboreemos o delicioso pão que

mãos habilidosas amassaram a tenderam.

“Nos Caminhos do Pão” é uma chama

acesa na memória, num tempo que se apaga.

As mós irão girando enquanto estes homens e

mulheres o forem, enquanto houver gente

que saiba do bom governo do pão, enquanto

o rodoiro girar e da boca enegrecida do forno

sair o pão nosso de todos os dias.

Carlos Afonso Paixão Lopes nasceu em Carapito,

Aguiar da beira, em 25 de julho de 1959 e reside em

Sátão, onde exerce funções docentes.

É diplomado pela Escola do Magistério Primário de

Viseu e Licenciado em História pela Universidade de

Coimbra. Fez o curso de património Histórico- Artístico,

Natural e Etnográfico do Centro Nacional de Cultura e

Formação Pedagógica em Didática de Educação Física

do 1º ciclo do Ensino Básico.

É coautor, com o seu irmão, Tó-Zé Paixão, Contos, e

“Aguiar da beira – Roteiro Turístico”.

Recebeu o 2º Prémio do SPRC Coimbra, 2001, com o

conto: “A Cerca”; o 2º Prémio do Concurso Literário Dr.

João Isabel 2002, com o Conto: “Santo António” e em

2003 com o Conto: “O Rei da Feira”.

Carlos Paixão

Nos Caminhos do Pão

desenhos de Joaquim Lopes

A Imagem e A Palavra

Palimage Editores

- Olá, bom dia!O sol brilhante já começa a despertar a aldeia de

Moinhos do Rio.

O tio Manuel da moleira já carregou o burro com o cereal que vai moer hoje.

E na seara, lá está, madurinha, a colheita para este ano.

O trigo, o centeio e, mais tarde, o milho serão colhidos, malhados e arrumados…

…até que o grão encha as taleigas e carregue o burro do tio Manuel.

- Que delícia! – vai provando o jerico.

- Então lá vamos até ao moinho!- Água ainda vai havendo no rio das Bouças, pois sem

ela não há farinha.

- Entrem, meninos, entrem!... As taleigas ponho-asaqui no chão e agora vou encher a moega com o grão.

1- CUBO2- CANELO3- RODÍZIO4- MÓS

1- MOEGA2- QUELHA3- CHAMADOURO4- REGULADOR5- FARINHA

Começa a ouvir-se o barulho das mós no seu rodopiar constante e a farinha vai-se amontoando no soalho.

- Esta já dá para uma carrada. Agora é preciso ir fazer a entrega.

Não faltará pão em Moinhos do Rio, no Castelo, no casal e na casa da comadre Maria.

No dia seguinte, logo de manhãzinha, o Quim corre a pegar na peneira e dá uma ajuda à mãe a troco de um bolito.

A D.ª Maria caldeia a farinha com a água a ferver, a que vai juntar o fermento.

O Tareco espreita….e espera…

Toc…Toc… - Então, não sobra nada para mim?- Ainda tens de esperar porque a minha mãe ainda

demora a amassar.

Fez-se a reza e agora já a massa repousa bem agasalhada para que finte mais depressa.

Mas a D.ª Maria não descansa muito. É tempo de tender, dar forma ao pão.

No forno, já o Zé Parafuso prepara a lenha a que vai chegar o lume.

1- CARUMA2- VIDES3- RAMOS DE MIMOSA4- RODOURO5- VASSOURO6- PÁ7- FORNO

O rodoiro gira nas mãos do forneiro que não se cansa de aliviar a lenha. O forno quer-se bem quente e sem fumo.

Com o vassouro faz-se a limpeza. A D.ª Maria já chegou com os pães no tabuleiro e agora é um ver se te avias a meter no forno.

Cá fora cresce a água na boca do Zé.- Que cheirinho!

E à hora do almoço toda a gente vai provar da fornada.

O tio Manuel da moleira, a D.ª Maria, o Zé e as vizinhas deliciam-se com o pão de Moinhos do Rio. O Quim devora o seu bolito…e o gato?

- Não viram o Tareco?Debaixo da mesa não se perdem as migalhas.

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