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FACULDADES INTEGRADAS SIMONSEN
CURSO DE HISTÓRIA
O IMPACTO SOCIAL DA EXPANSÃO METROPOLITANA DO CENTRO DO RIO DE
JANEIRO NO INÍCIO DO SÉC. XX: A AVENIDA CENTRAL
Nilton Hugo Vicentin Silva
RIO DE JANEIRO
2011
Nilton Hugo Vicentin Silva
O IMPACTO SOCIAL DA EXPANSÃO METROPOLITANA DO CENTRO DO RIO DE
JANEIRO NO INÍCIO DO SÉC. XX: A AVENIDA CENTRAL
Monografia apresentada às Faculdades
Integradas Simonsen em 02/07/2012,,
como requisito para a aprovação na
disciplina Trabalho de Conclusão de
Curso, ministrada pelo professor
Fernando Gralha
RIO DE JANEIRO
2012
Nilton Hugo Vicentin Silva
O IMPACTO SOCIAL DA EXPANSÃO METROPOLITANA DO CENTRO DO RIO DE
JANEIRO NO INÍCIO DO SÉC. XX: A AVENIDA CENTRAL
Monografia apresentada às Faculdades
Integradas Simonsen em como requisito
para a aprovação na disciplina Trabalho
de Conclusão de Curso, ministrada pelo
professor Fernando Gralha
.
Aprovada em _______/_________/________
________________________________________________________________
Fernando Gralha
RIO DE JANEIRO
2012
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 5
CAPÍTULO 1: O RIO DE JANEIRO NO INICIO DO SECULO XX.
1.1- Panorama Geral da Cidade no Inicio do século XX............................................6
1.2 - Pereira Passos......................................................................................................7
1.3 - O grande canteiro de obras e suas discussões.................................................... 9
1.4 – As duas frentes de atuação.................................................................................10
1.5- A Revolta da Vacina ..........................................................................................11
1.6- A Avenida Central .............................................................................................14
CAPITULO 2: O RIO DE JANEIRO APÓS A AVENIDA CENTRAL
2.1- Acabando com velhos hábitos............................................................................17
2.2- Os novos costumes.............................................................................................19
2.3- A outra face da moeda .......................................................................................21
2.4- A brecha social do Carnaval .............................................................................23
2.5- Começando novos hábitos ................................................................................24
2.6- A “camaliosidade” carioca ,o poder de adaptação............................................ 26
CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................29
Introdução
Meu objetivo com esta pesquisa é procurar entender como uma mudança geográfica e estrutural urbana conseguiu mudar o padrão de pensamento de toda uma cidade. Pois com as transformações físicas, vieram também as transformações de mentalidade assim também mudando a realidade do cidadão carioca do inicio do século 20.
Com a república ainda se consolidando e legitimando o seu poder, era de estrema necessidade que se se realiza um ato, um feito que se retira de vez do imaginário popular a lembrança do Brasil português e acima de tudo retira-se a recém-impressão do império de acabará de cair para dar lugar ao novo sistema de comando a republica, que ainda se encontrava com poucos anos de vida e sem consolidação politica.
O melhor modo encontrado pela elite da época foi apagar por completo a lembrança do império, dar ênfase aos valores e ideias republicanas, fixando assim a ideia e o poder da republica de uma vez por todas, inspirando-se nas obras de Paris a elite da época decidiu por fazer uma reforma na antiga capital do império e agora capital da republica a cidade do rio de janeiro. Redefina-la em um todo, transforma-la por completo, expandi-la, assim fazendo com que o povo e a cidade “esquecessem” assim seu passado imperial e legitimando a republica.
Para esta tarefa o prefeito da época Rodrigues Alves, nomeou o engenheiro Francisco Pereira Passos nomeando-o prefeito da cidade do Rio de Janeiro (naquela época prefeitos eram nomeados).
Ele tinha por missão reestruturar a cidade, transforma-la em um polo de modernidade e tecnologia, para o resto do Brasil. E a maior transformação foi à construção da Avenida Central, construída para ser o símbolo supremo, do poder e modernidade da republica com suas ruas largas e calçadas cheias de vitrines e lojas de artigos importados e seus prédios altos e de arquitetura moderna uma completa novidade para época.
Com tudo não bastava somente mudar a infraestrutura da cidade, era necessário também transformar o cidadão que nela habitava para isso Pereira Passos fez com que fossem vigoradas medidas para “disciplinar o cidadão formas de” cercear os hábitos e costumes que o cidadão cultivava há séculos como modo de viver e se portar, essa era um tentativa de moldar “o novo cidadão carioca”, fazendo-o assim esquecer suas raízes e costumes originais, as elites tentaram construir e programar tendências no modo de se vestir, se portar e na cultura do cidadão trabalhador carioca. Porém o cidadão carioca se adaptou as essas tendências não as aceitando, mas as moldando também as suas conveniências originando assim um novo tipo de cidadão totalmente diferente do que a elite esperava.
1
O IMPACTO SOCIAL DA EXPANÇÃO
METROPOLITANA DO CENTRO DO RIO
DE JANEIRO NO INICIO DO SÉC XX: A
AVENIDA CENTRAL
CAPITULO 1 O RIO DE JANEIRO NO INICIO DO SECULO XX.
1.1- PANORAMAS GERAIS DA CIDADE NO INICIO DO SÉCULO XX,
No inicio do século passado a cidade do Rio de Janeiro era o centro econômico e politico de
todo o pais. A cidade era por assim dizer a “caixa de ressonância” para o resto dos pais, tudo o
que se referia à cultura, educação e tecnologia que vinha da Europa entrava pelos portos do
rio de janeiro e tudo oque saia também não só economicamente, mas também culturalmente,
saia pelo rio de janeiro à imagem que o mundo tinha dos pais era a imagem da cidade.
Com tudo a cidade do Rio de Janeiro era pequena, com uma alta densidade populacional
concentra em um único ponto especifico o centro da cidade, principalmente nos cortiços que
existiam em grande numero. A elite carioca e aqueles que tinham um poder aquisitivo um
pouco melhor que o resto da população viviam afastados do centro do da cidade, oque, diga-
se de passagem, era um lucho para poucos, pois a maioria da população (a classe pobre)
morava em cortiços de no máximo dois cômodos com um único banheiro por andar. E não
podiam sair desses espaços, pois não podiam se afastar do mercado de trabalho que era no
centro.
Na cidade faltava de quase tudo desde agua a saneamento de esgoto e coleta de lixo, por isso
eram grandes o numero de doenças como tuberculose, malária, febre amarela, varíola, tifo,
berberi entre outras, era uma verdadeira “crise sanitária”, que só aumentava com a constante
migração de outros estados para cidade do rio de janeiro. Quando Rodrigues Alves assume a
presidência do Brasil, ele encontra todos os elementos necessários para fazer um bom governo
graças ao governo de Campos Sales quem estando na presidência, pois a frente do Ministério
da Fazenda o economista Joaquim Murtinho, que elaborou um plano financeiro que foi
coroado com êxito. Porém a população pagou um alto preço por essa estabilidade econômica,
sofrendo com os efeitos de um grande desemprego e da crise. Porém, os capitais estrangeiros
retornavam lenta e gradativamente, isso fez com que se cria-se um período de relativa
estabilidade politica.
Com tudo ele assume a presidência do Brasil com uma missão criar uma identidade para a
república recém-formada, era necessário algo que muda-se a visão que a população e o resto
do mundo tinha do Brasil, que legitima-se de vez o poder e a credibilidade do estado
republicano, era preciso uma grande reestruturação, retira-se do pensamento da população o
idéia de império brasileiro que ainda era muito forte e viva entre as pessoas principalmente os
pobres.
Porém ai estava a grande questão “como fazer isso, como legitimar esse governo”? retirar do
imaginário popular essa identidade ou até melhor, essa mentalidade imperial que teimava em
se extinguir. A resposta era reformar a antiga capital imperial transformá-la em um símbolo da
grandeza e do orgulho republicano, retirar aquele ranço imperial e português que estava
espalhado pelas paredes e arquiteturas da cidade. Era uma idéia genial transforma o antigo
velho, gasto e depauperado coração do império em um novo motor da republica, uma cidade
nova moderna elegante que não se deixa nada a desejar as cidades da Europa e que pode-se
servir de exemplo para o resto dos pais como exemplo de civilidade e modernidade, e o mais
importante de tudo como um símbolo da gloria republicana.
1.2- PEREIRA PASSOS.
Francisco Pereira Passos nasceu em 1836 em uma nobre família de cafeicultores, no Vale do
Paraíba, em São João do Príncipe. Já em 1852 ingressa na escola militar para cursar
engenharia contra a vontade paterna, que queria que ele fosse bacharel em direito. Após se
formar na academia militar em engenharia, torna-se adido á legação em França, indo para
Paris. Foi nessa época que Pereira Passos se preparava e tomava conhecimento do cabedal de
conhecimento arquitetônico e de engenharia que serviriam de inspiração para seu futuro
trabalho como prefeito do Rio de Janeiro.······················.
Na França, trabalha na construção de estradas de ferro. Retornado ao Brasil, por duas vezes
ocupa o cargo de técnico em obras publicas, uma vez no Ministério da Agricultura e Obras
Publicas e outra no Município Neutro. Elabora em 1875 o “Relatório da Comissão de
Melhoramentos da Cidade do Rio de Janeiro”. Relatório esse que apontava os principais
problemas da cidade do Rio de Janeiro nas áreas de urbanização e saúde publica e apontas as
devidas soluções para esses problemas.
Depois se dedica a construir e administrar algumas estradas de ferro. Em 1884 retorna ao Rio
de Janeiro para construir o caminho férreo para o Corcovado, obra que era tida até então como
uma das mais notáveis no campo da engenharia. Passos também e um dos fundadores do
Clube de Engenharia, porém não participava ativamente das atividades do mesmo. Em 1902
aos 66 anos Pereira Passos aceita o convite de Rodrigues Alves para assumir a prefeitura do
Rio de Janeiro (até 1935 os prefeitos do distrito federal eram nomeados pelo presidente da
república.), mas como dito no livro de Oswaldo Porto Rocha, “Era das Demolições”, ele
impõe uma condição: a de governar com carta branca, passando por cima da Câmara dos
Vereadores, exigindo modificações na legislação vigente. Por isso um dia antes de Pereira
Passos tomar posse, as atividades do Conselho Municipal são suspensas, o quê confere ao
novo prefeito um extraordinário poder de decisão, ele podia decretar impostos, fazer
empréstimos, desapropriar imóveis e etc.
Passos acreditava que os problemas políticos da prefeitura se resolveriam com o fechamento
da Câmara, ele também fez questão de enfatizar que estava acima das questões politicas,
Passos abusa e muito de sua influencia junto à presidência tomando posse na prefeitura no dia
3 de janeiro de 1903, antes mesmo do decreto de sua nomeação ser publicado. Também
deixando muito claro que seu objetivo como prefeito da cidade era o de governar a cidade, de
acordo com princípios técnicos e científicos, para isso vai cercar-se de técnicas não muito
conhecidas, porém de competência comprovada. Portanto encontram-se a frente de diversas
comissões criadas por ele, destacando a mais importante delas a Comissão da Carta Cadastral,
chefiada por Américo de Souza Rangel, vários engenheiros, Passos queria se cercar de
pessoas instruídas que tivessem conhecimento de causa daquilo que estava chefiando para
diminuir assim a possibilidade de falhas erros na chefia das comissões que criava e assim
resguardar de erros sua principal meta que eram as reformas. Outros nomes quem podem ser
encontrados na chefia dessas comissões são os de Carlos Augusto Nascimento e Silva,
Alfredo Lisboa, Paulo de Frontin, Francisco Bicalho, e o ate então desconhecido na época o
médico sanitarista Osvaldo Cruz, esse ultimo incumbido de umas das mais difíceis tarefas e
de uma das mais contestadas comissões criadas por Pereira Passos e Rodrigues Alves a
Diretoria Geral de Saúde Publica que tinha por missão sanear o Rio de Janeiro, acabando com
as epidemias, sobre tudo com as mais graves que eram a peste bubônica, a febre amarela e a
varíola, mas este assunto será mais bem tratado mais frente.
1.3- O GRANDE CANTEIRO DE OBRAS E SUAS DISCUSSÕES.
Reformar a cidade do Rio de Janeiro coincidia com os valores e interesses tão
importantes aos republicanos do inicio do séc. xx, valores como ordem e progresso e
interesses econômicos que de certa forma eram tão importantes como os valores republicanos.
Porém e claro essa reforma não viria sem algum tipo de resistência, o Clube de Engenharia1
fora palco de muitas dessas discussões e debates, os que eram favoráveis à reforma alegavam
valores de “progresso”, “civilização” e propósitos como a “regeneração estética e sanitária”
arrasando e apagando a “cidade colonial, atrasada, antiestética, suja e doente”. Os que eram
contra a reforma acusavam os que eram a favor de “considerar a sociedade como um plano e a
humanidade como uma figura ambulante de geometria, […] de governar senão por meio de
retas e como as questões […] politicas e sociais não podem ser assim resolvidas,
impacientam-se e dão por paus e pedras”. Havia aqueles também que consideravam os gastos
com a reforma da cidade um imenso exagero, como e retratado no poema de Bastos Tigre:
“Por água clama o Rio de Janeiro,
A todo instante em fúria desabrida, E o Governo escutando seu berreiro Mata – lhe a sede? Não! Faz avenida.”. […] “ Em nossos tempos de neurastenia,2 Está grassando a avenidomania, Moléstia de feição a mais grotesca Por isso, quando no café do Brito Pede-se um copo d água, Ouve-se um grito: - Garçom, um copo de avenida fresca.3”
Considerando assim os gastos com as reformas da cidade um sintoma da “febre de grandezas” 4das autoridades da época, pois enxergavam em projetos como o da Avenida Central, uma
obra de “admirável embelezamento”, mas ainda condenável, tendo em vista a situação de
miséria em que se encontra a maior parte da população da cidade na época. A modernização
ou a não modernização da cidade era uma discussão travada bem no amago da elite carioca na
tentativa de se estabelecer valores que representavam o passado, e aqueles que apontavam o
futuro, redefinindo drasticamente o uso social da cidade.
“Como sintetizou Maria Alice Rezende de Carvalho, o progresso era como fachada, não
convencia, não integrava, não incorporava as massas, [e] não condicionaria, portanto a
1 Clube de engenharia fundado em 1880 por engenheiros, entre eles Pereira Passos e indústrias do rio de janeiro.Kok, Gloria . Rio de Janeiro na época da av. Central. Pg 39 São Paulo , Bei comunicação, 2005.
2 Neurastenia: 1.psicol. Afecção mental caracterizada por astenia física ou psíquica, grande irritabilidade, cefaléia, e alterações de sono. 2. Pop. Mau humor.
3 Kok, Gloria . Rio de Janeiro na época da av. Central. Pg 39 São Paulo , Bei comunicação, 20054 “febre de grandeza”: conceito criado na época das reformas usado por aqueles cidadãos da sociedade carioca
do inicio do séc. xx para identificar e descrever aqueles que eram a favor das drásticas e absurdamente caras reformas que tomavam conta do rio de janeiro naquela época. 1 Idem pq 40
experiência dos homens a uma nova ética social de caráter universalista” 5.
1.4- AS DUAS FRENTES DE ATUAÇÃO.
As reformas da cidade do Rio de Janeiro tinham duas frentes principais de atuação, ou
melhor, dizendo estruturou-se sobre duas obras principais, a construção da avenida central e a
reforma do cais do porto. Essas duas reformas eram o foco principal para a total
reestruturação da cidade, pois com essas duas reformas como carro chefe de seu plano de
grandes intervenções na cidade, ele podia reestruturar completamente o resto da cidade que
também era intenção dele desde o inicio das obras uma completa reestruturação da cidade não
só física como também ideológica e mental. Pereira Passos tinha planos de alargar ruas e abrir
avenidas como a Mem de Sá, a Salvador de Sá, a Beira-mar e é claro a Avenida Passos6·.
Nas proporções e no volume que aconteciam as reformas estavam radicalmente mudando o
fluxo e a circulação de pessoas, mercadorias e veículos nas vias urbanas, estimulando novas
formas de uso e ocupação do espaço público, manifestando assim na população mesmo que de
forma latente uma forma de adaptação e resistência ao sistema que começava a ser
implantado, mas isso veremos mais a frente do discorrer da pesquisa.
O porto do Rio de Janeiro era o mais importante do país no final do séc. 19, graças ao seu
grande volume de importação e exportação. Era imenso o volume de cargas e mercadorias que
desembarcavam dos transatlânticos para as chatas, alvarengas ou saveiros que atracavam nas
minúsculas docas da alfândega, que eram de lá distribuídos para os armazéns ou trapiches.
Porém o sistema portuário, e o porto em si eram ineficazes e insuficientes para atender o
grande volume de movimentação comercial. O engenheiro Francisco Bicalho, ficou a frente
das obras do cais do porto, contando com um grande investimento para a época uma quantia
de 8.500.000 libras que o governo obteve de um empréstimo em Londres, quantia essa muito
acima dos padrões para qualquer obra pública no Brasil até então. Esse investimento previa a
construção de um cais acostável desde s Praça Mauá até o canal do Mangue (3.500m), a
retificação do traçado litorâneo e o aterro de 175.000 metros quadrados de orla. O novo porto
foi equipado com 52 armazéns novos, 52 guindastes elétricos, para ajudar o acesso ao porto
ampliaram-se as linhas das estradas de ferro da Central do Brasil e Leopoldina e construiu-se
a nova Avenida Rodrigues Alves. Essas obras do cais do porto foram feitas por uma empresa
inglesa, essa obra representou já representou uma grande transformação da cidade que teve
5 2 ibidem6 A avenida Passos foi inaugurada ainda em 1903 e assim denominada em homenagem ao prefeito.
seu relevo natural geográfico arrasado como exemplo o morro do Senado que fora extinto
para a terra ser usada no aterro do porto e também metade do morro do castelo e suas
respectivas casas foram demolidas próximo ao Convento da Ajuda para a abertura da Avenida
Central.
O primeiro trecho de 500m do novo cais do porto foi inaugurado em novembro de
1903 já no final do mandato do presidente Rodrigues Alves. Inauguração oficial, no entanto
foi em julho de 1910, já no governo do presidente Afonso Penna o cais do porto
completamente reconstruído e ampliado contava com 2.700m de extensão, porém já eram
insuficientes para o escoamento e a entrada de mercadoria que entrava pelo país pelo porto do
rio de janeiro. Essa foi umas das frentes de atuação das grandes reformas de Pereira passos.
A outra frente de grande importância nas reformas e cujo também e meu principal foco
de pesquisa nesta dissertação e a Avenida Central, na época de sua abertura a Avenida Central
rasgou o coração da cidade do cais situado na Prainha (atual Praça Mauá), até a praia de Santa
Luiza, assim se ligando com a Avenida Beira-Mar. A Avenida Central foi o símbolo maior das
reformas.
1.5- A revolta da vacina.
Como diagnosticavam os médicos da época a cidade do Rio de Janeiro era uma cidade suja e pestilenta, um corpo doente que só iria se restabelecer, por meio de rigorosas medidas sanitárias.
E para cura-la completamente era primordial a intervenção do poder publico, com uma politica sanitária que se ataca o foco da doença, tudo absolutamente tudo que se trouxe perigo a saúde. Uma policia medica verdadeiramente intervindo diretamente na vida social dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro. Que se transforma o que fosse julgado “atraso” e “desordem” em “progresso” e “ordem”.
Esses higienistas na realidade começavam a introduzir a prática da medicina social na cidade do Rio de Janeiro. As epidemias e doenças pestilentas tinham duas causas principais às “causas naturais”, relacionadas com os aspectos geográficos da cidade, (calor, umidade, ventos, chuvas, etc...), e as “causas urbanas”, (habitação, trabalho, alimentação, saneamento básico) da população pobre.
O escolhido para essa tarefa tão importante, tão importante quanto à construção da própria Avenida Central, a tarefa de tornar a cidade mais habitável foi o medico sanitarista Osvaldo Cruz, assumindo a chefia da diretoria Geral de Saúde Publica, sua missão simultânea a politica das reformas era sanear o Rio de Janeiro.
A peste bubônica, doença infecciosa do rato, transmitida ao homem pela pulga, foi combatida por brigadas sanitárias que vasculhavam armazéns, becos, cortiços e hospedarias, essas brigadas espalhavam raticidas e mandavam remover o lixo. Porém a situação na cidade estava tão grave que a solução foi usar a criatividade, para tentar melhora-la, a curiosa solução encontrada foi passar a comprar ratos. Funcionários da prefeitura percorriam as ruas do centro e dos subúrbios pagando uma quantia de 300 réis por rato capturado pela população. Em
pouco tempo os casos dede peste bubônica, e os ratos diminuirão consideravelmente. Para combater a febre amarela transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, Osvaldo Cruz criou o Serviço de Profilaxia da Febre Amarela, uma de suas ações principais foi formar as brigadas de “mata-mosquito” que interviam e atuavam por toda a cidade combatendo os focos do mosquito e da epidemia. Ao mesmo tempo, funcionário da Limpeza Publica quase sempre acompanhado de força policial entravam nas casas, das pessoas para inspecionar as condições de saúde, e providenciavam a remoção do lixo, a desinfecção dos reservatórios de água, ralos, bueiros, valas e tanques, desocupavam sótãos e porões e confiscavam galinhas e porcos. Uma parte da brigada de encarregava de matar as larvas do mosquito em depósitos de água a outra lançava piretro e enxofre nas casas para matar os mosquitos.
Esta brigada podia interditar e demolir prédios que se considera que não atingiram as normas de saúde. Quanto aos doentes, os mais ricos se isolavam em suas casas e os pobres transferidos para hospitais públicos, onde a estrutura precária não permitia um bom atendimento a todos.
Também havia o caso da invasão de privacidade, o povo carioca se sentia invadido com essas intervenções, pois as brigadas reforçadas por força policiais entravam nas casas das pessoas sem pedir autorização, vasculhavam seus imóveis e se se encontra algo de errado botavam a baixo, essa falta de consideração com o cidadão, estava acabando com a paciência do povo e deixando a convivência pacífica muito difícil de ser mantida.
No dia 5 de janeiro de 1903era aprovado, com base no Código Sanitário, o decreto n° 1.151 que autorizava a interdição e demolição de prédios, obras e construções. Segundo este decreto elas deveriam ser feitas segundo o Código sanitário.
Da mesma forma que se combatia a Febre Amarela, também era combatida a Varíola, doença transmitida por um vírus, nela também foram empregados métodos autoritários. Uma prova disso e a lei que transformaria a cidade em um palco do sangrento episódio conhecido como revolta da vacina, essa lei tornava obrigatória à vacina contra a varíola, essa obrigatoriedade foi à gota de água que faltava para transbordar o balde, de repente todas as insatisfações populares se juntavam.
Aprovada em 31 de outubro de 1904, por iniciativa de Osvaldo Cruz, a lei da vacina obrigatória determinava a vacinação da população em todo território nacional, prevendo penas que variavam de pesadas multas, a proibição de trabalhar. A lei e acima de tudo os métodos adotados para que ela fosse cumprida geraram as reações de uma grande parte da população, que por sua vez, também foi insuflada pelos opositores do governo. Havia igualmente grande desconfiança quanto à eficácia da vacina ou objeções de fundo religioso.
A insatisfação das medidas era uma das poucas coisas em que tanto elite quanto classe trabalhadora concordava, por desconfiança na eficácia da vacina e por desconhecimento as duas classes se revoltavam contra a obrigatoriedade de tomar a vacina. Muitas pessoas temiam ser inoculadas com o vírus da vacina, e ficarem doentes, em setembro de 1904, um cidadão reclamava nas páginas do jornal do Brasil: “Porventura se deve rasgar as carnes do indivíduo para inocular-lhe os germes de uma moléstia que ele não tem?”.
No dia 10 de novembro de 1904, a agitação popular tomou conta de vários pontos da cidade. Aglomerações formavam-se na Rua do Ouvidor, na Praça Tiradentes e no largo São Francisco de Paula, onde cidadãos discursavam e insurgiam a população contra a lei e o regulamento da vacina obrigatória.
No dia seguinte, a liga contra a vacina obrigatória, presidida pelo senador Lauro José, que também era oficial do exército e estava sendo apoiada por sindicalistas operários, catalisou a insatisfação popular. Sem a participação de alguns lideres um comício marcado no Largo de
São Francisco de Paula, contribuiu em muito para que o movimento sai-se rapidamente do controle das lideranças, ocasionando violentos confrontos entre a policia e os grupos populares. O centro da cidade tomado pelas reformas de Pereira Passos transformou-se em um palco de guerra, a população se armava de paus e pedras retiradas do entulho das obras, para enfrentar a cavalaria e a infantaria do governo.
O numero de mortos e feridos crescia a cada dia, durante quatro dias, as autoridades perderam praticamente todo o controle sobre as regiões central da cidade e o bairro da Saúde e Gamboa. A população revoltada enfrentava como podia a policia com gritos de “Morra a policia e abaixo a vacina.”, tendo a situação saído do controle o governo pediu ajuda ao exército, a marinha e a guarda nacional. Os rebeldes depredaram tudo oque encontram pelo caminho, iluminação publica bondes, e com os destroços da depredação erguiam barricadas.
Os revoltosos causaram uma grande destruição na cidade, surpreendente para a época e sobre o liderança do negro conhecido como Horácio José da Silva “o prata preta”, os manifestantes organizavam barricadas e tentavam enfrentar a policia.
Mas o movimento não durou muito mais tempo, sem uma liderança fixa, logo o movimento de revolta se desorganizou. E também não tinham armas nem munição para enfrentar as forças armadas do exercito e da marinha que se preparavam para tomar essas localidades, tão rápido quanto à revolta começou ela acabou quando os rebeldes viram os navios de guerra da marinha apontando seus canhões para eles e se deram conta de que eles eram os alvos. Fugiram deixando todas as armas para trás. Os manifestantes capturados foram condenados ao exilio no acre estado que o Brasil acabara de comprar da Bolívia, essa era a sentença deles desaparecer.
1.6- A AVENIDA CENTRAL.
Sem o menor risco de errar como foi dito acima a Avenida Central inspirada no
modelo dos bulevares franceses, a Avenida Central, foi construída com 1.800m de
comprimento e 33m de largura, deveria se tornar um parâmetro da modernização urbana na
América do sul, superando ate mesmo a Avenida Maio7 segundo seus construtores, foi o maior
símbolo da transformação e da reforma que a cidade sofria. Foi uma obra que cortou ao meio
o centro da cidade, foram desapropriados em seis meses cerca de 550 prédios que foram
desapropriados mediante indenização aos proprietários, obviamente se a autoridade da época
não os considera-se “em ruínas”. As demolições começaram pelo prédio numero 25 da Rua da
Prainha em 28 de fevereiro de 1904, e fora dividida em três distritos a área central da cidade
por onde se faria a Avenida Central, logo se ternou um imenso canteiro de obras, no inicio dos
trabalhos só havia picaretas, pás, muita dinamite e saveiros e carroças de burro para carregar o
entulho. Ao passar das primeiras demolições, foi instalada uma linha de bonde elétrico para
transportar os materiais de demolição, enquanto carroças movidas à tração animal carregavam
7 A Avenida Maio em Buenos Aires construída na mesma época da Avenida Central com os mesmo parâmetros tinha apenas 30m de largura e 1767m de comprimento em quanto à av Central fora construída com 33m de largura e com 1.800m de comprimento superando em 33m sua rival argentina feito esse alegado ter sido feito de propósito por seus construtores.
o entulho. Dia e noite milhares de operários trabalhavam em condições precárias.
As demolições arrasaram cortiços, casas de cômodos, oficinas, pequenas fábricas e
estabelecimentos comerciais. Como já dito anteriormente nesta dissertação às reformas
acarretaram em transformações irreversíveis na geografia da cidade, o morro do Senado foi
posto a baixo, no morro do São Bento usaram de dinamite já que o morro era feito
praticamente todo de granito para dar fim a uma grande escadaria de pedra que dava acesso á
caixa d' água que existia no local, o morro do castelo local de residência de varias famílias
imigrantes e berço histórico da cidade, teve suas abas cortadas, sendo que as casas de uma de
suas encostas foram postas a baixo, para dar lugar à avenida e por ai vão muito outros morros
ou foram semi derrubados ou desapareceram completamente.
Porém as obras de demolição tinham muitos outros propósitos, mais graves que a mera
retirada e derrubada dos “materiais apodrecidos” dos tempos de colônia e império, elas
desabrigaram uma enorme parcela da população da época que morava no centro do rio de
janeiro, muitas dessas famílias moravam em casas de cômodos ou cortiços no centro da
cidade. Eles tinham um prazo estipulado pelo governo para sair do local, e só os donos dos
imóveis é que recebiam indenização por parte do governo. Aquelas pessoas que viviam de
alugueis nesses imóveis eram despejadas sem nenhuma satisfação por parte do governo. E
sem ter para onde ir e desesperados diante das demolições da prefeitura, os moradores não
eram ouvidos, integralmente desamparados muitos assistiram a demolições de prédios
inteiros, como o seminário São José, iniciada mesmo antes mesmo do final do prazo
estipulado pelas autoridades da cidade. O “bota-a baixo” 8 como ficaram conhecidas às obras
de Pereira Passos; desestruturava, desequilibrava assim a vida de milhares de famílias que
viviam no centro do Rio de Janeiro. Com tudo subiram vertiginosamente o preço dos imóveis
na região nesse período, agravando muito mais a crise de moradia.
Houve uma grande alteração no fluxo demográfico populacional nas freguesias
centrais do Rio, as mais antigas e que desde o séc. 19 abrigavam a maior parte da população
da cidade (a maior parte pobre que morava em habitações coletivas), porém com a Avenida
Central, essas freguesias sofreram uma enorme queda demográfica. Como os moradores
dessas freguesias não eram proprietários dos imóveis foi forçado a se mudar para outras áreas
da cidade, sem qualquer tipo de indenização.
As demolições do centro da cidade ocasionaram o povoamento dos subúrbios e, 8 A reforma de Pereira Passos demoliu, ao todo cerca de 2.700 prédios, ficando por assim conhecida como a
época de “bota-a baixo”. Kok Gloria .Rio de Janeiro na época da av. Central. São Paulo. Bei comunicação, 2005. pg 52.
principalmente, dos morros, já que estes no centro ou nos bairros mais próximos das zonas
norte e sul, não ficavam distantes do mercado de trabalho. A abertura da Avenida Central
mexeu com o cotidiano de inúmeros proprietários de cortiços, ordens religiosas e famílias
pobres, todos de alguma forma foram retirados do centro do Rio de janeiro. Com tudo, houve
também uma grande valorização imobiliária, com a construção de novos prédios; os negócios
imobiliários favoreceram setores do comércio (principalmente os de importação), dos meios
de transporte e da construção civil, estes últimos encarregados da construção da própria
Avenida Central e de muitos outros imponentes edifícios públicos e particulares que seguiam
estilos arquitetônicos e rígidos e imutáveis padrões de construção. Tanto que a Comissão
Construtora da Avenida Central chegou, inclusive, a criar normas para a proibição da
construção de prédios baixos e acanhados, todos os edifícios da avenida, deveriam ser
imponentes, grandiosos e majestosos transmitindo, a nova forma da cidade, a cidade
civilizada, culta, educada, a “Paris dos trópicos” por assim dizer.
Capitulo 2 . O Rio de Janeiro após a Avenida Central.
2.1- Acabando com velhos hábitos.
Para as autoridades da época, não adiantaria nada reformar a cidade se não se se reforma
também os hábitos e costumes do povo. Para este propósito de reeducação, a administração de
Pereira Passos recuperou muitas antigas posturas municipais e criou várias novas, com a
intenção de disciplinar os hábitos da população.
Um aspecto importante também a se ressaltar é que algumas dessas medidas implicavam em
pagamentos de impostos e a cobrança de multas, o que acabou proporcionando um grande
aumento na receita municipal. Através dessas medidas ficava terminantemente proibido a
circulação de vendedores ambulantes sem licença pelas ruas do rio, proibiram-se também os
vendedores ambulantes de leite que retiravam o leite das vacas no meio da rua em frente à
casa dos fregueses , assim como a “praga dos vendedores ambulantes de bilhetes de loteria
que, por toda parte, perseguiam a população incomodando-a com infernal gritaria” 9 , e
também a proibição da venda de miúdos de reses em tabuleiros a mostra pelas ruas da cidade.
A imagem de cidade moderna limpa e civilizada também era incompatível com a pobreza, por
essa razão, o prefeito Pereira Passos proibiu a presença dos “tiradores de esmolas e
mendigos”, os encaminhado aos asilos. Justificando assim essa medida: “Muito me preocupei
9 Citação tirada da pagina 46 do livro rio de janeiro na época da av. Central de Glória kok.
com a extinção de mendicidade publica, o que mais ou menos tenho conseguido, de modo
humano e eqüitativo, punindo os falsos mendigos e eximindo os verdadeiros á contingencia
de exporem pelas ruas sua infelicidade, proporcionando-lhes agasalhos e conforto, já no Asilo
de S. Francisco de Assis, já em instituições privadas, que lhes abriram caridosamente as suas
portas.”, porém como não havia asilos suficientes para cobrir a demanda de pessoas
que eram mandadas para os mesmo, e muitos dos falsos mendigos eram soltos, nem sempre as
medidas práticas funcionavam completamente ou não funcionavam de maneira nenhuma.
Como “toque final da limpeza das ruas”, Pereira Passos ordenou o recolhimento e extermínio
de cães vadios que perambulavam pela cidade e a obrigatoriedade da matrícula dos cães que
tivessem donos que mora-se na capital. Uma enorme parte da imprensa da época procurava
ridicularizar o máximo possível às ações e aspirações modernizadoras de Pereira Passos,
algumas medidas de doutrinamento do prefeito eram de certo cunho ineficaz e inútil, e davam
mais motivos da imprensa fazer pouco caso das medidas, como o decreto de 1903, que
prescrevia o uso de escarradeiras nos estabelecimentos públicos e proibia “cuspir e escarrar
nos veículos de transporte de passageiros”. Aqueles que empreenderam as idéias das reformas
viam nos quiosques que estavam espalhados pela cidade, outro símbolo do “atraso” e
“barbárie” que assolavam a cidade. Os quiosques eram pequenas construções de madeira em
estilo oriental, localizadas em praças, largos, e ruas da cidade como as ruas do Ouvidor, do
Ourives, Rua Uruguaiana, Gonçalves Dias, Primeiro de Março.
Eram freqüentados apenas pela classe operária (pobre), que se reuniam neles para comprar
fumo comer broas de milho ou tomar cachaça e café, era um ponto de encontro daqueles
homens, trabalhadores pobres do inicio do século vinte que depois de um dia duro de trabalho
nas fabricas, iam pra se reunir, conversar, relaxar e se distrair depois do trabalho. Porém como
era um ponto de confraternização e encontro da classe pobre era visto como um símbolo do
como dito antes de “atraso” foram todos postos a baixo.
A modernização varria e esmagava tradições populares, e a prefeitura tentava a todo custo
mudar a personalidade e os hábitos do povo carioca; ela interditou o plantio de capim, a
criação de hortas e a criação de porcos na zona urbana, habito esse que praticamente todo
cidadão pobre tinha, para completar sua renda. Todo homem pobre da cidade se me tive a
mínima condição tinha uma pequena no quintal de sua casa ou uma pequena criação de
animais como porcos ou galinhas não só para aumentar sua renda familiar os vendendo em
mercados ou feiras livres pela cidade, mas também como fonte de sobrevivência para sua
família onde a mesma poderia se alimentar em caso extremo ou até para complementar a
alimentação do dia a dia.
Brincadeiras populares de rua foram perseguidas e proibidas, brincadeira de carnaval habita
muito famoso e popular desde aquela época no Rio de Janeiro, a exemplo da brincadeira
conhecida como entrudo que consistia em jogar uma pessoa em um barril cheio de água que
ficavam nas ruas ou nos corredores dos cortiços no carnaval. A pena para os infratores eram
de dois a oito dias de prisão para os que não conseguissem pagar a multa. Praticamente ao
mesmo tempo, preocupavam-se em embelezar a cidade, exigindo dos proprietários a pintura,
concerto, caiação e limpeza de seus imóveis, principalmente das fachadas. Todo este esforço o
prefeito empregava para que o resto da cidade acompanha-se o charme e o glamour da
Avenida Central, que representava a maior vitrine da modernidade e da capacidade nacional,
tanto é quem em 27 de janeiro de 1904, a Comissão Construtora da Avenida Central, abriu um
concurso para projetos de fachadas dos prédios, com prêmios em dinheiro. O concurso
estabelecia que os projetos tivessem liberdade de estilo arquitetônico, mas dentro de um
quadro de referências preestabelecido, como o mínimo de três pavimentos de construção por
prédio, sendo o térreo destinado a lojas comercias, e fachadas de 10, 15,20e 25m de largura,
depois estendidas até 35m.
Transformar o Rio em uma cidade civilizada consistia na mentalidade de época, a construção
de fachadas bem elaboradas, materiais importados, e ornamentos superabundantes. Os
projetos, notadamente ecléticos, apresentavam uma erupção de estilos sobrepostos,
assimilando-se modelos europeus e norte americanos. Absolutamente tudo fluía em uma
direção comum, para a criação de uma cidade-cenário com atributos de uma capital moderna e
“civilizada”, para a tão sonhada Belle Époque carioca.
2.2- Os novos costumes.
As reformas urbanas de Pereira Passos, sem duvida alteraram os costumes e hábitos do povo
carioca, desde o vestuário a maneira de como falavam ou se portavam em sociedade e
principalmente quanto ao uso do espaço publico, grande parte da população pobre teve de
refazer suas vidas, nos morros e subúrbios da cidade, onde se fomentava e explodia a cultura
popular. Já as elites forjadas e estruturadas pelos costumes franceses, passaram a freqüentar
vigorosamente as ruas do centro da cidade, as lojas de artigos importados, modernos
restaurantes, seu “charme” traria ainda mais a Europa para perto do brasil. A Avenida Central
ficou marcada como o inicio da Belle Époque, carioca período esse que se estendeu até a
exposição de 1922.
A Avenida Central desde sua inauguração era a principal área da cidade para se consumir
artigos de luxo importado em lojas elegantes, se reunir em cafés ou confeitarias para uma
conversa social no café da tarde, podendo se ir também a livrarias ou jardins, mostrar as novas
peças do vestuário carioca à moda francesa ou inglesa dependendo da onde vinha o tecido. A
grande influência francesa do que era ser civilizado e educado no Brasil era enorme desde o
século XIX, más com avenida parece que esse peso se multiplicou muito mais, e esse peso se
assimilava aos novos costumes cariocas, como por exemplo, na época da primeira Guerra
Mundial (1914-1918), as pessoas se cumprimentavam na Avenida Central dizendo: “Vive lá
France!” parecia nítido que o “sonho de uma metrópole brasileira que parecia um pedaço da
Europa” se tornaria realidade afinal.
“ E essa mudança foi muito mais que estética, foi uma transformação mental, física, quase
espiritual, para a concepção do novo cidadão ideal carioca, europeizado, muito diferente
daquele cidadão antes da reforma, tão “colonial”,” imperial”; dito sem modos e sem educação
pela elite e que mais importante representava um identidade que não cabia à situação da
época, era um rosto moldado com os anos de historia da cidade e do país, um rosto que
refletia cada marca e experiência pela qual aquele cidadão (pobre) que ajudou a construir a
identidade nacional e cultural dos pais passou,foi uma completa “reconstrução facial”, para a
nova identidade carioca arrasaram uma cultura popular que levou anos se estruturando e
criando modos de se evadir e de se conviver no sistema. Porém essa cultura popular não foi
completamente destruída ela se adaptou mas isso e algo a ser melhor discutido mais a frente.
A elite parecia finalmente estar na sua zona de conforto e com a cidade do jeito que ela
sempre quis por assim dizer. A elite tinha agora delimitado um espaço para transitar e
conviver, onde não precisava mais se aglomerar e disputar espaço com o resto do povo
carioca que se viu remanejado a força para outras localidades do Rio de Janeiro.
Estava se criando um cenário urbano, cosmopolita e moldado pela vida parisiense, onde se
exigia novos figurinos que rompessem com os costumes coloniais e fortalecesse o domínio do
individualismo e da sede de enriquecimento, oque fez ganhar grande importância o “culto da
aparência exterior, com vistas a qualificar de antemão cada individuo.”, ou seja, cada cidadão
passou a valer não só financeiramente, mas moralmente pelas peças de roupa que vestia como
falava onde morava e por onde transitava, a moda foi usada por essas elites com modo de
separação e distinção entre classes, ela queria deixar a massa trabalhadora da sociedade longe
de seu “jardim do sedém bulevar tropical”, onde a sociedade (a elite) carioca se sentia segura
protegida, chica ou start dependendo da onde viesse o modelo e o tecido da peça de roupa que
estavam vestindo. Ali naquela avenida larga com seus grandes e suntuosos prédios de
concreto e vidro, a elite se sentia mais perto da Europa, se sentia mais na moda e ligada ao
mundo, acompanhando uma tendência globalizada a.
A imposição feita por essa elite de como se portar, de como falar e se vestir era tão forte e
autoritária que levou a aprovação de uma lei que tornava obrigatório o uso de paletó e sapatos
para todas as pessoas. “o objetivo do regulamento era pôr termo a vergonha e à imundice
injustificável dos em mangas-de-camisa e descalços nas ruas da cidade.” obviamente a lei não
vingou, apesar de ser preso um cidadão “pelo crime de andar sem colarinho”. Porém isso
demonstra a grande segregação e divisão que ocorria na cidade, mais que nunca aquela “linha
invisível” que separava a cidade estava mais nítida do que nunca.
Até porque não era toda a população que tinha poder aquisitivo para comprar camisas de
linho, paletós e sapatos novos, mensalmente. Muitos tinham apenas uma peça de roupa
melhor que usavam para ir trabalhar ou ir à igreja, entre a população pobre a troca de roupas
entre familiares era comum; não era raro de se encontra a mesma blusa ou o mesmo calçado
em vários irmãos diferentes da mesma família, a roupa trocava de dono conforme o tamanho
dela ia se tornando inadequado ao dono, o mesmo servia para calça e sapatos, este último
motivo de maior cuidado e preocupação, pois não eram raras as vezes que era um único par de
sapatos para vários irmãos que tinham de ficar revezando o tempo de uso. Para essas famílias
era quase impossível transitar pela Avenida Central. Bem diferente da elite que freqüentava o
local, havia a necessidade de estar sempre atualizado e na moda por isso a uma grande
consumação de produtos estrangeiros, isso fomentava o comércio urbano, uma grande “febre”
de consumo tomava conta da elite toda ela queria a “novidade”, “a ultima moda” de a vez
possuir qualquer coisa qualquer bem, mesmo e o mesmo não lhe tive-se serventia alguma.
Ficava bem enunciada a estratégia da elite de segregar e delimitar o espaço da população
pobre aos subúrbios morros e periferias da cidade onde o poder publica pouco se importava de
como elas estariam morando ou em que condições viviam. E ali longe dos olhares repressivos
e do julgo da elite, o povo carioca se restabeleceu e se reinventou a seu modo para achar um
modo de coexistir à borda daquela elite que tanto fez para se separar do resto do povo carioca,
que tanto fizeram para se isolarem em sua “torre de marfim”.
2.3- a outra face da moeda
Apesar do grande esforço da elite de delimitar o espaço urbano na Avenida Central, para uso
próprio da mesma, não foram poucos os segmentos populares que, residindo ou trabalhando
nas imediações, irrompiam de tempos em tempos o novo bulevar, a zona de conforto da elite.
Deixando claro e evidente a tradicional cultura popular carioca. Um jornalista da revista
Fonfom! Reclamava, em 1904, que “quando se entrar na avenida […] descortina-se lá no alto,
a dois passos da formosa artéria, um trecho da África”.
As comemorações populares, além das celebrações oficiais, também seriam feitas na Avenida
Central. Multidões passaram a se aglomerar ao longo do novo eixo central da cidade para
festejar, participar ou simplesmente observar aquele novo cenário urbano. Nessas ocasiões, a
“vitrine” da cidade desvendava a sua pobreza e miséria. Era nessas raras ocasiões que a
“parede invisível” que a elite lutou tanto para levantar vinha a baixo e a luxuosa avenida caia
do “pedestal” e voltava a ser mais uma rua do rio de janeiro como todas as outras onde podia
ser ver em como todas as outras ruas ao redor da Avenida Central, gente pode, trabalhadora,
sem quase nenhum ou sem nenhum poder aquisitivo, eram nessas festas populares que o Rio
de Janeiro se transformava em um só.
Por um breve momento acabavam-se as diferenças e todos os cidadãos era igual, em tudo, o
grande problema e que eram sós naquele breve momento, tão logo as festividades acabassem
e tudo voltava a ser como era, todo espaço urbano de novo delimitado, o povo segregado as
ruas laterais da Avenida Central, aos becos do centro, aos subúrbios e morros cariocas, mas o
importante é que o povo sempre achava uma brecha no sistema de controle da elite para poder
se amostrar o povo sempre que podia mostrava a outra face do Rio de Janeiro, mostrava a
miséria e a pobreza, como bem escreveu João do Rio: “Vícios, horrores, gente de variados
matizes, niilistas, rumai-os, professores russos na miséria, anarquistas espanhóis, ciganos
debochados… todas as raças trazem qualidades que aqui desabrocham numa seiva delirante.”.
Por exemplo, em 1906, romeiros, que variavam em numero de 60 a 100 mil pessoas,
desfilaram em procissão na Avenida Central, por ocasião da festa popular de Nossa Senhora
da penha. Originária de Portugal, essa festa há muito tempo já havia incorporado elementos
das tradições africanas, como toda cultura estrangeira que ao chegar ao rio de janeiro o povo
carioca a mistura e a agrega ao seu modo de ser alterando assim em parte a original criando
uma nova tradição com aspectos que a assemelham a original, porém a deixam com um novo
aspecto único que só ela teria.
O afluxo de romeiros de romeiros gerava segundo Os Pais, “promiscuidade absoluta: o samba
e o batuque, danças típicas, eram apreciados por pessoas de todas as classes que admiravam o
desembaraço e a destreza de nossos patrícios numa dança racional tão apreciada até por
estrangeiros”.
A elite respondeu a essas manifestações populares da pior maneira, pois via seu recanto de
aristocracia e “civilidade” ser tomado pelo povo, sua pequena “Europa” caia em ruínas,
membros intelectuais dessa elite, reagiram desta forma como o poeta Olavo Bilac, indignado
com a emergência dos pobres no espaço urbano moldado para ser Paris escreveu:
“[...] vi passar pela Avenida Central um carroção atulhado de romeiros da Penha: e naquele
amplo bulevar esplêndido, sobre asfalto polido, contra a fachada rica dos prédios altos, contra
as carruagens e carros que desfilavam o encontro do velho veículo [...] me deu a impressão de
um monstruoso anacronismo: era a ressurreição da Barbárie…”.
A sim devo me explicar que essa elite carioca não e uma elite comum puramente econômica
como as outras, ela também era a elite intelectual, econômica, e de estirpe; ou seja, era uma
minoria dominante em todos os aspectos sociais.
2.4- A brecha social do carnaval.
O carnaval antes de qualquer coisa era e continua sendo, a festa mais popular da cidade, onde
as fronteiras sociais se rompiam, e o sistema se invertia pôs quem passava a freqüentar
durante os dias de festa a tão charmosa e glamorosa avenida era a população pobre, que podia
finalmente aflorar sua rica cultura que efervescia nos subúrbios cariocas.
O carnaval se deslocou da travessa do Ouvidor onde antes da construção da avenida os
desfiles aconteciam para a Avenida Central. E lá desfilavam os corsos e se realizavam as
batalhas de confetes, ambas as características do carnaval das elites.
“““ “““ Mas lá também se derramaram os cordões do subúrbio aqueles feitos pelas camadas
mais populares da sociedade carioca como os “Rompe e rasgam”, “Triunfo das ondas do
mar”,” Pés espalhados”, “Rosa de ouro”, entre outros. Esses cordões populares eram a
manifestação cultural de varias crenças ritmos e culturas que ser aglomeraram nos subúrbios
da cidade e lá tomaram nova forma, um novo rosto , um novo jeito de ser e fazer o carnaval ,
ao qual até as elites se rederam e aderiram as festividades.
A inversão temporária da ordem e das hierarquias, culto a alegria, a dança e musica, o
carnaval ajudava a romper as delimitações do espaço urbano e as fronteiras da legalidade,
favorecendo intervenções entre as diferentes camadas sociais. “A influência dos traços
africanos traduziu-se numa vitória cultural e étnica dos pobres”. Naqueles poucos dias os
pobres tinham voz eram ouvidos, notados, conseguiam falar e serem ouvidos por uma elite
que fingia que eles não existiam.
A marcha carnavalesca de 1899, composta por Chiquinha Gonzaga para o cordão “Rosa de
ouro”, de certa forma anunciava que, pelo menos durante o carnaval, a avenida seria do povo.
“Ô abre-alas que eu quero passar
Eu sou da lira
“Não posso negar.”
Era a clara demonstração de que o povo não estava quieto e satisfeito com as repressões que
sofrerá e que ansiava gritar por liberdade.
A população revivia as tradições indígenas e africanas. “Aqueles fantasiados tinham guardado
na memória muscular velhos gestos dos avoengos, mas não sabiam coordená-los, nem a
explicação deles. Eram restos de dança selvagens de onde a maioria deles provinha que o
temo e outras influências tinham transformado em palhaçadas carnavalescas”. Eram essas
raras oportunidades que o povo tinha para voltar às origens lembrar-se de onde vieram serem
eles mesmos. E assim preservar umas das poucas coisas de valor que tinham sua cultura.
Com tudo, a memória das tradições populares e a presença popular nas ruas mesmo durante o
carnaval, foram perseguidas e duramente reprimidas pelas autoridades da época. Os conflitos
eram freqüentes. Em 1901, o desfile de índios foi proibido pelo delegado de polícia:
“A exibição daquela tribo pelas modernas ruas da nossa cidade deporia contra a nossa
proclamada civilização. Pena S. Exma. que uma cidade que possui binóculo, cinematógrafo e
tantas outras expressões incontestáveis de progresso e adiantamento não possam suportar este
espetáculo atrasado...”, porém com muito esforço e adaptação o povo conseguia levar seu
carnaval para a rua.
O carnaval levava para a avenida as vivências das camadas mais pobres turvando por quatro
longos dias, a fragmentação e a segmentação da população carioca, segmentação essa que de
muitas formas a avenida só vinha a reforçar.
2.5- Começando novos hábitos.
Com a Avenida Central a dita “civilidade”, veio também o progresso e novos hábitos
para os cariocas entraram em cena novidades que começam a fazer parte da vida cotidiana da
cidade e de seus moradores podemos começar citando os carros , em 1897, José do Patrocínio,
um dos grandes da campanha abolicionista, foi protagonista de uma nova façanha: fez o
primeiro passeio de automóvel na cidade do Rio de Janeiro. Era um veículo a vapor,
importado da França. Na época foi um tremendo acontecimento. Seis anos mais tarde não
tinha se multiplicado muito a novidade. Só havia seis automóveis em toda a cidade, porém,
em 1910, o quadro era bem diferente, 615 automóveis circulavam pelas ruas da cidade. Era o
fator de consumo desenfreado de novidades européias se movendo, inicialmente esses
automóveis eram de membros da elite, os chamados “homens de fortuna”, que ostentavam sua
Daimler, Packard, Peugeot, Renault, Fiat, Desmobile, e Braseiro. Em meio a vaias e aplausos
o povo assistia a tudo aquilo com desconfiança àqueles soberbos desfiles de luxo e
modernidade, que aumentavam ainda mais a diferença entre as classes sociais, e era um
progresso que a sociedade em geral não acompanhava pôs como eram novidade na cidade não
havia nenhuma legislação e sinalização de transito era uma verdadeira guerra entre pedestres e
motoristas e o numero de acidentes era imenso a cada dia pelo menos uma pessoa era
atropelada.
A vida cultural na cidade também era agitada, havia uma intensa programação cultural.
O povo carioca já contava com dezenas de salas de cinema para assistir a filmes estrangeiros
que chegavam aos pais e aqueles que começavam a ser rodados na cidade, era o fascínio do
cinema começando a tomar conta da cidade, inspirar moda e influenciar as massas, além de
numerosas salas de teatro onde eram assistidas peças operas ou ainda numerosos salões onde
se podia e ouvir musicam de diversos gêneros.
Os ritmos cariocas a musica e a dança tornaram-se presentes na vida dos cariocas de
todas as classes sociais, nas primeiras décadas do séc. XX. Nos bailes da elite carioca por
mais se dissessem modernos e civilizados mantinham o repertório dos tempos imperiais:
polcas, quadrilhas, e valsa se se cantava árias de opera. Enquanto isso nos bailes
carnavalescos do subúrbio o povo fazia nascer por volta de 1870 à primeira dança urbana
brasileira o maxixe, uma mistura de polca com lundu, com tudo o gênero foi proibido e
perseguido pela policia por ter sido considerado uma afronta à moral e aos bons costumes. O
maxixe e uma dança que meche muito com o corpo e a libido considerado uma pouca
vergonha na época. O movimento dos corpos no maxixe é bem descrito no seguinte trecho de
um espetáculo de João Foca e Bastos Tigre (1906).
“O cavalheiro segura
A cavalheira com jeito
Pouco abaixo da cintura
E vai a chamando ao peito.
Ela, a cara, toda terna.
Gruda na cara do moço
E depois perna com perna,
Caem os dois no perereco.
[…] Mas eu gosto é quando a gente.
Incõe o corpo e. erguia.”
O maxixe deu origem ao samba, que também foi perseguido e proibido juntamente
com o violão e a modinha por serem vistos como manifestações culturais grosseiras.
A imprensa no inicio do século20 também teve uma imensa progressão e aumento de
publicações os jornais e revistas aumentaram em gênero numero e grau, como também
aumentou o numero de assuntos, existiam agora revistas que tratavam dos mais diversos
assuntos desde moda e poesia a atualidades da época e comédia o carioca do inicio do século
gostava de se manter informado ainda mais que as revistas da época eram feitas no formato
francês uma novidade na época, e como toda novidade altamente consumida pela sociedade.
Nesse mesmo tempo, surgiu-se a valorização da saúde e do corpo, hábitos saudáveis
que valorizavam o cuidado com o corpo também passaram a fazer parte do cotidiano dos
cariocas, embalados pelos ideais e valores de uma “civilização” moderna nos trópicos. Os
cariocas começaram a se adaptar a hábitos saudáveis mudando sua rotina, uma dessas
mudanças foi à praia começar a ser freqüentada e valorizada, e a praia tinha e ainda tem algo
de especial ela ignora fronteiras, ou seja, aquela delimitação que havia no espaço urbano se
tornava nula. Pois na praia todos eram iguais e tinham os mesmos interesses, e à medida que o
século XX foi avançando a praia foi se tornando cada vez mais um lugar de convívio social.
A vida saudável, nos tempos do início da republica pressupunha também a realização
de atividades físicas como a ginastica e os esportes como o futebol que foi nessa época que
ele se torna o esporte mais popular dos pais. Sendo um esporte primeiro praticado pelas elites,
foi um esporte que logo rompeu barreiras caindo no gosto popular, porém ate pouco tempo
um esporte inteiramente masculino, com a popularização do futebol, o carioca encontrou algo
em comum que unia tanto elite quanto a classe mais baixa, isso ajudou a criar um sentimento
de identidade carioca. Fazendo com que essas duas classes não se repara somente nas
diferenças mais também nas semelhanças.
2.6- A “camaliosidade” carioca, o poder de adaptação.
Com a Avenida Central, houve uma grande transformação não só geográfica mais
também cultural houve mudanças no cenário geográfico com a destruição completa de morros
inteiros, a construção e o alargamento de uma infinidade de ruas da cidade, sem se importar
com o povo (pobre) que vivia na cidade, com isso essa mesma camada da população teve de
criar manobras para se adaptar aos novos tempos que viriam.
As elites cariocas começaram demolindo os cortiços e casas de cômodos do centro do
Rio de janeiro, que era onde a população mais carente vivia e desenvolviam suas vidas,
famílias e circulo social. Essas mesmas famílias não podiam se evadir para longe do centro do
rio, pois era no centro da cidade que estava seu mercado de trabalho, logo fizeram o mais
prático, construíram suas casas nos morros desabitados, e próximos do trabalho.
Durante as medidas dontrinatórias de Pereira Passos, que tinham por função “educar”
o povo carioca, não teve o resultado que a elite da época mentora dessas medidas de
“adestramento” esperavam o povo sempre achava um brecha uma saída, para as tais leis
abusivas que mexiam com o cotidiano e a cultura popular, como no exemplo de só se poder
transitar na Avenida Central de paletó e sapato fechado, a adaptação que o trabalhador carioca
que necessitava andar o dia inteiro embaixo de um grande calor na avenida central fez ele
para não burlar a lei, ele fez um buraco na camisa por debaixo do paletó para correr um ar e
ele não sentir tanto calor, no caso do sapato fechado que na época era feito de coro
extremamente duro e resistente ele usava sandálias ate chegar à avenida e carregava os
sapatos em um saco ao chegar perto da avenida ele trocava de calçado. Podem parecer
soluções simples e de pouca inteligência, mas representaram a única forma de resistência ao
sistema que oprimia uma sociedade mais fraca e sem recursos para se rebelar abertamente. A
elite que no inicio do século XX detinha todo poder intelectual, politico e financeiro tentou
“impor” um novo modelo de cidadão, um cidadão que se combina com os padrões de
modernidade e progresso, tão caros aos republicanos, que se apaga da mente do mundo a
imagem do cidadão colonial provinciano e sem “educação”.
Uma tentativa de se afrancesar o trabalhador carioca, que não saiu como esperado, o
povo ao invés do enfrentamento direto optou por se adaptar a tudo oque o sistema impusesse a
ele assim criando um novo tipo de identidade carioca, que não era aquela q o sistema (a elite)
desejava, mas também não era o cidadão com os mesmos costumes e opiniões de antes da
Avenida Central.
Dessa característica que o carioca tem de pegar tudo o que é estranho a ele e adaptar
para algo cômodo e normal a ele, tornando esse elemento estranho parte de sua cultura
natural.
Conclusão
No decorrer da minha pesquisa cheguei à conclusão de que as reformas, e acima de tudo a Avenida Central, foram formas de legitimar o poder da republica recém-criada, pois a memoria do passado colonial português e principalmente do império estava viva na mentalidade do cidadão carioca a solução encontrada para isso foi, uma completa reformulação da cidade do Rio de Janeiro, através de transformações urbanas com as reformas e demolições que tinham por intuito, retirar da fachada da cidade toda a arquitetura do século 19, reforma essa inspirada como já antes citado na pesquisa nas reformas de Paris, com suas ruas largas e avenidas longas e retas e bulevares que se estendiam por quilômetros, as reformas e a construção da Avenida Central, deixou milhares de desabrigados, o cidadão carioca que não tinha condições de adquirir outra moradia ficava ao relento, pois o governo simplesmente o removia de sua casa sem qualquer indenização ou garantia de moradia, assim muitos trabalhadores perderam suas casas, imóveis que eram considerados de risco ou simplesmente não condiziam com a nova visão de modernidade da época eram postos abaixo sem nenhum aviso. As vilas ou como eram mais conhecidas as “cabeças de porco” que se espalhavam pelo centro da cidade foram quase que todas arrasadas, o trabalhador carioca que não podia se afastar do centro, pois era seu local de trabalho e moravam nessas “cabeças de porco” por não ter condição financeira de ir para um lugar melhor se viu forçado a ir para o alto dos morros, iniciando assim a fluxo de favelização dos morros cariocas.
As elites nesse intuito de transformar a cidade viram que era necessário também transformar o cidadão que a habitava, logo criou medidas sócio educativas de como o trabalhador carioca deveria andar, se vestir, e se portar. Se vestir. Como por exemplo, proibiu o transito de pessoas descalças e sem paletó na avenida central.
Porem essas medidas teve reação não violentas e agressivas, mas pacificas o cidadão carioca se adaptou a essas medidas moldando-as a seu melhor conforto. Essa medidas foram uma foram de se criar um novo tipo de “cidadão carioca”, com tudo não saiu coo a elite planejou, pois oque saiu dessa mistura dos costumes que o trabalhador cultivava e mantinha há séculos com essas reformas, não foi o cidadão esperado pelas elites, mais sim um novo tipo de trabalhador q ainda mantinha suas raízes culturais, porem adaptado as novas regaras e no novo contexto em que estava inserido.
Bibliografia.Coque, Gloria. Rio de Janeiro na época da av. Central. São Paulo. Bi comunicação, 2005.
Rocha, Oswaldo Porto. A era das demolições. Cidade do Rio de Janeiro 1870-1920. Coleção biblioteca Carioca, 1995, 2°ed.
Abreu, Maurício de A. A evolução urbana do Rio de Janeiro. Rio de janeiro. Ilan- rio/ Zahar, 1987.
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