mizael félix da silva neto - cpatsa.embrapa.br · mizael félix da silva neto transferÊncia de...
Post on 02-Feb-2019
215 Views
Preview:
TRANSCRIPT
Mizael Félix da Silva Neto
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS: O Papel da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina - PE / Juazeiro - BA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Linha de Pesquisa 1: Gestão, Mercado e Agronegócio
Gilvando Sá Leitão Rios Orientador
Recife - PE 2006
Dissertação apresentada na linha de pesquisa Gestão, Mercado e Agronegócio no Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural - PADR da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas, realizada sob a orientação do Professor Doutor Gilvando Sá Leitão Rios.
II
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE
Departamento de Letras e Ciências Humanas - DLCH
Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural - PADR
TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS: O Papel da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina – PE / Juazeiro – BA
Mizael Félix da Silva Neto
Dissertação aprovada pela banca examinadora composta pelos professores doutores: ------------------------------------------------------------------- Professor Doutor Gilvando Sá Leitão Rios Orientador – PADR/UFRPE -------------------------------------------------------------------- Doutor Elias Moura Reis Examinador Externo – ACT/Embrapa Semi-Árido -------------------------------------------------------------------- Professor Doutor Fernando Gomes de Paiva Júnior Examinador Externo – CCSA/UFPE -------------------------------------------------------------------- Professor Doutor Tales Wanderley Vital Examinador Interno – PADR/UFRPE
Dissertação defendida e aprovada no dia 15 de dezembro de 2006 no Departamento de Letras e Ciências Humanas – DLCH da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.
III
Dedico a meus pais. Seu Miguel, um homem do “meio do mundo” e a Dona Maria, uma mulher de “dentro de casa” (in memoriam).
IV
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus em sua infinita sabedoria pelo dom da vida e a luz da razão; A meus irmãos, Milton Vianey, Aurene, João Batista e Auri Félix, pelos melhores dias de nossas vidas; A meus filhos, Valéria, Daniela, Aline e Miguel Neto; e netos, Alane, Ananda, Mizael e Rebeca, por me ensinarem a redescobrir a vida; A Ivany Moura, pelo carinho, constância e compreensão em todas as horas; À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, por me conceder o tempo necessário para execução desse trabalho; Ao Doutor Pedro Carlos Gama da Silva, Chefe Geral da Embrapa Semi-Árido; Ao Professor Doutor Gilvando Sá Leitão Rios, pela amizade e orientação na elaboração desse trabalho; Aos Doutores Elias Moura Reis, Fernando Gomes de Paiva Júnior e Tales Wanderley Vital, por aceitarem avaliar essa dissertação; Aos Professores Valdenor Daízio Ramos Clementino e Rodolfo Araújo de Moraes Filho, mestres do início e fim dessa jornada; Aos Funcionários do PADR, em especial a Marlene e Shirley com suas ‘meninas da xérox’, pela atenção e dedicação nas imprescindíveis tarefas de apoio; Ao Doutor Luiz Balbino Morgado, pelos conselhos acadêmicos; A Paulo Pereira da Silva Filho, “Paulinho”, pela ajuda e amizade em todas as horas; Aos mestrandos, Brenda, Carlos Mendes, Daniela, Elder Lopes, João Paulo, Marcelo, Manuel, Patrícia, Solano, Sóstenes e Tânia, porque a vida é a arte do encontro; A Almiro Félix Martins, pela amizade no cotidiano do SRH da Embrapa Semi-Árido; Aos amigos da PLANTEC, em especial a “Chicão”, Manoel Matias, Ramos e Jad pela imprescindível disponibilidade; Aos pequenos produtores dos distritos de irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru que nos receberam em seus lotes com carinho, atenção e presteza; Aos colegas da Embrapa Semi-Árido, Álvaro, Auxiliadora Gomes, Carlos Alberto, Clétis, Crisóstomo, “Cozão”, Deusemar, “Duda”, Eduardo, Elenilson, Eliomar, Escobar, Gilmar, Gislene, Helena, Ivan, Jorge Severo, Joveniano, Josimar e Marcos Elpídio (in memoriam), Juraci, Killiane, Leonardo, Lycia Almeida, Luciano Lima, Luiz Domingos, Luiz Ozório, Marcelo Acioli, Maristela, “Nel”, Oscar, Pinheiro, Renival, “Sabonete” e Sônia Dantas, pela boa convivência e alegria de viver; E a todas as pessoas, que direta e/ou indiretamente ajudaram nessa longa jornada de construção do conhecimento.
V
O tempo é um bem inelástico e de reposição impossível.
VI
S U M Á R I O
CAPÍTULO I - O Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA e a Embrapa Semi-Árido.................................12 1.0 Introdução............................................................................................................................12 1.1 Aspectos Socioeconômicos do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA..........................................20 1.2 Ev olução do Pólo Frutícola e a Embrapa Semi-Árido..........................................................25 1.3 Parcerias da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.................................31 CAPÍTULO II - O Problema da Pesquisa ....................................................................................33 2.0 Tema da Pesquisa................................................................................................................33 2.1 Justificativa da Pesquisa.....................................................................................................33 2.2 Problema Investigado..........................................................................................................37 2.3 Hipótese da Pesquisa ..........................................................................................................37 2.4 Objetiv o Geral......................................................................................................................37 2.5 Objetiv os Específicos..........................................................................................................37 2.6 Importância do Estudo.........................................................................................................38 CAPÍTULO III - Fundamentação Teórica ...................................................................................40 3.0 Histórico da Transferência de Tecnologias Agropecuárias .................................................40 3.1 Globalização e Transferência de Tecnologias .....................................................................44 3.2 Abordagem de Tecnologia...................................................................................................48 3.3 Aspectos Econômicos da Tecnologia..................................................................................53 3.4 Tecnologia e a Cadeia de Valores........................................................................................55 3.5 Modelos de Transferência de Tecnologias..........................................................................57 3.6 Transferência de Tecnologias Agropecuárias na Embrapa .................................................... 62 3.7 Aproximação do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA com o Triangulo de Sábato....................... 63 CAPÍTULO IV - Procedimentos Metodológicos................................................................................67 4.0 Aspectos Gerais da Metodologia de Pesquisa.....................................................................67 4.1 Técnica da Pesquisa - Estudo de Caso................................................................................72 4.2 Observação “in-loco” aos Distritos Nilo Coelho e Mandacaru.............................................73 4.3 Delimitação do Escopo da Pesquisa....................................................................................75 4.4 Os Distritos de Irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru...............................................76 4.5 O Universo e as Amostras ...................................................................................................86 4.6 Aplicação dos Questionários e Observação “in-loco”.........................................................87 CAPÍTULO V - Análise e Interpretação dos Dados.....................................................................89 5.0 Perfil Socioeconômico dos Pequenos Produtores ..............................................................89 5.1 Características dos Lotes ..................................................................................................100 5.2 Nível de Adoção de Tecnologias, Conhecimentos e Inovações.........................................110 5.3 Entrev ista para Avaliação da Imagem da Embrapa Semi-Árido.........................................120 CAPÍTULO VI - Conclusões e Recomendações .......................................................................123 6.0 Conclusões........................................................................................................................123 6.1 Recomendações ................................................................................................................128 Referências Bibliográficas ......................................................................................................129 APÊNDICE A - Formulário de Pesquisa de Opinião Junto aos Produtores de Frutas..............134 APÊNDICE B - Local de Nascimento dos Produtores Entrev istados no Nilo Coelho...............139 APÊNDICE C - Local de Nascimento dos Produtores Entrev istados no Mandacaru................139 APÊNDICE D - Cruzamento de Culturas x Tecnologias x Ações de Transferencias................140 ANEXO A - Cursos, Seminários e Reuniões Realizadas pela Embrapa Semi-Árido em 2004...1401 ANEXO B - Cursos, Seminários e Reuniões Realizadas pela Embrapa Semi-Árido em 2005...147
VII
RESUMO O propósito deste trabalho é encontrar os níveis de adoção de tecnologias, conhecimentos e inovações agropecuárias geradas/adaptadas pela Embrapa Semi-Árido junto aos pequenos produtores rurais dos perímetros públicos irrigados de Mandacaru e Senador Nilo Coelho, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, nos últimos anos. No início são relatados o contexto econômico, social e cultural em que está inserida a Embrapa Semi-Árido, sua estrutura organizacional e seus parceiros institucionais. No segundo capítulo está o problema da pesquisa, o tema, a hipótese, os objetivos, a importância e a delimitação do estudo. O terceiro capítulo trata do referencial teórico, aonde são apresentadas abordagens de alguns conceitos de tecnologia e implicações econômicas de modelos de transferência e, em especial, de tecnologias do setor agrícola. O modelo teórico que ampara o estudo em lide denomina-se “triângulo de sábato” e merece destaque, tendo em vista a aproximação do modelo com a estrutura de produção de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. No quarto capítulo, encontra-se a metodologia utilizada nas diversas etapas de levantamento das informações para elaboração do relatório de pesquisa e são mostrados os elementos utilizados para levantar dados secundários e primários. Relatam-se aspectos gerais da técnica “Estudo de caso”, seu caráter exploratório, descritivo e explicativo e, sobretudo, eclético, as etapas da investigação, a fórmula matemática utilizada para definição do tamanho da amostra, os indicadores, o questionário semi-estruturado, as visitas aos locais delimitados para observação e entrevista. No quinto capítulo, estão os resultados da pesquisa de campo, sumarizados por meio de gráficos, tabelas, quadros e textos sobre o perfil socioeconômico dos produtores e as características dos respectivos lotes, bem como sobre seis tecnologias empregadas como indicadores quantitativos, seis ações de transferência de tecnologias e seis culturas analisadas nesta pesquisa. Apresentam-se, também, as discussões dos resultados junto aos respectivos gráficos e tabelas. No sexto capítulo, estão as conclusões sobre o trabalho e as recomendações decorrentes. No final, encontram-se a bibliografia consultada, dando sustentação a esta investigação e algumas informações adicionais nos apêndices e anexos usados para ajudar a esclarecer as análises sobre uma parte do processo de transferência de tecnologias junto aos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Palavras-Chave: Pesquisa & Desenvolvimento; Fruticultura; Pequenos Produtores; Distritos de Irrigação.
VIII
ABSTRACT
The purpose of this work is to find the levels of adoption of agricultural technologies, knowledge and innovations generated/adapted by Embrapa Tropical Semi-Arid for the small farmers of the irrigated public perimeters of Mandacaru and Senador Nilo Coelho at Petrolina-PE/Juazeiro-BA, in the last years. In the beginning of this dissertation, it is described the economic, social and cultural context where Embrapa Tropical Semi-Arid is inserted, its organizational structure and institutional partners. Ahead, the research problem, theme, hypothesis, objectives, importance and delimitation of the study are presented. The third chapter deals about the theoretical referential. Also, some technology concepts and economic implications of technology transfer models, especially agricultural technologies, are presented. The theoretical model which supports the study is denominated “sabato triangle”, deserving attention, taking into account the proximity of the model with the production structure of fruits at Petrolina-PE/Juazeiro-BA. In the fourth chapter, one can find the methodology used in the several stages of information survey for elaboration of the research report and the elements used for surveying secondary and primary data. General aspects of the case study technique are related, its exploratory, descriptive and explanatory and, above of all, eclectic character, the stages of the investigation, the mathematical formula used for defining the sample size, the indicators, the semi-structured questionnaire, the visits to the defined places for observation and interviews. The fifth chapter shows the results of the field research, presented in graphs, tables, pictures and texts about the socioeconomic profile of the farmers and the characteristics of their respective lots, as well as about six technologies used as quantitative indicators, six actions of technology transfer and six crops analyzed in this study. Also, some discussions on the results are presented together with the graphs and tables. The sixth chapter presents the conclusions and recommendations from the study. At the end, one can find the consulted bibliography supporting this study and some additional information on the appendixes and enclosures used to help to clarify the analyses on part of the process of technology transfer to the small fruit producers of Petrolina-PE/Juazeiro-BA area. Key-word:
IX
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABCAR - Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural; ACT - Área de Comunicação e Transferência de Tecnologia; ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural; BNB - Banco do Nordeste do Brasil; BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China; CA PIM - Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Irrigantes do Mandacaru; CCSA - Centro de Ciências Sociais Aplicadas; CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica; CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco; CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba; CPATSA - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido; C&T - Ciência e Tecnologia; GERE - Gerência Regional de Educação; GPS - Global Posit ioning System; DIMAND - Distrito de Irrigação de Mandacaru; DISNC - Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho; DD - Deliberação de Diretoria; DGP - Departamento de Gestão de Pessoas; EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola EBP - Estação de Bombeamento Pr incipal; EJA - Escolas de Jovens e Adultos; EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; EMBRATER - Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural; FACA PE - Faculdade de Ciência Sociais e Aplicadas de Petrolina; FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação; HDM - Hospital Dom Malan; MA PA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; MEC - Ministério da Educação e Cultura; OEPAS - Organizações Estaduais de Pesquisa; ONG - Organização Não Governamental; PA DR - Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural; PDE - Plano Diretor da Embrapa; PLA NTEC - Planejamento e Engenharia Agr ícola Ltda.; PEA - População Economicamente Ativa; PIB - Produto Interno Bruto; PD&I - Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação; P&D - Pesquisa & Desenvolvimento; SIBRATER - Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural; SR - Superintendência Regional; SNPA - Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária; SRH - Setor de Recursos Humanos; SEBRA E - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; SENAC - Serviço Nacional do Comércio; SENAI - Serviço Nacional da Indústria; SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste; SUVALE - Superintendência do Desenvolvimento do Vale do São Francisco; TT - Transferência de Tecnologias; UD - Unidade Descentralizada da Embrapa; UFPE - Universidade Federal de Pernambuco; UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco; UNEB - Universidade do Estado da Bahia; UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco; UPE - Universidade de Pernambuco.
X
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Participação do Vale do São Francisco no volume e valor da manga exportada pelo Brasil no período de 1997- 2003............................................................................................................21 Tabela 2 - Alunos matriculados no município de Petrolina-PE. em 2005........................................23 Tabela 3 - Ações de Transferência de Tecnologia - TT e Promoção de Imagem da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA........................................................................................32 Tabela 4 - Ocupação Espacial do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho..................................80 Tabela 5 - Estrutura Social do Perímetro de Mandacaru...............................................................84 Tabela 6 - Estado Civil dos Pequenos Produtores........................................................................91 Tabela 7 - Gênero dos Pequenos Produtores..............................................................................92 Tabela 8 - Local de Nascimento dos Pequenos Produtores..........................................................93 Tabela 9 - Local de Residência dos Pequenos Produtores...........................................................94 Tabela 10 - Nível de Escolaridade dos Produtores.........................................................................95 Tabela 11 - Faixa Etária dos Produtores.......................................................................................98 Tabela 12 - Tempo que os Produtores estão Conduzindo o Lote..................................................101 Tabela 13 - Tamanho dos Lotes em hectares..............................................................................102 Tabela 14 - Maneira Como o Produtor Adquiriu o Lote.................................................................104 Tabela 15 - Quantas Pessoas Pre stam Serviço no Lote...............................................................105 Tabela 16 - Pessoas da Família do Produtor que trabalham no Lote.............................................107 Tabela 17 - Número de Filhos que Residem com os Pais.............................................................108 Tabela 18 - Como os Pequenos Produtores percebem a contribuição da Embrapa Semi-Árido......111 Tabela 19 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Nilo Coelho..............................................115 Tabela 20 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Mandacaru...............................................116 Tabela 21 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Nilo Coelho. .......................117 Tabela 22 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Mandacaru.........................118 Tabela 23 - Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho ... 119 Tabela 24 - Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação de Mandacaru.............. 120
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Localização das Unidades de Pesquisa da Embrapa.......................................................15 Mapa 2 - Região semi-árida no Nordeste brasileiro........................................................................29 Mapa 3 - Localização Geográfica do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA...............................................77 Mapa 4 - Locais de aplicação do Questionário...............................................................................78
LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Diagrama do Modelo Teórico do Triângulo de Sábato..................................................... 65
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Indicadores Quantitativos Aplicados à Pesquisa ...........................................................69 Quadro 2 - Produtividade do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho...........................................79 Quadro 3 - Situação Econômica do Perímetro de Mandacaru em 2005...........................................83 Quadro 4 - Estrutura Técnica do Distrito de Irrigação de Mandacaru...............................................85 Quadro 5 - Número de Produtores que plantam as culturas pesquisadas......................................112
XI
LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Renda do Perímetro de Mandacaru de 2000 e 2005....................................................84 Gráfico 2 - Estado Civil dos produtores.......................................................................................91 Gráfico 3 - Percentual geral de gênero dos pequenos produtores.................................................92 Gráfico 4 - Local de nascimento dos pequenos produtores...........................................................94 Gráfico 5 - Escolaridade dos pequenos produtores......................................................................97 Gráfico 6 - Faixa etária dos pequenos produtores........................................................................99 Gráfico 7 - Tempo que o produtor conduz o Lote.......................................................................102 Gráfico 8 - Tamanho dos Lotes em hectares.............................................................................103 Gráfico 9 - Maneira como adquiriu o Lote..................................................................................103 Gráfico 10 - Quantas pessoas trabalham no Lote ........................................................................106 Gráfico 11 - Quantas pessoas da família do Produtor trabalham no Lote.......................................108 Gráfico 12 - Contribuição da Embrapa Semi-Árido para a Fruticultura em Petrolina/Juazeiro..........113 Gráfico 13 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DISNC em 07/2006 .....................114 Gráfico 14 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DIMAND em 07/2006...................114
12
CAPÍTULO I O Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA e a Embrapa Semi-Árido
1.0 Introdução O objetivo principal deste capítulo é descrever externalidades positivas e negativas
do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, contextualizando ambientes macro e micro no
propósito de orientar o leitor quanto aos principais elementos da conjuntura
econômica que norteiam os agentes econômicos da região em lide. Segundo Gama
(2000) o século XX foi marcado por grandes realizações em todo o campo do saber.
Transformações econômicas, políticas e sociais ocorridas no cenário mundial, a
partir da década de 70, aceleraram-se nas décadas seguintes, ocasionando
alterações no plano socioeconômico, no comportamento e relacionamento das
pessoas e nas organizações sociais nesse início de século XXI. Segundo Vieira
(1999) apud Gama (2000), esses novos paradigmas são, em grande parte,
conseqüências da evolução tecnológica, do acesso rápido e simultâneo à
informação, das demandas inerentes ao intercâmbio econômico e competitivo e da
conscientização das pessoas de que o meio-ambiente é um problema comum da
humanidade, promovendo, em torno dele, uma consciência global.
13
No Brasil, essas mudanças ocorrem de maneira lenta, por conta, entre outras
razões, do baixo desempenho relativo da economia e por ausência de
regulamentação de alguns setores. Todavia, algumas instituições públicas e
privadas, dentre elas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa,
que atuam na área de pesquisa e desenvolvimento agropecuário, procuram se
antecipar às mudanças do ambiente externo, implementando ajustes institucionais,
organizacionais e estruturais para se adaptarem ao novo cenário econômico.
Estabelece o Plano Diretor da Embrapa - PDE (...) que é sua competência executar
e coordenar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA, este constituído
pela própria Embrapa, organizações estaduais de pesquisas agropecuárias -
OEPAS, universidades federais e particulares com cursos na área do agronegócio e
entidades do setor privado. De acordo com diretrizes do Governo Federal e do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA é estabelecido um
amplo programa de pesquisa e desenvolvimento para o agronegócio1 brasileiro, o
qual deve refletir os desejos da sociedade por conhecimentos e tecnologias
agropecuárias.
Nesse contexto, a Embrapa estabelece como missão, viabilizar
soluções para o desenvolvimento sustentável2 do espaço rural com
foco no agronegócio, por meio da geração, adaptação e transferência
de conhecimentos e tecnologias, em benefício dos diversos
segmentos da sociedade brasileira (Embrapa, 2004).
1 Agronegócio é uma tradução do termo inglês Agribusiness, que é def inido por Dav is & Goldberg (1957) apud Batalha (2001) como: “a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção na fazenda, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles”. 2 Entende-se por desenv olvimento sustentável o arranjo político, socioeconômico, cultural, ambiental e tecnológico que permite satisfazer as aspirações e necessidades das gerações atuais e futuras.
14
Para viabilizar essa missão, a Embrapa tem uma estrutura organizacional composta
por uma Sede e Unidades Centrais, Centros de Referência de Temas Básicos;
Centros de Referência de Produtos; Centro de Referência Ecorregional e Serviços
Especiais, distribuídos nos 27 (vinte e sete) Estados e no Distrito Federal. Sobre
esta estrutura de pesquisa, esclarece Goedert et al. (1995) apud Gama (2000):
Os Centros de Referência de Temas Básicos são unidades de
pesquisa de âmbito nacional que concentram massa crítica e
recursos para avançar a fronteira do conhecimento em temas ou
disciplinas, básicos ou estratégicos, indispensáveis aos demais
centros da Embrapa.
Os Centros de Referência de Produtos são definidos como unidades
de pesquisa de âmbito nacional em que a combinação de ganhos
tecnológicos deve produzir avanços práticos em determinado produto
ou conjunto de produtos, de alta relevância sócio-econômica para o
País.
Os Centros de Referências Ecorregional são unidades de pesquisa
em que a combinação de ganhos tecnológicos deve contribuir para o
desenvolvimento de determinada macrorregião ecológica, buscando
o aperfeiçoamento de sistemas de produção sustentáveis.
Os Serviços Especiais são unidades prioritariamente voltadas para a
clientela externa da Empresa, tendo como atribuição promover,
apoiar e executar a manutenção ou a distribuição de produtos,
processos e serviços gerados pela pesquisa e não realizadas pelas
demais unidades.
O Mapa 1 demonstra onde estão localizadas as 40 (quarenta) Unidades da Embrapa
nas cinco regiões do Brasil e relaciona seus nomes-síntese em função do principal
tema de pesquisa executado pela Unidade, região geográfica em que está
localizada, área científica ou principal cultura agrícola de atuação.
15
Mapa 1 - Localização das Unidades de Pesquisa da Embrapa
Fonte: Embrapa Semi-Árido, 2005.
16
Faz parte dessa estrutura organizacional a Embrapa Semi-Árido, localizada em
Petrolina no Estado de Pernambuco. Essa Unidade3 é um centro ecorregional que
atua por meio de programas e projetos nas áreas de agricultura irrigada, de sequeiro
meio ambiente e recursos naturais.
É no sertão do São Francisco onde estão localizadas as cidades de Petrolina-PE e
Juazeiro-BA, determinando a divisa geopolítica dos Estados da Bahia e Pernambuco
na região do submédio do rio São Francisco. Nos últimos anos, estas duas cidades
vêm se destacando com altos índices de produção, produtividade e qualidade de
frutas frescas e vinhos. No contexto dessa dissertação, essa região será
denominada pólo de fruticultura Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
Embora os resultados das pesquisas da Embrapa Semi-Árido indiquem êxito em
nível experimental e econômico em médio e longo prazos e o processo de transferi-
las ter passado por atualizações sistemáticas, buscando se adaptar ao agronegócio
e a agricultura familiar, as ações para disponibilizá-las aos pequenos produtores
rurais precisam ser melhor analisadas.
Ocorrem mudanças constantes e sistemáticas que emergem do processo de
globalização da economia, e, além disso, observam-se alterações edafoclimáticas,
pragas e doenças agrícolas e crescentes custos dos insumos agrícolas e de mão-
de-obra, nos pomares do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, sugerindo correção nos
rumos dos processos produtivos e organizacionais vinculados ao agronegócio de
frutas.
3 A cultura organizacional da Embrapa estabelece como ‘Unidade’ seus 40 (quarenta) Centros de pesquisas de natureza, tamanho ou f orma de atuação, localizados em Brasília - DF ou nos demais Estados da Federação.
17
A despeito de algumas cadeias produtivas4 da fruticultura do pólo estarem ocupando
posição de destaque no cenário econômico nacional e no exterior, sendo objeto de
trabalhos empíricos e científicos de instituições nacionais e internacionais e a
exportação de frutas se destacar na pauta de comércio exterior, gerando emprego e
renda internamente, é importante observar se as tecnologias, conhecimentos e
inovações agrícolas adotadas pelos pequenos produtores rurais são aquelas
produzidas/adaptadas pela Embrapa Semi-Árido. É vital para todos que compõem as
cadeias produtivas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, tanto à montante como à
jusante, identificar em que dimensões as tecnologias agrícolas da Embrapa Semi-
Árido foram adotadas na fruticultura nos perímetros públicos irrigados.
As razões que determinam essa análise estão relacionadas a aspectos técnicos e
metodológicos e a necessidade de avaliar, mesmo de maneira preliminar, uma parte
do processo de transferência de tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-
Árido, em busca de otimizar recursos financeiros, materiais e humanos.
Por outro lado, governo, agroindústrias, pequenos produtores rurais e gestores de
políticas públicas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA que lidem com elementos
essenciais das estruturas das cadeias produtivas de frutas, devem observar, que,
nos próximos anos, de maneira geral, a demanda por alimentos continuará
crescendo e que nos países emergentes com tendência de aumento da população,
especialmente no Brasil, Rússia, Índia e China – BRIC será crescente a procura por
alimentos mais saudáveis, inclusive frutas frescas e semi-processadas.
4 Cadeia produtiv a (filière) é uma seqüência de operações que conduzem à produção de bens. Sua articulação é amplamente inf luenciada pela f ronteira de possibilidades ditadas pela tecnologia e é def inida pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus lucros. As relações entre os agentes são de interdependência ou complementariedade e são determinadas por f orças hierárquicas. Em diferentes níveis de análise a cadeia é um sistema, mais ou menos capaz de assegurar sua própria transformação (ZYLBERSZTAJN, 2000).
18
Há ainda mudanças globais que influenciam hábitos e preferências alimentares,
indicando uma busca por alimentos mais seguros, com menores índices de
agroquímicos, mais saudáveis e com menor preço para o consumidor final.
Em nível mesoeconômico, a crescente participação das mulheres na força de
trabalho, a homogeneização dos padrões de consumo, decorrentes da disseminação
de informações, e a propagação de produtos e serviços regionais, são alguns
motivos que determinam o aumento da demanda por alimentos mais seguros.
Paralelamente, as fronteiras do conhecimento devem continuar avançando em ritmo
acelerado, de maneira que nos próximos anos os atuais conhecimentos agrícolas
estarão defasados, sugerindo que a área de P&D tem importância crescente para a
sociedade. No Brasil, é crucial enfrentar o múltiplo desafio de acompanhar e
contribuir para o avanço do conhecimento, sendo a Pesquisa, Desenvolvimento &
Inovação - P&D&I orientados para resultados em áreas de interesses da sociedade,
notadamente na produção de alimentos, e ao mesmo tempo, facilitar a inclusão
social de agricultores familiares, criando possibilidades para que a população tenha
acesso aos frutos do progresso. A pesquisa agropecuária pública e mecanismos de
transferência de tecnologias agrícolas têm, portanto, um papel essencial na
geração/adaptação e adoção de tecnologias mais apropriadas para diferentes
segmentos do agronegócio e do espaço rural, principalmente para regiões com
baixos índices de produtividade.
No Nordeste do Brasil, a região semi-árida apresenta uma grande diversidade de
quadros naturais e socioeconômicos, sendo o seu regime pluvial, o principal fator
que diferencia a região nordestina das demais regiões do país, caracterizada pela
ocorrência de baixa pluviometria com variações espacial e temporal das chuvas,
determinando a condição de “seca” na região (GAMA, 2000).
19
Assim, a transferência de tecnologias agropecuárias para produtores rurais de áreas
dependentes de chuva e, principalmente, da fruticultura irrigada, apresenta-se como
segmentos com potencial econômico para o Nordeste. Apesar da importância da
fruticultura irrigada para a economia dessa região, os pequenos produtores rurais
ainda ignoram algumas características dos sistemas de produção e de
comercialização, determinando, em alguns casos, permanente atraso relativo
econômico na região (GAMA, 2000). Baixa disseminação de informações sobre
sistemas de produção e de comercialização, dentre outras questões, resulta em
baixa competitividade e conseqüentes resultados econômicos insatisfatórios para
pequenos produtores rurais do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. A desestruturação de
políticas públicas nas áreas de educação, saneamento básico, habitação e
segurança, escassez de recursos financeiros, política cambial desfavorável à
exportação; custos crescentes de insumos (água de irrigação e mão-de-obra), baixa
escolaridade dos produtores e intempéries (chuvas e estiagens), dentre outros,
dificultam que tecnologias e conhecimentos sejam efetivamente adotados por
pequenos produtores rurais. Na literatura que procura explicar inovações e
tecnologias, bem como sua adoção no sistema social encontram-se várias correntes
teóricas indicando que a tecnologia é um fator determinante para o desenvolvimento
de uma dada sociedade. Porém os escritos de Porter (1989) assinalam que apesar
de uma tecnologia não ser por si só importante na determinação da competitividade
de um setor (...), ela penetra na cadeia de valores de uma empresa e extrapola as
tecnologias associadas diretamente ao produto. Essas constatações endossam o
objetivo de examinar o nível de adoção das tecnologias e conhecimentos agrícolas
transferidas pela Embrapa Semi-Árido, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA na área de
fruticultura irrigada.
20
1.1 Aspectos Socioeconômicos do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA O objetivo dessa seção é descrever os principais aspectos socioeconômicos do pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA e relacioná-los com o processo agrícola dos distritos de
irrigação da região. O Brasil nos últimos anos alcançou índices satisfatórios na
produção e produtividade de frutas, conduzindo-o ao posto de terceiro produtor
mundial de frutas frescas (IBRAF, 2005).
No Nordeste, o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA tem corroborado de forma consistente
para que o Brasil consiga bons resultados na produção e produtividade de frutas
frescas. Fatores naturais adicionados à conjugação de fatores produtivos,
principalmente a água de qualidade do rio São Francisco e muitos dias de sol
durante o ano, (300 d/ano) permitem produzir duas safras nesse período no referido
pólo. Sendo eqüidistante dos principais centros urbanos da região Nordeste,
Petrolina-PE/Juazeiro-BA têm uma posição geográfica privilegiada, que se traduz em
fator comparativo para a produção e principalmente na comercialização de frutas
frescas (CODEVASF, 2005).
Existem fatores adquiridos, como: relativo conhecimento técnico sobre o manejo das
frutas cultivadas, disponibilidade de mão-de-obra, infra-estrutura hídrica e de
transporte, rede bancária, sistema de capacitação, aporte tecnológico e oferta de
energia elétrica, juntamente com boas práticas agrícolas, têm viabilizado a produção
de frutas frescas. A partir desses fatores, a produção e a comercialização de frutas
se estabelecem, buscando competitividade nos mercados nacional e internacional,
conferindo uma dinâmica especial ao negócio agrícola do pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA.
21
Conforme a Tabela 1, mais de 90% (noventa por cento) das mangas exportadas pelo
Brasil, no período de 1997 a 2003, foram produzidas no Vale do rio São Francisco e
principalmente pelos pequenos e médios empreendimentos agrícolas do pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
Tabela 1 - Participação do Vale do São Francisco no v olume e valor da manga exportada pelo Brasil no período 1997- 2003.
Volume (toneladas) Valor em US$ mil
Ano Vale Brasil Participação (%) Vale Brasil Participação (%)
1997 21.500 23.370 92,0 18.600 20.182 92,2
1998 34.000 39.185 86.8 29.750 32.518 91,5
1999 44.000 53.765 82,0 28.600 32.011 89,3
2000 57.200 67.000 85,4 37.180 43.550 85.4
2001 81.155 94.291 86.1 43.443 50.814 85.5
2002 93.559 103.598 90.3 45.962 50.894 90.3
2003 124.620 133.330 93.5 68.256 73.394 93.0
Fonte: Secex/DTIC - Valexport, 2004.
Porém, alguns caminhos ainda não foram trilhados, no sentido de consolidar a
produção de frutas nesse pólo. Faltam ações de inter-relações, campanhas de
marketing, melhor e maior cooperação (associativismo) entre pequenos produtores,
bem como diversificação e verticalização da produção frutícola, trazendo novos
cultivo, agregando valor, produtividade e qualidade. Alguns autores se referem ao
pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA como “cluster” frutícola. Mas, observações empíricas
aos agentes produtivos do pólo, não indicam a existência desse modelo de
produção, principalmente porque o nível de cooperação entre pequenos produtores
é muito baixo, fato constatado na literatura do tema e por declarações dos mesmos.
22
Segundo Porter (1989), cooperação e verticalização são condições essenciais para
se configurar um cluster e Favero (2005) confirma, informando que a competitividade
no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA deve passar, inicialmente, por uma atitude
cooperativa entre os formadores das cadeias produtivas de frutas. Por isso,
identificam-se etapas que devem ser percorridas pelos que compõem as cadeias
produtivas de frutas, em busca de condições preliminares e vantagem competitiva
para formação de um cluster frutícola.
Entretanto, existem-se externalidades econômicas positivas no pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA nas áreas de educação e de saúde, que se configuram em fatores
sociais que podem favorecer a captação de investimentos econômicos para a região.
Atualmente, os três níveis de ensino – fundamental, médio e superior - se fazem
presentes nas duas cidades. Funcionam no pólo há mais de 20 (vinte) anos cursos
superiores de Agronomia, Administração e Licenciatura em Ciências com
concentração em Matemática, Biologia e Letras.
Além disso, em 2004 o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação e
Cultura – MEC, implantou no pólo a Universidade Federal do Vale do São Francisco
- Univasf, com um campus em Petrolina-PE, um em Juazeiro-BA e outro em São
Raimundo Nonato-PI.
No campus de Petrolina-PE, estão funcionando cursos de Medicina, Enfermagem,
Psicologia, Ciências da Computação, Direito, Administração de Empresas e
Economia, dentre outros. No campus de Juazeiro-BA, acontecem cursos de
Engenharia Mecânica, Elétrica e Civil, Zootecnia e Agronomia. No campus de São
Raimundo Nonato-PI, está se implantando um curso de Arqueologia, tendo em vista
a vocação dessa região e a proximidade da sede do curso com o sítio arqueológico
da Serra da Capivara.
23
Há dois Centros Federais de Educação Tecnológica - CEFET’s, promovendo cursos
nas áreas agrícola e industrial, formando mão-de-obra técnica voltada para a
agricultura e agroindústria da região do submédio sanfranciscano.
No ano de 2005, segundo a secretaria de educação do município de Petrolina-PE,
estavam matriculados, nas redes pública e privada, 38.204 alunos nos níveis,
fundamental, e médio e em escolas de jovens e adultos - EJA.
Para esse universo de discentes, foram disponibilizados 1.967 professores nas
áreas urbana e rural, representando uma relação de 20 (vinte) alunos por professor.
Em Juazeiro-BA, segundo a secretaria de educação do município, havia, em 2005,
17.148 alunos matriculados nas zonas urbana e rural, sendo atendidos por 1.958
docentes nos três níveis de ensino, representando uma relação de 09 (nove) alunos
para cada docente. A Tabela 2 demonstra a quantidade de alunos matriculados em
escolas públicas e privados, em três categorias de ensino (fundamental, médio e
adulto) no município de Petrolina-PE, no ano de 2005.
Tabela 2 - Alunos matriculados no município de Petrolina-PE em 2005.
Nível/Categoria Fundamental Médio EJA Total
Estadual 387 11.721 5.502 17.610
Federal 0 247 0 247
Municipal 3624 1.698 7.822 13.144
Privado 4566 2.028 609 7.203
Total Geral 8.577 15.694 13.933 38.204
Fonte: Pesquisa Direta, 2006. EJA = Escola de Jovens e Adultos.
24
Segundo a Secretaria de Saúde do Município de Petrolina (2005) a população conta
com o Hospital Dom Malan - HDM, o primeiro nosocômio público a atender à
pacientes da cidade e de toda região do São Francisco, tendo hoje 217 (duzentos e
dezessete) leitos. Há mais oito hospitais do setor privado, 411 (quatrocentos e onze)
agentes de saúde, 185 (cento e oitenta e cinco) médicos, 80 (oitenta) enfermeiros e
60 (sessenta) postos de saúde distribuídos nas áreas urbana e rural.
Estes oito hospitais do setor privado dispõem de 247 (duzentos e quarenta e sete)
leitos médicos e Unidades de Terapia Intensivas - UTI s, para tratamento médico em
regime de urgência.
25
1.2 Evolução do Pólo Frutícola e a Embrapa Semi-Árido
O objetivo dessa seção é relatar como se efetivou as condições de desenvolvimento
do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA e como aconteceu a presença da Embrapa Semi-
Árido em Petrolina-PE. Foi em torno da fé, do trabalho e da educação que se
ergueram os pilares do progresso do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
Em 1862, Petrolina-PE era uma vila que abrigava tropeiros e viajantes que
buscavam os sertões da Bahia e que ao pernoitar na margem esquerda do rio São
Francisco, aguardavam para fazerem a travessia do rio durante o dia para a cidade
de Juazeiro da Bahia. Por conta dessa realidade, Petrolina-PE era chamada de
“Passagem de Juazeiro”. Em 1953, inaugura-se a ponte Presidente Eurico Gaspar
Dutra, ligando por vias rodo-ferroviária as cidades de Petrolina-PE e Juazeiro-BA
conseqüentemente encurtando distâncias do Nordeste ao Centro-Sul, o que tornou
menos oneroso o transporte rodoviário entre essas regiões do Brasil.
Este fato proporcionou o primeiro passo para o desenvolvimento de Petrolina-PE e
Juazeiro-BA, tendo em vista o intenso fluxo de veículos de transporte de cargas e de
passageiros, fato que trouxe visibilidade para a região no cenário nacional.
Na década de 70, Petrolina-PE recebeu o cognome de ‘terra dos impossíveis’,
tendo em vista a implementação de obras sociais e de infra-estrutura, dos governos
federal, estadual e municipal, as quais criaram condições para a instalação de
empreendimentos maiores e mais complexos, trazendo vantagem competitiva para
alocação de novos negócios (SILVA NETO; VITAL, 2006).
Nos últimos 30 (trinta) anos, o pólo de fruticultura Petrolina-PE/Juazeiro-BA cresceu
economicamente e se fez conhecer no Brasil e exterior, por meio de seus recursos
naturais, capacidade de empreender e coragem dos barranqueiros.
26
Conforme relata Vergolino (2002), é a partir da década de 80 que a economia de
Petrolina-PE ganha impulso por meio da implantação da barragem de Sobradinho,
criando condições de geração de energia elétrica para suprir as estações de
bombeamento - EB dos projetos de irrigação com as águas do rio São Francisco.
A vocação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA pela agricultura irrigada se confirma a
partir da implantação do perímetro irrigado Senador Nilo Coelho que, juntamente
com o de Mandacaru e Bebedouro, conferem ao pólo a característica de ser o
primeiro a se mover5, como produtor e exportador de frutas frescas no Semi-Árido
brasileiro. Não se deve desprezar a importância do pioneirismo do projeto
Bebedouro, o qual, segundo Araújo (1987:01), “nasceu do acordo firmado em 1960,
entre o Governo Brasileiro e o Fundo Especial das Nações Unidas, com o objetivo
de executar o levantamento completo dos recursos hídricos e pedológicos na área
do Submédio São Francisco”.
Explica Araújo (1987) que em janeiro de 1961, foram apontadas como entidades
executoras do acordo, a Organização de Alimentação e Agricultura das Nações
Unidas - FAO e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Sudene.
Ao término daquele levantamento, os técnicos concluíram ser potencialmente
irrigáveis 507 (quinhentos e sete) mil hectares na região sanfranciscana.
Destes, foram escolhidos 9.000 (nove mil) hectares da antiga Fazenda Bebedouro,
considerados de utilidade pública, para a implantação do primeiro projeto de
irrigação do Vale do São Francisco. Em 1963, foi instalada como suporte para o
projeto uma estação experimental, implantada e operada então pela Sudene.
5 Segundo Porter (1989) esta é uma estratégia que implica em v antagens e desv antagens inerentes a esta iniciativ a, no entanto a mesma determina posição de mais vantagens, pelo menos por um período de tempo considerado.
27
Em 1968, a Superintendência do Desenvolvimento do Vale do São Francisco -
Suvale, antecessora da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São
Francisco e Parnaíba - Codevasf, (...) tinha como principal objetivo o aproveitamento
econômico dos recursos de água e solo, para elevar o padrão de vida do homem do
São Francisco e assumiu a implementação e operação do projeto (ARAÚJO, 1987).
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa foi criada em 26 de abril
de 1973, atuando hoje em todo o Brasil por meio de 37 (trinta e sete) Centros de
Pesquisas, três Centros de Serviços e 15 (quinze) Escritórios de Negócios
Tecnológicos, nas mais diferentes condições ambientais. A Embrapa tem por missão
viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no
agronegócio, por meio da geração adaptação e transferência de conhecimentos e
tecnologias, em beneficio da sociedade brasileira.
Nesse esforço institucional para ser uma das maiores empresas de pesquisas
agropecuárias do mundo tropical, a Embrapa investiu, sobretudo em treinamento de
recursos humanos, possuindo hoje, 8.619 empregados, dos quais 2.229 são
pesquisadores, 42% com mestrado e 58% com doutorado6.
Nos últimos anos, foram geradas e incorporadas tecnologias aos sistemas
produtivos, de maneira que hoje a produção brasileira de grãos, carnes, frangos,
leite, hortaliças e frutas têm relação direta com os trabalhos e tecnologias dos
centros de pesquisas da Embrapa, tornando o Brasil um dos maiores produtores de
alimentos e fronteira agrícola do mundo.
6 Os números absolutos f oram informados pelo Setor de Recursos Humanos da Embrapa Semi-Árido e são relativ os ao mês de outubro de 2006.
28
Além disso, programas específicos de pesquisa conseguem organizar tecnologias e
sistemas de produção, aumentando a eficiência da agricultura familiar, incorporando
pequenos produtores ao agronegócio, proporcionando renda e bem-estar para a
população brasileira.
A Unidade Descentralizada – UD, Embrapa Semi-Árido foi criada por meio da
Deliberação de Diretoria - DD 004/75, de 23/01/1975, sendo uma das 40 (quarenta)
Unidades da Embrapa e é um Centro Ecorregional. Têm essa denominação em
função do mandato de atuação na região semi-árida, ajuda na compreensão e
estruturação do agronegócio do semi-árido do Nordeste brasileiro. Assim, mais de
10 (dez) anos depois da implantação da estação experimental de Bebedouro, foi
criada a Embrapa Semi-Árido.
O Semi-Árido brasileiro tem uma área chamada de “polígono da seca”, com uma
história marcada por estiagens prolongadas e pela conseqüente carência de bens de
consumo, êxodo rural, pobreza crônica e meio-ambiente hostil, sendo sua principal
característica a irregularidade pluviométrica (GAMA, 2000).
No Norte de Minas Gerais e no Semi-Árido do Nordeste brasileiro, habitam 28,6
milhões de pessoas em 1.305 municípios. Conforme ilustra o Mapa 2, a região semi-
árida do Brasil ocupa uma área de 92 milhões de hectares, representando 53%
(cinqüenta e três por cento) da área do Nordeste brasileiro, distribuída em oito
Estados dentre os nove da região Nordeste, mais o norte do Estado de Minas Gerais
(IBGE, 2001).
29
Mapa 2 - Região semi-árida no Nordeste brasileiro.
BAHIA
PIAUÍ
MARANHÃO
PARÁ
MINAS GERAIS
GOIÁS
CEARÁ
TOCANTINS
PERNAMBUCO
PARAÍBA
R. G. DO NORTE
ALAGOAS
SERGIPE
ESP. SANTO
D. F.
-45°
-45°
-40°
-40°
-35°
-35°
-15° -15°
-10° -10°
-5° -5°
0 400200km
LEGENDASEMI-ÁRIDO
R. S. FRANCISCO
Fonte: Embrapa Semi-Árido, 2000.
Para ajudar a enfrentar as conseqüências das intempéries e dificuldades do cenário
socioeconômico da região semi-árida, são colocadas pelo poder executivo ações
nas áreas social e de agricultura. Dentre estas, encontra-se a Embrapa Semi-Árido,
com programas e projetos de pesquisas e desenvolvimento voltados para
populações que lidam com agricultura e pecuária de maneira geral, visando tornar
seus empreendimentos sustentáveis e economicamente competitivos.
30
A agricultura familiar também é assistida por ações e projetos da Embrapa Semi-
Árido, por meio de acordos e convênios de cooperação técnica com governos
estaduais e municipais, instituições públicas e privadas, organizações não
governamentais - ONGs, procurando somar esforços com outras instituições para
melhorar a economia do Semi-Árido e elevar a qualidade de vida da sua população.
A inclusão de um Centro de pesquisa da Embrapa no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA,
tendo em vista a complementaridade dos fatores produtivos da região (terra,
trabalho, capital), a infra-estrutura de irrigação e transportes e a vocação das
pessoas do pólo para lidar com múltiplos empreendimentos, resulta numa
conjugação positiva de fatores econômicos.
A complexidade dos recursos naturais e sócio-econômicos da região Nordeste
justificou sua criação e influenciou a elaboração do projeto de implantação e
definição da programação de pesquisa em quatro linhas de trabalho: agricultura
irrigada, agricultura de sequeiro, produção animal e meio ambiente.
Segundo Sousa (1987), no âmbito da Embrapa, a diversidade de ambientes técnicos
e sociais resultava, geralmente, em programas de desenvolvimento rural
padronizados, frágeis para superar problemas provenientes dos baixos índices
pluviométricos, uma característica do clima da região Nordeste.
A instalação da Embrapa Semi-Árido enfrentou dificuldades internas da gerência da
pesquisa agropecuária na região - à mercê de mudanças de diretrizes e linhas de
trabalho descontinuadas - e o isolamento com as demais instituições estaduais de
pesquisa agropecuária. Além do mais, era preciso aportar informações técnico-
científicas aos programas de desenvolvimento público que orientassem
investimentos da iniciativa privada para melhorar o desempenho do setor primário da
economia regional (SOUSA, 1987).
31
Partindo do propósito de responder positivamente à sociedade, a Embrapa Semi-
Árido desenvolveu significativo conhecimento agropecuário sobre a região e
transferiu conhecimentos e tecnologias para diversos segmentos da sociedade,
sendo hoje interlocutora junto a instituições de pesquisas, de assistência técnica e
de extensão rural dos estados do país, ajudando na formulação de programas e
projetos de pesquisas e desenvolvimento (SOUSA, 1987).
1.3 Parcerias da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA
Esta seção apresenta o nível de parcerias estabelecidas pela Embrapa Semi-Árido
com instituições para operacionalizar seu processo de transferência de tecnologias,
conhecimentos e inovações e criar condições de implantação e desenvolvimento de
uma agricultura empresarial e familiar com padrões de qualidade e competitividade.
Algumas instituições públicas e privadas atuam juntamente com a Embrapa Semi-
Árido em ações de transferência de tecnologias e conhecimentos em
empreendimentos agropecuários públicos e privados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-
BA e na região Nordeste. Neste rol, destacam-se instituições de desenvolvimento,
de ensino e extensão, de capacitação e educação de jovens e adultos, como
Codevasf, Sebrae, Sesc, Sesi, Senac, Uneb, Univasf, Facape, CEFET, UPE,
UFRPE, UFPE, Dere, Colégios Agrícolas e Distritos de Irrigação. Estas instituições
atuam de forma interligada, todas se somando, constituindo uma rede capacitadora,
agindo na preparação e formação de mão-de-obra. Bancos oficiais e privados e
instituições de fomento e financiamento, como Banco do Brasil, Caixa Econômica
Federal, Banco do Nordeste, Real, Bradesco e Itaú dentre outros, aportam recursos
financeiros em atividades produtivas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
32
Ademais, a Embrapa Semi-Árido mantém convênios de cooperação técnica e de
concessão de estágios curriculares com escolas das redes pública e privada de 1º e
2º graus das zonas urbana e rural do pólo, buscando transferir conhecimentos
teóricos e práticos aos alunos que estão concluindo cursos.
Outrossim, a Embrapa Semi-Árido disponibiliza suas instalações físicas e seu
quadro de pessoal técnico-científico para realização de estágios curriculares e
extracurriculares e para o desenvolvimento de monografias e dissertações e teses
de Mestrado e Doutorado em temas vinculados à problemática do Semi-Árido.
A Tabela 3 demonstra parte do esforço da Embrapa Semi-Árido nos últimos anos de
atuação por meio de algumas ações de transferência de tecnologias7 e
conhecimento, dentre outras formas utilizadas para divulgar sua imagem institucional
e tecnologias agropecuárias.
Tabela 3 - Ações de Transferência de Tecnologia - TT e Promoção de Imagem da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
Ações de Transferência 1999 2000 2001 2002 2003
Curso s Oferecidos (hora/aula) 1100 1100 1300 1342 1200
Dias de Campo 49 49 58 59 24
Folder Produzido 21 9 4 6 3
Organização de Eventos 48 48 68 67 30
Palestras (hora/aula) 321 321 380 384 275
Matérias Jornalísticas 20 20 40 49 49
Unidades Demonstrativas/Observação 376 376 309 332 210
Vídeos Produzidos 1 5 7 5 6 Fonte: Embrapa Semi-Árido, 2003.
7 A Embrapa denomina transferência de tecnologia o processo de gerenciamento orientado para a integração entre a ativ idade de P&D e o mercado. Sua responsabilidade fundamental é a incorporação de conhecimentos e tecnologias ao processo produtivo, o monitoramento dos impactos econômicos, sociais e ambientais gerados e a retroalimentação do processo de pesquisa e desenv olvimento.
33
CAPÍTULO II O Problema da Pesquisa
2.0 Tema da Pesquisa O tema central dessa dissertação é a análise de uma parcela do processo de
Transferência de Tecnologias Agropecuárias, praticado pela Embrapa Semi-Árido,
no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, junto aos pequenos produtores rurais de frutas
dos perímetros públicos irrigados Senador Nilo Coelho e Mandacaru.
2.1 Justificativa da Pesquisa Segundo Flores (1990:169) e Gomes e Atrasas (2005:13), em 1990 ocorreu à
extinção da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural - Embrater
o que ocasionou o enfraquecimento do Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e
Extensão Rural - Sibrater cuja coordenação, inicialmente, foi delegada à Embrapa.
Esse fato motivou gestores e cientistas da área agrícola e da pecuária a
incorporarem ações de transferência de tecnologias em programas e projetos de
pesquisas sob sua responsabilidade.
34
Tendo em vista a amplitude e a complexidade desta ação, demandou-se tempo,
recursos financeiros e materiais, capacitação e conhecimentos para se definirem
novos modelos, gerar e adquirir competências nessa área de atuação. No âmbito da
Embrapa se procurou revisar o modelo de transferência de tecnologias, optando-se
por um que fosse singular, no qual o pesquisador pudesse atuar também como
difusor das tecnologias geradas/adaptadas.
No macro-ambiente a Embrapa estabelece como política de transferência que os
resultados das tecnologias só terão relevância econômica, social e ambiental na
medida em que agentes produtivos possam utilizar essas tecnologias viabilizando o
desenvolvimento econômico e social de forma permanente.
Para atender essa nova situação foi reestruturado o modelo organizacional das
Áreas de Comunicação e Transferência de Tecnologias - ACT das Unidades
Descentralizadas - UDs racionalizando e sistematizando ações de transferência para
divulgar resultados parciais e conclusivos das pesquisas agropecuárias.
Assim, as UDs viabilizam o processo de transferência de tecnologias por meio da
política de negócios tecnológicos, operacionalizada em 40 (quarenta) centros de
pesquisa, que complementarmente gerencia relacionamentos formais (contratos) e
informais (visitas pessoais) com parceiros da Embrapa e a sociedade em geral, a
partir de demandas da sociedade, de projetos de pesquisas e de ações dos
difusores para levar resultados até os produtores rurais.
Atualmente a política de transferência de tecnologias está embasada em conceitos
de administração mercadológica, adaptando-se elementos do mix de comunicação
de marketing ao modelo de transferência de tecnologias, descritas como: Unidade
Demonstrativa e de Observação, Curso, Palestra, Programa Radiofônico,
Publicações Técnicas e Educativas, Dia de Campo, Capacitação de Agricultores
35
Experimentadores, Redes de Parcerias, Incubação de Empresas, Contratos e
Convênios com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, partindo
do princípio de que marketing e transferência de tecnologias são processos de
comunicação entre duas ou mais partes interessadas.
Afirmam Christensen e Rocha (1989) que a transferência de tecnologia pressupõe
uma relação de troca em que o produto é a tecnologia a ser transferida, o vendedor
é quem a gera, o comprador é quem a utiliza e a compensação pode ser o
pagamento de um dado valor, ou de royalties, ou até mesmo a adoção da tecnologia
pelo mercado. Neste último caso, o vendedor vê como forma de compensação para
seu esforço de desenvolvimento tecnológico a colocação bem-sucedida dos
produtos oriundos da referida tecnologia no mercado por seu parceiro na relação de
troca.
A cadeia produtiva da manga (Mangifera indica L.) no Vale do São Francisco, por
conseqüência no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, representa mais de 93% (noventa e
três por cento) das exportações brasileiras dessa fruta (IBGE, 2005). No entanto,
não foram encontrados dados consistentes que indiquem o nível da participação das
tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido nesta e em outras culturas
frutícolas produzidas nos distritos de irrigação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
É importante observar o nível de adoção de tecnologias agrícolas tendo como foco
as principais frutas produzidas (manga, uva, coco, acerola, banana e goiaba) nos
perímetros públicos irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, pois essa atividade
econômica traz melhoria na qualidade de vida dos produtores e aumento das
exportações brasileiras de frutas frescas.
Seguindo o exemplo da cultura da manga, em 2003 foram destinadas ao mercado
internacional 133.330 toneladas dessa fruta, gerando divisas de aproximadamente
36
US$ 73 milhões. Deste valor, US$ 68 milhões foram produzidos no Vale do São
Francisco (ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2004).
Deve-se considerar este contexto numa perspectiva, na qual os municípios de
Petrolina-PE e Juazeiro-BA estão localizados no centro geográfico da região semi-
árida do Nordeste brasileiro e estão se consolidando como um dos principais pólos
de fruticultura do Brasil, gerando empregos, oportunidades de negócios, crescimento
econômico e renda para a região.
Com base nesse contexto e na missão da Embrapa Semi-Árido, justifica-se analisar
uma parte do processo de transferência de tecnologias a partir da visão dos
pequenos produtores rurais de frutas do respectivo pólo.
Entre as razões que orientam a escolha da observação pelos pequenos produtores,
está o contexto socioeconômico e ambiental em que acontece a transferência das
tecnologias agrícolas, pois como informa Gastal (1987) a agricultura empresarial tem
seus próprios meios de buscar informações, enquanto que os pequenos produtores
dependem da estrutura pública de difusão.
A esse respeito Gastal (1987) informa que na agr icultura empresarial,
reduz-se a expressão da difusão, e a extensão agrícola pública perde
um pouco o sentido. Naturalmente que é substituída por outros
instrumentos mais funcionais para esse tipo de agricultura, como é o
caso do assessoramento ou consultoria técnica, preferencialmente
privada, o contato mais direto com a pesquisa e o melhor
aproveitamento da informação disseminada por meios massivos,
assim como o intercâmbio de informações com outros produtores e
com outras regiões.
37
2.2 Problema Investigado Essa dissertação busca identificar quais são os níveis de adoção das tecnologias,
conhecimentos e inovações gerados/adaptados pela Embrapa Semi-Árido na área
frutícola no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
2.3 Hipótese da Pesquisa Parte-se da hipótese de que as tecnologias, conhecimentos e inovações geradas e
disseminadas pela Embrapa Semi-Árido contribuíram para o êxito da fruticultura
irrigada nos perímetros públicos irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
2.4 Objetivo Geral Analisar, por meio de indicadores de qualidade e de quantidade, sob a ótica dos
pequenos produtores rurais de frutas dos perímetros públicos irrigados do pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA, o nível de adoção de tecnologias, conhecimentos, e
inovações, transferidos pela Embrapa Semi-Árido nos processos produtivos das
culturas da manga, uva, coco, acerola, banana e goiaba.
2.5 Objetivos Específicos a) Analisar o nível de adoção de seis tecnologias, conhecimentos e inovações
desenvolvidos pela Embrapa Semi-Árido a partir do processo produtivo de seis
culturas frutícolas, (manga, uva, banana, acerola, coco e goiaba), junto a pequenos
produtores em dois perímetros públicos irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA;
38
b) Identificar quais ações de transferência de tecnologias, conhecimentos e
inovações foram mais utilizadas nesse processo no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA;
c) Propor melhorias no processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e
inovações da Embrapa Semi-Árido.
2.6 Importância do Estudo Parte-se da necessidade de analisar o processo de transferência de tecnologias e
conhecimentos da Embrapa Semi-Árido, por este Centro de pesquisa agropecuária
trabalhar prioritariamente na geração/adaptação de tecnologias agropecuárias para
a agricultura irrigada, de sequeiro e avaliação dos recursos naturais do Semi-Árido
do Nordeste brasileiro.
Trabalhos teóricos e empíricos foram desenvolvidos pela Embrapa Semi-Árido para
estas áreas, nestes 30 (trinta) anos de atuação. No entanto, a associação do
processo de “difusão” na concepção do modelo de difusão de tecnologia praticado
pela Embrapa a partir de 1974, teve inicialmente um foco abrangente com pouca
associação com a pesquisa científica, sendo colocado na perspectiva de ser apenas
ponte entre os institutos de pesquisas e os produtores (SOUSA, 1987).
Segundo Sousa (1987), não foram observados aspectos edafoclimáticos e
socioeconômicos para a alocação de recursos, operacionalização e análise do
sistema, deixando uma lacuna e permitindo fazer uma avaliação preliminar do
processo de transferência de tecnologias agropecuárias vigente até então nas
Unidades de pesquisas da Embrapa.
39
É importante analisar o processo e identificar variáveis que possam propor melhorias
para os modelos conceitual e operacional utilizados para transferir conhecimentos e
informações aos produtores de frutas dos perímetros públicos irrigados do pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
E ainda, conforme se detectou nas observações da revisão da literatura dessa
pesquisa e face existir poucos trabalhos acadêmicos e práticos sobre o processo de
transferência de tecnologias agrícolas do pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA e
ainda, o que existe encontra-se fragmentado, é importante realizar um esforço para
identificar problemas e possíveis soluções para o atual modelo.
40
CAPÍTULO III Fundamentação Teórica
3.0 Histórico da Transferência de Tecnologias Agropecuárias Analisa-se uma parcela do processo de transferência de tecnologias da Embrapa
Semi-Árido tendo como modelo teórico o “triângulo de sábato” numa perspectiva dos
três atores que o compõem: a) os pequenos produtores rurais; b) a Embrapa Semi-
Árido; c) e governo, por meio de políticas públicas e de infra-estrutura no pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
O processo de comunicação (transferência de conhecimento) que se estabelece
entre pequenos produtores de frutas nos distritos de irrigação de Mandacaru e Nilo
Coelho, difusionista da Embrapa Semi-Árido, tomando-se o sistema social onde o
mesmo se insere e acontece, é um fenômeno social factível de observação
sistemática. Segundo Alves e Valente Júnior (2006) pequenos produtores rurais
geralmente têm pouca escolaridade, idade acima de 45 (quarenta e cinco) anos;
enquanto pesquisadores e difusores geralmente têm escolaridade superior, idade
menor, e às vezes, curso de mestrado e doutorado em suas áreas de conhecimento.
41
Estas duas realidades sociais se encontram no contexto da transferência de
tecnologias - TT. Essa contradição é um elemento que geralmente dificulta para a
realização de uma comunicação sem ruídos entre os dois grupos sociais,
independente do contexto de uso das tecnologias e do tipo de conhecimento que se
pretende comunicar. Desde os primórdios a ação de comunicar reveste-se de
importância, tendo em vista o valor estratégico da informação sobre circunstâncias,
fatos, coisas e pessoas no momento e local adequado.
Nesse trabalho o significado de comunicação está relacionado ao processo de
transferência de tecnologias, conhecimentos e inovações agrícolas levados para
adoção aos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
Segundo Hohlfeldt, Martino e França (2001) o termo comunicação
vem do latim communicatio, do qual se distinguem três elementos:
uma raiz munis, que signif ica “estar encarregado de“, que acrescido
do prefixo co, o qual expressa simultaneidade, reunião, temos a idéia
de uma “atividade realizada conjuntamente”, completada pela
terminação tio, que por sua vez reforça a idéia de atividade. E,
efetivamente, foi este o seu pr imeiro signif icado no vocabulário
religioso aonde aparece pela pr imeira vez.
A idéia de ação conjunta está presente no conceito de comunicação e relaciona-se à
atividade consciente de transmissão de informações entre pessoas. Segundo a
literatura do tema, a comunicação assume diversas dimensões, porém na finalidade
de transferir conhecimentos agrícolas para pequenos produtores rurais do pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA, essa ação se reveste de característica singular, por conta
dos resultados esperados, do grande número de atores envolvidos e a complexidade
das políticas pública empregadas na operacionalização das cadeias produtivas de
frutas.
42
Alves e Valente Júnior (2006) informam que a transferência de tecnologias
agropecuárias foi entendida por muito tempo como sinônimo de informação agrícola,
constituindo-se muitas das vezes em transmissão unilateral de informações, tendo
como objetivo difundir inovações tecnológicas que aumentassem a produtividade
das culturas. Nos anos 70 surge a discussão que passou a tomar parte do debate
em torno da comunicação rural, na qual se questionava o caráter unidirecional e
persuasivo do modelo difusionista e se colocava a alternativa de uma comunicação
com base no diálogo (ALVES; VALENTE JÚNIOR, 2006).
De maneira geral e sistematizada a transferência de conhecimentos e tecnologias
agropecuárias teve início no Brasil e principalmente no Nordeste, com a criação da
Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural - Embrater em 1974,
pois até então, essa ação ficara a cargo da Associação Brasileira de Crédito e
Assistência Rural - ABCAR e do Ministério da Agricultura. Segundo Alves e Valente
Júnior (2006), no que se refere à comunicação no âmbito da assistência técnica e
extensão rural no Brasil, observa-se que a construção teórica pode ser analisada a
partir da separação em dois momentos: o difusionismo e a concepção dialógica.
Portanto, o estudo da comunicação rural no Brasil passa pela compreensão da
discussão que se desenvolveu em torno do assunto ao longo dos últimos anos.
David K. Berlo e Everett Rogers, no final da década de 50, apud Alves e Valente
Júnior (2006) são os primeiros pensadores do difusionismo, que acreditam que se
pode obter uma conduta desejável, mediante a injeção de estímulos, formando
hábitos e/ou condicionando o comportamento humano ou moldando a vontade e a
personalidade do receptor aos interesses da fonte. Para eles o propósito único da
comunicação é persuadir.
43
Atualmente Gama (2000) informa que melhores sistemas de informação e
comunicação ainda dependem, essencialmente, de competências individuais. É
evidente a necessidade de se reconhecer que o capital humano, formado pelos
valores organizacionais, competências, habilidades e atitudes de cada um, é a base
para a geração e disseminação do conhecimento.
Paralelamente, grandes sistemas de comunicação, como: jornais, TVs digitais e a
cabo, telefones fixos e celulares, revistas, internet e rádio conseguem transmitir
informações em tempo real para milhares de pessoas. A multiplicação de
modalidades de canais de informação em tempo real atinge os sistemas de
transferência de conhecimentos agrícolas em todo o mundo. Buscam-se maneiras
de multiplicar o conhecimento, fazendo-o chegar em tempo real aos locais mais
longínquos.
Apesar da multiplicidade de canais de comunicação, não há novos modelos ou
práticas no processo de difusão de tecnologias. Para Molina Filho (1989) a adoção
de tecnologias agrícolas é um processo social, onde se encontram presentes quase
sempre, quatro elementos constitutivos: (1) uma inovação; (2) disseminada pelos
meios de comunicação; (3) ao longo do tempo, (4) entre os membros de um sistema
social. A difusão depende, portanto, da decisão de adotar uma inovação por parte de
cada um dos membros de um dado sistema social.
Parte-se desse pensamento, que o processo de adoção individual é constituído por
uma série de etapas, porém há consenso que o mesmo se inicia com a percepção
de uma inovação e termina com o comportamento final de adoção. Para Molina Filho
(1989) o processo de adoção se assenta em três pressupostos emanados dos
conceitos de mudança social, de desenvolvimento rural e de modernização. Rogers
e Svenning (1969) apud Molina Filho (1989) definem mudança social como:
44
(...) O processo pelo qual alterações ocorrem na estrutura e na
função de um sistema social e consideram como fatores dessas
alterações, tanto uma revolução nacional, uma fundação de um
conselho comunitário de desenvolvimento, quanto a difusão de uma
inovação no sistema social. Definem estrutura social como uma
composição de diferentes ‘status’. O papel social é definido como o
comportamento real de um indivíduo num dado ‘status’.
Conforme assinala Molina Filho (1989):
A mudança social ocorre quando um grande número de indivíduos
passa pelo processo de decisão individual para adotar uma inovação
qualquer. Ela depende, então, da decisão de uma pluralidade de
indiv íduos, como que num somatório quantitativo e qualitativo de tais
processos individuais. Daí a importância tradicionalmente atribuída,
nos estudos de difusão, às características individuais dos membros
componentes de um dado sistema social. Ainda esses autores
definem modernização como sendo a mudança no plano do
comportamento do individuo. Sua contrapartida é a mudança social
no plano dos sistemas sociais, a qual define como sendo
desenvolvimento. Desse modo fundem ambos os conceitos,
entendendo desenvolvimento como o somatório dos comportamentos
individuais modernizados. Como se vê, a difusão de inovações é a
própria essência da modernização individual e do desenvolvimento
dos sistemas sociais.
3.1 Globalização e Transferência de Tecnologias O processo de globalização da economia, paradoxalmente, coloca o ambiente local
como um dos principais fatores da competitividade das empresas. Sua historia,
cultura, instituições, infra-estrutura física e seu sistema de conhecimento são
aspectos importantes na atração de investimentos e na competitividade. Ao
observarem as mudanças do ambiente de negócios, empresários têm a
compreensão de que suas estratégias são elaboradas para assegurar um
45
desempenho superior ao dos seus rivais e se proteger das forças competitivas do
mercado. Uma maneira de fazer avaliação dos pontos fortes e das fraquezas da
empresa em relação às turbulências do mercado é identificando suas competências
essenciais e, conseqüentemente, é o conhecimento que permite direcionar recursos
para a inovação do produto e/ou processo (SICSÚ; SILVA, 2005). No pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA a modernização do padrão produtivo possibilitado pela tecnologia
de irrigação vem transformando a economia do Semi-Árido nordestino, a partir da
implantação dos perímetros públicos irrigados (ARAÚJO, 1987).
O desenvolvimento de padrões produtivos em bases modernas impõe a produção
agrícola uma aproximação com os setores industriais a montante (fornecedores de
insumos e equipamentos) e à jusante (empresas do sistema agroindustrial - SAG),
de comercialização e serviços, como os que dizem respeito ao crédito, à assistência
técnica, à pesquisa agrícola e a formação de mão-de-obra.
Como garantem Lacerda e Lacerda (2004) um pólo de desenvolvimento se define
pela formação de um grupo homogêneo de empresas interligadas e instituições
associadas dispostas geograficamente próximas. Essas concentrações geográficas
de firmas interligadas, produtoras de serviços ou produtos, congregam fornecedores
especializados de insumos, provedores de serviços, infra-estrutura física,
governança e instituições que ofereçam treinamento, educação, informação,
pesquisa e desenvolvimento e suporte técnico. Além de competir pelo mesmo
mercado, também cooperam para aumentar a produtividade geral da comunidade na
qual se inserem, criando movimento de sinergia.
Informa Porter (1989) que a natureza do contato e as características das transações
podem, em certos casos, produzir formas de governanças originais na economia em
resposta ao elevado custo de transação que se obtém sob o manto do mercado
46
convencional. O interligamento de empresas que se constituem em pólo deriva
justamente dessa acepção. Sua constituição original não se originou de convenções
ou princípios preestabelecidos, mas de conveniências afloradas pelas condições e
circunstâncias que se estabeleceram nas estruturas do setor de diversos paises
(LACERDA; LACERDA, 2004).
Informam ainda Lacerda e Lacerda (2004), que na formação de um pólo surgem
quatro partes: a) cadeia produtiva; b) produção de bens e serviços; c) elos entre as
instituições; e d) a participação do Estado. Empiricamente observa-se que no pólo
frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA ocorrem estas quatro partes, em maior ou menor
intensidade, dependendo da natureza das forças presentes no meio institucional.
a) Cadeia Produtiva - a produção de frutas frescas no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-
BA está direcionada para a exportação. O cenário onde se encontram inseridas as
empresas é um ponto relevante, quando analisado pelo lado da concorrência
enfrentada por elas para garantirem participação no mercado. No pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA, a aglomeração da produção torna-se benéfica para o desempenho
do setor. Ao estarem implantadas em uma mesma região, torna-se mais fácil adquirir
vantagens, tanto em termos do espaço, como de infra-estrutura física básica, além
de tornar-se mais viável um acompanhamento em termos da produção e
comercialização, uma vez que agindo coletivamente, torna-se mais forte a presença
de órgãos especializados na região.
b) Produção de Bens e Serviços - os produtores se organizam para acompanhar
as tendências de mercado, implantar um padrão tecnológico em parceria com as
instituições de pesquisa e desenvolvimento - P&D, buscando capacitação técnica e
mão-de-obra. Tecnologias de irrigação, drenagem e manejo são aportados junto à
Embrapa Semi-Árido, Codevasf e demais instituições que trabalham em capacitação
47
e treinamento na região. Uma vez articuladas, empresas e produtores podem reduzir
custos por meio da adoção de tecnologias, transporte e comercialização adequada.
Isso favorece o desenvolvimento das pesquisas agrícolas e permite a diversificação
de tecnologias, trazendo rentabilidade ao processo.
c) Interligação entre as Instituições - o nível de articulação dos pequenos
produtores se dá em menor grau. Geralmente encaminham suas demandas por
meio de suas cooperativas, bem como pela Codevasf e Embrapa Semi-Árido.
Atuam na promoção do desenvolvimento tecnológico a Embrapa, Valexport e
Universidades do pólo. A Valexport atua junto às agências de fomento no sentido de
adquirir os recursos financeiros necessários para minimizar dificuldades técnicas de
produção e gestão dos associados.
d) Participação do Estado - a ação do governo no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA
acontece por meio de obras de infra-estrutura. Entre elas estão as principais:
• Construção da barragem de sobradinho (energia e água);
• Construção e ampliação do aeroporto Senador Nilo Coelho, em Petrolina-PE;
• Implantação da infra-estrutura física básica de irrigação;
• A presença da Embrapa Semi-Árido, aportando tecnologias agrícolas;
• Escolas Técnicas e Universidades, gerando externalidade educativa;
• Sistema bancário concedendo crédito e fomentando negócios, e
• Articulação do setor frutícola com a agroindústria de vinhos (LACERDA;
LACERDA, 2004).
Observando as informações de Lacerda e Lacerda (2004) fica clara a aproximação
do modelo teórico do triângulo de sábato (1968) com os elementos descritos pelos
autores como externalidades socioeconômicas e de infra-estrutura hídrica e de
transportes presentes nas cadeias frutícolas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
48
3.2 Abordagem de Tecnologia O objetivo dessa seção é reconhecer formas de tecnologias, inclusive aquelas
usadas na agricultura irrigada, procurando colocá-las no contexto do agronegócio de
frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA associando alguns modelos utilizados para
transferi-las aos pequenos produtores rurais.
O modelo geral dos elementos formadores das cadeias produtivas e agentes dos
setores público e privado que estabelecem políticas públicas no pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA, encontram-se harmonizados neste trabalho em teoria e prática,
realidade e modelo.
A literatura sugere vários conceitos de tecnologia, porém para Gastal
(1997) a melhor maneira de entender tecnologia é estabelecer sua
diferenciação da ciência. Para esse autor a ciência está intimamente
ligada ao conhecimento dos fenômenos, das relações e das teorias,
enquanto que a tecnologia está associada aos resultados
econômicos, aos impactos sociais e econômicos sobre uma
comunidade, resultante da aplicação de novos materiais, novos
processos de fabricação, novos métodos e novos produtos nos
meios de produção.
É entendimento pacífico que alguma forma de tecnologia sempre existiu em toda e
qualquer organização social e quase universalmente aceito que mudanças
tecnológicas e outras formas de inovação são as fontes mais importantes do
crescimento da produtividade e do aumento da qualidade de vida – e tem sido assim
por séculos Edquist (1997) apud Terra (2001). Na Embrapa de maneira geral, o
enfoque de pesquisa e desenvolvimento - P&D está associado ao agronegócio, à
geração e adaptação de tecnologias agropecuárias e à agricultura comercial e
familiar. Nesse contexto P&D abrange geração de conhecimentos e tecnologias e
suas transformações em produtos, processos e serviços.
49
O entendimento sobre tecnologia, neste trabalho, vincula-se ao modelo de P&D em
agropecuária, ou seja, numa visão de processo contínuo e cíclico, onde as ações
acontecem por meio de pesquisadores, difusores e produtores rurais.
Para Gastal (1980) apud Gastal (1997) é indispensável à realização de programas
de mudança tecnológica com dimensão e conteúdo que possam propiciar
conhecimentos que permitam a realização de uma agropecuária mais eficiente, com
níveis de produtividade mais elevados e com características que atendam às
aspirações dos agricultores e à realidade rural a qual se destinam. Gastal (1997)
expõe que o processo de mudança tecnológica deve ser entendido como um
componente essencial de um outro processo de mudança bem mais amplo e global,
que é o desenvolvimento econômico e social, ressaltando a importância da
tecnologia no desenvolvimento social. Nas últimas décadas a partir do surgimento da
microeletrônica o ritmo de aparecimento de inovações tecnológicas se tornou cada
vez mais rápido. Essa tecnologia às vezes é rudimentar como uma enxada para
“limpar mato” ou sofisticada como o Global Positioning System - GPS que pode ser
usado para localização e delimitação de áreas agrícolas por meio de satélites. Todas
as empresas dependem de um tipo de tecnologia ou de um conjunto de tecnologias
para funcionar e alcançar seus objetivos. Embora a tecnologia, a técnica, a mudança
tecnológica, o progresso técnico tenham sido abordados e teorizados em épocas
distintas e de maneiras diversas, coube a Schumpeter (1930), inserir a tecnologia e
sua expressão mais prática, a inovação8 como parte integrante e fundamental do
processo econômico.
8 Schumpeter (1930) adota uma concepção abrangente de inov ação, associando-a a tudo que dif erencia e cria v alor a um negócio. Isso inclui, além do desenvolv imento de nov os produtos e processos, as ativ idades de criação de um nov o mercado antes inexistente (TIGRE, 2006).
50
Segundo Acosta-Hoyos (1984) apud Gastal (1997), na agricultura as idéias de
Schumpeter e Galbrith sobre o estreito relacionamento entre tecnologia e economia
foram aplicadas por meio do modelo de inovação induzida por Hayami e Ruttan
(1971) e Gastal (1997) descreve que:
Esse modelo surgiu em substituição ao da difusão de tecnologia,
amplamente utilizado no Brasil, e serviu de base para a criação do
Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural - Sibrater
responsável pela transferência de tecnologias para o meio rural.
Ao conceber-se a tecnologia como agente de inúmeras inovações, torna-se
importante ressaltar que esta possa ser utilizada de forma criativa, no entanto é
imprescindível que seja criado um ambiente favorável ao desenvolvimento da
criatividade (ABREU; FRANÇA, 1999).
Por sua vez, Maximiano (1990) demonstra que álcool e gasolina são dois recursos
diferentes e a combinação com motores de combustão resulta em duas soluções
similares para a movimentação de veículos. São duas tecnologias distintas,
embutidas no processo de fabricação de combustível e em sua aplicação nos
motores, que têm a mesma finalidade. A tecnologia depende que as pessoas saibam
fazer combinações de recursos, e possam, portanto, defini-la também como a
aplicação de conhecimento na produção de bens e na prestação de serviços, que é
a conceituação mais difundida. Apresentam-se três conceitos de tecnologia de
Maximiano (1990) esclarecendo que:
(...) Embora o termo tecnologia inclua especif icamente equipamento
mecânico, não está limitado a esse sentido, porém também inclui
procedimentos e métodos para organizar a atividade humana e
meios de manipular ou estruturar o comportamento humano.
51
Tecnologia é o repertório social de conhecimentos que dize m
respeito às suas indústrias. Ela é feita de conhecimentos usados pela
indústria, agricultura, governo e pelas profissões interessadas nos
fenômenos físicos e sociais, conhecimentos relacionados com a
aplicação de princ ípios e teorias básicas para trabalhar nesses
campos, e conhecimentos empíricos de artesãos e praticantes.
... A tecnologia... transforma os recursos nas coisas que os homens
desejam. A tecnologia inclui, entretanto, não apenas instrumentos,
máquinas e outros implementos, mas também os conhecimentos e a
habilidade acumulados necessários à utilização de quaisquer
instrumentos disponíveis.
Então tecnologia é um conjunto ordenado de conhecimentos e recursos empregados
na produção e comercialização de bens e de serviços. Neste sentido, tecnologia
pode ser considerada como um conjunto de conhecimentos (científicos ou não)
aplicáveis à produção.
Segundo Abreu e França (1999) conhecimentos podem ser científicos ou empíricos,
ou seja, resultado de observações, experiências cotidianas, aptidões especificas,
tradição oral ou escrita. Em sentido amplo, a tecnologia abrange todos os
conhecimentos técnicos, patenteados ou não, fórmulas, manuais, planos, projetos,
marcas, métodos de direção e de administração, procedimentos e conhecimentos
técnicos, métodos e processos de operação, normalmente requeridos para montar e
operar instalações produtivas e o próprio conhecimento para selecionar e escolher
tecnologias variadas, estudos de análise econômica, financeira e mercadológica.
A tecnologia envolve aspectos físicos e concretos “hard” - máquinas, equipamentos,
instalações, circuitos etc. - bem como aspectos conceituais e abstratos “soft” - como
políticas, diretrizes, processos, procedimentos, regras e regulamentos, rotinas,
planos, programas e métodos de trabalho.
52
Segundo Kruglianskas (1996) apud Abreu e França (1999) tecnologia engloba todas
as áreas da empresa (projeto, manufatura, administração, marketing, produção).
Caso contrário haverá um comprometimento quanto à sua capacidade competitiva e
essa visão multidimensional possibilita interação entre as diversas áreas da empresa
com suas dimensões: o “hardware”, o “software” e o “humanware”.
Abreu e França (1999) descrevem que alguns modelos existentes na
literatura procuram estabelecer a relação entre tecnologia e
organização, na tentativa de identif icar forças dominantes que afetam
os resultados da implantação de uma dada tecnologia em uma dada
organização.
O modelo denominado imperativo tecnológico9, cujo propósito é examinar impactos
da tecnologia e dimensões individuais (satisfação no trabalho, níveis de habilidade
requeridos, complexidade da tarefa, efetividade na comunicação e produtividade) e
organizacionais (centralização/descentralização, tamanho, performance, estrutura)
tem como premissa que a tecnologia e variáveis organizacionais e individuais podem
ser medidas e previstas. Quando a tecnologia é tratada independentemente da
influência do comportamento humano e das propriedades organizacionais, surge
outra vertente em contraposição à visão anterior, denominada de modelo da escolha
estratégica, onde a tecnologia não é um objeto externo, mas um produto da contínua
ação humana (ABREU; FRANÇA, 1999). Três abordagens envolvem o respectivo
modelo:
a) Foca em como uma tecnologia em particular é fisicamente construída por
meio de interações sociais e escolhas políticas de atores humanos. Esta
abordagem baseia-se fortemente na capacidade dos agentes humanos;
9 Linha de pensamento que atribui à tecnologia um caráter independente, capaz de influenciar o rumo da
economia e da sociedade.
53
b) Examina como interpretações comuns/compartilhadas sobre certa tecnologia
são levantadas e como elas afetam o desenvolvimento e a interação com esta
tecnologia, mas pouco considera os aspectos materiais e estruturais da
interação com a tecnologia;
c) Na análise marxista da tecnologia: a tecnologia é projetada e implantada para
fortalecer interesses políticos e econômicos de capitalistas, enquanto que os
empregados não são capitalizados (TIGRE, 2006).
3.3 Aspectos Econômicos da Tecnologia Torna-se evidente a necessidade de descrever as implicações inerentes à utilização
de uma dada tecnologia em um dado ambiente estratégico, tático ou operacional.
Porter (1989) assegura que a transformação tecnológica é um dos principais
condutores da concorrência e acrescenta que:
A concorrência desempenha um papel importante na mudança
estrutural da indústria10, bem como na criação de novas indústrias.
Ela é também um grande equalizador, acabando com a vantage m
competitiva até mesmo de empresas bem fortif icadas e instigando
outras para a dianteira. Um grande número das grandes empresas
de hoje surgiu da capacidade de explorar transformações
tecnológicas. De todas as coisas que podem modif icar as regras da
concorrência, a transformação tecnológica f igura entre as mais
proeminentes. Apesar da sua importância, a relação entre
transformação tecnológica e concorrência é muito mal entendida. A
transformação tecnológica costuma ser considerada por si só valiosa
– qualquer modif icação tecnológica que uma empresa possa ser a
primeira a fazer é considerada boa.
10 Porter denomina “indústria” todas as ativ idades realizadas em um mesmo setor, área ou segmento da economia.
54
Observações empíricas e consultas a teoria sobre o tema, indicam que o pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA é o primeiro a se mover na atividade de produzir frutas na
região semi-árida do Nordeste brasileiro, conferindo vantagem competitiva a essa
região. A esse respeito, Porter (1989) afirma que, geralmente a concorrência de um
setor de “alta tecnologia” é considerada uma passagem para a rentabilidade, e
outros setores “de baixa tecnologia” são vistos com desdém, enquanto a
transformação tecnológica não é importante por si só, mas é importante se afetar a
vantagem competitiva e a estrutura daquele setor da economia.
Porter (1989) esclarece que setores de alta tecnologia são muito menos rentáveis do
que alguns de “baixa tecnologia” devido as suas estruturas desfavoráveis. A
tecnologia, contudo, penetra na cadeia de valores de uma empresa e extrapola as
tecnologias associadas diretamente ao produto. Nem toda transformação
tecnológica é estrategicamente benéfica; ela pode piorar a posição competitiva de
uma empresa e a atratividade do setor. Alta tecnologia não garante rentabilidade.
Não existe, de fato, um setor de baixa tecnologia ao se observar as coisas por este
prisma mais amplo. Ao considerar qualquer setor da economia maduro em termos
tecnológicos, em geral, o resultado será um desastre estratégico.
Além disso, muitas inovações importantes para a obtenção de vantagem competitiva
são comuns e não envolvem nenhuma ruptura cientifica. A inovação pode ter
importantes implicações estratégicas para empresas de baixa, bem como de alta
tecnologia (PORTER, 1989).
55
3.4 Tecnologia e a Cadeia de Valores O instrumento básico para que se compreenda o papel da tecnologia na vantagem
competitiva é a cadeia de valores. Uma empresa, na qualidade de um conjunto de
atividades, é um conjunto de tecnologias. A tecnologia está contida em toda
atividade de valor em uma empresa, e a transformação tecnológica pode afetar a
concorrência por seu impacto sobre quase todas as atividades. Cada atividade de
valor emprega alguma tecnologia para combinar insumos adquiridos e recursos
humanos com o objetivo de produzir algum produto final (PORTER, 1989).
Esta tecnologia pode ser tão comum quanto um conjunto simples de procedimentos
para gestão de pessoal, e normalmente, envolve diversas disciplinas cientificas ou
subtecnologias. A tecnologia de manuseio de material empregada em logística, por
exemplo, pode envolver disciplinas como engenharia industrial, eletrônica e
tecnologia de material.
A tecnologia de uma atividade de valor representa uma combinação destas
subtecnologias. As tecnologias também estão contidas nos insumos de consumo
adquiridos em cada atividade de valor, tanto nos insumos adquiridos e utilizados em
cada atividade de valor, tanto nos insumos de consumo como nos bens de capital.
O projeto auxiliado por computadores constitui exemplo de uma tecnologia que está
substituindo formas tradicionais de desenvolvimento de novos produtos. Vários tipos
de tecnologias também constituem as bases da execução de outras atividades de
apoio, inclusive aquelas cujas bases normalmente não são consideradas
tecnológicas. A aquisição envolve procedimentos e tecnologias para a colocação de
pedidos e para interação com fornecedores. Recentes desenvolvimentos na
tecnologia de sistemas de informação oferecem a possibilidade de revolucionar a
aquisição por meio de alterações nos procedimentos de pedidos e de facilidades
56
para obtenção de elos com o fornecedor. A gerência de recursos humanos conta
com pesquisa de motivação e com tecnologias para o treinamento. A infra-estrutura
da empresa envolve uma grande variedade de tecnologias que vão desde o
equipamento de escritório até o planejamento estratégico e a pesquisa jurídica
(PORTER, 1989).
Uma escolha em tecnologia em uma parte da cadeia de valores pode ter implicações
em outras partes da cadeia. Em casos extremos para alterar a tecnologia em uma
atividade pode ser preciso uma grande reconfiguração da cadeia de valores.
As tecnologias de uma empresa também são nitidamente interdependentes em
relação às tecnologias de seus compradores e pontos de contatos entre a cadeia de
valor de uma empresa são a cadeia de seu comprador e definem áreas de
interdependência em potencial de tecnologia (PORTER, 1989). A tecnologia do
produto de uma empresa influencia a tecnologia do processo e do produto do
comprador e vice-versa. A tecnologia é, então, difundida em uma empresa e
depende, em parte, dos canais dos compradores e da tecnologia dos fornecedores.
Como um resultado, o desenvolvimento de tecnologia abrande áreas bem fora dos
limites tradicionalmente estabelecidos para pesquisa e desenvolvimento - P&D e
envolvem inerentemente fornecedores e compradores11. Algumas das tecnologias
envolvidas na cadeia de valor são específicas ao setor, em graus variados, mais
muitas não são. Portanto, o desenvolvimento de tecnologia relevante para uma
empresa em geral ocorre em outros setores. Todas estas características da
tecnologia têm implicações para o papel da tecnologia na vantagem competitiva.
11 Daí o rótulo “desenv olvimento de tecnologia” na cadeia de valores genérica ao invés da frase mais lim itada “pesquisa e desenvolv imento”.
57
3.5 Modelos de Transferência de Tecnologias Percebe-se, a priori, ser a grande tese da transferência de tecnologias agropecuária
o nível de sofisticação da tecnologia e o público que vai efetivamente utilizá-la no
processo produtivo.
Como demonstra Terra (2001), existem modelos de transferência de
tecnologia dos mais simples aos mais complexos, e sua utilização
depende da empresa e do ambiente interno e externo da
organização. Assim, o contexto em que está inserida a empresa
afeta de maneira decisiva o tipo e a natureza da tecnologia
empregada em suas operações para a produção de produtos e
serviços. Ainda segundo essa autora, a experiência nessa área tem
mostrado que não basta simplesmente demonstrar o uso e os
procedimentos de utilização de uma dada tecnologia para se dar de
maneira efetiva a sua adoção. O sucesso ou o fracasso de muitas
tecnologias agropecuárias tem se vinculado ao processo de
transferência e adoção, por excelência.
Daí a importância que se reveste a ação de operacionalização, de passar, explicar e
motivar o uso de uma prática, um equipamento, uma máquina ou mesmo um
procedimento administrativo para terceiros. Segundo Orlikowski (1992) apud Abreu e
França (1999), há uma reconceituação da tecnologia que utiliza duas perspectivas: a
determinística e a escolha estratégica (ação social), baseando-se na teoria de
Giddens sobre reestruturação organizacional, denominado de modelo estrutural da
tecnologia.
Neste modelo, a tecnologia é vista como o gatilho da mudança estrutural: tecnologia
não é a causa material, mas o gatilho material, ocasionando certas dinâmicas sociais
que levam às conseqüências estruturais antecipadas ou não. A tecnologia é
entendida como um objeto social cujo significado é definido pelo contexto de uso,
enquanto sua forma física e função permanecem fixas ao longo do tempo.
58
Explicam Abreu e França (1999), que este modelo está associado às tecnologias
utilizadas pelas empresas agrícolas e agroindustriais e no agronegócio, e que a
prática cientifica e a prática tecnológica tem o conhecimento da natureza como a sua
matéria-prima. A última difere da primeira na sua atividade de transformação
daquela matéria-prima no seu produto.
A característica distintiva da atividade de produção tecnológica é sua intenção de
maestria e controle da natureza, para servir aos propósitos dos homens. Esta
característica distintiva da atividade de produção tecnológica contém alguns pontos
básicos nos quais se pode estabelecer tanto a especificidade da prática tecnológica
como um campo de conflito, quanto às suas interconexões com outros processos
sociais (ABREU; FRANÇA, 1999).
O primeiro desses pontos básicos é que o impulso para a maestria e controle da
natureza é distinto daquele usado para o seu conhecimento. Ou seja, a investigação
de questões relacionadas com o “por que”, e aquela relativa ao “como” e o “que”
pressupõem atividades diferentes. Desta forma, a atividade cientifica pode contribuir
para a tecnologia, na medida em que soluções das questões relacionadas ao “por
que” conduzam a soluções das questões do “como” e o “que”.
Como é por meio da prática tecnológica que os propósitos dos homens são mais
diretamente atendidos, ela, mais do que a atividade cientifica, se aproxima dos
outros processos sociais. O segundo ponto básico é que o ser humano como um ser
intencional (consciente) se transforma na ligação entre o objeto na natureza e o
instrumento de trabalho Schmidt (1971) apud Abreu e França (1999).
Leiss (1977) apud Abreu e França (1999), distingue técnica e tecnologia, e define
técnica como: soluções para problemas práticos ou teóricos que surgem de forças
do meio-ambiente as quais tem impacto sobre organismos, enquanto que
59
tecnologias são combinações de técnicas e essas combinações representam
escolhas entre usos e objetivos alternativos a serviços aos quais as técnicas são
aplicadas.
(Técnicas) colocam uma solução para um problema envolvendo o
relacionamento entre meios e f ins e, no que diz respeito à técnica, é
uma matéria de indiferença que desempenha as operações
relevantes e sob que condições. Contudo, no que diz respeito à
sociedade ou cultura, isto não se torna uma matéria de indiferença.
Em padrões sociais estabelecidos, as técnicas são quase sempre
combinadas com classe, status e determinações de papéis que
especif icam quem pode desempenhar as operações associadas com
técnicas... Esta combinação é o que se chama uma tecnologia...
Leiss (1977) apud Abreu e França (1999).
A estreita ligação entre tecnologia, ou melhor, entre a geração de tecnologia e os
diversos componentes sociais que estão a influenciar esta geração, é de importância
fundamental, pois se constitui num referencial básico para um entendimento mais
completo do conceito de tecnologia. No entanto, esta conceituação limita a
possibilidade de se conduzir esta noção a um passo mais adiante, isto é, o de
conceituar tecnologia também como uma prática e, portanto, como um campo de
conflito. A este respeito Sousa e Singer (1984), esclarecem:
O imperativo social e a extensão do acaso na criação de técnicas
não são pré-f igurados. Ao contrário, esta criação é determinada pelo
conflito que ocorre dentro de certos limites estruturais, os quais
delimitam em que medida a prática tecnológica servirá a interesses
competitivos e contraditórios. A urgência em ver a produção
tecnológica como um campo de conflito constituído por certo tipo de
ação intencional nos conduz ao terceiro ponto básico na elaboração
da tecnologia como uma prática específ ica ligada a outros processos
sociais.
60
Este ponto se baseia no fato de que a prática tecnológica ter a sua própria
especificidade, via uma série de escolhas humanas e uma base sócio-material
implicada naquela série. É esta base sócio-material, junto com os arranjos
alternativos da natureza, que possibilita aquela série de escolhas humanas, dentro
da qual, por meio do conflito, algumas opções são selecionadas sobre outras.
Em relação às formas fenomenológicas, uma série de esclarecimentos importante
devem ser feitos. O primeiro deles é que as tecnologias concretas são referenciadas
como formas fenomenológicas porque elas aparecem para o trabalhador e para o
capitalista (em maior ou menor grau) como uma engrenagem indiferente, mas útil.
Contudo, quando inseridas na base sócio-material, elas, inevitavelmente, geram um
elemento ideacional, isto é, elas contribuem para a prática ideológica como um
componente da matéria-prima para transformação de processos objetivos em
subjetivos. Dessa forma, os interesses não se encontram no mesmo nível da
estrutura básica, formada por relações reais.
Ao contrário, eles são derivados desta estrutura, sendo produzidos e reproduzidos
de forma particular dentro de uma base material que possui, com maior ou menor
sucesso, formas fenomenológicas construídas que captam as relações reais.
O terceiro esclarecimento é que formas fenomenológicas referidas resultam da
prática tecnológica que se liga às condições de produção: uma base sócio-material,
um leque de escolhas humanas e um campo de conflito.
Por último, as formas fenomenológicas produzidas na prática tecnológica são
multidimensionais. A criação e desenvolvimento do conhecimento técnico e o seu
uso junto ao instrumento concreto de trabalho que acompanha aquele conhecimento
formam uma unidade (ABREU; FRANÇA, 1999).
61
3.6 Transferência de Tecnologias Agropecuárias na Embrapa A Embrapa se notabilizou entre os organismos de pesquisa agropecuária, pelo
componente de difusão de tecnologia no seu modelo institucional e operativo. Esta
singularidade, no entanto, tem provocado confusão conceitual no próprio seio da
Empresa, deixando dúvidas quanto à prática da difusão e do papel dos chamados
difusores nas Unidades Descentralizadas – UDs de pesquisa (RODRIGUES, 1987).
Segundo Alves (1980a, b) e Blumenschein (1978) apud Rodrigues (1987), o conceito
tradicional de difusão de tecnologia encontrado na literatura refere-se ao tratamento
de comunicação que se dá a uma inovação por diversos canais, para fazê-la chegar
aos usuários potenciais dentro de determinado sistema social e em determinado
espaço de tempo. Mas o modelo da Embrapa oferece outras perspectivas de
análise. A geração e a difusão de tecnologia estão inextricavelmente ligadas como
componentes de um mesmo processo que se inicia em nível de produtor e termina
em nível de produtor, conforme axioma que já é do conhecimento de todos. A
proposta é explicar, mesmo que de maneira provisória, esse processo, objetivando
entendê-lo na visão dos pequenos produtores rurais de frutas.
É mediante a apreensão da realidade, selecionando um problema no processo
produtivo buscando soluções de pesquisa que enseje uma verificação em nível
empírico e que seja viabilizada pelo uso de técnicas experimentais, principalmente,
que se pode chegar a resultados monodisciplinares constituídos de produtos parciais
de pesquisa publicados em literatura especifica, ou, eventualmente, divulgados por
outros meios. O passo seguinte é fazer com que os resultados monodisciplinares
sejam testados em nível de produtor, para se conhecer o seu desempenho dentro do
sistema de produção em uso pelos agricultores (RODRIGUES, 1987).
62
Finalmente, acontece à difusão propriamente dita ou a disseminação da tecnologia,
depois de conhecidas as suas vantagens e restrições, trabalho que se efetiva com a
maior parcela de responsabilidade da assistência técnica e extensão rural.
A adoção pelos produtores é a conseqüência natural do processo, se não houver
outros fatores inibidores de natureza estrutural e socioeconômica. Este é o modelo
de geração/adaptação e transferência de tecnologias corrente, que é adotado na
maioria das Unidades de pesquisa da Embrapa.
63
3.7 Aproximação do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA com o Triângulo de Sábato O objetivo dessa seção é apresentar o modelo teórico que se adota para análise do
pólo de fruticultura irrigada de Petrolina-PE/Juazeiro-BA, onde se configura o modelo
constituído pelos três elementos criados por Jorge Sábato (1968) apud Terra e
França (2001), o qual se denomina “Triângulo de Sábato”.
Segundo França (2001), Jorge Sábato, cientista argentino, escreveu,
em 1968, juntamente com Natalio Botana, um dos artigos mais
importantes sobre o papel da Ciência e Tecnologia – C&T para o
desenvolvimento econômico da A mérica Latina. Sábato e Botana
(1968) propuseram, há 38 anos um modelo visando superar o
subdesenvolvimento da A mérica Latina, através da inserção da
ciência e da tecnologia na rede que compõe o processo de
desenvolvimento. O modelo propunha ações diretas do governo no
intuito de entrelaçar o sistema de C&T e o setor produtivo. Esse
processo resultaria numa ação múltipla e coordenada do governo,
setor produtivo e da infra-estrutura científ ico-tecnológica.
Os elementos constitutivos do modelo são: governo, empresa e centro de pesquisa e
desenvolvimento. Cada um destes se situa em um dos três vértices do referido
triângulo, atuando em sintonia e, harmonicamente, criam condições favoráveis para
a geração de inovações e disseminação e adoção de novas tecnologias.
Usando a representação de um triângulo, Jorge Sábato coloca no vértice superior,
governo; no segundo vértice, instituições de ensino e pesquisa (infra-estrutura
científico-tecnológica); e no terceiro, empresas (estrutura produtiva) e demonstra a
importância de inter-relações entre os três vértices e entre pares em cada vértice. No
pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA o governo se faz presente por meio de obras de infra-
estrutura hídrica e transportes, empresas da área agrícola e agroindustrial, bem
como, médios e grandes empreendimentos frutícolas e um centro de pesquisa da
Embrapa, constituem o modelo denominado de “Triângulo de Sábato”.
64
Tendo em vista limitações de ordem temporal e operacional, as análises feitas neste
trabalho observam uma parcela12 do processo de transferência de tecnologias da
Embrapa Semi-Árido. Segundo Sábato e Botana (1968) apud França (2001), a
presença e relações desses três elementos em uma região indicariam possibilidade
de sucesso do aglomerado produtivo. Graficamente o modelo teórico é representado
pela figura plana de um triângulo, tendo relacionamentos entre os vértices “x, y e z”.
As relações são representadas pelas intra-relações, que ocorrem entre componentes
de um mesmo vértice; as extra-relações, que se criam entre a sociedade e o exterior
e as inter-relações, que se estabelecem entre pares dos vértices.
Instituições públicas e privadas desse pólo de irrigação se envolvem em ações de
transferência de tecnologias da área frutícola, junto com a Embrapa Semi-Árido,
como Codevasf, Valexport, Sebrae, Univasf, Uneb, Distrito de Irrigação Senador Nilo
Coelho - DISNC, CEFET, EBDA, Prefeituras de Petrolina-PE e Juazeiro-BA,
Associações de Produtores de Frutas do Vale do rio São Francisco e Pequenos
Produtores de Frutas, dentre outros. Estas entidades representam os outros dois
vértices que complementam os elementos que constituem o modelo do triângulo de
sábato. Ademais, empresas produtoras de insumos agrícolas e de máquinas e
implementos são parceiros sistemáticos da Embrapa Semi-Árido em ações de
transferência de tecnologias agrícolas, conforme se observa nos Anexos A e B.
A abordagem teórica dessa dissertação toma como modelo o triângulo de sábato e
suas relações, o qual está demonstrado pela Figura 1 tendo grande aproximação
com a estrutura de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido e com as
cadeias de produção de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
12 Analisam-se seis culturas f rutícolas da área irrigada, pois o processo total de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido abrange três áreas de atuação: a) área de agricultura dependente de chuv a; b) meio ambiente; c) caprino-ovinocultura e, d) agricultura irrigada.
65
Figura 1 - Diagrama do Modelo Teórico do Triângulo de Sábato
A Figura 1 sugere uma abordagem sistêmica, caracterizada pela existência de
relações entre os três elementos13 dos vértices, os quais são forças motrizes da
competitividade econômica, mantendo-se, entretanto, a simplicidade e a rigidez do
triângulo de sábato. As setas nos dois sentidos de direção dos vértices indicam inter-
relações entre os componentes do modelo teórico.
As relações formais e informais entre os componentes do triângulo de sábato,
podem se estabelecer de várias formas: bilateral ou multilateral; pontual ou
estratégica; envolver ou não recursos materiais e/ou financeiros; e utilizar ou não
estruturas de interface Plonski (1998) apud França (2001).
13 O primeiro elemento Governo se posiciona no v értice superior do triângulo de sábato, por conta da relação de coordenação que esse elemento assume no sistema. Os 3 (três) nív eis de governo estão aqui contemplados: Federal, Estadual e Municipal. O segundo elemento, P&D é entendido como o conjunto de ações praticados por Centros de Pesquisas e Desenvolv imento que env olva a geração de nov os conhecimentos científ icos e a transf ormação de conhecimentos e tecnologias já existentes em nov as tecnologias e conhecimentos acabados que atendam as necessidades do mercado e da sociedade. O terceiro elemento, Empresa identif ica-se como qualquer empreendimento econômico das áreas de indústria, comércio, agricultura e/ou serviços de iniciativa e caráter privado.
Gov erno Inter-relações entre os elementos do triângulo.
P&D Empresa
Fonte: Terra, 2001.
66
Os programas políticos atuais, propostos pelos governos, tendem a induzir a
colaboração e integração entre os três vértices, mostrando um sistema de rede
emergente entre os principais elementos que compõem os sistemas de inovação e
transferência de conhecimentos (TERRA, 2001).
No Brasil, Tigre (2006) explica que há uma contradição de apresentar características
tecnológicas típicas de países em desenvolvimento, a exemplo da pouca
escolaridade da força de trabalho e da baixa intensidade tecnológica de grande
parte da atividade econômica e, por outro lado, reunir comprovada capacitação para
desenvolver e utilizar tecnologias avançadas em várias áreas do conhecimento.
Isso coloca o país em uma situação “sui generis” para o enquadramento em modelos
analíticos sobre inovação, exigindo um tratamento específico que combine a
literatura internacional com a análise das características locais.
Essa contradição demonstrada por Tigre (2006) se aproxima do modelo de produção
do pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA, e essa é a principal razão pela qual se
tomou o triângulo de sábato como modelo teórico para esse trabalho, tendo em vista
a simplicidade do modelo conceitual e sua facilidade de demonstração, bem como
as semelhanças das características dos principais elementos do pólo frutícola em
lide com os elementos dos vértices do triângulo de sábato.
67
CAPÍTULO IV Procedimentos Metodológicos
4.0 Aspectos Gerais da Metodologia de Pesquisa Esta dissertação é composta por seis capítulos e parte inicialmente da observação
empírica do autor sobre o processo de Transferência de Tecnologias da Embrapa
Semi-Árido. Optou-se pela técnica de estudo de caso para condução das análises
do processo de TT, tendo em vista os elementos constitutivos dessa técnica.
No primeiro capítulo, usa-se revisão documental e da literatura do tema para
apresentação dos antecedentes e o ambiente econômico e social, descrevendo-se
brevemente a conjuntura econômica nacional, regional e do pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA. A revisão de documentos da Embrapa e da Embrapa Semi-Árido
descreve a estrutura organizacional e institucional destas duas estruturas orgânicas.
No segundo capítulo, são descritos o tema, a justificativa do trabalho, o problema, os
objetivos geral e específico, a hipótese, a importância do estudo e a delimitação
espacial da investigação. No terceiro capítulo, consta o referencial teórico sobre
tecnologia e sua transferência e outras vertentes do tema. São descritos conceitos
de tecnologia, de tecnologia agropecuária e de transferência de tecnologias
68
agropecuárias no Brasil. No quarto capítulo, detalham-se os elementos da
metodologia que conduz a análise. Utilizam-se métodos quantitativos e qualitativos
por meio de técnicas especificas como a entrevista pessoal, a observação direta e a
aplicação de questionários semi-estruturados, buscando explorar evidências
empíricas do processo de TT do pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
A aplicação do questionário junto aos pequenos produtores rurais dos distritos de
irrigação Senador Nilo Coelho e de Mandacaru, tem por objetivo quantificar
resultados dos indicadores delimitados por seis tecnologias agrícolas junto a seis
instrumentos de transferência com seis culturas frutícolas irrigadas nos respectivos
espaços produtivos. As culturas frutícolas observadas nesse trabalho são manga,
uva, banana, acerola, coco e goiaba, enquanto que as ações de transferência de
tecnologias são: cursos, palestras, dia de campo, seminários, visitas técnicas e
Unidades de Observação.
As Notas de Rodapés desse trabalho estão numeradas seqüencialmente com
algarismos arábicos e procuram elucidar termos e/ou explicar significados de termos
ou palavras pouco conhecidas e/ou utilizadas no cotidiano ou na lida acadêmica.
O Quadro 1 apresenta os seis indicadores utilizados para analisar os níveis de
adoção de tecnologias dos pequenos produtores de frutas dos dois distritos de
irrigação. As seis tecnologias/indicadores representam um conjunto mínimo
necessário para produzir frutas de maneira adequada em sistema irrigado.
69
Quadro 1 - Indicadores Quantitativ os Aplicados à Pesquisa
TECNOLOGIAS ADAPTADAS/GERADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO
INDICADORES TECNOLÓGICOS
CARACTERÍSTICAS DOS INDICADORES RESULTADOS ESPERADOS
INDUÇÃO FLORAL
Aplicação foliar de produtos químicos, v isando a quebra de dormência das gemas apicais, condicionando uma produção escalonada ao longo do ano.
Maior índice e unif ormização da f loração e aumento de produtiv idade das culturas da manga e da uv a.
FERTIRRIGAÇÃO
É a aplicação de fertilizantes v ia água de irrigação, de acordo com a necessidade nutric ional de cada fase fenológica das culturas. Dentre os equipamentos utilizados, destacam-se os injetores hidráulicos e elétricos.
Racionalização e otim ização de insumos de adubação, (f ertilizantes e mão-de-obra). Aumentar a produtiv idade e melhorar a qualidade do f ruto.
CONTROLE BIOLÓGICO
É a utilização de organismos biológicos (f ungos, bactérias, vírus, parasitóides, predadores, etc.) no controle de pragas e doenças.
Diminuir o risco de contaminação do meio ambiente e de intoxicação alimentar com decréscimo do uso de agrotóxicos.
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS - PIF
Sistema de produção agrícola que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso racional dos recursos naturais, tecnologias apropriadas e mecanismos reguladores.
Minimizar o uso de insumos poluentes, assegurando uma produção sustentáv el a preços competit iv os, respeitando e preserv ando o meio ambiente.
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO
LOCALIZADA (Gotejamento/Micro-
Aspersão)
A irrigação localizada compreende a aplicação da água numa fração do solo exploráv el pela planta, mantendo elevados níveis de água disponív el no sistema radicular.
Alta ef ic iência de aplicação e de uso da água de irrigação. Aumento da produção e da qualidade. Diminui custo médio de produção. Otimização da mão-de-obra
TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL
(Mosca-da-Fruta)
Criação massal da praga que se quer controlar, esterilização (CO-60 Raios Gama) e liberação dos machos estéreis no campo. Eles copulam com as f êmeas selv agens da mesma espécie e estas não dão descendentes. A proporção é de 100 machos estéreis: 1 macho selvagem, com liberações semanais. A população da praga decresce a cada geração.
Controle efic iente, que pode ser usado em toda área de f ruticultura e ambientalmente amigo.
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Segundo Rezende (2000), o aprofundamento e o desenvolvimento de modelos de
estudo da inovação, com destaque para o modelo do triângulo de sábato (1968) (...)
verifica-se a necessidade de aumentar os conhecimentos sobre essa temática por
meio da proposição de um modelo que capture no seu escopo a amplitude do
processo de inovação, principalmente na sua multiplicidade, multi-institucionalidade
e incerteza. A gestão da inovação vem se mostrando ao longo do tempo num dos
temas mais complexos de serem estudados, dada a sua interdependência.
70
Assim a transferência de tecnologia entre centros de pesquisa e setor produtivo é
um processo que exige conhecimento, atores e negociação - é uma conversação
permanente. A relação de comunicação para transferência de tecnologias é a mais
difícil de se estabelecer, tendo em vista ruídos permanentes como fator limitante
desse processo e França (2001) informa que a criação de mecanismos facilitadores
de cooperação não implica, necessariamente, que as relações entre setor produtivo,
governo e Centros de pesquisas tenham sucesso.
Para Waissbluth (1994) apud França (2001), o processo de transferência de
tecnologia não pode ser resolvido unicamente por meio de banco de dados, normas
contratuais e envio de papéis por correio. A cooperação se estabelece por meio de
uma rede de relações pessoais entre diferentes atores do processo (networking).
Conforme assinala França (2001), surgiram correntes ideológicas promulgando o
desenvolvimento econômico-social, por meio de modelos de interação, formado por
governo, empresários e centros de pesquisas. Além do triângulo de sábato, existem
a hélice tríplice de Leydesdorff e Etzkovitz (1996) e o sistema nacional de inovação.
Esta dissertação se orienta pelo modelo teórico desenvolvido por Jorge Sábato e
Natálio Botana (1968), delimitado pela figura geométrica de um triângulo com
vértices (x, y, z) nos quais estão presentes as principais instituições do processo de
inovação e transferência de tecnologias (Governo, Empresários e Centros de
pesquisas) e principalmente, suas relações de cooperação.
Por esse meio, aborda-se uma parcela do processo de transferência de tecnologias
e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido e suas inter-relações com os pequenos
produtores rurais de frutas, utilizando-se da exploração, descrição e explicação da
adoção de tecnologias e conhecimentos e da comunicação e cooperação entre os
mesmos.
71
Essa abstração ilustra o modelo teórico adotado neste trabalho, tendo em vista a
aproximação do mesmo com o atual contexto socioeconômico, ambiental e a
configuração dos interesses público e privado do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA com
os elementos do triângulo de sábato e instituições que o compõem.
Nesta análise, isola-se um dos vértices do triângulo de sábato, o que contém Centro
de pesquisa e suas inter-relações com pequenos produtores de frutas do pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Observa-se a Embrapa Semi-Árido e dessa Unidade
uma parte do processo de transferência de tecnologias agrícolas por meio de seis
ações de transferência e seis tecnologias aplicadas à produção de frutas em período
e local determinado.
No quinto capítulo, estão à análise e a interpretação dos dados encontrados na
pesquisa. As tabelas, gráficos, quadros e textos discutem evidências dos dados
quantitativos encontrados por meio da aplicação do questionário e observações
diretas efetuadas junto às unidades de observação. Dados qualitativos são relatados
por meio da entrevista realizada com um pequeno produtor do distrito de irrigação de
Mandacaru.
As unidades de observação são 74 (setenta e quatro) pequenos produtores rurais de
frutas que trabalham na produção de manga, uva, coco, acerola, banana e goiaba,
nos dois distritos de irrigação. Descreve-se a entrevista com um produtor rural do
distrito de irrigação de Mandacaru. No sexto e último capítulo, apresentam-se as
conclusões e recomendações e, no final, as referências bibliográficas, apêndices e
anexos.
72
4.1 Técnica da Pesquisa - Estudo de Caso Essa seção discorre sobre a principal técnica utilizada para abordar o problema, se
adequando ao objetivo da investigação, por se tratar de uma forma de transferência
do conhecimento. Segundo Oliveira (2005:61), estudo de caso é uma técnica
eclética de investigação que, nesse caso, se ajusta as necessidades desse trabalho
quando busca recuperar evidências acerca do fenômeno social da transferência de
tecnologias agrícolas, permitindo fazer generalizações, o que facilita a compreensão
dos elementos explanatórios e da realidade investigada.
No decorrer da pesquisa foram usadas técnicas exploratórias, descritivas e
explicativas, para complementarmente, contribuírem na análise de uma parcela do
processo de transferência de tecnologias e conhecimentos agrícolas da Embrapa
Semi-Árido no período de 2001 a 2005, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Essa
análise se apóia, essencialmente, na opinião e em relato dos pequenos produtores
rurais dos perímetros públicos irrigados Senador Nilo Coelho e Mandacaru. Segundo
Vergara (2005:47):
A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo
inteligível e justif icar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer fatores
que contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado
fenômeno. Por exemplo: as razões do sucesso de determinado
empreendimento. Pressupõe pesquisa descritiva como base para
suas explicações.
Para levantamento dos dados primários, foram aplicados 48 (quarenta e oito)
questionários no distrito de irrigação Senador Nilo Coelho, para uma população de
1.348 pequenos produtores e 26 (vinte e seis) no distrito de irrigação de Mandacaru,
para um população de 54 (cinqüenta e quatro) pequenos produtores, totalizando
73
uma aplicação de 74 (setenta e quatro) questionários. Os indicadores que avaliam o
processo de transferência de tecnologias são de qualidade e quantidade.
O indicador de qualidade verifica, por meio de entrevista, a percepção da imagem
das tecnologias da Embrapa Semi-Árido. Os indicadores de quantidade são
específicos e procuram identificar e mensurar o nível de adoção dessas tecnologias
nos sistemas de produção de seis culturas frutícolas.
4.2 Observação “in-loco” aos Distritos Nilo Coelho e Mandacaru O objetivo das visitas realizadas nos dias 5 e 6 de abril de 2006, à Embrapa Semi-
Árido e aos perímetros irrigados de Bebedouro, Senador Nilo Coelho e Mandacaru,
foi nivelar o conhecimento empírico do autor com o saber acadêmico do orientador.
Conta-se, em parte, com o conhecimento “lato” da realidade pesquisada, tendo em
vista que o autor conhece o pólo há mais de 40 (quarenta) anos. Esta ação é um
esforço acadêmico, no sentido de aproximar e harmonizar conhecimentos teóricos
com experiência, na perspectiva de obter melhores resultados nas análises dessa
dissertação. No dia 05.04.2006, reuniram-se orientador acadêmico e o Chefe Geral
da Embrapa Semi-Árido, quando se debateu sobre objetivos do trabalho. Em
seguida, foi apresentado ao orientador um vídeo demonstrando a missão e
principais projetos agropecuários da Embrapa Semi-Árido, dentre outros temas
ligados à transferência de tecnologias do agronegócio de frutas e do contexto
econômico do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. No período vespertino do mesmo dia,
na companhia de um pesquisador da Embrapa Semi-Árido, autor e orientador
visitaram o perímetro público irrigado de Bebedouro, averiguando a possibilidade de
incluir esse perímetro nas análises.
74
No dia 06.04.2006 no período matutino, a comitiva se dirigiu ao distrito de irrigação
Senador Nilo Coelho, sendo recebida por gestores do projeto, oportunidade em que
os gestores do distrito explanaram sobre o histórico, características técnicas e
administrativas daquela área de produção de frutas. Foi entregue aos visitantes um
documento síntese explicando aspectos da infra-estrutura do projeto e da produção
de frutas.
No período da tarde do mesmo dia, os pesquisadores foram ao distrito de irrigação
de Mandacaru - DIMAND, sendo recebidos por seus dirigentes. Explicado à Diretoria
do DIMAND sobre a razão da presença dos pesquisadores, a mesma discorreu
sobre a situação socioeconômica do distrito de irrigação e entregou documento
sobre o perfil dos produtores, da qualidade e do quantitativo das terras do distrito de
irrigação.
Essa visita é o embrião da pesquisa de campo que levantou e comparou dados e
informações sobre os pequenos produtores rurais dos perímetros públicos irrigados.
O contato com dirigentes dos distritos de irrigação teve o propósito de conhecê-los e
agendar datas para aplicação dos questionários junto aos pequenos produtores de
manga, uva, coco, banana, acerola e goiaba.
No decorrer das análises e no tratamento dos dados primários e secundários e na
elaboração dos gráficos, quadros, mapas e textos foram realizadas mais cinco visita
ao local de observação do estudo de caso, pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, para
ajustar observações empíricas com o referencial teórico, com o modelo teórico
definido para delimitação da abordagem da área estudada.
75
4.3 Delimitação do Escopo da Pesquisa A observação dessa dissertação está circunscrita à atuação de uma parcela do
processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e Inovações da Embrapa
Semi-Árido nos últimos cinco anos junto aos pequenos produtores de frutas dos
distritos de irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru.
A metodologia que guia a investigação está relacionada com a epistemologia, tendo
em vista que se investiga a transferência de um tipo de conhecimento (VERGARA,
2005:12). A identificação das evidências e a aplicação dos indicadores estão
associadas às ciências sociais e fazem parte da técnica denominada estudo de
caso, tendo em vista sua eclética atuação (VERGARA; YIN, 2005).
As unidades observadas são os pequenos produtores rurais de frutas, considerando-
se assim, aqueles que tenham lotes produzindo com dimensões entre um e oito
hectares, independente da localização do núcleo em que estejam situados.
Os distritos de irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho, tendo em vista o
volume de produção agrícola e resultados econômicos, foram escolhidos como
amostras para esse trabalho entre os demais perímetros do pólo por permitir
inferências quantitativas e qualitativas sobre os processos agrícolas ali executados.
A técnica estudo de caso permite a aplicação de instrumentos como: questionários
semi-estruturados, realização de entrevistas, revisão da literatura, pesquisa
documental e observações “in loco” para se recuperar eventos do processo aqui
observado (YIN, 2005). O questionário semi-estruturado aplicado aos pequenos
produtores rurais, é apresentado como Apêndice A no final desse trabalho e a
entrevista está transcrita no quinto capítulo. A entrevista dá precisão ao fenômeno
observado e a análise do discurso traz aspectos subjacentes próprios das pessoas;
por isso utilizam-se nesse trabalho técnicas dos métodos quantitativo e qualitativo.
76
Essa perspectiva se aproxima da hermenêutica e da dialética sugerida por Oliveira
(2005), no sentido de que um método não exclui o outro, no entanto, eles se
complementam para trazer à tona possibilidades de aferição da realidade.
4.4 Os Distritos de Irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru O propósito dessa seção é descrever características técnicas, localização e
produção dos dois distritos de irrigação analisados. O primeiro descrito é o distrito de
irrigação Senador Nilo Coelho. Segundo Silva (2001), os projetos de irrigação
lançaram-se no ramo da fruticultura, que se tornou quase uma especialização desse
território, contribuindo para mudanças na estrutura econômica local e criando uma
nova organização territorial da produção agrícola.
A região do Submédio14 sanfranciscano como um todo, tem cerca de 100 mil
hectares irrigados, apresenta mais de um terço dessa área ocupada com fruticultura,
se destacando o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, com 31,0 mil hectares ocupados
com as culturas de manga, uva, banana, coco, goiaba, maracujá e acerola, dentre
outras.
Desse total, segundo dados da Codevasf (1995), 20,8 mil hectares estão situados
dentro dos perímetros públicos de irrigação, que correspondem a 67% da área
cultivada com fruticultura na região do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA (Mapa 3).
14 O Submédio São Francisco é uma das quatro regiões f is iográf icas do Vale do rio São Francisco e abrange áreas dos Estados da Bahia e de Pernambuco, que se estendem desde o município de Remanso até Paulo Af onso, na Bahia. É nesse trecho que está inserido o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, cuja territorialidade inclui, também, os municípios baianos de Curaçá, Sobradinho, Casa Nova e, no lado pernambucano, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista. Marcada pela presença das empresas de produção e exportação de frutas “in natura”, a “região” do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA aqui considerada, na percepção dos agentes sociais locais e externos, identif ica-se atualmente muito mais como território de inf luência do eixo econômico formado pela fruticultura irrigada do que propriamente como um “pólo agroindustrial” do imaginário dos órgãos de desenv olv imento regional (SILVA, 2001).
77
Mapa 3 - Localização Geográfica do Pólo Petrolina/Juazeiro.
BAHIA
PIAUÍ
PERNAMBUCO
Juazeiro
Petrol ina
44°W
44°W
43°W
43°W
42°W
42°W
41°W
41°W
40°W
40°W
39°W
39°W
11°S 11°S
10°S 10°S
9°S 9°S
LEGENDA
RIO SÃO FRANCISCO
MUNICÍPIOS SEDE DO POLO PETROLINA/JUAZEIRO
LIMIT E INTERESTADUAL
POLO PET ROLINA/JUAZEIRO0 70 140 21035
km
Fonte: IBGE, 2001.
O Submédio sanfranciscano, segundo dados do distrito de irrigação Senador Nilo
Coelho – DISNC apresenta um clima semi-árido tropical, área irrigável de 220.000
ha, altitude de 365 metros, temperatura média de 26ºC, umidade relativa de 50%
(cinqüenta por cento), precipitação média de 400 mm/ano, 300 dias de sol/ano,
insolação de 3.000 horas/ano e evaporação média de 2.000 mm/ano. O distrito de
irrigação Senador Nilo Coelho tem uma área de 40.763 ha e uma área irrigável de
20.388 ha dividido em 11 (onze) núcleos de assentamentos (SOUZA, 2001).
A captação da água utilizada para irrigação no distrito Senador Nilo Coelho é feita no
dique “B” da barragem de Sobradinho de propriedade da Companhia Hidroelétrica
do São Francisco – Chesf e o distrito está localizado na margem esquerda do rio
São Francisco, no município de Petrolina-PE (latitude 09º 09’ S, longitude 40º 22’ W)
e tem sua área irrigável iniciando no município de Casa Nova-BA.
Mapa 4 - Locais de Aplicação do Questionário.
!.
!.
BR-4 07
BR-235
BA-210
BR-1
22/B
R-42
8
BR-210
BA-210
Juazeiro
Petrolina
40°40'0"W
40°40'0"W
40°35'0"W
40°35'0"W
40°30'0"W
40°30'0"W
40°25'0"W
40°25'0"W
9°25'0"S 9°25'0"S
9°20'0"S 9°20'0"S
9°15'0"S 9°15'0"S
LEGENDA
!. SEDE MUNICIPAL
LOCAIS DE APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOSMANDACARU
NILO COELHO
RODOVIA PAVIMENTADA
ÁREA IRRIGADA
ÁREA URBANA
ILHAS
RIO SÃO FRANCISCO
0 1 2 30.5km
Fonte: IBGE, 2001.
79
Na estação de bombeamento principal – EBP, a vazão é de 23,2 m³/s. e a água
percorre 62 km no canal principal e mais 62,2 km em canais secundários para
abastecer 32 estações secundárias, fornecendo água para áreas irrigadas do distrito
de irrigação Senador Nilo Coelho. A partir de 1999, foram automatizadas as
primeiras estações de bombeamento, facilitando o controle e operação por meio de
computadores. Segundo Vital e Marques (2006), o cultivo irrigado requer certa
prática dos produtores quanto à maneira de fazer, o que pode vir da tradição ou do
aprendizado. Técnicas de irrigação mais recentes com o emprego de equipamentos
modernos (...) requer que os agricultores tenham certo treinamento, daí a presença
de perímetros irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, pois o mesmo dispõe de
um sistema adequado de capacitação na área agrícola. O Quadro 2, indica que no
Nilo Coelho, atualmente se destaca a produção de uva com uma área de 2.666,05
ha; a manga com 6.659,86 ha; a goiaba com 2.063,44 ha; a acerola com 811,80 ha;
a banana com 1.454,31 ha e o coco com 1.330,97 hectares plantados, gerando
100.000 empregos, entre diretos e indiretos no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA,
porém no total são plantadas 52 (cinqüenta e duas) culturas (CODEVASF, 2005).
Quadro 2 - Produtiv idade do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho.
DISNC/Maria Tereza Áreas Plantadas (ha) SET/2005
Culturas Nilo Coelho Maria Tereza Área Total Produtividade
(t/ha/ano) Acerola 811,80 46,94 858,74 20,00
Banana 1.454,31 975,14 2.429,45 25,00
Coco 1.330,97 188,28 1.519,25 40.000 und./ha
Goiaba 2.063,44 634,66 2.698,10 25,00
Manga 6.659,86 985,13 7.644,99 25,00
Uva 2.666,05 666,43 3.332,48 20,00
TOTAL GERAL 14.986,43 3.496,58 18.483,01 Fonte: Codevasf, 2005.
80
As seis culturas utilizadas para a análise desse trabalho demonstram um bom índice
de produtividade, ratificando o critério de eficiência e produtividade utilizado para
escolha das áreas de observação. O cálculo para determinação da amostra dos
pequenos produtores do DISNC para aplicação dos questionários de pesquisa partiu
da Tabela 4, que informa existirem 1.384 pequenos produtores de frutas no DISNC.
Tabela 4 - Ocupação Espacial do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho.
Categor ia Nilo Coelho Maria Tereza Total Área Média
nº. 31 10 41 Grandes Empresas ha 4.704,08 696,94 5.401,02
Acima de 50,00 ha
nº. 55 37 92 Médias Empresas ha 1.743,19 1.307,18 3.050,37
20,01 a 50,00 ha
nº. 195 20 215 Pequenas Empresas ha 2.048,83 253,03 2.301,86
7,10 a 20,00 ha
nº. 1.384 544 1.928 Pequenos Produtores ha 8.621.33 2.953,68 11.575,01
Menor que 7,00 ha
Fonte: Codevasf, 2005.
Para determinação da amostra do perímetro irrigado Senador Nilo Coelho, os
cálculos realizados indicaram uma aplicação de 48 (quarenta e oito) questionários,
para garantir uma margem de confiança de 90% (noventa por cento) com desvio
padrão de 1,64² para + (mais) ou para – (menos) e erro máximo que a amostra
suporta igual a 7².
Além disso, estimou-se que 90% (noventa por cento) dos pequenos produtores
rurais dos dois distritos de irrigação conhecem e que 10% (dez por cento) não
conhecem as tecnologias, conhecimentos e inovações da Embrapa Semi-Árido.
81
O mesmo procedimento matemático foi aplicado para o distrito de irrigação de
Mandacaru, tendo em vista uma população de 54 (cinqüenta e quatro) pequenos
produtores rurais, tendo o resultado indicado uma aplicação de 26 (vinte e seis)
questionários.
Conforme a aplicação da Fórmula 1, para um universo finito com amostragem
aleatória simples, a aplicação para os dois distritos de irrigação, deve corresponder a
duas amostras distintas.
qpN
Nqpn
E ××+−
×××=
σσ
22
2
)1(
onde: n = Tamanho da amostra;
σ² = Nível de confiança escolhido em números de desvios (sigmas);
p = Proporção da característica que se conhece no universo pesquisado, calculada
em percentagem;
q = Proporção do universo que não possui a característica pesquisada (q = 1 - p);
Em percentagem (q = 100 - p);
N = Tamanho da população;
E² = Erro máximo permitido.
Fórmula 1 - usada para determinação de amostras em universos finitos
Fonte: UFSC, 1999.
82
Valores atribuídos para determinar as amostras desta pesquisa: σ² = 1.64² (este valor representa um nível de confiança igual a 90%);
p = Estimação da quantidade de pequenos produtores que conhecem as tecnologias
da Embrapa Semi-Árido = 90%;
q = Estimação da quantidade de pequenos produtores que não conhecem as
tecnologias da Embrapa Semi-Árido = 10%;
N = quantidade da população pesquisada: Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho:
1.384 produtores; Distrito de Irrigação de Mandacaru: 54 produtores;
E² = 7² (erro máximo admitido na pesquisa).
O perímetro de irrigação de Mandacaru foi o primeiro a ser implantado em Juazeiro
da Bahia e está localizado na margem direita do rio São Francisco. Nesse perímetro,
os serviços de captação e distribuição da água são realizados pelo Distrito de
Irrigação de Mandacaru - DIMAND (CODEVASF, 2005).
Além da organização que administra a água no perímetro, existe outra com o intuito
de melhorar o processo de comercialização dos produtos de seus associados no
perímetro: a Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Irrigantes do Mandacaru -
CAMPIM. Apesar das dificuldades que vêm caracterizando a atuação das
cooperativas nos perímetros irrigados, as mesmas conseguem subsistir, estando
numa fase de reordenação administrativa.
A Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER dá suporte do ponto de vista das
informações sobre comercialização, levando agentes de venda ao mercado para
discutirem com representantes da cooperativa, objetivando ampliar a atuação da
mesma na comercialização. O principal apoio da ATER é no sentido de motivar os
associados, visando reestruturar a cooperativa, de forma que a mesma funcione
efetivamente em benefício dos associados.
83
Pode-se observar que culturas perenes se destacam, em especial, a manga que
vem aumentando a área cultivada e produção em 90% (noventa por cento) nos
últimos cinco anos. A banana-maçã tem se destacada pelos seus resultados
econômicos e agronômicos despontando como ótima alternativa de cultivo no pólo
Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Apesar de não ser o foco desse trabalho, apresenta-se o
Quadro 3 e o Gráfico 1 com dados sobre o desempenho econômico do
perímetro de irrigação de Mandacaru, demonstrando sua situação de produção
referente ao ano de 2005.
Quadro 3 - Situação Econômica do Perímetro de Mandacaru em 2005.
Cultura Área
Rema-nescente
Área cultiv ada
(ha)
Área colhida
(ha)
Produção (t)
Produti-vidade (t/ha)
Preço médio (R$/kg)
Valor da Produção
(R$)
Área em f ormação
(ha)
Área total (ha)
Perenes 187,85 203,73 147,83 1.546,10 - - 859.376,00 54,20 203,73 Manga 126,2 125,70 87,60 851,9 9,7 0,58 495.805,00 36,40 125,70 Coco 11,50 10,00 10,00 61,0 6,1 0,32 19.236,00 - 10,00
Maracujá 14,60 26,50 20,20 215,9 10,7 0,71 152.438,00 6,30 26,50
Banana 6,50 16,33 11,93 91,6 7,7 1,22 111.525,00 4,40 16,33
Mamão 3,90 7,00 4,40 200,9 45,7 0,19 39.042,00 2,60 7,00
Caju - 0,50 - - - - - 0,50 0,50
Goiaba 23,45 16,50 12,50 121,3 9,7 0,31 38.180,00 4,00 16,50
Pinha 1,70 1,20 1,20 3,5 2,9 0,90 3.150,00 - 1,20
Temporárias 50,50 100,30 202,50 2.674,50 - - 1.133.225,00 44,70 247,20 Feijão - 8,00 38,90 52,2 1,3 1,51 78.990,00 4,00 42,90
Melão 14,00 47,00 101,70 1.596,1 15,7 0,38 610.692,00 33,70 135,40 Acerola 6,00 4,00 4,00 110,0 27,5 0,55 60.205,00 - 4,00
Cebola 30,50 41,00 57,60 910,2 15,8 0,42 382.738,00 7,00 64,60
Pepino - 0,30 0,30 6,0 20,0 0,10 600,00 - 0,30
TOTAL 238,35 304,03 350,33 4.220,60 - - 1.992.601,00 98,90 445,03 Fonte: Codevasf, 2005.
A arrecadação com venda da produção do DIMAND em 2005 foi de R$ 1.992.601,00
(um milhão novecentos e noventa e dois mil e seiscentos e um reais), representando
um aumento de 22% (vinte e dois por cento) em relação aos últimos cinco anos,
apesar da redução de 15% (quinze por cento) da área cultivada.
84
Gráfico 1 - Renda do Perímetro de Mandacaru de 2000 a 2005.
Fonte: Codevasf, 2005.
Quanto à infra-estrutura de serviços sociais do distrito de Mandacaru, percebe-se
que as necessidades dos familiares e dos pequenos produtores são parcialmente
atendidas por meio de atendimentos realizados no próprio local de residência.
Essa infra-estrutura se estabeleceu a partir do ano de 1973, quando da implantação
dos primeiros lotes agrícolas. Atualmente, ocorrem periodicamente eventos culturais
que envolvem toda a comunidade, a exemplo da festa do colono, que é realizada
anualmente, comemorando a safra e a colheita das frutas. A ausência de creche é
um fator impeditivo para que as mulheres dos produtores possam trabalhar fora de
casa ( Tabela 5).
Tabela 5 - Estrutura Social do Perímetro de Mandacaru.
Estrutura Social do Distrito de Irrigação de Mandacaru Valores
Centro Social 1 Igreja 1
Escola de 1º Grau 1 Posto Telefônico 1
Núcleo Habitacional 1 Creche -
Posto Médico 1 Fonte: Codevasf, 2005.
-
500.00 0,00
1.000.0 00,00
1.500.0 00,00
2.000.0 00,00
2.500.0 00,00
2000 2001 2002 2003 2004 2005
Val
or
brut
o da
pro
duç
ão (
$)
85
Comparando-se a infra-estrutura técnica dos dois distritos de irrigação analisados,
percebe-se, a priori, que a estrutura do distrito de irrigação de Mandacaru é
relativamente menor ( Quadro 4) que a estrutura do distrito do Nilo Coelho.
Analisando o volume de captação de água de irrigação dos dois distritos, percebe-se
que o distrito de irrigação Senador Nilo Coelho tem uma captação superior a do
distrito de irrigação de Mandacaru. Isto proporciona ao leitor uma visão da sua
importância em função da magnitude de extensão, produção, diversidade de culturas
agrícolas e quantidade de empregos e renda gerados.
Os dois distritos têm importância relativa para a economia e para o agronegócio do
pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, sem deixar de ser duas realidades distintas com os
mesmos problemas sociais e de infra-estrutura de produção.
Quadro 4 - Estrutura Técnica do Distrito de Irrigação de Mandacaru. Características da Estrutura de Irrigação do Distrito de Mandacaru Valores
Estação de bombeamento (und.) 1,0 Conjunto de bombas 2
Vazão máxima (m3/h) 2.600
Número de adutoras 1,0
Diâmetro da adutora (mm) 800
Extensão (m) 500
Altura Manométrica Total (AMT) (mca) 28,8
Rede de irrigação (km) 24 Rede de drenagem (km) 30 Rede viár ia (km) 17
Reservatório de acúmulo (quantidade e volume) 10.000m3
Fonte: Codevasf, 2005.
86
4.5 O Universo e as Amostras No pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA, atualmente estão em funcionamento sete
perímetros públicos de irrigação: 1) Bebedouro; 2) Senador Nilo Coelho e sua
extensão; 3) Maria Tereza em Petrolina-PE; 4) Curaçá; 5) Maniçoba; 6) Tourão e 7)
Mandacaru em Juazeiro-BA, Codevasf (1998) apud Marinozzi e Correia (1999).
Nestes distritos de irrigação, são cultivadas fruteiras perenes e culturas de ciclo
curto, tendo como principais fontes hídricas o rio São Francisco e o seu afluente - o
rio Salitre. Este é o universo dessa pesquisa, enquanto que a amostra está
delimitada por dois perímetros públicos irrigados: o de Mandacaru e Senador Nilo
Coelho, os quais foram escolhidos por critério de eficiência econômica e por
representatividade dentro do conjunto dos sete distritos irrigados do pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA.
De acordo com critérios da direção dos dois distritos de irrigação, entende-se, para
efeito desse trabalho, como pequeno produtor de frutas, aquele que tenha lote com
tamanho até oito hectares. Foram encontrados poucos lotes com até 12 (doze)
hectares, o que não comprometeu os resultados da pesquisa, tendo em vista a baixa
representatividade desses números no universo observado. De forma geral, a
maioria das perguntas do questionário foram respondidas pelos pequenos
produtores. Poucas perguntas não se aplicaram a alguns produtores.
A receptividade dos técnicos da empresa que presta serviço de assistência técnica
nos dois distritos, Planejamento e Engenharia Agrícola Ltda. – PLANTEC e dos
pequenos produtores de frutas para com o autor, foi boa, demonstrando sempre
atenção e apreço. A aplicação dos questionários junto aos pequenos produtores de
frutas dos dois distritos escolhidos para levantamento dos dados está detalhada na
seção a seguir.
87
4.6 Aplicação dos Questionários e Observação “in-loco” A aplicação dos questionários (Anexo A) realizou-se durante o mês de julho de 2006
nos locais inicialmente determinados e transcorreu dentro da normalidade possível.
No entanto, algumas limitações dificultaram a celeridade do processo, tendo em
vista prazos pré-estabelecidos junto às instituições de ensino e pesquisa as quais o
autor está vinculado.
Inicialmente, a execução da pesquisa de campo deu-se lentamente, por falta de
técnicos para acompanhar o autor no deslocamento para os núcleos de produção.
Essa dificuldade, aos poucos, foi sanada por meio de negociação com os gestores e
técnicos dos dois distritos de irrigação.
A observação “in-loco” e o diálogo com os pequenos produtores foram proveitosos,
pois além das anotações realizadas nos questionários, outras informações foram
colhidas sobre os processos de produção e sobre o dia-a-dia dos produtores com
relação ao distrito de irrigação, à Embrapa Semi-Árido e aos agentes de
financiamento agrícola de Petrolina-PE e Juazeiro-BA. Uma queixa generalizada
observada nos distritos de irrigação, é sobre o preço da água utilizada para irrigação
dos lotes, principalmente no distrito Senador Nilo Coelho.
Outro fato que se destaca na observação “in loco” e no contato pessoal no distrito de
irrigação Senador Nilo Coelho, é o desejo de produtores mais informados de criarem
cooperativas de crédito e de combustível (gasolina, diesel e álcool).
Segundo relato, apesar de ter havido tentativas neste sentido, surgem forças
contrárias, além da baixa conscientização associativista de alguns produtores,
agindo como fatores limitantes para fundação de entidades que possibilitem diminuir
custos de insumos de produção de maneira sistemática.
88
Esses fatores não permitem que pequenos produtores formalizem entidades
associativista sem fins lucrativos para aquisição de combustível e concessão de
crédito. No entanto, o senso comum e trabalhos acadêmicos têm o distrito de
irrigação Senador Nilo Coelho, como um empreendimento de sucesso, todavia
análises mais aproximadas da realidade dos pequenos produtores de frutas indicam
que faltam ações de ordem estrutural e organizacional para se ter êxito de maneira
sustentável no DISNC.
89
CAPÍTULO V Análise e Interpretação dos Dados
5.0 Perfil Socioeconômico dos Pequenos Produtores O objetivo desse capítulo é apresentar os resultados da pesquisa de campo
realizada durante o mês de julho de 2006, junto a 26 (vinte e seis) pequenos
produtores de frutas do distrito de irrigação de Mandacaru - DIMAND e a 48
(quarenta e oito) do distrito de irrigação Senador Nilo Coelho - DISNC.
Os resultados estão sumarizados por meio de gráficos, quadros, tabelas e textos
que descrevem opiniões e o perfil socioeconômico dos produtores e condições
relativas à posse, às dimensões dos lotes e à natureza da mão-de-obra empregada.
Traz, ainda, a atual percepção dos pequenos produtores sobre seis ações de
transferência aplicadas em seis tecnologias de produção em seis culturas frutícolas.
As informações foram obtidas por meio da aplicação de um questionário semi-
estruturado, previamente elaborado e testado para este fim.
No momento de abordar o entrevistado, um técnico vinculado a Planejamento e
Engenharia Agrícola Ltda. – PLANTEC, empresa que oferece assistência técnica
aos pequenos produtores rurais nos dois distritos de irrigação, explicava o objetivo
90
dessa pesquisa, deixando o pequeno produtor informado para atender o
entrevistador. Os técnicos que acompanharam o entrevistador estiveram sempre
identificados, por meio de crachá funcional, quando se explicava o propósito da
intervenção junto aos pequenos produtores de frutas.
Foi informado pelo autor aos produtores o caráter acadêmico da pesquisa no intuito
de evitar dúvidas e possíveis especulações quanto à aplicação dos resultados.
Seguindo o “layout” do questionário da pesquisa de campo, a primeira parte dos
resultados procura identificar e demonstrar o perfil socioeconômico dos pequenos
produtores de frutas dos distritos de irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho.
É importante identificar o público para o qual se procura disseminar conhecimentos e
tecnologias, porque esta condição pode na maioria das vezes, determinar o sucesso
ou o fracasso da adoção de uma tecnologia em um sistema social. É por conta
dessa máxima encontrada na literatura do tema, que se buscou, inicialmente,
identificar o perfil dos pequenos produtores de frutas dos dois distritos de irrigação
aqui investigados.
Pela observação “in-loco” dos produtores e quando perguntados sobre seu estado
civil, muitos demonstraram satisfação pessoal em responder que eram casados e
que tinham filhos. A maioria dos pequenos produtores de frutas entrevistados se
considera ou são casados. No cômputo geral mais de 83% (oitenta e três por cento)
dos produtores entrevistados nos dois distritos, tem vínculo conjugal estável.
A Tabela 6 e o Gráfico 2, oferecem uma visão sobre o estado civil dos produtores
e esta informação tem sua importância, pois traz em perspectiva, o grau de
empenho em potencial dos pequenos produtores com os resultados econômicos dos
seus lotes.
91
Tabela 6 - Estado Civil dos Pequenos Produtores.
ESTA DO CIV IL NILO COELHO MANDA CARU T O T A I S
% % %
CASADO 41 85,41 21 80,76 62 83,78
SOLTEIRO 05 10,41 02 7,69 07 9,45
VIÚVO - - 02 7,69 02 2,70
SEPARA DO 02 4,18 01 3,86 03 4,07
T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Gráfico 2 - Estado Civil dos Produtores.
ESTADO CIVIL
41
52
21
2 1 2
05
10152025
3035
4045
CASADO SOLTEIRO SEPARADO VIÚVO
NILO COELHO MANDACARU
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
A Tabela 7, juntamente com o Gráfico 3, demons tram a predom inância de pessoas
do gênero m asculino com o proprietários de lotes agrícolas nos dois dis tritos de
irrigação inves tigados .
92
Tabela 7 - Gênero dos Pequenos Produtores.
G Ê N E R O MASCULINO FEMININO T O T A I S
% % %
NILO COELHO 47 97.92 01 2.08 48 100
MANDA CARU 25 96.15 01 3.85 26 100
T O T A I S 72 97,29 02 2,71 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Gráfico 3 - Percentual Geral de Gênero dos Pequenos Produtores.
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Segundo a literatura sobre o assunto, a presença m asculina na direção de
propriedades agrícolas no Nordes te do Bras il é um a realidade que se encontra
desde o início do século XX, o que se confirma nes ta intervenção (ALVES;
VALENTE JÚNIOR, 2006). Os dados encontrados por essa pesquisa se aproxim am
da literatura consultada, pois a maioria dos proprietários de lotes dos dois dis tritos
são do sexo m asculino. Apenas duas propriedades são dirigidas por pessoas do
sexo feminino. Um a m ulher em cada um dos dis tritos de irrigação dirige um lote.
97%
3 % masculino
feminino
93
Do total dos 74 (setenta e quatro) pequenos produtores de frutas pesquisados no
pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, 97% (noventa e sete por cento) são do sexo
m asculino. Todavia, esse núm ero poderia sugerir um a realidade, que a observação
“in-loco” nos dois dis tritos de irrigação evidencia como não “verdadeira”, ou seja, a
ausência da presença feminina nos dis tritos . Pôde-se observar, durante a pesquisa
de campo, que a presença fem inina é um a cons tante nos lotes , principalm ente com o
m ão-de-obra empregada na cultura da acerola.
O local de nascim ento dos pequenos produtores dos perímetros irrigados de
Mandacaru e Nilo Coelho, Tabela 8, Gráfico 4 e Apêndices B e C, trazem um dado
intrigante, tendo em vis ta que não se encontrou nenhum produtor nos dois dis tritos
que tenha nascido no m unicípio de Juazeiro da Bahia. Percebe-se, pela lis ta de
cidades de local de nascim ento dos pequenos produtores dos dois dis tritos , que
todos eles são oriundos de m unicípios do Nordes te do Brasil, confirm ando assim a
condição de m igrantes .
Tabela 8 - Local de Nascimento dos Pequenos Produtores.
LOCAL DE NASCIMENTO PETROLINA-PE JUAZEIRO-BA OUTRAS LOCALIDADES TOTAIS
NILO COELHO 14 - 34 48
MANDACARU 01 - 25 26
T O T A I S 15 - 59 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
94
Gráfico 4 - Local de Nascimento dos Pequenos Produtores.
LOCAL DE NASCIMENTO
14
0
34
1 0
25
05
10152025303540
PETROLINA-PE JUAZEIRO-BA OUTRAS LOCALIDADES
NILO COELHO MANDACARU
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Na vila do dis trito de Mandacaru, apenas um produtor de frutas não reside próxim o
ao seu lote. Esse fato pode es tar associado à longevidade do dis trito, pois os
colonos com eçaram a chegar em 1973, portanto há m ais de 30 (trinta) anos .
Deduz-se que por es tarem há mais tem po no dis trito de irrigação, es te fato tenha
perm itido adquirir casa própria de qualidade. Isso sugere qualidade de vida dos
pequenos produtores de frutas . A Tabela 9 indica que a maioria dos pequenos
produtores dos dois dis tritos de irrigação m ora nos núcleos de assentam ento, bem
como que suas res idências são próprias .
Tabela 9 - Local de Residência dos Pequenos Produtores.
RESIDE NO PROJETO / CASA PRÓPRIA
MORA NO PROJETO CASA PRÓPRIA
P R O J E T O S SIM NÃO SIM NÃO
NILO COELHO 39 09 42 06
MANDACARU 25 01 25 01
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
95
A Tabela 10, evidencia um dos principais fatores de desequilíbrio social entre o rural
e o urbano no Nordes te do Brasil e a literatura consultada sobre o tema já assinala -
a baixa escolaridade dos pequenos produtores rurais do Nordes te, sugerindo que
es ta condição, juntam ente com outros fatores , interfere na produção e na
produtividade das culturas frutícolas . Adem ais , dificultam o desenvolvimento rural e
que tecnologias sejam adotadas de m aneira adequada nas propriedades
pesquisadas nos dois dis tritos de irrigação pesquisados .
Tabela 10 - Nív el de Escolaridade dos Produtores.
DISTRITOS DE IRRIGAÇÃO NILO COELHO MANDA CARU
E S C O L A R I D A D E % % T O T A I S
NENHUMA 03 6,25 01 3,8 04
FUNDAMENTAL INCOMPLETO 29 60,42 23 88,6 52
FUNDAMENTAL COMPLETO 03 6,25 - - 03
MÉDIO INCOMPLETO 03 6,25 01 3,8 04
MÉDIO COMPLETO 06 12,50 01 3,8 07
SUPERIOR INCOMPLETO 03 6,25 - - 03
SUPERIOR COMPLETO 01 2,08 - - 01
T O T A I S 48 100 26 100 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
De maneira geral, m ais de 70% (setenta por cento) dos pequenos produtores de
frutas dos dois dis tritos de irrigação têm escolaridade até o nível fundamental
incom pleto, tendo permanecido na escola entre um e cinco anos , sabendo ler e
escrever o suficiente para encaminhar o cotidiano.
96
Porém a boa notícia é que exis tem poucos pequenos produtores analfabetos e há
alguns com nível superior incom pleto e com pleto em adminis tração e direito.
Ao contrário do que o senso comum sugere, os pequenos produtores praticam e
dem ons tram conhecer técnicas de cultivo e comercialização em nível suficiente para
adm inis trar seus lotes de m aneira satis fatória. Há bas tante conhecim ento tácito e
inform al entre os pequenos produtores de frutas e líderes naturais que são seguidos
em suas práticas agrícolas . Nos dois dis tritos de irrigação analisados , as práticas e
os conhecim entos agrícolas circulam em uma cadeia hierárquica inform al, de
m aneira que todos compartilham e usufruem do conjunto dos conhecim entos .
Havendo erros , são detectados e corrigidos . Observou-se que há mais qualidade
nos pom ares daqueles lotes em que o proprietário tem m elhor escolaridade form al,
principalmente pequenos produtores com form ação escolar em cursos agrícolas .
Melhor es trutura fís ica (galpões , casas de apoio, sis tem a de irrigação e latadas dos
pom ares de uva e maracujá), tratos culturais m elhor conduzidos e preocupação com
cus tos e despesas de insumos, com resultados da aplicação de agroquím icos e a
comercialização dos frutos , es tão presentes nos lotes que têm proprietários m ais
inform ados e melhor escolaridade ( Gráfico 5).
Todavia, os pequenos produtores de m enos ins trução e inform ação não dem ons tram
conhecim entos suficientes para avançar em term os de divers ificação da produção de
frutas , ou m esm o, para avaliar cus tos e despesas de insumos aplicados nos lotes .
Faltam -lhes conhecimentos elem entares sobre ges tão e planejam ento da produção
de frutas para poder acom panhar es tratégias de m ercado de m édio e/ou longo
prazo, principalmente sobre meios de com ercialização, o que comprom ete poss íveis
resultados agronôm icos sus tentáveis e satis fatórios economicam ente.
97
Gráfico 5 - Escolaridade dos Pequenos Produtores.
ESCOLARIDADE
3 1
2923
3 03 16
13 01 00
10
20
30
40
NILO COELHO MANDACARU
NENHUMA FUND. INCOMPLETO
FUND. COMPLETO MÉDIO INCOMPLETO
MÉDIO COMPLETO SUPERIOR INCOMPLETO
SUPERIOR COMPLETO
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
As inform ações sobre longevidade dos perím etros encontradas no DIMAND e no
DISNC, se aproxim am do trabalho de Alves e Valente Júnior (2006) junto a 16
(dezesseis ) pólos de fruticultura do Nordes te bras ileiro durante os anos de 2004 e
2005, tendo com o base o ano de 2003. Outross im , as condições socioeconôm icas
dos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA não auxiliam
para que tecnologias e conhecim entos sejam adotados pelos m esmos.
Na prática, o emprego de tecnologias produzidas /adaptadas pela Em brapa Sem i-
Árido chega aos pequenos produtores de frutas de maneira com prom etida, a
exem plo da orientação sobre adubação química sugerida pela empresa de
assis tência técnica, raramente é realizada pelos pequenos produtores com o
orientado. Essas dificuldades técnicas e sociais têm origem nas políticas públicas do
passado e do presente e podem ser alteradas por meio de iniciativas que tragam
m elhorias na es trutura social, para que as pessoas que fazem os dis tritos de
98
irrigação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, tenham acesso a educação e saúde
como fatores fundamentais para a revitalização do processo econôm ico da região.
A Tabela 11 indica a faixa etária dos pequenos produtores de frutas , e es ta é um a
variável im portante. A observação “in-loco” nos 74 (setenta e quatro) lotes evidencia
que a higidez fís ica dos pequenos produtores pode es tar associada ao nível de
qualidade de vários lotes (cercas , pomares e infra-es trutura m elhor conduzida) e
tam bém a qualidade e quantidade de frutas produzidas . No total, m ais de 59%
(cinqüenta e nove por cento) dos pequenos produtores de frutas dos dois dis tritos
es tão com idade entre 45 (quarenta e cinco) e mais de 61 (sessenta e um ) anos .
Outra leitura poss ível a partir dos dados da Tabela 11, é que no dis trito de irrigação
de Mandacaru em Juazeiro-BA, a pesquisa não encontrou pequenos produtores com
idade inferior aos 31 (trinta e um ) anos . Porém relativam ente é onde se encontra o
m aior número de pequenos produtores com idade entre 45 (quarenta e cinco) e 60
(sessenta) anos .
Tabela 11 - Faixa Etária dos Produtores.
IDADE DOS PRODUTORES
NILO COELHO MANDACARU DISTRITOS / FAIXA ETÁRIA
% % TOTAIS
DE 18 A 24 ANOS 02 4,17 - - 02
DE 25 A 31 ANOS 04 8,33 - - 04
DE 32 A 37 ANOS 08 16,67 02 7,69 10
DE 38 A 44 ANOS 11 22,92 03 11,54 14
DE 45 A 60 ANOS 10 20,83 12 46,15 22
DE 61 ANOS ACIMA 13 27,08 09 34,62 22
T O T A I S 48 100 26 100 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
99
Gráfico 6 - Faixa Etária dos Pequenos Produtores.
FAIXA ETÁRIA
2
4
8
1110
13
0 0
23
12
9
DE 18 A 24ANOS
DE 25 A 31ANOS
DE 32 A 27ANOS
DE 38 A 44ANOS
DE 45 A 60ANOS
DE 61 ANOSACIMA
NILO COELHO MANDACARU
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Os dados levantados pela pesquisa sugerem um a tendência para que os pequenos
produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA sejam casados , res idam nos
núcleos próximos aos lotes de produção, em casa própria, sejam do sexo m asculino,
com escolaridade fundam ental incompleta, idade superior a 45 (quarenta e cinco)
anos e que sejam m igrantes oriundos de pequenas cidades da região Nordes te.
Infelizm ente quanto aos dados socioeconôm icos , essa pesquisa se aproxim a e
corrobora com a literatura acadêm ica e rom anesca que versa sobre as condições de
vida das pessoas que m igram pelos es tados do Nordes te em busca de trabalho,
renda e terra. A seção seguinte trata das caracterís ticas fís icas dos lotes , da m aneira
como foram adquiridos , suas respectivas dimensões , quanto tem po o produtor o es tá
conduzindo, e localização nos dis tritos de irrigação, tendo em vis ta a im portância
dessas variáveis para o conjunto das ações de produção e adoção de tecnologias e
conhecim entos agrícolas em perímetros irrigados do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
100
5.1 Características dos Lotes Es ta seção demons tra por meio de gráficos , tabelas e textos , as principais
caracterís ticas fís icas encontradas nos lotes dos pequenos produtores rurais dos
dis tritos de irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho. São apresentados ,
tam anho do lote, m aneira com o adquiriu o lote e o tempo em que o produtor es tá
trabalhando no lote, dentre outras variáveis .
Segundo Souza et. al. (2001), um a análise m ais detalhada de eficiência econôm ica
dos principais pólos frutícolas irrigados do Nordes te do Brasil, o tam anho do lote é
crucial para determ inar o sucesso de dis tritos irrigados . A razão m atem ática entre
área irrigada e área irrigável15 é fator determ inante para o êxito econôm ico de
perímetros frutícolas irrigados no Nordes te bras ileiro.
O tam anho m édio dos lotes que essa pesquisa encontrou no dis trito de irrigação de
Mandacaru é de sete hectares e para chegar a es ta dim ensão foi um processo que
passou pelo crivo dos próprios produtores , tendo em vis ta que o tam anho dos lotes
entregue inicialmente pela Suvale era de 15 (quinze) hectares .
Porém , o uso e o tem po dem ons traram que os pequenos produtores , juntam ente
com as suas fam ílias , não tinham condições fís icas e financeiras para tornar lotes de
15 (quinze) hectares produtivos e eficientes econom icam ente.
A partir dessa cons tatação os produtores convocaram a direção do dis trito e
sugeriram a divisão dos lotes de 15 (quinze) hectares em dois lotes de sete e meio
hectares , rem anejando o segundo lote para um terceiro produtor rural.
15 Área irrigáv el é representada pelo potencial de área agricultáv el que pode, ef etiv amente, ser cultiv ada por meio de sistemas de irrigação (SOUZA, et. al. 2001).
101
Segundo declaração dos pequenos produtores do dis trito de irrigação de
Mandacaru, foi a partir dessa divisão, que os lotes daquele dis trito de irrigação
passaram a ser produtivos e com eçaram a pagar as despesas de im plantação.
A determ inação do tam anho dos lotes deixa aqui um indicativo para futuros
trabalhos teóricos e em píricos na área de reform a agrária, para que ressalvadas
contingências de ordem prática e de direito, ajude na definição do tam anho dos lotes
dis tribuídos para fam ílias sem terras em assentamentos no Nordes te do Brasil.
O dis trito de irrigação de Mandacaru apresenta relativam ente m ais produtores com
m ais tem po na condução dos lotes , por ser m ais antigo do que o dis trito de irrigação
Senador Nilo Coelho. No dis trito de irrigação de Mandacaru as atividades de
produção de frutas tiveram início em 1973, perfazendo 33 (trinta e três ) anos de
produção agrícola em 2006. A Tabela 12 e o Gráfico 7 trazem com m ais detalhes a
dis tribuição do tempo que os pequenos produtores es tão conduzindo seus lotes nos
dois dis tritos de irrigação analisados .
Tabela 12 - Tempo que os Produtores estão Conduzindo o Lote.
TEMPO QUE CONDUZ O LOTE
DISTRITOS NILO COELHO MANDACARU T O T A I S
TEMPO (ANOS) % % %
MENOS DE UM ANO 1 2,08 0 - 1 1,35
DE UM A DOIS 0 - 0 - 0 -
DE TRÊS A CINCO 0 - 1 3,85 1 1,35
DE SEIS A DEZ 5 10,42 1 3,85 6 8,12
DE ONZE A DEZENOVE 13 27,08 3 11,54 16 21,62
DE VINTE EM DIANTE 29 60,42 21 80,77 50 67,56
T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
102
Gráfico 7 - Tempo que o Produtor Conduz o Lote.
TEMPO NA CONDUÇÃO DO LOTE
01020304050607080
NILO COELHO MANDACARU TOTAL
MENOS DE UM ANO DE UM A DOIS ANOS
DE TRÊS A CINCO ANOS DE SEIS A DEZ ANOS
DE ONZE A DEZENOVE ANOS DE VINTE ANOS EM DIANTE
T O T A L
Fonte: Pesquisa Direta, 2006. A Tabela 13 e o Gráfico 8 demons tram que a maioria dos produtores tem lotes com
dim ensões entre cinco e 10 (dez) hectares . No dis trito de irrigação de Mandacaru,
alguns produtores com partilham seus lotes com pessoas do grupo familiar,
buscando m aior produção, produtividade e renda das culturas .
Tabela 13 - Tamanho dos Lotes em Hectares.
TAMANHO DO LOTE
NILO COELHO MANDACARU HECTARES
% % T O T A I S
DE UM A QUATRO 1 2,08 3 11,54 4
DE CINCO A SEIS 32 66,67 5 19,23 37
DE SETE A DEZ 15 31,25 16 61,54 31
DE ONZE A QUINZE 0 - 2 7,69 2
DE DEZESSEIS A VINTE 0 - 0 - 0
T O T A I S 48 100 26 100 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
103
Gráfico 8 - Tamanho dos Lotes em Hectares.
QUAL O TAMANHO DO LOTE?
0
5
10
15
20
25
30
35
UM A QUATROha
CINCO A SEIS ha SETE A DEZ ha ONZE A QUINZEha
DEZESSEIS AVINTE ha
NILO COELHO MANDACARU
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
A Tabela 14 e o Gráfico 9 cons tatam que a maioria dos pequenos produtores de
frutas adquiriu seus lotes por meio dos dis tritos e/ou cooperativa, esse fato gera um
vínculo de ges tão entre os produtores e a adm inis tração dos dis tritos de irrigação.
Gráfico 9 - M aneira Como Adquiriu o Lote.
COMO ADQUIRIU O LOTE?
010203040
NILO COELHO MANDACARU
ATRAVÉS DO DISTRITO DE IRRIGAÇÃO/COOPERATIVA
COMPROU DE TERCEIROS
RECEBEU DE HERANÇA
CEDIDO EM COMODATO
OUTRAS FORMAS
RECEBEU EM PAGAMENTO DE DÍVIDAS
Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.
104
Esse vínculo permeia outras relações da adm inis tração dos dis tritos com os
pequenos produtores de frutas , nos dois dis tritos de irrigação. O principal insumo de
produção: a água; é m otivo de permanentes relações conflituosas . Segundo
declarações dos pequenos produtores , há dependência financeira, de ges tão e de
assis tência técnica, pois a água disponibilizada para irrigação das culturas pelos dois
dis tritos , em m uitos casos , determ ina a inadimplência dos pequenos produtores , haja
vis ta que o preço da água assum e a maior parcela no cus to total de produção das
frutas . Essa s ituação pode es tar associada a ingerências de caráter político-
partidário, tendo em vis ta que exis te um a es trutura de poder na organização e
ges tão das cadeias produtivas dos dis tritos de irrigação no pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA. Esse fato fragiliza econom icamente, principalmente os pequenos
produtores , perante a adminis tração do dis trito, dos dem ais produtores e não deixa
m argem para que os mesm os realizem um a adequada comercialização dos seus
produtos . Essa situação se aproxim a com as considerações de Batalha (2001) sobre
dependência na es trutura de poder exis tente ao longo das cadeias produtivas .
Tabela 14 - Maneira Como o Produtor Adquiriu o Lote.
COMO O LOTE FOI ADQUIRIDO
NILO
COELHO MANDACARU T O T A I S
DISTRITO DE IRRIGAÇÃO/COOPERATIVA 32 19 51
COMPROU DE TERCEIROS 15 5 20
RECEBEU DE HERANÇA 0 1 1
RECEBEU EM PAGAMENTO DE DÍVIDAS 0 0 0
CEDIDO EM COMODATO 1 0 1
OUTRAS FORMAS 0 1 1
T O T A I S 48 26 74 Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.
105
Há ainda, baixo grau de cooperação interferindo na es trutura de produção, não
havendo condições claras para que os pequenos produtores de frutas adquiram
poder de barganha perante fornecedores , concorrentes e com pradores . No dis trito
de irrigação Senador Nilo Coelho, da m esma forma, a m aioria dos pequenos
produtores disse ter adquirido os lotes diretam ente do dis trito de irrigação, o que os
deixa por m uito tem po, em dívida financeira com o dis trito de irrigação. Não é raro
encontrar pequenos produtores de frutas pondo à venda o seu lote. No entanto, o
sentim ento geral entre os pequenos produtores no Nilo Coelho é que as relações
comerciais entre os m esm os , a adm inis tração do dis trito, a cooperativa e a Em brapa
Semi-Árido melhorem a partir de iniciativas de novas políticas públicas decorrentes
de ações do governo es tadual e federal. A Tabela 15 revela outro fato colocado
pelos pequenos produtores de frutas - o alto cus to de m ão-de-obra para o m anejo
das culturas . Muitos produtores afirm am ser difícil contratar trabalhadores , por não
disporem de recursos financeiros próprios ou financiados para essa tarefa. Esse fato
leva-os inevitavelm ente a fazerem uso de mão-de-obra fam iliar e/ou em mutirão
entre vizinhos .
Tabela 15 - Quantas Pessoas Prestam Serviço no Lote.
NÚMEROS DE PESSOAS QUE TRABALHAM NO LOTE
NILO COELHO MANDACARU T O T A I S PESSOAS
% % %
DE UMA A CINCO 12 25,00 18 30,76 30 40,54
DE SEIS A DEZ 25 52,08 3 11,53 28 37,83
DE ONZE A VINTE 7 14,58 3 11,53 10 13,52
DE VINTE UMA A TRINTA 1 2,08 0 - 1 1,35
DE TRINTA E UMA EM DIANTE 3 6,25 2 7,69 5 6,75
T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
106
É considerável o número de pessoas que chegam a trabalhar no auge da colheita ou
de outras atividades que requerem m ão-de-obra intens iva Gráfico 10), porém nem
todos são rem unerados e alguns trocam força de trabalho em rodízio entre vizinhos
de lotes . Há cooperação inform al entre os pequenos produtores , para suprirem essa
deficiência no m odelo de produção, principalm ente entre os que têm baixo
desem penho econômico. No dis trito de irrigação Senador Nilo Coelho, a proporção
de pessoas que pres tam serviço nos lotes é m aior, tendo em vis ta m elhores
resultados econôm icos relativos , principalm ente nas culturas da uva e da manga,
que dem andam m ão-de-obra intens iva. No dis trito de irrigação de Mandacaru,
pratica-se um a agricultura m ais fam iliar e no dis trito de irrigação Senador Nilo
Coelho, há um a produção m ais comercial voltada para a exportação.
Gráfico 10 - Quantas Pessoas Trabalham no Lote.
QUANTAS PESSOAS TRABALHAM NO LOTE?
12
18
25
3
7
33 21 00
5
10
15
20
25
30
NILO COELHO MANDACARU
DE UMA A CINCO DE SEIS A DEZ
DE ONZE A VINTE DE TRINTA E UMA EM DIANTE
DE VINTE E UMA A TRINTA
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
107
A Tabela 16 e o Gráfico 11 indicam que sempre há pessoas da família do produtor
trabalhando nos lotes, juntamente com a mão-de-obra contratada. Outras vezes são
pessoas amigas dos produtores que manejam as culturas frutícolas, determinando
em alguns casos, baixa qualificação técnica nos tratos culturais, tendo em vista que
o aprendizado de algumas práticas agrícolas é feito por tradição “de pai para filho”,
consolidando erros e acertos das práticas agrícolas. Encontrou-se, também,
parentes por adoção (genros, noras, sogros e sogras) fazendo parte do grupo
familiar e, consequentemente, ajudando no manejo dos lotes de seus parentes.
O sistema de aglomeração social dos distritos de irrigação e conseqüente aplicação
da força de trabalho determinam, em última análise, sistemas de redes sociais
informal, onde a tradição é o ponto forte na maneira de transmitir conhecimentos.
Tabela 16 - Pessoas da Família do Produtor que Trabalham no Lote.
PESSOAS DA FAMÍL IA QUE TRABALHA M NO LOTE
NIL O COEL HO MANDA CARU T O T A I S
% % %
NENHUMA 0 - 5 19,23 5 6,75
DE UMA A DUAS 16 33,33 18 69,24 34 45,96
DE TRÊS A CINCO 22 45,84 3 11,53 25 33,79
DE SEIS A NOV E 6 12,50 0 - 6 8,10
DE DEZ A DOZ E 4 8,33 0 - 4 5,40
MA IS DE DOZ E 0 - 0 - 0 -
T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
108
Gráfico 11 - Quantas Pessoas da Família do Produtor Trabalham no Lote.
QUANTAS PESSOAS DA FAMÍLIA TRABALHAM NO LOTE?
0
5
1618
22
36
0
4
00 00
5
10
15
20
25
NILO COELHO MANDACARU
NENHUMA DE UMA A DUAS DE TRÊS A CINCO
DE SEIS A NOVE DE DEZ A DOZE MAIS DE DOZE
Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.
Essa condição social baixa custo de mão-de-obra e de produção, tendo em vis ta que
nesses casos, dificilmente a força de trabalho é remunerada. Encontrou-se no
dis trito de irrigação Senador Nilo Coelho uma família com 11 (onze) filhos, todos do
sexo masculino, trabalhando na lida do lote juntamente com o pai.
Analisando-se os dados dessa seção sob a luz do modelo teórico do triangulo de
sábato, verifica-se que exis te um dis tanciamento formal nas relações dos pequenos
produtores e demais instituições do referido pólo. O número de participantes das
reuniões convocadas pelos dis tritos e associações é pequeno, só apresentando um
número razoável quando está em pauta assuntos de interesse financeiro para os
participantes. Esse fato pode está associado ao baixo nível de interação social e
cultural dos produtores com o contexto de produção. A visão dos mesmos sobre
produção e de lucro imediato. A produção não é percebida como um elemento de
desenvolvimento social para os pequenos produtores.
109
Corroborando as observações “in-loco” sobre a força de trabalho encontrada nos
dois dis tritos de irrigação observados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, a Tabela 17
demonstra exis tir um grande número de filhos res idindo com seus pais .
Tabela 17 - Número de Filhos que Residem com os Pais Produtores.
NILO COELHO MANDACARU NÚMERO DE FILHOS PRODUTOR NÚMERO DE FILHOS PRODUTOR
01 SEIS 01 SETE 02 NOVE 02 NOVE 03 QUATRO 03 QUATRO 04 SETE 04 UM 05 CINCO 06 UM 06 TRÊS 07 UM 07 DOIS 08 QUATRO 09 UM 10 DOIS 11 UM
Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.
110
5.2 Nível de Adoção de Tecnologias, Conhecimentos e Inovações Essa seção apresenta resultados dos níveis de adoção das tecnologias e
conhecimentos encontrados junto aos pequenos produtores de frutas dos dis tritos de
irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho, em Juazeiro-BA e Petrolina-PE
respectivamente. Outrossim, analisa-os sob a luz do modelo teórico do triangulo de
sábato, relacionando resultados com os três elementos que compõem o referido
triangulo, ou seja: Governo, Centros de Pesquisas e Desenvolvimento e Empresas.
A descrição dos resultados dessa seção é crucial para confirmar ou negar a hipótese
inicialmente colocada. A pergunta formulada aos pequenos produtores de frutas que
permitiu a construção da Tabela 18 foi: “... em que medida você percebe a
contribuição da Embrapa Semi-Árido para a fruticultura do pólo Petrolina-PE/
Juazeiro-BA?”.
Da amostra geral das 74 (setenta e quatro) respostas sumarizadas mediante a
aplicação dos questionários, mais de 40% (quarenta por cento), ou seja, 30 (trinta)
pequenos produtores do pólo disseram ser ‘grande’ a participação das tecnologias
da Embrapa Semi-Árido para as seis culturas frutícolas utilizadas como indicadores
quantitativos nesse trabalho.
Os indicadores quantitativos, juntamente com o indicador de imagem (entrevis ta),
evidenciam que na percepção dos pequenos produtores de frutas, as tecnologias da
Embrapa Semi-Árido têm grande contribuição para a fruticultura do pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA. Assim, se deduz uma grande participação da Embrapa Semi-Árido
no processo de produção e produtividade das seis frutas pesquisadas.
111
Tabela 18 - Como os Pequenos Produtores Percebem a Contribuição da Embrapa Semi-Árido. CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO PARA A FRUTICUL TURA IRRRIGADA EM
PETROLINA-PE E JUAZEIRO-BA
NILO COELHO MANDACARU T O T A I S
% % %
MUITO GRANDE 1 2,08 1 3,84 2 2,70
GRANDE 16 33,33 14 53,84 30 40,54
NÃO TÃO GRANDE 14 29,16 7 26,92 21 28,37
PEQUENA 10 20,86 3 11,53 13 17,56
NÃO TÃO PEQUENA 0 - 0 - 0 -
MUITO PEQUENA 3 6,25 1 3,84 4 5,40
NENHUMA 4 8,33 0 - 4 5,40
T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Relativamente, a percepção dos pequenos produtores do dis trito de irrigação de
Mandacaru sobre a contribuição da Embrapa Semi-Árido para a fruticultura de
Petrolina-PE/Juazeiro-BA é maior do que a dos pequenos produtores do dis trito
Senador Nilo Coelho. Percebe-se, todavia, uma tendência negativa sobre a
contribuição investigada entre os pequenos produtores do Nilo Coelho, pois sete
disseram ser pequena ou não haver nenhuma contribuição.
À amostra do dis trito de Mandacaru é de 26 (vinte e seis) produtores, desse número,
14 (quatorze) disse ser ‘grande’, representando mais da metade da amostra, ou
seja, 53% (cinqüenta e três por cento) afirmam que a contribuição da Embrapa
Semi-Árido é representativo para o êxito econômico da fruticultura do pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA. A manga é a fruta mais plantada nos dois dis tritos de irrigação,
seguida de perto pela goiaba, com mais de 20% (vinte por cento) dos pequenos
produtores plantando essa fruta em seus lotes, apesar dos atuais problemas
fitossanitários na cultura da goiaba.
112
Com o menor número de produtores plantando, encontra-se a uva, certamente por
envolver maiores custos e demandar maior imobilização financeira, sendo alto o
risco de perda econômica. No entanto, isso não s ignifica que a área plantada de uva
seja pequena, pelo contrário, é a segunda maior área cultivada no dis trito Senador
Nilo Coelho, com 2.666,05 hectares, em relação às demais culturas observadas.
Os valores encontrados confirmam que há poucos produtores plantando uva, porém
estes poucos têm áreas (ha) maiores em relação às outras cinco culturas
observadas. O Quadro 5 resume quantos pequenos produtores têm as culturas
pesquisadas plantadas em seus respectivos lotes.
Quadro 5 - Número de Produtores que Plantam as Culturas Pesquisadas. NILO COELHO MANDACARU T O T A L
CUL TURAS Produtores % Produtores % Produtores % Manga 34 22,66 18 46,15 52 27,51 Uva 15 10,00 - - 15 7,93 Banana 27 18,00 9 23,07 36 19,04 Acerola 23 15,33 2 5,12 25 13,22 Coco 16 10,66 6 15,38 22 11,64 Goiaba 35 23,33 4 10,25 39 20,63 T O T A I S 150 100 39 100 189 100
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
A Tabela 18, o Gráfico 12, o Gráfico 13 e o Gráfico 14 evidenciam que,
relativamente, os produtores do dis trito de irrigação de Mandacaru - DIMAND têm
uma percepção melhor sobre os conhecimentos, tecnologias e inovações da
Embrapa Semi-Árido relativamente aos pequenos produtores do dis trito de irrigação
Senador Nilo Coelho - DISNC.
Esse fato pode estar associado à presença de uma estação experimental da
Embrapa Semi-Árido no DIMAND, lidando com experimentação de espécies
frutícolas desde o início das atividades do projeto em 1973, o que aproxima de
113
maneira efetiva, tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido dos pequenos
produtores de frutas do dis trito de irrigação de Mandacaru.
Gráfico 12 - Contribuição da Embrapa Semi-Árido para Fruticultura em Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
QUAL A PARCELA DE CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO PARA A FRUTICULTURA DE PETROLINA-PE E JUAZEIRO-BA?
1 1 2
1614
30
14
7
21
10
3
13
3 144
04
0
5
10
15
20
25
30
35
NILO COELHO MANDACARU T O T A L
MUITO GRANDE GRANDE NÃO TÃO GRANDE PEQUENA
MUITO PEQUENA NENHUMA NÃO TÃO PEQUENA
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Atualmente, pequenos, médios e grandes produtores do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-
BA lidam com um problema comum - a presença do nematóide nas culturas da
goiaba e da acerola, principalmente, diminuindo a produção a produtividade e a
qualidade dessas duas culturas.
Os Gráficos 13 e 14 demonstram por meio de linhas a percepção que os pequenos
produtores dos dois distritos têm sobre a imagem da Embrapa Semi-Árido, em
relação a sua atuação nas cadeias produtivas das seis culturas analisadas.
114
Gráfico 13 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DISNC em 07/2006.
CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA NO NILO COELHO
1
16
14
10
0
34
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
MUITOGRANDE
GRANDE NÃO TÃOGRANDE
PEQUENA NÃO TÃOPEQUENA
MUITOPEQUENA
NENHUMA
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
Gráfico 14 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DIMAND em 07/2006.
CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA NO MANDACARU
1
14
7
3
01
00
2
4
6
8
10
12
14
16
MUITOGRANDE
GRANDE NÃO TÃOGRANDE
PEQUENA NÃO TÃOPEQUENA
MUITOPEQUENA
NENHUMA
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
115
A Tabela 19 traz informações importantes para a averiguação da hipótese colocada
no segundo capítulo desse trabalho. Cruzam-se informações entre as tecnologias
aplicadas às seis culturas pesquisadas. A indução floral e sistemas de irrigação são
as duas tecnologias mais adotadas no Nilo Coelho, porém quando se observa a
terceira coluna, a qual informa sobre a cultura da goiabeira, percebe-se que essa
cultura é a que demanda maior nível de adoção do conjunto das tecnologias
analisadas. Os sistemas de irrigação (gotejamento e micro-aspersão) são aplicados
a todas as culturas de maneira intensiva, tendo em vista que a estrutura hídrica do
distrito Senador Nilo Coelho induz a adoção destas tecnologias, inclusive por razões
de racionalização do uso da água, o que promove menor custo do principal insumo
de produção, trazendo competitividade aos pequenos produtores. No Nilo Coelho, a
cultura do coco demonstra adotar menos tecnologias, utilizando apenas sistemas de
irrigação e fertirrigação, já que as duas tecnologias fazem uso do mesmo sistema de
abastecimento hídrico.
Tabela 19 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Nilo Coelho. TECNOLOGIAS E CULTURAS PRODUZIDAS/ADAP TADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO
E APLICADAS AS CULTURAS NO NILO COELHO EM PETROLINA – PE
CULTURAS TECNOLOGIAS
UVA COCO GOIABA BANANA ACEROLA MANGA
FERTIRRIGAÇÃO 11 05 10 02 04 12
TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL (Mosca-da-Fruta) 03 0 03 0 0 10
PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS
08 0 0 02 0 05
CONTROLE BIOLÓGICO 0 0 0 01 0 02
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO (Gotejamento/Micro-aspersão)
12 10 25 13 15 27
INDUÇÃO FLORAL 0 0 0 0 0 31
T O T A L 34 15 38 18 19 87 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
116
A Tabela 20 pode induzir para análises menos nobres do que aquelas que têm sido
feitas sobre as tabelas anteriores. A ausência de valores na maior parte das células
dessa tabela evidencia que momentaneamente o distrito de irrigação de Mandacaru
está procurando se especializar na produção de manga.
Outra característica que está associada à ausência de valores na Tabela 20 é que a
irrigação aplicada à maior parte das culturas do distrito de Mandacaru é feita por
gravidade e sulcos. Essa característica de manejo dificulta e, às vezes, impede que
as demais tecnologias pesquisadas sejam adotadas pelos pequenos produtores de
frutas desse distrito. Porém, a indução floral, e a técnica do macho estéril têm boa
receptividade na condução da cultura da mangueira no distrito de Mandacaru.
Tabela 20 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Mandacaru. TECNOLOGIAS E CULTURAS PRODUZIDAS/ADAP TADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO
NO MANDACARU – JUAZEIRO – BA.
CULTURAS TECNOLOGIAS
UVA COCO GOIABA BANANA ACEROLA MANGA
FERTIRRIGAÇÃO - - - - - -
TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL (Mosca-da-Fruta)
- - - - 01 12
PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS
- - - - - 01
CONTROLE BIOLÓGICO - - - - - 03
SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO (Gotejamento/Micro-aspersão)
- - - - - -
INDUÇÃO FLORAL - - - - - 16
T O T A L - - - - 01 32 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
117
Segundo observação “in-loco” junto aos pequenos produtores de Mandacaru,
atualmente os mesmos estão erradicando culturas como o coco e a goiaba, por
razões fitossanitárias e econômicas e replantando suas áreas com acerola, tendo
em vista o interesse da agroindústria da região para a produção de derivados dessa
fruta. Os Anexos A e B desse trabalho, trazem a relação de eventos de transferência
de tecnologias realizados pela Embrapa Semi-Árido nos anos de 2004 e 2005,
dando uma dimensão da amplitude e da natureza das ações de transferência de
tecnologias e, principalmente, confirmando os resultados encontrados na pesquisa
de campo junto aos pequenos produtores de frutas. No distrito de Mandacaru
percebe-se que a manga tem a preferência da maioria dos pequenos produtores.
Encontrou-se 42 (quarenta e dois) produtores cultivando manga no DIMAND e 54
(cinqüenta e quatro) no DISNC. Bons resultados econômicos com a cultura de
manga no DIMAND (Quatro 3) têm incentivado pequenos produtores a manter essa
cultura em seus lotes. A Tabela 21 e a Tabela 22 mostram o desempenho de ações
de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido nos locais observados.
Tabela 21 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Nilo Coelho. CULTURAS E AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA REALIZADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO NO
NILO COELHO – PETROLINA – PE CULTURAS
AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA MANGA UVA BANANA ACEROLA COCO GOIABA
CURSO 15 11 10 04 06 12
PALESTRA 12 06 07 07 04 09
SEMINÁRIO 01 02 0 0 01 0
DIA DE CAMPO 19 09 14 06 11 17
VISITA TÉCNICA 05 05 02 01 02 03
UNIDADE DE OBSERVAÇÃO 02 01 01 0 0 01
T O T A L 54 34 34 18 24 42 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
118
Tabela 22 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Mandacaru. CULTURAS E AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA REALIZADAS PELA
EMBRAPA SEMI-ÁRIDO NO MANDACARU
CULTURAS AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA
MANGA UVA BANANA ACEROLA COCO GOIABA
CURSO 6 - 1 - - 1
PALESTRA 14 1 8 1 5 4
SEMINÁRIO 1 - - - - -
DIA DE CAMPO 16 - 2 1 2 3
VISITA TÉCNICA 5 - 1 - 1 1
UNIDADE DE OBSERVAÇÃO - - - - - -
T O T A L 42 1 12 2 8 9 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
O cruzamento de ações de transferência com tecnologias, Tabela 23 demonstra que
as ações de transferência: palestra, curso e dia de campo são mais utilizados para
transferir conhecimentos sobre tecnologias de sistemas de irrigação, fertirrigação e
produção integrada de frutas. A indução floral é uma tecnologia por demais aplicada
na cultura da mangueira, apresentando uma participação significativa no distrito de
irrigação Senador Nilo Coelho.
Tabela 23 - Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho. NILO COELHO TECNOLOGIAS X AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA
TECNOLOGIAS/AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA Curso Palestra Seminário Dia de
Campo Visita
Técnica
Unidade de
Observação TOTAL
FERTIRRIGAÇÃO 11 9 1 12 1 3 37 TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL 4 8 - 4 1 - 17
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS - PIF
12 12 1 9 3 - 37
CONTROLE BIOLÓGICO
3 5 - 1 0 - 9
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 7 12 - 12 1 - 32
INDUÇÃO FLORAL 10 11 - 8 1 1 31 TOTAL GERAL 47 57 2 46 7 4 163
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
119
Tabela 24 – Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação de Mandacaru. MANDACARU TECNOLOGIAS X AÇÕES DE TRANSFERÊNCIAS
TECNOLOGIAS/AÇÕES DE TRANSFERÊNCIAS Curso Palestra Seminário Dia de
Campo Visita
Técnica
Unidade de
Observação TOTAL
FERTIRRIGAÇÃO - 7 - - - - 7 TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL 1 11 - 4 - - 16
PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS - PIF
2 8 - 1 1 - 12
CONTROLE BIOLÓGICO
1 2 - - - - 3
SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 1 8 - 1 - 10
INDUÇÃO FLORAL 1 8 - 05 - - 14 TOTAL GERAL 6 44 - 11 1 - 62
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
No distrito de irrigação de Mandacaru, como evidencia a Tabela 24, se sobressaem
às ações de transferência de tecnologias: palestras e dias de campo, aplicadas às
tecnologias da indução floral e a produção integrada de frutas. Esses dados
corroboram as observações da cultura da mangueira, quando cruzada com cultura e
ações de transferência de tecnologias - Tabela 22.
De maneira geral, as triangulações efetuadas com seis culturas x seis ações de
transferências x seis tecnologias agrícolas sugerem que os objetivos delimitados no
segundo capítulo foram atingidos, tendo em vista que os índices das respostas
apontam para uma situação aparentemente confortável de uma parcela do processo
de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido no pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA. Os dados quantitativos têm essa capacidade de sugeri que tudo
está bem. Porém o contato direto e as observações “in loco” nos lotes dos dois
distritos de irrigação, trazem o outro lado de uma mesma moeda. É a chamada
unidade dos contrários. É a observação sistemática que traduz a existência de vários
gargalos técnicos, sociais e estruturais nos dois distritos de irrigação investigados.
120
5.3 Entrevista para Avaliação da Imagem da Embrapa Semi-Árido O propósito dessa seção é descrever a realização de uma entrevista, onde se
buscam evidências sobre a percepção que os produtores de frutas têm sobre a
imagem institucional do processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e
inovações da Embrapa Semi-Árido. Esta entrevista foi realizada no distrito de
irrigação de Mandacaru, na cidade de Juazeiro-BA.
O entrevistado é um pequeno produtor de frutas do distrito de irrigação de
Mandacaru que tem plantado manga, mamão, goiaba e acerola. A entrevista foi
agendada com a devida antecedência e as perguntas versaram sobre a atuação da
Embrapa Semi-Árido junto aos pequenos produtores de frutas de Mandacaru.
A técnica utilizada na entrevista é a desestruturada, a qual procura deixar o
entrevistado à vontade para expor sua opinião sobre o tema pesquisado. Encontra-
se em poder do autor uma fita K-7 com a gravação da entrevista que ora se
transcreve. A fala é do Sr. Pedro Gaudêncio da Silva, de 60 anos de idade, no dia
22/09/2006, com mais de 20 (vinte) anos conduzindo o lote número quatro do distrito
de irrigação de Mandacaru em Juazeiro da Bahia:
(Entrevistado) Bem, eu sou Pedro Gaudêncio da Silva, como eu... a
Mizael, tô aqui no pro jeto Mandacaru há 26 (vinte e seis) anos,
assumindo o lote agr ícola 04. Trabalhe i com muitas culturas como
cebola, tomate, me lão. Ho je tô praticamente com manga, três
hectares de manga, já com 11 (onze) anos de idade essa manga .
Tenho a parte de goiaba, meio hectare, tenho meio hectare de
banana, ela está nova porque foi plantada há um mês....nascida.
Tenho meio hectare de mamão já produzindo, também a primeir a
produção e tenho previsto plantar um hectare de acerola de contrato
com na Niagro de Petro lina- PE. ... A gente tem que d iversif icar as
culturas, porque quem tem dois tem um e quem tem um não
tem nada. Essa é a realidade.
121
É.. ., com respeito à atuação da Embrapa no projeto Mandacaru eu
considero ótima (grifo nosso). Por quê? Porque sempre que a gente
precisa de (...) qualquer agricultor que precisa de opin iões dos
técnicos da Embrapa, são bem recebidos e são bem orientados por
eles. Nem sempre todos cumprem as orientações porque todo ser
humano é sempre assim, mas a gente tem que se conscientizar que
a gente nunca sabe tudo. O técnico tem ma is chances de fazer mais
coisas que a gente, porque a gente tem o conhecimento prático, mas
a teoria está além do nosso conhecimento (grifo nosso).
Comenta-se a frase do produtor: “... mas a teoria está além do nosso
conhecimento...”. Sendo apenas alfabetizado, o produtor tem a percepção de que o
conhecimento teórico traz oportunidades de produção. Nesse propósito, cita-se o
trabalho seminal de Edith Penrose (1959) apud Tigre (2006:42), que ensina sobre a
relação do conhecimento prático com a teoria, dizendo: “o conhecimento ocorre
tanto formalmente, através de transmissão escrita ou oral, como também por meio
do aprendizado prático”. Segundo Tigre (2006:42), Penrose (1959) antecipa assim a
importância do conhecimento tácito, que será crítico para a formulação de novas
teorias relativas à economia do conhecimento. Por essa descrição de Tigre (2006),
se associam o conhecimento tácito do produtor ao conhecimento teórico dos
técnicos, traduzindo-se em melhores resultados econômicos e agronômicos na
produção de frutas nos distritos de irrigação observados. Segue a transcrição da
entrevista do produtor Sr. Pedro Gaudêncio da Silva, presenteando este trabalho
com sabedoria, dizendo que:
(...) Sempre o técnico vai nos orientando com o me io de conduzir a
cultura, porque eu sei trabalhar, sei produzir, mas aparece pragas,
doenças que nós não temos o conhecimento próprio pra eliminar
aqueles problemas que vêm. E o técnico tem que está orientando a
gente como deve conduzir por isso eu considero a assistência da
Embrapa aqui no Mandacaru é ótima (grifo nosso). Alguém pode
122
até criticar, porque o ser humano é sempre assim, mas ta lvez porque
não procura. Então, se você não procura o técnico, dif ic ilmente vai
ter solução pra orientar o lote de cada um. O próprio produtor é que
tem que procurar a assistência técnica, pra saber o que é que pode
resolver o problema do seu lote. Tem indução f loral. A gente faz
uma. ... vem aplica-se o produto... pra espécie e...90 (noventa) dias
após aplica-se o nitrato de cálcio que eu costumo fazer duas
aplicações com cálcio e continuo com o potássio. Graças a Deus te m
dado ‘leite ’ nas minhas aplicações que minha manga sempre foi
produzida, que eu chamo de bem, apesar da gente está trabalhando
com prob lemas porque hoje o pequeno agricultor não tem recursos
pra trabalhar, a gente está trabalhando com terceiros e em contrato
com o tempo, trabalho com meus f ilhos, mas é sempre terceiros.
En tão, a gente vem produzindo bem. Esse ano teve uns... que o
preço da manga caiu e a gente vendeu além do preço ruim e a inda
vendeu f iado e é aquele problema, mas o ano passado eu considero
bom. Eu produzi na primeira saf ra... eu tirei 84 (oitenta e quatro)
toneladas, vendi num preço ótimo porque eu comecei a vender a
R$1,10 (um real e dez centavos) e ter mine i vendendo o resto a R$
0,60 (sessenta centavos) então saiu uma méd ia boa e graças a Deus
eu consegui pagar o Banco do Nordeste. A minha manga hoje é
minha (...). Então, hoje a gente usa a técnica e vem dando certo.
Porque o ano passado eu colhi no primeiro trimestre, no mês de
março/abril foi 84 (oitenta e quatro) toneladas e no f inal do ano eu
colhi um pouquinho porque ela ‘f lorô’ praticamente natural e sem
aplicação e colhi mais 40 (quarenta) toneladas... então foi boa a
atuação... eu considero boa. Esse ano foi mais f raco por causa da
chuva que atrapalhou mu ita coisa. E eu to (...) o esquema vai estar
no... eu quero, dependendo do dia 05 a 10 de novembro (2006) eu
quero começar a aplicar a indução f loral e obter bom resultado.
123
CAPÍTULO VI Conclusões e Recomendações
6.0 Conclusões Partiu-se do problema de averiguar quais são os níveis de adoção das tecnologias,
conhecimentos e inovações adotadas pelos pequenos produtores de frutas dos
distritos de irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru. Em seguida, levantou-se a
hipótese que tecnologias, conhecimentos e inovações produzidas e/ou adaptadas
pela Embrapa Semi-Árido nos últimos anos, tenham contribuído para o êxito da
fruticultura em Petrolina-PE e Juazeiro-BA.
A técnica empregada na identificação das evidências que pudessem confirmar ou
negar os pressupostos inicialmente colocados é o estudo de caso, usando
elementos qualitativos e quantitativos e complementarmente técnicas exploratórias e
descritivas. O modelo teórico empregado para observação do pólo frutícola
denomina-se “Triângulo de Sábato”, tendo em seus vértices, os elementos: governo,
empresários e Centro de pesquisa. Esse modelo de inserção de inovações
tecnológicas em dado território foi desenvolvido pelo cientista argentino Jorge
Sábato, juntamente com Mário Botana (1968) e o mesmo se aproxima da realidade
do processo de produção no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
124
Os dois cientistas perceberam que a presença dos três elementos: Centro de
pesquisa, governo e empresários e suas inter-relações em uma região, configuram-
se como fatores indispensáveis e essenciais para se ter êxito na adoção de
tecnologias e conhecimentos de maneira sustentável, em médio e longo prazos.
Analisou-se uma parcela do processo de transferência de tecnologias agrícolas de
um Centro de pesquisas da Embrapa, por meio de entrevistas, aplicação de
questionários, revisão da literatura e pesquisa documental para averiguar o
problema, dividindo-o em partes que pudessem indicar sua confirmação.
Os indicadores adotados para guiar essa pesquisa foram delimitados a seis
tecnologias de irrigação, aplicadas em seis culturas frutícolas associadas a seis
instrumentos de transferência de tecnologias - TT. Aplicados os instrumentos
metodológicos numa amostra de 74 (setenta e quatro) pequenos produtores nos
dois distritos de irrigação, os resultados encontrados indicam que a hipótese se
confirma em virtude das fortes evidências de adoção das tecnologias agrícolas da
Embrapa Semi-Árido nos dois distritos agrícolas. Os objetivos geral e específicos
estão alcançados, na medida em que os dados levantados indicam que as
tecnologias, conhecimentos e inovações contribuíram e contribuem para que as
culturas da manga, uva, banana coco, acerola e goiaba, tenham se estabelecido
como cadeias produtivas bem sucedidas nos mercados interno e externo de frutas
frescas. Encontraram-se também evidências quantitativas e qualitativas, que entre
as ações de transferência de tecnologias utilizadas pela Embrapa Semi-Árido, as
mais eficazes são: dia de campo e cursos. Essa confirmação sugere gestões
gerenciais no processo de transferência de tecnologias que tragam melhor eficácia
ao processo, tendo em vista racionalização de recursos e diminuição de custos.
125
Observando-se os resultados dos indicadores quantitativos e a descrição da
entrevista, percebe-se uma forte convergência nas declarações dos pequenos
produtores dos dois distritos, em afirmar que a participação da Embrapa Semi-Árido,
é um elemento positivo na implantação e manutenção dos sistemas produtivos das
seis culturas frutícolas observadas.
Os resultados encontrados indicam que: a) os pequenos produtores dos distritos de
irrigação de Mandacaru e Nilo Coelho participam de maneira ativa das ações de
transferência de tecnologias - TT promovidas pela Embrapa Semi-Árido; b) os
pequenos produtores dos dois distritos de irrigação adotam as tecnologias agrícolas
difundidas pela Embrapa Semi-Árido em suas culturas frutícolas; c) estas
tecnologias e conhecimentos contribuíram e contribuem de maneira decisiva para o
desenvolvimento das cadeias frutícolas no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA; d) a
participação das seis tecnologias (indicadores) frutícolas da Embrapa Semi-Árido
nos processos produtivos é ‘grande’ ou ‘muito grande’; e ainda que, e) as ações de
transferência de tecnologias mais usadas pela Embrapa Semi-Árido para difundir
conhecimentos no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA são “dia de campo” e “curso”.
O somatório das respostas ‘grande’ com ‘muito grande’ perfaz mais de 60%
(sessenta por cento) dos respondentes pesquisados nos dois distritos. Estes
resultados demonstram claramente que a hipótese fica confirmada, e que o
problema inicialmente declarado nesta dissertação está equacionado, enquanto não
surjam novos fatores intervenientes no contexto observado.
Todavia, a observação “in loco” e o contato pessoal com produtores nos dois
distritos, evidenciam um baixo nível de políticas públicas que possibilite criar uma
infra-estrutura social e técnica, nas vilas e nos lotes, melhorando as condições de
vida e de trabalho. Linhas de financiamento para custeio da produção e manutenção
126
da estrutura física dos lotes são ações solicitadas por todos. Porém, a visão dos
pequenos produtores sobre seus empreendimentos é imediatista, pois se voltam
eminentemente para resultados econômicos de curto prazo.
Todavia, a assistência técnica procura alertá-los para aspectos de médio e longo
prazo que dêem sustentabilidade econômica e ambiental aos lotes. A visão limitada
sobre o negócio, dificulta a adequada adoção de tecnologias agrícolas nos dois
distritos. Os produtores rurais são enfáticos ao afirmarem que a participação da
Embrapa Semi-Árido nos dois distritos é boa, mas que poderia ser melhor. A
presença do nematóide na goiabeira é citada como um caso não solucionado pela
maioria dos entrevistados, principalmente no distrito Senador Nilo Coelho.
Os procedimentos metodológicos indicam existir um grande problema na fruticultura
do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, chamado processo de comercialização dos
produtos agrícolas. Os pequenos produtores não têm conhecimentos suficientes
para lidar adequadamente com essa importante etapa da cadeia produtiva. Essa
realidade indica um espaço para futuras ações de capacitação sobre
comercialização e marketing. As cadeias produtivas não são compostas apenas por
produção. As três partes depois da produção: transformação alimentar, distribuição e
consumo são tão importantes quanto produzir. Nesse sentido a produção dos
pequenos produtores rurais se afasta muito do modelo teórico adotado nesse
trabalho. Segundo declaração do Sr. José Nilson Oliveira Gomes, proprietário do lote
612, indagado sobre a maior praga existente no distrito de irrigação Senador Nilo
Coelho, o produtor pontuou: “a maior praga da agricultura é a comercialização”. Essa
afirmação demonstra as dificuldades existentes para que pequenos produtores
coloquem seus produtos no mercado, com vantagem competitiva. Custos e valor de
127
venda são elementos diametralmente opostos no processo de comercialização e
produção de frutas dos pequenos produtores do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
Não obstante os pequenos produtores terem adquirido relativo conhecimento de
manejo, produção, pós-colheita e aplicarem técnicas e tecnologias nas culturas
frutícolas, o fato de precisar comercializá-las torna a agricultura dos distritos públicos
irrigados uma atividade econômica de alto risco. Há dificuldades também de
comunicação entre instituições que fazem os distritos de irrigação e aquelas que
gravitam em torno das atividades de produção e comercialização.
Barreiras técnicas, administrativas e limitações de ordem política estão presentes no
cotidiano dos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
No entanto, algumas reflexões precisam ser feitas sob a luz do processo de
transferência de tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido, em relação o
modelo teórico aqui adotado e a literatura encontrada sobre o tema. Nos contatos
diretos realizados nos dois locais investigados a imagem sobre a Embrapa Semi-
Árido é de que a mesma é uma instituição que tem prestado serviços ao
agronegócio frutícola do pólo, porém segundo os pequenos produtores de frutas,
poderia ser melhor.
Essas críticas sugerem que existem espaços para rever conceitos de comunicação e
das ações de transferência de tecnologias agrícolas. Apesar de o modelo teórico do
triangulo de sábato, refletir muito bem o contexto social em que emergem os três
atores envolvidos no processo de transferência de tecnologias - TT no pólo
Petrolina-PE/Juazeiro/BA e de maneira geral, a literatura informar que esse processo
é difícil de funcionar com 100% (cem por cento) de eficácia, por conta da
complexidade dos atores e das instituições envolvidas, há espaços para novas
observações acadêmicas e empíricas. Outrossim, a transferência de tecnologia - TT
128
enquanto processo de comunicação rural é uma ação transversal e interdisciplinar,
realizada entre pessoas com grande heterogeneidade social. Acredita-se
principalmente, que os achados qualitativos desse trabalho, possam agregar
melhorias ao processo de transferência de tecnologias e conhecimentos da Embrapa
Semi-Árido. Sugere-se a criação e a manutenção de mecanismos consistentes de
parcerias entre todos os atores das cadeias produtivas do pólo Petrolina-
PE/Juazeiro-BA, não apenas em papéis e contratos, mas, sobretudo que os
relacionamentos tácitos e informais sejam fortalecidos.
6.1 Recomendações Este trabalho de pesquisa não deve e não pode se esgotar por aqui, até porque não
foi exaustivo por razões práticas e acadêmicas. No entanto, durante as pesquisas
que o integram, tanto a documental, como a de campo e a bibliográfica,
encontraram-se elementos que sugerem análises mais aprofundas, as quais não
foram feitas aqui, por não serem o objetivo desse trabalho.
O pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA é constituído também por médios e
grandes produtores e por algumas agroindústrias. Sugere-se averiguar com mais
detalhamento níveis de adoção de inovações tecnológicas agrícolas, comparando
índices de eficiência econômica entre os três níveis de empreendimentos do pólo
(pequenos, médios e grandes), com o propósito de obter a participação de
tecnologias nesta categoria de negócios. A aplicação de outro modelo teórico, como
o de inovação induzida, de Hayami e Ruttan (1971), pode trazer resultados voltados
para relação entre inovações tecnológicas com o sistema econômico.
129
Diferenças sociais (renda, nível de instrução, moradia), existentes entre produtores e
difusores, interferem para que a comunicação entre os dois grupos flua de maneira
planificada. Assim, essa vertente pode, também, ser objeto de análises futuras.
Porquanto, se sugere análises mais especificas e aprofundadas no processo de
transferência de tecnologias e inovações agrícolas, avaliando mais amiúde objetos e
atores sociais envolvidos.
Como ficou constatado nas observações “in-loco” e na aplicação do questionário, há
pouca efetividade na comunicação entre os níveis e entre as instituições que
administram os distritos de irrigação, neste caso sugerindo que as inter-relações
formais precisam ser melhor realizadas, principalmente entre pequenos produtores e
as associações e cooperativas existentes. Isso afasta o conhecimento empírico do
modelo teórico empregado nesse trabalho. No entanto é uma oportunidade para
novas análises junto aos distritos de irrigação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.
Por conta da eminência do tempo e do objetivo desse estudo, não é possível
detalhar aqui além do que se demonstra agora. Porém, existem espaços teóricos e
empíricos para outras análises e estudos da realidade dos dois distritos de irrigação
e da comunicação entre pequenos produtores e instituições envolvidas na produção
de frutas no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Finalmente, este estudo teve por
objetivo identificar os níveis de adoção de tecnologias frutícolas da Embrapa Semi-
Árido, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, a partir da hipótese que estas tecnologias
contribuíram para o êxito das cadeias produtivas. Porém se identificou outras
dinâmicas sociais tão importantes como a adoção de tecnologias. O sistema de
redes de informações existente entre os pequenos produtores e familiares, é um
achado que deve ser melhor analisado, tendo em vista que é por esse mecanismo
que flui a maior parte dos conhecimentos nos distritos de irrigação.
130
Referências Bibliográficas
ABREU, A. F. de; FRANÇA, T. da C. V. Gestão de transferência tecnológica. In: UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Curso de Especialização em Marketing para Gestão Empresarial. Florianópolis: Laboratório de Ensino a Distância. 1999. cap. 4, 151 p. AGUIAR, R. C. Abrindo o pacote tecnológico: estado e pesquisa agropecuária no Brasil. São Paulo: Polis ; CNPq, 1986. 156 p. ALVES, M. O.; VALENTE JÚNIOR, A. S. Comunicação rural entre três atores nas áreas de concentração de fruteiras no Nordeste brasileiro: o pequeno fruticultor, suas organizações e a extensão rural. In: Congresso da Sociedade Brasileira de Economia e Sociologia Rural, 44., 2006 Fortaleza. Anais... Fortaleza: SOBER, 2006. [s.n.] ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA 2004. Santa Cruz do Sul: Gazeta Santa Cruz, 2004. 136 p. il. Editado por Romar Rudolfo Beling. ARAÚJO, J. L. P.; Caracterização socioeconômica dos parceleiros do projeto de irrigação de bebedouro (Petrolina - Pernambuco). 1987. 71 f. Dissertação (Mestrado em Extensão Rural) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
BATALHA, M. O. (Coord.) Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1, 690 p. CHRISTENSEN, C.; ROCHA, A. da; (Org). Marketing de tecnologia: textos e casos. São Paulo: Atlas; Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1989. 267 p. (Coleção COPPEAD de administração, 3). CHOUDHURY, M. M. Perdas na cadeia de comercialização da manga. Petrolina: Embrapa Semi-Árido, 2004. 41 p. il. (Embrapa Semi-Árido. Documentos, 186). CODEVASF. Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho. Perímetro Irrigado Senador Nilo Coelho. [Petrolina], 2005. 22 p. EMBRAPA. Secretaria de Administração e Estratégia, IV Plano Diretor da Embrapa: 2004-2007. / Brasília, DF, 2004. 48 p. EMBRAPA SEMI-ÁRIDO. III P lano Diretor da Embrapa Semi-Árido 2004-2007. Petrolina, 2005. 59 p. FAVERO, L. A. Evolução e perspectivas das exportações brasileiras de manga : mercado europeu, In: FÓRUM REGIONAL DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 1., 2005, Petrolina. Programação e resumos... Petrolina: SOBER , 2005. 1 CD-ROM. FIATES, J. E. A. Caracterização e gestão do sistema de inovação tecnológica em uma organização orientada para competitividade. 1997. 157 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis.
131
FLORES, M. X. Projeto Embrapa: a pesquisa agropecuária rumo ao século XXI. Cadernos de Difusão & Tecnologia, Brasília, DF v. 7 p. 159-177, jan./dez. 1990. FRANÇA, T. da C. V. Redes de difusão universidade-empresa: um estudo exploratório para a Universidade Federal de Santa Catarina. 2001. 173 f. Dissertação (Mestrado em Engenharia de Produção) - Universidade Federal de Santa Catarina. FRUTICULTURA. Disponível em: <http://www.ibraf.org.br>. Acesso em: 20 nov. 2005. FRUTICULTURA. Disponível em: <http://www.ibge.org.br>. Acesso em: 24 nov. 2005. GAMA, G. F. B. Produção do conhecimento científ ico: pesquisa & desenvolvimento na Embrapa Semi-Árido. 2000. 78 f. Dissertação (Mestrado em Biblioteconomia) - Pontifícia Universidade Católica de Campinas, Campinas. GASTAL, E. Alguns aspectos básicos para um enfoque institucional adequado do processo de transformação tecnológica na agricultura Cadernos de Difusão & Tecnologia, Brasília, DF, v. 4, p. 155-164, maio/ago. 1987. GASTAL, M. L. Mudança tecnológica, modernização da agricultura ou desenvolvimento rural? Planaltina: EMBRAPA-CPAC, 1997. 20 p. (EMBRAPA-CPAC, Documentos, 66). GOMES, G. C.; ATRASAS, A. L. Diretrizes para transferência de tecnologias: modelo de incubação de empresas. Brasília, DF : Embrapa Informação Tecnológica 2005. 36 p. (Embrapa Informação Tecnológica. Documentos, 2). HOHLFELDT, A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. V. (Org.). Teorias da comunicação: conceitos, escolas e tendências. Petrópolis: Vozes, 2001. 309 p. IBGE. Malha Municipal Digital do Brasil – 2001. Rio de Janeiro: IBGE; DGC; DECAR, 2001. LACERDA, M. A. D. de; LACERDA, R. D. de. O cluster da fruticultura no Pólo Petrolina/Juazeiro. Revista de Biologia e Ciências da Terra, Campina Grande, v. 4, n. 1, [s.n.] 1. sem. 2004. VICO MAÑAS, A. Gestão de tecnologia e informação. São Paulo: Érica, 1993. 207 p. MARINOZZI, G.; CORREIA, R. C. Dinâmicas da agricultura irrigada do Pólo Juazeiro-BA/Petrolina-PE. In : CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 37., 1999, Foz do Iguaçu. Anais... Brasília, DF: SOBER, 1999. 1 CD-ROM. MAXIMIANO, A. C. A. Introdução à administração. 3. ed. São Paulo : Atlas, 1990. 426 p.
132
MOLINA FILHO, J. Difusão de inovações: críticas e alternativas ao modelo dominante. Cadernos de Difusão & Tecnologia, Brasília, DF, v. 6, n. 2, p. 101-115, jan./abr. 1989. OLIVEIRA, M. M. de. Como fazer pesquisa qualitativa. Recife : Ed. Bagaço, 2005. 191 p.
PORTER, M. E. Vantagem competitiva: criando e sustentando um desempenho superior. Rio de Janeiro : Elsevier, 1989. 512 p.
REZENDE, J. F. D. de. Aplicação do modelo de gestão da inovação “Spiral Shell”. In: SIMPÓSIO DE GESTAO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 21., 2000, São Paulo, SP. Anais... São Paulo : USP, Núcleo PGT, 2000. RIBEIRO, O. C.; VASCONCELOS, J. R. P.; RAMALHO, J. Consórcio organizacional para promoção e apoio a atividades de P&D e transferência de tecnologia agropecuária. Brasília, DF: Embrapa-SSE, 2002. 51 p. (Embrapa. SSE; 1). RODRIGUES, C. M. Gênese e evolução da pesquisa agropecuária no Brasil: da instalação da corte portuguesa ao inicio da república. Cadernos de Difusão & Tecnologia, Brasília, DF, v. 4, p. 21-38, jan./abr. 1987. ROCHA, A. da et. al. Marketing de tecnologia: Coleção Coppead de Administração - Textos e Casos. Rio de Janeiro : Atlas, 1989. 267 p. SHUMPETER, J. A. Teoria do desenvolvimento econômico: uma investigação sobre lucros, capital, crédito, juros e o ciclo econômico. São Paulo : Abril Cultural, 1982. SICSÚ, A. B.; SILVA, C. A. da. Promoção e consolidação de arranjos produtivos locais: o uso de ferramentas de planejamento estratégico. Recife: [s. n.], 2005.
SILVA FILHO, G. E. da A interpretação para o atraso relativo do nordeste a partir da teoria do desenvolvimento econômico periférico da Cepal. Revista Econômica do Nordeste, Fortaleza, v. 28, n. 4, p. 433-450, out./dez. 1997. SILVA NETO, M. F. da; VITAL, T. W. Transferência de tecnologias agropecuárias: fator de competitividade na microrregião de Petrolina - PE. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, 44., 2006. Fortaleza. Anais... Brasília, DF: SOBER, 2006. 1 CD-ROM. SILVA, P. C. G. da. Articulação dos interesses públicos e privados no pólo Petrolina-PE / Juazeiro – BA : em busca de espaço no mercado globalizado de frutas frescas. 2001. 245 f. Tese (Doutorado em Economia Aplicada) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Economia, Campinas.
133
SOUSA, I. S. F. de; SINGER, E. G. Tecnologia e pesquisa agropecuárias : considerações preliminares sobre a geração de tecnologia. Cadernos de Difusão & Tecnologia, Brasília, DF, v 1, nº 1, p. 1 - 25, jan./abr. 1984. SOUSA, I. S. F. de Difusão de tecnologia para o setor agropecuário: a experiência brasileira. Cadernos de Difusão & Tecnologia, Brasília, DF, v. 4 n. 2 p. 187-196, maio/ago. 1987. SOUZA, G. H. F. de; BRITO, R. A. L.; DANTAS NETO, J.; SOARES, J. M.; NASCIMENTO, T. Desempenho do distrito de irrigação Senador Nilo Coelho . Revista brasileira de engenharia agrícola e ambiental. Campina Grande, PB, v.5, n. 2, p. 204-209. 2001. TERRA, B. A transferência de tecnologia em universidades empreendedoras: um caminho para a inovação tecnológica. Rio de Janeiro : Qualitymark, 2001. 205 p. TIGRE, P. B. Gestão da inovação: a economia da tecnologia no Brasil. Rio de Janeiro : Elsevier, 2006. 282 p. UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA. Laboratório de Ensino à Distância Curso de especialização em marketing para gestão empresarial. Florianópolis: UFSC - Laboratório de Ensino a Distância; Embrapa, 1999. Paginação irregular VARGAS, R. T. Reflexões sobre a integração universidade-empresa: estudo de caso: Mestrado Profissionalizante. São Paulo, SP, 2005. 10 p. VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 6. ed. São Paulo: Atlas. 2005. 96 p. VERGARA, S. C. Métodos de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas, 2005. 287 p. VERGOLINO, J. R. A economia de Pernambuco no limiar do século XXI: desafios e oportunidades para a retomada do desenvolvimento. Recife : Edição dos Autores, 2002. 294 p. il. VITAL, T. W.; MARQUES, J. M. Irrigação na agricultura familiar do Nordeste: algumas experiências de inclusão da fruticultura. Recife : p 1-5. jul. 2006. YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos . 3. ed. Porto Alegre : Bookman, 2005. 212 p. ZYLBERSZTAJN, D; NEVES, M. F. (Org.). Economia e gestão dos negócios agroalimentares: indústria de alimentos, indústria de insumos, produção agropecuária, distribuição. São Paulo: Pioneira, 2000. 428 p.
134
AP ÊNDICE A - Formulário da Pesquisa de Opinião Junto aos Produtores de Frutas
UNIV ERS IDADE FEDERAL RURAL DE P ERNAM BUCO - UFRP E EM BRAP A S EMI-ÁRIDO
Senhor Produtor; A Embrapa Semi-Árido e a Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE,
apresentam o mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural, Sr. Mizael
Félix da Silva Neto, para uma pesquisa de campo que ajudará na conclusão do
trabalho de dissertação do referido aluno. Pedimos a colaboração dos gestores e
técnicos dos distritos de irrigação, e principalmente dos proprietários de lotes, em
dispor um pouco da sua atenção para atender o entrevistador na medida do
possível. O tema central da pesquisa é “Transferência de Tecnologias” e procura
identificar a contribuição de seis tecnologias agrícolas produzidas/adaptadas pela
Embrapa Semi-Árido aplicadas em seis culturas frutíferas (Manga, Uva, Acerola,
Banana, Coco e Goiaba), nos últimos cinco anos. A pesquisa compõe-se de três
partes: na primeira parte, busca-se conhecer o produtor; na segunda, as
características do lote; e na terceira parte estão as perguntas sobre tecnologias,
culturas e tipos de ações de transferências promovidas pela Embrapa Semi-Árido.
Este tipo de pesquisa tem razões metodológicas e procura analisar uma parcela do
processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e inovações da
Embrapa Semi-Árido. Agradecemos sua colaboração e informamos que as
respostas serão computadas de maneira agregada, resguardando as informações
dadas individualmente. Muito obrigado e boa sorte!
Pedro Carlos Gama da Silva
Chefe Geral da Embrapa Semi-Árido
Gilvando Sá Leitão Rios
Professor da UFRPE - Orientador
PESQUISA DE OPINIÃO
135
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE EMBRAPA SEMI-ÁRIDO
PARTE 1 - P ERFIL DO PRODUTOR
A. ESTADO CIVIL:
1 - CASADO (A) 2 - SOLTEIRO (A) 3 - VIÚVO (A) 4 - SEPARADO (A) B. SEXO:
1 – MASCULINO 2 - FEMININO C. NATURAL DE:
1 - PETROLINA – PE 2 - JUAZEIRO – BA 3 - OUTRAS LOCALIDADES QUAL? ______________________________ D. ESCOLARIDADE:
1 - NENHUMA 5 - MÉDIO COMPLETO 2 - FUNDAMENTAL INCOMPLETO 6 - SUPERIOR INCOMPLETO 3 - FUNDAMENTAL COMPLETO 7 - SUPERIOR COMPLETO 4 - MÉDIO INCOMPLETO
E. IDADE DO PRODUTOR:
1 - De 18 a 24 anos 4 - De 38 a 44 anos 2 - De 25 a 31 anos 5 - De 45 a 60 anos 3 - De 32 a 37 anos 6 - De 61 anos acima
F. MORA NO PROJETO DE IRRIGAÇÃO:
1 – SIM 2 - NÃO G. MORA EM CASA PRÓPRIA:
1 - SIM 2 - NÃO H. VOCÊ TEM FILHOS?
1 – SIM 2 - NÃO I. SE SIM, QUANTOS FILHOS MORAM COM VOCÊ?.............(.........................).
136
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE EMBRAPA SEMI-ÁRIDO
PARTE 2 - P ERFIL DO LOTE
A. IDENTIFICAÇÃO DO LOTE:
LATITUDE . LONGITUDE .
DATA DA ENTREVISTA: / / 2006 HORA: Inicio: Término:
LOCALIZADO NO NÚCLEO: LOTE NÚMERO:
NOME DO PROPRIETÁRIO:
PROJETO: 1 NILO COELHO 2 MANDACARU B. HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ ESTÁ CONDUZINDO O SEU LOTE:
1 - HÁ MENOS DE UM ANO 4 - DE SEIS A DEZ ANOS 2 - DE UM A DOIS ANOS 5 - DE ONZE A DEZENOVE ANOS 3 - DE TRES A CINCO ANOS 6 - DE VINTE ANOS EM DIANTE
C. QUAL O TAMANHO DO SEU LOTE:
1 - DE 1 A 4 HECTARES 4 – DE 11 A 15 HECTARES 2 - DE 5 A 6 HECTARES 5 - DE 16 A 20 HECTARES 3 - DE 7 A 10 HECTARES
D. COMO VOCÊ ADQUIRIU O SEU LOTE?
1 - ATRAVÉS DO DISTRITO DE IRRIGAÇÃO/COOPERATIVA
4 - RECEBEU EM PAGAMENTO DE DÍVIDAS
2 - COMPROU DE TERCEIROS 5 - CEDIDO EM COMODATO 3 - RECEBEU DE HERANÇA 6 - OUTRAS FORMAS
E. QUANTAS PESSOAS TRABALHAM COM VOCÊ EM SEU LOTE:
1 - DE UMA A CINCO PESSOAS 4 - DE VINTE E UMA A TRINTA PESSOAS 2 - DE SEIS A DEZ PEESOAS 5 - DE TRINTA E UMA EM DIANTE 3 - DE ONZE A VINTE PESSOAS
F. QUANTAS PESSOAS DA SUA FAMILIA TRABALHAM NO SEU LOTE?
1 - DE UMA A DUAS PESSOAS 4 - DE DEZ A DOZE PESSOAS 2 - DE TRÊS A CINCO PESSOAS 5 - MAIS DE DOZE PESSOAS 3 - DE SEIS A NOVE PESSOAS
137
G. INDIQUE O TAMANHO DAS ÁREAS ABAIXO RELATIVO EM SEU LOTE: 1 - AREA IRRIGADA HECTARES
2 - AREA IRRIGÁVEL HECTARES H. EM SUA OPINIÃO, QUAL É A PARCELA DE CONTRIBUIÇÃO DA Embrapa Semi-Árido PARA A FRUTICULTURA EM PETROLINA/JUAZEIRO? 1 - MUITO GRANDE 5 - NÃO TÃO PEQUENA 2 - GRANDE 6 - MUITO PEQUENA 3 - NÃO TÃO GRANDE 7 - NENHUMA 4 - PEQUENA
I. DESEJA FAZER ALGUM COMENTÁRIO? ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................
TECNOLOGIAS E AÇÕES DE TRA NSFERÊNCIA REAL IZADAS PELA EMBRA PA SEMI-ÁRIDO
AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA TECNOLOGIAS
CURSO PALESTRA SEMINÁRIO DIA DE
CAMPO VISITA
TÉCNICA UNIDADE DE
OBSERVAÇÃO FERTIRRIGA ÇAO TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL (Mosca-da-Fruta)
PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS
CONTROLE BIOLÓGICO
SISTEMA S DE IRRIGAÇÃO (Gotejamen to / Micro-aspersão)
INDUÇÃO FLORAL
138
UFRPE
PESQUISA DE OPINIÃO
TECNOLOGIAS E CULTURAS PRODUZ IDAS/ADA PTADAS PELA EMBRAPA SEMI-Á RIDO
CULTURAS TECNOLOGIAS UVA COCO GOIABA BANANA ACEROLA MANGA
FERTIRRIGA ÇÃO
TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL ( Mosca-da-Fruta)
PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS
CONTROLE B IOLÓGICO
SISTEMA S DE IRRIGAÇÃO (Gotejamen to/Micro-aspersão)
INDUÇÃO FLORAL
Marque com um “X” aquelas tecnolog ias que o produtor usa em suas respectivas culturas. CULTURAS: Marque com um “X” aque las que você TEM p lantadas em seu lote:
1. Manga 2. Uva 3. Banana 4. Acerola 5. Coco 6. Goiaba
CULTURAS E AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA REALIZADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO
CULTURAS AÇÕES DE
TRANSFERÊNCIA MANGA UVA BANANA ACEROLA COCO GOIABA
CURSO PALESTRA SEMINÁRIO DIA DE CAMPO V IS ITA TÉCNICA UNIDADE DE OBSERVAÇÃO
Muito Obrigado!
139
AP ÊNDICE B - Local de Nascimento dos Produtores Entrevistados no Nilo Coelho LOCAL DE NASCIMENTO DOS PRODUTORES DO NILO COELHO
Nº CIDADES – ESTADOS QUANTIDADES 01 PETROL INA - PE 14 02 PELOTAS - RS 01 03 SIMÕES - PI 04 04 TRIUNFO - PE 01 05 OROCÓ - PE 03 06 SERRITA - PE 01 07 LAJE - BA 01 08 AFOGADOS DA INGAZ EIRA - PE 01 09 PA ES LANDIN - PI 01 10 ABARÉ - BA 01 11 CURAÇA - BA 02 12 SANTA MARIA DA BOA VISTA - PE 02 13 CABROBÓ - PE 02 14 CRATO - CE 01 15 CHORROCHO - BA 01 16 CAICÓ - RN 01 17 SOUZA - PB 01 18 BARBALHA - CE 01 19 AFRÂNIO - PE 01 20 SALGUEIRO - PE 01 21 DORMENTES - PE 01 22 SANHARÓ - PE 01 23 CASA NOVA - BA 01 24 IPUBI – PE 01 25 SERRA TALHADA - PE 01 26 MORRO DO CHAPÉU - BA 01 27 SANTA CRUZ DA VENERA DA - PE 01
AP ÊNDICE C - Local de Nascimento dos Produtores Entrevistados em Mandacaru
LOCAL DE NASCIMENTO DOS PRODUTORES DO MANDA CARU Nº. CIDADE - ESTADO QUANTIDADES 01 SENTO SÉ - BA 01 02 FLORESTA - PE 03 03 LAGOA GRA NDE - PE 04 04 CASA NOVA - BA 01 05 PA ULO AFONSO - BA 02 06 AFOGADOS DA INGAZ EIRA – PE 01 07 PETROLÂNDIA - PE 04 08 SANTA MARIA DA BOA VISTA – PE 04 09 OROCÓ - PE 01 10 CONCEIÇÃ O - PB 01 11 SÃO PAULO - SP 01 12 PETROL INA - PE 01 13 RODELAS - BA 01 14 CAICÓ - RN 01
140
Apêndice D - Culturas x Ações de Transferência x Tecnologias nos dois Distritos de Irrigação.
Ações de Transferências Número de Produtores
que plantam as Culturas Pesquisadas
Tecnologia
Curso Palestra Seminário Dia de Campo
Visita Técnica
Unidade de Observação Nilo Coelho Mandacaru
Produtos
Fertirrigação
11 16 1 12 1 3 34 18 Manga
Técnica do Macho Estéril
5 19 - 8 1 - 15 - Uva
PIF – Produção Integrada de Frutas
14 20 1 10 4 - 27 9 Banana
Controle Biológico
4 7 - 1 0 - 35 4 Goiaba
Sistema de Irrigação
8 20 - 13 1 - 16 6 Coco
Indução Floral
11 19 - 13 1 1 23 2 Acerola
TOTAL
53 101 2 57 8 4 150 39 TOTAL
Fonte: Pesquisa Direta, 2006.
141
ANEXO A - Cursos, Seminários e Reuniões Realizados pela Embrapa Semi-Árido em 2004.
Data Tipo Título Instrutores / Palestrantes Local Duração Número de Participantes
16/03 Curso Curso sobre Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco
Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira (Coordenação e Instrução) / Daniela Biaggioni Lopes / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos
Escritório do DISNC, Petrolina - PE 04h 45
31/03 Curso Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco
Beatriz Jordão Paranhos / Daniela Biaggione Lopes / Flávia Rabelo Barbosa Moreira (Coordenadora)
Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE
04h 77
13 e 14/04 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Marco Antônio de Azev edo Mattos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima
Escritório da Embrapa Semi-Árido e TRC Fruticultura, Petrolina - PE
11h 31
15 e 16/04 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Francisca Nemaura Pedrosa Haji (coordenadora) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Marco Antônio de Azev edo Mattos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima
Escritório da Embrapa Semi-Árido e TRC Fruticultura, Petrolina - PE
11h 30
22/04 Curso Produção de Melancia e Melão Gerlane Alv es Lira (Coordenação) / Nivaldo Duarte Costa / Carlos Alberto Tuão Gav a
Inajá - PE 08h 34
19 e 20/05 Curso Curso sobre Produção Integrada de Uv as Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças.
Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Carlos Alberto Tuão Gav a / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Alem Cav alcanti Anselmo
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agrolucar, Petrolina - PE
11h 40
25 e 26/05 Workshop Qualidade Mercadológica no Agronegócio da Manga
Mohammad Menhaz Choudhury (Coordenador/palestrante) / João Gomes da Costa / Paulo Roberto Coelho Lopes / Raquel Freita Lira / Adriana Santana / Patrícia Azoubel / Valdiv o Vieira de Carvalho / Alberto Dias de Moreira
Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE
16h 31
142
04/05 Curso Curso sobre Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco
Daniela Biaggioni Lopes (Coordenação e Instrução) / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos
Auditório da Codev asf, Juazeiro - BA 04h 67
12 e 13/05 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças.
Paulo Roberto Coelho Lopes (coordenador) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Arlem Cav alcanti Anselmo / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agroara. Petrolina - PE
11h 30
03 e 04/06 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças.
Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Cezar Augusto Freire de Menezes (CNPq) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (CNPq) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Arlem Cav alcanti Anselmo (Valexport)
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Frutivita, Petrolina - PE
11h 44
08 e 09/06 Curso III Curso sobre Manejo de Irrigação Luís Henrique Bassoi (Coordenação/Instrutor) / José Antônio Moura e Silv a / Magna Soelma Bezerra de Moura
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Fazenda Vale das Uv as, Petrolina - PE
12h 27
18/06 Curso Monitoramento das Moscas das Frutas
Antônio Cleber Albuquerque / Fláv ia Rabelo Barbosa de Moreira / Francisca Nemaura Pedrosa Haji / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Ismênia da Gama Miranda / Adriano Medeiros
Auditório da Codev asf, Juazeiro - BA 27h 30m 06
17 e 18/06 Curso Produção Integrada de Manga e Uv as Finas de Mesa, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora) / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Andréa Nunes Moreira / Joston Simão de Assis
CEFET, Petrolina - PE 14h 50m 96
21 e 22/06 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças.
Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Paulo Roberto Coelho Lopes /Carlos Alberto Tuão Gav a / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Copa Uva, Petrolina - PE
11h 10m 35
143
28/06 Curso Controle de Qualidade de Frutas – Uv a e Manga
Joston Simão de Assis (Coordenador/Instrutor) / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Adriane Luciana da Silva
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 08h 17
15 e 16/06 Seminário Nov as Perspectivas para o Cultiv o da Uv a sem Sementes no Vale do São Francisco
Patrícia Coelho de Souza Leão (coordenadora/palestrante) / Mª Auxiliadora Coelho de Lima / Francisca Nemaura Pedrosa Haji / Daniela Biaggioni Lopes / Carlos Alberto Tuão Gav a / Natoniel Franklin de Melo / Luiza Helena Duenhas / Clementino Marco Batista de Faria / Dav i José Silva / Cícero Antônio de Souza Araújo / Luís Henrique Bassoi / Magna Soelma Bezerra de Moura / José Monteiro Soares / Bárbara França Dantas / Teresinha Costa Silv eira de Albuquerque
Auditório da FACAPE, Petrolina - PE
15h 200
08 e 09/07 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora) / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Andréa Nunes Moreira / Joston Simão de Assis
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Aracê Agrícola, Petrolina - PE
10h 40m 30
13 e 14/07 Curso I Curso Teórico-Prático de Sustentabilidade Ambiental da Produção Integrada de Frutas na Região do Submédio do Rio São Francisco
Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenação/Instrução) / Eliud Monteiro Leite (Coordenação/Instrução) / Cláudio Buschinelli (Coordenação/Instrução) / Luiz Carlos Hermes (Coordenação/Instrução) / Célia Maria M. de Souza Silv a / Magna Soelma Bezerra de Moura / Marcos Correa Neves / Wilson Fernandes Paiv a / Aderaldo de Souza Silv a (coordenação/instrução) / José Monteiro Soares / Tiane Almeida S. Costa (coordenação/instrução) / Luciano de Castro Monteiro (Coordenação/Instrução)
DISNC, Petrolina - PE 17h 40m 20
144
20 e 21/07 Curso
II Curso Teórico-Prático de Sustentabilidade Ambiental da Produção Integrada de Frutas na Região do Submédio do Rio São Francisco
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenação/Instrução) / Eliud Monteiro Leite (Coordenação/Instrução) / Cláudio Buschinelli (Coordenação/Instrução) / Luiz Carlos Hermes (Coordenação/Instrução) / Célia Maria M. de Souza Silv a / Magna Soelma Bezerra de Moura / Marcos Correa Neves / Wilson Fernandes Paiv a / Aderaldo de Souza Silv a (Coordenação/Instrução) / José Monteiro Soares / Tiane Almeida S. Costa (Coordenação/Instrução) / Luciano de Castro Monteiro (Coordenação/Instrução) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji
DISNC, Petrolina - PE 17h 40m 20
19 a 20/07 Seminário Das Regras da Vulnerabilidade às Premissas da Sustentabilidade Institucional: Implicações Gerais para Organizações de Tecnociência
Luiza Teixeira de Lima Brito (Coordenador) / José de Souza Silv a
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 04h 38
19 a 24/07 Curso Identif icação de Moscas-das-Frutas Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora) / Ismênia da Gama Miranda
Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE 40h 06
22 a 23/07 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos
Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE
10h 10m 32
19/08 Seminário Melhoramento de Uv a Pedro Carlos Gama da Silva (Coordenador) / Clístof er Davis
Valexport, Petrolina - PE 02h 03
23 a 27/08 Curso VII Curso de Fertirrigação José Maria Pinto (Coordenador/Instrutor) / José Crispiniano Feitosa Filho / Dav i José Silva
Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE
40h 27
12/08 Curso Manejo Pós-Colheita de Uv a e Noções de APPCC
Joston Simão de Assis (coordenador/instrutor) / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Coordenadora/Instrutora) / Adriane Luciana da Silv a
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 07h 30m 13
10 e 11/08 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cynthia Amorim Palmeira dos Santos / Joston Simão de Assis
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Boa Esperança, Petrolina - PE
10h 10m 28
145
25 e 26/08 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Francisca Nemaura Pedrosa Haji (coordenadora/instrutora) / Carlos Alberto Tuão Gav a / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima
Auditório do BGMB e Empresa Bella Fruta, Petrolina - PE
10h 30m 28
02 e 03/08 Seminário Visão Global das Tecnologias da Embrapa para o Semi-Árido
Pedro Carlos Gama da Silva / Clóv is Guimarães / Everaldo Rocha Porto (Coordenação Chef ia Geral)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 10h 28
14/09 Seminário Participação da Embrapa no Roteiro Técnico-Científico e Enoturismo do Vale
Elder Manoel de Moura Rocha (Coordenação) / Doris Ruschman
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 02h 27
23 e 24/09 Workshop Resultados Parciais do Projeto Tecnologias para o Agronegócio Familiar da Manga e Melão Orgânicos do Vale do São Francisco
Maria Sonia Lopes (Coordenadora) / Tâmara Cláudia de Araújo Gomes / Clementino Marcos Faria / Davi José Silv a / Mohammad Menhaz / Paulo Pinto
Auditório da Codev asf, Petrolina - PE 14h 30m 20
27 e 28/09 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Carlos Alberto Tuão Gav a / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Logos Butiá II, Petrolina - PE
10h 30m 21
27/10 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos
Auditório da Codev asf e Lote 32 do Projeto Mandacaru, Juazeiro - BA
08h 16
06 a 08/10 Seminário VI Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenação) / José Fernando da Silv a Protas / Carlo Malav olta / José Rozalv o Andriguetto / Rosa Maria V. Sanheuza / Fernando Cantillano / Alf redo Carlos Lobo / Cristhianno Sanguinetti / Luiz Borges Júnior / Hélio Nishimura
SESC, Petrolina - PE
24h 302
29 e 30/11 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças.
Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cynthia Amorim Palmeira dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Fláv ia Rabelo Barbosa de Moreira
Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE
10h 10m 32
146
24/11 Curso Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco
Daniela Biaggini Lopes (Coordenação/Instrução) / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Flávia Rabelo Barbosa Moreira
CEFET Petrolina, Unidade I, Petrolina - PE
04h 98
01/12 Curso Monitoramento de Cancro Bacteriano e Ferrugem da Videira
Daniela Biaggioni Lopes (Coordenação/instrução)
Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina-PE
04h 07
03/12 Seminário Estudo e Modelagem do transporte e da Biodegradação do Paclobutrazol em Solos Cultiv ados com Manga Irrigada
Elder Manoel de Moura Rocha (Coordenação) / André Manoel Netto
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 02h 13
07 a 09/12 Curso Nutrição da Videira Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Coordenadora/Instrutora)
Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE
21h 50m 19
11/11 Curso Minicurso sobre Produção Integrada de Uva – PIF Uv a
Francisca Nemaura Pedrosa Haji / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Fenagri 2004)
Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE
08h 29
11/11 Curso Minicurso sobre Produção Integrada de Manga – PIF Manga
Paulo Roberto Coelho Lopes / Andréa Nunes Moreira (Fenagri 2004)
Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE
08h 46
11/11 Curso Minicurso sobre Uvas sem Sementes Patrícia Coelho de Souza Leão (Fenagri 2004) Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE
08h 50
12/11 Curso Minicurso sobre Nutrição Mineral da Videira Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Fenagri 2004)
Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina-PE
08h 24
12/11 Curso Minicurso sobre Indução Floral da Mangueira Maria Aparecida do Carmo Mouco (Fenagri 2004)
Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina-PE
08h 54
12/11 Curso Minicurso sobre Monitoramento de Moscas-das Frutas Beatriz Aguiar Jordão Paranhos (Fenagri 2004)
Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE
08h 17
12/11 Curso Minicurso sobre Comportamento Fisiológico da Videira no Submédio São Francisco
José Moacir Pinheiro Lima Filho / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Fenagri 2004)
Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE
08h 24
22/12 Curso Uso do Tensiômetro no Manejo da Irrigação Luís Henrique Bassoi Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
04h 15
Fonte: ACT Embrapa Semi-Árido, 2006
147
ANEXO B - Cursos, Seminários e Reuniões Realizados pela Embrapa Semi-Árido em 2005
Data Tipo Título Instrutores / Palestrantes Local Duração Número de Participantes
25/01 Seminário
Possibilidades e Potencial de Cultivo de Frutas de Clima Temperado em Condições de Microclimas do Nordeste Brasileiro
Dr. Dav id By rne (Texas A&M University, USA) / Antonio Pedro Matias Honório (Coordenador)
Auditório do BGMB, Petrolina - PE 02h
65
11/02 Curso Curso Prático sobre Processamento de Geléia de Maracujá do Mato Francisco Pinheiro de Araújo (Instrutor e Coordenador)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
08h 17
02/02 Seminário Resultados do Programa Monitoramento de Esporos
Gustav o Mora Aguilera / Carlos Alberto Tuão Gav a / Wellington Antônio Moreira / Daniela Biaggione Lopes (Palestrante e Coordenadora)
Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
04h 15
17 a 18/03 Curso Estações Meteorológicas para o Monitoramento Ambiental
Magna Soelma Beserra de Moura (Instrutora e Coordenadora)
CEFET Agrícola, Petrolina - PE 07h 15
14/04 Seminário Sexagem Genética e Aromaterapia em Técnica do Inseto Estéril
Dr. Donald McInnis (Pesquisador do USDA/ARS / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos (Coordenador)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
02h 35
13/04 Curso Manejo Fitossanitário e de Irrigação das Culturas de Manga e Uva
José Maria Pinto / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (bolsista) / Carlos Alberto Tuão Gava / Élder Manoel de Moura Rocha (Coordenador)
Fazenda Santa Felicidade, Casa Nov a - BA
04h 26
11 e 13/04 Curso Manejo da Cultura da Mangueira Lázaro Eurípedes Paiva / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Élder Manoel de Moura Rocha (Coordenador e Instrutor)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
08h 30m 12
10 a 12/05 Curso
Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a
Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / Carlos Alberto Tuão Gava / Luíza Teixeira de Lima Brito / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Barboda dos Anjos / José Bezerra de Andrade / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / José Monteiro Soares / Dav i José Silva / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutora e Coordenadora)
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Valente Frutas, Petrolina - PE
20h 30m 41
148
23 a 25/05 Curso Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Manga – PI Manga
Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / Luíza Teixeira de Lima Brito / José Maria Pinto/ Francisco Pinheiro Lima Neto / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Davi José Silv a / Flávia Rabelo Barbosa / Eliud Monteiro Leite / Newton Nunes Azev edo / Joston Simão de Assis (instrutor e coordenador) / Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador)
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa AM Export, Petrolina - PE
20h 15m 39
19/05 Curso Av aliação de Doenças da Mangueira Daniela Biaggioni Lopes (Instrutora e Coordenadora) Valexport, Petrolina - PE
4h 16
07 a 09/06 Curso
Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a
Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Carlos Alberto Tuão Gav a / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Barboda dos Anjos / José Bezerra de Andrade / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / José Monteiro Soares / Dav i José Silva / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Tiane Almeida Silv a Costa (Valexport) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutora e Coordenadora)
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Copa Fruit Uv a, Petrolina - PE
20h 42
21 a 23/06 Curso Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Manga – PI Manga
Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / José Maria Pinto/ Francisco Pinheiro Lima Neto / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Davi José Silv a / Fláv ia Rabelo Barbosa / Eliud Monteiro Leite / Newton Nunes Azev edo / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Barbosa dos Anjos / Francisco Pinheiro Lima Neto / Cezar Augusto Freire de Menezes / Joston Simão de Assis e Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenadores)
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agrolima, Petrolina - PE
20h 15m 32
14 e 15/06 Curso IV Curso sobre Manejo de Irrigação Magna Soelma Beserra de Moura / Luíz Henrique Bassoi (Instrutor e Coordenador)
Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
12h 27
12/07 Workshop Caracterização dos Sistemas Típicos de Produção de Manga na Região de Itaberaba – Bahia
José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 10
13/07 Workshop Caracterização dos Sistemas de Produção do Abacaxi na Região de Itaberaba – Bahia
José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 09
149
15/07 Workshop Caracterização dos Sistemas de Produção de Maracujá na Região de Liv ramento de Nossa Senhora – Bahia
José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 11
16/07 Workshop Caracterização dos Sistemas Típicos de Produção de Manga na Região de Liv ramento de Nossa Senhora – Bahia
José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 11
22/07 Seminário Diagnóstico Agrário do Perímetro Mandacaru Marion Barral / Sofie Lê Jeune
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
02h 13
25 e 26/07 Curso Produção Integrada de Manga e Uv as Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças.
Andréa Nunes Moreira / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos / Cezar Augusto Freire de Menezes / Joston Simão de Assis / Paulo Roberto Coelho Lopes e Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadores)
Auditório do CEFET- Agrícola, Petrolina - PE 15h 40m 103
26 a 28/07 Curso Nutrição da Videira Bárbara França Dantas / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Coordenação)
Escritório da Embrapa, Petrolina - PE 24h 31
29/07 Reunião
Discussão sobre a Ref ormulação do Capítulo de Nutrição e Adubação do Liv ro de Videira no Submédio São Francisco
Clementino Marcos Batista de Faria (Coordenador)
Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
07h 09
10/08 Seminário I Seminário sobre Gestão da Comercialização da Manga
Carlos Alberto Tuão Gava / Mohammad Menhaz Choudhury (Palestrante e Coordenador)
Auditório da Justiça Federal, Petrolina - PE
04h 70
11/08 Reunião Adubação na Uv a de Vinho para ser Incluída num Capítulo do Livro de Videira no Submédio São Francisco
Clementino Marcos Batista de Faria (Coordenador)
Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
07h 07
16/08 Seminário Melhoria da Qualidade e Certificação na Produção Pós-Colheita e Processamento de Manga
Af onso Ramos (UFV) / Ebenezer Oliv eira (CNPAT) / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Coordenação)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
03h 17
24 a 26/08 Curso Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Manga – PI Manga
Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Bezerra de Andrade / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Davi José Silv a / Francisco Pinheiro Lima Neto / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Tiane Almeida Silv a Costa (Valexport) / Victor Cezar Macedo da Silv a (Estagiário Embrapa Semi-Árido) /José Barbosa dos Anjos / Joston Simão de Assis, Flávia Rabelo Barbosa Moreira e Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutores e Coordenadores) e Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador)
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agronogueira, Petrolina - PE
20h 15m 19
150
17 a 19/08 Curso
Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a
Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Carlos Alberto Tuão Gav a / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Bezerra de Andrade / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / José Monteiro Soares / Davi José Silv a / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Tiane Almeida Silva Costa (Valexport) / Andréa Nunes Moreira (CEFET) / Eliud Monteiro Leite (DISNC) / Victor Cezar Macedo da Silv a (Estagiário Embrapa Semi-Árido) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutora e Coordenadora)
Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agrolucar e Lote no DISNC, Petrolina - PE
20h 91
17 a 18/08 Curso Interpretação de Resultados de Análise de Solo e de Tecido Vegetal
Dav i José Santos / Clemente Ribeiro dos Santos (Valexport) (Coordenador)
Valexport, Petrolina-PE 16h 28
29/09 Curso VI Curso Internacional sobre Tratamento Hidrotérmico
Ismênia da Gama Miranda (Valexport) / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos (Instrutora e Coordenadora) e Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
04h 11
01/09 Seminário Resultados de Pesquisa em Vitiv inicultura
Luís Henrique Bassoi / José Moacir Pinheiro Lima Neto / Bárbara França Dantas / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Cláudia Rita (bolsista pós-doutorado)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
04h 23
27 a 29/09 Curso Manejo e Conservação do Solo e da Água
Fláv io Hugo B. B. da Silv a (convidado) / Jairton Fraga Araújo (conv idado)/ Carmen Suezer Miranda Masutti (conv idado) / João Regis da Silva Neto (convidado)/ Paulo Costa Pinto (conv idado)/ Aderaldo de Souza Silv a / Sérgio Oliveira Pinto de Queiroz (convidado)/ Maria Aparecida do Carmo Mouco / Teresinha Costa Silv eira de Albuquerque / Nivaldo Duarte Costa / Cícero Antônio S. Araújo (conv idado)/ Maria Sonia Lopes Silv a e Tony Jarbas Ferreira Cunha (Instrutores e Coordenadores)
UNEB Juazeiro - BA
24h 31
30/09 Seminário
Uma Inov ação Tecnológica para Aumento do Potencial Agrícola de Solos Arenosos Irrigáv eis com Aplicação de Produtos Argilo-Minerais
Antônio Cabral Cavalv anti (Coordenador do Projeto Aumento Potencial da Agricultura Orgânica com Aplicação de Argilas Cálcicas do Projeto Gesseiro) / Natoniel Franklin de Melo (Coordenador)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
02h 15
05 e 06/10 Curso Mini Curso sobre Manejo da Irrigação da Videira de Vinho
Luís Henrique Bassoi (Instrutor e Coordenador) Unidade Agrícola do CEFET, Petrolina - PE
08h 39
05 e 06/10 Curso Mini Curso sobre Pós-Colheita de Uva Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Instrutora e Coordenadora)
Unidade Agrícola do CEFET, Petrolina-PE
08h 49
28/10 Curso Mini Curso sobre Uv as sem Sementes Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / Rita Mércia Estigarríbia Borges (Instrutora e Coordenadora)
Colégio GEO, Juazeiro - BA 08h 43
151
27/10 Curso Mini Curso sobre Manejo e Cultura do Melão
George Ricardo Libório Bandeira (EBDA) / Nivaldo Duarte Costa (Instrutor e Coordenador)
Colégio GEO, Juazeiro - BA 08h 12
08/11 Seminário Agronegócio na Sociedade da Inf ormação: Explorando Oportunidades em Fruticultura
André Torres Neto (Embrapa Instrumentação Agropecuária) / Carlos Manoel Pedro Vaz (Embrapa Instrumentação Agropecuária) / Luís Henrique Bassoi (Coordenador)
Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
02h 26
21 a 25/11 Curso VIII Curso de Fertirrigação José Crispiniano Feitosa Filho (UFPB) Dav i José Silva / José Maria Pinto (Instrutor e Coordenador)
Codev asf 6ª SR e no N 11 (Vanildo Roque Alv es), Petrolina - PE
31h 29
13 a 16/12 Curso VII Curso sobre Nutrição da Videira Bárbara França Dantas / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Instrutora e Coordenadora)
Codev asf 6ª SR, Petrolina - PE
28h 26
06 a 08/12 Curso
Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a
Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Carlos Alberto Tuão Gav a / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Bezerra de Andrade / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / José Monteiro Soares / Dav i José Silva / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Tiane Almeida Silv a Costa (Valexport) / Andréa Nunes Moreira (CEFET) / Victor César Macedo da Silv a (Bolsista Embrapa) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora)
Auditório do BGMB, Empresa Salva Terra e Lote 210 DISNC Petrolina - PE
18h 45m 69
09/12 Seminário IV Seminário sobre Vitivinicultura do Estado de Permambuco
Umberto de Almeida Camargo (Embrapa Uva e Vinho) / Luís Henrique Bassoi / André Torres Neto (Embrapa Instrumentação Agropecuária) / Giuliano Elias Pereira (Embrapa Uva e Vinho e Semi-Árido) (Coordenador)
Auditório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE
05h 30m 59
Fonte: ACT Embrapa Semi-Árido, 2006
top related