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Mizael Félix da Silva Neto TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS: O Papel da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina - PE / Juazeiro - BA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO DISSERTAÇÃO DE MESTRADO Linha de Pesquisa 1: Gestão, Mercado e Agronegócio Gilvando Sá Leitão Rios Orientador Recife - PE 2006 Dissertação apresentada na linha de pesquisa Gestão, Mercado e Agronegócio no Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural - PADR da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas, realizada sob a orientação do Professor Doutor Gilvando Sá Leitão Rios.

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Mizael Félix da Silva Neto

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS: O Papel da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina - PE / Juazeiro - BA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

DISSERTAÇÃO DE MESTRADO

Linha de Pesquisa 1: Gestão, Mercado e Agronegócio

Gilvando Sá Leitão Rios Orientador

Recife - PE 2006

Dissertação apresentada na linha de pesquisa Gestão, Mercado e Agronegócio no Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural - PADR da Universidade Federal Rural de Pernambuco - UFRPE como requisito parcial para obtenção do título de Mestre em Administração de Empresas, realizada sob a orientação do Professor Doutor Gilvando Sá Leitão Rios.

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE

Departamento de Letras e Ciências Humanas - DLCH

Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural - PADR

TRANSFERÊNCIA DE TECNOLOGIAS AGROPECUÁRIAS: O Papel da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina – PE / Juazeiro – BA

Mizael Félix da Silva Neto

Dissertação aprovada pela banca examinadora composta pelos professores doutores: ------------------------------------------------------------------- Professor Doutor Gilvando Sá Leitão Rios Orientador – PADR/UFRPE -------------------------------------------------------------------- Doutor Elias Moura Reis Examinador Externo – ACT/Embrapa Semi-Árido -------------------------------------------------------------------- Professor Doutor Fernando Gomes de Paiva Júnior Examinador Externo – CCSA/UFPE -------------------------------------------------------------------- Professor Doutor Tales Wanderley Vital Examinador Interno – PADR/UFRPE

Dissertação defendida e aprovada no dia 15 de dezembro de 2006 no Departamento de Letras e Ciências Humanas – DLCH da Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE.

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Dedico a meus pais. Seu Miguel, um homem do “meio do mundo” e a Dona Maria, uma mulher de “dentro de casa” (in memoriam).

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus em sua infinita sabedoria pelo dom da vida e a luz da razão; A meus irmãos, Milton Vianey, Aurene, João Batista e Auri Félix, pelos melhores dias de nossas vidas; A meus filhos, Valéria, Daniela, Aline e Miguel Neto; e netos, Alane, Ananda, Mizael e Rebeca, por me ensinarem a redescobrir a vida; A Ivany Moura, pelo carinho, constância e compreensão em todas as horas; À Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Embrapa, por me conceder o tempo necessário para execução desse trabalho; Ao Doutor Pedro Carlos Gama da Silva, Chefe Geral da Embrapa Semi-Árido; Ao Professor Doutor Gilvando Sá Leitão Rios, pela amizade e orientação na elaboração desse trabalho; Aos Doutores Elias Moura Reis, Fernando Gomes de Paiva Júnior e Tales Wanderley Vital, por aceitarem avaliar essa dissertação; Aos Professores Valdenor Daízio Ramos Clementino e Rodolfo Araújo de Moraes Filho, mestres do início e fim dessa jornada; Aos Funcionários do PADR, em especial a Marlene e Shirley com suas ‘meninas da xérox’, pela atenção e dedicação nas imprescindíveis tarefas de apoio; Ao Doutor Luiz Balbino Morgado, pelos conselhos acadêmicos; A Paulo Pereira da Silva Filho, “Paulinho”, pela ajuda e amizade em todas as horas; Aos mestrandos, Brenda, Carlos Mendes, Daniela, Elder Lopes, João Paulo, Marcelo, Manuel, Patrícia, Solano, Sóstenes e Tânia, porque a vida é a arte do encontro; A Almiro Félix Martins, pela amizade no cotidiano do SRH da Embrapa Semi-Árido; Aos amigos da PLANTEC, em especial a “Chicão”, Manoel Matias, Ramos e Jad pela imprescindível disponibilidade; Aos pequenos produtores dos distritos de irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru que nos receberam em seus lotes com carinho, atenção e presteza; Aos colegas da Embrapa Semi-Árido, Álvaro, Auxiliadora Gomes, Carlos Alberto, Clétis, Crisóstomo, “Cozão”, Deusemar, “Duda”, Eduardo, Elenilson, Eliomar, Escobar, Gilmar, Gislene, Helena, Ivan, Jorge Severo, Joveniano, Josimar e Marcos Elpídio (in memoriam), Juraci, Killiane, Leonardo, Lycia Almeida, Luciano Lima, Luiz Domingos, Luiz Ozório, Marcelo Acioli, Maristela, “Nel”, Oscar, Pinheiro, Renival, “Sabonete” e Sônia Dantas, pela boa convivência e alegria de viver; E a todas as pessoas, que direta e/ou indiretamente ajudaram nessa longa jornada de construção do conhecimento.

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O tempo é um bem inelástico e de reposição impossível.

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S U M Á R I O

CAPÍTULO I - O Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA e a Embrapa Semi-Árido.................................12 1.0 Introdução............................................................................................................................12 1.1 Aspectos Socioeconômicos do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA..........................................20 1.2 Ev olução do Pólo Frutícola e a Embrapa Semi-Árido..........................................................25 1.3 Parcerias da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.................................31 CAPÍTULO II - O Problema da Pesquisa ....................................................................................33 2.0 Tema da Pesquisa................................................................................................................33 2.1 Justificativa da Pesquisa.....................................................................................................33 2.2 Problema Investigado..........................................................................................................37 2.3 Hipótese da Pesquisa ..........................................................................................................37 2.4 Objetiv o Geral......................................................................................................................37 2.5 Objetiv os Específicos..........................................................................................................37 2.6 Importância do Estudo.........................................................................................................38 CAPÍTULO III - Fundamentação Teórica ...................................................................................40 3.0 Histórico da Transferência de Tecnologias Agropecuárias .................................................40 3.1 Globalização e Transferência de Tecnologias .....................................................................44 3.2 Abordagem de Tecnologia...................................................................................................48 3.3 Aspectos Econômicos da Tecnologia..................................................................................53 3.4 Tecnologia e a Cadeia de Valores........................................................................................55 3.5 Modelos de Transferência de Tecnologias..........................................................................57 3.6 Transferência de Tecnologias Agropecuárias na Embrapa .................................................... 62 3.7 Aproximação do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA com o Triangulo de Sábato....................... 63 CAPÍTULO IV - Procedimentos Metodológicos................................................................................67 4.0 Aspectos Gerais da Metodologia de Pesquisa.....................................................................67 4.1 Técnica da Pesquisa - Estudo de Caso................................................................................72 4.2 Observação “in-loco” aos Distritos Nilo Coelho e Mandacaru.............................................73 4.3 Delimitação do Escopo da Pesquisa....................................................................................75 4.4 Os Distritos de Irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru...............................................76 4.5 O Universo e as Amostras ...................................................................................................86 4.6 Aplicação dos Questionários e Observação “in-loco”.........................................................87 CAPÍTULO V - Análise e Interpretação dos Dados.....................................................................89 5.0 Perfil Socioeconômico dos Pequenos Produtores ..............................................................89 5.1 Características dos Lotes ..................................................................................................100 5.2 Nível de Adoção de Tecnologias, Conhecimentos e Inovações.........................................110 5.3 Entrev ista para Avaliação da Imagem da Embrapa Semi-Árido.........................................120 CAPÍTULO VI - Conclusões e Recomendações .......................................................................123 6.0 Conclusões........................................................................................................................123 6.1 Recomendações ................................................................................................................128 Referências Bibliográficas ......................................................................................................129 APÊNDICE A - Formulário de Pesquisa de Opinião Junto aos Produtores de Frutas..............134 APÊNDICE B - Local de Nascimento dos Produtores Entrev istados no Nilo Coelho...............139 APÊNDICE C - Local de Nascimento dos Produtores Entrev istados no Mandacaru................139 APÊNDICE D - Cruzamento de Culturas x Tecnologias x Ações de Transferencias................140 ANEXO A - Cursos, Seminários e Reuniões Realizadas pela Embrapa Semi-Árido em 2004...1401 ANEXO B - Cursos, Seminários e Reuniões Realizadas pela Embrapa Semi-Árido em 2005...147

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RESUMO O propósito deste trabalho é encontrar os níveis de adoção de tecnologias, conhecimentos e inovações agropecuárias geradas/adaptadas pela Embrapa Semi-Árido junto aos pequenos produtores rurais dos perímetros públicos irrigados de Mandacaru e Senador Nilo Coelho, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, nos últimos anos. No início são relatados o contexto econômico, social e cultural em que está inserida a Embrapa Semi-Árido, sua estrutura organizacional e seus parceiros institucionais. No segundo capítulo está o problema da pesquisa, o tema, a hipótese, os objetivos, a importância e a delimitação do estudo. O terceiro capítulo trata do referencial teórico, aonde são apresentadas abordagens de alguns conceitos de tecnologia e implicações econômicas de modelos de transferência e, em especial, de tecnologias do setor agrícola. O modelo teórico que ampara o estudo em lide denomina-se “triângulo de sábato” e merece destaque, tendo em vista a aproximação do modelo com a estrutura de produção de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. No quarto capítulo, encontra-se a metodologia utilizada nas diversas etapas de levantamento das informações para elaboração do relatório de pesquisa e são mostrados os elementos utilizados para levantar dados secundários e primários. Relatam-se aspectos gerais da técnica “Estudo de caso”, seu caráter exploratório, descritivo e explicativo e, sobretudo, eclético, as etapas da investigação, a fórmula matemática utilizada para definição do tamanho da amostra, os indicadores, o questionário semi-estruturado, as visitas aos locais delimitados para observação e entrevista. No quinto capítulo, estão os resultados da pesquisa de campo, sumarizados por meio de gráficos, tabelas, quadros e textos sobre o perfil socioeconômico dos produtores e as características dos respectivos lotes, bem como sobre seis tecnologias empregadas como indicadores quantitativos, seis ações de transferência de tecnologias e seis culturas analisadas nesta pesquisa. Apresentam-se, também, as discussões dos resultados junto aos respectivos gráficos e tabelas. No sexto capítulo, estão as conclusões sobre o trabalho e as recomendações decorrentes. No final, encontram-se a bibliografia consultada, dando sustentação a esta investigação e algumas informações adicionais nos apêndices e anexos usados para ajudar a esclarecer as análises sobre uma parte do processo de transferência de tecnologias junto aos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Palavras-Chave: Pesquisa & Desenvolvimento; Fruticultura; Pequenos Produtores; Distritos de Irrigação.

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ABSTRACT

The purpose of this work is to find the levels of adoption of agricultural technologies, knowledge and innovations generated/adapted by Embrapa Tropical Semi-Arid for the small farmers of the irrigated public perimeters of Mandacaru and Senador Nilo Coelho at Petrolina-PE/Juazeiro-BA, in the last years. In the beginning of this dissertation, it is described the economic, social and cultural context where Embrapa Tropical Semi-Arid is inserted, its organizational structure and institutional partners. Ahead, the research problem, theme, hypothesis, objectives, importance and delimitation of the study are presented. The third chapter deals about the theoretical referential. Also, some technology concepts and economic implications of technology transfer models, especially agricultural technologies, are presented. The theoretical model which supports the study is denominated “sabato triangle”, deserving attention, taking into account the proximity of the model with the production structure of fruits at Petrolina-PE/Juazeiro-BA. In the fourth chapter, one can find the methodology used in the several stages of information survey for elaboration of the research report and the elements used for surveying secondary and primary data. General aspects of the case study technique are related, its exploratory, descriptive and explanatory and, above of all, eclectic character, the stages of the investigation, the mathematical formula used for defining the sample size, the indicators, the semi-structured questionnaire, the visits to the defined places for observation and interviews. The fifth chapter shows the results of the field research, presented in graphs, tables, pictures and texts about the socioeconomic profile of the farmers and the characteristics of their respective lots, as well as about six technologies used as quantitative indicators, six actions of technology transfer and six crops analyzed in this study. Also, some discussions on the results are presented together with the graphs and tables. The sixth chapter presents the conclusions and recommendations from the study. At the end, one can find the consulted bibliography supporting this study and some additional information on the appendixes and enclosures used to help to clarify the analyses on part of the process of technology transfer to the small fruit producers of Petrolina-PE/Juazeiro-BA area. Key-word:

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LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABCAR - Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural; ACT - Área de Comunicação e Transferência de Tecnologia; ATER - Assistência Técnica e Extensão Rural; BNB - Banco do Nordeste do Brasil; BRIC - Brasil, Rússia, Índia e China; CA PIM - Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Irrigantes do Mandacaru; CCSA - Centro de Ciências Sociais Aplicadas; CEFET - Centro Federal de Educação Tecnológica; CHESF - Companhia Hidroelétrica do São Francisco; CODEVASF - Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba; CPATSA - Centro de Pesquisa Agropecuária do Trópico Semi-Árido; C&T - Ciência e Tecnologia; GERE - Gerência Regional de Educação; GPS - Global Posit ioning System; DIMAND - Distrito de Irrigação de Mandacaru; DISNC - Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho; DD - Deliberação de Diretoria; DGP - Departamento de Gestão de Pessoas; EBDA - Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola EBP - Estação de Bombeamento Pr incipal; EJA - Escolas de Jovens e Adultos; EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária; EMBRATER - Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural; FACA PE - Faculdade de Ciência Sociais e Aplicadas de Petrolina; FAO - Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação; HDM - Hospital Dom Malan; MA PA - Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento; MEC - Ministério da Educação e Cultura; OEPAS - Organizações Estaduais de Pesquisa; ONG - Organização Não Governamental; PA DR - Programa de Pós-Graduação em Administração e Desenvolvimento Rural; PDE - Plano Diretor da Embrapa; PLA NTEC - Planejamento e Engenharia Agr ícola Ltda.; PEA - População Economicamente Ativa; PIB - Produto Interno Bruto; PD&I - Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação; P&D - Pesquisa & Desenvolvimento; SIBRATER - Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural; SR - Superintendência Regional; SNPA - Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária; SRH - Setor de Recursos Humanos; SEBRA E - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas; SENAC - Serviço Nacional do Comércio; SENAI - Serviço Nacional da Indústria; SUDENE - Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste; SUVALE - Superintendência do Desenvolvimento do Vale do São Francisco; TT - Transferência de Tecnologias; UD - Unidade Descentralizada da Embrapa; UFPE - Universidade Federal de Pernambuco; UFRPE - Universidade Federal Rural de Pernambuco; UNEB - Universidade do Estado da Bahia; UNIVASF - Universidade Federal do Vale do São Francisco; UPE - Universidade de Pernambuco.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Participação do Vale do São Francisco no volume e valor da manga exportada pelo Brasil no período de 1997- 2003............................................................................................................21 Tabela 2 - Alunos matriculados no município de Petrolina-PE. em 2005........................................23 Tabela 3 - Ações de Transferência de Tecnologia - TT e Promoção de Imagem da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA........................................................................................32 Tabela 4 - Ocupação Espacial do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho..................................80 Tabela 5 - Estrutura Social do Perímetro de Mandacaru...............................................................84 Tabela 6 - Estado Civil dos Pequenos Produtores........................................................................91 Tabela 7 - Gênero dos Pequenos Produtores..............................................................................92 Tabela 8 - Local de Nascimento dos Pequenos Produtores..........................................................93 Tabela 9 - Local de Residência dos Pequenos Produtores...........................................................94 Tabela 10 - Nível de Escolaridade dos Produtores.........................................................................95 Tabela 11 - Faixa Etária dos Produtores.......................................................................................98 Tabela 12 - Tempo que os Produtores estão Conduzindo o Lote..................................................101 Tabela 13 - Tamanho dos Lotes em hectares..............................................................................102 Tabela 14 - Maneira Como o Produtor Adquiriu o Lote.................................................................104 Tabela 15 - Quantas Pessoas Pre stam Serviço no Lote...............................................................105 Tabela 16 - Pessoas da Família do Produtor que trabalham no Lote.............................................107 Tabela 17 - Número de Filhos que Residem com os Pais.............................................................108 Tabela 18 - Como os Pequenos Produtores percebem a contribuição da Embrapa Semi-Árido......111 Tabela 19 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Nilo Coelho..............................................115 Tabela 20 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Mandacaru...............................................116 Tabela 21 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Nilo Coelho. .......................117 Tabela 22 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Mandacaru.........................118 Tabela 23 - Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho ... 119 Tabela 24 - Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação de Mandacaru.............. 120

LISTA DE MAPAS

Mapa 1 - Localização das Unidades de Pesquisa da Embrapa.......................................................15 Mapa 2 - Região semi-árida no Nordeste brasileiro........................................................................29 Mapa 3 - Localização Geográfica do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA...............................................77 Mapa 4 - Locais de aplicação do Questionário...............................................................................78

LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Diagrama do Modelo Teórico do Triângulo de Sábato..................................................... 65

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Indicadores Quantitativos Aplicados à Pesquisa ...........................................................69 Quadro 2 - Produtividade do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho...........................................79 Quadro 3 - Situação Econômica do Perímetro de Mandacaru em 2005...........................................83 Quadro 4 - Estrutura Técnica do Distrito de Irrigação de Mandacaru...............................................85 Quadro 5 - Número de Produtores que plantam as culturas pesquisadas......................................112

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LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Renda do Perímetro de Mandacaru de 2000 e 2005....................................................84 Gráfico 2 - Estado Civil dos produtores.......................................................................................91 Gráfico 3 - Percentual geral de gênero dos pequenos produtores.................................................92 Gráfico 4 - Local de nascimento dos pequenos produtores...........................................................94 Gráfico 5 - Escolaridade dos pequenos produtores......................................................................97 Gráfico 6 - Faixa etária dos pequenos produtores........................................................................99 Gráfico 7 - Tempo que o produtor conduz o Lote.......................................................................102 Gráfico 8 - Tamanho dos Lotes em hectares.............................................................................103 Gráfico 9 - Maneira como adquiriu o Lote..................................................................................103 Gráfico 10 - Quantas pessoas trabalham no Lote ........................................................................106 Gráfico 11 - Quantas pessoas da família do Produtor trabalham no Lote.......................................108 Gráfico 12 - Contribuição da Embrapa Semi-Árido para a Fruticultura em Petrolina/Juazeiro..........113 Gráfico 13 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DISNC em 07/2006 .....................114 Gráfico 14 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DIMAND em 07/2006...................114

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CAPÍTULO I O Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA e a Embrapa Semi-Árido

1.0 Introdução O objetivo principal deste capítulo é descrever externalidades positivas e negativas

do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, contextualizando ambientes macro e micro no

propósito de orientar o leitor quanto aos principais elementos da conjuntura

econômica que norteiam os agentes econômicos da região em lide. Segundo Gama

(2000) o século XX foi marcado por grandes realizações em todo o campo do saber.

Transformações econômicas, políticas e sociais ocorridas no cenário mundial, a

partir da década de 70, aceleraram-se nas décadas seguintes, ocasionando

alterações no plano socioeconômico, no comportamento e relacionamento das

pessoas e nas organizações sociais nesse início de século XXI. Segundo Vieira

(1999) apud Gama (2000), esses novos paradigmas são, em grande parte,

conseqüências da evolução tecnológica, do acesso rápido e simultâneo à

informação, das demandas inerentes ao intercâmbio econômico e competitivo e da

conscientização das pessoas de que o meio-ambiente é um problema comum da

humanidade, promovendo, em torno dele, uma consciência global.

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No Brasil, essas mudanças ocorrem de maneira lenta, por conta, entre outras

razões, do baixo desempenho relativo da economia e por ausência de

regulamentação de alguns setores. Todavia, algumas instituições públicas e

privadas, dentre elas a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa,

que atuam na área de pesquisa e desenvolvimento agropecuário, procuram se

antecipar às mudanças do ambiente externo, implementando ajustes institucionais,

organizacionais e estruturais para se adaptarem ao novo cenário econômico.

Estabelece o Plano Diretor da Embrapa - PDE (...) que é sua competência executar

e coordenar o Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária - SNPA, este constituído

pela própria Embrapa, organizações estaduais de pesquisas agropecuárias -

OEPAS, universidades federais e particulares com cursos na área do agronegócio e

entidades do setor privado. De acordo com diretrizes do Governo Federal e do

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA é estabelecido um

amplo programa de pesquisa e desenvolvimento para o agronegócio1 brasileiro, o

qual deve refletir os desejos da sociedade por conhecimentos e tecnologias

agropecuárias.

Nesse contexto, a Embrapa estabelece como missão, viabilizar

soluções para o desenvolvimento sustentável2 do espaço rural com

foco no agronegócio, por meio da geração, adaptação e transferência

de conhecimentos e tecnologias, em benefício dos diversos

segmentos da sociedade brasileira (Embrapa, 2004).

1 Agronegócio é uma tradução do termo inglês Agribusiness, que é def inido por Dav is & Goldberg (1957) apud Batalha (2001) como: “a soma das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas; das operações de produção na fazenda, do armazenamento, processamento e distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos a partir deles”. 2 Entende-se por desenv olvimento sustentável o arranjo político, socioeconômico, cultural, ambiental e tecnológico que permite satisfazer as aspirações e necessidades das gerações atuais e futuras.

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Para viabilizar essa missão, a Embrapa tem uma estrutura organizacional composta

por uma Sede e Unidades Centrais, Centros de Referência de Temas Básicos;

Centros de Referência de Produtos; Centro de Referência Ecorregional e Serviços

Especiais, distribuídos nos 27 (vinte e sete) Estados e no Distrito Federal. Sobre

esta estrutura de pesquisa, esclarece Goedert et al. (1995) apud Gama (2000):

Os Centros de Referência de Temas Básicos são unidades de

pesquisa de âmbito nacional que concentram massa crítica e

recursos para avançar a fronteira do conhecimento em temas ou

disciplinas, básicos ou estratégicos, indispensáveis aos demais

centros da Embrapa.

Os Centros de Referência de Produtos são definidos como unidades

de pesquisa de âmbito nacional em que a combinação de ganhos

tecnológicos deve produzir avanços práticos em determinado produto

ou conjunto de produtos, de alta relevância sócio-econômica para o

País.

Os Centros de Referências Ecorregional são unidades de pesquisa

em que a combinação de ganhos tecnológicos deve contribuir para o

desenvolvimento de determinada macrorregião ecológica, buscando

o aperfeiçoamento de sistemas de produção sustentáveis.

Os Serviços Especiais são unidades prioritariamente voltadas para a

clientela externa da Empresa, tendo como atribuição promover,

apoiar e executar a manutenção ou a distribuição de produtos,

processos e serviços gerados pela pesquisa e não realizadas pelas

demais unidades.

O Mapa 1 demonstra onde estão localizadas as 40 (quarenta) Unidades da Embrapa

nas cinco regiões do Brasil e relaciona seus nomes-síntese em função do principal

tema de pesquisa executado pela Unidade, região geográfica em que está

localizada, área científica ou principal cultura agrícola de atuação.

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Mapa 1 - Localização das Unidades de Pesquisa da Embrapa

Fonte: Embrapa Semi-Árido, 2005.

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Faz parte dessa estrutura organizacional a Embrapa Semi-Árido, localizada em

Petrolina no Estado de Pernambuco. Essa Unidade3 é um centro ecorregional que

atua por meio de programas e projetos nas áreas de agricultura irrigada, de sequeiro

meio ambiente e recursos naturais.

É no sertão do São Francisco onde estão localizadas as cidades de Petrolina-PE e

Juazeiro-BA, determinando a divisa geopolítica dos Estados da Bahia e Pernambuco

na região do submédio do rio São Francisco. Nos últimos anos, estas duas cidades

vêm se destacando com altos índices de produção, produtividade e qualidade de

frutas frescas e vinhos. No contexto dessa dissertação, essa região será

denominada pólo de fruticultura Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

Embora os resultados das pesquisas da Embrapa Semi-Árido indiquem êxito em

nível experimental e econômico em médio e longo prazos e o processo de transferi-

las ter passado por atualizações sistemáticas, buscando se adaptar ao agronegócio

e a agricultura familiar, as ações para disponibilizá-las aos pequenos produtores

rurais precisam ser melhor analisadas.

Ocorrem mudanças constantes e sistemáticas que emergem do processo de

globalização da economia, e, além disso, observam-se alterações edafoclimáticas,

pragas e doenças agrícolas e crescentes custos dos insumos agrícolas e de mão-

de-obra, nos pomares do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, sugerindo correção nos

rumos dos processos produtivos e organizacionais vinculados ao agronegócio de

frutas.

3 A cultura organizacional da Embrapa estabelece como ‘Unidade’ seus 40 (quarenta) Centros de pesquisas de natureza, tamanho ou f orma de atuação, localizados em Brasília - DF ou nos demais Estados da Federação.

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A despeito de algumas cadeias produtivas4 da fruticultura do pólo estarem ocupando

posição de destaque no cenário econômico nacional e no exterior, sendo objeto de

trabalhos empíricos e científicos de instituições nacionais e internacionais e a

exportação de frutas se destacar na pauta de comércio exterior, gerando emprego e

renda internamente, é importante observar se as tecnologias, conhecimentos e

inovações agrícolas adotadas pelos pequenos produtores rurais são aquelas

produzidas/adaptadas pela Embrapa Semi-Árido. É vital para todos que compõem as

cadeias produtivas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, tanto à montante como à

jusante, identificar em que dimensões as tecnologias agrícolas da Embrapa Semi-

Árido foram adotadas na fruticultura nos perímetros públicos irrigados.

As razões que determinam essa análise estão relacionadas a aspectos técnicos e

metodológicos e a necessidade de avaliar, mesmo de maneira preliminar, uma parte

do processo de transferência de tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-

Árido, em busca de otimizar recursos financeiros, materiais e humanos.

Por outro lado, governo, agroindústrias, pequenos produtores rurais e gestores de

políticas públicas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA que lidem com elementos

essenciais das estruturas das cadeias produtivas de frutas, devem observar, que,

nos próximos anos, de maneira geral, a demanda por alimentos continuará

crescendo e que nos países emergentes com tendência de aumento da população,

especialmente no Brasil, Rússia, Índia e China – BRIC será crescente a procura por

alimentos mais saudáveis, inclusive frutas frescas e semi-processadas.

4 Cadeia produtiv a (filière) é uma seqüência de operações que conduzem à produção de bens. Sua articulação é amplamente inf luenciada pela f ronteira de possibilidades ditadas pela tecnologia e é def inida pelas estratégias dos agentes que buscam a maximização dos seus lucros. As relações entre os agentes são de interdependência ou complementariedade e são determinadas por f orças hierárquicas. Em diferentes níveis de análise a cadeia é um sistema, mais ou menos capaz de assegurar sua própria transformação (ZYLBERSZTAJN, 2000).

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Há ainda mudanças globais que influenciam hábitos e preferências alimentares,

indicando uma busca por alimentos mais seguros, com menores índices de

agroquímicos, mais saudáveis e com menor preço para o consumidor final.

Em nível mesoeconômico, a crescente participação das mulheres na força de

trabalho, a homogeneização dos padrões de consumo, decorrentes da disseminação

de informações, e a propagação de produtos e serviços regionais, são alguns

motivos que determinam o aumento da demanda por alimentos mais seguros.

Paralelamente, as fronteiras do conhecimento devem continuar avançando em ritmo

acelerado, de maneira que nos próximos anos os atuais conhecimentos agrícolas

estarão defasados, sugerindo que a área de P&D tem importância crescente para a

sociedade. No Brasil, é crucial enfrentar o múltiplo desafio de acompanhar e

contribuir para o avanço do conhecimento, sendo a Pesquisa, Desenvolvimento &

Inovação - P&D&I orientados para resultados em áreas de interesses da sociedade,

notadamente na produção de alimentos, e ao mesmo tempo, facilitar a inclusão

social de agricultores familiares, criando possibilidades para que a população tenha

acesso aos frutos do progresso. A pesquisa agropecuária pública e mecanismos de

transferência de tecnologias agrícolas têm, portanto, um papel essencial na

geração/adaptação e adoção de tecnologias mais apropriadas para diferentes

segmentos do agronegócio e do espaço rural, principalmente para regiões com

baixos índices de produtividade.

No Nordeste do Brasil, a região semi-árida apresenta uma grande diversidade de

quadros naturais e socioeconômicos, sendo o seu regime pluvial, o principal fator

que diferencia a região nordestina das demais regiões do país, caracterizada pela

ocorrência de baixa pluviometria com variações espacial e temporal das chuvas,

determinando a condição de “seca” na região (GAMA, 2000).

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Assim, a transferência de tecnologias agropecuárias para produtores rurais de áreas

dependentes de chuva e, principalmente, da fruticultura irrigada, apresenta-se como

segmentos com potencial econômico para o Nordeste. Apesar da importância da

fruticultura irrigada para a economia dessa região, os pequenos produtores rurais

ainda ignoram algumas características dos sistemas de produção e de

comercialização, determinando, em alguns casos, permanente atraso relativo

econômico na região (GAMA, 2000). Baixa disseminação de informações sobre

sistemas de produção e de comercialização, dentre outras questões, resulta em

baixa competitividade e conseqüentes resultados econômicos insatisfatórios para

pequenos produtores rurais do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. A desestruturação de

políticas públicas nas áreas de educação, saneamento básico, habitação e

segurança, escassez de recursos financeiros, política cambial desfavorável à

exportação; custos crescentes de insumos (água de irrigação e mão-de-obra), baixa

escolaridade dos produtores e intempéries (chuvas e estiagens), dentre outros,

dificultam que tecnologias e conhecimentos sejam efetivamente adotados por

pequenos produtores rurais. Na literatura que procura explicar inovações e

tecnologias, bem como sua adoção no sistema social encontram-se várias correntes

teóricas indicando que a tecnologia é um fator determinante para o desenvolvimento

de uma dada sociedade. Porém os escritos de Porter (1989) assinalam que apesar

de uma tecnologia não ser por si só importante na determinação da competitividade

de um setor (...), ela penetra na cadeia de valores de uma empresa e extrapola as

tecnologias associadas diretamente ao produto. Essas constatações endossam o

objetivo de examinar o nível de adoção das tecnologias e conhecimentos agrícolas

transferidas pela Embrapa Semi-Árido, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA na área de

fruticultura irrigada.

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1.1 Aspectos Socioeconômicos do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA O objetivo dessa seção é descrever os principais aspectos socioeconômicos do pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA e relacioná-los com o processo agrícola dos distritos de

irrigação da região. O Brasil nos últimos anos alcançou índices satisfatórios na

produção e produtividade de frutas, conduzindo-o ao posto de terceiro produtor

mundial de frutas frescas (IBRAF, 2005).

No Nordeste, o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA tem corroborado de forma consistente

para que o Brasil consiga bons resultados na produção e produtividade de frutas

frescas. Fatores naturais adicionados à conjugação de fatores produtivos,

principalmente a água de qualidade do rio São Francisco e muitos dias de sol

durante o ano, (300 d/ano) permitem produzir duas safras nesse período no referido

pólo. Sendo eqüidistante dos principais centros urbanos da região Nordeste,

Petrolina-PE/Juazeiro-BA têm uma posição geográfica privilegiada, que se traduz em

fator comparativo para a produção e principalmente na comercialização de frutas

frescas (CODEVASF, 2005).

Existem fatores adquiridos, como: relativo conhecimento técnico sobre o manejo das

frutas cultivadas, disponibilidade de mão-de-obra, infra-estrutura hídrica e de

transporte, rede bancária, sistema de capacitação, aporte tecnológico e oferta de

energia elétrica, juntamente com boas práticas agrícolas, têm viabilizado a produção

de frutas frescas. A partir desses fatores, a produção e a comercialização de frutas

se estabelecem, buscando competitividade nos mercados nacional e internacional,

conferindo uma dinâmica especial ao negócio agrícola do pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA.

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Conforme a Tabela 1, mais de 90% (noventa por cento) das mangas exportadas pelo

Brasil, no período de 1997 a 2003, foram produzidas no Vale do rio São Francisco e

principalmente pelos pequenos e médios empreendimentos agrícolas do pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

Tabela 1 - Participação do Vale do São Francisco no v olume e valor da manga exportada pelo Brasil no período 1997- 2003.

Volume (toneladas) Valor em US$ mil

Ano Vale Brasil Participação (%) Vale Brasil Participação (%)

1997 21.500 23.370 92,0 18.600 20.182 92,2

1998 34.000 39.185 86.8 29.750 32.518 91,5

1999 44.000 53.765 82,0 28.600 32.011 89,3

2000 57.200 67.000 85,4 37.180 43.550 85.4

2001 81.155 94.291 86.1 43.443 50.814 85.5

2002 93.559 103.598 90.3 45.962 50.894 90.3

2003 124.620 133.330 93.5 68.256 73.394 93.0

Fonte: Secex/DTIC - Valexport, 2004.

Porém, alguns caminhos ainda não foram trilhados, no sentido de consolidar a

produção de frutas nesse pólo. Faltam ações de inter-relações, campanhas de

marketing, melhor e maior cooperação (associativismo) entre pequenos produtores,

bem como diversificação e verticalização da produção frutícola, trazendo novos

cultivo, agregando valor, produtividade e qualidade. Alguns autores se referem ao

pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA como “cluster” frutícola. Mas, observações empíricas

aos agentes produtivos do pólo, não indicam a existência desse modelo de

produção, principalmente porque o nível de cooperação entre pequenos produtores

é muito baixo, fato constatado na literatura do tema e por declarações dos mesmos.

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Segundo Porter (1989), cooperação e verticalização são condições essenciais para

se configurar um cluster e Favero (2005) confirma, informando que a competitividade

no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA deve passar, inicialmente, por uma atitude

cooperativa entre os formadores das cadeias produtivas de frutas. Por isso,

identificam-se etapas que devem ser percorridas pelos que compõem as cadeias

produtivas de frutas, em busca de condições preliminares e vantagem competitiva

para formação de um cluster frutícola.

Entretanto, existem-se externalidades econômicas positivas no pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA nas áreas de educação e de saúde, que se configuram em fatores

sociais que podem favorecer a captação de investimentos econômicos para a região.

Atualmente, os três níveis de ensino – fundamental, médio e superior - se fazem

presentes nas duas cidades. Funcionam no pólo há mais de 20 (vinte) anos cursos

superiores de Agronomia, Administração e Licenciatura em Ciências com

concentração em Matemática, Biologia e Letras.

Além disso, em 2004 o Governo Federal, por meio do Ministério da Educação e

Cultura – MEC, implantou no pólo a Universidade Federal do Vale do São Francisco

- Univasf, com um campus em Petrolina-PE, um em Juazeiro-BA e outro em São

Raimundo Nonato-PI.

No campus de Petrolina-PE, estão funcionando cursos de Medicina, Enfermagem,

Psicologia, Ciências da Computação, Direito, Administração de Empresas e

Economia, dentre outros. No campus de Juazeiro-BA, acontecem cursos de

Engenharia Mecânica, Elétrica e Civil, Zootecnia e Agronomia. No campus de São

Raimundo Nonato-PI, está se implantando um curso de Arqueologia, tendo em vista

a vocação dessa região e a proximidade da sede do curso com o sítio arqueológico

da Serra da Capivara.

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Há dois Centros Federais de Educação Tecnológica - CEFET’s, promovendo cursos

nas áreas agrícola e industrial, formando mão-de-obra técnica voltada para a

agricultura e agroindústria da região do submédio sanfranciscano.

No ano de 2005, segundo a secretaria de educação do município de Petrolina-PE,

estavam matriculados, nas redes pública e privada, 38.204 alunos nos níveis,

fundamental, e médio e em escolas de jovens e adultos - EJA.

Para esse universo de discentes, foram disponibilizados 1.967 professores nas

áreas urbana e rural, representando uma relação de 20 (vinte) alunos por professor.

Em Juazeiro-BA, segundo a secretaria de educação do município, havia, em 2005,

17.148 alunos matriculados nas zonas urbana e rural, sendo atendidos por 1.958

docentes nos três níveis de ensino, representando uma relação de 09 (nove) alunos

para cada docente. A Tabela 2 demonstra a quantidade de alunos matriculados em

escolas públicas e privados, em três categorias de ensino (fundamental, médio e

adulto) no município de Petrolina-PE, no ano de 2005.

Tabela 2 - Alunos matriculados no município de Petrolina-PE em 2005.

Nível/Categoria Fundamental Médio EJA Total

Estadual 387 11.721 5.502 17.610

Federal 0 247 0 247

Municipal 3624 1.698 7.822 13.144

Privado 4566 2.028 609 7.203

Total Geral 8.577 15.694 13.933 38.204

Fonte: Pesquisa Direta, 2006. EJA = Escola de Jovens e Adultos.

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Segundo a Secretaria de Saúde do Município de Petrolina (2005) a população conta

com o Hospital Dom Malan - HDM, o primeiro nosocômio público a atender à

pacientes da cidade e de toda região do São Francisco, tendo hoje 217 (duzentos e

dezessete) leitos. Há mais oito hospitais do setor privado, 411 (quatrocentos e onze)

agentes de saúde, 185 (cento e oitenta e cinco) médicos, 80 (oitenta) enfermeiros e

60 (sessenta) postos de saúde distribuídos nas áreas urbana e rural.

Estes oito hospitais do setor privado dispõem de 247 (duzentos e quarenta e sete)

leitos médicos e Unidades de Terapia Intensivas - UTI s, para tratamento médico em

regime de urgência.

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1.2 Evolução do Pólo Frutícola e a Embrapa Semi-Árido

O objetivo dessa seção é relatar como se efetivou as condições de desenvolvimento

do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA e como aconteceu a presença da Embrapa Semi-

Árido em Petrolina-PE. Foi em torno da fé, do trabalho e da educação que se

ergueram os pilares do progresso do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

Em 1862, Petrolina-PE era uma vila que abrigava tropeiros e viajantes que

buscavam os sertões da Bahia e que ao pernoitar na margem esquerda do rio São

Francisco, aguardavam para fazerem a travessia do rio durante o dia para a cidade

de Juazeiro da Bahia. Por conta dessa realidade, Petrolina-PE era chamada de

“Passagem de Juazeiro”. Em 1953, inaugura-se a ponte Presidente Eurico Gaspar

Dutra, ligando por vias rodo-ferroviária as cidades de Petrolina-PE e Juazeiro-BA

conseqüentemente encurtando distâncias do Nordeste ao Centro-Sul, o que tornou

menos oneroso o transporte rodoviário entre essas regiões do Brasil.

Este fato proporcionou o primeiro passo para o desenvolvimento de Petrolina-PE e

Juazeiro-BA, tendo em vista o intenso fluxo de veículos de transporte de cargas e de

passageiros, fato que trouxe visibilidade para a região no cenário nacional.

Na década de 70, Petrolina-PE recebeu o cognome de ‘terra dos impossíveis’,

tendo em vista a implementação de obras sociais e de infra-estrutura, dos governos

federal, estadual e municipal, as quais criaram condições para a instalação de

empreendimentos maiores e mais complexos, trazendo vantagem competitiva para

alocação de novos negócios (SILVA NETO; VITAL, 2006).

Nos últimos 30 (trinta) anos, o pólo de fruticultura Petrolina-PE/Juazeiro-BA cresceu

economicamente e se fez conhecer no Brasil e exterior, por meio de seus recursos

naturais, capacidade de empreender e coragem dos barranqueiros.

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Conforme relata Vergolino (2002), é a partir da década de 80 que a economia de

Petrolina-PE ganha impulso por meio da implantação da barragem de Sobradinho,

criando condições de geração de energia elétrica para suprir as estações de

bombeamento - EB dos projetos de irrigação com as águas do rio São Francisco.

A vocação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA pela agricultura irrigada se confirma a

partir da implantação do perímetro irrigado Senador Nilo Coelho que, juntamente

com o de Mandacaru e Bebedouro, conferem ao pólo a característica de ser o

primeiro a se mover5, como produtor e exportador de frutas frescas no Semi-Árido

brasileiro. Não se deve desprezar a importância do pioneirismo do projeto

Bebedouro, o qual, segundo Araújo (1987:01), “nasceu do acordo firmado em 1960,

entre o Governo Brasileiro e o Fundo Especial das Nações Unidas, com o objetivo

de executar o levantamento completo dos recursos hídricos e pedológicos na área

do Submédio São Francisco”.

Explica Araújo (1987) que em janeiro de 1961, foram apontadas como entidades

executoras do acordo, a Organização de Alimentação e Agricultura das Nações

Unidas - FAO e a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste - Sudene.

Ao término daquele levantamento, os técnicos concluíram ser potencialmente

irrigáveis 507 (quinhentos e sete) mil hectares na região sanfranciscana.

Destes, foram escolhidos 9.000 (nove mil) hectares da antiga Fazenda Bebedouro,

considerados de utilidade pública, para a implantação do primeiro projeto de

irrigação do Vale do São Francisco. Em 1963, foi instalada como suporte para o

projeto uma estação experimental, implantada e operada então pela Sudene.

5 Segundo Porter (1989) esta é uma estratégia que implica em v antagens e desv antagens inerentes a esta iniciativ a, no entanto a mesma determina posição de mais vantagens, pelo menos por um período de tempo considerado.

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Em 1968, a Superintendência do Desenvolvimento do Vale do São Francisco -

Suvale, antecessora da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São

Francisco e Parnaíba - Codevasf, (...) tinha como principal objetivo o aproveitamento

econômico dos recursos de água e solo, para elevar o padrão de vida do homem do

São Francisco e assumiu a implementação e operação do projeto (ARAÚJO, 1987).

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa foi criada em 26 de abril

de 1973, atuando hoje em todo o Brasil por meio de 37 (trinta e sete) Centros de

Pesquisas, três Centros de Serviços e 15 (quinze) Escritórios de Negócios

Tecnológicos, nas mais diferentes condições ambientais. A Embrapa tem por missão

viabilizar soluções para o desenvolvimento sustentável do espaço rural, com foco no

agronegócio, por meio da geração adaptação e transferência de conhecimentos e

tecnologias, em beneficio da sociedade brasileira.

Nesse esforço institucional para ser uma das maiores empresas de pesquisas

agropecuárias do mundo tropical, a Embrapa investiu, sobretudo em treinamento de

recursos humanos, possuindo hoje, 8.619 empregados, dos quais 2.229 são

pesquisadores, 42% com mestrado e 58% com doutorado6.

Nos últimos anos, foram geradas e incorporadas tecnologias aos sistemas

produtivos, de maneira que hoje a produção brasileira de grãos, carnes, frangos,

leite, hortaliças e frutas têm relação direta com os trabalhos e tecnologias dos

centros de pesquisas da Embrapa, tornando o Brasil um dos maiores produtores de

alimentos e fronteira agrícola do mundo.

6 Os números absolutos f oram informados pelo Setor de Recursos Humanos da Embrapa Semi-Árido e são relativ os ao mês de outubro de 2006.

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Além disso, programas específicos de pesquisa conseguem organizar tecnologias e

sistemas de produção, aumentando a eficiência da agricultura familiar, incorporando

pequenos produtores ao agronegócio, proporcionando renda e bem-estar para a

população brasileira.

A Unidade Descentralizada – UD, Embrapa Semi-Árido foi criada por meio da

Deliberação de Diretoria - DD 004/75, de 23/01/1975, sendo uma das 40 (quarenta)

Unidades da Embrapa e é um Centro Ecorregional. Têm essa denominação em

função do mandato de atuação na região semi-árida, ajuda na compreensão e

estruturação do agronegócio do semi-árido do Nordeste brasileiro. Assim, mais de

10 (dez) anos depois da implantação da estação experimental de Bebedouro, foi

criada a Embrapa Semi-Árido.

O Semi-Árido brasileiro tem uma área chamada de “polígono da seca”, com uma

história marcada por estiagens prolongadas e pela conseqüente carência de bens de

consumo, êxodo rural, pobreza crônica e meio-ambiente hostil, sendo sua principal

característica a irregularidade pluviométrica (GAMA, 2000).

No Norte de Minas Gerais e no Semi-Árido do Nordeste brasileiro, habitam 28,6

milhões de pessoas em 1.305 municípios. Conforme ilustra o Mapa 2, a região semi-

árida do Brasil ocupa uma área de 92 milhões de hectares, representando 53%

(cinqüenta e três por cento) da área do Nordeste brasileiro, distribuída em oito

Estados dentre os nove da região Nordeste, mais o norte do Estado de Minas Gerais

(IBGE, 2001).

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Mapa 2 - Região semi-árida no Nordeste brasileiro.

BAHIA

PIAUÍ

MARANHÃO

PARÁ

MINAS GERAIS

GOIÁS

CEARÁ

TOCANTINS

PERNAMBUCO

PARAÍBA

R. G. DO NORTE

ALAGOAS

SERGIPE

ESP. SANTO

D. F.

-45°

-45°

-40°

-40°

-35°

-35°

-15° -15°

-10° -10°

-5° -5°

0 400200km

LEGENDASEMI-ÁRIDO

R. S. FRANCISCO

Fonte: Embrapa Semi-Árido, 2000.

Para ajudar a enfrentar as conseqüências das intempéries e dificuldades do cenário

socioeconômico da região semi-árida, são colocadas pelo poder executivo ações

nas áreas social e de agricultura. Dentre estas, encontra-se a Embrapa Semi-Árido,

com programas e projetos de pesquisas e desenvolvimento voltados para

populações que lidam com agricultura e pecuária de maneira geral, visando tornar

seus empreendimentos sustentáveis e economicamente competitivos.

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A agricultura familiar também é assistida por ações e projetos da Embrapa Semi-

Árido, por meio de acordos e convênios de cooperação técnica com governos

estaduais e municipais, instituições públicas e privadas, organizações não

governamentais - ONGs, procurando somar esforços com outras instituições para

melhorar a economia do Semi-Árido e elevar a qualidade de vida da sua população.

A inclusão de um Centro de pesquisa da Embrapa no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA,

tendo em vista a complementaridade dos fatores produtivos da região (terra,

trabalho, capital), a infra-estrutura de irrigação e transportes e a vocação das

pessoas do pólo para lidar com múltiplos empreendimentos, resulta numa

conjugação positiva de fatores econômicos.

A complexidade dos recursos naturais e sócio-econômicos da região Nordeste

justificou sua criação e influenciou a elaboração do projeto de implantação e

definição da programação de pesquisa em quatro linhas de trabalho: agricultura

irrigada, agricultura de sequeiro, produção animal e meio ambiente.

Segundo Sousa (1987), no âmbito da Embrapa, a diversidade de ambientes técnicos

e sociais resultava, geralmente, em programas de desenvolvimento rural

padronizados, frágeis para superar problemas provenientes dos baixos índices

pluviométricos, uma característica do clima da região Nordeste.

A instalação da Embrapa Semi-Árido enfrentou dificuldades internas da gerência da

pesquisa agropecuária na região - à mercê de mudanças de diretrizes e linhas de

trabalho descontinuadas - e o isolamento com as demais instituições estaduais de

pesquisa agropecuária. Além do mais, era preciso aportar informações técnico-

científicas aos programas de desenvolvimento público que orientassem

investimentos da iniciativa privada para melhorar o desempenho do setor primário da

economia regional (SOUSA, 1987).

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Partindo do propósito de responder positivamente à sociedade, a Embrapa Semi-

Árido desenvolveu significativo conhecimento agropecuário sobre a região e

transferiu conhecimentos e tecnologias para diversos segmentos da sociedade,

sendo hoje interlocutora junto a instituições de pesquisas, de assistência técnica e

de extensão rural dos estados do país, ajudando na formulação de programas e

projetos de pesquisas e desenvolvimento (SOUSA, 1987).

1.3 Parcerias da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA

Esta seção apresenta o nível de parcerias estabelecidas pela Embrapa Semi-Árido

com instituições para operacionalizar seu processo de transferência de tecnologias,

conhecimentos e inovações e criar condições de implantação e desenvolvimento de

uma agricultura empresarial e familiar com padrões de qualidade e competitividade.

Algumas instituições públicas e privadas atuam juntamente com a Embrapa Semi-

Árido em ações de transferência de tecnologias e conhecimentos em

empreendimentos agropecuários públicos e privados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-

BA e na região Nordeste. Neste rol, destacam-se instituições de desenvolvimento,

de ensino e extensão, de capacitação e educação de jovens e adultos, como

Codevasf, Sebrae, Sesc, Sesi, Senac, Uneb, Univasf, Facape, CEFET, UPE,

UFRPE, UFPE, Dere, Colégios Agrícolas e Distritos de Irrigação. Estas instituições

atuam de forma interligada, todas se somando, constituindo uma rede capacitadora,

agindo na preparação e formação de mão-de-obra. Bancos oficiais e privados e

instituições de fomento e financiamento, como Banco do Brasil, Caixa Econômica

Federal, Banco do Nordeste, Real, Bradesco e Itaú dentre outros, aportam recursos

financeiros em atividades produtivas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

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Ademais, a Embrapa Semi-Árido mantém convênios de cooperação técnica e de

concessão de estágios curriculares com escolas das redes pública e privada de 1º e

2º graus das zonas urbana e rural do pólo, buscando transferir conhecimentos

teóricos e práticos aos alunos que estão concluindo cursos.

Outrossim, a Embrapa Semi-Árido disponibiliza suas instalações físicas e seu

quadro de pessoal técnico-científico para realização de estágios curriculares e

extracurriculares e para o desenvolvimento de monografias e dissertações e teses

de Mestrado e Doutorado em temas vinculados à problemática do Semi-Árido.

A Tabela 3 demonstra parte do esforço da Embrapa Semi-Árido nos últimos anos de

atuação por meio de algumas ações de transferência de tecnologias7 e

conhecimento, dentre outras formas utilizadas para divulgar sua imagem institucional

e tecnologias agropecuárias.

Tabela 3 - Ações de Transferência de Tecnologia - TT e Promoção de Imagem da Embrapa Semi-Árido no Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

Ações de Transferência 1999 2000 2001 2002 2003

Curso s Oferecidos (hora/aula) 1100 1100 1300 1342 1200

Dias de Campo 49 49 58 59 24

Folder Produzido 21 9 4 6 3

Organização de Eventos 48 48 68 67 30

Palestras (hora/aula) 321 321 380 384 275

Matérias Jornalísticas 20 20 40 49 49

Unidades Demonstrativas/Observação 376 376 309 332 210

Vídeos Produzidos 1 5 7 5 6 Fonte: Embrapa Semi-Árido, 2003.

7 A Embrapa denomina transferência de tecnologia o processo de gerenciamento orientado para a integração entre a ativ idade de P&D e o mercado. Sua responsabilidade fundamental é a incorporação de conhecimentos e tecnologias ao processo produtivo, o monitoramento dos impactos econômicos, sociais e ambientais gerados e a retroalimentação do processo de pesquisa e desenv olvimento.

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CAPÍTULO II O Problema da Pesquisa

2.0 Tema da Pesquisa O tema central dessa dissertação é a análise de uma parcela do processo de

Transferência de Tecnologias Agropecuárias, praticado pela Embrapa Semi-Árido,

no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, junto aos pequenos produtores rurais de frutas

dos perímetros públicos irrigados Senador Nilo Coelho e Mandacaru.

2.1 Justificativa da Pesquisa Segundo Flores (1990:169) e Gomes e Atrasas (2005:13), em 1990 ocorreu à

extinção da Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural - Embrater

o que ocasionou o enfraquecimento do Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e

Extensão Rural - Sibrater cuja coordenação, inicialmente, foi delegada à Embrapa.

Esse fato motivou gestores e cientistas da área agrícola e da pecuária a

incorporarem ações de transferência de tecnologias em programas e projetos de

pesquisas sob sua responsabilidade.

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Tendo em vista a amplitude e a complexidade desta ação, demandou-se tempo,

recursos financeiros e materiais, capacitação e conhecimentos para se definirem

novos modelos, gerar e adquirir competências nessa área de atuação. No âmbito da

Embrapa se procurou revisar o modelo de transferência de tecnologias, optando-se

por um que fosse singular, no qual o pesquisador pudesse atuar também como

difusor das tecnologias geradas/adaptadas.

No macro-ambiente a Embrapa estabelece como política de transferência que os

resultados das tecnologias só terão relevância econômica, social e ambiental na

medida em que agentes produtivos possam utilizar essas tecnologias viabilizando o

desenvolvimento econômico e social de forma permanente.

Para atender essa nova situação foi reestruturado o modelo organizacional das

Áreas de Comunicação e Transferência de Tecnologias - ACT das Unidades

Descentralizadas - UDs racionalizando e sistematizando ações de transferência para

divulgar resultados parciais e conclusivos das pesquisas agropecuárias.

Assim, as UDs viabilizam o processo de transferência de tecnologias por meio da

política de negócios tecnológicos, operacionalizada em 40 (quarenta) centros de

pesquisa, que complementarmente gerencia relacionamentos formais (contratos) e

informais (visitas pessoais) com parceiros da Embrapa e a sociedade em geral, a

partir de demandas da sociedade, de projetos de pesquisas e de ações dos

difusores para levar resultados até os produtores rurais.

Atualmente a política de transferência de tecnologias está embasada em conceitos

de administração mercadológica, adaptando-se elementos do mix de comunicação

de marketing ao modelo de transferência de tecnologias, descritas como: Unidade

Demonstrativa e de Observação, Curso, Palestra, Programa Radiofônico,

Publicações Técnicas e Educativas, Dia de Campo, Capacitação de Agricultores

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Experimentadores, Redes de Parcerias, Incubação de Empresas, Contratos e

Convênios com instituições públicas e privadas, nacionais e internacionais, partindo

do princípio de que marketing e transferência de tecnologias são processos de

comunicação entre duas ou mais partes interessadas.

Afirmam Christensen e Rocha (1989) que a transferência de tecnologia pressupõe

uma relação de troca em que o produto é a tecnologia a ser transferida, o vendedor

é quem a gera, o comprador é quem a utiliza e a compensação pode ser o

pagamento de um dado valor, ou de royalties, ou até mesmo a adoção da tecnologia

pelo mercado. Neste último caso, o vendedor vê como forma de compensação para

seu esforço de desenvolvimento tecnológico a colocação bem-sucedida dos

produtos oriundos da referida tecnologia no mercado por seu parceiro na relação de

troca.

A cadeia produtiva da manga (Mangifera indica L.) no Vale do São Francisco, por

conseqüência no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, representa mais de 93% (noventa e

três por cento) das exportações brasileiras dessa fruta (IBGE, 2005). No entanto,

não foram encontrados dados consistentes que indiquem o nível da participação das

tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido nesta e em outras culturas

frutícolas produzidas nos distritos de irrigação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

É importante observar o nível de adoção de tecnologias agrícolas tendo como foco

as principais frutas produzidas (manga, uva, coco, acerola, banana e goiaba) nos

perímetros públicos irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, pois essa atividade

econômica traz melhoria na qualidade de vida dos produtores e aumento das

exportações brasileiras de frutas frescas.

Seguindo o exemplo da cultura da manga, em 2003 foram destinadas ao mercado

internacional 133.330 toneladas dessa fruta, gerando divisas de aproximadamente

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US$ 73 milhões. Deste valor, US$ 68 milhões foram produzidos no Vale do São

Francisco (ANUÁRIO BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2004).

Deve-se considerar este contexto numa perspectiva, na qual os municípios de

Petrolina-PE e Juazeiro-BA estão localizados no centro geográfico da região semi-

árida do Nordeste brasileiro e estão se consolidando como um dos principais pólos

de fruticultura do Brasil, gerando empregos, oportunidades de negócios, crescimento

econômico e renda para a região.

Com base nesse contexto e na missão da Embrapa Semi-Árido, justifica-se analisar

uma parte do processo de transferência de tecnologias a partir da visão dos

pequenos produtores rurais de frutas do respectivo pólo.

Entre as razões que orientam a escolha da observação pelos pequenos produtores,

está o contexto socioeconômico e ambiental em que acontece a transferência das

tecnologias agrícolas, pois como informa Gastal (1987) a agricultura empresarial tem

seus próprios meios de buscar informações, enquanto que os pequenos produtores

dependem da estrutura pública de difusão.

A esse respeito Gastal (1987) informa que na agr icultura empresarial,

reduz-se a expressão da difusão, e a extensão agrícola pública perde

um pouco o sentido. Naturalmente que é substituída por outros

instrumentos mais funcionais para esse tipo de agricultura, como é o

caso do assessoramento ou consultoria técnica, preferencialmente

privada, o contato mais direto com a pesquisa e o melhor

aproveitamento da informação disseminada por meios massivos,

assim como o intercâmbio de informações com outros produtores e

com outras regiões.

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2.2 Problema Investigado Essa dissertação busca identificar quais são os níveis de adoção das tecnologias,

conhecimentos e inovações gerados/adaptados pela Embrapa Semi-Árido na área

frutícola no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

2.3 Hipótese da Pesquisa Parte-se da hipótese de que as tecnologias, conhecimentos e inovações geradas e

disseminadas pela Embrapa Semi-Árido contribuíram para o êxito da fruticultura

irrigada nos perímetros públicos irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

2.4 Objetivo Geral Analisar, por meio de indicadores de qualidade e de quantidade, sob a ótica dos

pequenos produtores rurais de frutas dos perímetros públicos irrigados do pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA, o nível de adoção de tecnologias, conhecimentos, e

inovações, transferidos pela Embrapa Semi-Árido nos processos produtivos das

culturas da manga, uva, coco, acerola, banana e goiaba.

2.5 Objetivos Específicos a) Analisar o nível de adoção de seis tecnologias, conhecimentos e inovações

desenvolvidos pela Embrapa Semi-Árido a partir do processo produtivo de seis

culturas frutícolas, (manga, uva, banana, acerola, coco e goiaba), junto a pequenos

produtores em dois perímetros públicos irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA;

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b) Identificar quais ações de transferência de tecnologias, conhecimentos e

inovações foram mais utilizadas nesse processo no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA;

c) Propor melhorias no processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e

inovações da Embrapa Semi-Árido.

2.6 Importância do Estudo Parte-se da necessidade de analisar o processo de transferência de tecnologias e

conhecimentos da Embrapa Semi-Árido, por este Centro de pesquisa agropecuária

trabalhar prioritariamente na geração/adaptação de tecnologias agropecuárias para

a agricultura irrigada, de sequeiro e avaliação dos recursos naturais do Semi-Árido

do Nordeste brasileiro.

Trabalhos teóricos e empíricos foram desenvolvidos pela Embrapa Semi-Árido para

estas áreas, nestes 30 (trinta) anos de atuação. No entanto, a associação do

processo de “difusão” na concepção do modelo de difusão de tecnologia praticado

pela Embrapa a partir de 1974, teve inicialmente um foco abrangente com pouca

associação com a pesquisa científica, sendo colocado na perspectiva de ser apenas

ponte entre os institutos de pesquisas e os produtores (SOUSA, 1987).

Segundo Sousa (1987), não foram observados aspectos edafoclimáticos e

socioeconômicos para a alocação de recursos, operacionalização e análise do

sistema, deixando uma lacuna e permitindo fazer uma avaliação preliminar do

processo de transferência de tecnologias agropecuárias vigente até então nas

Unidades de pesquisas da Embrapa.

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É importante analisar o processo e identificar variáveis que possam propor melhorias

para os modelos conceitual e operacional utilizados para transferir conhecimentos e

informações aos produtores de frutas dos perímetros públicos irrigados do pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

E ainda, conforme se detectou nas observações da revisão da literatura dessa

pesquisa e face existir poucos trabalhos acadêmicos e práticos sobre o processo de

transferência de tecnologias agrícolas do pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA e

ainda, o que existe encontra-se fragmentado, é importante realizar um esforço para

identificar problemas e possíveis soluções para o atual modelo.

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CAPÍTULO III Fundamentação Teórica

3.0 Histórico da Transferência de Tecnologias Agropecuárias Analisa-se uma parcela do processo de transferência de tecnologias da Embrapa

Semi-Árido tendo como modelo teórico o “triângulo de sábato” numa perspectiva dos

três atores que o compõem: a) os pequenos produtores rurais; b) a Embrapa Semi-

Árido; c) e governo, por meio de políticas públicas e de infra-estrutura no pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

O processo de comunicação (transferência de conhecimento) que se estabelece

entre pequenos produtores de frutas nos distritos de irrigação de Mandacaru e Nilo

Coelho, difusionista da Embrapa Semi-Árido, tomando-se o sistema social onde o

mesmo se insere e acontece, é um fenômeno social factível de observação

sistemática. Segundo Alves e Valente Júnior (2006) pequenos produtores rurais

geralmente têm pouca escolaridade, idade acima de 45 (quarenta e cinco) anos;

enquanto pesquisadores e difusores geralmente têm escolaridade superior, idade

menor, e às vezes, curso de mestrado e doutorado em suas áreas de conhecimento.

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Estas duas realidades sociais se encontram no contexto da transferência de

tecnologias - TT. Essa contradição é um elemento que geralmente dificulta para a

realização de uma comunicação sem ruídos entre os dois grupos sociais,

independente do contexto de uso das tecnologias e do tipo de conhecimento que se

pretende comunicar. Desde os primórdios a ação de comunicar reveste-se de

importância, tendo em vista o valor estratégico da informação sobre circunstâncias,

fatos, coisas e pessoas no momento e local adequado.

Nesse trabalho o significado de comunicação está relacionado ao processo de

transferência de tecnologias, conhecimentos e inovações agrícolas levados para

adoção aos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

Segundo Hohlfeldt, Martino e França (2001) o termo comunicação

vem do latim communicatio, do qual se distinguem três elementos:

uma raiz munis, que signif ica “estar encarregado de“, que acrescido

do prefixo co, o qual expressa simultaneidade, reunião, temos a idéia

de uma “atividade realizada conjuntamente”, completada pela

terminação tio, que por sua vez reforça a idéia de atividade. E,

efetivamente, foi este o seu pr imeiro signif icado no vocabulário

religioso aonde aparece pela pr imeira vez.

A idéia de ação conjunta está presente no conceito de comunicação e relaciona-se à

atividade consciente de transmissão de informações entre pessoas. Segundo a

literatura do tema, a comunicação assume diversas dimensões, porém na finalidade

de transferir conhecimentos agrícolas para pequenos produtores rurais do pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA, essa ação se reveste de característica singular, por conta

dos resultados esperados, do grande número de atores envolvidos e a complexidade

das políticas pública empregadas na operacionalização das cadeias produtivas de

frutas.

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Alves e Valente Júnior (2006) informam que a transferência de tecnologias

agropecuárias foi entendida por muito tempo como sinônimo de informação agrícola,

constituindo-se muitas das vezes em transmissão unilateral de informações, tendo

como objetivo difundir inovações tecnológicas que aumentassem a produtividade

das culturas. Nos anos 70 surge a discussão que passou a tomar parte do debate

em torno da comunicação rural, na qual se questionava o caráter unidirecional e

persuasivo do modelo difusionista e se colocava a alternativa de uma comunicação

com base no diálogo (ALVES; VALENTE JÚNIOR, 2006).

De maneira geral e sistematizada a transferência de conhecimentos e tecnologias

agropecuárias teve início no Brasil e principalmente no Nordeste, com a criação da

Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural - Embrater em 1974,

pois até então, essa ação ficara a cargo da Associação Brasileira de Crédito e

Assistência Rural - ABCAR e do Ministério da Agricultura. Segundo Alves e Valente

Júnior (2006), no que se refere à comunicação no âmbito da assistência técnica e

extensão rural no Brasil, observa-se que a construção teórica pode ser analisada a

partir da separação em dois momentos: o difusionismo e a concepção dialógica.

Portanto, o estudo da comunicação rural no Brasil passa pela compreensão da

discussão que se desenvolveu em torno do assunto ao longo dos últimos anos.

David K. Berlo e Everett Rogers, no final da década de 50, apud Alves e Valente

Júnior (2006) são os primeiros pensadores do difusionismo, que acreditam que se

pode obter uma conduta desejável, mediante a injeção de estímulos, formando

hábitos e/ou condicionando o comportamento humano ou moldando a vontade e a

personalidade do receptor aos interesses da fonte. Para eles o propósito único da

comunicação é persuadir.

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Atualmente Gama (2000) informa que melhores sistemas de informação e

comunicação ainda dependem, essencialmente, de competências individuais. É

evidente a necessidade de se reconhecer que o capital humano, formado pelos

valores organizacionais, competências, habilidades e atitudes de cada um, é a base

para a geração e disseminação do conhecimento.

Paralelamente, grandes sistemas de comunicação, como: jornais, TVs digitais e a

cabo, telefones fixos e celulares, revistas, internet e rádio conseguem transmitir

informações em tempo real para milhares de pessoas. A multiplicação de

modalidades de canais de informação em tempo real atinge os sistemas de

transferência de conhecimentos agrícolas em todo o mundo. Buscam-se maneiras

de multiplicar o conhecimento, fazendo-o chegar em tempo real aos locais mais

longínquos.

Apesar da multiplicidade de canais de comunicação, não há novos modelos ou

práticas no processo de difusão de tecnologias. Para Molina Filho (1989) a adoção

de tecnologias agrícolas é um processo social, onde se encontram presentes quase

sempre, quatro elementos constitutivos: (1) uma inovação; (2) disseminada pelos

meios de comunicação; (3) ao longo do tempo, (4) entre os membros de um sistema

social. A difusão depende, portanto, da decisão de adotar uma inovação por parte de

cada um dos membros de um dado sistema social.

Parte-se desse pensamento, que o processo de adoção individual é constituído por

uma série de etapas, porém há consenso que o mesmo se inicia com a percepção

de uma inovação e termina com o comportamento final de adoção. Para Molina Filho

(1989) o processo de adoção se assenta em três pressupostos emanados dos

conceitos de mudança social, de desenvolvimento rural e de modernização. Rogers

e Svenning (1969) apud Molina Filho (1989) definem mudança social como:

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(...) O processo pelo qual alterações ocorrem na estrutura e na

função de um sistema social e consideram como fatores dessas

alterações, tanto uma revolução nacional, uma fundação de um

conselho comunitário de desenvolvimento, quanto a difusão de uma

inovação no sistema social. Definem estrutura social como uma

composição de diferentes ‘status’. O papel social é definido como o

comportamento real de um indivíduo num dado ‘status’.

Conforme assinala Molina Filho (1989):

A mudança social ocorre quando um grande número de indivíduos

passa pelo processo de decisão individual para adotar uma inovação

qualquer. Ela depende, então, da decisão de uma pluralidade de

indiv íduos, como que num somatório quantitativo e qualitativo de tais

processos individuais. Daí a importância tradicionalmente atribuída,

nos estudos de difusão, às características individuais dos membros

componentes de um dado sistema social. Ainda esses autores

definem modernização como sendo a mudança no plano do

comportamento do individuo. Sua contrapartida é a mudança social

no plano dos sistemas sociais, a qual define como sendo

desenvolvimento. Desse modo fundem ambos os conceitos,

entendendo desenvolvimento como o somatório dos comportamentos

individuais modernizados. Como se vê, a difusão de inovações é a

própria essência da modernização individual e do desenvolvimento

dos sistemas sociais.

3.1 Globalização e Transferência de Tecnologias O processo de globalização da economia, paradoxalmente, coloca o ambiente local

como um dos principais fatores da competitividade das empresas. Sua historia,

cultura, instituições, infra-estrutura física e seu sistema de conhecimento são

aspectos importantes na atração de investimentos e na competitividade. Ao

observarem as mudanças do ambiente de negócios, empresários têm a

compreensão de que suas estratégias são elaboradas para assegurar um

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desempenho superior ao dos seus rivais e se proteger das forças competitivas do

mercado. Uma maneira de fazer avaliação dos pontos fortes e das fraquezas da

empresa em relação às turbulências do mercado é identificando suas competências

essenciais e, conseqüentemente, é o conhecimento que permite direcionar recursos

para a inovação do produto e/ou processo (SICSÚ; SILVA, 2005). No pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA a modernização do padrão produtivo possibilitado pela tecnologia

de irrigação vem transformando a economia do Semi-Árido nordestino, a partir da

implantação dos perímetros públicos irrigados (ARAÚJO, 1987).

O desenvolvimento de padrões produtivos em bases modernas impõe a produção

agrícola uma aproximação com os setores industriais a montante (fornecedores de

insumos e equipamentos) e à jusante (empresas do sistema agroindustrial - SAG),

de comercialização e serviços, como os que dizem respeito ao crédito, à assistência

técnica, à pesquisa agrícola e a formação de mão-de-obra.

Como garantem Lacerda e Lacerda (2004) um pólo de desenvolvimento se define

pela formação de um grupo homogêneo de empresas interligadas e instituições

associadas dispostas geograficamente próximas. Essas concentrações geográficas

de firmas interligadas, produtoras de serviços ou produtos, congregam fornecedores

especializados de insumos, provedores de serviços, infra-estrutura física,

governança e instituições que ofereçam treinamento, educação, informação,

pesquisa e desenvolvimento e suporte técnico. Além de competir pelo mesmo

mercado, também cooperam para aumentar a produtividade geral da comunidade na

qual se inserem, criando movimento de sinergia.

Informa Porter (1989) que a natureza do contato e as características das transações

podem, em certos casos, produzir formas de governanças originais na economia em

resposta ao elevado custo de transação que se obtém sob o manto do mercado

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convencional. O interligamento de empresas que se constituem em pólo deriva

justamente dessa acepção. Sua constituição original não se originou de convenções

ou princípios preestabelecidos, mas de conveniências afloradas pelas condições e

circunstâncias que se estabeleceram nas estruturas do setor de diversos paises

(LACERDA; LACERDA, 2004).

Informam ainda Lacerda e Lacerda (2004), que na formação de um pólo surgem

quatro partes: a) cadeia produtiva; b) produção de bens e serviços; c) elos entre as

instituições; e d) a participação do Estado. Empiricamente observa-se que no pólo

frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA ocorrem estas quatro partes, em maior ou menor

intensidade, dependendo da natureza das forças presentes no meio institucional.

a) Cadeia Produtiva - a produção de frutas frescas no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-

BA está direcionada para a exportação. O cenário onde se encontram inseridas as

empresas é um ponto relevante, quando analisado pelo lado da concorrência

enfrentada por elas para garantirem participação no mercado. No pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA, a aglomeração da produção torna-se benéfica para o desempenho

do setor. Ao estarem implantadas em uma mesma região, torna-se mais fácil adquirir

vantagens, tanto em termos do espaço, como de infra-estrutura física básica, além

de tornar-se mais viável um acompanhamento em termos da produção e

comercialização, uma vez que agindo coletivamente, torna-se mais forte a presença

de órgãos especializados na região.

b) Produção de Bens e Serviços - os produtores se organizam para acompanhar

as tendências de mercado, implantar um padrão tecnológico em parceria com as

instituições de pesquisa e desenvolvimento - P&D, buscando capacitação técnica e

mão-de-obra. Tecnologias de irrigação, drenagem e manejo são aportados junto à

Embrapa Semi-Árido, Codevasf e demais instituições que trabalham em capacitação

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e treinamento na região. Uma vez articuladas, empresas e produtores podem reduzir

custos por meio da adoção de tecnologias, transporte e comercialização adequada.

Isso favorece o desenvolvimento das pesquisas agrícolas e permite a diversificação

de tecnologias, trazendo rentabilidade ao processo.

c) Interligação entre as Instituições - o nível de articulação dos pequenos

produtores se dá em menor grau. Geralmente encaminham suas demandas por

meio de suas cooperativas, bem como pela Codevasf e Embrapa Semi-Árido.

Atuam na promoção do desenvolvimento tecnológico a Embrapa, Valexport e

Universidades do pólo. A Valexport atua junto às agências de fomento no sentido de

adquirir os recursos financeiros necessários para minimizar dificuldades técnicas de

produção e gestão dos associados.

d) Participação do Estado - a ação do governo no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA

acontece por meio de obras de infra-estrutura. Entre elas estão as principais:

• Construção da barragem de sobradinho (energia e água);

• Construção e ampliação do aeroporto Senador Nilo Coelho, em Petrolina-PE;

• Implantação da infra-estrutura física básica de irrigação;

• A presença da Embrapa Semi-Árido, aportando tecnologias agrícolas;

• Escolas Técnicas e Universidades, gerando externalidade educativa;

• Sistema bancário concedendo crédito e fomentando negócios, e

• Articulação do setor frutícola com a agroindústria de vinhos (LACERDA;

LACERDA, 2004).

Observando as informações de Lacerda e Lacerda (2004) fica clara a aproximação

do modelo teórico do triângulo de sábato (1968) com os elementos descritos pelos

autores como externalidades socioeconômicas e de infra-estrutura hídrica e de

transportes presentes nas cadeias frutícolas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

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3.2 Abordagem de Tecnologia O objetivo dessa seção é reconhecer formas de tecnologias, inclusive aquelas

usadas na agricultura irrigada, procurando colocá-las no contexto do agronegócio de

frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA associando alguns modelos utilizados para

transferi-las aos pequenos produtores rurais.

O modelo geral dos elementos formadores das cadeias produtivas e agentes dos

setores público e privado que estabelecem políticas públicas no pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA, encontram-se harmonizados neste trabalho em teoria e prática,

realidade e modelo.

A literatura sugere vários conceitos de tecnologia, porém para Gastal

(1997) a melhor maneira de entender tecnologia é estabelecer sua

diferenciação da ciência. Para esse autor a ciência está intimamente

ligada ao conhecimento dos fenômenos, das relações e das teorias,

enquanto que a tecnologia está associada aos resultados

econômicos, aos impactos sociais e econômicos sobre uma

comunidade, resultante da aplicação de novos materiais, novos

processos de fabricação, novos métodos e novos produtos nos

meios de produção.

É entendimento pacífico que alguma forma de tecnologia sempre existiu em toda e

qualquer organização social e quase universalmente aceito que mudanças

tecnológicas e outras formas de inovação são as fontes mais importantes do

crescimento da produtividade e do aumento da qualidade de vida – e tem sido assim

por séculos Edquist (1997) apud Terra (2001). Na Embrapa de maneira geral, o

enfoque de pesquisa e desenvolvimento - P&D está associado ao agronegócio, à

geração e adaptação de tecnologias agropecuárias e à agricultura comercial e

familiar. Nesse contexto P&D abrange geração de conhecimentos e tecnologias e

suas transformações em produtos, processos e serviços.

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O entendimento sobre tecnologia, neste trabalho, vincula-se ao modelo de P&D em

agropecuária, ou seja, numa visão de processo contínuo e cíclico, onde as ações

acontecem por meio de pesquisadores, difusores e produtores rurais.

Para Gastal (1980) apud Gastal (1997) é indispensável à realização de programas

de mudança tecnológica com dimensão e conteúdo que possam propiciar

conhecimentos que permitam a realização de uma agropecuária mais eficiente, com

níveis de produtividade mais elevados e com características que atendam às

aspirações dos agricultores e à realidade rural a qual se destinam. Gastal (1997)

expõe que o processo de mudança tecnológica deve ser entendido como um

componente essencial de um outro processo de mudança bem mais amplo e global,

que é o desenvolvimento econômico e social, ressaltando a importância da

tecnologia no desenvolvimento social. Nas últimas décadas a partir do surgimento da

microeletrônica o ritmo de aparecimento de inovações tecnológicas se tornou cada

vez mais rápido. Essa tecnologia às vezes é rudimentar como uma enxada para

“limpar mato” ou sofisticada como o Global Positioning System - GPS que pode ser

usado para localização e delimitação de áreas agrícolas por meio de satélites. Todas

as empresas dependem de um tipo de tecnologia ou de um conjunto de tecnologias

para funcionar e alcançar seus objetivos. Embora a tecnologia, a técnica, a mudança

tecnológica, o progresso técnico tenham sido abordados e teorizados em épocas

distintas e de maneiras diversas, coube a Schumpeter (1930), inserir a tecnologia e

sua expressão mais prática, a inovação8 como parte integrante e fundamental do

processo econômico.

8 Schumpeter (1930) adota uma concepção abrangente de inov ação, associando-a a tudo que dif erencia e cria v alor a um negócio. Isso inclui, além do desenvolv imento de nov os produtos e processos, as ativ idades de criação de um nov o mercado antes inexistente (TIGRE, 2006).

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Segundo Acosta-Hoyos (1984) apud Gastal (1997), na agricultura as idéias de

Schumpeter e Galbrith sobre o estreito relacionamento entre tecnologia e economia

foram aplicadas por meio do modelo de inovação induzida por Hayami e Ruttan

(1971) e Gastal (1997) descreve que:

Esse modelo surgiu em substituição ao da difusão de tecnologia,

amplamente utilizado no Brasil, e serviu de base para a criação do

Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural - Sibrater

responsável pela transferência de tecnologias para o meio rural.

Ao conceber-se a tecnologia como agente de inúmeras inovações, torna-se

importante ressaltar que esta possa ser utilizada de forma criativa, no entanto é

imprescindível que seja criado um ambiente favorável ao desenvolvimento da

criatividade (ABREU; FRANÇA, 1999).

Por sua vez, Maximiano (1990) demonstra que álcool e gasolina são dois recursos

diferentes e a combinação com motores de combustão resulta em duas soluções

similares para a movimentação de veículos. São duas tecnologias distintas,

embutidas no processo de fabricação de combustível e em sua aplicação nos

motores, que têm a mesma finalidade. A tecnologia depende que as pessoas saibam

fazer combinações de recursos, e possam, portanto, defini-la também como a

aplicação de conhecimento na produção de bens e na prestação de serviços, que é

a conceituação mais difundida. Apresentam-se três conceitos de tecnologia de

Maximiano (1990) esclarecendo que:

(...) Embora o termo tecnologia inclua especif icamente equipamento

mecânico, não está limitado a esse sentido, porém também inclui

procedimentos e métodos para organizar a atividade humana e

meios de manipular ou estruturar o comportamento humano.

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Tecnologia é o repertório social de conhecimentos que dize m

respeito às suas indústrias. Ela é feita de conhecimentos usados pela

indústria, agricultura, governo e pelas profissões interessadas nos

fenômenos físicos e sociais, conhecimentos relacionados com a

aplicação de princ ípios e teorias básicas para trabalhar nesses

campos, e conhecimentos empíricos de artesãos e praticantes.

... A tecnologia... transforma os recursos nas coisas que os homens

desejam. A tecnologia inclui, entretanto, não apenas instrumentos,

máquinas e outros implementos, mas também os conhecimentos e a

habilidade acumulados necessários à utilização de quaisquer

instrumentos disponíveis.

Então tecnologia é um conjunto ordenado de conhecimentos e recursos empregados

na produção e comercialização de bens e de serviços. Neste sentido, tecnologia

pode ser considerada como um conjunto de conhecimentos (científicos ou não)

aplicáveis à produção.

Segundo Abreu e França (1999) conhecimentos podem ser científicos ou empíricos,

ou seja, resultado de observações, experiências cotidianas, aptidões especificas,

tradição oral ou escrita. Em sentido amplo, a tecnologia abrange todos os

conhecimentos técnicos, patenteados ou não, fórmulas, manuais, planos, projetos,

marcas, métodos de direção e de administração, procedimentos e conhecimentos

técnicos, métodos e processos de operação, normalmente requeridos para montar e

operar instalações produtivas e o próprio conhecimento para selecionar e escolher

tecnologias variadas, estudos de análise econômica, financeira e mercadológica.

A tecnologia envolve aspectos físicos e concretos “hard” - máquinas, equipamentos,

instalações, circuitos etc. - bem como aspectos conceituais e abstratos “soft” - como

políticas, diretrizes, processos, procedimentos, regras e regulamentos, rotinas,

planos, programas e métodos de trabalho.

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Segundo Kruglianskas (1996) apud Abreu e França (1999) tecnologia engloba todas

as áreas da empresa (projeto, manufatura, administração, marketing, produção).

Caso contrário haverá um comprometimento quanto à sua capacidade competitiva e

essa visão multidimensional possibilita interação entre as diversas áreas da empresa

com suas dimensões: o “hardware”, o “software” e o “humanware”.

Abreu e França (1999) descrevem que alguns modelos existentes na

literatura procuram estabelecer a relação entre tecnologia e

organização, na tentativa de identif icar forças dominantes que afetam

os resultados da implantação de uma dada tecnologia em uma dada

organização.

O modelo denominado imperativo tecnológico9, cujo propósito é examinar impactos

da tecnologia e dimensões individuais (satisfação no trabalho, níveis de habilidade

requeridos, complexidade da tarefa, efetividade na comunicação e produtividade) e

organizacionais (centralização/descentralização, tamanho, performance, estrutura)

tem como premissa que a tecnologia e variáveis organizacionais e individuais podem

ser medidas e previstas. Quando a tecnologia é tratada independentemente da

influência do comportamento humano e das propriedades organizacionais, surge

outra vertente em contraposição à visão anterior, denominada de modelo da escolha

estratégica, onde a tecnologia não é um objeto externo, mas um produto da contínua

ação humana (ABREU; FRANÇA, 1999). Três abordagens envolvem o respectivo

modelo:

a) Foca em como uma tecnologia em particular é fisicamente construída por

meio de interações sociais e escolhas políticas de atores humanos. Esta

abordagem baseia-se fortemente na capacidade dos agentes humanos;

9 Linha de pensamento que atribui à tecnologia um caráter independente, capaz de influenciar o rumo da

economia e da sociedade.

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b) Examina como interpretações comuns/compartilhadas sobre certa tecnologia

são levantadas e como elas afetam o desenvolvimento e a interação com esta

tecnologia, mas pouco considera os aspectos materiais e estruturais da

interação com a tecnologia;

c) Na análise marxista da tecnologia: a tecnologia é projetada e implantada para

fortalecer interesses políticos e econômicos de capitalistas, enquanto que os

empregados não são capitalizados (TIGRE, 2006).

3.3 Aspectos Econômicos da Tecnologia Torna-se evidente a necessidade de descrever as implicações inerentes à utilização

de uma dada tecnologia em um dado ambiente estratégico, tático ou operacional.

Porter (1989) assegura que a transformação tecnológica é um dos principais

condutores da concorrência e acrescenta que:

A concorrência desempenha um papel importante na mudança

estrutural da indústria10, bem como na criação de novas indústrias.

Ela é também um grande equalizador, acabando com a vantage m

competitiva até mesmo de empresas bem fortif icadas e instigando

outras para a dianteira. Um grande número das grandes empresas

de hoje surgiu da capacidade de explorar transformações

tecnológicas. De todas as coisas que podem modif icar as regras da

concorrência, a transformação tecnológica f igura entre as mais

proeminentes. Apesar da sua importância, a relação entre

transformação tecnológica e concorrência é muito mal entendida. A

transformação tecnológica costuma ser considerada por si só valiosa

– qualquer modif icação tecnológica que uma empresa possa ser a

primeira a fazer é considerada boa.

10 Porter denomina “indústria” todas as ativ idades realizadas em um mesmo setor, área ou segmento da economia.

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Observações empíricas e consultas a teoria sobre o tema, indicam que o pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA é o primeiro a se mover na atividade de produzir frutas na

região semi-árida do Nordeste brasileiro, conferindo vantagem competitiva a essa

região. A esse respeito, Porter (1989) afirma que, geralmente a concorrência de um

setor de “alta tecnologia” é considerada uma passagem para a rentabilidade, e

outros setores “de baixa tecnologia” são vistos com desdém, enquanto a

transformação tecnológica não é importante por si só, mas é importante se afetar a

vantagem competitiva e a estrutura daquele setor da economia.

Porter (1989) esclarece que setores de alta tecnologia são muito menos rentáveis do

que alguns de “baixa tecnologia” devido as suas estruturas desfavoráveis. A

tecnologia, contudo, penetra na cadeia de valores de uma empresa e extrapola as

tecnologias associadas diretamente ao produto. Nem toda transformação

tecnológica é estrategicamente benéfica; ela pode piorar a posição competitiva de

uma empresa e a atratividade do setor. Alta tecnologia não garante rentabilidade.

Não existe, de fato, um setor de baixa tecnologia ao se observar as coisas por este

prisma mais amplo. Ao considerar qualquer setor da economia maduro em termos

tecnológicos, em geral, o resultado será um desastre estratégico.

Além disso, muitas inovações importantes para a obtenção de vantagem competitiva

são comuns e não envolvem nenhuma ruptura cientifica. A inovação pode ter

importantes implicações estratégicas para empresas de baixa, bem como de alta

tecnologia (PORTER, 1989).

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3.4 Tecnologia e a Cadeia de Valores O instrumento básico para que se compreenda o papel da tecnologia na vantagem

competitiva é a cadeia de valores. Uma empresa, na qualidade de um conjunto de

atividades, é um conjunto de tecnologias. A tecnologia está contida em toda

atividade de valor em uma empresa, e a transformação tecnológica pode afetar a

concorrência por seu impacto sobre quase todas as atividades. Cada atividade de

valor emprega alguma tecnologia para combinar insumos adquiridos e recursos

humanos com o objetivo de produzir algum produto final (PORTER, 1989).

Esta tecnologia pode ser tão comum quanto um conjunto simples de procedimentos

para gestão de pessoal, e normalmente, envolve diversas disciplinas cientificas ou

subtecnologias. A tecnologia de manuseio de material empregada em logística, por

exemplo, pode envolver disciplinas como engenharia industrial, eletrônica e

tecnologia de material.

A tecnologia de uma atividade de valor representa uma combinação destas

subtecnologias. As tecnologias também estão contidas nos insumos de consumo

adquiridos em cada atividade de valor, tanto nos insumos adquiridos e utilizados em

cada atividade de valor, tanto nos insumos de consumo como nos bens de capital.

O projeto auxiliado por computadores constitui exemplo de uma tecnologia que está

substituindo formas tradicionais de desenvolvimento de novos produtos. Vários tipos

de tecnologias também constituem as bases da execução de outras atividades de

apoio, inclusive aquelas cujas bases normalmente não são consideradas

tecnológicas. A aquisição envolve procedimentos e tecnologias para a colocação de

pedidos e para interação com fornecedores. Recentes desenvolvimentos na

tecnologia de sistemas de informação oferecem a possibilidade de revolucionar a

aquisição por meio de alterações nos procedimentos de pedidos e de facilidades

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para obtenção de elos com o fornecedor. A gerência de recursos humanos conta

com pesquisa de motivação e com tecnologias para o treinamento. A infra-estrutura

da empresa envolve uma grande variedade de tecnologias que vão desde o

equipamento de escritório até o planejamento estratégico e a pesquisa jurídica

(PORTER, 1989).

Uma escolha em tecnologia em uma parte da cadeia de valores pode ter implicações

em outras partes da cadeia. Em casos extremos para alterar a tecnologia em uma

atividade pode ser preciso uma grande reconfiguração da cadeia de valores.

As tecnologias de uma empresa também são nitidamente interdependentes em

relação às tecnologias de seus compradores e pontos de contatos entre a cadeia de

valor de uma empresa são a cadeia de seu comprador e definem áreas de

interdependência em potencial de tecnologia (PORTER, 1989). A tecnologia do

produto de uma empresa influencia a tecnologia do processo e do produto do

comprador e vice-versa. A tecnologia é, então, difundida em uma empresa e

depende, em parte, dos canais dos compradores e da tecnologia dos fornecedores.

Como um resultado, o desenvolvimento de tecnologia abrande áreas bem fora dos

limites tradicionalmente estabelecidos para pesquisa e desenvolvimento - P&D e

envolvem inerentemente fornecedores e compradores11. Algumas das tecnologias

envolvidas na cadeia de valor são específicas ao setor, em graus variados, mais

muitas não são. Portanto, o desenvolvimento de tecnologia relevante para uma

empresa em geral ocorre em outros setores. Todas estas características da

tecnologia têm implicações para o papel da tecnologia na vantagem competitiva.

11 Daí o rótulo “desenv olvimento de tecnologia” na cadeia de valores genérica ao invés da frase mais lim itada “pesquisa e desenvolv imento”.

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3.5 Modelos de Transferência de Tecnologias Percebe-se, a priori, ser a grande tese da transferência de tecnologias agropecuária

o nível de sofisticação da tecnologia e o público que vai efetivamente utilizá-la no

processo produtivo.

Como demonstra Terra (2001), existem modelos de transferência de

tecnologia dos mais simples aos mais complexos, e sua utilização

depende da empresa e do ambiente interno e externo da

organização. Assim, o contexto em que está inserida a empresa

afeta de maneira decisiva o tipo e a natureza da tecnologia

empregada em suas operações para a produção de produtos e

serviços. Ainda segundo essa autora, a experiência nessa área tem

mostrado que não basta simplesmente demonstrar o uso e os

procedimentos de utilização de uma dada tecnologia para se dar de

maneira efetiva a sua adoção. O sucesso ou o fracasso de muitas

tecnologias agropecuárias tem se vinculado ao processo de

transferência e adoção, por excelência.

Daí a importância que se reveste a ação de operacionalização, de passar, explicar e

motivar o uso de uma prática, um equipamento, uma máquina ou mesmo um

procedimento administrativo para terceiros. Segundo Orlikowski (1992) apud Abreu e

França (1999), há uma reconceituação da tecnologia que utiliza duas perspectivas: a

determinística e a escolha estratégica (ação social), baseando-se na teoria de

Giddens sobre reestruturação organizacional, denominado de modelo estrutural da

tecnologia.

Neste modelo, a tecnologia é vista como o gatilho da mudança estrutural: tecnologia

não é a causa material, mas o gatilho material, ocasionando certas dinâmicas sociais

que levam às conseqüências estruturais antecipadas ou não. A tecnologia é

entendida como um objeto social cujo significado é definido pelo contexto de uso,

enquanto sua forma física e função permanecem fixas ao longo do tempo.

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Explicam Abreu e França (1999), que este modelo está associado às tecnologias

utilizadas pelas empresas agrícolas e agroindustriais e no agronegócio, e que a

prática cientifica e a prática tecnológica tem o conhecimento da natureza como a sua

matéria-prima. A última difere da primeira na sua atividade de transformação

daquela matéria-prima no seu produto.

A característica distintiva da atividade de produção tecnológica é sua intenção de

maestria e controle da natureza, para servir aos propósitos dos homens. Esta

característica distintiva da atividade de produção tecnológica contém alguns pontos

básicos nos quais se pode estabelecer tanto a especificidade da prática tecnológica

como um campo de conflito, quanto às suas interconexões com outros processos

sociais (ABREU; FRANÇA, 1999).

O primeiro desses pontos básicos é que o impulso para a maestria e controle da

natureza é distinto daquele usado para o seu conhecimento. Ou seja, a investigação

de questões relacionadas com o “por que”, e aquela relativa ao “como” e o “que”

pressupõem atividades diferentes. Desta forma, a atividade cientifica pode contribuir

para a tecnologia, na medida em que soluções das questões relacionadas ao “por

que” conduzam a soluções das questões do “como” e o “que”.

Como é por meio da prática tecnológica que os propósitos dos homens são mais

diretamente atendidos, ela, mais do que a atividade cientifica, se aproxima dos

outros processos sociais. O segundo ponto básico é que o ser humano como um ser

intencional (consciente) se transforma na ligação entre o objeto na natureza e o

instrumento de trabalho Schmidt (1971) apud Abreu e França (1999).

Leiss (1977) apud Abreu e França (1999), distingue técnica e tecnologia, e define

técnica como: soluções para problemas práticos ou teóricos que surgem de forças

do meio-ambiente as quais tem impacto sobre organismos, enquanto que

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tecnologias são combinações de técnicas e essas combinações representam

escolhas entre usos e objetivos alternativos a serviços aos quais as técnicas são

aplicadas.

(Técnicas) colocam uma solução para um problema envolvendo o

relacionamento entre meios e f ins e, no que diz respeito à técnica, é

uma matéria de indiferença que desempenha as operações

relevantes e sob que condições. Contudo, no que diz respeito à

sociedade ou cultura, isto não se torna uma matéria de indiferença.

Em padrões sociais estabelecidos, as técnicas são quase sempre

combinadas com classe, status e determinações de papéis que

especif icam quem pode desempenhar as operações associadas com

técnicas... Esta combinação é o que se chama uma tecnologia...

Leiss (1977) apud Abreu e França (1999).

A estreita ligação entre tecnologia, ou melhor, entre a geração de tecnologia e os

diversos componentes sociais que estão a influenciar esta geração, é de importância

fundamental, pois se constitui num referencial básico para um entendimento mais

completo do conceito de tecnologia. No entanto, esta conceituação limita a

possibilidade de se conduzir esta noção a um passo mais adiante, isto é, o de

conceituar tecnologia também como uma prática e, portanto, como um campo de

conflito. A este respeito Sousa e Singer (1984), esclarecem:

O imperativo social e a extensão do acaso na criação de técnicas

não são pré-f igurados. Ao contrário, esta criação é determinada pelo

conflito que ocorre dentro de certos limites estruturais, os quais

delimitam em que medida a prática tecnológica servirá a interesses

competitivos e contraditórios. A urgência em ver a produção

tecnológica como um campo de conflito constituído por certo tipo de

ação intencional nos conduz ao terceiro ponto básico na elaboração

da tecnologia como uma prática específ ica ligada a outros processos

sociais.

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Este ponto se baseia no fato de que a prática tecnológica ter a sua própria

especificidade, via uma série de escolhas humanas e uma base sócio-material

implicada naquela série. É esta base sócio-material, junto com os arranjos

alternativos da natureza, que possibilita aquela série de escolhas humanas, dentro

da qual, por meio do conflito, algumas opções são selecionadas sobre outras.

Em relação às formas fenomenológicas, uma série de esclarecimentos importante

devem ser feitos. O primeiro deles é que as tecnologias concretas são referenciadas

como formas fenomenológicas porque elas aparecem para o trabalhador e para o

capitalista (em maior ou menor grau) como uma engrenagem indiferente, mas útil.

Contudo, quando inseridas na base sócio-material, elas, inevitavelmente, geram um

elemento ideacional, isto é, elas contribuem para a prática ideológica como um

componente da matéria-prima para transformação de processos objetivos em

subjetivos. Dessa forma, os interesses não se encontram no mesmo nível da

estrutura básica, formada por relações reais.

Ao contrário, eles são derivados desta estrutura, sendo produzidos e reproduzidos

de forma particular dentro de uma base material que possui, com maior ou menor

sucesso, formas fenomenológicas construídas que captam as relações reais.

O terceiro esclarecimento é que formas fenomenológicas referidas resultam da

prática tecnológica que se liga às condições de produção: uma base sócio-material,

um leque de escolhas humanas e um campo de conflito.

Por último, as formas fenomenológicas produzidas na prática tecnológica são

multidimensionais. A criação e desenvolvimento do conhecimento técnico e o seu

uso junto ao instrumento concreto de trabalho que acompanha aquele conhecimento

formam uma unidade (ABREU; FRANÇA, 1999).

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3.6 Transferência de Tecnologias Agropecuárias na Embrapa A Embrapa se notabilizou entre os organismos de pesquisa agropecuária, pelo

componente de difusão de tecnologia no seu modelo institucional e operativo. Esta

singularidade, no entanto, tem provocado confusão conceitual no próprio seio da

Empresa, deixando dúvidas quanto à prática da difusão e do papel dos chamados

difusores nas Unidades Descentralizadas – UDs de pesquisa (RODRIGUES, 1987).

Segundo Alves (1980a, b) e Blumenschein (1978) apud Rodrigues (1987), o conceito

tradicional de difusão de tecnologia encontrado na literatura refere-se ao tratamento

de comunicação que se dá a uma inovação por diversos canais, para fazê-la chegar

aos usuários potenciais dentro de determinado sistema social e em determinado

espaço de tempo. Mas o modelo da Embrapa oferece outras perspectivas de

análise. A geração e a difusão de tecnologia estão inextricavelmente ligadas como

componentes de um mesmo processo que se inicia em nível de produtor e termina

em nível de produtor, conforme axioma que já é do conhecimento de todos. A

proposta é explicar, mesmo que de maneira provisória, esse processo, objetivando

entendê-lo na visão dos pequenos produtores rurais de frutas.

É mediante a apreensão da realidade, selecionando um problema no processo

produtivo buscando soluções de pesquisa que enseje uma verificação em nível

empírico e que seja viabilizada pelo uso de técnicas experimentais, principalmente,

que se pode chegar a resultados monodisciplinares constituídos de produtos parciais

de pesquisa publicados em literatura especifica, ou, eventualmente, divulgados por

outros meios. O passo seguinte é fazer com que os resultados monodisciplinares

sejam testados em nível de produtor, para se conhecer o seu desempenho dentro do

sistema de produção em uso pelos agricultores (RODRIGUES, 1987).

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Finalmente, acontece à difusão propriamente dita ou a disseminação da tecnologia,

depois de conhecidas as suas vantagens e restrições, trabalho que se efetiva com a

maior parcela de responsabilidade da assistência técnica e extensão rural.

A adoção pelos produtores é a conseqüência natural do processo, se não houver

outros fatores inibidores de natureza estrutural e socioeconômica. Este é o modelo

de geração/adaptação e transferência de tecnologias corrente, que é adotado na

maioria das Unidades de pesquisa da Embrapa.

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3.7 Aproximação do Pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA com o Triângulo de Sábato O objetivo dessa seção é apresentar o modelo teórico que se adota para análise do

pólo de fruticultura irrigada de Petrolina-PE/Juazeiro-BA, onde se configura o modelo

constituído pelos três elementos criados por Jorge Sábato (1968) apud Terra e

França (2001), o qual se denomina “Triângulo de Sábato”.

Segundo França (2001), Jorge Sábato, cientista argentino, escreveu,

em 1968, juntamente com Natalio Botana, um dos artigos mais

importantes sobre o papel da Ciência e Tecnologia – C&T para o

desenvolvimento econômico da A mérica Latina. Sábato e Botana

(1968) propuseram, há 38 anos um modelo visando superar o

subdesenvolvimento da A mérica Latina, através da inserção da

ciência e da tecnologia na rede que compõe o processo de

desenvolvimento. O modelo propunha ações diretas do governo no

intuito de entrelaçar o sistema de C&T e o setor produtivo. Esse

processo resultaria numa ação múltipla e coordenada do governo,

setor produtivo e da infra-estrutura científ ico-tecnológica.

Os elementos constitutivos do modelo são: governo, empresa e centro de pesquisa e

desenvolvimento. Cada um destes se situa em um dos três vértices do referido

triângulo, atuando em sintonia e, harmonicamente, criam condições favoráveis para

a geração de inovações e disseminação e adoção de novas tecnologias.

Usando a representação de um triângulo, Jorge Sábato coloca no vértice superior,

governo; no segundo vértice, instituições de ensino e pesquisa (infra-estrutura

científico-tecnológica); e no terceiro, empresas (estrutura produtiva) e demonstra a

importância de inter-relações entre os três vértices e entre pares em cada vértice. No

pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA o governo se faz presente por meio de obras de infra-

estrutura hídrica e transportes, empresas da área agrícola e agroindustrial, bem

como, médios e grandes empreendimentos frutícolas e um centro de pesquisa da

Embrapa, constituem o modelo denominado de “Triângulo de Sábato”.

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Tendo em vista limitações de ordem temporal e operacional, as análises feitas neste

trabalho observam uma parcela12 do processo de transferência de tecnologias da

Embrapa Semi-Árido. Segundo Sábato e Botana (1968) apud França (2001), a

presença e relações desses três elementos em uma região indicariam possibilidade

de sucesso do aglomerado produtivo. Graficamente o modelo teórico é representado

pela figura plana de um triângulo, tendo relacionamentos entre os vértices “x, y e z”.

As relações são representadas pelas intra-relações, que ocorrem entre componentes

de um mesmo vértice; as extra-relações, que se criam entre a sociedade e o exterior

e as inter-relações, que se estabelecem entre pares dos vértices.

Instituições públicas e privadas desse pólo de irrigação se envolvem em ações de

transferência de tecnologias da área frutícola, junto com a Embrapa Semi-Árido,

como Codevasf, Valexport, Sebrae, Univasf, Uneb, Distrito de Irrigação Senador Nilo

Coelho - DISNC, CEFET, EBDA, Prefeituras de Petrolina-PE e Juazeiro-BA,

Associações de Produtores de Frutas do Vale do rio São Francisco e Pequenos

Produtores de Frutas, dentre outros. Estas entidades representam os outros dois

vértices que complementam os elementos que constituem o modelo do triângulo de

sábato. Ademais, empresas produtoras de insumos agrícolas e de máquinas e

implementos são parceiros sistemáticos da Embrapa Semi-Árido em ações de

transferência de tecnologias agrícolas, conforme se observa nos Anexos A e B.

A abordagem teórica dessa dissertação toma como modelo o triângulo de sábato e

suas relações, o qual está demonstrado pela Figura 1 tendo grande aproximação

com a estrutura de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido e com as

cadeias de produção de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

12 Analisam-se seis culturas f rutícolas da área irrigada, pois o processo total de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido abrange três áreas de atuação: a) área de agricultura dependente de chuv a; b) meio ambiente; c) caprino-ovinocultura e, d) agricultura irrigada.

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Figura 1 - Diagrama do Modelo Teórico do Triângulo de Sábato

A Figura 1 sugere uma abordagem sistêmica, caracterizada pela existência de

relações entre os três elementos13 dos vértices, os quais são forças motrizes da

competitividade econômica, mantendo-se, entretanto, a simplicidade e a rigidez do

triângulo de sábato. As setas nos dois sentidos de direção dos vértices indicam inter-

relações entre os componentes do modelo teórico.

As relações formais e informais entre os componentes do triângulo de sábato,

podem se estabelecer de várias formas: bilateral ou multilateral; pontual ou

estratégica; envolver ou não recursos materiais e/ou financeiros; e utilizar ou não

estruturas de interface Plonski (1998) apud França (2001).

13 O primeiro elemento Governo se posiciona no v értice superior do triângulo de sábato, por conta da relação de coordenação que esse elemento assume no sistema. Os 3 (três) nív eis de governo estão aqui contemplados: Federal, Estadual e Municipal. O segundo elemento, P&D é entendido como o conjunto de ações praticados por Centros de Pesquisas e Desenvolv imento que env olva a geração de nov os conhecimentos científ icos e a transf ormação de conhecimentos e tecnologias já existentes em nov as tecnologias e conhecimentos acabados que atendam as necessidades do mercado e da sociedade. O terceiro elemento, Empresa identif ica-se como qualquer empreendimento econômico das áreas de indústria, comércio, agricultura e/ou serviços de iniciativa e caráter privado.

Gov erno Inter-relações entre os elementos do triângulo.

P&D Empresa

Fonte: Terra, 2001.

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Os programas políticos atuais, propostos pelos governos, tendem a induzir a

colaboração e integração entre os três vértices, mostrando um sistema de rede

emergente entre os principais elementos que compõem os sistemas de inovação e

transferência de conhecimentos (TERRA, 2001).

No Brasil, Tigre (2006) explica que há uma contradição de apresentar características

tecnológicas típicas de países em desenvolvimento, a exemplo da pouca

escolaridade da força de trabalho e da baixa intensidade tecnológica de grande

parte da atividade econômica e, por outro lado, reunir comprovada capacitação para

desenvolver e utilizar tecnologias avançadas em várias áreas do conhecimento.

Isso coloca o país em uma situação “sui generis” para o enquadramento em modelos

analíticos sobre inovação, exigindo um tratamento específico que combine a

literatura internacional com a análise das características locais.

Essa contradição demonstrada por Tigre (2006) se aproxima do modelo de produção

do pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA, e essa é a principal razão pela qual se

tomou o triângulo de sábato como modelo teórico para esse trabalho, tendo em vista

a simplicidade do modelo conceitual e sua facilidade de demonstração, bem como

as semelhanças das características dos principais elementos do pólo frutícola em

lide com os elementos dos vértices do triângulo de sábato.

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67

CAPÍTULO IV Procedimentos Metodológicos

4.0 Aspectos Gerais da Metodologia de Pesquisa Esta dissertação é composta por seis capítulos e parte inicialmente da observação

empírica do autor sobre o processo de Transferência de Tecnologias da Embrapa

Semi-Árido. Optou-se pela técnica de estudo de caso para condução das análises

do processo de TT, tendo em vista os elementos constitutivos dessa técnica.

No primeiro capítulo, usa-se revisão documental e da literatura do tema para

apresentação dos antecedentes e o ambiente econômico e social, descrevendo-se

brevemente a conjuntura econômica nacional, regional e do pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA. A revisão de documentos da Embrapa e da Embrapa Semi-Árido

descreve a estrutura organizacional e institucional destas duas estruturas orgânicas.

No segundo capítulo, são descritos o tema, a justificativa do trabalho, o problema, os

objetivos geral e específico, a hipótese, a importância do estudo e a delimitação

espacial da investigação. No terceiro capítulo, consta o referencial teórico sobre

tecnologia e sua transferência e outras vertentes do tema. São descritos conceitos

de tecnologia, de tecnologia agropecuária e de transferência de tecnologias

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68

agropecuárias no Brasil. No quarto capítulo, detalham-se os elementos da

metodologia que conduz a análise. Utilizam-se métodos quantitativos e qualitativos

por meio de técnicas especificas como a entrevista pessoal, a observação direta e a

aplicação de questionários semi-estruturados, buscando explorar evidências

empíricas do processo de TT do pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

A aplicação do questionário junto aos pequenos produtores rurais dos distritos de

irrigação Senador Nilo Coelho e de Mandacaru, tem por objetivo quantificar

resultados dos indicadores delimitados por seis tecnologias agrícolas junto a seis

instrumentos de transferência com seis culturas frutícolas irrigadas nos respectivos

espaços produtivos. As culturas frutícolas observadas nesse trabalho são manga,

uva, banana, acerola, coco e goiaba, enquanto que as ações de transferência de

tecnologias são: cursos, palestras, dia de campo, seminários, visitas técnicas e

Unidades de Observação.

As Notas de Rodapés desse trabalho estão numeradas seqüencialmente com

algarismos arábicos e procuram elucidar termos e/ou explicar significados de termos

ou palavras pouco conhecidas e/ou utilizadas no cotidiano ou na lida acadêmica.

O Quadro 1 apresenta os seis indicadores utilizados para analisar os níveis de

adoção de tecnologias dos pequenos produtores de frutas dos dois distritos de

irrigação. As seis tecnologias/indicadores representam um conjunto mínimo

necessário para produzir frutas de maneira adequada em sistema irrigado.

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69

Quadro 1 - Indicadores Quantitativ os Aplicados à Pesquisa

TECNOLOGIAS ADAPTADAS/GERADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

INDICADORES TECNOLÓGICOS

CARACTERÍSTICAS DOS INDICADORES RESULTADOS ESPERADOS

INDUÇÃO FLORAL

Aplicação foliar de produtos químicos, v isando a quebra de dormência das gemas apicais, condicionando uma produção escalonada ao longo do ano.

Maior índice e unif ormização da f loração e aumento de produtiv idade das culturas da manga e da uv a.

FERTIRRIGAÇÃO

É a aplicação de fertilizantes v ia água de irrigação, de acordo com a necessidade nutric ional de cada fase fenológica das culturas. Dentre os equipamentos utilizados, destacam-se os injetores hidráulicos e elétricos.

Racionalização e otim ização de insumos de adubação, (f ertilizantes e mão-de-obra). Aumentar a produtiv idade e melhorar a qualidade do f ruto.

CONTROLE BIOLÓGICO

É a utilização de organismos biológicos (f ungos, bactérias, vírus, parasitóides, predadores, etc.) no controle de pragas e doenças.

Diminuir o risco de contaminação do meio ambiente e de intoxicação alimentar com decréscimo do uso de agrotóxicos.

PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS - PIF

Sistema de produção agrícola que produz alimentos e outros produtos de alta qualidade mediante o uso racional dos recursos naturais, tecnologias apropriadas e mecanismos reguladores.

Minimizar o uso de insumos poluentes, assegurando uma produção sustentáv el a preços competit iv os, respeitando e preserv ando o meio ambiente.

SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO

LOCALIZADA (Gotejamento/Micro-

Aspersão)

A irrigação localizada compreende a aplicação da água numa fração do solo exploráv el pela planta, mantendo elevados níveis de água disponív el no sistema radicular.

Alta ef ic iência de aplicação e de uso da água de irrigação. Aumento da produção e da qualidade. Diminui custo médio de produção. Otimização da mão-de-obra

TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL

(Mosca-da-Fruta)

Criação massal da praga que se quer controlar, esterilização (CO-60 Raios Gama) e liberação dos machos estéreis no campo. Eles copulam com as f êmeas selv agens da mesma espécie e estas não dão descendentes. A proporção é de 100 machos estéreis: 1 macho selvagem, com liberações semanais. A população da praga decresce a cada geração.

Controle efic iente, que pode ser usado em toda área de f ruticultura e ambientalmente amigo.

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Segundo Rezende (2000), o aprofundamento e o desenvolvimento de modelos de

estudo da inovação, com destaque para o modelo do triângulo de sábato (1968) (...)

verifica-se a necessidade de aumentar os conhecimentos sobre essa temática por

meio da proposição de um modelo que capture no seu escopo a amplitude do

processo de inovação, principalmente na sua multiplicidade, multi-institucionalidade

e incerteza. A gestão da inovação vem se mostrando ao longo do tempo num dos

temas mais complexos de serem estudados, dada a sua interdependência.

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70

Assim a transferência de tecnologia entre centros de pesquisa e setor produtivo é

um processo que exige conhecimento, atores e negociação - é uma conversação

permanente. A relação de comunicação para transferência de tecnologias é a mais

difícil de se estabelecer, tendo em vista ruídos permanentes como fator limitante

desse processo e França (2001) informa que a criação de mecanismos facilitadores

de cooperação não implica, necessariamente, que as relações entre setor produtivo,

governo e Centros de pesquisas tenham sucesso.

Para Waissbluth (1994) apud França (2001), o processo de transferência de

tecnologia não pode ser resolvido unicamente por meio de banco de dados, normas

contratuais e envio de papéis por correio. A cooperação se estabelece por meio de

uma rede de relações pessoais entre diferentes atores do processo (networking).

Conforme assinala França (2001), surgiram correntes ideológicas promulgando o

desenvolvimento econômico-social, por meio de modelos de interação, formado por

governo, empresários e centros de pesquisas. Além do triângulo de sábato, existem

a hélice tríplice de Leydesdorff e Etzkovitz (1996) e o sistema nacional de inovação.

Esta dissertação se orienta pelo modelo teórico desenvolvido por Jorge Sábato e

Natálio Botana (1968), delimitado pela figura geométrica de um triângulo com

vértices (x, y, z) nos quais estão presentes as principais instituições do processo de

inovação e transferência de tecnologias (Governo, Empresários e Centros de

pesquisas) e principalmente, suas relações de cooperação.

Por esse meio, aborda-se uma parcela do processo de transferência de tecnologias

e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido e suas inter-relações com os pequenos

produtores rurais de frutas, utilizando-se da exploração, descrição e explicação da

adoção de tecnologias e conhecimentos e da comunicação e cooperação entre os

mesmos.

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71

Essa abstração ilustra o modelo teórico adotado neste trabalho, tendo em vista a

aproximação do mesmo com o atual contexto socioeconômico, ambiental e a

configuração dos interesses público e privado do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA com

os elementos do triângulo de sábato e instituições que o compõem.

Nesta análise, isola-se um dos vértices do triângulo de sábato, o que contém Centro

de pesquisa e suas inter-relações com pequenos produtores de frutas do pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Observa-se a Embrapa Semi-Árido e dessa Unidade

uma parte do processo de transferência de tecnologias agrícolas por meio de seis

ações de transferência e seis tecnologias aplicadas à produção de frutas em período

e local determinado.

No quinto capítulo, estão à análise e a interpretação dos dados encontrados na

pesquisa. As tabelas, gráficos, quadros e textos discutem evidências dos dados

quantitativos encontrados por meio da aplicação do questionário e observações

diretas efetuadas junto às unidades de observação. Dados qualitativos são relatados

por meio da entrevista realizada com um pequeno produtor do distrito de irrigação de

Mandacaru.

As unidades de observação são 74 (setenta e quatro) pequenos produtores rurais de

frutas que trabalham na produção de manga, uva, coco, acerola, banana e goiaba,

nos dois distritos de irrigação. Descreve-se a entrevista com um produtor rural do

distrito de irrigação de Mandacaru. No sexto e último capítulo, apresentam-se as

conclusões e recomendações e, no final, as referências bibliográficas, apêndices e

anexos.

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72

4.1 Técnica da Pesquisa - Estudo de Caso Essa seção discorre sobre a principal técnica utilizada para abordar o problema, se

adequando ao objetivo da investigação, por se tratar de uma forma de transferência

do conhecimento. Segundo Oliveira (2005:61), estudo de caso é uma técnica

eclética de investigação que, nesse caso, se ajusta as necessidades desse trabalho

quando busca recuperar evidências acerca do fenômeno social da transferência de

tecnologias agrícolas, permitindo fazer generalizações, o que facilita a compreensão

dos elementos explanatórios e da realidade investigada.

No decorrer da pesquisa foram usadas técnicas exploratórias, descritivas e

explicativas, para complementarmente, contribuírem na análise de uma parcela do

processo de transferência de tecnologias e conhecimentos agrícolas da Embrapa

Semi-Árido no período de 2001 a 2005, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Essa

análise se apóia, essencialmente, na opinião e em relato dos pequenos produtores

rurais dos perímetros públicos irrigados Senador Nilo Coelho e Mandacaru. Segundo

Vergara (2005:47):

A investigação explicativa tem como principal objetivo tornar algo

inteligível e justif icar-lhe os motivos. Visa, portanto, esclarecer fatores

que contribuem, de alguma forma, para a ocorrência de determinado

fenômeno. Por exemplo: as razões do sucesso de determinado

empreendimento. Pressupõe pesquisa descritiva como base para

suas explicações.

Para levantamento dos dados primários, foram aplicados 48 (quarenta e oito)

questionários no distrito de irrigação Senador Nilo Coelho, para uma população de

1.348 pequenos produtores e 26 (vinte e seis) no distrito de irrigação de Mandacaru,

para um população de 54 (cinqüenta e quatro) pequenos produtores, totalizando

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73

uma aplicação de 74 (setenta e quatro) questionários. Os indicadores que avaliam o

processo de transferência de tecnologias são de qualidade e quantidade.

O indicador de qualidade verifica, por meio de entrevista, a percepção da imagem

das tecnologias da Embrapa Semi-Árido. Os indicadores de quantidade são

específicos e procuram identificar e mensurar o nível de adoção dessas tecnologias

nos sistemas de produção de seis culturas frutícolas.

4.2 Observação “in-loco” aos Distritos Nilo Coelho e Mandacaru O objetivo das visitas realizadas nos dias 5 e 6 de abril de 2006, à Embrapa Semi-

Árido e aos perímetros irrigados de Bebedouro, Senador Nilo Coelho e Mandacaru,

foi nivelar o conhecimento empírico do autor com o saber acadêmico do orientador.

Conta-se, em parte, com o conhecimento “lato” da realidade pesquisada, tendo em

vista que o autor conhece o pólo há mais de 40 (quarenta) anos. Esta ação é um

esforço acadêmico, no sentido de aproximar e harmonizar conhecimentos teóricos

com experiência, na perspectiva de obter melhores resultados nas análises dessa

dissertação. No dia 05.04.2006, reuniram-se orientador acadêmico e o Chefe Geral

da Embrapa Semi-Árido, quando se debateu sobre objetivos do trabalho. Em

seguida, foi apresentado ao orientador um vídeo demonstrando a missão e

principais projetos agropecuários da Embrapa Semi-Árido, dentre outros temas

ligados à transferência de tecnologias do agronegócio de frutas e do contexto

econômico do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. No período vespertino do mesmo dia,

na companhia de um pesquisador da Embrapa Semi-Árido, autor e orientador

visitaram o perímetro público irrigado de Bebedouro, averiguando a possibilidade de

incluir esse perímetro nas análises.

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74

No dia 06.04.2006 no período matutino, a comitiva se dirigiu ao distrito de irrigação

Senador Nilo Coelho, sendo recebida por gestores do projeto, oportunidade em que

os gestores do distrito explanaram sobre o histórico, características técnicas e

administrativas daquela área de produção de frutas. Foi entregue aos visitantes um

documento síntese explicando aspectos da infra-estrutura do projeto e da produção

de frutas.

No período da tarde do mesmo dia, os pesquisadores foram ao distrito de irrigação

de Mandacaru - DIMAND, sendo recebidos por seus dirigentes. Explicado à Diretoria

do DIMAND sobre a razão da presença dos pesquisadores, a mesma discorreu

sobre a situação socioeconômica do distrito de irrigação e entregou documento

sobre o perfil dos produtores, da qualidade e do quantitativo das terras do distrito de

irrigação.

Essa visita é o embrião da pesquisa de campo que levantou e comparou dados e

informações sobre os pequenos produtores rurais dos perímetros públicos irrigados.

O contato com dirigentes dos distritos de irrigação teve o propósito de conhecê-los e

agendar datas para aplicação dos questionários junto aos pequenos produtores de

manga, uva, coco, banana, acerola e goiaba.

No decorrer das análises e no tratamento dos dados primários e secundários e na

elaboração dos gráficos, quadros, mapas e textos foram realizadas mais cinco visita

ao local de observação do estudo de caso, pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, para

ajustar observações empíricas com o referencial teórico, com o modelo teórico

definido para delimitação da abordagem da área estudada.

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4.3 Delimitação do Escopo da Pesquisa A observação dessa dissertação está circunscrita à atuação de uma parcela do

processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e Inovações da Embrapa

Semi-Árido nos últimos cinco anos junto aos pequenos produtores de frutas dos

distritos de irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru.

A metodologia que guia a investigação está relacionada com a epistemologia, tendo

em vista que se investiga a transferência de um tipo de conhecimento (VERGARA,

2005:12). A identificação das evidências e a aplicação dos indicadores estão

associadas às ciências sociais e fazem parte da técnica denominada estudo de

caso, tendo em vista sua eclética atuação (VERGARA; YIN, 2005).

As unidades observadas são os pequenos produtores rurais de frutas, considerando-

se assim, aqueles que tenham lotes produzindo com dimensões entre um e oito

hectares, independente da localização do núcleo em que estejam situados.

Os distritos de irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho, tendo em vista o

volume de produção agrícola e resultados econômicos, foram escolhidos como

amostras para esse trabalho entre os demais perímetros do pólo por permitir

inferências quantitativas e qualitativas sobre os processos agrícolas ali executados.

A técnica estudo de caso permite a aplicação de instrumentos como: questionários

semi-estruturados, realização de entrevistas, revisão da literatura, pesquisa

documental e observações “in loco” para se recuperar eventos do processo aqui

observado (YIN, 2005). O questionário semi-estruturado aplicado aos pequenos

produtores rurais, é apresentado como Apêndice A no final desse trabalho e a

entrevista está transcrita no quinto capítulo. A entrevista dá precisão ao fenômeno

observado e a análise do discurso traz aspectos subjacentes próprios das pessoas;

por isso utilizam-se nesse trabalho técnicas dos métodos quantitativo e qualitativo.

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Essa perspectiva se aproxima da hermenêutica e da dialética sugerida por Oliveira

(2005), no sentido de que um método não exclui o outro, no entanto, eles se

complementam para trazer à tona possibilidades de aferição da realidade.

4.4 Os Distritos de Irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru O propósito dessa seção é descrever características técnicas, localização e

produção dos dois distritos de irrigação analisados. O primeiro descrito é o distrito de

irrigação Senador Nilo Coelho. Segundo Silva (2001), os projetos de irrigação

lançaram-se no ramo da fruticultura, que se tornou quase uma especialização desse

território, contribuindo para mudanças na estrutura econômica local e criando uma

nova organização territorial da produção agrícola.

A região do Submédio14 sanfranciscano como um todo, tem cerca de 100 mil

hectares irrigados, apresenta mais de um terço dessa área ocupada com fruticultura,

se destacando o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, com 31,0 mil hectares ocupados

com as culturas de manga, uva, banana, coco, goiaba, maracujá e acerola, dentre

outras.

Desse total, segundo dados da Codevasf (1995), 20,8 mil hectares estão situados

dentro dos perímetros públicos de irrigação, que correspondem a 67% da área

cultivada com fruticultura na região do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA (Mapa 3).

14 O Submédio São Francisco é uma das quatro regiões f is iográf icas do Vale do rio São Francisco e abrange áreas dos Estados da Bahia e de Pernambuco, que se estendem desde o município de Remanso até Paulo Af onso, na Bahia. É nesse trecho que está inserido o pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, cuja territorialidade inclui, também, os municípios baianos de Curaçá, Sobradinho, Casa Nova e, no lado pernambucano, Lagoa Grande e Santa Maria da Boa Vista. Marcada pela presença das empresas de produção e exportação de frutas “in natura”, a “região” do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA aqui considerada, na percepção dos agentes sociais locais e externos, identif ica-se atualmente muito mais como território de inf luência do eixo econômico formado pela fruticultura irrigada do que propriamente como um “pólo agroindustrial” do imaginário dos órgãos de desenv olv imento regional (SILVA, 2001).

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77

Mapa 3 - Localização Geográfica do Pólo Petrolina/Juazeiro.

BAHIA

PIAUÍ

PERNAMBUCO

Juazeiro

Petrol ina

44°W

44°W

43°W

43°W

42°W

42°W

41°W

41°W

40°W

40°W

39°W

39°W

11°S 11°S

10°S 10°S

9°S 9°S

LEGENDA

RIO SÃO FRANCISCO

MUNICÍPIOS SEDE DO POLO PETROLINA/JUAZEIRO

LIMIT E INTERESTADUAL

POLO PET ROLINA/JUAZEIRO0 70 140 21035

km

Fonte: IBGE, 2001.

O Submédio sanfranciscano, segundo dados do distrito de irrigação Senador Nilo

Coelho – DISNC apresenta um clima semi-árido tropical, área irrigável de 220.000

ha, altitude de 365 metros, temperatura média de 26ºC, umidade relativa de 50%

(cinqüenta por cento), precipitação média de 400 mm/ano, 300 dias de sol/ano,

insolação de 3.000 horas/ano e evaporação média de 2.000 mm/ano. O distrito de

irrigação Senador Nilo Coelho tem uma área de 40.763 ha e uma área irrigável de

20.388 ha dividido em 11 (onze) núcleos de assentamentos (SOUZA, 2001).

A captação da água utilizada para irrigação no distrito Senador Nilo Coelho é feita no

dique “B” da barragem de Sobradinho de propriedade da Companhia Hidroelétrica

do São Francisco – Chesf e o distrito está localizado na margem esquerda do rio

São Francisco, no município de Petrolina-PE (latitude 09º 09’ S, longitude 40º 22’ W)

e tem sua área irrigável iniciando no município de Casa Nova-BA.

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Mapa 4 - Locais de Aplicação do Questionário.

!.

!.

BR-4 07

BR-235

BA-210

BR-1

22/B

R-42

8

BR-210

BA-210

Juazeiro

Petrolina

40°40'0"W

40°40'0"W

40°35'0"W

40°35'0"W

40°30'0"W

40°30'0"W

40°25'0"W

40°25'0"W

9°25'0"S 9°25'0"S

9°20'0"S 9°20'0"S

9°15'0"S 9°15'0"S

LEGENDA

!. SEDE MUNICIPAL

LOCAIS DE APLICAÇÃO DOS QUESTIONÁRIOSMANDACARU

NILO COELHO

RODOVIA PAVIMENTADA

ÁREA IRRIGADA

ÁREA URBANA

ILHAS

RIO SÃO FRANCISCO

0 1 2 30.5km

Fonte: IBGE, 2001.

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79

Na estação de bombeamento principal – EBP, a vazão é de 23,2 m³/s. e a água

percorre 62 km no canal principal e mais 62,2 km em canais secundários para

abastecer 32 estações secundárias, fornecendo água para áreas irrigadas do distrito

de irrigação Senador Nilo Coelho. A partir de 1999, foram automatizadas as

primeiras estações de bombeamento, facilitando o controle e operação por meio de

computadores. Segundo Vital e Marques (2006), o cultivo irrigado requer certa

prática dos produtores quanto à maneira de fazer, o que pode vir da tradição ou do

aprendizado. Técnicas de irrigação mais recentes com o emprego de equipamentos

modernos (...) requer que os agricultores tenham certo treinamento, daí a presença

de perímetros irrigados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, pois o mesmo dispõe de

um sistema adequado de capacitação na área agrícola. O Quadro 2, indica que no

Nilo Coelho, atualmente se destaca a produção de uva com uma área de 2.666,05

ha; a manga com 6.659,86 ha; a goiaba com 2.063,44 ha; a acerola com 811,80 ha;

a banana com 1.454,31 ha e o coco com 1.330,97 hectares plantados, gerando

100.000 empregos, entre diretos e indiretos no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA,

porém no total são plantadas 52 (cinqüenta e duas) culturas (CODEVASF, 2005).

Quadro 2 - Produtiv idade do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho.

DISNC/Maria Tereza Áreas Plantadas (ha) SET/2005

Culturas Nilo Coelho Maria Tereza Área Total Produtividade

(t/ha/ano) Acerola 811,80 46,94 858,74 20,00

Banana 1.454,31 975,14 2.429,45 25,00

Coco 1.330,97 188,28 1.519,25 40.000 und./ha

Goiaba 2.063,44 634,66 2.698,10 25,00

Manga 6.659,86 985,13 7.644,99 25,00

Uva 2.666,05 666,43 3.332,48 20,00

TOTAL GERAL 14.986,43 3.496,58 18.483,01 Fonte: Codevasf, 2005.

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As seis culturas utilizadas para a análise desse trabalho demonstram um bom índice

de produtividade, ratificando o critério de eficiência e produtividade utilizado para

escolha das áreas de observação. O cálculo para determinação da amostra dos

pequenos produtores do DISNC para aplicação dos questionários de pesquisa partiu

da Tabela 4, que informa existirem 1.384 pequenos produtores de frutas no DISNC.

Tabela 4 - Ocupação Espacial do Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho.

Categor ia Nilo Coelho Maria Tereza Total Área Média

nº. 31 10 41 Grandes Empresas ha 4.704,08 696,94 5.401,02

Acima de 50,00 ha

nº. 55 37 92 Médias Empresas ha 1.743,19 1.307,18 3.050,37

20,01 a 50,00 ha

nº. 195 20 215 Pequenas Empresas ha 2.048,83 253,03 2.301,86

7,10 a 20,00 ha

nº. 1.384 544 1.928 Pequenos Produtores ha 8.621.33 2.953,68 11.575,01

Menor que 7,00 ha

Fonte: Codevasf, 2005.

Para determinação da amostra do perímetro irrigado Senador Nilo Coelho, os

cálculos realizados indicaram uma aplicação de 48 (quarenta e oito) questionários,

para garantir uma margem de confiança de 90% (noventa por cento) com desvio

padrão de 1,64² para + (mais) ou para – (menos) e erro máximo que a amostra

suporta igual a 7².

Além disso, estimou-se que 90% (noventa por cento) dos pequenos produtores

rurais dos dois distritos de irrigação conhecem e que 10% (dez por cento) não

conhecem as tecnologias, conhecimentos e inovações da Embrapa Semi-Árido.

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81

O mesmo procedimento matemático foi aplicado para o distrito de irrigação de

Mandacaru, tendo em vista uma população de 54 (cinqüenta e quatro) pequenos

produtores rurais, tendo o resultado indicado uma aplicação de 26 (vinte e seis)

questionários.

Conforme a aplicação da Fórmula 1, para um universo finito com amostragem

aleatória simples, a aplicação para os dois distritos de irrigação, deve corresponder a

duas amostras distintas.

qpN

Nqpn

E ××+−

×××=

σσ

22

2

)1(

onde: n = Tamanho da amostra;

σ² = Nível de confiança escolhido em números de desvios (sigmas);

p = Proporção da característica que se conhece no universo pesquisado, calculada

em percentagem;

q = Proporção do universo que não possui a característica pesquisada (q = 1 - p);

Em percentagem (q = 100 - p);

N = Tamanho da população;

E² = Erro máximo permitido.

Fórmula 1 - usada para determinação de amostras em universos finitos

Fonte: UFSC, 1999.

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82

Valores atribuídos para determinar as amostras desta pesquisa: σ² = 1.64² (este valor representa um nível de confiança igual a 90%);

p = Estimação da quantidade de pequenos produtores que conhecem as tecnologias

da Embrapa Semi-Árido = 90%;

q = Estimação da quantidade de pequenos produtores que não conhecem as

tecnologias da Embrapa Semi-Árido = 10%;

N = quantidade da população pesquisada: Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho:

1.384 produtores; Distrito de Irrigação de Mandacaru: 54 produtores;

E² = 7² (erro máximo admitido na pesquisa).

O perímetro de irrigação de Mandacaru foi o primeiro a ser implantado em Juazeiro

da Bahia e está localizado na margem direita do rio São Francisco. Nesse perímetro,

os serviços de captação e distribuição da água são realizados pelo Distrito de

Irrigação de Mandacaru - DIMAND (CODEVASF, 2005).

Além da organização que administra a água no perímetro, existe outra com o intuito

de melhorar o processo de comercialização dos produtos de seus associados no

perímetro: a Cooperativa Agrícola Mista dos Produtores Irrigantes do Mandacaru -

CAMPIM. Apesar das dificuldades que vêm caracterizando a atuação das

cooperativas nos perímetros irrigados, as mesmas conseguem subsistir, estando

numa fase de reordenação administrativa.

A Assistência Técnica e Extensão Rural - ATER dá suporte do ponto de vista das

informações sobre comercialização, levando agentes de venda ao mercado para

discutirem com representantes da cooperativa, objetivando ampliar a atuação da

mesma na comercialização. O principal apoio da ATER é no sentido de motivar os

associados, visando reestruturar a cooperativa, de forma que a mesma funcione

efetivamente em benefício dos associados.

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83

Pode-se observar que culturas perenes se destacam, em especial, a manga que

vem aumentando a área cultivada e produção em 90% (noventa por cento) nos

últimos cinco anos. A banana-maçã tem se destacada pelos seus resultados

econômicos e agronômicos despontando como ótima alternativa de cultivo no pólo

Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Apesar de não ser o foco desse trabalho, apresenta-se o

Quadro 3 e o Gráfico 1 com dados sobre o desempenho econômico do

perímetro de irrigação de Mandacaru, demonstrando sua situação de produção

referente ao ano de 2005.

Quadro 3 - Situação Econômica do Perímetro de Mandacaru em 2005.

Cultura Área

Rema-nescente

Área cultiv ada

(ha)

Área colhida

(ha)

Produção (t)

Produti-vidade (t/ha)

Preço médio (R$/kg)

Valor da Produção

(R$)

Área em f ormação

(ha)

Área total (ha)

Perenes 187,85 203,73 147,83 1.546,10 - - 859.376,00 54,20 203,73 Manga 126,2 125,70 87,60 851,9 9,7 0,58 495.805,00 36,40 125,70 Coco 11,50 10,00 10,00 61,0 6,1 0,32 19.236,00 - 10,00

Maracujá 14,60 26,50 20,20 215,9 10,7 0,71 152.438,00 6,30 26,50

Banana 6,50 16,33 11,93 91,6 7,7 1,22 111.525,00 4,40 16,33

Mamão 3,90 7,00 4,40 200,9 45,7 0,19 39.042,00 2,60 7,00

Caju - 0,50 - - - - - 0,50 0,50

Goiaba 23,45 16,50 12,50 121,3 9,7 0,31 38.180,00 4,00 16,50

Pinha 1,70 1,20 1,20 3,5 2,9 0,90 3.150,00 - 1,20

Temporárias 50,50 100,30 202,50 2.674,50 - - 1.133.225,00 44,70 247,20 Feijão - 8,00 38,90 52,2 1,3 1,51 78.990,00 4,00 42,90

Melão 14,00 47,00 101,70 1.596,1 15,7 0,38 610.692,00 33,70 135,40 Acerola 6,00 4,00 4,00 110,0 27,5 0,55 60.205,00 - 4,00

Cebola 30,50 41,00 57,60 910,2 15,8 0,42 382.738,00 7,00 64,60

Pepino - 0,30 0,30 6,0 20,0 0,10 600,00 - 0,30

TOTAL 238,35 304,03 350,33 4.220,60 - - 1.992.601,00 98,90 445,03 Fonte: Codevasf, 2005.

A arrecadação com venda da produção do DIMAND em 2005 foi de R$ 1.992.601,00

(um milhão novecentos e noventa e dois mil e seiscentos e um reais), representando

um aumento de 22% (vinte e dois por cento) em relação aos últimos cinco anos,

apesar da redução de 15% (quinze por cento) da área cultivada.

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84

Gráfico 1 - Renda do Perímetro de Mandacaru de 2000 a 2005.

Fonte: Codevasf, 2005.

Quanto à infra-estrutura de serviços sociais do distrito de Mandacaru, percebe-se

que as necessidades dos familiares e dos pequenos produtores são parcialmente

atendidas por meio de atendimentos realizados no próprio local de residência.

Essa infra-estrutura se estabeleceu a partir do ano de 1973, quando da implantação

dos primeiros lotes agrícolas. Atualmente, ocorrem periodicamente eventos culturais

que envolvem toda a comunidade, a exemplo da festa do colono, que é realizada

anualmente, comemorando a safra e a colheita das frutas. A ausência de creche é

um fator impeditivo para que as mulheres dos produtores possam trabalhar fora de

casa ( Tabela 5).

Tabela 5 - Estrutura Social do Perímetro de Mandacaru.

Estrutura Social do Distrito de Irrigação de Mandacaru Valores

Centro Social 1 Igreja 1

Escola de 1º Grau 1 Posto Telefônico 1

Núcleo Habitacional 1 Creche -

Posto Médico 1 Fonte: Codevasf, 2005.

-

500.00 0,00

1.000.0 00,00

1.500.0 00,00

2.000.0 00,00

2.500.0 00,00

2000 2001 2002 2003 2004 2005

Val

or

brut

o da

pro

duç

ão (

$)

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85

Comparando-se a infra-estrutura técnica dos dois distritos de irrigação analisados,

percebe-se, a priori, que a estrutura do distrito de irrigação de Mandacaru é

relativamente menor ( Quadro 4) que a estrutura do distrito do Nilo Coelho.

Analisando o volume de captação de água de irrigação dos dois distritos, percebe-se

que o distrito de irrigação Senador Nilo Coelho tem uma captação superior a do

distrito de irrigação de Mandacaru. Isto proporciona ao leitor uma visão da sua

importância em função da magnitude de extensão, produção, diversidade de culturas

agrícolas e quantidade de empregos e renda gerados.

Os dois distritos têm importância relativa para a economia e para o agronegócio do

pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, sem deixar de ser duas realidades distintas com os

mesmos problemas sociais e de infra-estrutura de produção.

Quadro 4 - Estrutura Técnica do Distrito de Irrigação de Mandacaru. Características da Estrutura de Irrigação do Distrito de Mandacaru Valores

Estação de bombeamento (und.) 1,0 Conjunto de bombas 2

Vazão máxima (m3/h) 2.600

Número de adutoras 1,0

Diâmetro da adutora (mm) 800

Extensão (m) 500

Altura Manométrica Total (AMT) (mca) 28,8

Rede de irrigação (km) 24 Rede de drenagem (km) 30 Rede viár ia (km) 17

Reservatório de acúmulo (quantidade e volume) 10.000m3

Fonte: Codevasf, 2005.

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4.5 O Universo e as Amostras No pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA, atualmente estão em funcionamento sete

perímetros públicos de irrigação: 1) Bebedouro; 2) Senador Nilo Coelho e sua

extensão; 3) Maria Tereza em Petrolina-PE; 4) Curaçá; 5) Maniçoba; 6) Tourão e 7)

Mandacaru em Juazeiro-BA, Codevasf (1998) apud Marinozzi e Correia (1999).

Nestes distritos de irrigação, são cultivadas fruteiras perenes e culturas de ciclo

curto, tendo como principais fontes hídricas o rio São Francisco e o seu afluente - o

rio Salitre. Este é o universo dessa pesquisa, enquanto que a amostra está

delimitada por dois perímetros públicos irrigados: o de Mandacaru e Senador Nilo

Coelho, os quais foram escolhidos por critério de eficiência econômica e por

representatividade dentro do conjunto dos sete distritos irrigados do pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA.

De acordo com critérios da direção dos dois distritos de irrigação, entende-se, para

efeito desse trabalho, como pequeno produtor de frutas, aquele que tenha lote com

tamanho até oito hectares. Foram encontrados poucos lotes com até 12 (doze)

hectares, o que não comprometeu os resultados da pesquisa, tendo em vista a baixa

representatividade desses números no universo observado. De forma geral, a

maioria das perguntas do questionário foram respondidas pelos pequenos

produtores. Poucas perguntas não se aplicaram a alguns produtores.

A receptividade dos técnicos da empresa que presta serviço de assistência técnica

nos dois distritos, Planejamento e Engenharia Agrícola Ltda. – PLANTEC e dos

pequenos produtores de frutas para com o autor, foi boa, demonstrando sempre

atenção e apreço. A aplicação dos questionários junto aos pequenos produtores de

frutas dos dois distritos escolhidos para levantamento dos dados está detalhada na

seção a seguir.

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4.6 Aplicação dos Questionários e Observação “in-loco” A aplicação dos questionários (Anexo A) realizou-se durante o mês de julho de 2006

nos locais inicialmente determinados e transcorreu dentro da normalidade possível.

No entanto, algumas limitações dificultaram a celeridade do processo, tendo em

vista prazos pré-estabelecidos junto às instituições de ensino e pesquisa as quais o

autor está vinculado.

Inicialmente, a execução da pesquisa de campo deu-se lentamente, por falta de

técnicos para acompanhar o autor no deslocamento para os núcleos de produção.

Essa dificuldade, aos poucos, foi sanada por meio de negociação com os gestores e

técnicos dos dois distritos de irrigação.

A observação “in-loco” e o diálogo com os pequenos produtores foram proveitosos,

pois além das anotações realizadas nos questionários, outras informações foram

colhidas sobre os processos de produção e sobre o dia-a-dia dos produtores com

relação ao distrito de irrigação, à Embrapa Semi-Árido e aos agentes de

financiamento agrícola de Petrolina-PE e Juazeiro-BA. Uma queixa generalizada

observada nos distritos de irrigação, é sobre o preço da água utilizada para irrigação

dos lotes, principalmente no distrito Senador Nilo Coelho.

Outro fato que se destaca na observação “in loco” e no contato pessoal no distrito de

irrigação Senador Nilo Coelho, é o desejo de produtores mais informados de criarem

cooperativas de crédito e de combustível (gasolina, diesel e álcool).

Segundo relato, apesar de ter havido tentativas neste sentido, surgem forças

contrárias, além da baixa conscientização associativista de alguns produtores,

agindo como fatores limitantes para fundação de entidades que possibilitem diminuir

custos de insumos de produção de maneira sistemática.

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Esses fatores não permitem que pequenos produtores formalizem entidades

associativista sem fins lucrativos para aquisição de combustível e concessão de

crédito. No entanto, o senso comum e trabalhos acadêmicos têm o distrito de

irrigação Senador Nilo Coelho, como um empreendimento de sucesso, todavia

análises mais aproximadas da realidade dos pequenos produtores de frutas indicam

que faltam ações de ordem estrutural e organizacional para se ter êxito de maneira

sustentável no DISNC.

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CAPÍTULO V Análise e Interpretação dos Dados

5.0 Perfil Socioeconômico dos Pequenos Produtores O objetivo desse capítulo é apresentar os resultados da pesquisa de campo

realizada durante o mês de julho de 2006, junto a 26 (vinte e seis) pequenos

produtores de frutas do distrito de irrigação de Mandacaru - DIMAND e a 48

(quarenta e oito) do distrito de irrigação Senador Nilo Coelho - DISNC.

Os resultados estão sumarizados por meio de gráficos, quadros, tabelas e textos

que descrevem opiniões e o perfil socioeconômico dos produtores e condições

relativas à posse, às dimensões dos lotes e à natureza da mão-de-obra empregada.

Traz, ainda, a atual percepção dos pequenos produtores sobre seis ações de

transferência aplicadas em seis tecnologias de produção em seis culturas frutícolas.

As informações foram obtidas por meio da aplicação de um questionário semi-

estruturado, previamente elaborado e testado para este fim.

No momento de abordar o entrevistado, um técnico vinculado a Planejamento e

Engenharia Agrícola Ltda. – PLANTEC, empresa que oferece assistência técnica

aos pequenos produtores rurais nos dois distritos de irrigação, explicava o objetivo

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90

dessa pesquisa, deixando o pequeno produtor informado para atender o

entrevistador. Os técnicos que acompanharam o entrevistador estiveram sempre

identificados, por meio de crachá funcional, quando se explicava o propósito da

intervenção junto aos pequenos produtores de frutas.

Foi informado pelo autor aos produtores o caráter acadêmico da pesquisa no intuito

de evitar dúvidas e possíveis especulações quanto à aplicação dos resultados.

Seguindo o “layout” do questionário da pesquisa de campo, a primeira parte dos

resultados procura identificar e demonstrar o perfil socioeconômico dos pequenos

produtores de frutas dos distritos de irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho.

É importante identificar o público para o qual se procura disseminar conhecimentos e

tecnologias, porque esta condição pode na maioria das vezes, determinar o sucesso

ou o fracasso da adoção de uma tecnologia em um sistema social. É por conta

dessa máxima encontrada na literatura do tema, que se buscou, inicialmente,

identificar o perfil dos pequenos produtores de frutas dos dois distritos de irrigação

aqui investigados.

Pela observação “in-loco” dos produtores e quando perguntados sobre seu estado

civil, muitos demonstraram satisfação pessoal em responder que eram casados e

que tinham filhos. A maioria dos pequenos produtores de frutas entrevistados se

considera ou são casados. No cômputo geral mais de 83% (oitenta e três por cento)

dos produtores entrevistados nos dois distritos, tem vínculo conjugal estável.

A Tabela 6 e o Gráfico 2, oferecem uma visão sobre o estado civil dos produtores

e esta informação tem sua importância, pois traz em perspectiva, o grau de

empenho em potencial dos pequenos produtores com os resultados econômicos dos

seus lotes.

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Tabela 6 - Estado Civil dos Pequenos Produtores.

ESTA DO CIV IL NILO COELHO MANDA CARU T O T A I S

% % %

CASADO 41 85,41 21 80,76 62 83,78

SOLTEIRO 05 10,41 02 7,69 07 9,45

VIÚVO - - 02 7,69 02 2,70

SEPARA DO 02 4,18 01 3,86 03 4,07

T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Gráfico 2 - Estado Civil dos Produtores.

ESTADO CIVIL

41

52

21

2 1 2

05

10152025

3035

4045

CASADO SOLTEIRO SEPARADO VIÚVO

NILO COELHO MANDACARU

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

A Tabela 7, juntamente com o Gráfico 3, demons tram a predom inância de pessoas

do gênero m asculino com o proprietários de lotes agrícolas nos dois dis tritos de

irrigação inves tigados .

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Tabela 7 - Gênero dos Pequenos Produtores.

G Ê N E R O MASCULINO FEMININO T O T A I S

% % %

NILO COELHO 47 97.92 01 2.08 48 100

MANDA CARU 25 96.15 01 3.85 26 100

T O T A I S 72 97,29 02 2,71 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Gráfico 3 - Percentual Geral de Gênero dos Pequenos Produtores.

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Segundo a literatura sobre o assunto, a presença m asculina na direção de

propriedades agrícolas no Nordes te do Bras il é um a realidade que se encontra

desde o início do século XX, o que se confirma nes ta intervenção (ALVES;

VALENTE JÚNIOR, 2006). Os dados encontrados por essa pesquisa se aproxim am

da literatura consultada, pois a maioria dos proprietários de lotes dos dois dis tritos

são do sexo m asculino. Apenas duas propriedades são dirigidas por pessoas do

sexo feminino. Um a m ulher em cada um dos dis tritos de irrigação dirige um lote.

97%

3 % masculino

feminino

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Do total dos 74 (setenta e quatro) pequenos produtores de frutas pesquisados no

pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, 97% (noventa e sete por cento) são do sexo

m asculino. Todavia, esse núm ero poderia sugerir um a realidade, que a observação

“in-loco” nos dois dis tritos de irrigação evidencia como não “verdadeira”, ou seja, a

ausência da presença feminina nos dis tritos . Pôde-se observar, durante a pesquisa

de campo, que a presença fem inina é um a cons tante nos lotes , principalm ente com o

m ão-de-obra empregada na cultura da acerola.

O local de nascim ento dos pequenos produtores dos perímetros irrigados de

Mandacaru e Nilo Coelho, Tabela 8, Gráfico 4 e Apêndices B e C, trazem um dado

intrigante, tendo em vis ta que não se encontrou nenhum produtor nos dois dis tritos

que tenha nascido no m unicípio de Juazeiro da Bahia. Percebe-se, pela lis ta de

cidades de local de nascim ento dos pequenos produtores dos dois dis tritos , que

todos eles são oriundos de m unicípios do Nordes te do Brasil, confirm ando assim a

condição de m igrantes .

Tabela 8 - Local de Nascimento dos Pequenos Produtores.

LOCAL DE NASCIMENTO PETROLINA-PE JUAZEIRO-BA OUTRAS LOCALIDADES TOTAIS

NILO COELHO 14 - 34 48

MANDACARU 01 - 25 26

T O T A I S 15 - 59 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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Gráfico 4 - Local de Nascimento dos Pequenos Produtores.

LOCAL DE NASCIMENTO

14

0

34

1 0

25

05

10152025303540

PETROLINA-PE JUAZEIRO-BA OUTRAS LOCALIDADES

NILO COELHO MANDACARU

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Na vila do dis trito de Mandacaru, apenas um produtor de frutas não reside próxim o

ao seu lote. Esse fato pode es tar associado à longevidade do dis trito, pois os

colonos com eçaram a chegar em 1973, portanto há m ais de 30 (trinta) anos .

Deduz-se que por es tarem há mais tem po no dis trito de irrigação, es te fato tenha

perm itido adquirir casa própria de qualidade. Isso sugere qualidade de vida dos

pequenos produtores de frutas . A Tabela 9 indica que a maioria dos pequenos

produtores dos dois dis tritos de irrigação m ora nos núcleos de assentam ento, bem

como que suas res idências são próprias .

Tabela 9 - Local de Residência dos Pequenos Produtores.

RESIDE NO PROJETO / CASA PRÓPRIA

MORA NO PROJETO CASA PRÓPRIA

P R O J E T O S SIM NÃO SIM NÃO

NILO COELHO 39 09 42 06

MANDACARU 25 01 25 01

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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A Tabela 10, evidencia um dos principais fatores de desequilíbrio social entre o rural

e o urbano no Nordes te do Brasil e a literatura consultada sobre o tema já assinala -

a baixa escolaridade dos pequenos produtores rurais do Nordes te, sugerindo que

es ta condição, juntam ente com outros fatores , interfere na produção e na

produtividade das culturas frutícolas . Adem ais , dificultam o desenvolvimento rural e

que tecnologias sejam adotadas de m aneira adequada nas propriedades

pesquisadas nos dois dis tritos de irrigação pesquisados .

Tabela 10 - Nív el de Escolaridade dos Produtores.

DISTRITOS DE IRRIGAÇÃO NILO COELHO MANDA CARU

E S C O L A R I D A D E % % T O T A I S

NENHUMA 03 6,25 01 3,8 04

FUNDAMENTAL INCOMPLETO 29 60,42 23 88,6 52

FUNDAMENTAL COMPLETO 03 6,25 - - 03

MÉDIO INCOMPLETO 03 6,25 01 3,8 04

MÉDIO COMPLETO 06 12,50 01 3,8 07

SUPERIOR INCOMPLETO 03 6,25 - - 03

SUPERIOR COMPLETO 01 2,08 - - 01

T O T A I S 48 100 26 100 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

De maneira geral, m ais de 70% (setenta por cento) dos pequenos produtores de

frutas dos dois dis tritos de irrigação têm escolaridade até o nível fundamental

incom pleto, tendo permanecido na escola entre um e cinco anos , sabendo ler e

escrever o suficiente para encaminhar o cotidiano.

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Porém a boa notícia é que exis tem poucos pequenos produtores analfabetos e há

alguns com nível superior incom pleto e com pleto em adminis tração e direito.

Ao contrário do que o senso comum sugere, os pequenos produtores praticam e

dem ons tram conhecer técnicas de cultivo e comercialização em nível suficiente para

adm inis trar seus lotes de m aneira satis fatória. Há bas tante conhecim ento tácito e

inform al entre os pequenos produtores de frutas e líderes naturais que são seguidos

em suas práticas agrícolas . Nos dois dis tritos de irrigação analisados , as práticas e

os conhecim entos agrícolas circulam em uma cadeia hierárquica inform al, de

m aneira que todos compartilham e usufruem do conjunto dos conhecim entos .

Havendo erros , são detectados e corrigidos . Observou-se que há mais qualidade

nos pom ares daqueles lotes em que o proprietário tem m elhor escolaridade form al,

principalmente pequenos produtores com form ação escolar em cursos agrícolas .

Melhor es trutura fís ica (galpões , casas de apoio, sis tem a de irrigação e latadas dos

pom ares de uva e maracujá), tratos culturais m elhor conduzidos e preocupação com

cus tos e despesas de insumos, com resultados da aplicação de agroquím icos e a

comercialização dos frutos , es tão presentes nos lotes que têm proprietários m ais

inform ados e melhor escolaridade ( Gráfico 5).

Todavia, os pequenos produtores de m enos ins trução e inform ação não dem ons tram

conhecim entos suficientes para avançar em term os de divers ificação da produção de

frutas , ou m esm o, para avaliar cus tos e despesas de insumos aplicados nos lotes .

Faltam -lhes conhecimentos elem entares sobre ges tão e planejam ento da produção

de frutas para poder acom panhar es tratégias de m ercado de m édio e/ou longo

prazo, principalmente sobre meios de com ercialização, o que comprom ete poss íveis

resultados agronôm icos sus tentáveis e satis fatórios economicam ente.

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Gráfico 5 - Escolaridade dos Pequenos Produtores.

ESCOLARIDADE

3 1

2923

3 03 16

13 01 00

10

20

30

40

NILO COELHO MANDACARU

NENHUMA FUND. INCOMPLETO

FUND. COMPLETO MÉDIO INCOMPLETO

MÉDIO COMPLETO SUPERIOR INCOMPLETO

SUPERIOR COMPLETO

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

As inform ações sobre longevidade dos perím etros encontradas no DIMAND e no

DISNC, se aproxim am do trabalho de Alves e Valente Júnior (2006) junto a 16

(dezesseis ) pólos de fruticultura do Nordes te bras ileiro durante os anos de 2004 e

2005, tendo com o base o ano de 2003. Outross im , as condições socioeconôm icas

dos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA não auxiliam

para que tecnologias e conhecim entos sejam adotados pelos m esmos.

Na prática, o emprego de tecnologias produzidas /adaptadas pela Em brapa Sem i-

Árido chega aos pequenos produtores de frutas de maneira com prom etida, a

exem plo da orientação sobre adubação química sugerida pela empresa de

assis tência técnica, raramente é realizada pelos pequenos produtores com o

orientado. Essas dificuldades técnicas e sociais têm origem nas políticas públicas do

passado e do presente e podem ser alteradas por meio de iniciativas que tragam

m elhorias na es trutura social, para que as pessoas que fazem os dis tritos de

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98

irrigação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, tenham acesso a educação e saúde

como fatores fundamentais para a revitalização do processo econôm ico da região.

A Tabela 11 indica a faixa etária dos pequenos produtores de frutas , e es ta é um a

variável im portante. A observação “in-loco” nos 74 (setenta e quatro) lotes evidencia

que a higidez fís ica dos pequenos produtores pode es tar associada ao nível de

qualidade de vários lotes (cercas , pomares e infra-es trutura m elhor conduzida) e

tam bém a qualidade e quantidade de frutas produzidas . No total, m ais de 59%

(cinqüenta e nove por cento) dos pequenos produtores de frutas dos dois dis tritos

es tão com idade entre 45 (quarenta e cinco) e mais de 61 (sessenta e um ) anos .

Outra leitura poss ível a partir dos dados da Tabela 11, é que no dis trito de irrigação

de Mandacaru em Juazeiro-BA, a pesquisa não encontrou pequenos produtores com

idade inferior aos 31 (trinta e um ) anos . Porém relativam ente é onde se encontra o

m aior número de pequenos produtores com idade entre 45 (quarenta e cinco) e 60

(sessenta) anos .

Tabela 11 - Faixa Etária dos Produtores.

IDADE DOS PRODUTORES

NILO COELHO MANDACARU DISTRITOS / FAIXA ETÁRIA

% % TOTAIS

DE 18 A 24 ANOS 02 4,17 - - 02

DE 25 A 31 ANOS 04 8,33 - - 04

DE 32 A 37 ANOS 08 16,67 02 7,69 10

DE 38 A 44 ANOS 11 22,92 03 11,54 14

DE 45 A 60 ANOS 10 20,83 12 46,15 22

DE 61 ANOS ACIMA 13 27,08 09 34,62 22

T O T A I S 48 100 26 100 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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Gráfico 6 - Faixa Etária dos Pequenos Produtores.

FAIXA ETÁRIA

2

4

8

1110

13

0 0

23

12

9

DE 18 A 24ANOS

DE 25 A 31ANOS

DE 32 A 27ANOS

DE 38 A 44ANOS

DE 45 A 60ANOS

DE 61 ANOSACIMA

NILO COELHO MANDACARU

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Os dados levantados pela pesquisa sugerem um a tendência para que os pequenos

produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA sejam casados , res idam nos

núcleos próximos aos lotes de produção, em casa própria, sejam do sexo m asculino,

com escolaridade fundam ental incompleta, idade superior a 45 (quarenta e cinco)

anos e que sejam m igrantes oriundos de pequenas cidades da região Nordes te.

Infelizm ente quanto aos dados socioeconôm icos , essa pesquisa se aproxim a e

corrobora com a literatura acadêm ica e rom anesca que versa sobre as condições de

vida das pessoas que m igram pelos es tados do Nordes te em busca de trabalho,

renda e terra. A seção seguinte trata das caracterís ticas fís icas dos lotes , da m aneira

como foram adquiridos , suas respectivas dimensões , quanto tem po o produtor o es tá

conduzindo, e localização nos dis tritos de irrigação, tendo em vis ta a im portância

dessas variáveis para o conjunto das ações de produção e adoção de tecnologias e

conhecim entos agrícolas em perímetros irrigados do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

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100

5.1 Características dos Lotes Es ta seção demons tra por meio de gráficos , tabelas e textos , as principais

caracterís ticas fís icas encontradas nos lotes dos pequenos produtores rurais dos

dis tritos de irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho. São apresentados ,

tam anho do lote, m aneira com o adquiriu o lote e o tempo em que o produtor es tá

trabalhando no lote, dentre outras variáveis .

Segundo Souza et. al. (2001), um a análise m ais detalhada de eficiência econôm ica

dos principais pólos frutícolas irrigados do Nordes te do Brasil, o tam anho do lote é

crucial para determ inar o sucesso de dis tritos irrigados . A razão m atem ática entre

área irrigada e área irrigável15 é fator determ inante para o êxito econôm ico de

perímetros frutícolas irrigados no Nordes te bras ileiro.

O tam anho m édio dos lotes que essa pesquisa encontrou no dis trito de irrigação de

Mandacaru é de sete hectares e para chegar a es ta dim ensão foi um processo que

passou pelo crivo dos próprios produtores , tendo em vis ta que o tam anho dos lotes

entregue inicialmente pela Suvale era de 15 (quinze) hectares .

Porém , o uso e o tem po dem ons traram que os pequenos produtores , juntam ente

com as suas fam ílias , não tinham condições fís icas e financeiras para tornar lotes de

15 (quinze) hectares produtivos e eficientes econom icam ente.

A partir dessa cons tatação os produtores convocaram a direção do dis trito e

sugeriram a divisão dos lotes de 15 (quinze) hectares em dois lotes de sete e meio

hectares , rem anejando o segundo lote para um terceiro produtor rural.

15 Área irrigáv el é representada pelo potencial de área agricultáv el que pode, ef etiv amente, ser cultiv ada por meio de sistemas de irrigação (SOUZA, et. al. 2001).

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Segundo declaração dos pequenos produtores do dis trito de irrigação de

Mandacaru, foi a partir dessa divisão, que os lotes daquele dis trito de irrigação

passaram a ser produtivos e com eçaram a pagar as despesas de im plantação.

A determ inação do tam anho dos lotes deixa aqui um indicativo para futuros

trabalhos teóricos e em píricos na área de reform a agrária, para que ressalvadas

contingências de ordem prática e de direito, ajude na definição do tam anho dos lotes

dis tribuídos para fam ílias sem terras em assentamentos no Nordes te do Brasil.

O dis trito de irrigação de Mandacaru apresenta relativam ente m ais produtores com

m ais tem po na condução dos lotes , por ser m ais antigo do que o dis trito de irrigação

Senador Nilo Coelho. No dis trito de irrigação de Mandacaru as atividades de

produção de frutas tiveram início em 1973, perfazendo 33 (trinta e três ) anos de

produção agrícola em 2006. A Tabela 12 e o Gráfico 7 trazem com m ais detalhes a

dis tribuição do tempo que os pequenos produtores es tão conduzindo seus lotes nos

dois dis tritos de irrigação analisados .

Tabela 12 - Tempo que os Produtores estão Conduzindo o Lote.

TEMPO QUE CONDUZ O LOTE

DISTRITOS NILO COELHO MANDACARU T O T A I S

TEMPO (ANOS) % % %

MENOS DE UM ANO 1 2,08 0 - 1 1,35

DE UM A DOIS 0 - 0 - 0 -

DE TRÊS A CINCO 0 - 1 3,85 1 1,35

DE SEIS A DEZ 5 10,42 1 3,85 6 8,12

DE ONZE A DEZENOVE 13 27,08 3 11,54 16 21,62

DE VINTE EM DIANTE 29 60,42 21 80,77 50 67,56

T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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Gráfico 7 - Tempo que o Produtor Conduz o Lote.

TEMPO NA CONDUÇÃO DO LOTE

01020304050607080

NILO COELHO MANDACARU TOTAL

MENOS DE UM ANO DE UM A DOIS ANOS

DE TRÊS A CINCO ANOS DE SEIS A DEZ ANOS

DE ONZE A DEZENOVE ANOS DE VINTE ANOS EM DIANTE

T O T A L

Fonte: Pesquisa Direta, 2006. A Tabela 13 e o Gráfico 8 demons tram que a maioria dos produtores tem lotes com

dim ensões entre cinco e 10 (dez) hectares . No dis trito de irrigação de Mandacaru,

alguns produtores com partilham seus lotes com pessoas do grupo familiar,

buscando m aior produção, produtividade e renda das culturas .

Tabela 13 - Tamanho dos Lotes em Hectares.

TAMANHO DO LOTE

NILO COELHO MANDACARU HECTARES

% % T O T A I S

DE UM A QUATRO 1 2,08 3 11,54 4

DE CINCO A SEIS 32 66,67 5 19,23 37

DE SETE A DEZ 15 31,25 16 61,54 31

DE ONZE A QUINZE 0 - 2 7,69 2

DE DEZESSEIS A VINTE 0 - 0 - 0

T O T A I S 48 100 26 100 74 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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Gráfico 8 - Tamanho dos Lotes em Hectares.

QUAL O TAMANHO DO LOTE?

0

5

10

15

20

25

30

35

UM A QUATROha

CINCO A SEIS ha SETE A DEZ ha ONZE A QUINZEha

DEZESSEIS AVINTE ha

NILO COELHO MANDACARU

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

A Tabela 14 e o Gráfico 9 cons tatam que a maioria dos pequenos produtores de

frutas adquiriu seus lotes por meio dos dis tritos e/ou cooperativa, esse fato gera um

vínculo de ges tão entre os produtores e a adm inis tração dos dis tritos de irrigação.

Gráfico 9 - M aneira Como Adquiriu o Lote.

COMO ADQUIRIU O LOTE?

010203040

NILO COELHO MANDACARU

ATRAVÉS DO DISTRITO DE IRRIGAÇÃO/COOPERATIVA

COMPROU DE TERCEIROS

RECEBEU DE HERANÇA

CEDIDO EM COMODATO

OUTRAS FORMAS

RECEBEU EM PAGAMENTO DE DÍVIDAS

Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.

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104

Esse vínculo permeia outras relações da adm inis tração dos dis tritos com os

pequenos produtores de frutas , nos dois dis tritos de irrigação. O principal insumo de

produção: a água; é m otivo de permanentes relações conflituosas . Segundo

declarações dos pequenos produtores , há dependência financeira, de ges tão e de

assis tência técnica, pois a água disponibilizada para irrigação das culturas pelos dois

dis tritos , em m uitos casos , determ ina a inadimplência dos pequenos produtores , haja

vis ta que o preço da água assum e a maior parcela no cus to total de produção das

frutas . Essa s ituação pode es tar associada a ingerências de caráter político-

partidário, tendo em vis ta que exis te um a es trutura de poder na organização e

ges tão das cadeias produtivas dos dis tritos de irrigação no pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA. Esse fato fragiliza econom icamente, principalmente os pequenos

produtores , perante a adminis tração do dis trito, dos dem ais produtores e não deixa

m argem para que os mesm os realizem um a adequada comercialização dos seus

produtos . Essa situação se aproxim a com as considerações de Batalha (2001) sobre

dependência na es trutura de poder exis tente ao longo das cadeias produtivas .

Tabela 14 - Maneira Como o Produtor Adquiriu o Lote.

COMO O LOTE FOI ADQUIRIDO

NILO

COELHO MANDACARU T O T A I S

DISTRITO DE IRRIGAÇÃO/COOPERATIVA 32 19 51

COMPROU DE TERCEIROS 15 5 20

RECEBEU DE HERANÇA 0 1 1

RECEBEU EM PAGAMENTO DE DÍVIDAS 0 0 0

CEDIDO EM COMODATO 1 0 1

OUTRAS FORMAS 0 1 1

T O T A I S 48 26 74 Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.

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Há ainda, baixo grau de cooperação interferindo na es trutura de produção, não

havendo condições claras para que os pequenos produtores de frutas adquiram

poder de barganha perante fornecedores , concorrentes e com pradores . No dis trito

de irrigação Senador Nilo Coelho, da m esma forma, a m aioria dos pequenos

produtores disse ter adquirido os lotes diretam ente do dis trito de irrigação, o que os

deixa por m uito tem po, em dívida financeira com o dis trito de irrigação. Não é raro

encontrar pequenos produtores de frutas pondo à venda o seu lote. No entanto, o

sentim ento geral entre os pequenos produtores no Nilo Coelho é que as relações

comerciais entre os m esm os , a adm inis tração do dis trito, a cooperativa e a Em brapa

Semi-Árido melhorem a partir de iniciativas de novas políticas públicas decorrentes

de ações do governo es tadual e federal. A Tabela 15 revela outro fato colocado

pelos pequenos produtores de frutas - o alto cus to de m ão-de-obra para o m anejo

das culturas . Muitos produtores afirm am ser difícil contratar trabalhadores , por não

disporem de recursos financeiros próprios ou financiados para essa tarefa. Esse fato

leva-os inevitavelm ente a fazerem uso de mão-de-obra fam iliar e/ou em mutirão

entre vizinhos .

Tabela 15 - Quantas Pessoas Prestam Serviço no Lote.

NÚMEROS DE PESSOAS QUE TRABALHAM NO LOTE

NILO COELHO MANDACARU T O T A I S PESSOAS

% % %

DE UMA A CINCO 12 25,00 18 30,76 30 40,54

DE SEIS A DEZ 25 52,08 3 11,53 28 37,83

DE ONZE A VINTE 7 14,58 3 11,53 10 13,52

DE VINTE UMA A TRINTA 1 2,08 0 - 1 1,35

DE TRINTA E UMA EM DIANTE 3 6,25 2 7,69 5 6,75

T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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É considerável o número de pessoas que chegam a trabalhar no auge da colheita ou

de outras atividades que requerem m ão-de-obra intens iva Gráfico 10), porém nem

todos são rem unerados e alguns trocam força de trabalho em rodízio entre vizinhos

de lotes . Há cooperação inform al entre os pequenos produtores , para suprirem essa

deficiência no m odelo de produção, principalm ente entre os que têm baixo

desem penho econômico. No dis trito de irrigação Senador Nilo Coelho, a proporção

de pessoas que pres tam serviço nos lotes é m aior, tendo em vis ta m elhores

resultados econôm icos relativos , principalm ente nas culturas da uva e da manga,

que dem andam m ão-de-obra intens iva. No dis trito de irrigação de Mandacaru,

pratica-se um a agricultura m ais fam iliar e no dis trito de irrigação Senador Nilo

Coelho, há um a produção m ais comercial voltada para a exportação.

Gráfico 10 - Quantas Pessoas Trabalham no Lote.

QUANTAS PESSOAS TRABALHAM NO LOTE?

12

18

25

3

7

33 21 00

5

10

15

20

25

30

NILO COELHO MANDACARU

DE UMA A CINCO DE SEIS A DEZ

DE ONZE A VINTE DE TRINTA E UMA EM DIANTE

DE VINTE E UMA A TRINTA

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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A Tabela 16 e o Gráfico 11 indicam que sempre há pessoas da família do produtor

trabalhando nos lotes, juntamente com a mão-de-obra contratada. Outras vezes são

pessoas amigas dos produtores que manejam as culturas frutícolas, determinando

em alguns casos, baixa qualificação técnica nos tratos culturais, tendo em vista que

o aprendizado de algumas práticas agrícolas é feito por tradição “de pai para filho”,

consolidando erros e acertos das práticas agrícolas. Encontrou-se, também,

parentes por adoção (genros, noras, sogros e sogras) fazendo parte do grupo

familiar e, consequentemente, ajudando no manejo dos lotes de seus parentes.

O sistema de aglomeração social dos distritos de irrigação e conseqüente aplicação

da força de trabalho determinam, em última análise, sistemas de redes sociais

informal, onde a tradição é o ponto forte na maneira de transmitir conhecimentos.

Tabela 16 - Pessoas da Família do Produtor que Trabalham no Lote.

PESSOAS DA FAMÍL IA QUE TRABALHA M NO LOTE

NIL O COEL HO MANDA CARU T O T A I S

% % %

NENHUMA 0 - 5 19,23 5 6,75

DE UMA A DUAS 16 33,33 18 69,24 34 45,96

DE TRÊS A CINCO 22 45,84 3 11,53 25 33,79

DE SEIS A NOV E 6 12,50 0 - 6 8,10

DE DEZ A DOZ E 4 8,33 0 - 4 5,40

MA IS DE DOZ E 0 - 0 - 0 -

T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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Gráfico 11 - Quantas Pessoas da Família do Produtor Trabalham no Lote.

QUANTAS PESSOAS DA FAMÍLIA TRABALHAM NO LOTE?

0

5

1618

22

36

0

4

00 00

5

10

15

20

25

NILO COELHO MANDACARU

NENHUMA DE UMA A DUAS DE TRÊS A CINCO

DE SEIS A NOVE DE DEZ A DOZE MAIS DE DOZE

Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.

Essa condição social baixa custo de mão-de-obra e de produção, tendo em vis ta que

nesses casos, dificilmente a força de trabalho é remunerada. Encontrou-se no

dis trito de irrigação Senador Nilo Coelho uma família com 11 (onze) filhos, todos do

sexo masculino, trabalhando na lida do lote juntamente com o pai.

Analisando-se os dados dessa seção sob a luz do modelo teórico do triangulo de

sábato, verifica-se que exis te um dis tanciamento formal nas relações dos pequenos

produtores e demais instituições do referido pólo. O número de participantes das

reuniões convocadas pelos dis tritos e associações é pequeno, só apresentando um

número razoável quando está em pauta assuntos de interesse financeiro para os

participantes. Esse fato pode está associado ao baixo nível de interação social e

cultural dos produtores com o contexto de produção. A visão dos mesmos sobre

produção e de lucro imediato. A produção não é percebida como um elemento de

desenvolvimento social para os pequenos produtores.

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Corroborando as observações “in-loco” sobre a força de trabalho encontrada nos

dois dis tritos de irrigação observados no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, a Tabela 17

demonstra exis tir um grande número de filhos res idindo com seus pais .

Tabela 17 - Número de Filhos que Residem com os Pais Produtores.

NILO COELHO MANDACARU NÚMERO DE FILHOS PRODUTOR NÚMERO DE FILHOS PRODUTOR

01 SEIS 01 SETE 02 NOVE 02 NOVE 03 QUATRO 03 QUATRO 04 SETE 04 UM 05 CINCO 06 UM 06 TRÊS 07 UM 07 DOIS 08 QUATRO 09 UM 10 DOIS 11 UM

Fonte: Pesquisa D ireta, 2006.

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5.2 Nível de Adoção de Tecnologias, Conhecimentos e Inovações Essa seção apresenta resultados dos níveis de adoção das tecnologias e

conhecimentos encontrados junto aos pequenos produtores de frutas dos dis tritos de

irrigação de Mandacaru e Senador Nilo Coelho, em Juazeiro-BA e Petrolina-PE

respectivamente. Outrossim, analisa-os sob a luz do modelo teórico do triangulo de

sábato, relacionando resultados com os três elementos que compõem o referido

triangulo, ou seja: Governo, Centros de Pesquisas e Desenvolvimento e Empresas.

A descrição dos resultados dessa seção é crucial para confirmar ou negar a hipótese

inicialmente colocada. A pergunta formulada aos pequenos produtores de frutas que

permitiu a construção da Tabela 18 foi: “... em que medida você percebe a

contribuição da Embrapa Semi-Árido para a fruticultura do pólo Petrolina-PE/

Juazeiro-BA?”.

Da amostra geral das 74 (setenta e quatro) respostas sumarizadas mediante a

aplicação dos questionários, mais de 40% (quarenta por cento), ou seja, 30 (trinta)

pequenos produtores do pólo disseram ser ‘grande’ a participação das tecnologias

da Embrapa Semi-Árido para as seis culturas frutícolas utilizadas como indicadores

quantitativos nesse trabalho.

Os indicadores quantitativos, juntamente com o indicador de imagem (entrevis ta),

evidenciam que na percepção dos pequenos produtores de frutas, as tecnologias da

Embrapa Semi-Árido têm grande contribuição para a fruticultura do pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA. Assim, se deduz uma grande participação da Embrapa Semi-Árido

no processo de produção e produtividade das seis frutas pesquisadas.

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111

Tabela 18 - Como os Pequenos Produtores Percebem a Contribuição da Embrapa Semi-Árido. CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO PARA A FRUTICUL TURA IRRRIGADA EM

PETROLINA-PE E JUAZEIRO-BA

NILO COELHO MANDACARU T O T A I S

% % %

MUITO GRANDE 1 2,08 1 3,84 2 2,70

GRANDE 16 33,33 14 53,84 30 40,54

NÃO TÃO GRANDE 14 29,16 7 26,92 21 28,37

PEQUENA 10 20,86 3 11,53 13 17,56

NÃO TÃO PEQUENA 0 - 0 - 0 -

MUITO PEQUENA 3 6,25 1 3,84 4 5,40

NENHUMA 4 8,33 0 - 4 5,40

T O T A I S 48 100 26 100 74 100 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Relativamente, a percepção dos pequenos produtores do dis trito de irrigação de

Mandacaru sobre a contribuição da Embrapa Semi-Árido para a fruticultura de

Petrolina-PE/Juazeiro-BA é maior do que a dos pequenos produtores do dis trito

Senador Nilo Coelho. Percebe-se, todavia, uma tendência negativa sobre a

contribuição investigada entre os pequenos produtores do Nilo Coelho, pois sete

disseram ser pequena ou não haver nenhuma contribuição.

À amostra do dis trito de Mandacaru é de 26 (vinte e seis) produtores, desse número,

14 (quatorze) disse ser ‘grande’, representando mais da metade da amostra, ou

seja, 53% (cinqüenta e três por cento) afirmam que a contribuição da Embrapa

Semi-Árido é representativo para o êxito econômico da fruticultura do pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA. A manga é a fruta mais plantada nos dois dis tritos de irrigação,

seguida de perto pela goiaba, com mais de 20% (vinte por cento) dos pequenos

produtores plantando essa fruta em seus lotes, apesar dos atuais problemas

fitossanitários na cultura da goiaba.

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112

Com o menor número de produtores plantando, encontra-se a uva, certamente por

envolver maiores custos e demandar maior imobilização financeira, sendo alto o

risco de perda econômica. No entanto, isso não s ignifica que a área plantada de uva

seja pequena, pelo contrário, é a segunda maior área cultivada no dis trito Senador

Nilo Coelho, com 2.666,05 hectares, em relação às demais culturas observadas.

Os valores encontrados confirmam que há poucos produtores plantando uva, porém

estes poucos têm áreas (ha) maiores em relação às outras cinco culturas

observadas. O Quadro 5 resume quantos pequenos produtores têm as culturas

pesquisadas plantadas em seus respectivos lotes.

Quadro 5 - Número de Produtores que Plantam as Culturas Pesquisadas. NILO COELHO MANDACARU T O T A L

CUL TURAS Produtores % Produtores % Produtores % Manga 34 22,66 18 46,15 52 27,51 Uva 15 10,00 - - 15 7,93 Banana 27 18,00 9 23,07 36 19,04 Acerola 23 15,33 2 5,12 25 13,22 Coco 16 10,66 6 15,38 22 11,64 Goiaba 35 23,33 4 10,25 39 20,63 T O T A I S 150 100 39 100 189 100

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

A Tabela 18, o Gráfico 12, o Gráfico 13 e o Gráfico 14 evidenciam que,

relativamente, os produtores do dis trito de irrigação de Mandacaru - DIMAND têm

uma percepção melhor sobre os conhecimentos, tecnologias e inovações da

Embrapa Semi-Árido relativamente aos pequenos produtores do dis trito de irrigação

Senador Nilo Coelho - DISNC.

Esse fato pode estar associado à presença de uma estação experimental da

Embrapa Semi-Árido no DIMAND, lidando com experimentação de espécies

frutícolas desde o início das atividades do projeto em 1973, o que aproxima de

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113

maneira efetiva, tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido dos pequenos

produtores de frutas do dis trito de irrigação de Mandacaru.

Gráfico 12 - Contribuição da Embrapa Semi-Árido para Fruticultura em Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

QUAL A PARCELA DE CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO PARA A FRUTICULTURA DE PETROLINA-PE E JUAZEIRO-BA?

1 1 2

1614

30

14

7

21

10

3

13

3 144

04

0

5

10

15

20

25

30

35

NILO COELHO MANDACARU T O T A L

MUITO GRANDE GRANDE NÃO TÃO GRANDE PEQUENA

MUITO PEQUENA NENHUMA NÃO TÃO PEQUENA

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Atualmente, pequenos, médios e grandes produtores do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-

BA lidam com um problema comum - a presença do nematóide nas culturas da

goiaba e da acerola, principalmente, diminuindo a produção a produtividade e a

qualidade dessas duas culturas.

Os Gráficos 13 e 14 demonstram por meio de linhas a percepção que os pequenos

produtores dos dois distritos têm sobre a imagem da Embrapa Semi-Árido, em

relação a sua atuação nas cadeias produtivas das seis culturas analisadas.

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114

Gráfico 13 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DISNC em 07/2006.

CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA NO NILO COELHO

1

16

14

10

0

34

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

MUITOGRANDE

GRANDE NÃO TÃOGRANDE

PEQUENA NÃO TÃOPEQUENA

MUITOPEQUENA

NENHUMA

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

Gráfico 14 - Percepção da Imagem da Embrapa Semi-Árido no DIMAND em 07/2006.

CONTRIBUIÇÃO DA EMBRAPA NO MANDACARU

1

14

7

3

01

00

2

4

6

8

10

12

14

16

MUITOGRANDE

GRANDE NÃO TÃOGRANDE

PEQUENA NÃO TÃOPEQUENA

MUITOPEQUENA

NENHUMA

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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115

A Tabela 19 traz informações importantes para a averiguação da hipótese colocada

no segundo capítulo desse trabalho. Cruzam-se informações entre as tecnologias

aplicadas às seis culturas pesquisadas. A indução floral e sistemas de irrigação são

as duas tecnologias mais adotadas no Nilo Coelho, porém quando se observa a

terceira coluna, a qual informa sobre a cultura da goiabeira, percebe-se que essa

cultura é a que demanda maior nível de adoção do conjunto das tecnologias

analisadas. Os sistemas de irrigação (gotejamento e micro-aspersão) são aplicados

a todas as culturas de maneira intensiva, tendo em vista que a estrutura hídrica do

distrito Senador Nilo Coelho induz a adoção destas tecnologias, inclusive por razões

de racionalização do uso da água, o que promove menor custo do principal insumo

de produção, trazendo competitividade aos pequenos produtores. No Nilo Coelho, a

cultura do coco demonstra adotar menos tecnologias, utilizando apenas sistemas de

irrigação e fertirrigação, já que as duas tecnologias fazem uso do mesmo sistema de

abastecimento hídrico.

Tabela 19 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Nilo Coelho. TECNOLOGIAS E CULTURAS PRODUZIDAS/ADAP TADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

E APLICADAS AS CULTURAS NO NILO COELHO EM PETROLINA – PE

CULTURAS TECNOLOGIAS

UVA COCO GOIABA BANANA ACEROLA MANGA

FERTIRRIGAÇÃO 11 05 10 02 04 12

TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL (Mosca-da-Fruta) 03 0 03 0 0 10

PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

08 0 0 02 0 05

CONTROLE BIOLÓGICO 0 0 0 01 0 02

SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO (Gotejamento/Micro-aspersão)

12 10 25 13 15 27

INDUÇÃO FLORAL 0 0 0 0 0 31

T O T A L 34 15 38 18 19 87 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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116

A Tabela 20 pode induzir para análises menos nobres do que aquelas que têm sido

feitas sobre as tabelas anteriores. A ausência de valores na maior parte das células

dessa tabela evidencia que momentaneamente o distrito de irrigação de Mandacaru

está procurando se especializar na produção de manga.

Outra característica que está associada à ausência de valores na Tabela 20 é que a

irrigação aplicada à maior parte das culturas do distrito de Mandacaru é feita por

gravidade e sulcos. Essa característica de manejo dificulta e, às vezes, impede que

as demais tecnologias pesquisadas sejam adotadas pelos pequenos produtores de

frutas desse distrito. Porém, a indução floral, e a técnica do macho estéril têm boa

receptividade na condução da cultura da mangueira no distrito de Mandacaru.

Tabela 20 - Cruzamento de Tecnologias e Culturas no Mandacaru. TECNOLOGIAS E CULTURAS PRODUZIDAS/ADAP TADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

NO MANDACARU – JUAZEIRO – BA.

CULTURAS TECNOLOGIAS

UVA COCO GOIABA BANANA ACEROLA MANGA

FERTIRRIGAÇÃO - - - - - -

TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL (Mosca-da-Fruta)

- - - - 01 12

PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

- - - - - 01

CONTROLE BIOLÓGICO - - - - - 03

SISTEMAS DE IRRIGAÇÃO (Gotejamento/Micro-aspersão)

- - - - - -

INDUÇÃO FLORAL - - - - - 16

T O T A L - - - - 01 32 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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117

Segundo observação “in-loco” junto aos pequenos produtores de Mandacaru,

atualmente os mesmos estão erradicando culturas como o coco e a goiaba, por

razões fitossanitárias e econômicas e replantando suas áreas com acerola, tendo

em vista o interesse da agroindústria da região para a produção de derivados dessa

fruta. Os Anexos A e B desse trabalho, trazem a relação de eventos de transferência

de tecnologias realizados pela Embrapa Semi-Árido nos anos de 2004 e 2005,

dando uma dimensão da amplitude e da natureza das ações de transferência de

tecnologias e, principalmente, confirmando os resultados encontrados na pesquisa

de campo junto aos pequenos produtores de frutas. No distrito de Mandacaru

percebe-se que a manga tem a preferência da maioria dos pequenos produtores.

Encontrou-se 42 (quarenta e dois) produtores cultivando manga no DIMAND e 54

(cinqüenta e quatro) no DISNC. Bons resultados econômicos com a cultura de

manga no DIMAND (Quatro 3) têm incentivado pequenos produtores a manter essa

cultura em seus lotes. A Tabela 21 e a Tabela 22 mostram o desempenho de ações

de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido nos locais observados.

Tabela 21 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Nilo Coelho. CULTURAS E AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA REALIZADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO NO

NILO COELHO – PETROLINA – PE CULTURAS

AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA MANGA UVA BANANA ACEROLA COCO GOIABA

CURSO 15 11 10 04 06 12

PALESTRA 12 06 07 07 04 09

SEMINÁRIO 01 02 0 0 01 0

DIA DE CAMPO 19 09 14 06 11 17

VISITA TÉCNICA 05 05 02 01 02 03

UNIDADE DE OBSERVAÇÃO 02 01 01 0 0 01

T O T A L 54 34 34 18 24 42 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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118

Tabela 22 - Cruzamento de Culturas com Ações de Transferência no Mandacaru. CULTURAS E AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA REALIZADAS PELA

EMBRAPA SEMI-ÁRIDO NO MANDACARU

CULTURAS AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA

MANGA UVA BANANA ACEROLA COCO GOIABA

CURSO 6 - 1 - - 1

PALESTRA 14 1 8 1 5 4

SEMINÁRIO 1 - - - - -

DIA DE CAMPO 16 - 2 1 2 3

VISITA TÉCNICA 5 - 1 - 1 1

UNIDADE DE OBSERVAÇÃO - - - - - -

T O T A L 42 1 12 2 8 9 Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

O cruzamento de ações de transferência com tecnologias, Tabela 23 demonstra que

as ações de transferência: palestra, curso e dia de campo são mais utilizados para

transferir conhecimentos sobre tecnologias de sistemas de irrigação, fertirrigação e

produção integrada de frutas. A indução floral é uma tecnologia por demais aplicada

na cultura da mangueira, apresentando uma participação significativa no distrito de

irrigação Senador Nilo Coelho.

Tabela 23 - Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação Senador Nilo Coelho. NILO COELHO TECNOLOGIAS X AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA

TECNOLOGIAS/AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA Curso Palestra Seminário Dia de

Campo Visita

Técnica

Unidade de

Observação TOTAL

FERTIRRIGAÇÃO 11 9 1 12 1 3 37 TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL 4 8 - 4 1 - 17

PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS - PIF

12 12 1 9 3 - 37

CONTROLE BIOLÓGICO

3 5 - 1 0 - 9

SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 7 12 - 12 1 - 32

INDUÇÃO FLORAL 10 11 - 8 1 1 31 TOTAL GERAL 47 57 2 46 7 4 163

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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119

Tabela 24 – Ações de Transferência x Tecnologias no Distrito de Irrigação de Mandacaru. MANDACARU TECNOLOGIAS X AÇÕES DE TRANSFERÊNCIAS

TECNOLOGIAS/AÇÕES DE TRANSFERÊNCIAS Curso Palestra Seminário Dia de

Campo Visita

Técnica

Unidade de

Observação TOTAL

FERTIRRIGAÇÃO - 7 - - - - 7 TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL 1 11 - 4 - - 16

PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS - PIF

2 8 - 1 1 - 12

CONTROLE BIOLÓGICO

1 2 - - - - 3

SISTEMA DE IRRIGAÇÃO 1 8 - 1 - 10

INDUÇÃO FLORAL 1 8 - 05 - - 14 TOTAL GERAL 6 44 - 11 1 - 62

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

No distrito de irrigação de Mandacaru, como evidencia a Tabela 24, se sobressaem

às ações de transferência de tecnologias: palestras e dias de campo, aplicadas às

tecnologias da indução floral e a produção integrada de frutas. Esses dados

corroboram as observações da cultura da mangueira, quando cruzada com cultura e

ações de transferência de tecnologias - Tabela 22.

De maneira geral, as triangulações efetuadas com seis culturas x seis ações de

transferências x seis tecnologias agrícolas sugerem que os objetivos delimitados no

segundo capítulo foram atingidos, tendo em vista que os índices das respostas

apontam para uma situação aparentemente confortável de uma parcela do processo

de transferência de tecnologias da Embrapa Semi-Árido no pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA. Os dados quantitativos têm essa capacidade de sugeri que tudo

está bem. Porém o contato direto e as observações “in loco” nos lotes dos dois

distritos de irrigação, trazem o outro lado de uma mesma moeda. É a chamada

unidade dos contrários. É a observação sistemática que traduz a existência de vários

gargalos técnicos, sociais e estruturais nos dois distritos de irrigação investigados.

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120

5.3 Entrevista para Avaliação da Imagem da Embrapa Semi-Árido O propósito dessa seção é descrever a realização de uma entrevista, onde se

buscam evidências sobre a percepção que os produtores de frutas têm sobre a

imagem institucional do processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e

inovações da Embrapa Semi-Árido. Esta entrevista foi realizada no distrito de

irrigação de Mandacaru, na cidade de Juazeiro-BA.

O entrevistado é um pequeno produtor de frutas do distrito de irrigação de

Mandacaru que tem plantado manga, mamão, goiaba e acerola. A entrevista foi

agendada com a devida antecedência e as perguntas versaram sobre a atuação da

Embrapa Semi-Árido junto aos pequenos produtores de frutas de Mandacaru.

A técnica utilizada na entrevista é a desestruturada, a qual procura deixar o

entrevistado à vontade para expor sua opinião sobre o tema pesquisado. Encontra-

se em poder do autor uma fita K-7 com a gravação da entrevista que ora se

transcreve. A fala é do Sr. Pedro Gaudêncio da Silva, de 60 anos de idade, no dia

22/09/2006, com mais de 20 (vinte) anos conduzindo o lote número quatro do distrito

de irrigação de Mandacaru em Juazeiro da Bahia:

(Entrevistado) Bem, eu sou Pedro Gaudêncio da Silva, como eu... a

Mizael, tô aqui no pro jeto Mandacaru há 26 (vinte e seis) anos,

assumindo o lote agr ícola 04. Trabalhe i com muitas culturas como

cebola, tomate, me lão. Ho je tô praticamente com manga, três

hectares de manga, já com 11 (onze) anos de idade essa manga .

Tenho a parte de goiaba, meio hectare, tenho meio hectare de

banana, ela está nova porque foi plantada há um mês....nascida.

Tenho meio hectare de mamão já produzindo, também a primeir a

produção e tenho previsto plantar um hectare de acerola de contrato

com na Niagro de Petro lina- PE. ... A gente tem que d iversif icar as

culturas, porque quem tem dois tem um e quem tem um não

tem nada. Essa é a realidade.

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121

É.. ., com respeito à atuação da Embrapa no projeto Mandacaru eu

considero ótima (grifo nosso). Por quê? Porque sempre que a gente

precisa de (...) qualquer agricultor que precisa de opin iões dos

técnicos da Embrapa, são bem recebidos e são bem orientados por

eles. Nem sempre todos cumprem as orientações porque todo ser

humano é sempre assim, mas a gente tem que se conscientizar que

a gente nunca sabe tudo. O técnico tem ma is chances de fazer mais

coisas que a gente, porque a gente tem o conhecimento prático, mas

a teoria está além do nosso conhecimento (grifo nosso).

Comenta-se a frase do produtor: “... mas a teoria está além do nosso

conhecimento...”. Sendo apenas alfabetizado, o produtor tem a percepção de que o

conhecimento teórico traz oportunidades de produção. Nesse propósito, cita-se o

trabalho seminal de Edith Penrose (1959) apud Tigre (2006:42), que ensina sobre a

relação do conhecimento prático com a teoria, dizendo: “o conhecimento ocorre

tanto formalmente, através de transmissão escrita ou oral, como também por meio

do aprendizado prático”. Segundo Tigre (2006:42), Penrose (1959) antecipa assim a

importância do conhecimento tácito, que será crítico para a formulação de novas

teorias relativas à economia do conhecimento. Por essa descrição de Tigre (2006),

se associam o conhecimento tácito do produtor ao conhecimento teórico dos

técnicos, traduzindo-se em melhores resultados econômicos e agronômicos na

produção de frutas nos distritos de irrigação observados. Segue a transcrição da

entrevista do produtor Sr. Pedro Gaudêncio da Silva, presenteando este trabalho

com sabedoria, dizendo que:

(...) Sempre o técnico vai nos orientando com o me io de conduzir a

cultura, porque eu sei trabalhar, sei produzir, mas aparece pragas,

doenças que nós não temos o conhecimento próprio pra eliminar

aqueles problemas que vêm. E o técnico tem que está orientando a

gente como deve conduzir por isso eu considero a assistência da

Embrapa aqui no Mandacaru é ótima (grifo nosso). Alguém pode

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122

até criticar, porque o ser humano é sempre assim, mas ta lvez porque

não procura. Então, se você não procura o técnico, dif ic ilmente vai

ter solução pra orientar o lote de cada um. O próprio produtor é que

tem que procurar a assistência técnica, pra saber o que é que pode

resolver o problema do seu lote. Tem indução f loral. A gente faz

uma. ... vem aplica-se o produto... pra espécie e...90 (noventa) dias

após aplica-se o nitrato de cálcio que eu costumo fazer duas

aplicações com cálcio e continuo com o potássio. Graças a Deus te m

dado ‘leite ’ nas minhas aplicações que minha manga sempre foi

produzida, que eu chamo de bem, apesar da gente está trabalhando

com prob lemas porque hoje o pequeno agricultor não tem recursos

pra trabalhar, a gente está trabalhando com terceiros e em contrato

com o tempo, trabalho com meus f ilhos, mas é sempre terceiros.

En tão, a gente vem produzindo bem. Esse ano teve uns... que o

preço da manga caiu e a gente vendeu além do preço ruim e a inda

vendeu f iado e é aquele problema, mas o ano passado eu considero

bom. Eu produzi na primeira saf ra... eu tirei 84 (oitenta e quatro)

toneladas, vendi num preço ótimo porque eu comecei a vender a

R$1,10 (um real e dez centavos) e ter mine i vendendo o resto a R$

0,60 (sessenta centavos) então saiu uma méd ia boa e graças a Deus

eu consegui pagar o Banco do Nordeste. A minha manga hoje é

minha (...). Então, hoje a gente usa a técnica e vem dando certo.

Porque o ano passado eu colhi no primeiro trimestre, no mês de

março/abril foi 84 (oitenta e quatro) toneladas e no f inal do ano eu

colhi um pouquinho porque ela ‘f lorô’ praticamente natural e sem

aplicação e colhi mais 40 (quarenta) toneladas... então foi boa a

atuação... eu considero boa. Esse ano foi mais f raco por causa da

chuva que atrapalhou mu ita coisa. E eu to (...) o esquema vai estar

no... eu quero, dependendo do dia 05 a 10 de novembro (2006) eu

quero começar a aplicar a indução f loral e obter bom resultado.

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123

CAPÍTULO VI Conclusões e Recomendações

6.0 Conclusões Partiu-se do problema de averiguar quais são os níveis de adoção das tecnologias,

conhecimentos e inovações adotadas pelos pequenos produtores de frutas dos

distritos de irrigação Senador Nilo Coelho e Mandacaru. Em seguida, levantou-se a

hipótese que tecnologias, conhecimentos e inovações produzidas e/ou adaptadas

pela Embrapa Semi-Árido nos últimos anos, tenham contribuído para o êxito da

fruticultura em Petrolina-PE e Juazeiro-BA.

A técnica empregada na identificação das evidências que pudessem confirmar ou

negar os pressupostos inicialmente colocados é o estudo de caso, usando

elementos qualitativos e quantitativos e complementarmente técnicas exploratórias e

descritivas. O modelo teórico empregado para observação do pólo frutícola

denomina-se “Triângulo de Sábato”, tendo em seus vértices, os elementos: governo,

empresários e Centro de pesquisa. Esse modelo de inserção de inovações

tecnológicas em dado território foi desenvolvido pelo cientista argentino Jorge

Sábato, juntamente com Mário Botana (1968) e o mesmo se aproxima da realidade

do processo de produção no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

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124

Os dois cientistas perceberam que a presença dos três elementos: Centro de

pesquisa, governo e empresários e suas inter-relações em uma região, configuram-

se como fatores indispensáveis e essenciais para se ter êxito na adoção de

tecnologias e conhecimentos de maneira sustentável, em médio e longo prazos.

Analisou-se uma parcela do processo de transferência de tecnologias agrícolas de

um Centro de pesquisas da Embrapa, por meio de entrevistas, aplicação de

questionários, revisão da literatura e pesquisa documental para averiguar o

problema, dividindo-o em partes que pudessem indicar sua confirmação.

Os indicadores adotados para guiar essa pesquisa foram delimitados a seis

tecnologias de irrigação, aplicadas em seis culturas frutícolas associadas a seis

instrumentos de transferência de tecnologias - TT. Aplicados os instrumentos

metodológicos numa amostra de 74 (setenta e quatro) pequenos produtores nos

dois distritos de irrigação, os resultados encontrados indicam que a hipótese se

confirma em virtude das fortes evidências de adoção das tecnologias agrícolas da

Embrapa Semi-Árido nos dois distritos agrícolas. Os objetivos geral e específicos

estão alcançados, na medida em que os dados levantados indicam que as

tecnologias, conhecimentos e inovações contribuíram e contribuem para que as

culturas da manga, uva, banana coco, acerola e goiaba, tenham se estabelecido

como cadeias produtivas bem sucedidas nos mercados interno e externo de frutas

frescas. Encontraram-se também evidências quantitativas e qualitativas, que entre

as ações de transferência de tecnologias utilizadas pela Embrapa Semi-Árido, as

mais eficazes são: dia de campo e cursos. Essa confirmação sugere gestões

gerenciais no processo de transferência de tecnologias que tragam melhor eficácia

ao processo, tendo em vista racionalização de recursos e diminuição de custos.

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125

Observando-se os resultados dos indicadores quantitativos e a descrição da

entrevista, percebe-se uma forte convergência nas declarações dos pequenos

produtores dos dois distritos, em afirmar que a participação da Embrapa Semi-Árido,

é um elemento positivo na implantação e manutenção dos sistemas produtivos das

seis culturas frutícolas observadas.

Os resultados encontrados indicam que: a) os pequenos produtores dos distritos de

irrigação de Mandacaru e Nilo Coelho participam de maneira ativa das ações de

transferência de tecnologias - TT promovidas pela Embrapa Semi-Árido; b) os

pequenos produtores dos dois distritos de irrigação adotam as tecnologias agrícolas

difundidas pela Embrapa Semi-Árido em suas culturas frutícolas; c) estas

tecnologias e conhecimentos contribuíram e contribuem de maneira decisiva para o

desenvolvimento das cadeias frutícolas no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA; d) a

participação das seis tecnologias (indicadores) frutícolas da Embrapa Semi-Árido

nos processos produtivos é ‘grande’ ou ‘muito grande’; e ainda que, e) as ações de

transferência de tecnologias mais usadas pela Embrapa Semi-Árido para difundir

conhecimentos no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA são “dia de campo” e “curso”.

O somatório das respostas ‘grande’ com ‘muito grande’ perfaz mais de 60%

(sessenta por cento) dos respondentes pesquisados nos dois distritos. Estes

resultados demonstram claramente que a hipótese fica confirmada, e que o

problema inicialmente declarado nesta dissertação está equacionado, enquanto não

surjam novos fatores intervenientes no contexto observado.

Todavia, a observação “in loco” e o contato pessoal com produtores nos dois

distritos, evidenciam um baixo nível de políticas públicas que possibilite criar uma

infra-estrutura social e técnica, nas vilas e nos lotes, melhorando as condições de

vida e de trabalho. Linhas de financiamento para custeio da produção e manutenção

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126

da estrutura física dos lotes são ações solicitadas por todos. Porém, a visão dos

pequenos produtores sobre seus empreendimentos é imediatista, pois se voltam

eminentemente para resultados econômicos de curto prazo.

Todavia, a assistência técnica procura alertá-los para aspectos de médio e longo

prazo que dêem sustentabilidade econômica e ambiental aos lotes. A visão limitada

sobre o negócio, dificulta a adequada adoção de tecnologias agrícolas nos dois

distritos. Os produtores rurais são enfáticos ao afirmarem que a participação da

Embrapa Semi-Árido nos dois distritos é boa, mas que poderia ser melhor. A

presença do nematóide na goiabeira é citada como um caso não solucionado pela

maioria dos entrevistados, principalmente no distrito Senador Nilo Coelho.

Os procedimentos metodológicos indicam existir um grande problema na fruticultura

do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, chamado processo de comercialização dos

produtos agrícolas. Os pequenos produtores não têm conhecimentos suficientes

para lidar adequadamente com essa importante etapa da cadeia produtiva. Essa

realidade indica um espaço para futuras ações de capacitação sobre

comercialização e marketing. As cadeias produtivas não são compostas apenas por

produção. As três partes depois da produção: transformação alimentar, distribuição e

consumo são tão importantes quanto produzir. Nesse sentido a produção dos

pequenos produtores rurais se afasta muito do modelo teórico adotado nesse

trabalho. Segundo declaração do Sr. José Nilson Oliveira Gomes, proprietário do lote

612, indagado sobre a maior praga existente no distrito de irrigação Senador Nilo

Coelho, o produtor pontuou: “a maior praga da agricultura é a comercialização”. Essa

afirmação demonstra as dificuldades existentes para que pequenos produtores

coloquem seus produtos no mercado, com vantagem competitiva. Custos e valor de

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127

venda são elementos diametralmente opostos no processo de comercialização e

produção de frutas dos pequenos produtores do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

Não obstante os pequenos produtores terem adquirido relativo conhecimento de

manejo, produção, pós-colheita e aplicarem técnicas e tecnologias nas culturas

frutícolas, o fato de precisar comercializá-las torna a agricultura dos distritos públicos

irrigados uma atividade econômica de alto risco. Há dificuldades também de

comunicação entre instituições que fazem os distritos de irrigação e aquelas que

gravitam em torno das atividades de produção e comercialização.

Barreiras técnicas, administrativas e limitações de ordem política estão presentes no

cotidiano dos pequenos produtores de frutas do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

No entanto, algumas reflexões precisam ser feitas sob a luz do processo de

transferência de tecnologias e conhecimentos da Embrapa Semi-Árido, em relação o

modelo teórico aqui adotado e a literatura encontrada sobre o tema. Nos contatos

diretos realizados nos dois locais investigados a imagem sobre a Embrapa Semi-

Árido é de que a mesma é uma instituição que tem prestado serviços ao

agronegócio frutícola do pólo, porém segundo os pequenos produtores de frutas,

poderia ser melhor.

Essas críticas sugerem que existem espaços para rever conceitos de comunicação e

das ações de transferência de tecnologias agrícolas. Apesar de o modelo teórico do

triangulo de sábato, refletir muito bem o contexto social em que emergem os três

atores envolvidos no processo de transferência de tecnologias - TT no pólo

Petrolina-PE/Juazeiro/BA e de maneira geral, a literatura informar que esse processo

é difícil de funcionar com 100% (cem por cento) de eficácia, por conta da

complexidade dos atores e das instituições envolvidas, há espaços para novas

observações acadêmicas e empíricas. Outrossim, a transferência de tecnologia - TT

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enquanto processo de comunicação rural é uma ação transversal e interdisciplinar,

realizada entre pessoas com grande heterogeneidade social. Acredita-se

principalmente, que os achados qualitativos desse trabalho, possam agregar

melhorias ao processo de transferência de tecnologias e conhecimentos da Embrapa

Semi-Árido. Sugere-se a criação e a manutenção de mecanismos consistentes de

parcerias entre todos os atores das cadeias produtivas do pólo Petrolina-

PE/Juazeiro-BA, não apenas em papéis e contratos, mas, sobretudo que os

relacionamentos tácitos e informais sejam fortalecidos.

6.1 Recomendações Este trabalho de pesquisa não deve e não pode se esgotar por aqui, até porque não

foi exaustivo por razões práticas e acadêmicas. No entanto, durante as pesquisas

que o integram, tanto a documental, como a de campo e a bibliográfica,

encontraram-se elementos que sugerem análises mais aprofundas, as quais não

foram feitas aqui, por não serem o objetivo desse trabalho.

O pólo frutícola Petrolina-PE/Juazeiro-BA é constituído também por médios e

grandes produtores e por algumas agroindústrias. Sugere-se averiguar com mais

detalhamento níveis de adoção de inovações tecnológicas agrícolas, comparando

índices de eficiência econômica entre os três níveis de empreendimentos do pólo

(pequenos, médios e grandes), com o propósito de obter a participação de

tecnologias nesta categoria de negócios. A aplicação de outro modelo teórico, como

o de inovação induzida, de Hayami e Ruttan (1971), pode trazer resultados voltados

para relação entre inovações tecnológicas com o sistema econômico.

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Diferenças sociais (renda, nível de instrução, moradia), existentes entre produtores e

difusores, interferem para que a comunicação entre os dois grupos flua de maneira

planificada. Assim, essa vertente pode, também, ser objeto de análises futuras.

Porquanto, se sugere análises mais especificas e aprofundadas no processo de

transferência de tecnologias e inovações agrícolas, avaliando mais amiúde objetos e

atores sociais envolvidos.

Como ficou constatado nas observações “in-loco” e na aplicação do questionário, há

pouca efetividade na comunicação entre os níveis e entre as instituições que

administram os distritos de irrigação, neste caso sugerindo que as inter-relações

formais precisam ser melhor realizadas, principalmente entre pequenos produtores e

as associações e cooperativas existentes. Isso afasta o conhecimento empírico do

modelo teórico empregado nesse trabalho. No entanto é uma oportunidade para

novas análises junto aos distritos de irrigação do pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA.

Por conta da eminência do tempo e do objetivo desse estudo, não é possível

detalhar aqui além do que se demonstra agora. Porém, existem espaços teóricos e

empíricos para outras análises e estudos da realidade dos dois distritos de irrigação

e da comunicação entre pequenos produtores e instituições envolvidas na produção

de frutas no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA. Finalmente, este estudo teve por

objetivo identificar os níveis de adoção de tecnologias frutícolas da Embrapa Semi-

Árido, no pólo Petrolina-PE/Juazeiro-BA, a partir da hipótese que estas tecnologias

contribuíram para o êxito das cadeias produtivas. Porém se identificou outras

dinâmicas sociais tão importantes como a adoção de tecnologias. O sistema de

redes de informações existente entre os pequenos produtores e familiares, é um

achado que deve ser melhor analisado, tendo em vista que é por esse mecanismo

que flui a maior parte dos conhecimentos nos distritos de irrigação.

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AP ÊNDICE A - Formulário da Pesquisa de Opinião Junto aos Produtores de Frutas

UNIV ERS IDADE FEDERAL RURAL DE P ERNAM BUCO - UFRP E EM BRAP A S EMI-ÁRIDO

Senhor Produtor; A Embrapa Semi-Árido e a Universidade Federal Rural de Pernambuco – UFRPE,

apresentam o mestrando em Administração e Desenvolvimento Rural, Sr. Mizael

Félix da Silva Neto, para uma pesquisa de campo que ajudará na conclusão do

trabalho de dissertação do referido aluno. Pedimos a colaboração dos gestores e

técnicos dos distritos de irrigação, e principalmente dos proprietários de lotes, em

dispor um pouco da sua atenção para atender o entrevistador na medida do

possível. O tema central da pesquisa é “Transferência de Tecnologias” e procura

identificar a contribuição de seis tecnologias agrícolas produzidas/adaptadas pela

Embrapa Semi-Árido aplicadas em seis culturas frutíferas (Manga, Uva, Acerola,

Banana, Coco e Goiaba), nos últimos cinco anos. A pesquisa compõe-se de três

partes: na primeira parte, busca-se conhecer o produtor; na segunda, as

características do lote; e na terceira parte estão as perguntas sobre tecnologias,

culturas e tipos de ações de transferências promovidas pela Embrapa Semi-Árido.

Este tipo de pesquisa tem razões metodológicas e procura analisar uma parcela do

processo de transferência de tecnologias, conhecimentos e inovações da

Embrapa Semi-Árido. Agradecemos sua colaboração e informamos que as

respostas serão computadas de maneira agregada, resguardando as informações

dadas individualmente. Muito obrigado e boa sorte!

Pedro Carlos Gama da Silva

Chefe Geral da Embrapa Semi-Árido

Gilvando Sá Leitão Rios

Professor da UFRPE - Orientador

PESQUISA DE OPINIÃO

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

PARTE 1 - P ERFIL DO PRODUTOR

A. ESTADO CIVIL:

1 - CASADO (A) 2 - SOLTEIRO (A) 3 - VIÚVO (A) 4 - SEPARADO (A) B. SEXO:

1 – MASCULINO 2 - FEMININO C. NATURAL DE:

1 - PETROLINA – PE 2 - JUAZEIRO – BA 3 - OUTRAS LOCALIDADES QUAL? ______________________________ D. ESCOLARIDADE:

1 - NENHUMA 5 - MÉDIO COMPLETO 2 - FUNDAMENTAL INCOMPLETO 6 - SUPERIOR INCOMPLETO 3 - FUNDAMENTAL COMPLETO 7 - SUPERIOR COMPLETO 4 - MÉDIO INCOMPLETO

E. IDADE DO PRODUTOR:

1 - De 18 a 24 anos 4 - De 38 a 44 anos 2 - De 25 a 31 anos 5 - De 45 a 60 anos 3 - De 32 a 37 anos 6 - De 61 anos acima

F. MORA NO PROJETO DE IRRIGAÇÃO:

1 – SIM 2 - NÃO G. MORA EM CASA PRÓPRIA:

1 - SIM 2 - NÃO H. VOCÊ TEM FILHOS?

1 – SIM 2 - NÃO I. SE SIM, QUANTOS FILHOS MORAM COM VOCÊ?.............(.........................).

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO – UFRPE EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

PARTE 2 - P ERFIL DO LOTE

A. IDENTIFICAÇÃO DO LOTE:

LATITUDE . LONGITUDE .

DATA DA ENTREVISTA: / / 2006 HORA: Inicio: Término:

LOCALIZADO NO NÚCLEO: LOTE NÚMERO:

NOME DO PROPRIETÁRIO:

PROJETO: 1 NILO COELHO 2 MANDACARU B. HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ ESTÁ CONDUZINDO O SEU LOTE:

1 - HÁ MENOS DE UM ANO 4 - DE SEIS A DEZ ANOS 2 - DE UM A DOIS ANOS 5 - DE ONZE A DEZENOVE ANOS 3 - DE TRES A CINCO ANOS 6 - DE VINTE ANOS EM DIANTE

C. QUAL O TAMANHO DO SEU LOTE:

1 - DE 1 A 4 HECTARES 4 – DE 11 A 15 HECTARES 2 - DE 5 A 6 HECTARES 5 - DE 16 A 20 HECTARES 3 - DE 7 A 10 HECTARES

D. COMO VOCÊ ADQUIRIU O SEU LOTE?

1 - ATRAVÉS DO DISTRITO DE IRRIGAÇÃO/COOPERATIVA

4 - RECEBEU EM PAGAMENTO DE DÍVIDAS

2 - COMPROU DE TERCEIROS 5 - CEDIDO EM COMODATO 3 - RECEBEU DE HERANÇA 6 - OUTRAS FORMAS

E. QUANTAS PESSOAS TRABALHAM COM VOCÊ EM SEU LOTE:

1 - DE UMA A CINCO PESSOAS 4 - DE VINTE E UMA A TRINTA PESSOAS 2 - DE SEIS A DEZ PEESOAS 5 - DE TRINTA E UMA EM DIANTE 3 - DE ONZE A VINTE PESSOAS

F. QUANTAS PESSOAS DA SUA FAMILIA TRABALHAM NO SEU LOTE?

1 - DE UMA A DUAS PESSOAS 4 - DE DEZ A DOZE PESSOAS 2 - DE TRÊS A CINCO PESSOAS 5 - MAIS DE DOZE PESSOAS 3 - DE SEIS A NOVE PESSOAS

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G. INDIQUE O TAMANHO DAS ÁREAS ABAIXO RELATIVO EM SEU LOTE: 1 - AREA IRRIGADA HECTARES

2 - AREA IRRIGÁVEL HECTARES H. EM SUA OPINIÃO, QUAL É A PARCELA DE CONTRIBUIÇÃO DA Embrapa Semi-Árido PARA A FRUTICULTURA EM PETROLINA/JUAZEIRO? 1 - MUITO GRANDE 5 - NÃO TÃO PEQUENA 2 - GRANDE 6 - MUITO PEQUENA 3 - NÃO TÃO GRANDE 7 - NENHUMA 4 - PEQUENA

I. DESEJA FAZER ALGUM COMENTÁRIO? ........................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................................

TECNOLOGIAS E AÇÕES DE TRA NSFERÊNCIA REAL IZADAS PELA EMBRA PA SEMI-ÁRIDO

AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA TECNOLOGIAS

CURSO PALESTRA SEMINÁRIO DIA DE

CAMPO VISITA

TÉCNICA UNIDADE DE

OBSERVAÇÃO FERTIRRIGA ÇAO TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL (Mosca-da-Fruta)

PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

CONTROLE BIOLÓGICO

SISTEMA S DE IRRIGAÇÃO (Gotejamen to / Micro-aspersão)

INDUÇÃO FLORAL

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UFRPE

PESQUISA DE OPINIÃO

TECNOLOGIAS E CULTURAS PRODUZ IDAS/ADA PTADAS PELA EMBRAPA SEMI-Á RIDO

CULTURAS TECNOLOGIAS UVA COCO GOIABA BANANA ACEROLA MANGA

FERTIRRIGA ÇÃO

TÉCNICA DO MACHO ESTÉRIL ( Mosca-da-Fruta)

PIF – PRODUÇÃO INTEGRADA DE FRUTAS

CONTROLE B IOLÓGICO

SISTEMA S DE IRRIGAÇÃO (Gotejamen to/Micro-aspersão)

INDUÇÃO FLORAL

Marque com um “X” aquelas tecnolog ias que o produtor usa em suas respectivas culturas. CULTURAS: Marque com um “X” aque las que você TEM p lantadas em seu lote:

1. Manga 2. Uva 3. Banana 4. Acerola 5. Coco 6. Goiaba

CULTURAS E AÇÕES DE TRANSFERÊNCIA REALIZADAS PELA EMBRAPA SEMI-ÁRIDO

CULTURAS AÇÕES DE

TRANSFERÊNCIA MANGA UVA BANANA ACEROLA COCO GOIABA

CURSO PALESTRA SEMINÁRIO DIA DE CAMPO V IS ITA TÉCNICA UNIDADE DE OBSERVAÇÃO

Muito Obrigado!

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AP ÊNDICE B - Local de Nascimento dos Produtores Entrevistados no Nilo Coelho LOCAL DE NASCIMENTO DOS PRODUTORES DO NILO COELHO

Nº CIDADES – ESTADOS QUANTIDADES 01 PETROL INA - PE 14 02 PELOTAS - RS 01 03 SIMÕES - PI 04 04 TRIUNFO - PE 01 05 OROCÓ - PE 03 06 SERRITA - PE 01 07 LAJE - BA 01 08 AFOGADOS DA INGAZ EIRA - PE 01 09 PA ES LANDIN - PI 01 10 ABARÉ - BA 01 11 CURAÇA - BA 02 12 SANTA MARIA DA BOA VISTA - PE 02 13 CABROBÓ - PE 02 14 CRATO - CE 01 15 CHORROCHO - BA 01 16 CAICÓ - RN 01 17 SOUZA - PB 01 18 BARBALHA - CE 01 19 AFRÂNIO - PE 01 20 SALGUEIRO - PE 01 21 DORMENTES - PE 01 22 SANHARÓ - PE 01 23 CASA NOVA - BA 01 24 IPUBI – PE 01 25 SERRA TALHADA - PE 01 26 MORRO DO CHAPÉU - BA 01 27 SANTA CRUZ DA VENERA DA - PE 01

AP ÊNDICE C - Local de Nascimento dos Produtores Entrevistados em Mandacaru

LOCAL DE NASCIMENTO DOS PRODUTORES DO MANDA CARU Nº. CIDADE - ESTADO QUANTIDADES 01 SENTO SÉ - BA 01 02 FLORESTA - PE 03 03 LAGOA GRA NDE - PE 04 04 CASA NOVA - BA 01 05 PA ULO AFONSO - BA 02 06 AFOGADOS DA INGAZ EIRA – PE 01 07 PETROLÂNDIA - PE 04 08 SANTA MARIA DA BOA VISTA – PE 04 09 OROCÓ - PE 01 10 CONCEIÇÃ O - PB 01 11 SÃO PAULO - SP 01 12 PETROL INA - PE 01 13 RODELAS - BA 01 14 CAICÓ - RN 01

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Apêndice D - Culturas x Ações de Transferência x Tecnologias nos dois Distritos de Irrigação.

Ações de Transferências Número de Produtores

que plantam as Culturas Pesquisadas

Tecnologia

Curso Palestra Seminário Dia de Campo

Visita Técnica

Unidade de Observação Nilo Coelho Mandacaru

Produtos

Fertirrigação

11 16 1 12 1 3 34 18 Manga

Técnica do Macho Estéril

5 19 - 8 1 - 15 - Uva

PIF – Produção Integrada de Frutas

14 20 1 10 4 - 27 9 Banana

Controle Biológico

4 7 - 1 0 - 35 4 Goiaba

Sistema de Irrigação

8 20 - 13 1 - 16 6 Coco

Indução Floral

11 19 - 13 1 1 23 2 Acerola

TOTAL

53 101 2 57 8 4 150 39 TOTAL

Fonte: Pesquisa Direta, 2006.

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ANEXO A - Cursos, Seminários e Reuniões Realizados pela Embrapa Semi-Árido em 2004.

Data Tipo Título Instrutores / Palestrantes Local Duração Número de Participantes

16/03 Curso Curso sobre Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco

Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira (Coordenação e Instrução) / Daniela Biaggioni Lopes / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos

Escritório do DISNC, Petrolina - PE 04h 45

31/03 Curso Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco

Beatriz Jordão Paranhos / Daniela Biaggione Lopes / Flávia Rabelo Barbosa Moreira (Coordenadora)

Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE

04h 77

13 e 14/04 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Marco Antônio de Azev edo Mattos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima

Escritório da Embrapa Semi-Árido e TRC Fruticultura, Petrolina - PE

11h 31

15 e 16/04 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Francisca Nemaura Pedrosa Haji (coordenadora) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Marco Antônio de Azev edo Mattos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima

Escritório da Embrapa Semi-Árido e TRC Fruticultura, Petrolina - PE

11h 30

22/04 Curso Produção de Melancia e Melão Gerlane Alv es Lira (Coordenação) / Nivaldo Duarte Costa / Carlos Alberto Tuão Gav a

Inajá - PE 08h 34

19 e 20/05 Curso Curso sobre Produção Integrada de Uv as Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças.

Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Carlos Alberto Tuão Gav a / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Alem Cav alcanti Anselmo

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agrolucar, Petrolina - PE

11h 40

25 e 26/05 Workshop Qualidade Mercadológica no Agronegócio da Manga

Mohammad Menhaz Choudhury (Coordenador/palestrante) / João Gomes da Costa / Paulo Roberto Coelho Lopes / Raquel Freita Lira / Adriana Santana / Patrícia Azoubel / Valdiv o Vieira de Carvalho / Alberto Dias de Moreira

Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE

16h 31

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142

04/05 Curso Curso sobre Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco

Daniela Biaggioni Lopes (Coordenação e Instrução) / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos

Auditório da Codev asf, Juazeiro - BA 04h 67

12 e 13/05 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças.

Paulo Roberto Coelho Lopes (coordenador) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Arlem Cav alcanti Anselmo / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agroara. Petrolina - PE

11h 30

03 e 04/06 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças.

Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Cezar Augusto Freire de Menezes (CNPq) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (CNPq) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Arlem Cav alcanti Anselmo (Valexport)

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Frutivita, Petrolina - PE

11h 44

08 e 09/06 Curso III Curso sobre Manejo de Irrigação Luís Henrique Bassoi (Coordenação/Instrutor) / José Antônio Moura e Silv a / Magna Soelma Bezerra de Moura

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Fazenda Vale das Uv as, Petrolina - PE

12h 27

18/06 Curso Monitoramento das Moscas das Frutas

Antônio Cleber Albuquerque / Fláv ia Rabelo Barbosa de Moreira / Francisca Nemaura Pedrosa Haji / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Ismênia da Gama Miranda / Adriano Medeiros

Auditório da Codev asf, Juazeiro - BA 27h 30m 06

17 e 18/06 Curso Produção Integrada de Manga e Uv as Finas de Mesa, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora) / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Andréa Nunes Moreira / Joston Simão de Assis

CEFET, Petrolina - PE 14h 50m 96

21 e 22/06 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças.

Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Paulo Roberto Coelho Lopes /Carlos Alberto Tuão Gav a / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Magna Soelma Bezerra de Moura / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Copa Uva, Petrolina - PE

11h 10m 35

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143

28/06 Curso Controle de Qualidade de Frutas – Uv a e Manga

Joston Simão de Assis (Coordenador/Instrutor) / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Adriane Luciana da Silva

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 08h 17

15 e 16/06 Seminário Nov as Perspectivas para o Cultiv o da Uv a sem Sementes no Vale do São Francisco

Patrícia Coelho de Souza Leão (coordenadora/palestrante) / Mª Auxiliadora Coelho de Lima / Francisca Nemaura Pedrosa Haji / Daniela Biaggioni Lopes / Carlos Alberto Tuão Gav a / Natoniel Franklin de Melo / Luiza Helena Duenhas / Clementino Marco Batista de Faria / Dav i José Silva / Cícero Antônio de Souza Araújo / Luís Henrique Bassoi / Magna Soelma Bezerra de Moura / José Monteiro Soares / Bárbara França Dantas / Teresinha Costa Silv eira de Albuquerque

Auditório da FACAPE, Petrolina - PE

15h 200

08 e 09/07 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora) / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Andréa Nunes Moreira / Joston Simão de Assis

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Aracê Agrícola, Petrolina - PE

10h 40m 30

13 e 14/07 Curso I Curso Teórico-Prático de Sustentabilidade Ambiental da Produção Integrada de Frutas na Região do Submédio do Rio São Francisco

Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenação/Instrução) / Eliud Monteiro Leite (Coordenação/Instrução) / Cláudio Buschinelli (Coordenação/Instrução) / Luiz Carlos Hermes (Coordenação/Instrução) / Célia Maria M. de Souza Silv a / Magna Soelma Bezerra de Moura / Marcos Correa Neves / Wilson Fernandes Paiv a / Aderaldo de Souza Silv a (coordenação/instrução) / José Monteiro Soares / Tiane Almeida S. Costa (coordenação/instrução) / Luciano de Castro Monteiro (Coordenação/Instrução)

DISNC, Petrolina - PE 17h 40m 20

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144

20 e 21/07 Curso

II Curso Teórico-Prático de Sustentabilidade Ambiental da Produção Integrada de Frutas na Região do Submédio do Rio São Francisco

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenação/Instrução) / Eliud Monteiro Leite (Coordenação/Instrução) / Cláudio Buschinelli (Coordenação/Instrução) / Luiz Carlos Hermes (Coordenação/Instrução) / Célia Maria M. de Souza Silv a / Magna Soelma Bezerra de Moura / Marcos Correa Neves / Wilson Fernandes Paiv a / Aderaldo de Souza Silv a (Coordenação/Instrução) / José Monteiro Soares / Tiane Almeida S. Costa (Coordenação/Instrução) / Luciano de Castro Monteiro (Coordenação/Instrução) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji

DISNC, Petrolina - PE 17h 40m 20

19 a 20/07 Seminário Das Regras da Vulnerabilidade às Premissas da Sustentabilidade Institucional: Implicações Gerais para Organizações de Tecnociência

Luiza Teixeira de Lima Brito (Coordenador) / José de Souza Silv a

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 04h 38

19 a 24/07 Curso Identif icação de Moscas-das-Frutas Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora) / Ismênia da Gama Miranda

Embrapa Semi-Árido, Petrolina-PE 40h 06

22 a 23/07 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Cezar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos

Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE

10h 10m 32

19/08 Seminário Melhoramento de Uv a Pedro Carlos Gama da Silva (Coordenador) / Clístof er Davis

Valexport, Petrolina - PE 02h 03

23 a 27/08 Curso VII Curso de Fertirrigação José Maria Pinto (Coordenador/Instrutor) / José Crispiniano Feitosa Filho / Dav i José Silva

Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE

40h 27

12/08 Curso Manejo Pós-Colheita de Uv a e Noções de APPCC

Joston Simão de Assis (coordenador/instrutor) / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Coordenadora/Instrutora) / Adriane Luciana da Silv a

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 07h 30m 13

10 e 11/08 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cynthia Amorim Palmeira dos Santos / Joston Simão de Assis

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Boa Esperança, Petrolina - PE

10h 10m 28

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145

25 e 26/08 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Francisca Nemaura Pedrosa Haji (coordenadora/instrutora) / Carlos Alberto Tuão Gav a / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima

Auditório do BGMB e Empresa Bella Fruta, Petrolina - PE

10h 30m 28

02 e 03/08 Seminário Visão Global das Tecnologias da Embrapa para o Semi-Árido

Pedro Carlos Gama da Silva / Clóv is Guimarães / Everaldo Rocha Porto (Coordenação Chef ia Geral)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 10h 28

14/09 Seminário Participação da Embrapa no Roteiro Técnico-Científico e Enoturismo do Vale

Elder Manoel de Moura Rocha (Coordenação) / Doris Ruschman

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 02h 27

23 e 24/09 Workshop Resultados Parciais do Projeto Tecnologias para o Agronegócio Familiar da Manga e Melão Orgânicos do Vale do São Francisco

Maria Sonia Lopes (Coordenadora) / Tâmara Cláudia de Araújo Gomes / Clementino Marcos Faria / Davi José Silv a / Mohammad Menhaz / Paulo Pinto

Auditório da Codev asf, Petrolina - PE 14h 30m 20

27 e 28/09 Curso Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora/Instrutora) / Carlos Alberto Tuão Gav a / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Logos Butiá II, Petrolina - PE

10h 30m 21

27/10 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos

Auditório da Codev asf e Lote 32 do Projeto Mandacaru, Juazeiro - BA

08h 16

06 a 08/10 Seminário VI Seminário Brasileiro de Produção Integrada de Frutas

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenação) / José Fernando da Silv a Protas / Carlo Malav olta / José Rozalv o Andriguetto / Rosa Maria V. Sanheuza / Fernando Cantillano / Alf redo Carlos Lobo / Cristhianno Sanguinetti / Luiz Borges Júnior / Hélio Nishimura

SESC, Petrolina - PE

24h 302

29 e 30/11 Curso Produção Integrada de Manga, com Ênf ase no Monitoramento de Pragas e Doenças.

Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador) / Cézar Augusto Freire de Menezes / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cynthia Amorim Palmeira dos Santos / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Fláv ia Rabelo Barbosa de Moreira

Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE

10h 10m 32

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146

24/11 Curso Pragas Quarentenárias Importantes para a Fruticultura Irrigada do Submédio São Francisco

Daniela Biaggini Lopes (Coordenação/Instrução) / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Flávia Rabelo Barbosa Moreira

CEFET Petrolina, Unidade I, Petrolina - PE

04h 98

01/12 Curso Monitoramento de Cancro Bacteriano e Ferrugem da Videira

Daniela Biaggioni Lopes (Coordenação/instrução)

Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina-PE

04h 07

03/12 Seminário Estudo e Modelagem do transporte e da Biodegradação do Paclobutrazol em Solos Cultiv ados com Manga Irrigada

Elder Manoel de Moura Rocha (Coordenação) / André Manoel Netto

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE 02h 13

07 a 09/12 Curso Nutrição da Videira Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Coordenadora/Instrutora)

Escritório da Embrapa Semi-Árido Petrolina - PE

21h 50m 19

11/11 Curso Minicurso sobre Produção Integrada de Uva – PIF Uv a

Francisca Nemaura Pedrosa Haji / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Fenagri 2004)

Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE

08h 29

11/11 Curso Minicurso sobre Produção Integrada de Manga – PIF Manga

Paulo Roberto Coelho Lopes / Andréa Nunes Moreira (Fenagri 2004)

Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE

08h 46

11/11 Curso Minicurso sobre Uvas sem Sementes Patrícia Coelho de Souza Leão (Fenagri 2004) Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE

08h 50

12/11 Curso Minicurso sobre Nutrição Mineral da Videira Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Fenagri 2004)

Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina-PE

08h 24

12/11 Curso Minicurso sobre Indução Floral da Mangueira Maria Aparecida do Carmo Mouco (Fenagri 2004)

Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina-PE

08h 54

12/11 Curso Minicurso sobre Monitoramento de Moscas-das Frutas Beatriz Aguiar Jordão Paranhos (Fenagri 2004)

Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE

08h 17

12/11 Curso Minicurso sobre Comportamento Fisiológico da Videira no Submédio São Francisco

José Moacir Pinheiro Lima Filho / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Fenagri 2004)

Centro de Convenções Senador Nilo Coelho, Petrolina - PE

08h 24

22/12 Curso Uso do Tensiômetro no Manejo da Irrigação Luís Henrique Bassoi Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

04h 15

Fonte: ACT Embrapa Semi-Árido, 2006

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147

ANEXO B - Cursos, Seminários e Reuniões Realizados pela Embrapa Semi-Árido em 2005

Data Tipo Título Instrutores / Palestrantes Local Duração Número de Participantes

25/01 Seminário

Possibilidades e Potencial de Cultivo de Frutas de Clima Temperado em Condições de Microclimas do Nordeste Brasileiro

Dr. Dav id By rne (Texas A&M University, USA) / Antonio Pedro Matias Honório (Coordenador)

Auditório do BGMB, Petrolina - PE 02h

65

11/02 Curso Curso Prático sobre Processamento de Geléia de Maracujá do Mato Francisco Pinheiro de Araújo (Instrutor e Coordenador)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

08h 17

02/02 Seminário Resultados do Programa Monitoramento de Esporos

Gustav o Mora Aguilera / Carlos Alberto Tuão Gav a / Wellington Antônio Moreira / Daniela Biaggione Lopes (Palestrante e Coordenadora)

Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

04h 15

17 a 18/03 Curso Estações Meteorológicas para o Monitoramento Ambiental

Magna Soelma Beserra de Moura (Instrutora e Coordenadora)

CEFET Agrícola, Petrolina - PE 07h 15

14/04 Seminário Sexagem Genética e Aromaterapia em Técnica do Inseto Estéril

Dr. Donald McInnis (Pesquisador do USDA/ARS / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos (Coordenador)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

02h 35

13/04 Curso Manejo Fitossanitário e de Irrigação das Culturas de Manga e Uva

José Maria Pinto / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (bolsista) / Carlos Alberto Tuão Gava / Élder Manoel de Moura Rocha (Coordenador)

Fazenda Santa Felicidade, Casa Nov a - BA

04h 26

11 e 13/04 Curso Manejo da Cultura da Mangueira Lázaro Eurípedes Paiva / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Élder Manoel de Moura Rocha (Coordenador e Instrutor)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

08h 30m 12

10 a 12/05 Curso

Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a

Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / Carlos Alberto Tuão Gava / Luíza Teixeira de Lima Brito / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Barboda dos Anjos / José Bezerra de Andrade / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / José Monteiro Soares / Dav i José Silva / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutora e Coordenadora)

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Valente Frutas, Petrolina - PE

20h 30m 41

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148

23 a 25/05 Curso Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Manga – PI Manga

Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / Luíza Teixeira de Lima Brito / José Maria Pinto/ Francisco Pinheiro Lima Neto / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Davi José Silv a / Flávia Rabelo Barbosa / Eliud Monteiro Leite / Newton Nunes Azev edo / Joston Simão de Assis (instrutor e coordenador) / Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador)

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa AM Export, Petrolina - PE

20h 15m 39

19/05 Curso Av aliação de Doenças da Mangueira Daniela Biaggioni Lopes (Instrutora e Coordenadora) Valexport, Petrolina - PE

4h 16

07 a 09/06 Curso

Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a

Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Carlos Alberto Tuão Gav a / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Barboda dos Anjos / José Bezerra de Andrade / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / José Monteiro Soares / Dav i José Silva / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Tiane Almeida Silv a Costa (Valexport) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutora e Coordenadora)

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Copa Fruit Uv a, Petrolina - PE

20h 42

21 a 23/06 Curso Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Manga – PI Manga

Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Joston Simão de Assis / José Maria Pinto/ Francisco Pinheiro Lima Neto / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Davi José Silv a / Fláv ia Rabelo Barbosa / Eliud Monteiro Leite / Newton Nunes Azev edo / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Barbosa dos Anjos / Francisco Pinheiro Lima Neto / Cezar Augusto Freire de Menezes / Joston Simão de Assis e Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenadores)

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agrolima, Petrolina - PE

20h 15m 32

14 e 15/06 Curso IV Curso sobre Manejo de Irrigação Magna Soelma Beserra de Moura / Luíz Henrique Bassoi (Instrutor e Coordenador)

Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

12h 27

12/07 Workshop Caracterização dos Sistemas Típicos de Produção de Manga na Região de Itaberaba – Bahia

José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 10

13/07 Workshop Caracterização dos Sistemas de Produção do Abacaxi na Região de Itaberaba – Bahia

José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 09

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149

15/07 Workshop Caracterização dos Sistemas de Produção de Maracujá na Região de Liv ramento de Nossa Senhora – Bahia

José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 11

16/07 Workshop Caracterização dos Sistemas Típicos de Produção de Manga na Região de Liv ramento de Nossa Senhora – Bahia

José Lincoln Pinheiro Araújo (Coordenador) EBDA, Juazeiro - BA 08h 11

22/07 Seminário Diagnóstico Agrário do Perímetro Mandacaru Marion Barral / Sofie Lê Jeune

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

02h 13

25 e 26/07 Curso Produção Integrada de Manga e Uv as Finas de Mesa, com Ênfase no Monitoramento de Pragas e Doenças.

Andréa Nunes Moreira / Vladimir Francisco Capinan dos Santos / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos / Cezar Augusto Freire de Menezes / Joston Simão de Assis / Paulo Roberto Coelho Lopes e Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadores)

Auditório do CEFET- Agrícola, Petrolina - PE 15h 40m 103

26 a 28/07 Curso Nutrição da Videira Bárbara França Dantas / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Coordenação)

Escritório da Embrapa, Petrolina - PE 24h 31

29/07 Reunião

Discussão sobre a Ref ormulação do Capítulo de Nutrição e Adubação do Liv ro de Videira no Submédio São Francisco

Clementino Marcos Batista de Faria (Coordenador)

Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

07h 09

10/08 Seminário I Seminário sobre Gestão da Comercialização da Manga

Carlos Alberto Tuão Gava / Mohammad Menhaz Choudhury (Palestrante e Coordenador)

Auditório da Justiça Federal, Petrolina - PE

04h 70

11/08 Reunião Adubação na Uv a de Vinho para ser Incluída num Capítulo do Livro de Videira no Submédio São Francisco

Clementino Marcos Batista de Faria (Coordenador)

Escritório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

07h 07

16/08 Seminário Melhoria da Qualidade e Certificação na Produção Pós-Colheita e Processamento de Manga

Af onso Ramos (UFV) / Ebenezer Oliv eira (CNPAT) / Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Coordenação)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

03h 17

24 a 26/08 Curso Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Manga – PI Manga

Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Bezerra de Andrade / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / Davi José Silv a / Francisco Pinheiro Lima Neto / Fláv ia Rabelo Barbosa Moreira / Tiane Almeida Silv a Costa (Valexport) / Victor Cezar Macedo da Silv a (Estagiário Embrapa Semi-Árido) /José Barbosa dos Anjos / Joston Simão de Assis, Flávia Rabelo Barbosa Moreira e Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutores e Coordenadores) e Paulo Roberto Coelho Lopes (Coordenador)

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agronogueira, Petrolina - PE

20h 15m 19

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150

17 a 19/08 Curso

Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a

Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Carlos Alberto Tuão Gav a / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Bezerra de Andrade / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos / José Monteiro Soares / Davi José Silv a / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Tiane Almeida Silva Costa (Valexport) / Andréa Nunes Moreira (CEFET) / Eliud Monteiro Leite (DISNC) / Victor Cezar Macedo da Silv a (Estagiário Embrapa Semi-Árido) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Instrutora e Coordenadora)

Escritório da Embrapa Semi-Árido e Empresa Agrolucar e Lote no DISNC, Petrolina - PE

20h 91

17 a 18/08 Curso Interpretação de Resultados de Análise de Solo e de Tecido Vegetal

Dav i José Santos / Clemente Ribeiro dos Santos (Valexport) (Coordenador)

Valexport, Petrolina-PE 16h 28

29/09 Curso VI Curso Internacional sobre Tratamento Hidrotérmico

Ismênia da Gama Miranda (Valexport) / Beatriz Aguiar Jordão Paranhos (Instrutora e Coordenadora) e Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

04h 11

01/09 Seminário Resultados de Pesquisa em Vitiv inicultura

Luís Henrique Bassoi / José Moacir Pinheiro Lima Neto / Bárbara França Dantas / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Cláudia Rita (bolsista pós-doutorado)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

04h 23

27 a 29/09 Curso Manejo e Conservação do Solo e da Água

Fláv io Hugo B. B. da Silv a (convidado) / Jairton Fraga Araújo (conv idado)/ Carmen Suezer Miranda Masutti (conv idado) / João Regis da Silva Neto (convidado)/ Paulo Costa Pinto (conv idado)/ Aderaldo de Souza Silv a / Sérgio Oliveira Pinto de Queiroz (convidado)/ Maria Aparecida do Carmo Mouco / Teresinha Costa Silv eira de Albuquerque / Nivaldo Duarte Costa / Cícero Antônio S. Araújo (conv idado)/ Maria Sonia Lopes Silv a e Tony Jarbas Ferreira Cunha (Instrutores e Coordenadores)

UNEB Juazeiro - BA

24h 31

30/09 Seminário

Uma Inov ação Tecnológica para Aumento do Potencial Agrícola de Solos Arenosos Irrigáv eis com Aplicação de Produtos Argilo-Minerais

Antônio Cabral Cavalv anti (Coordenador do Projeto Aumento Potencial da Agricultura Orgânica com Aplicação de Argilas Cálcicas do Projeto Gesseiro) / Natoniel Franklin de Melo (Coordenador)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

02h 15

05 e 06/10 Curso Mini Curso sobre Manejo da Irrigação da Videira de Vinho

Luís Henrique Bassoi (Instrutor e Coordenador) Unidade Agrícola do CEFET, Petrolina - PE

08h 39

05 e 06/10 Curso Mini Curso sobre Pós-Colheita de Uva Maria Auxiliadora Coelho de Lima (Instrutora e Coordenadora)

Unidade Agrícola do CEFET, Petrolina-PE

08h 49

28/10 Curso Mini Curso sobre Uv as sem Sementes Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / Rita Mércia Estigarríbia Borges (Instrutora e Coordenadora)

Colégio GEO, Juazeiro - BA 08h 43

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27/10 Curso Mini Curso sobre Manejo e Cultura do Melão

George Ricardo Libório Bandeira (EBDA) / Nivaldo Duarte Costa (Instrutor e Coordenador)

Colégio GEO, Juazeiro - BA 08h 12

08/11 Seminário Agronegócio na Sociedade da Inf ormação: Explorando Oportunidades em Fruticultura

André Torres Neto (Embrapa Instrumentação Agropecuária) / Carlos Manoel Pedro Vaz (Embrapa Instrumentação Agropecuária) / Luís Henrique Bassoi (Coordenador)

Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

02h 26

21 a 25/11 Curso VIII Curso de Fertirrigação José Crispiniano Feitosa Filho (UFPB) Dav i José Silva / José Maria Pinto (Instrutor e Coordenador)

Codev asf 6ª SR e no N 11 (Vanildo Roque Alv es), Petrolina - PE

31h 29

13 a 16/12 Curso VII Curso sobre Nutrição da Videira Bárbara França Dantas / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque (Instrutora e Coordenadora)

Codev asf 6ª SR, Petrolina - PE

28h 26

06 a 08/12 Curso

Capacitação de Técnicos em Produção Integrada de Uvas Finas de Mesa – PI Uv a

Cézar Augusto Freire de Menezes (Valexport) / Vladimir Francisco Capinan dos Santos (Valexport) / Cy nthia Amorim Palmeira dos Santos (Valexport) / Magna Soelma Bezerra de Moura / Carlos Alberto Tuão Gav a / Rita Mércia Borges Estigarríbia / José Bezerra de Andrade / Teresinha Costa Silveira de Albuquerque / José Monteiro Soares / Dav i José Silva / Maria Auxiliadora Coelho de Lima / Tiane Almeida Silv a Costa (Valexport) / Andréa Nunes Moreira (CEFET) / Victor César Macedo da Silv a (Bolsista Embrapa) / Francisca Nemaura Pedrosa Haji (Coordenadora)

Auditório do BGMB, Empresa Salva Terra e Lote 210 DISNC Petrolina - PE

18h 45m 69

09/12 Seminário IV Seminário sobre Vitivinicultura do Estado de Permambuco

Umberto de Almeida Camargo (Embrapa Uva e Vinho) / Luís Henrique Bassoi / André Torres Neto (Embrapa Instrumentação Agropecuária) / Giuliano Elias Pereira (Embrapa Uva e Vinho e Semi-Árido) (Coordenador)

Auditório da Embrapa Semi-Árido, Petrolina - PE

05h 30m 59

Fonte: ACT Embrapa Semi-Árido, 2006

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