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União de Ensino Superior de Campina Grande – UNESC

Departamento de Ciências Contábeis

Métodos de pesquisa

Assuntos para debates

Métodos de abordagem - bases lógicas da investigação:

1. Método dedutivo;2. Método indutivo;3. Método hipotético-dedutivo;4. Método dialético;5. Método Fenomenológico.

“Cada um deles se vincula a uma das correntes filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade. O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo; o indutivo, ao empirismo; o hipotético-dedutivo, ao neopositivismo; o dialético, ao materialismo dialético e o fenomenológico, à fenomenologia.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 26-7);

Método Científico

Método: caminho para chegarmos a determinado fim (resultado) (PRODANOV; FREITAS, 2013; SILVA, 2006);

“A investigação científica depende de um método, ou seja, ‘um conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos’ para que seus objetivos sejam atingidos (GIL, 1999)”. (CARTONI, 2011, p. 23, grifo nosso).

“Trata-se da linha de raciocínio adotada no processo de pesquisa ou, em outras palavras, a maneira como serão resolvidos os problemas de pesquisa, de forma lógica e pautada nos conceitos da ciência. Os métodos científicos pressupõem ao menos uma forma de organização do raciocínio que será empregada na pesquisa.” (CARTONI, 2011, p. 23, grifo nosso).

Métodos de abordagem

“Esses métodos esclarecem os procedimentos lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da sociedade.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 26, grifo nosso).

Lembrando que:

“A utilização de um ou outro método depende de muitos fatores: da natureza do objeto que pretendemos pesquisar, dos recursos materiais disponíveis, do nível de abrangência do estudo e, sobretudo, da inspiração filosófica do pesquisador.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 27).

Método Dedutivo

“O método dedutivo, de acordo com o entendimento clássico, é o método que parte do geral e, a seguir, desce ao particular.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 27, grifo nosso);

“[Parte] [...] de princípios, leis ou teorias consideradas verdadeiras e indiscutíveis, [...] e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.” (GIL, 2008 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 27, grifo nosso);

“[...] o raciocínio parte de uma proposição abstrata para construir uma proposição discursiva concreta.” (CARTONI, 2011, p. 24, grifo nosso);

“Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 27, grifo nosso);

“O método dedutivo encontra ampla aplicação em ciências como a Física e a Matemática, cujos princípios podem ser enunciados como leis. Já nas ciências sociais, o uso desse método é bem mais restrito, em virtude da dificuldade para obter argumentos gerais, cuja veracidade não possa ser colocada em dúvida.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 27, grifo nosso);

Exemplos: Dedutivo

“Todo mamífero tem um coração (premissa maior);. Ora, todos os cães são mamíferos (premissa menor); Logo, todos os cães têm um coração (conclusão).”

(MARCONI; LAKATOS, 2007 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 30).

“Toda ciência tem um objeto de estudo (premissa maior);

A Contabilidade tem um objeto de estudo (premissa menor);

Logo, Contabilidade é ciência (conclusão).”(SILVA, 2006, 35).

Explicação

“a) Característica I. No argumento dedutivo, para que a

conclusão ‘todos os cães têm um coração’ fosse falsa, uma das ou as duas premissas teriam de ser falsas: ou nem todos os cães são mamíferos ou nem todos os mamíferos têm um coração.” (MARCONI; LAKATOS, 2007 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 30-31, grifo nosso).

“b) Característica II. Quando a conclusão do argumento dedutivo

afirma que todos os cães têm um coração, está dizendo alguma coisa que, na verdade, já tinha sido dita nas premissas; portanto, [...] todo argumento dedutivo, reformula ou enuncia, de modo explícito, a informação já contida nas premissas.” (MARCONI; LAKATOS, 2007 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 31, grifo nosso).

Método indutivo

“É um método responsável pela generalização, isto é, partimos de algo particular para uma questão mais ampla, mais geral.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 28, grifo nosso);

“No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de generalizações.” (CARTONI, 2011, p. 24, grifo nosso);

“Método proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência e o método permite analisar o objeto para tirar conclusões gerais ou universais.” (CARTONI, 2011, p. 24, grifo nosso);

“[...] o método indutivo passou a ser visto como o método por excelência das ciências naturais. Com o advento do positivismo, sua importância foi reforçada e passou a ser proposto também como o método mais adequado para investigação nas ciências sociais.” (GIL, 2008 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 29, grifo nosso).

Exemplos: Indutivo

“Todos os cães que foram observados tinham um coração.

Logo, todos os cães têm um coração.” (MARCONI; LAKATOS, 2007 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 30).

“90% dos Contabilistas no Brasil, de pequenas e médias empresas, não realizam escrita mercantil.

Logo, 90% da Contabilidade não é realizada.” (SILVA, 2006, 35).

Explicação

“a) Característica I.

“[...] no argumento indutivo, é possível que a premissa seja verdadeira e a conclusão, falsa [...]” (MARCONI; LAKATOS, 2007 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 30-31, grifo nosso).

“b) Característica II.

“[...] no argumento indutivo, a premissa refere-se apenas aos cães já observados, ao passo que a conclusão diz respeito a cães ainda não observados; portanto, a conclusão enuncia algo não contido na premissa. É por esse motivo que a conclusão pode ser falsa [...], mesmo que a premissa seja verdadeira.” (MARCONI; LAKATOS, 2007 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 31, grifo nosso).

“Antônio é mortal. João é mortal. Paulo é mortal. ... Carlos é mortal. Ora, Antônio, João, Paulo ... e Carlos são

homens. Logo, (todos) os homens são mortais.”

(PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 29)

Métodos: Dedutivo e Indutivo

“Tanto o método indutivo quanto o dedutivo concordam com o fato de que o fim da investigação é a formulação de leis para descrever, explicar e prever a realidade; as discordâncias estão na origem do processo e na forma de proceder.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 30, grifo nosso).

Enquanto os adeptos do método indutivo (empiristas) partem da observação para depois formular as hipóteses, os praticantes do método dedutivo têm como inicial o problema (ou a lacuna) e as hipóteses que serão testadas pela observação e pela experiência.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 30, grifo nosso).

“Conforme Lakatos e Marconi (2007, p. 92), esses dois tipos de argumentos têm finalidades distintas – ‘o dedutivo tem propósito de explicar o conteúdo das premissas; o indutivo tem o objetivo de ampliar o alcance dos conhecimentos.’” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 31, grifo nosso).

Método hipotético-dedutivo

“O método hipotético-dedutivo foi definido por Karl Popper a partir de críticas à indução, expressas em A lógica da investigação científica, obra publicada pela primeira vez em 1935.” (GIL, 2008 apud PRODANOV, 2013, p. 31, grifo do autor e nosso).

“O método hipotético-dedutivo inicia-se com um problema ou uma lacuna no conhecimento científico, passando pela formulação de hipóteses e por um processo de inferência dedutiva, o qual testa a predição da ocorrência de fenômenos abrangidos pela referida hipótese.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 32, grifo nosso)

De acordo com Popper, toda investigação tem origem num problema, cuja solução envolve conjecturas, hipóteses, teorias e eliminação de erros.” (PRODANOV ; FREITAS, 2013, p. 33, grifo nosso);

“Procede pela formação de hipóteses, das quais deduzem-se consequências que deverão ser testadas ou falseadas.” (CARTONI, 2011, p. 24, grifo nosso).

Sobre o critério da falseabilidade, Karl Popper assevera que “[...] uma teoria científica é válida quanto mais estiver aberta a fatos novos que possam tornar falsos os princípios e conceitos em que se baseava. Assim, o valor de uma teoria mede-se não pela sua verdade, mas pela possibilidade de ser falsa. A falseabilidade garantiria a idéia do progresso científico.” (CARTONI, 2011, p. 11, grifo nosso).

Concluindo...

“O problema surge de lacunas ou conflito em função do quadro teórico existente. A solução proposta é uma conjectura (nova ideia e/ou nova teoria) deduzida a partir das proposições (hipóteses ou premissas) sujeitas a testes. Os testes de falseamento são tentativas de refutar as hipóteses pela observação e/ou experimentação.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 34, grifo nosso)

“O método hipotético-dedutivo desfruta de notável aceitação, em especial no campo das ciências naturais.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 34, grifo nosso)

Diferenças e semelhanças

“Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo confirmar a hipótese, no método hipótetico-dedutivo, ao contrário, procuram-se evidências empíricas para derrubá-las. Ele tem em comum com o método dedutivo o procedimento racional que transita do geral para o particular e, com o método indutivo, o procedimento experimental como condição fundante.” (CARTONI, 2011, p. 26).

Método dialético

“O conceito de dialética é bastante antigo. Platão o utilizou no sentido de arte do diálogo. Na Antiguidade e na Idade Média, o termo era utilizado para significar simplesmente lógica. O método dialético, que atingiu seu auge com Hegel (GIL, 2008), depois reformulado por Marx, busca interpretar a realidade partindo do pressuposto de que todos os fenômenos apresentam características contraditórias organicamente unidas e indissolúveis.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 34, grifo nosso).

“Tese (uma pretensão de verdade) > Antítese (a tese negada) = Síntese (o resultado do confronto) / A síntese é uma nova tese.” (CARTONI, 2011, p. 26);

“[...] Procede de modo crítico, ponderando polaridades opostas, até o alcance da síntese.” (CRTONI, 2011, p. 25).

“[...] o método dialético parte da premissa de que, na natureza, tudo se relaciona, transforma-se e há sempre uma contradição inerente a cada fenômeno. Nesse tipo de método, para conhecer determinado fenômeno ou objeto, o pesquisador precisa estudá-lo em todos os seus aspectos, suas relações e conexões, sem tratar o conhecimento como algo rígido, já que tudo no mundo está sempre em constante mudança.” (PRODANOV, 2013, p. 35, grifo nosso).

[...] “os fatos sociais não podem ser entendidos quando considerados isoladamente, abstraídos de suas influências políticas, econômicas, culturais etc.” (GIL, 2008, p. 14 apud PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 35, grifo nosso).

“Empregado em pesquisa qualitativa, é um método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade, pois considera que os fatos não podem ser relevados fora de um contexto social, político, econômico etc.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 34, grifo nosso).

Método fenomenológico

“A fenomenologia não se preocupa [...] com algo desconhecido que se encontre atrás do fenômeno; só visa o dado, sem querer decidir se esse dado é uma realidade ou uma aparência.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 35, grifo nosso).

“O método fenomenológico baseia-se na investigação de fenômenos humanos, tais como vividos e experimentados pelo indivíduo, ou seja, examina a realidade a partir da perspectiva de primeira pessoa.” (CARTONI, 2011, p. 28).

O método fenomenológico não é dedutivo nem empírico. Consiste em mostrar o que é dado e em esclarecer esse dado. ‘Não explica mediante leis nem deduz a partir de princípios, mas considera imediatamente o que está presente à consciência: o objeto’ (GIL, 2008, p. 14). Consequentemente, tem uma tendência orientada totalmente para o objeto. (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 36, grifo nosso).

“Ou seja, o método fenomenológico limita-se aos aspectos essenciais e intrínsecos do fenômeno, sem lançar mão de deduções ou empirismos, buscando compreendê-lo por meio da intuição, visando apenas o dado, o fenômeno, não importando sua natureza real ou fictícia.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 36, grifo nosso).

Conclusão

“Embora reconhecendo a importância de o pesquisador seguir um método como referência, entendemos que o ideal é empregar métodos e não um método, visando a ampliar as possibilidades de análise, considerando que não há apenas uma forma capaz de abarcar toda complexidade das investigações.” (PRODANOV; FREITAS, 2013, p. 39, grifo nosso).

REFERÊNCIAS CARTONI, Daniela Maria. Apostila: Metodologia Científica.

2011. Disponível em: < file:///C:/Users/Mariana/Documents/Doc%C3%AAncia%20-%20Aprovada/UNESC/Metodologia%20-%20Cont%C3%A1beis/Semestre%202014.2/Plano%20de%20aula%20-%20M%C3%A9todos%20e%20T%C3%A9cnicas%20da%20pesquisa%20cient%C3%ADficas/Apostila%20-%20Metodologia%20-%20Profa%20Daniela%20(1)%20(1).pdf>. Acesso em: 12 Fev. 2013

PRODANOV, Cleber Cristiano. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico / Cleber Cristiano Prodanov, Ernani Cesar de Freitas. – 2. ed. – Novo Hamburgo: Feevale, 2013.

SILVA, A. C. R. da. Metodologia da pesquisa aplicada à Contabilidade. São Paulo: Atlas, 2003.

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