manual de cuidador de idosos - uncisal. … · a Ética e o cuidar do idoso assistente social marta...
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MANUAL DE CUIDADOR DE IDOSOS
Francelise Pivetta Roque Helen Arruda Guimarães
Organizadoras
Material de apoio ao 1º Curso de Introdução à Formação de Cuidadores de Idosos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL E BOAS VINDAS AO CURSO
Este manual foi elaborado pela equipe de profissionais que integra o Programa de Extensão Interdisciplinar Pró-Idoso (PEIPI) da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL. Trata-se da revisão da primeira versão, que foi elaborada em 2006, numa parceria entre o PEIPI e a Organização da Sociedade Civil de Interesse Público Tocqueville.
O PEIPI é um programa de extensão universitária, atualmente coordenado pela terapeuta ocupacional Profa. Me. Ana Elizabeth dos Santos Lins, que tem como objetivo promover a qualidade de vida do idoso, mediante ações voltadas à saúde e educação na área do envelhecimento. Para tanto, conta com a participação de docentes e funcionários da UNCISAL, além de colaboradores voluntários e estudantes universitários.
Este material servirá de apoio para o acompanhamento das aulas, e também para consulta no decorrer da sua prática de prestação de cuidados. Sejam bem vindos ao 1º Curso de Introdução à Formação de Cuidadores de Idosos da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas – UNCISAL! Estamos orgulhosos desse feito, e satisfeitos por tê-los conosco! Um abraço fraterno! Profa. Dra. Francelise Pivetta Roque Fonoaudióloga, Professora Ajunto da UNCISAL e Coordenadora do Núcleo de Estudos Pró-Idoso (NEPI) do PEIPI – UNCISAL. Ms. Helen Arruda Guimarães Médica Geriatra da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas e Integrante do Programa de Extensão Interdisciplinar Pró-Idoso.
Índice
Apresentação do material e boas vindas ao Curso ............................................1
A Ética e o Cuidar do Idoso ................................................................................3
Saúde do Idoso: Aspectos Biológicos e Médicos .............................................. 4
Aspectos Psicológicos do Envelhecimento......................................................... 6
Auxiliando o Idoso na realização das Atividade de Vida Diária.......................... 8
A Mobilidade da Pessoa Idosa......................................................................... 11
Cuidados diários aos Idosos............................................................................. 14
Cuidando do Comunicação da Deglutição do Idoso..........................................17
Cuidando da Nutrição e da Alimentação do Idoso............................................ 21
A ÉTICA E O CUIDAR DO IDOSO
Assistente Social Marta Ferreira Gomes Qual o sentido da Ética?
O homem vive em sociedade, daí ser considerado um ser social. O ser humano
não sobrevive isolado por muito tempo, portanto são criadas algumas normas
que devem reger a relação com as pessoas que estão no seu convívio como
seres humanos.
Mas o que é sociedade? Você já parou para pensar sobre isso?
Sociedade é o conjunto de pessoas que vivem em determinada faixa de tempo
e de espaço – seguindo normas comuns – e que são unidas pelo sentimento
de consciência do grupo. É a reunião de seres que vivem em grupo. Assim, os
homens formam uma sociedade, como exemplo: a família, o trabalho, a igreja,
a escola, os grupos de convivência e outros.
Pois bem! A partir da constatação de que vivemos em sociedade, encontramos
regras, leis, normas que regulam as relações entre os homens. E por que
existem essas regras, leis e normas? Elas são necessárias porque a
convivência dos homens precisa acontecer dentro de uma certa ordem. Por
ordem humana, entende-se o conjunto de normas, regras, leis, valores, modos
de relacionamento: seja no trabalho, na família, entre amigos, nas
organizações governamentais e nas não governamentais, enfim nos mais
variados espaços da vida diária das pessoas.
Essas normas são baseadas em:
Respeito ao próximo;
Fazer com os outros o que gostaria que fizessem a você;
Solidariedade;
Amor ao próximo;
Profissionalismo;
Dedicação em tudo o que fizer na vida;
Responsabilidade nos seus atos;
Cuidado com as palavras, muitas vezes magoam mais do que os atos.
A reflexão ética passa pelo estabelecimento de juízos de valor para o que está
conforme ou contrário às normas de convivência dos homens em sociedade.
Daí serem tão comuns as expressões ético e antiético quando nos referimos a
certas atitudes e comportamentos dos indivíduos em sociedade.
A questão ética apresenta-se assim, como um conflito entre o que deve fazer e
o que quer fazer. Daí pode-se entender ética como a seguinte definição:
É a parte da filosofia que estuda os valores morais e os principais ideais da
conduta humana.
Ética Profissional é o conjunto de princípios morais que se devem observar
no exercício de uma profissão. A ética é importante quando utilizada porque
facilita a realização das pessoas. Com a ética pretende-se a perfeição do ser
humano. A ética é, portanto, uma reflexão crítica sobre a moralidade. Mas ela
não é puramente teoria. Á ética é um conjunto de princípios e disposições
voltados para a ação, historicamente produzidos, cujo objetivo é balizar as
ações humanas. Ela existe como uma referência para os seres humanos em
sociedade, de modo tal que a sociedade possa se tornar cada vez mais
humana.
A ÉTICA E O CUIDAR DO IDOSO:
Da mesma forma que os profissionais da Geriatria e Gerontologia, os
CUIDADORES DE PESSOAS IDOSAS devem destinar muita atenção ao
desenvolvimento de suas ações no dia a dia, em suas decisões e
procedimentos junto ao idoso. Tratam-se de exigências de caráter ético, que
são de fundamental importância para a qualidade da atuação profissional do
cuidador, que tem como finalidade precípua o bem-estar e a qualidade de vida
do idoso.
As formas de envelhecer são sempre diferentes, uns envelhecem com
dignidade outros não, isso é uma questão não bem resolvida pela sociedade e
tem um significado ético.
Alguns procedimentos fundamentais para o trato ético com idoso:
Ouvi-lo com bastante atenção;
Atenção ao seu bem-estar;
Garantir sua liberdade preservando sempre a sua autonomia e a sua
independência, com observância do seu estado de segurança;
Observar o sigilo profissional, não expondo as questões pessoais de
caráter individual do idoso, salvo quando a gravidade e a natureza do
fato exigirem um procedimento contrário;
O respeito as pessoas idosas exige que não sejam tratadas com
preconceito e discriminação, fazendo parte também do conjunto das
exigências éticas, pois a velhice faz parte do ciclo de vida do homem,
portanto é um direito antes de tudo personalíssimo;
Respeitar a história de vida do idoso, na qual está presente a sua
contribuição com a sociedade. O idoso é um ser que possui direitos e
deveres de cidadania, construídos ao longo de sua vida:
Respeito pelos seus desejos;
Respeito pelos valores intrínsecos de suas vidas;
Respeito pelos seus interesses.
Conhecer os direitos dos idosos;
Ter interesse de conhecer e acompanhar na medida do possível o
desenvolvimento das políticas públicas para os idosos;
Compreender o que é a velhice e o envelhecimento;
Ter noção acerca da realidade minimante dos idosos, do seu município
e, se possível, do Estado e do país;
Entender as formas de violência e maus tratos contra a pessoa idosa,
para orientar e denunciar junto aos serviços especializados.
E AINDA:
Para tudo isso é fundamental o desenvolvimento de um comportamento ético
com:
O próprio idoso;
A família;
Os demais membros da família;
A instituição para quem presta serviços: Instituição de Longa
Permanência – ILPI;
Os profissionais envolvidos com as diversas modalidades de atenção ao
idoso com o auto cuidado.
O CUIDADOR DE PESSOAS IDOSAS tem uma missão de expressiva
relevância na sociedade, com o processo do envelhecimento populacional,
sobretudo, O CUIDAR DA PESSOA IDOSA DEPENDENTE nos vários graus.
Portanto procure sempre:
Ser capaz!
Ser comprometido!
Ser responsável !
Ser disponível!
Ter zelo por suas atividades !
É a base de qualquer que seja a ética de cuidar !
SEJA ÉTICO!
O RESPEITO PELAS PESSOAS É FUNDAMENTAL !!!
OS IDOSOS E A SOCIEDADE EM GERAL AGRADECEM!
______________________________________________________________
SAÚDE DO IDOSO: ASPECTOS BIOLÓGICOS E MÉDICOS
Médica Geriatra Helen Arruda Guimarães
Médica Geriatra Ronny Roselly Domingos de Oliveira
O que é envelhecimento?
Envelhecimento é um processo contínuo, lento, no qual ocorrem modificações
no organismo em vários aspectos, que determinam diminuição da capacidade
de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior fragilidade
frente aos processos patológicos tornando-o mais suscetível às doenças, que
terminam por levá-lo à morte.
Envelhecimento é comum a todas as pessoas e não é induzido por
doenças.
Envelhecimento é um processo biológico! NÃO é doença!!!
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO:
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial;
Há um crescimento mais elevado da população idosa com relação aos
demais grupos etários;
No Brasil vivem hoje cerca de 18 milhões de idosos, o que representa
9,9 % do total de brasileiros;
A população dos “muito idosos” também aumenta em ritmo acelerado: é
hoje o segmento populacional que mais cresce no Brasil.
QUEM É O IDOSO?
No Brasil (países em desenvolvimento) é a pessoa que tem 60 anos ou mais e
nos países desenvolvidos aquele com 65 anos ou mais. No Brasil nós
contamos com cerca de 15 milhões de idosos. E para 2025 existe uma
projeção para 32 milhões de idosos (6ª população mundial.)
CONSEQUÊNCIAS:
Aumento do número de doenças crônicas e neoplásicas, às vezes, com
presença de várias doenças no mesmo indivíduo ao mesmo tempo;
Uso de muitas medicações (polifarmácia).
Veja algumas doenças que são comuns na população idosa:
DEMÊNCIA:
Antigamente conhecida por “esclerose”, “caduquice” e relacionadas como
sinônimo de envelhecimento, a demência é uma síndrome adquirida, produzida
por uma doença orgânica, que produz uma deterioração persistente de
diversas funções mentais, que acarretam uma incapacidade funcional, em
pacientes SEM alteração da consciência.
A prevalência de demência dobra a cada ano após os 60 anos de idade.
A prevalência estimada aos 85 anos é de 25-45% em idosos da comunidade e
50% nos institucionalizados.
Existem muitos fatores de risco para o desenvolvimento dessa doença:
História familiar positiva
Síndrome de Down
Trauma crânio-encefálico (Pugilistas)
Aterosclerose
HAS
Diabetes
Dislipidemia
Mulheres (devido à uma maior sobrevida e menor escolaridade).
Existem também fatores de proteção:
Escolaridade (quanto maior escolaridade, menor o risco)
Exercício físico (reduz o risco para doença de Alzheimer e outros tipos
de demência).
Os idosos com demência apresentam tendência à repetição das respostas,
dificuldade para memorizar, recordar e reconhecer a informação recente.
A Doença de Alzheimer é a forma mais comum de demência no idoso – 50 a
60% dos casos de demências. Manifesta-se com déficit de memória, alterações
de comportamento são comuns, início insidioso e curso progressivo. Sintomas
psicóticos como desilusões, alucinações são muito freqüentes. A sobrevida
varia de 2 a 20 anos com média de 10 anos de duração após o diagnóstico.
OSTEOPOROSE:
Doença que atinge principalmente mulheres na menopausa (cerca de 1 em
cada 3 mulheres com mais de 50 anos), caracterizada por uma diminuição da
massa óssea, o que leva a uma fragilidade óssea com conseqüente propensão
para fraturas. A fratura de fêmur é a conseqüência mais dramática da
osteoporose, causando a morte de cerca de 1/3 dos pacientes em até 1 ano
após a fratura. Metade dos sobreviventes ficará dependente para a realização
das atividades básicas diárias.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são de grande importância
para a diminuição das fraturas, seqüelas e mortes.
Fatores de risco:
Idade avançada
Raça branca
Sexo feminino
História familiar
Baixa ingesta de cálcio
Sedentarismo
Tabagismo
Existem ainda muitas doenças comuns na população de idosos, como
hipertensão arterial, diabetes, câncer, doença de Parkinson, “derrame”, entre
outras. Todas com grande impacto na qualidade de vida dos idosos. Conhecer
um pouco sobre elas é importante para todos nós que cuidamos dessa
população. Porém precisamos ter em mente que é possível a busca por um
envelhecimento ativo, com saúde, segurança e participação na sociedade.
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO ENVELHECIMENTO
Psicóloga Luciana Dantas Tenório
Psicóloga Josilma Santos de Lima
Você sabe como sente, como pensa uma pessoa que está envelhecendo?
Vamos conversar um pouco sobre isso!
Para compreendermos melhor, precisamos saber algo muito importante! O que
é qualidade de vida!
Sabemos que todo indivíduo precisa de um razoável estado de equilíbrio, não
só físico como mental, de acordo com suas possibilidades e características,
construindo, assim, um estilo particular de viver e se relacionar. Cada pessoa
tem um jeito próprio, uma visão própria das coisas que lhe são importantes, e
de suas necessidades como o trabalho, o lazer, alimentação, sexo, segurança,
etc. Quando há harmonização desses fatores, podemos dizer que esse
indivíduo possui qualidade de vida!
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), Qualidade de Vida é
“a percepção do indivíduo sobre sua posição no mundo, no contexto da cultura
e no sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,
expectativas, padrões e preocupações”. Percebemos, dessa forma, que viver
muito, e acima de tudo viver bem, passa por diversos fatores que precisam ser
conhecidos e respeitados, e no caso da pessoa idosa são direitos garantidos
pelo Estatuto do Idoso desde outubro de 2003.
O envelhecimento pode ser uma etapa de vida difícil, pois além de suas
características próprias, encerra ainda muitos preconceitos e desconhecimento
de seu processo, tornando difícil a aceitação da sociedade para as mudanças
que se apresentam. O resultado disso é que o idoso, muitas vezes, traz
consigo a sensação de inadequação no meio em que vive, o que explica muitas
das mudanças no seu comportamento, seu estado de humor, hábitos, etc.
Vejamos algumas mudanças ocasionadas pelo envelhecimento, que podem
estar associadas às alterações comportamentais de muitos idosos:
Aposentadoria, muitas vezes acompanhada de perdas financeiras,
Ausência de ocupações e de interesses;
Dificuldade de reinserção no mercado de trabalho;
Saída dos filhos da companhia dos pais - o “ninho vazio”;
Morte do cônjuge, amigos e familiares;
Declínio do vigor físico e da saúde;
Dificuldades de adaptação às novas tecnologias e costumes.
Lidar com as modificações e perdas vão requerer do idoso uma estrutura
pessoal, sociofamiliar e econômica equilibradas na vivência dessas fases. E a
estrutura de personalidade de cada um pode ser a diferença entre uma velhice
bem ou mal sucedida.
Num olhar mais cuidadoso é preciso atentar para alguns sinais que essas
experiências causam ao idoso, podendo revelar estados depressivos ou
mesmo a própria doença: a depressão! Ela está entre os principais quadros de
transtornos mentais na população, atingindo aproximadamente de 15 a 20%
dos idosos, sendo que 2% apresentam depressão grave.
Mas, o que é mesmo a depressão?
É um distúrbio que afeta diretamente a capacidade afetiva do indivíduo,
desencadeando estado de profunda e persistente tristeza, com desinteresse
por atividades simples, comprometendo a dinâmica pessoal diária de
alimentação, sono, higiene, etc.
Quais os sintomas da depressão no idoso?
Humor diminuído;
Perda do interesse por atividades que antes realizava com prazer;
Alteração do apetite e, conseqüentemente, do peso;
Alterações no sono;
Agitação ou lentificação psicomotora;
Dificuldades em coordenar pensamentos e concentração;
Idéias recorrentes de morte e depreciação de si mesmo;
Estado de ânimo que pode variar da tristeza ao desespero.
Detectar a depressão em idosos pode ser difícil, pois os mitos sociais acerca
do envelhecimento (idoso é mal-humorado, lento, queixoso) o estigmatizam. As
“coisas da idade” e outras características que apontam uma baixa na qualidade
de vida podem confundir uma situação real de doença. Sintomas assim podem
levar o idoso pouco a pouco ao isolamento, podendo ser diagnosticado como
depressão, que pode ser crônica – quando persistiu no tempo, chegando à
etapa do envelhecimento, e tardia – quando decorre das situações existenciais
(perdas, lutos, doenças) vivenciadas no processo de envelhecimento de uma
forma geral.
Com as perdas sofridas no envelhecimento a perspectiva da morte torna-se
mais real. São várias as “mortes” que o idoso vê diante de si; algumas físicas,
outras sociais, psicológicas ou afetivas. Faz parte do processo de aceitação
dessa realidade uma postura serena e de reflexões sobre a vida como os feitos
do passado, suas realizações, os investimentos na constituição da família e
que lições deixam para seus descendentes.
É saudável o reconhecimento das possibilidades e ganhos nesta fase,
desenvolvendo um estilo de vida que permita vivenciar com prazer:
Mais tempo livre para dedicar a lazer ou atividades que sejam
prazerosas
Investimento numa nova carreira profissional,
Prática de atividades físicas e conhecimento de novas pessoas, contato
com as novas tecnologias, viagens, namoro...
É comprovado cientificamente que a pessoa idosa é perfeitamente capaz de
manter uma vida sexual ativa, e hoje, despertada por oportunidades de
encontros e convivências em grupos, clubes , etc, o idoso tende a reconsiderar
seu próprio corpo para os contatos. Essa nova forma de se relacionar pretende
derrubar mitos e preconceitos da sociedade pelo desconhecimento das
capacidades dos idosos em manterem relacionamentos amorosos.
Consideradas as alterações fisiológicas e as hormonais, próprias do
envelhecimento, as experiências de relacionamento amoroso no casal de idade
madura podem refletir uma vivência saudável para ambos, resultando em bem-
estar geral.
Nesse contexto, a continuidade dos contatos sociais e afetivos favorece a
aquisição de novos interesses como a leitura, a música, as artes, o cinema,
atividades que proporcionem prazer em novos espaços de lazer e educação,
onde se encontram várias gerações, indispensável à manutenção da saúde
mental dos idosos. Estamos falando de intergeracionalidade.
O que é Intergeracionalidade?
É o encontro, o contato de indivíduos de faixas etárias diferentes. Um embate
de tradições, de valores, costumes e modos de viver que podem contribuir para
a construção e troca de conhecimentos entre gerações.
O que uma geração pode ensinar a outra? O que um idoso pode transmitir para
um jovem e vice-versa? Esse é o princípio da intergeracionalidade! Nem
sempre essas relações são tranqüilas e produtivas, pois são mundos e visões
diferentes, de contextos sócio-históricos também diferentes onde se colocam
em questão os valores adquiridos.
As relações intergeracionais devem proporcionar espaço de discussão e
reflexão sobre conceitos, vivências e experiências de vida, contribuindo na
educação dos mais jovens – formação de valores éticos, conhecimento das
tradições e histórias, e dos mais velhos – na aprendizagem de novas
tecnologias, valores e comportamentos do mundo atual, tornando mais flexível
e saudável a convivência.
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AUXILIANDO O IDOSO NA REALIZAÇÃO DAS ATIVIDADES DE VIDA
DIÁRIA
Terapeuta Ocupacional Ana Elizabeth dos Santos Lins
No cotidiano de cada pessoa, atividades são realizadas durante todos os dias,
o tempo inteiro, desde o momento do nascimento até a morte num ciclo
denominado vida. Essas ações são chamadas de Atividades de Vida Diária.
São todas as atividades que realizamos em nosso cotidiano. Elas podem ser
mais elaboradas como construir um prédio, fazer uma pesquisa, ou
simplesmente vestir as próprias roupas, preparar o café da manhã, tomar
banho, escovar os dentes, realizar compras em supermercados, até conseguir
manusear adequadamente uma ferramenta (como tesouras, copos, talheres,
etc), ou dirigir um carro, etc. Todas essas ações possuem um ponto em comum
que as tornam fundamentais, elas são significativas para quem as faz,
possuem características individuais que são próprias de cada indivíduo.
As atividades de vida diária (AVD) compreendem aquelas atividades que se
referem ao cuidado com o corpo das pessoas (vestir-se, fazer higiene,
alimentar-se), as atividades instrumentais de vida diária (AIVD) são as
relacionadas com atividades de cuidado com a casa, familiares dependentes e
administração do ambiente (limpar a casa, cuidar da roupa, da comida, usar
equipamentos domésticos, fazer compras, usar transporte pessoal ou público,
lidar com as finanças).
As AVD e AIVD são atividades que, para os idosos, possuem certo grau de
complexidade, principalmente para aqueles idosos que já possuem algum
comprometimento da saúde. No entanto, o que fica claro é que as AIVD
possuem um grau de complexidade superior às AVD devido, principalmente ao
seu caráter de envolvimento social. Assim, muitos idosos são capazes de
realizar todas as tarefas dentro de sua própria casa, mas se for necessário
fazer qualquer atividade que necessita de um contato social fora das
dependências em que está habituado, ele se sente impossibilitado.
O indivíduo quando apresenta dificuldades para realizar essas atividades de
maneira satisfatória, dizemos que ele possui uma disfunção ocupacional e o
profissional habilitado por lei a reabilitar e tratar as AVD é o terapeuta
ocupacional O desempenho de atividades da vida diária são determinantes
para o bem-estar e a qualidade de vida do idoso, desde a realização de
serviços de rotina (vestir-se, tomar banho, realizar atividades domésticas...),
até atividades relacionadas ao lazer (dançar, caminhar no parque, brincar com
os netos, controlar a própria medicação e finanças).
A habilidade para desenvolver tarefas de cuidado pessoal contribui para o nível
de independência da auto-estima. A independência em habilidades de vida
diária permite liberdade para desempenhar tarefas de trabalho e lazer que se
tornam significativas para a pessoa. A dificuldade para desempenhar tarefas de
cuidado pessoal e dependência de outros para completá-las pode ter
fundamental importância no bem-estar psicológico, social e financeiro de uma
pessoa.
O trabalho desenvolvido em relação às atividades de vida diária, tornam as
pessoas responsáveis e autônomas com relação as suas necessidades
básicas, simplesmente ao poderem pentear seus cabelos, escolherem e
decidirem sobre sua aparência, pela forma de se apresentar ao mundo e de
expressar sua identidade. Ao comerem sozinhas, decidirem quanto e o que lhe
apetece, a quantidade que desejam ingerir e quando isso deve ocorrer, isso
chamamos de autonomia.
Sabemos que, depender de terceiros para realizar essas atividades traz uma
sensação de incapacidade e dependência da vontade e disponibilidade do
outro, para que suas necessidades e desejos sejam atendidos. Quantas vezes
podemos observar as pessoas alimentando idosos de forma rápida e
impessoal, não por falta de amor ou dedicação, mas por falta de tempo e até
de uma real identificação dos desejos daquele indivíduo. Poder realizar essas
tarefas sozinho, o idoso também está desenvolvendo sua autonomia, e essa
atitude traz ao indivíduo uma relação muito íntima com a manutenção e
promoção da vida.
Assim, o Terapeuta Ocupacional reabilita o idoso através da realização de
atividades cotidianas, como também utiliza atividades de trabalho, de lazer e de
auto cuidado para tornar sua vida mais significativa.
Agora vamos conhecer o termo CAPACIDADE FUCIONAL: que é capacidade
do idoso para executar as atividades que lhe permitem cuidar de si próprio e
viver independentemente em seu meio. É medida por meio de instrumentos
que avaliam a capacidade do idoso para executar as Atividades de Vida Diária
(AVD) e Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD).
As AVDs - Englobam todas as tarefas que uma pessoa precisa realizar para
cuidar de si próprio. A incapacidade de executá-las implica em alto grau de
dependência.
As AIVDs - Compreendem a habilidade do idoso para administrar o ambiente
onde vive.
Atividades da Vida Diária (AVD)
CUIDADOS PESSOAIS
Comer
Banho
Vestir-se
Ir ao banheiro
MOBILIDADE
Andar com ou sem ajuda
Passar da cama para a cadeira
Mover-se na cama
CONTINÊNCIA
Urinária
Fecal
Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD)
DENTRO DE CASA
Preparar a comida
Serviço doméstico
Lavar e cuidar do vestuário
Trabalhos manuais
Manuseio da medicação
Manuseio do telefone
Manuseio de dinheiro
FORA DE CASA
Fazer compras (alimentos, roupas
Usar os meios de transporte
Deslocar-se (ir ao médico, compromissos sociais e religiosos
Existem inúmeras escalas que servem para quantificação da capacidade para
executar as Atividades da Vida Diária (AVD) e as Atividades Instrumentais
da Vida Diária (AIVD), muitas delas validadas no Brasil, que são utilizadas
pelos profissionais de saúde. Elas são breves, simples e de fácil aplicação para
que atinjam o seu principal objetivo, que é servir como instrumento rápido de
avaliação, triagem e estratificação de risco de dependência.
Orientações Posturais para as Atividades de Vida Diária:
1. Dormir:
O colchão ideal deve ser firme e sobre um estrado inteiriço. Use um travesseiro
que preencha o espaço cabeça-ombro e outro entre as pernas...ou, um
travesseiro baixo para cabeça e nuca e uma almofada em baixo dos joelhos.
2. Vestir:
Sentar para se vestir e para calçar meias e sapatos.
3. Atividades Domésticas:
Agachar-se para arrumar a cama..ou ajoelhe-se, ou use uma cadeira.
4. Repousar:
Essa é a posição de máximo relaxamento para a coluna e deve ser realizada
diariamente por 20 minutos.
5. Levantar:
Antes de levantar, mexa os braços e as pernas. Vire-se de lado, apóie-se nos
braços e ponha as pernas para fora da cama.
6. Sentar:
Evite permanecer sentado durante muito tempo. Essa posição causa uma
sobrecarga grande na coluna. Sentado, apóie-se no encosto da cadeira e
mantenha os pés no chão e se possível os braços apoiados. Para deitar faça o
contrário
7. Trabalhar em pé:
Sempre que possível coloque um dos pés sobre uma elevação.
8. Realização de Trabalhos Manuais:
Coloque uma almofada no colo para apoiar os cotovelos, evite abaixar muito o
pescoço.
9. Leitura, escrita e TV:
Procure apoiar os cotovelos nos braços da cadeira ou mesa, evite abaixar
muito o pescoço e inclinar o corpo.
10. Sapatos e bolsas:
Use sapatos confortáveis, com saltos largos de 3 a 4cm. Use uma bolsa
pequena e leve. Carregue-a cruzada no peito ou utilize uma mochila de duas
alças.
11. Carregar objetos:
Não dobre nunca o corpo a partir da cintura. Agache ou ajoelhe para pegar ou
colocar objetos em lugares baixos. Evite levantar pesos do chão acima de 20%
do seu peso corporal. Suba para pegar ou colocar objetos em lugares altos.
12. Lavar e Passar roupas
Para lavar e passar roupa, encoste a barriga no tanque ou na mesa e use um
banquinho ou um tijolinho para apoiar o pé. Coloque o balde com a roupa
molhada em cima de uma cadeira para prendê-la no varal, que deverá estar na
altura de seu rosto.
13. Varrer:
Alongue o cabo das vassouras, rodos e pás, para não curvar-se durante a
limpeza.
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A MOBILIDADE DA PESSOA IDOSA
Fisioterapeuta Augusto César Alves de Oliveira
Caro(a) CUIDADOR(A), saiba que você é uma pessoa muito importante, pois
terá a oportunidade de acompanhar outra pessoa no decurso de sua vida: o
idoso. Sei que muitas vezes você não escolheu ser “CUIDADOR(A)”,
simplesmente você se viu na obrigação de ser “CUIDADOR(A)”.
Devo parabenizá-lo (a) por ser você uma pessoa capacitada para auxiliar o
idoso o qual apresenta limitações para realizar as atividades e tarefas da vida
quotidiana, fazendo elo entre o idoso, a família e serviços de saúde ou da
comunidade.
É importante que você CUIDADOR(A) tenha em mente que ao lidarmos com
idoso devemos atentar para a preservação da capacidade funcional do idoso. A
capacidade funcional se divide em dois outros termos, a autonomia e a
independência. Quando estamos proporcionando ao idoso sua capacidade de
decidir o que fazer, como fazer e quando fazer estamos garantindo sua
autonomia; por sua vez quando o idoso realiza suas atividades com sua própria
capacidade física, estamos garantindo sua independência.
O(A) CUIDADOR(A) é a aquela que observa e identifica o que o idoso pode
fazer por si, avalia as condições e ajuda o idoso a fazer as atividades. Você
não vai fazer pelo idoso, mas ajudá-lo quando ele necessitar, estimulando-o a
conquistar sua autonomia, mesmo que seja em pequenas tarefas.
Permita-me, como fisioterapeuta, contribuir com essa sua tarefa tão digna, com
algumas dicas práticas e simples que poderá tornar seu trabalho mais eficaz e
prazerosos. Sem mais delongas, vou apresentar os temas que pretendo
abordar: úlceras de pressão, posicionamento, fatores de risco de quedas,
transferências, exercícios e massagens.
O QUE É ÚLCERA POR PRESSÃO (“ESCARA”)?
São feridas que surgem na pele do idoso, quando permanece por muito tempo
numa mesma posição. É causada pela diminuição da circulação do sangue nas
áreas do corpo que ficam em contato com a cama ou com a cadeira. A úlcera
de pressão também é conhecida por escara, e surge de uma hora para outra e
pode levar meses para cicatrizar.
Lembrete: Os locais mais comuns onde se formam as escaras são: região final
da coluna, calcanhares, quadril, tornozelos.
COMO PREVENIR AS ÚLCERAS POR PRESSÃO (“ESCARAS”)?
Estimule ou ajude o idoso acamado a mudar de posição pelo menos a
cada 2 horas
Ao mudar o idoso de lugar ou de posição, faça isso com muito cuidado,
evitando que a pele roce no lençol ou na cadeira, pois a pele está muito
fina e frágil e pode se ferir.
Mantenha a roupa da cama e do idoso bem esticadas, pois as rugas e
dobras da roupa podem ferir a pele.
Caso o idoso fique muito tempo em cadeira de rodas, ajude-o aliviar o
peso do corpo sobre as nádegas.
Alguns apoios podem ajudar o idoso a se segurar e mudar de posição
sozinha: barras de apoio para cabeceiras da cama, faixas de pano
amarradas na cabeceira, nas laterais ou nos pés da cama ajudam o
idoso a levantar ou mudar de posição na cama.
Proteja os locais do corpo onde os ossos são mais salientes com
travesseiros, almofadas, lençóis ou toalhas dobradas em forma de rolo.
Ao fazer a higiene corporal, evite esfregar a pele com força, pois isso
pode romper a pele.
ORIENTAÇÕES DE POSICIONAMENTO NO LEITO:
A posição em que o idoso permanece deitado pode causar: úlcera de por
pressão, dor na coluna, dificuldade respiratória, e diminuição da qualidade do
sono.
Mudar, de 2 em 2 horas, para as posições: barriga para cima (decúbito dorsal),
barriga para baixo (decúbito ventral), de lado (decúbito lateral), sentar no leito
ou em poltrona e caminhar com o idoso se for possível.
Lembretes:
A permanência prolongada numa mesma posição pode facilitar o
aparecimento de úlceras por pressão.
Realize as mudanças de posição frequentemente, no ideal em 2 em 2
horas.
O posicionamento adequado ao leito é fundamental para a prevenção da
úlcera por pressão.
Diminua progressivamente o tempo de repouso no leito, levando-se em
conta a condição clinica do paciente. Passar um período de tempo
sentado é muito importante.
O idoso que permanecer um longo período em uma mesma posição fica
com a sua circulação, seus movimentos e sua sensibilidade
comprometidas.
A caminhada é uma atividade importante, pois ajuda a melhorar a
circulação sanguínea e a manter o funcionamento das articulações,
entre outros benefícios.
Dicas:
Para auxiliar o idoso cuidado a andar é preciso que o cuidador lhe dê
apoio e segurança.
Se o idoso incapacitada de andar, deixá-la parte do tempo na sala, local
onde ocorre maior circulação dos membros da família, diminuindo o
sentimento de solidão.
PREVENÇÃO DE QUEDAS
A prevenção de quedas é tarefa difícil devido à variedade de fatores de risco
nos quais o idoso está exposto, que sejam dentro ou fora de casa.
Dicas para prevenir as quedas:
Dentro de casa:
deixe os caminhos livres, retirando móveis e entulhos;
retire tapetes soltos, cordões e fios (telefone, extensões) do assoalho;
não deixe animais soltos;
prenda tacos soltos e bordas soltas de carpetes;
não encere os pisos;
coloque uma iluminação adequada para a noite, principalmente no
caminho do banheiro;
as escadas devem ter corrimãos, boa iluminação e faixa colorida e
antiderrapante na borda dos degraus;
substitua ou conserte móveis instáveis;
evite cadeiras muito baixas e camas muito altas (deve ter a altura do
joelho do idoso);
evite o uso de chinelos, salto alto e sapatos de sola lisa;
não deixe o idoso andar de meias;
guarde itens pessoais e objetos mais usados ao nível do olhar ou um
pouco mais embaixo.
No banheiro:
instale barras de apoio no chuveiro e no vaso sanitário;
instale um vaso sanitário mais alto;
mantenha um banquinho para lavagem dos pés;
use capachos e tapetes antiderrapantes;
não use chaves na porta dos banheiros.
Fora de casa:
conserte calçadas e degraus quebrados;
remova soleiras altas das portas;
limpe caminhos e remova entulhos;
instale corrimão em escadas e rampas;
instale iluminação adequada em calçadas, portas e escadas.
Com relação ao idoso:
evite que ele se levante rapidamente após acordar: esperar alguns
minutos
antes de sentar e de caminhar;
atravesse a rua sempre nas faixas de segurança;
dar medicamentos somente sob orientação médica
estimule o idoso à prática de atividades de coordenação e concentração
como dança, artesanato, palavras cruzadas e jogos.
EXERCICIOS E MASSAGENS FEITAS PELO CUIDADOR
O idoso por diversas razões pode ficar muito tempo acamado, com diminuição
da mobilidade e comprometimento da sensibilidade e da circulação.
O CUIDADOR deve ajudar o idoso recuperar movimentos e funções do corpo,
prejudicados pela doença ou pela falta de mobilidade. Para isso deve incentivar
ou realizar exercícios físicos no idoso e massagens.
MASSAGENS
Podem ser feitos com a mão, com uma esponja macia, toalha ou com panos de
várias texturas. Nas massagens é bom usar creme ou óleo.
- As massagens podem ser feitas no corpo todo. Os toques e massagens
ajudam o idoso a perceber o próprio corpo e a relaxar, além de ativar a
circulação e melhorar os movimentos.
EXERCICIOS
Os exercícios podem ser realizados mesmo que os idosos estejam acamados,
em cadeira de rodas. Os exercícios devem ser fáceis e práticos.
- Movimente cada um dos dedos dos pés, para cima e para baixo, para os
lados e com movimentos de rotação.
- Segure o tornozelo e movimente o pé para cima, para baixo, para os dois
lados e em movimentos circulares.
- Dobre e estenda uma das pernas, repita o movimento com a outra perna (sem
atritar o calcanhar na cama, que favorece o surgimento de feridas).
- Com os pés do idoso apoiados na cama e os joelhos dobrados: faça
movimentos de separar e unir os joelhos; solicite que o idoso levante os
quadris e abaixe lentamente; Levante e abaixe os braços do idoso, depois abra
e feche; Faça movimentos de dobrar e estender os cotovelos, os punhos e
depois os dedos; Ajude o idoso a flexionar suave e lentamente a cabeça para
frente e para trás, para um lado e depois para o outro, isto alonga os músculos
do pescoço.
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CUIDADOS DIÁRIOS AOS IDOSOS
Enfermeira Ana Paula Rebelo
Cuidador, aqui você aprenderá como melhorar a qualidade da assistência que
você presta ao idoso. Sabemos que diariamente o ajudamos. Dias mais
simples até as mais complexas atividades de vida do idoso, onde muitas vezes
ele depende (de nós) do nosso cuidado para tudo: tomar banho, vestir-se,
escovar os dentes e assim por diante.
Vamos aprender?
1. Higienização e Vestuário:
As atividades relacionadas à higiene e ao vestuário são essenciais na vida do
idoso, pois previnem doenças, desconforto físico e psicológico.
1.1. Banho:
Se o idoso se nega a tomar banho, devemos entender primeiramente esta
causa, que pode ser desde uma timidez em mostrar o corpo ou mesmo o
horário em que queremos dar o banho. Pode não ser o horário habitual (de
costume) do idoso.
1.2. Ambiente:
No que se refere ao ambiente, devemos ter alguns cuidados antes de levar o
idoso para o banho, como ter cuidado em manter o piso seco, usar tapetes
antiderrapantes, o que previne quedas ou escorregões. (Pode-se colocar)
barras de seguranças devem ser colocadas em todo o banheiro, o que permite
que o idoso tenha onde apoiar-se durante o uso do banheiro e também auxilia
na sua movimentação.
Muitos idosos conseguem tomar banho sozinhos, apenas apoiando-se nas
barras como auxilio, entretanto devemos estar por perto para o que for
necessário. Se você perceber que ele não consegue se manter em pé durante
todo o banho, pode ser providenciada uma cadeira de banho.
Esta mesma cadeira deve ser utilizada no caso de idosos acamados, pois
estes também devem tomar banho de chuveiro (banho de aspersão), pois
permitirá a sua saída da cama. De preferência, não opte pelo banho na cama,
pois além de não ser tão relaxante para o idoso, aumenta as chances de
formação de úlceras, pelo risco que se tem de deixar áreas úmidas da cama,
além de prejudicar a postura do cuidador.
Os passos a serem seguidos antes do banho:
- Separe todos os materiais que serão usados; prepare o banheiro; separe no
quarto as roupas limpas do idoso a serem utilizadas e as de cama quando
necessário. Se possível estimule para que o próprio idoso escolha sua roupa. A
autonomia (capacidade de decisão) do idoso deve ser sempre estimulado.
- É essencial que os materiais de higiene pessoal sejam escolhidos pelo idoso,
e quando isto não for possível, informe-se da sua preferência. Durante o banho
só faça por ele aquilo que ele não consegue fazer por si só, aproveite este
momento par observar a pele, couro cabeludo, tamanho das unhas, presença
de (se há) assaduras ou áreas ressecadas. (Pode ser feito) Durante a higiene
com o sabonete, pode ser feita uma massagem no corpo do idoso, o que relaxa
e ainda favorece a circulação.
- Depois do banho enxugue bem o corpo do idoso. Enxugue os espaços entre
os dedos das mãos e pés, atrás das orelhas e assim por diante. Para
locomovê-lo do banheiro para o quarto você pode utilizar um roupão, que o
protege das correntes de ar e é de uso fácil.
1.3. Higiene oral:
A higiene oral ou bucal deve ser feita sempre após as refeições, utilizando a
escova de dentes, o fio dental e se possível o anti-séptico. Use escovas
macias, pequenas e não escove com força.
Faça movimentos de vai e vem e circulares com a escova, e não esqueça de
escovar a lingua. Se o idoso consegue escovar sozinho, você deve permitir,
apenas oriente-o se for preciso.
Se há uma dificuldade de uso da escova de dente, envolva a ponta de uma
espátula com gaze, prenda com esparadrapo e molhe em um anti-séptico e
faça a higiene da cavidade oral. Não é recomendado colocar seu dedo na boca
do idoso, ele pode, mesmo sem querer lhe morder.
1.4. Próteses:
Quanto aos idosos que fazem uso de próteses dentárias, estas devem ser
retiradas diariamente após cada refeição e escovadas com escova de dente e
passado fio dental.
Quando retirar as próteses faça higiene da boca com uma gaze presa na
espátula, o que retirará restos alimentares e prevenirá infecções.
1.5. Vestuário:
As roupas e sapatos a serem utilizadas pelo idoso devem seguir dois pontos:
· Serem confortáveis e seguras
· Serem do estilo e escolha do idoso. Sempre que ele puder escolher a roupa
que quer usar você deve permitir, assim ele se sentirá melhor com o que vai
usar e terá suas vontades respeitadas.
Use roupas que se adequem à estação do ano, ou seja, no inverno use
agasalhados, suéteres, moletons, meias e no verão, roupas frescas e de
algodão. Evite tecidos sintéticos que podem causar alergias. Você pode
escolher roupas que tenham abertura na frente o que facilita a colocação e a
retirada, mas lembre-se: a vontade do idoso deve ser seguida. Se o idoso
consegue se vestir (só) sem sua ajuda, você deve permitir, mesmo que isto
demore além do esperado.
Quanto aos sapatos, dê preferência aos de velcro, com elástico e de tecidos
moles e antiderrapantes, o que evita quedas e são fáceis de calçar, como por
exemplo, as alpercatas. As sandálias que deixam o calcanhar “solto”,
aumentam o risco de quedas.
2. Úlceras por Pressão e Cuidados com a Pele:
Os idosos têm muita facilidade em (de) apresentar úlceras de pressão,
principalmente os que ficam muito tempo deitados ou sentados, os que têm
déficit nutricional (desnutrição), que não ingerem muito líquido, aqueles que
têm infecções e uma péssima higienização.
Para prevenir o aparecimento de “escaras” deve-se:
oferecer água freqüentemente ao idoso;
enxugá-lo bem após o banho;
usar cremes hidratantes;
esticar bem os lençóis da cama, não deixando dobras e trocá-los
sempre que houver sujidades, restos de comidas ou se estiverem
molhados.
Se o idoso passa muito tempo deitado você deve:
colocar colchão casca de ovo oi colchão d`água (“anti-escara”);
colocar travesseiros sobre as proeminências ósseas;
mudar a posição dele na cama a cada 2 horas.
2.1. Pele:
A pele do idoso deve ser observada diariamente durante o banho, trocar de
fraldas e sempre que possível. Observe se há hematomas, lesões, cortes,
hiperemia (pele vermelha), o início da formação de uma úlcera.
Para prevenir tais complicações devemos além de hidratar o idoso com líquidos
e hidratantes, trocar a fralda constantemente e fazer a higiene íntima sempre
que o idoso apresentar diurese ou defecar.
Tenha cuidado ao levantá-lo ou transportá-lo: sua pele é mais delicada e fina e
pode lesionar muito fácil. Evite o uso de produtos sintéticos, de cheiro forte e
de talcos.
3. Medicação:
A administração de medicamentos ao idoso deve ser feita com muita atenção e
cuidado. Antes de tudo, não confie na sua memória: anote cada medicação que
o idoso irá tomar, o horário e a dose. Só administre o que está prescrito e se
não souber como, peça auxílio.
Sempre confira a data de validade das medicações e sempre a coloque em um
copinho, tipo os de cafezinho, para poder dar ao idoso e nunca diretamente na
sua mão. Lembrar a regra dos 5 certos: medicamento certo, paciente certo,
dose certa, hora certa, via certa.
Não deixar medicações para o idoso tomar “daqui a pouco”, sendo ele lúcido
ou não, peça para ele tomar (que ele tome) a medicação na sua frente. Antes e
após administrar qualquer medicação, lave as mãos.
4. Curativos:
MATERIAL necessário:
Máscara
Luva estéril (02 pares)
Luva de procedimento (01 par)
Soro fisiológico 500ml
Gaze estéril (01 pacote)
Esparadrapo
Cobertura, se houver (papaína, ácidos graxos, fibrase)
Saco para lixo
Bandeja
TÉCNICA:
Lave as mãos para evitar infecção;
Reúna todo o material em uma bandeja;
Coloque o idoso em posição adequada;
Coloque luva de procedimento, molhe o curativo com soro fisiológico e
remova o curativo anterior;
Descarte o curativo no saco de lixo;
Retire as luvas;
Lave as mãos;
Abra o pacote de gaze sem contaminar, bem como a cobertura (pomada
ou creme ou medicação para o curativo);
Calce a luva estéril;
Com o soro fisiológico molhe a lesão, em jato;
Enxugue as bordas da (com gaze /enxugar a) lesão com gaze;
Coloque a cobertura se for o caso;
Retire as luvas;
Coloque o esparadrapo;
Recolha o material;
Lave as mãos.
5. Cuidados com a alimentação enteral:
Quando um idoso não consegue ou tem dificuldade em (de) se alimentar,
normalmente pela boca, apresenta engasgos e tosse com frequência,
(cavidade oral) (ou não consegue mais), ele pode passar a se alimentar por
uma sonda nasoenteral temporária ou definitivamente. Esta sonda (se) consiste
em um tubo que é passado pelo nariz até o estomago ou o intestino, pela
equipe de enfermagem.
Este meio de alimentação, também conhecido como gavagem, previne a perda
de peso, desnutrição, problemas gastrointestinais (constipação, diarréia) e
ajuda o idoso na sua recuperação.
A dieta a ser ingerida pela sonda é prescrita por um nutricionista. Esta dieta
pode ser caseira ou artesanal (dura cerca de 12 horas) ou ainda industrializada
(cerca de 24 horas).
Devemos ter alguns cuidados com a nutrição enteral:
· Antes de administrá-la, elevar a cabeceira do idoso, (colocar o idoso na
posição de fowler), o que previne aspirações, refluxos e vômitos.
· Depois que ele receber a alimentação, não deitá-lo imediatamente, deixá-lo
com a cabeceira elevada (na posição) por no mínimo 30 minutos.
· Após administrar a dieta, lavar a sonda com água e durante os intervalos da
dieta, a sonda também pode ser lavada com água. A quantidade a ser
administrada é estabelecida pelo nutricionista.
· Deixar a sonda fechada quando terminar para a dieta não retornar.
· Se a sonda sair por inteiro ou parcialmente, não tentar recolocar, guarde-a
apenas e providencie auxílio com profissionais de saúde. Estas sondas podem
ser utilizadas por cerca de 15 dias a 6 meses, dependendo do material delas.
6. Atuação dos profissionais da enfermagem:
A atuação dos profissionais de enfermagem junto ao idoso, engloba, além de
todos os cuidados e técnicas de enfermagem, o conhecimento específico do
processo de envelhecimento.
O idoso passa por transformações físicas, psicológicas e sociais, que devem
ser entendidas e respeitadas para que a assistência prestada seja eficiente. Tal
assistência deve englobar ações que previnam complicações e que promova o
seguimento da terapia seguida e leve à qualidade de vida.
A enfermagem atua nesta área tanto em Instituições de Longa Permanência
para Idosos, como em hospitais, que atendem idosos principalmente na área
de clínica médica; pode atuar em Programas de Saúde da Família, que têm
atividades voltadas para a Saúde do Idoso e ainda em cuidados domiciliares.
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CUIDANDO DO COMUNICAÇÃO DA DEGLUTIÇÃO DO IDOSO
Fonoaudióloga Francelise Pivetta Roque
Nesta parte do material vamos falar sobre dois assuntos: a comunicação e a
deglutição (ato de engolir).
Vamos começar pela COMUNICAÇÃO, que é o ato de trocar idéias,
sentimentos e pensamentos, entre duas ou mais pessoas.
A comunicação está presente em várias situações da nossa vida!!!!
Para o idoso independente, a comunicação lhe permite se relacionar, tanto com
as pessoas da sua idade, quanto com crianças e membros da família, além de
preservar a sua identidade, contar sobre o seu passado e fazer planos.
Pense um pouco sobre quantas vezes nós nos comunicamos com outras
pessoas ou com a gente mesmo desde a hora em que acordamos até a hora
em que dormimos!!!
Quando o idoso é dependente em algum aspecto, necessitando de auxílio do
cuidador, a comunicação lhe permite dizer o que está sentindo e o que quer, de
forma que ele continue autônomo (decidindo sobre sua própria vida), e
facilitando ao cuidador saber de suas necessidades e desejos durante o
cuidado.
A comunicação depende que a pessoa possa:
Ouvir
Entender o que ouviu
Ver (expressões faciais e escrita)
Compreender o que vê
Pensar no que quer falar
Lembrar e escolher as palavras certas
Usar as palavras certas na situação adequada
Saber o significado das palavras
Fazer a voz
Mexer a boca para os sons saírem
Ler (no caso da escrita)
Escrever (no caso da comunicação escrita)
O idoso tem mudanças em todo o seu corpo, conseqüentemente, a
comunicação dele também sofre mudanças. Um idoso saudável não se
comunica como um jovem, mas ele consegue atingir o seu objetivo. Porém,
mesmo saudável, ele provavelmente terá dificuldade para ouvir, e alguma
dificuldade para ver, que podem ser leves ou mais sérias.
Nestes casos, é importante saber que:
Se o idoso não conseguir se comunicar bem, ele pode ficar deprimido, e
receber menos estímulos do ambiente, “enfraquecendo” a memória e o
pensamento, podendo até ficar doente.
Mesmo que estas dificuldades sejam “normais” do idoso, elas têm
tratamento, que pode ser remédio, cirurgia, ou uso de aparelho auditivo
ou óculos.
Por estes motivos, o idoso deve ser levado ao médico, para avaliar e
tratar estas dificuldades. No caso de dificuldade para ouvir, ele também
deverá ser levado ao fonoaudiólogo, profissional que irá fazer os
exames da audição e dizer qual é o aparelho certo para ele.
Existem também algumas dicas para facilitar esta comunicação. Estas
dicas são fáceis de serem feitas, e o resultado é muito bom.
Atenção!!!!
O idoso pode ter outras dificuldades para se comunicar, que não são “normais”
do envelhecimento! Problemas para falar, como na Doença de Parkinson, em
que a voz fica muito fraca e a boca dele se mexe pouco (Disartria), problemas
para entender e se expressar (Afasia), como pode acontecer no “derrame” e na
Demência de Alzheimer, além de outros problemas (ex.: Dispraxia de fala).
Nestes casos, o médico e o fonoaudiólogo devem ser consultados. O médico
irá fazer a avaliação da doença e irá dar o tratamento medicamentoso. O
fonoaudiólogo irá fazer a avaliação da comunicação e o tratamento com
exercícios e orientações.
Seja levando o idoso ao profissional adequado, seguindo as orientações dadas
pelos profissionais, ou facilitando a comunicação com o uso de “estratégias”, o
papel do cuidador na garantia da comunicação é fundamental!!!!
DICAS PARA FACILITAR A COMUNICAÇÃO COM OS IDOSOS
Idoso com problemas para ouvir ou entender (como nas Afasias, após
“derrame”, ou nas Demências, como na Doença de Azheimer):
1) Deixe o ambiente claro enquanto fala com ele(a);
2) Diminua ou elimine barulhos de fundo quando estiver conversando;
3) Aproxime-se de uma forma que o(a) idoso(a) perceba sua aproximação, pois
caso contrário ele(a) pode se assustar com a sua presença. Chegue perto
dele(a) devagar e pela frente, ou use o toque para chamá-lo;
4) Fique de frente para o(a) idoso(a) com o(a) qual se está comunicando, e
perto o suficiente antes de começar a falar, mantendo contato de olho com ele,
sempre que possível;
5) Evite comer, mastigar, fumar ou pôr as mãos na frente do rosto enquanto
fala, pois senão sua fala será mais difícil de ser entendida;
6) Fale numa velocidade normal, sem gritar, mexendo bem a boca!
7) Use frases curtas e simples para tornar a comunicação mais fácil;
8) Use objetos, fotografias e escrita para auxiliar a compreensão (ex.: „bote o
café na mesa‟, apontando para o café e/ou para a mesa”);
9) Permita tempo suficiente para conversar com um(a) idoso(a). Evite
interromper a fala dele. Se estiver apressado poderá gerar estresse e criar
barreiras para uma conversação com significado;
Idoso com problemas para ouvir:
1) Se o(a) idoso(a) usa AASI (Aparelho de Amplificação Sonora Individual =
aparelho auditivo) e continua com dificuldade para ouvir, veja se o AASI está
na orelha dele(a);
2) Também verifique se o aparelho auditivo (AASI – Aparelho de Amplificação
Sonora Individual) está ligado, e com a bateria funcionando. Se tudo estiver
“OK” e o(a) idoso(a) continuar com dificuldade para ouvir, identifique quando foi
a última avaliação;
3) Se o(a) idoso(a) tiver dificuldade para ouvir algo, encontre um jeito diferente
de dizer a mesma coisa, ao invés de repetir as mesmas palavras várias vezes;
4) Lembre-se de que, quando estas pessoas estão cansadas ou doentes, elas
escutam e entendem menos;
Idoso com problemas para entender e se expressar (como nas Afasias,
após “derrame”, ou nas Demências, como na Doença de Azheimer)
1) Faça uma pergunta ou dê uma ordem por vez;
2) Faça perguntas fechadas, ou seja, perguntas em que você dá as opções
para resposta, como por exemplo: você quer suco ou água? Você quer sair?
(sim ou não);
3) Faça perguntas abertas quando você quiser manter diálogo, como por
exemplo, “como foi hoje no médico?” ou “o que você achou do passeio?”;
4) Repita o que ele não entendeu usando as mesmas palavras;
5) Repita o que ele não entendeu usando outras palavras;
6) Ajude-o a lembrar de uma palavra, pedindo que ele fale sobre o que está
querendo lembrar;
7) Tente entender o que ele está querendo interpretando o comportamento
dele;
Idoso com problemas graves para enxergar:
1) Se você está entrando num local com alguém com dificuldades visuais
grandes, descreva o ambiente, outras pessoas que estão no quarto e o que
está acontecendo;
2) Diga à pessoa quando você estiver indo embora, e diga se alguém ficará no
quarto, ou se ela ficará sozinha;
3) Aproveite a visão residual (o “resto de visão” que ele tem), não desconsidere
o pouco que ele vê (quando ele vê pouco);
4) Permita à pessoa utilizar o seu braço como guia;
5) Enquanto você falar, deixe o(a) idoso(a) saber a quem você está se
dirigindo;
6) Pergunte como você pode ajudar: acendendo a luz, lendo o cardápio,
descrevendo onde estão as coisas, ou de outra forma;
7) Deixe as coisas onde elas estão a não ser que o(a) idoso(a) peça para tirar
do lugar;
8) Chame o nome do(a) idoso(a) antes de tocá-lo. Fazendo isso você irá
permitir que ele saiba que você o está ouvindo;
9) Permita à pessoa tocar você;
10) Trate-o(a) como um(a) idoso(a) que vê, na medida do possível;
11) Use palavras como “olhe” e “se parece” normalmente;
12) Nem sempre a cegueira é total. Use movimentos e gestos amplos, e cores
contrastantes;
13) Explique o que você está fazendo, por exemplo, olhando para alguém ou
puxando a cadeira;
14) Descreva caminhos em lugares rotineiros. Use pistas auditivas e olfativas;
15) Estimule a familiaridade e a independência o quanto for possível.
Vamos agora falar sobre DEGLUTIÇÃO, que é o ato de engolir, importante
para que possamos nos alimentar.
É pela deglutição que a comida e a saliva passam da boca até o estômago. Ela
tem várias fases, integradas entre si.
Pela deglutição, não somente as pessoas podem conseguir o alimento para o
corpo, como também têm momentos de prazer e de convivência
proporcionados pelos momentos de alimentação.
Importante!!!
Às vezes, por alguma doença ou outro problema de saúde, comuns nos idosos,
o alimento ou a saliva podem se desviar do “caminho” esperado, podendo
chegar até o pulmão. Estes tipos de problema para deglutir se chamam
“disfagia”, e podem levar o idoso a ter pneumonia, desnutrição, desidratação,
perda do prazer de se alimentar, podendo chegar, em alguns casos mais
graves, à morte.
ATENÇÃO AOS PRINCIPAIS SINAIS DE DISFAGIA!!!!!
Tosse
Febre sem causa aparente
Engasgo
Pneumonias de repetição
Dificuldade para respirar durante a alimentação
Perda de peso que não foi planejada, nem indicada pelo médico ou
nutricionista
Saída de alimento pela boca ou pelo nariz
Perda de apetite
Voz “molhada” ( voz de “gargarejo”)
Qualquer outra dificuldade para deglutir
Sensação de que o alimento está “parado” na garganta
Na presença de um ou mais destes sinais, o médico e o fonoaudiólogo devem
ser consultados. O médico irá diagnosticar e tratar a causa da disfagia e o
fonoaudiólogo irá indicar qual a forma mais segura de se alimentar (pela boca
ou por uma sonda), as consistências dos alimentos que ele consegue deglutir
(líquido, pastoso ou sólido), além de outras orientações e exercícios.
Em relação à deglutição, novamente o papel do cuidador é
importantíssimo!!!! Por estar mais próximo do idoso, muitas vezes ele é o
primeiro a identificar os sinais que podem indicar a disfagia. Além disso, o
modo como ele oferece a alimentação é decisivo na saúde no idoso, bem como
o seguimento das orientações do fonoaudiólogo.
DICAS PARA AJUDAR O IDOSO A DEGLUTIR DE FORMA MAIS SEGURA
Estas dicas não substituem a avaliação do médico e do fonoaudiólogo, elas
apenas complementam.
1) Só dê comida para ele(a) quando ele(a) estiver bem acordado.
2) Dê comida para ele(a) em um lugar calmo, sem barulho e sem muitas coisas
para distraírem a atenção dele.
3) Ajude-o(a) a engolir quando perceber que não engoliu: diga para ele(a)
engolir, e use também gestos, toque e outras pistas.
4) Ele(a) deve comer sentado (de preferência 90º) e continuar sentado 40 min
depois que comer.
5) Limpe a boca e a prótese dentária depois das refeições.
6) Tente chamar a atenção dele se ele estiver distraído durante a alimentação.
7) Coloque pouco alimento/bebida por vez, na colher, garfo ou no copo.
8) Veja se ele(a) engoliu antes de lhe dar mais comida.
9) Não use líquidos para fazer a comida descer.
10) Se ele(a) tossir, não dê mais líquido logo em seguida.
11) Se ele(a) engasgar, peça a ele(a) que tussa com força.
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CUIDANDO DA NUTRIÇÃO E DA ALIMENTAÇÃO DO IDOSO
Nutricionista Emilia Maria Wanderley de Gusmão Barbosa
O QUE É PRECISO SABER PARA CUIDAR DA ALIMENTAÇÃO DO IDOSO?
Primeiramente, é preciso que o cuidador conheça as preferências alimentares
do idoso e procure oferecer:
O número de refeições deve ser de 5 a 6 por dia, com refeições
menores e fracionadas, para evitar que o cansaço prejudique a
alimentação e a nutrição;
A alimentação do idoso, como regra geral, deve ser um pouco mais mole
que a do adulto, mas não pastosa ou líquida, possibilitando o exercício
da mastigação e dos seus músculos, ainda que estes já não sejam tão
vigorosos;
O ritmo deve ser lento, para permitir uma adequada coordenação entre
as funções de deglutição e respiração;
O idoso deve alimentar-se sem ajuda ou com a ajuda mínima possível e
necessária. Isto mantém estimulado o ato de alimentar-se, devendo o
cuidador permanecer ao lado dele, supervisionando a refeição;
A posição sentada é obrigatória em qualquer alimentação, devendo-se
evitar que o idoso deite até pelo menos 30 minutos após a refeição. Para
idosos acamados deve-se ter o cuidado de manter a cabeceira elevada.
Assim, evita-se o refluxo alimentar e a aspiração para o pulmão.
A alimentação correta é um dos fatores que tem maior influência na saúde e no
bem-estar do idoso. A manutenção de um estado nutricional adequado e a
alimentação equilibrada estão associadas a um processo de envelhecimento
saudável.
Refeições em horários regulares;
Pratos atrativos, coloridos e saborosos;
Refeição em local agradável e confortável, de preferência compartilhada
com outras pessoas;
O local deve ser adequado, sem televisão ligada ou barulhos e
distrações excessivos.
O idoso lúcido pode ser orientado a realizar deglutições com mais força
e consciência dos movimentos como forma de exercitar-se. O cuidador
pode estimular com palavras de ordem como: mastigue!, engula!
E QUANTO AO CONTEÚDO DAS REFEIÇÕES?
Devem ser oferecidos alimentos variados, lanches entre as refeições
principais, sucos de frutas naturais, frutas, legumes e verduras, carne
magras, peixes, aves, leite e seus derivados (queijos brancos, iogurte),
dentre outros alimentos da preferência do idoso.
Doenças crônicas são comuns no idoso, como diabetes mellitus,
hipertensão arterial, doença cardíaca, alterações no colesterol, etc. É
importante observar se há necessidade de dieta especial, decorrente
destas doenças, buscando orientação alimentar individualizada com
profissional de saúde especializado, que estará apto a reconhecer tais
obstáculos e ajudá-lo a manter a melhor qualidade de vida possível e
merecida pelo idoso.
Nos casos em que a capacidade mastigatória e de deglutição estejam
prejudicadas (por falta de dentes, próteses mal adaptadas ou certas
doenças), poderá ser necessária a mudança da consistência de alguns
alimentos, ou seja, preparações de consistência macias (purês, papas,
carnes moídas e desfiadas, frutas amassadas) e/ou semi-líquidas
(vitaminas, sopas cremosas, mingaus).
ATENÇÃO: a partir dos 60 anos aumentam as chances da pessoa ficar
desidratada, ao mesmo tempo em que diminui a sensação de sede. O
idoso deve tomar muitos líquidos, especialmente quando o tempo estiver
quente. Ofereça líquidos com freqüência, mesmo que ele não solicite.
A visão geralmente debilitada dificulta a escolha dos alimentos. No caso
do idoso fazer suas próprias compras, acompanhe-o para que escolha
alimentos saudáveis, variados e em bom estado de conservação e
higiene. Observe o prazo de validade no rótulo dos produtos.
Verifique com o médico quais são os remédios que causam enjôos e
azia, para oferecê-los em horários distantes das refeições.
Com o envelhecimento,diminui a capacidade de sentir o gosto e o cheiro
dos alimentos. Use temperos naturais para acentuar o sabor dos
alimentos, sem abusar do sal, como: coentro, alho, cebola, cebolinha,
orégano, hortelã, folha de louro, entre outro.
Evite alimentos industrializados. Ofereça sempre comida caseira, que é
natural e saudável, e não contém conservantes, corantes, produtos
químicos e gorduras prejudiciais à saúde.
QUAIS OS PASSOS QUE DEVEM SER SEGUIDOS PARA UMA
ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL PARA AS PESSOAS IDOSAS?
Segundo o Ministério da Saúde, são 10 os passos com orientações práticas
sobre como ter uma alimentação saudável:
1º passo: Faça pelo menos 3 refeições (café da manhã, almoço e jantar) e 2
lanches saudáveis por dia. Não pule as refeições!
Oferecer 6 a 8 copos de líquidos durante os intervalos das refeições, como
água, chás, sucos, para evitar a desidratação e melhorar o hábito intestinal.
A higiene oral deve ser rigorosa e habitual após cada refeição.
2º passo: Inclua diariamente 6 porções do grupo de cereais nas refeições
(arroz, milho e trigo, pães e massas; tubérculos como a batata; raízes com
macaxeira/inhame). Dê preferência aos grãos integrais (aveia, gérmen de trigo,
pão integral) e aos alimentos na sua forma mais natural.
3º passo: Coma diariamente pelo menos 3 porções de legumes e verduras
como parte das refeições e 3 porções ou mais de frutas nas sobremesas e
lanches.
4º passo: Coma feijão com arroz todos os dias ou, pelo menos, 5 vezes por
semana. Esse prato brasileiro é uma combinação completa de proteínas e bom
para a saúde.
5º passo: Consuma diariamente 3 porções de leite e derivados e 1 porção de
carnes, aves, peixes ou ovos. Retirar a gordura aparente das carnes e a pele
das aves antes da preparação torna esses alimentos mais saudáveis!
6º passo: Consuma, no máximo, 1 porção por dia de óleos vegetais, azeite,
manteiga ou margarina.
7º passo: Evite refrigerantes e sucos industrializados, bolos, biscoitos doces e
recheados, sobremesas doces e outras guloseimas como regra da
alimentação. Coma os, no máximo, 2 vezes por semana.
8º passo: Diminua a quantidade de sal na comida e retire o saleiro da mesa.
9º passo: Beba pelo menos 2 litros (6 a 8 copos) de água por dia. Dê
preferência ao consumo de água nos intervalos das refeições.
10º passo: Torne sua vida mais saudável. Pratique pelo menos 30 minutos de
atividade física todos os dias e evite as bebidas alcoólicas e o fumo.
E SE O IDOSO APRESENTAR ALGUMA ALTERAÇÃO INTESTINAL?
Alguns medicamentos podem ocasionar efeitos colaterais indesejáveis,
atuando no hábito intestinal do idoso. Alimentos contaminados ou estragados
também podem causar alterações, por isso a importância da escolha de
alimentos em bom estado de conservação e preparados de forma higiênica.
NA PRESENÇA DE DIARRÉIA:
Oferecer líquidos com freqüência (água, água de côco, sucos de frutas);
Trocar o leite de vaca por leite de soja;
Evitar fibras (alimentos integrais, verduras cruas, repolho, couve );
Evitar alimentos gordurosos e frituras;
Oferecer frutas e sucos com efeito constipante: caju, maçã, banana,
maracujá;
Oferecer legumes cozidos em forma de saldas e sopas: batata-inglesa,
cenoura, chuchu.
NA CONSTIPAÇÃO INTESTINAL (PRISÃO DE VENTRE):
Oferecer líquidos com freqüência;
Oferecer alimentos ricos em fibras, como verduras cruas (alface, tomate,
pepino, cebola); frutas cruas (laranja com bagaço, mamão, melão,
melancia, ameixa seca, uva passa); legumes e verduras (quiabo,
maxixe, couve, repolho) e alimentos integrais (pão e arroz integral,
aveia, farelo e gérmen de trigo);
Adicionar ao almoço e jantar uma colher de sopa de azeite de oliva.
E QUANDO O IDOSO PRECISA ALIMENTAR-SE POR SONDA?
Quando o idoso não consegue alimentar-se por via oral, é necessária a
alimentação por via enteral, ou seja, através de sonda nasogástrica. Ele pode
estar hospitalizado ou em domicílio. Caso esteja em domicílio, as refeições
serão ofertadas em horários determinados. Serão oferecidos líquidos finos,
para não causar obstrução da sonda, que podem ser industrializados (fórmulas
prontas) ou preparados de forma artesanal e liquidificados.
Prepare o conteúdo da sonda de forma higiênica e conforme as
orientações do nutricionista;
Administre a dieta pela sonda gástrica, de forma lenta, colocando o
idoso em posição sentada ou semi-sentada;
Lave a sonda após a dieta, com 20 ml de água filtrada;
Observe se ocorre tosse excessiva ou diarréia persistente. Nestes
casos, comunicar ao médico e/ou nutricionista.
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